apostila de contabilidade internacional 2012-1

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CONTABILIDADE INTERNACIONAL

PROF MONICA V. ENCINAS

2012 1 SEMESTRE

Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)

SUMRIOParte I - Processo de Convergncia das Normas Internacionais de Contabilidade 1 - Introduo 2 - Convergncia das Normas Internacionais de Contabilidade 2.1 - Histrico do Processo de Convergncia das Normas Internac. de Contabilidade 2.2 - Razes, Vantagens e Desvantagens 3 - Principais rgos envolvidos no Processo de Convergncia 3.1 - rgos Brasileiros 3.2 - rgos Internacionais 3.3 - rgos Norte-americanos 4 - Principais Causas das diferenas entre os pases na Emisso de Normas Contbeis 4.1 - Classificao dos Sistemas Contbeis 4.2 Causas das Diferenas Internacionais 4.2.1 - Caractersticas, natureza e tipo de sistema legal vigente 4.2.2 - Forma de captao de recursos pelas empresas 4.2.3 - Nvel de influncia, credibilidade e status (amadurecimento) da profisso contbil 4.2.4 - Vinculao da Legislao Tributria com Contabilidade Societria 4.2.5 - Nvel de qualidade da educao na rea contbil 4.2.6 Outras Razes 4.3 - Exerccios Parte I I- Normas Internacionais de Contabilidade Introduo - Internacional Financial Reporting Standards (IFRS) 1 Apresentao das Demonstraes Contbeis (IAS 01) Exerccios s/ IAS 01 2 - Prticas contbeis, mudana de estimativas contbeis e erros Exerccios s/ IAS 08 3 - Eventos Subseqentes Exerccios s/ IAS 10 4 - Arrendamento Mercantil (Leasing) Exerccios s/ IAS 17 5 - Resultado por Ao (IAS 33) Exerccios s/ IAS 33 6 - Ativos Intangveis (IAS 38) Exerccios s/ IAS 38 7 - Relatrio por Segmento (IFRS 8) Exerccios s/ IFRS 8 8 - Conceito de Valor Justo (FASB) (SFAS 157) Exerccios s/ SFAS 157 9 - Ativos de Longo Prazo Mantidos para Venda e Operaes Descontinuadas (IFRS 5) Exerccios s/ IFRS 5Prof. Mnica Encinas

03 03 03 04 04 05 06 07 09 10 11 12 13 14 14 15 15 16 16 20 20 22 32

(IAS 08)

36 38

(IAS 10)

42 43 (IAS 17) 45 49 52 54 56 61 64 66 68 70 71 74

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)

PARTE I - CONVERGNCIA DAS NORMAS DE CONTABILIDADE1 INTRODUOA Harmonizao das Normas Contbeis no apenas uma questo terica a ser estudada. A credibilidade da informao contbil no cenrio mundial pode ser afetada pela falta de comparabilidade das demonstraes contbeis, o que poder prejudicar o interesse por investimentos diretos e indiretos por parte dos investidores estrangeiros. O desejo por uma contabilidade harmonizada internacionalmente e de alta qualidade no recente. Todavia, somente nos ltimos anos a presso pela harmonizao tem se tornado mais efetiva. Companhias transnacionais no so entidades recm estruturadas, mas a acelerao dos negcios num mercado mundial tem encorajado operaes genuinamente internacionais. O rgo que desempenha um papel de destaque no processo de harmonizao das normas contbeis internacionais o IASB (International Accounting Standards Board), rgo responsvel pela emisso das IFRS (International Financial Reporting Standards).

2 HARMONIZAO DAS NORMAS CONTBEIS

A harmonizao contbil pode ser conceituada como o processo de trazer os padres contbeis internacionais para algum tipo de acordo tal que as demonstraes contbeis de diferentes pases sejam preparadas segundo um conjunto comum de princpios de mensurao e disclosure. A harmonizao no objetiva chegar a normas uniformes, mas a obter equivalncia e comparabilidade. Harmonizao tem sido confundida erroneamente com completa Padronizao. Sobre isso nos diz John A Wilson apud Belkaoui (1985, p.57):O termo Harmonizao em relao Padronizao implica em uma reconciliao de diferentes pontos de vista. Isto significa um processo de alcance de conciliao e no de uniformizao, particularmente quando padronizao significa dizer que os procedimentos e normas de um pas deveriam ser adotados por todos os outros. Harmonizao vem a ser uma questo de melhor comunicao, de informao de uma forma que possa ser interpretada e compreendida internacionalmente.

Paton e Littelton (1940, p.3) j na dcada de 40 vislumbravam possveis problemas contbeis oriundos da desarmonizao:Os relatrios das empresas tm assumido uma caracterstica pblica: eles tm se tornado base de dados para o investidor, o empregado, o consumidor e o governo. O princpio reconhecido e o mtodo seguido em compilar e registrar contas tm se tornado questo de interesse amplo. Nesta situao, a necessidade por uma estrutura de padres contbeis consistente evidente.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre) 2.1 Histrico da Harmonizao ContbilO debate profissional em torno da harmonizao internacional da contabilidade teve origem em St. Louis, em 1904, durante o Primeiro Congresso Internacional de Contadores. O assunto foi discutido no congresso posterior, realizado a cada cinco anos, no entanto sem nenhum progresso efetivo. A questo da harmonizao foi retomada no final dos anos 50 por Jacob Kraayenhof, scio de uma das maiores empresas de auditoria da Holanda. Este defendia que o AICPA (American Institute of Certified Public Accountants) deveria coordenar comits contbeis em vrias grandes naes. O AICPA no respondeu ao desafio. Em 1970, na tentativa de estreitar as diferenas entre os procedimentos contbeis adotados por cada pas, a Unio Europia tentou, de 1970 a 1980, implementar um programa de harmonizao das legislaes contbeis. O programa tambm no obteve sucesso. Finalmente em 1973 foi criado o IASC (International Accounting Standards Committee), predecessor do IASB, por rgos de contabilidade nacionais de diversos pases e sobre o qual falaremos mais tarde.

2.2 -

Razes, Vantagens e Desvantagens

A rapidez com que alguns mercados desenvolvidos esto adotando as normas internacionais indica claramente que dentro em breve essa ser a nica sada para os pases cujas empresas desejem captar recursos externos. At 2005 cerca de 90 pases devero ter suas empresas divulgando informaes financeiras de acordo com as normas internacionais de contabilidade. Um problema adicional neste cenrio que as empresas com interesse na negociao de ttulos nas Bolsas de Valores ou em outras formas de captao de recursos, alm dos mercados nacionais, acabam incorrendo em custos e consumo de tempo adicional para apresentao das demonstraes contbeis na linguagem contbil do pas fornecedor de capitais. Alm disso, existe o risco do constrangimento com as freqentes alteraes ou at mesmo, inverso no resultado das empresas, oriundas da elaborao de um segundo conjunto de demonstraes contbeis. A figura 2.1 abaixo ilustra o caso de algumas empresas que tiveram seu resultado alterado ao converter suas demonstraes financeiras para os US GAAP (United States Generally Accepted Accounting Principles).

ANO1993 1992 1992 1999 1999

EMPRESADaimler-Benz Norsk Hydro News Corporation Copel Telemar

Pas de OrigemAlemanha Noruega Austrlia Brasil Brasil

Resultado Original370 milhes 167 milhes 502 milhes 289 milhes (286,11 milhes)

Resultado Convertido(1 bilho) 1,7 bilhes 241 milhes (283 milhes) (1.087 milhes)

MoedaDlares Americanos Coroas Norueguesas Dlar Australiano Dlares Americanos Dlares Americanos

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre) VantagensFacilitar anlises comparativas de resultados financeiros de empresas nacionais estrangeiras; Ajudar os usurios externos das demonstraes financeiras a avaliar o desempenho das empresas a nvel mundial; Reduo de tempo e custo relacionado converso de demonstraes financeiras de subsidirias estrangeiras; Muitos pases no tm ainda uma normatizao contbil adequada. Estes pases, alm de harmonizarem suas normas, poderiam organiza-las internamente. A Harmonizao ir facilitar transaes internacionais, poltica de preos e deciso de alocao de recursos, alm de tornar o mercado de capitais internacional mais eficiente. Empresas que precisam de capital externo para crescimento tero vantagem por apresentar demonstraes financeiras comparveis.

Desvantagens

Alguns contadores so extremamente contra quaisquer esforos no sentido de harmonizar normas contbeis porque acreditam que a harmonizao impede o progresso contbil ao refutar prticas contbeis bem fundamentadas, ou seja, para eles o processo de harmonizao de normas contbeis implica reduo de opes de prticas contbeis apropriadas; Ausncia de julgamento subjetivo em se tratando de interpretao e divulgao de eventos econmicos, pois cada entidade possui caractersticas prprias;

Diferentes normas contbeis devem ser derivadas de diferentes conjuntos de postulados para diferentes sistemas culturais, sociais, legais, polticos e econmicos; Na maioria dos pases o Governo, na qualidade de arrecadador de impostos, uma das principais fontes de regulao da contabilidade; Algumas vezes governos locais lanam polticas fiscais provisrias, visando atender a determinada situao temporria. Um artigo publicado em 1995 pelos autores Dr. Fernando Pereira Tostes e Luiz Carlos Gomes de Melo apresenta ainda outras desvantagens: Desafio soberania nacional; Dificilmente padres internacionais de informaes divergentes conseguem conciliar as diferenas; A harmonizao desconsidera diferena de costumes comerciais e tradies culturais. Ex: cheque pr-datado.

3 PRINCIPAIS RGOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CONVERGNCIADentro do processo de harmonizao das normas contbeis, podemos citar alguns rgos que muito tem contribudo para seu desenvolvimento. O principal deles o IASC, responsvel pela emisso das normas internacionais de contabilidade. e sobre ele que iremos nos focar. Com relao aos demais, ser feita apenas uma rpida apresentao.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)3.1 ORGOS BRASILEIROS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CONVERGNCIA

3.1.1 - CVM - Comisso de Valores Mobilirios

Em 1976 foi divulgada a Lei 6.404, denominada Lei das Sociedades Annimas. Nesse mesmo ano foi criada a Comisso de Valores Mobilirios, CVM, atravs da Lei 6385/76, rgo normativo do sistema financeiro, especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalizao do mercado de valores mobilirios. Entre suas atribuies referidas na Lei, tem competncia para regulamentar com observncia da poltica definida pelo Conselho Monetrio Nacional. A CVM tem poderes para disciplinar, criar normas e fiscalizar a atuao dos diversos agentes integrantes do mercado. Seu poder normatizador abrange todas as matrias referentes ao mercado de valores mobilirios. Ressalte-se que no exerce papel fiscalizador em relao a qualquer informao divulgada pelas companhias, mas preocupa-se com a regularidade e confiabilidade, por isto normatiza e almeja a sua padronizao.

3.1.2 - IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

Em 1971, foi criado o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, IAIB, atualmente denominado Ibracon. O Ibracon tem a funo de discutir, desenvolver e aprimorar as questes ticas e tcnicas da profisso do auditor e do contador e, ao mesmo tempo, atuar como porta-voz dessas categorias diante de organismos pblicos e privados e da sociedade em geral. Auxiliar na difuso e na correta interpretao das normas que regem a profisso, possibilitando aos profissionais conhec-la e aplic-la de forma apropriada, tambm parte de sua misso.

3.1.3 - CFC - Conselho Federal de ContabilidadeNo Brasil, o rgo representativo da classe contbil o Conselho Federal de Contabilidade, CFC, cujas atribuies so orientar, normatizar e fiscalizar as atividades profissionais do contador. Destacam-se tambm organismos governamentais que determinam prticas contbeis para cada segmento do mercado que regulam, como por exemplo o Banco Central do Brasil, Bacen, que normatiza as instituies financeiras; Superintendncia de Seguros Privados - Susep, normatiza as seguradoras; a Secretaria de Previdncia Complementar, SPC, normatiza os Fundos de Penso e a Agncia Nacional de Energia Eltrica, Aneel, normatiza o Setor Eltrico. Em outubro de 2005, foi criado o Comit de Pronunciamentos Contbeis, CPC. O objetivo similar ao do FASB e do IASB que o de centralizar a emisso de normas contbeis no pas.

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre) 3.1.4 - Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC)Criado pela Resoluo CFC n 1.055/05, o CPC tem como objetivo "o estudo, o preparo e a emisso de Pronunciamentos Tcnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgao de informaes dessa natureza, para permitir a emisso de normas pela entidade reguladora brasileira, visando centralizao e uniformizao do seu processo de produo, levando sempre em conta a convergncia da Contabilidade Brasileira aos padres internacionais". O Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC) foi idealizado a partir da unio de esforos e comunho de objetivos das seguintes entidades: - ABRASCA; - APIMEC NACIONAL; - BOVESPA; - Conselho Federal de Contabilidade; - FIPECAFI; e - IBRACON. O Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC) em funo das necessidades de: - convergncia internacional das normas contbeis (reduo de custo de elaborao de relatrios contbeis, reduo de riscos e custo nas anlises e decises, reduo de custo de capital); - centralizao na emisso de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); - representao e processo democrticos na produo dessas informaes (produtores da informao contbil, auditor, usurio, intermedirio, academia, governo). Caractersticas Bsicas: - O CPC totalmente autnomo das entidades representadas, deliberando por 2/3 de seus membros; - O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessria; - As seis entidades compem o CPC, mas outras podero vir a ser convidadas futuramente; - Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contadores, no auferem remunerao. Alm dos 12 membros atuais, sero sempre convidados a participar representantes dos seguintes rgos: - Banco Central do Brasil; - Comisso de Valores Mobilirios (CVM); - Secretaria da Receita Federal; - Superintendncia de Seguros Privados (SUSEP). Outras entidades ou especialistas podero ser convidados. Podero ser formadas Comisses e Grupos de Trabalho para temas especficos. Produtos do CPC: - Pronunciamentos Tcnicos; - Orientaes; e - Interpretaes. Os Pronunciamentos Tcnicos sero obrigatoriamente submetidos a audincias pblicas. As Orientaes e Interpretaes podero, tambm, sofrer esse processo.

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)3.2 ORGOS INTERNACIONAIS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CONVERGNCIA

3.2.1 International Accounting Standards Board (IASB) O IASB foi precedido pelo IASC (International Accounting Standards Committee), e foi fundado como instituio privada em 29 de Junho de 1973, em Londres (Gr-Bretanha), por acordo feito entre profissionais de nove pases: Austrlia, Canad, Frana, Alemanha, Japo, Mxico, Pases Baixos, Reino Unido e Estados Unidos. Outros pases foram se associando gradativamente, entre os quais o Brasil, e hoje ele rene mais de 140 pases. Outros organismos se associaram e apoiaram o IASC, entre eles o IFAC em 1982, o IOSCO em 1987, o FASB (Financial Accounting Standards Board) em 1991 e a Comunidade Europia em 1995. Os ministros das finanas dos pases que formam o grupo do G7 e Fundo Monetrio Internacional apiam o uso das normas a fim de fortalecer a estrutura financeira internacional. O comit da Basilia expressa apoio no de 2000.Em 1 de abril de 2001 o IASB assumiu a responsabilidade de emisso de padres contbeis internacionais, tornando-se ento uma fundao sem fins lucrativos. De acordo com a sua constituio, o IASB tem os seguintes objetivos:

a)

Desenvolver, no interesse pblico, um nico conjunto de normas contbeis globais de alta qualidade, inteligveis, exeqveis, que exijam informaes de alta qualidade, transparentes e comparveis nas demonstraes contbeis e em outros relatrios financeiros, para ajudar os participantes do mercado de capital e outros usurios em todo o mundo a tomar decises econmicas;

b) c)

Promover o uso e a aplicao rigorosa dessas normas; e Promover a convergncia entre as normas contbeis locais e as Normas Internacionais de Contabilidade de alta qualidade. Com o intuito de expandir a representatividade dos organismos interessados nas informaes

contbeis, o IASB estabeleceu um grupo consultivo internacional, formado por representantes de usurios e preparadores das informaes contbeis, organismos emissores de padres contbeis e demais organismos da profisso contbil. Quanto sua estrutura, o IASB subordinado Fundao IASC, entidade sem fins lucrativos, com sede nos Estados Unidos, conta com 19 curadores, que indicam os membros do colegiado do IASB, do colegiado de interpretaes e do conselho assessor de padres. Segue abaixo uma figura que demonstra a atual estrutura do IASB.

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)

Fonte: IASB

IASC (International Accounting Standards Committee) O Comit de Padres Internacionais de Contabilidade um rgo que monitora, supervisiona o IASB. SAC (Standards Advisory Council) O Conselho Consultivo de Padres o organismo internacional atravs do qual grupos e indivduos fazem recomendaes ou aconselham o IASB. Foi presidido pelo Professor Nelson Carvalho. IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee) O IFRIC o rgo responsvel por interpreter a aplicao dos padres do IASB no contexto do seu referencial terico (framewoerk). Atualmente (fevereiro de 2012) encontram-se em vigor as seguintes normas: 29 IASs (International Accounting Standard) emitidos pelo IASC; e 9 IFRSs (International Financial Reporting Standard) emitidos pelo IASB.

3.2.2 International Organization of Securities Commission (IOSCO)O IOSCO foi criado em abril de 1983 a partir do encontro entre 11 agncias reguladoras das Amricas, realizado em Quito. Ele nasceu da transformao do seu antecessor inter-American Regional Association (criado em 1974) em uma verdadeira corporao internacional. Em 1984, pela primeira vez, agncias reguladoras de fora das Amricas se juntaram ao grupo, sendo elas da Frana, Indonsia, Korea e Reino Unido. Vinte anos mais tarde, esta organizao est presente em mais de 181 pases e continua crescendo rapidamente. Ele responsvel pela regulao de mais de 90% do Mercado de Capitais no mundo.

3.2.3 International Standards of Accounting and Reporting (ISAR)O ISAR (Intergovernamental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting) foi formalmente criado em 1982, pelo Comissariado das Naes Unidas. Ele foi criado para estudar o impacto das grandes corporaes multinacionais sobre o desenvolvimento das relaes internacionais.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre) 3.2.4 International Federation of Accounting Committee (IFAC)O IFAC foi fundado em 1976, tendo sendo sido precedido por ouros organismos: o ICA (International Congress of Accounts), fundado em 1904 e o ICCAP (International Coordination Committee for the Accounting Profession) em 1972. O IFAC uma federao de organizaes nacionais de profissionais contbeis que representa os contadores dos diversos setores, como tambm alguns grupos especializados que freqentemente se interligam com a profisso. Atualmente ele representa cerca de 156 organizaes com mais de 2,4 milhes de contadores em mais de 114 pases. O objetivo do IFAC desenvolver a profisso e harmonizar padres mundiais, a fim de permitir aos contadores fornecer servios de alta qualidade de interesse pblico.

3.3 ORGOS NORTE-AMERCIANOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CONVERGNCIA

3.3.1 Financial Accounting Standards Board (FASB)O FASB (Financial Accounting Standards Board) o principal rgo de normatizao contbil nos Estados Unidos. Iniciou suas atividades em Junho de 1973, com grande apoio financeiro por parte do Governo dos Estados Unidos, das entidades de classe da profisso contbil e por grandes empresas. A SEC (Securities and Exchange Commission), a CVM americana, endossou o FASB como a nica emissora de padres reconhecidos. A misso do FASB estabelecer e melhorar os padres de contabilidade financeira, promover a convergncia internacional de padres de Contabilidade, alm de contribuir para a educao contbil e ampliao do nvel de entendimento dos contadores, auditores e usurios das informaes financeiras. O FASB um rgo de grande importncia para a harmonizao contbil mundial pelo fato de que as maiores investidoras mundiais so as companhias multinacionais, muitas das quais americanas, e que adotam os US GAAP (US Generally Accepted Accounting Principles). Alm disso, o Mercado de Capitais americano um dos maiores do mundo. A base conceitual para os US-GAAP est includa nos pronunciamentos conceituais do FASB, denominados SFAC, que criaram uma espcie de estrutura conceitual bsica usada pelo conselho para o estabelecimento de padres de contabilidade. Os pronunciamentos emitidos pelo FASB so chamados de FAS (Financial Accounting Standards) ou SFAS (Statement of Financial Accounting Standards).

3.3.2 - Securities and Exchange Commission (SEC)Securities and Exchange Commission, SEC, uma agncia governamental independente, estabelecida em 1934, responsvel pela regulamentao do comrcio de valores mobilirios nos EUA com o objetivo principal, no campo da contabilidade, de assegurar a total transparncia. O formato e o contedo das demonstraes financeiras das companhias abertas so regulados pela SEC.

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3.3.3 - American Istitute of Certified Public Accountants (AICPA)

O Instituto americano dos contadores pblicos certificados possui um comit snior denominado comit executivo de padres de contabilidade (AcSEC). Esse comit composto de 15 membros voluntrios, com representantes de diversos segmentos. o corpo tcnico do AICPA designado para determinar as polticas da profisso relativas a normas contbeis e apresentao de demonstraes contbeis. Ele publica boletins prticos de orientaes especficas sobre auditoria e contabilidade alm de prover regras sobre matrias contbeis que o Financial Accounting Standards Board, FASB (Comit de Normas de Contabilidade) no tenha se pronunciado. Comparao entre rgos reguladores brasileiros, americanos e internacionais

Origem

Pronunciamentos

Emisso de Pronunciamentos Contbeis * Diversos IASB FASB

Regulao do Mercado de Aes CVM IOSCO SEC

Emisso de Normas Contbeis e de Auditoria Ibracon/CFC IFAC AICPA/PCAOB

Brasil Internacional Estados Unidos

BR GAAP IFRS US GAAP

* A partir do ano de 2007 iniciou a atuao do CPC Comit de Pronunciamentos Contbeis com o objetivo de ser um organismo semelhante ao FASB e IASB.

4 PRINCIPAIS CAUSAS DAS DIFERENAS ENTRE OS PASES NA EMISSO DE NORMAS CONTBEISA contabilidade, por ser uma cincia social aplicada, fortemente influenciada pelo ambiente em que atua. De uma forma geral, valores culturais, tradio histrica, estrutura poltica, econmica e social acabam refletindo nas prticas contbeis de uma nao e, conseqentemente, a evoluo das mesmas pode estar vinculada ao nvel de desenvolvimento econmico de cada pas. Usualmente, a contabilidade considerada a linguagem "dos negcios", ou seja, onde os principais agentes econmicos buscam informaes (principalmente de natureza econmico-financeira) sobre a performance empresarial e avaliao de risco para se realizar investimentos. Nesse sentido, relatrios contbeis sempre so requeridos pelos investidores que desejam mensurar a convenincia e oportunidade para concretizar seus negcios. Assim, sua importncia ultrapassou as fronteiras, deixando de ter sua utilidade limitada ao campo domstico para servir de instrumento de processo decisrio em nvel internacional, principalmente no atual cenrio de globalizao dos mercados.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)Entretanto, essa linguagem no homognea em termos internacionais, pois cada pas tem suas prticas contbeis prprias, significando dizer que o lucro de uma empresa brasileira no seria o mesmo se adotadas prticas contbeis de outros pases, dificultando sua compreenso devido falta de uniformidade. A linguagem no uniforme porque cada pas tem critrios prprios e diferentes para reconhecer e mensurar cada transao. A busca de critrios consentneos o processo de harmonizao contbil internacional, visando proporcionar uma compreenso dessa linguagem e a sua comparabilidade.

4.1 Classificao dos Sistemas ContbeisA contabilidade, por ser cincia social aplicada, produto do ambiente em que atua. Como cada pas tem seu prprio ambiente poltico, social, cultural e econmico (diferente um do outro), e sendo a contabilidade produto dessa complexa interao, classificar sistemas contbeis nacionais de uma forma objetiva no uma tarefa fcil para os pesquisadores. "O nmero de tentativas que tm sido feitas para classificar sistemas contbeis nacionais o mesmo esforo que os bilogos tentam fazer para classificar fauna e flora", conforme Nobes e Parker (1995). A afirmao de Nobes e Parker mostra a dificuldade e possivelmente o grau de arbitrariedade que envolvem tentativas para classificao de pases ou grupos de pases, segundo seus sistemas contbeis. De forma geral, a maioria dos autores destaca dois grandes grupos distintos: o modelo Anglo-Saxo e o modelo Continental. O Modelo Anglo-Saxo composto por pases como Gr-Bretanha (incluindo Inglaterra, Pas de Gales, Irlanda e Esccia), Austrlia, Nova Zelndia, Estados Unidos da Amrica, Canad, Malsia, ndia, frica do Sul e Cingapura, cujas caractersticas predominantes so: a) existncia de uma profisso contbil forte e atuante; b) slido mercado de capitais, como fonte de captao de recursos; c) pouca interferncia governamental na definio de prticas contbeis; e d) as demonstraes financeiras buscam atender, em primeiro lugar, os investidores. O Modelo Continental, por sua vez, composto por pases como Frana, Alemanha, Itlia, Japo, Blgica, Espanha, pases comunistas (Europa Oriental), pases da Amrica do Sul, entre outros, e as caractersticas predominantes so as seguintes: a) profisso contbil fraca e pouco atuante; b) forte interferncia governamental no estabelecimento de padres contbeis, notadamente a de natureza fiscal; c) as demonstraes financeiras buscam atender primeiramente os credores e o Governo em vez dos investidores; e______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)d) importncia de bancos e outras instituies financeiras (inclusive governamentais) em vez de recursos provenientes do mercado de capitais como fonte de captao pelas empresas. Analisando-se particularmente o caso brasileiro, observa-se, primeira vista, uma forte vinculao com o modelo da Europa Continental, caracterizado pela influncia governamental na edio de normas contbeis, a pouca valorizao da profisso contbil, e, ainda, por ser a educao na rea contbil ainda de qualidade duvidosa, requerendo exames de suficincia e educao profissional continuada. Entretanto, em termos de financial reporting com a vigncia da Lei n 6.404/76 e os esforos da CVM para adaptao das normas contbeis internacionais, a disseminao cada vez mais acentuada do ensino da contabilidade baseada na escola norte-americana e a possvel criao de um Comit de Procedimentos Contbeis revelam que mudanas podem ocorrer no futuro.

4.2 Causas das Diferenas InternacionaisConsiderando-se que cada pas tem seu conjunto de leis, regras, filosofias, procedimentos, objetivos (buscam proteger os seus interesses nacionais), razovel supor que os sistemas contbeis de cada pas venham a ser impactados por tais medidas, dependendo do seu grau de influncia sobre outros. Walton (2003) apresenta interessante comparao (at de forma jocosa) para explicar as causas das diferenas internacionais, ao afirmar: A compreenso de regras internacionais muito difcil porque as regras tm diferentes significados: na Alemanha, tudo proibido a menos que esteja explicitamente permitido na lei, enquanto que na Inglaterra tudo permitido a menos que esteja explicitamente proibido na lei. No Ir, por outro lado, tudo proibido mesmo que esteja permitido na lei enquanto que na Itlia tudo permitido, especialmente se proibido. Como a contabilidade usualmente mencionada como linguagem de comunicao, a regra contbil tambm pode se enquadrar na comparao de Walton, como, por exemplo, a proviso para crditos de liquidao duvidosa cuja constituio seria proibida se no explicitamente permitida na lei (Alemanha) ou cuja constituio permitida, exceto se no explicitamente proibida na lei (Inglaterra). No exemplo acima, se a aplicssemos no caso brasileiro, haveria ainda um complicador, o que pior: enquanto a lei societria estabelece a obrigatoriedade de constituir citada proviso na medida julgada necessria para cobertura de perda julgada provvel, a legislao tributria probe expressamente sua constituio. Aqui temos efetivamente um conflito de natureza legal na constituio da proviso para crditos de liquidao duvidosa. Os principais estudiosos sobre o assunto apresentam diversos aspectos como causas das diferenas internacionais. Comparando-se as razes das diferenas internacionais no financial reporting, identificadas pelos principais autores que abordaram o tema, h algumas semelhanas entre si, das quais procuraremos resumir as principais causas.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)

4.2.1 - Caractersticas, natureza e tipo de sistema legal vigente unanimidade entre os autores pesquisados que as caractersticas e o tipo de sistema legal de um pas tm destacada influncia nas diferenas internacionais, principalmente no que diz respeito sua classificao em duas correntes: - common-law, conhecida como no legalstica; e - code-law, conhecida como legalstica. Essa estrutura legal (common-law ou code-law) capaz de influenciar o comportamento e o direcionamento que um pas pode assumir, inclusive quanto profisso contbil e ao financial reporting. Aqui, voltamos a discutir novamente a classificao dos sistemas contbeis, segundo modelo "anglo-saxnico" ou "continental": a) sistema legal de um pas baseado em common-Iaw predominante em pases como Gr-Bretanha, Estados Unidos da Amrica, Canad, Austrlia, Nova Zelndia, onde no se faz necessrio detalhar as regras a serem aplicadas para todos os casos ou para todas as situaes, e tambm focando o que deve ser evitado (presume-se que o que no vem a ser proibido aceito, conforme j abordado anteriormente). A Gr-Bretanha, que de certa forma influenciou os demais pases, exportando esse modelo, trouxe como conseqncia uma nfase maior na apresentao das demonstraes contbeis dentro da "viso justa e verdadeira" (true and Jair value) que tendem a ser mais transparentes para os acionistas. Nesse contexto, segundo Saudagaran (2004), o ambiente legal de um pas em que vigora o common-Iaw tende a ser propcio para inovaes em termos de financial reporting. Por outro lado, Elliot e Elliot lembram que em pases onde vigora a common-Iaw, a criatividade para interpretar o "esprito da lei", que pode ser evasivo, pode tambm resultar em artifcios para manipular ou aproveitar brechas legais; e b) sistema legal de um pas baseado em code-Iaw, predominante em pases como Alemanha, Frana e Japo tem resultado em uma estrutura legal, onde requerido um elevado grau de detalhamento das regras a serem cumpridas, incluindo procedimentos a serem observados pelas empresas. Nesse sentido, h muito menos flexibilidade na preparao e apresentao das demonstraes contbeis. A nfase maior na proteo dos credores da companhia, diferentemente dos pases onde predomina o common-law, que tm a preocupao maior voltada para os acionistas.

4.2.2 - Forma de captao de recursos pelas empresas Outro fator de destaque a existncia de um mercado de capitais slido e atuante, onde as empresas podem buscar recursos ou, de outro lado, sua dependncia junto ao mercado bancrio ou fonte governamental, seus principais provedores de recursos. Por que a forma de captao de recursos pelas empresas relevante para a determinao do tipo de financial reporting? Primeiramente, porque quando nos referimos a financial reporting devemos ter em mente que a contabilidade a linguagem de comunicao empresarial, que objetiva suprir os usurios com informaes que sejam relevantes ao seu processo decisrio.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)Nessa linha de raciocnio, para julgar o que relevante para o usurio, teramos que conhecer um pouco melhor quem esse usurio para saber que tipos de informaes so necessrios. E a que reside a questo: as informaes requeri das por investidores (em aes) so significativamente diferentes das requeridas pelos credores por emprstimos (seja crdito bancrio ou fonte governamental)? Conseqentemente, se um pas tem caractersticas voltadas para financiar suas empresas com recursos oriundos do mercado acionrio, tender a apresentar suas demonstraes contbeis contemplando informaes que privilegiem seu usurio mais importante, seus acionistas. Por outro lado, se um pas tem caractersticas voltadas para financiar suas empresas com recursos oriundos do crdito bancrio ou fonte governamental, tender a privilegiar a apresentao de suas demonstraes contbeis contemplando informaes que favoream seu usurio mais importante, qual seja, o credor bancrio ou governamental.

4.2.3 - Nvel de influncia, credibilidade e status (amadurecimento) da profisso contbil Nos pases onde o mercado de capitais slido e atuante, como Canad, Estados Unidos da Amrica, Gr-Bretanha, informaes financeiras confiveis e tempestivas tm sido requeridas pelos seus usurios (investidores em geral). A profisso contbil nesses pases "auto-regulamentada" (com pouca interferncia do governo) e responsvel pela promulgao de padres contbeis e de auditoria. Tambm a prpria profisso contbil que estabelece critrios para credenciamento de contadores e auditores, por intermdio de seus conselhos ou rgos de classe, seja por meio de exames ou certificaes. Por outro lado, "em pases onde no h demanda do mercado para buscar informaes financeiras, contadores tm sido tratados como 'bookkeepers' (responsveis pela escriturao) e com baixo status", segundo Elliot e Elliot (2002). Saudagaran (2004) tambm lembra que, "onde a profisso contbil fraca, questiona-se a qualidade das demonstraes contbeis produzidas bem como se os auditores tm realmente independncia e 'status' suficiente para produzir relatrios sobre as empresas por ele auditados". Analisando-se a situao brasileira, observamos que a profisso contbil representada por dois rgos: o CFC e o IBRACON, mas nenhum deles politicamente forte o suficiente para influenciar rgos governamentais legalmente autorizados para editar normas contbeis. Infelizmente, a realidade brasileira revela que o "status" da profisso contbil e a capacidade de influenciar (ou mesmo de editar) a elaborao de normas contbeis esto ainda aqum do esperado.

4.2.4 - Vinculao da Legislao Tributria com Contabilidade Societria O Fisco tem objetivo especfico voltado para tributao do lucro e, conseqentemente, estabelece critrios ou percentuais bem definidos para reconhecimento de despesas ou receitas (como, por exemplo, depreciao de ativo permanente), enquanto os usurios de demonstraes contbeis tm: propsitos diferentes do Fisco, como, por exemplo, os investidores (querem: avaliar o retorno de seu investimento), os credores (querem conhecer fluxo de caixa futuros que garantam a devoluo dos emprstimos). Dessa forma, critrios de reconhecimento e mensurao de ativos______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)para propsitos de Contabilidade financeira (Financial Reporting) podem ser fortemente impactados por regras fiscais. O Brasil apresenta uma caracterstica peculiar: embora a legislao societria tenha criado a figura dos "registros auxiliares" para amparar critrios contbeis diferentes dos prescritos em lei e o Fisco tenha consagrado o Livro de Apurao do Lucro Real (LALUR), ainda convivemos com inmeras situaes desconfortveis de legislaes ou regulamentos de natureza tributria determinando regras de como contabilizar transaes (como, por exemplo, o leasing, aqui denominado arrendamento mercantil, j mencionado anteriormente) ou regras proibindo (ou no admitindo sua dedutibilidade fiscal como despesa e, conseqentemente, desincentivando sua contabilizao), ou, ainda, regras para classificao (se um adiantamento para fornecedores, por exemplo, permanente ou realizvel a longo prazo).

4.2.5 - Nvel de qualidade da educao na rea contbil

Saudagaran (2004) apresenta interessante comparao entre os pase: que tm longa tradio na rea contbil e que contam com elevado padro de ensino oferecendo, inclusive, alternativas para seus alunos buscarem programas de mestrado/doutorado ou serem treinados para enfrentar um mercado de trabalho atraente e bem remunerado. Entretanto, em muitos outros pases onde a qualidade do ensino na rea contbil relativamente fraca, ( Contabilidade confundida com escriturao fiscal e tratada mais come uma vocao do que profisso. Alm disso, o ensino limitado ao nvel secundrio, no sendo disponvel em curso superior (nvel universitrio) Como conseqncia, a profisso contbil sofre os efeitos da qualidade de ensino, bem como se sente incapaz de atrair melhores alunos para integrarem a carreira profissional de contadores, pelo pouco prestgio perante a sociedade. No mbito brasileiro, conforme j mencionado, o ensino da Contabilidade caracteriza-se ainda pela predominncia do ensino mdio (e nmero de tcnicos em Contabilidade superior ao de contadores) e pele pouco interesse (ou dificuldade) dos contadores em prosseguir seus estudo: em nvel de ps-graduao (mestrado/doutorado). Outra questo que a maioria dos cursos de cincias contbeis no Brasil oferecida noite para aqueles que j trabalham. O corpo docente na maior parte das faculdades particulares tambm representado por profissionais que atuam no mercado de trabalho durante o dia e dedicam-se ao ensino como atividade complementar, muitas vezes para melhorar seu rendimento mensal. Por conseguinte, difcil o aperfeioamento deste corpo docente mediante afastamento para cursar mestrado ou doutorado, exceto em universidades pblicas. A exigncia do Exame de Suficincia pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) para os bacharis em cincias contbeis e os graduados no ensino mdio de contabilidade tambm revela que o nvel de ensino esto aqum do que o mercado de trabalho requer para o exerccio da profisso. Finalmente, em nosso entendimento, o ensino de contabilidade tem limitada influncia no financial reporting das empresas, principalmente por trs fatores: a) poucos cursos notoriamente de excelente qualidade;______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)b) poucos docentes com formao acadmica e titulao adequados; e c) regras para o financial reporting esto nas mos de rgos governamentais que editam normas contbeis. A profisso contbil e a academia tm pouca participao ou capacidade de influir. 4.2.6 Outras Razes Algumas outras razes so apontadas em diversos estudos. No entanto, dada a sua menor importncia em termos de correlao com as causas da diferenas, no sero profundamente abordadas aqui. So elas: a) Estrutura empresarial e tipo de empresas; b) Existncia de um arcabouo conceitual terico e o nvel de desenvolvimento da teoria contbil ou estrutura conceitual bsica da contabilidade; c) Acidentes de percurso, invases, localizao geogrfica, herana de ser colnia, linguagem, etc; d) Nvel de inflao.

4.3 - EXERCCIOS4.3.1 (CVM/2006) a) b) c) d) e) Os International Accounting Standards (IAS) so:

mandatrios para aplicao em todas as sociedades por aes no Brasil. sugestes que os auditores obrigam-se a cumprir no mundo inteiro. objetos do projeto de harmonizao conjunta patrocinado pela CVM, Ibracon e Banco Central. padres contbeis emitidos pelo antigo IASC que a partir de 01.04.2001 foram extintos. padres contbeis internacionais emitidos a partir de 1973.

4.3.2 - (Simulado-2008/ Prof. Jos Wagner) Analise as informaes a seguir sobre o processo de internacionalizao da Contabilidade: I Uma das causas das diferenas nos sistemas nacionais de contabilidade a existncia de sistemas legais de natureza e caractersticas distintas. Enquanto nos pases de sistema legal baseado no Common Law as prticas contbeis no precisam estar detalhadas nas normas, nos pases de sistema legal baseado no Code Law requerido um elevado grau de detalhamento das regras contbeis a serem seguidas. II A atual entidade responsvel pela emisso de normas internacionais de contabilidade o International Accounting Standards Board IASB, sucessor do International Accounting Standards Committee IASC. Entretanto, a sigla IASC ainda existe e denomina a fundao mantenedora e responsvel pela indicao dos membros do IASB, atualmente designada de IASC Foundation. III Uma vez construdo o conjunto das normas internacionais de contabilidade, os pases representados no IASB esto obrigados a adotar as IAS e as IFRS, a exemplo dos pases da Unio Europia. Est(o) correta(s) a(s) afirmao(es): a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas.Prof. Mnica Encinas

d) I e II, apenas. e)I, II e III.

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)4.3.3 - (Petrobras-2008/Cesgranrio) O IASB (The International Accounting Standards Board), rgo independente do setor privado, com sede em Londres, que se destina ao estudo dos padres contbeis, formado por um Conselho de Membros, constitudo por mais de 140 entidades mundiais, dentre elas as brasileiras, Instituto Brasileiro de Contadores (sic) e Conselho Federal de Contabilidade. Um dos seus objetivos a) determinar o uso e aplicao rigorosa de todas as suas normas, em todos os pases a ele filiados. b) estabelecer uma data especfica para a harmonizao das normas contbeis dos pases do Conselho de Membros. c) implementar a harmonizao das normas contbeis em todos os paises do Conselho de Membros, a partir de 2010. d) promover a convergncia entre as normas fiscais locais e as Normas Internacionais de Contabilidade, de alta qualidade. e) verificar, pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade, formado por, no mnimo, 5 auditores praticantes, se suas normas so cumpridas. 4.3.4 - (Petrobras-2006/Cesgranrio) H alguns anos o IASB International Accounting Standards Board (colegiado de padres contbeis internacionais) vem buscando realizar uma harmonizao nos padres de contabilidade das naes associadas. Fundamentalmente, o objetivo dessa harmonizao dos padres contbeis mundiais visa a: a) b) c) d) e) permitir a comparabilidade das informaes. criar um padro nico a ser utilizado por todas as naes. estabelecer princpios contbeis universais. estabelecer leis, regras e normas a que todas as naes obedeam. padronizar, exclusivamente, a forma de apresentao dos demonstrativos contbeis.

4.3.5 - (Petrobras-2008/Cesgranrio) H uma forte tendncia de os autores destacarem a existncia de dois grandes grupos de sistemas contbeis: o modelo anglo-saxo e o modelo continental, que tm como caractersticas predominantes, dentre outras, as seguintes: I existncia de profisso contbil forte a atuante; II demonstraes financeiras que buscam atender credores e governo, preferencialmente; III demonstraes financeiras que buscam atender os investidores, preferencialmente; IV forte importncia de Bancos como fontes de captao de recursos, em substituio ao mercado de capitais. So caractersticas predominantes do modelo anglo-saxo APENAS a a) I e a II. b) I e a III. c) I e a IV. d) II e a III. e) III e IV.

4.3.6 - (Petrobras-2008/Cesgranrio) A harmonizao dos padres contbeis internacionais no significa a padronizao das normas contbeis. Ela se caracteriza por ser um processo que procura preservar as particularidades dos pases, mas de forma a permitir a reconciliao dos seus sistemas de informaes contbeis, visando a melhorar a interpretao e o entendimento dos aludidos sistemas. Uma das provveis vantagens decorrentes da harmonizao dos sistemas contbeis provocar a a) aceitao das normas contbeis internacionais, evitando a xenofobia ou barreiras por nacionalismo exacerbado. b) unificao dos currculos bsicos dos cursos de Cincias Contbeis. c) eliminao de entraves burocrticos para o credenciamento de contadores de outros pases.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)d) reduo do atrelamento da contabilidade s normas tributrias e da influncia governamental nessa rea. e) efetiva contribuio para a reduo de custos nos trabalhos de auditoria.

4.3.7 - (BNDES-2008/Cesgranrio) Dentre as opes abaixo, assinale a que caracteriza uma vantagem, j identificada e reconhecida, da adoo da harmonizao das normas internacionais para as empresas sediadas nos pases que as adotam. a) As barreiras de nacionalismo exacerbado devero se vencidas pelos rgos internos de contabilidade desses pases, que precisaro exercer o poder de determinao para implantao das normas. b) Em pases com forte legislao trabalhista protecionista, precisar ser efetivada a harmonizao dos currculos bsicos dos cursos de cincias contbeis com o processo de credenciamento de contadores e auditores para atuao em outros pases. c) Em pases fortemente legalistas, a harmonizao contbil passa tambm pela mudana do sistema legal, sendo retirada do governo a autoridade de emitir normas contbeis. d) Em pases que no possuem padro prprio de sistemas contbeis, estrutura legal ou organismos profissionais atuantes, a implementao das normas internacionais torna-se mais fcil, em vista de existirem poucos ajustes a serem realizados. e) Em pases que no possuem Bolsa de Valores, a harmonizao dever indicar que as empresas que pretendem ingressar no mercado de capitais procurem as Bolsas de Valores dos pases mais desenvolvidos para o lanamento de suas aes. 4.3.8 - (BNDES-2008/Cesgranrio) Qual o rgo internacional e independente que, atualmente, estuda os padres contbeis mundiais, visando estabelecer uma harmonizao de procedimentos vlida para os pases membros: a) FASB Financial Accounting Standards Board. b) IOSCO International of Securities Comission. c) IASB International Accounting Standards Board. d) IFAC International Federation of Accountants. e) OECD Organization for Economic Cooperation and Development. 4.3.9 - (Petrobras Distribuidora -2008/Cesgranrio) Um dos fatores que demonstram grandes diferenas entre os pases, em relao aos sistemas contbeis por eles praticados, a legislao tributria. Os pases em que as demonstraes contbeis (financial reporting) se destinam a atender tanto a propsitos fiscais como a objetivos especficos de usurios externos so: a) b) c) d) e) Gr-Bretanha, Holanda e Sua. Alemanha, ustria e Frana. Sucia, Dinamarca e Islndia. Espanha, Portugal e Austrlia. Estados Unidos, Irlanda e Canad.

4.3.10 - (Petrobras Distribuidora -2008/Cesgranrio) Nos Estados Unidos da Amrica, a regulamentao e a normatizao de matria contbil esto sob a responsabilidade de um organismo do setor privado FASB Financial Accounting Standards Board, mas a edio de padres contbeis sustentada pelo(a)______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)a) b) c) d) e) FED Federal Reserve Bank. ASEC Accounting Standards Executive Committee. SEC Securities and Exchange Commission. FIA Federal International Accountants. AICPA American Institute of Certified Public Accountants.

4.3.11 - (Petrobras Distribuidora -2008/Cesgranrio) As tentativas para classificar os pases, ou grupos de pases, de acordo com seus sistemas contbeis, tm revelado um alto grau de dificuldade. Entretanto, a maioria dos autores e estudiosos de sistemas contbeis destaca a existncia de dois grandes grupos distintos: o modelo anglo-saxo e o modelo continental. Para essa classificao, as principais caractersticas do modelo anglo-saxo so a existncia de uma: (a) profisso contbil forte e atuante; slido mercado de capitais como fonte de captao de recursos; pouca interferncia governamental na definio de prticas contbeis; e demonstraes financeiras que buscam atender, em primeiro lugar, aos investidores. (b) profisso contbil forte e atuante; slido mercado de capitais como fonte de captao de recursos; forte interferncia governamental no estabelecimento de padres contbeis, notadamente, de natureza fiscal; e demonstraes financeiras que buscam atender, primeiramente, aos credores. (c) profisso contbil forte e atuante; importncia de Bancos e outras instituies financeiras como provedores dos recursos; forte interferncia governamental no estabelecimento de padres contbeis, notadamente, de natureza fiscal; e demonstraes financeiras voltadas, em primeiro lugar, para o governo. (d) profisso contbil fraca e pouco atuante; slido mercado de capitais como fonte de captao de recursos; forte interferncia governamental no estabelecimento de padres contbeis, notadamente, de natureza fiscal; e demonstraes financeiras voltadas, em primeiro lugar, para os investidores. (e) profisso contbil fraca e pouco atuante; uso de Bancos e instituies financeiras como fonte de captao de recursos; pouca interferncia governamental na definio de prticas contbeis; e demonstraes financeiras voltadas, em primeiro lugar, para os administradores. 4.3.12 - (Petrobras Distribuidora -2008/Cesgranrio) No entendimento de autores e pensadores da Contabilidade, a principal razo para haver a harmonizao dos padres contbeis internacionais : (a) padronizar os procedimentos contbeis de forma universal. (b) reduzir custos por permitir registros nicos em vrios pases. (c) permitir a comparabilidade das informaes. (d) unificar os impostos cobrados nos diversos pases. (e) unificar os princpios fundamentais de contabilidade

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PARTE II NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADEINTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS (IFRS)O IFRS, sucessor do IAS (International Accounting Standard), o conjunto de padres contbeis internacionais, de alta qualidade, emitidos pelo IASB e por seu predecessor, o IASC. O IASC emitiu 41 IAS, conhecidos no Brasil como Normas Internacionais de Contabilidade NIC, de 1973 a 2000, e o IASB emitiu 08 IFRS desde ento. Neste perodo o IASB/IASC emendou alguns IASs, props mudar e substituir ou emendar outros.

IAS/IFRS/IFRIC x PRONUNCIAMENTOS CPC (Revisado em 08/02/2012)CPC-00-R1 - Estrutura Conceitual para Elaborao e Apresentao das Demonstraes Contbeis IAS 1 IAS 2 IAS 7 IAS 8 IAS 10 IAS 11 IAS 12 IAS 16 IAS 17 IAS 18 IAS 19 IAS 20 IAS 21 IAS 23 IAS 24 IAS 27 IAS 27 IAS 28 IAS 29 IAS 31 IAS 32 IAS 32 IAS 33 IAS 34 IAS 36 IAS 37 CPC-26-R1 - Apresentao das Demonstraes Contbeis CPC-16-R1 - Estoques CPC-03-R2 - Demonstrao dos Fluxos de Caixa CPC-23 - Polticas Contbeis, Mudana de Estimativa e Retificao de Erro CPC-24 - Evento Subsequente CPC-17 - Contratos de Construo CPC-32 - Tributos sobre o Lucro CPC-27 - Ativo Imobilizado CPC-06-R1 - Operaes de Arrendamento Mercantil CPC-30 - Receitas CPC-33 - Benefcios a Empregados CPC-07-R1 - Subveno e Assistncia Governamentais CPC-02-R2 - Efeitos das Mudanas nas Taxas de Cmbio e Conv de Demonstraes Contbeis CPC-20-R1 - Custo de Emprstimos CPC-05-R1 - Divulgao sobre Partes Relacionadas CPC-35-R1 - Demonstraes Separadas CPC-36-R2 - Demonstraes Consolidadas CPC-18 - Investimento em Coligada CPC-42 - Contabilidade e Evidenciao em Economia Hiperinflacionria CPC-19-R1 - Participao em Empreendimento Controlado em Conjunto (Joint Venture) CPC-08-R1 - Custos de Transao e Prmios na Emisso de Ttulos e Valores Mobilirios CPC-39 - Instrumentos Financeiros: Apresentao CPC-41 - Resultado por Ao CPC-21-R1 - Demonstrao Intermediria CPC-01-R1 - Reduo ao Valor Recupervel de Ativos CPC-25 - Proviso e Passivo e Ativo ContingentesProf. Mnica Encinas

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IAS 38 IAS 39 IAS 40 IAS 41 IFRS 1 IFRS 2 IFRS 3 IFRS 4 IFRS 5 IFRS 6 IFRS 7 IFRS 8 IFRS 9

CPC-04-R1 - Ativo Intangvel CPC-38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensurao CPC-28 - Propriedade para Investimento CPC-29 - Ativo Biolgico e Produto Agrcola CPC-37-R1 - Adoo Inicial das IFRS CPC-10-R1 - Pagamento Baseado em Aes CPC-15-R1 - Combinaes de Negcios CPC-11 - Contratos de Seguro CPC-31 - Ativo No Circulante Mantido para Venda e Operao Descontinuada CPC-34 - Explorao e Avaliao de Recursos Minerais CPC-40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciao CPC-22 - Informaes por Segmento CPC-40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciao

INTERPRETAES IFRIC 02 IFRIC 04 IFRIC 05 IFRIC 06 IFRIC 08 IFRIC 11 IFRIC 12 IFRIC 15 IFRIC 16 IFRIC 17 IFRIC 18 IFRIC 19 ICPC-14 - Cotas de Cooperados em Cooperativas e Instrumentos Similares ICPC-03 - Aspectos Complementares da Operao de Arrendamento Mercantil ICPC-13 - Direitos a Participaes Decorrentes de Fundos de Desativao, Restaurao e Reabilitao Ambiental ICPC-15 - Passivo Decorrente de Participao em Mercado Especfico - Resduos de Equipamentos Eletroeletrnicos ICPC-04 - Alcance do CPC 10 - Pagamento Baseado em Aes ICPC-05 - Transaes de Aes do Grupo e em Tesouraria ICPC-01-R1 - Contratos de Concesso ICPC-02 - Contrato de Construo do Setor Imobilirio ICPC-06 - Hedge de Investimentos Lquidos em Uma Operao no Exterior ICPC-07 - Distribuio de Dividendos In Natura ICPC-11 - Reconhecimento em Transferncia de Ativos dos Clientes ICPC-16 - Extino de Passivos Financeiros com Instrumentos Patrimoniais

OUTROS ATOS DO CPC SEM EQUIVALNCIA EM IFRS:PRONUNCIAMENTOS CONTBEIS CPC-09 - Demonstrao do Valor Adicionado (DVA) CPC-12 - Ajuste a Valor Presente (NBC-TG-12) CPC-13 - Adoo Inicial da Lei 11.638/07 e da Medida Provisria 449/08 CPC-14 - (Revogado) Veja CPC-38 - CPC-39 - CPC-40 e OCPC-03 CPC-43-R1 - Adoo Inicial dos Pronunciamentos Tcnicos CPC 15 a 40______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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CPC-PME - Contabilidade para Pequenas e Mdias Empresas

ORIENTAES TCNICAS OCPC-01-R1 - Entidades de Incorporao Imobiliria OCPC-02 - Esclarecimentos sobre as Demonstraes Contbeis de 2008 OCPC-03 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensurao e Evidenciao OCPC-04 - Aplicao da Interpretao Tcnica ICPC 02 s Entidades de Incorporao Imobiliria Brasileiras OCPC-05 - Contratos de Concesso

INTERPRETAES TCNICAS ICPC-08 - Contabilizao da Proposta de Pagamento de Dividendos ICPC-09 - Demonstraes Contbeis Individuais, Demonstraes Contbeis Separadas, Demonstraes Consolidadas e Aplicao do Mtodo de Equivalncia Patrimonial ICPC-10 - Interpretao sobre a Aplicao Inicial ao Ativo Imobilizado e Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos CPC 27, 28, 37 e 43 ICPC-12 - Mudanas em Passivos por Desativao, Restaurao e Outros Passivos Similares

REVISES TCNICAS RCPC-01 - Pronunciamentos Tcnicos e Orientao Tcnica (CPC-02 / 03 / 16 / 26 / 36 OCPC-01)

Cabe destacar que, nesta disciplina, considerando o perodo disponvel, sero trabalhadas apenas algumas das normas descritas acima. A seleo das normas a serem discutidas foi baseada na prerrogativa de que estas no foram contempladas no curso, dando prosseguimento ementa das disciplinas Contabilidade Bsica, Intermediria e Avanada.

Sendo assim, nesta apostila sero abordadas as seguintes normas: IAS 01 Apresentao das Demonstraes Contbeis IAS 08 Prticas contbeis, mudana de estimativas contbeis e erros IAS 10 Eventos Subsequentes IAS 17 Arrendamento Mercantil (Leasing) IAS 33 Resultado por Ao IAS 38 - Ativos Intangveis SFAS 157 - Conceito de Valor Justo (FASB) e CPC 12 - Ajuste a Valor Presente IFRS 8 Relatrio por Segmento

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1 APRESENTAO DAS DEMONSTRAES CONTBEIS (IAS 1)O objetivo da IAS 1 estabelecer bases para a apresentao das demonstraes contbeis, buscando assegurar a comparabilidade tanto das demonstraes contbeis de um ano para outro quanto em relao s demonstraes contbeis de outras empresas. O objetivo das demonstraes contbeis o de proporcionar informao acerca da posio patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja til a um grande nmero de usurios em suas avaliaes e tomada de decises econmicas. As demonstraes contbeis tambm objetivam apresentar os resultados da atuao da administrao na gesto da entidade e sua capacitao na prestao de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Um conjunto completo de demonstraes financeiras inclui: (a) Balano Patrimonial; (b) Demonstrao do Resultado Agrangente; (c) Demonstrao das Mutaes do PL; (d) Demonstrao dos Fluxos de Caixa; e (e) Notas Explicativas. So Pressupostos bsicos das Demonstraes Financeiras: Regime de Competncia, Continuidade e Essncia sobre a Forma. O IAS 1 estabelece que uma entidade cujas demonstraes financeiras esto em conformidade com as IFRSs deve fazer uma declarao explcita e sem reservas dessa conformidade nas notas. No se deve considerar que as demonstraes financeiras cumprem as IFRSs a menos que cumpram todos os requisitos das IFRSs. As informaes comparativas do perodo anterior devem ser apresentadas para todos os saldos e valores divulgados nas demonstraes contbeis e nas notas explicativas, exceto quando em casos especficos, uma outra norma ou interpretao de norma permita ou requeira que a informao comparativa no seja apresentada. As demonstraes contbeis devem ser apresentadas pelas entidades no mnimo anualmente. Se houver mudana na data do exerccio social e as demonstraes contbeis forem apresentadas para um perodo diferente de 1 (um) ano (em comparao com as ltimas demonstraes contbeis apresentadas), requerida a divulgao do motivo para utilizao de um perodo diferente de um ano, bem como do fato de que as informaes comparativas da demonstrao de resultado, da mutao do patrimnio lquido e do fluxo de caixa, no so totalmente comparveis. A IAS 1 especifica requerimento mnimo de itens a serem apresentados na demonstrao de posio financeira, na demonstrao do resultado abrangente e na demonstrao do patrimnio lquido. A norma tambm apresenta um guia para identificao de itens em linhas adicionais. A IAS 1 tambm especifica a apresentao mnima de notas explicativas. So informaes obrigatrias s Demonstraes Financeiras: Nome da Entidade. Se as DCs so individuais ou consolidadas. Data ou perodo coberto pelas demonstraes.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)Moeda das demonstraes (segundo a IAS 21). Demonstraes em conformidade com as IFRSs. Nvel de arredondamento dos valores das demonstraes. Divulgaes: Base de mensurao usada. Sumrio das polticas contbeis adotadas. Principais julgamentos realizados pela administrao.

1.1 - DEMONSTRAO DE POSIO FINANCEIRA (BALANO PATRIMONIAL)A IAS 1 estabelece que a Demonstrao da Posio Financeira deve apresentar, no mnimo, as seguintes informaes: a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m) n) o) p) q) r) Imobilizado; Propriedades para investimento; Ativos Intangveis; Ativos Financeiros; Investimentos avaliados pelo mtodo da equivalncia patrimonial; Ativos biolgicos; Estoques; Clientes e outros Recebveis; Caixa e Equivalentes de Caixa; total de ativos classificados como Mantidos para Venda e ativos includos nos grupos de disposio classificados como Ativo No Corrente Mantido para Venda e Operao Descontinuada; Fornecedores e outras contas a Pagar; Provises; Passivos financeiros; Ativos e passivos relativos a impostos correntes; Ativos e passivos relativos a impostos diferidos; Passivos includos no grupo de disposio classificados como mantidos para venda; participao de no controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimnio lquido; e capital social e reservas e outras contas atribuveis aos acionistas controladores.

A classificao dos ativos e passivos pode ter diferentes abordagens, j que a norma no prescreve ordem ou formato especfico para o Balano Patrimonial: Correntes e no correntes; Separao por ordem de liquidez; e Classificao mista.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)Sendo assim, a Demonstrao de Posio Financeira (ou Balano Patrimonial) pode ser apresentada da seguinte forma:

1.1.1

Demonstrao de Posio Financeira em ordem Crescente de LiquidezATIVO 2008 2007 PL e PASSIVO Patrimnio Lquido Capital Reservas Lucros Retidos Passivo no Corrente Emprstimos 2008 2007

Ativo No-Corrente Goodwill Impostos Diferidos Imobilizado Lquido Investimentos Societrios

Ativo Corrente Outros Ativos Correntes Estoques Clientes Caixa e Equivalentes TOTAL DO ATIVO

Impostos Diferidos Passivo Corrente Fornecedores Salrios a Pagar Emprstimos TOTAL PL e PASSIVO

1.1.2

Demonstrao de Posio Financeira em ordem Decrescente de LiquidezATIVO 2008 2007 PL e PASSIVO Passivo Corrente Fornecedores Salrios a Pagar Emprstimos Passivo no Corrente Emprstimos Impostos Diferidos Patrimnio Lquido Capital Reservas Lucros Retidos 2008 2007

Ativo Corrente Caixa e Equivalentes Clientes Estoques Outros Ativos Correntes Ativo No-Corrente Investimentos Societrios Imobilizado Lquido Impostos Diferidos Goodwill

TOTAL DO ATIVO

TOTAL PL e PASSIVO

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)A entidade deve apresentar ativos orrentes e no correntes, e passivos correntes e no correntes, como grupos de contas separados no balano patrimonial, exceto quando uma apresentao baseada na liquidez proporcionar informao confivel e mais relevante. Qualquer que seja o mtodo de apresentao adotado, a entidade deve evidenciar o montante esperado a ser recuperado ou liquidado em at doze meses ou mais do que doze meses para cada item de ativo e passivo. O ativo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes critrios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) est mantido essencialmente com o propsito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado at doze meses aps a data do balano; ou (d) caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidao de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses aps a data do balano. Todos os demais ativos devem ser classificados como no corrente. O passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes critrios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) est mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no perodo de at doze meses aps a data do balano; ou (d) a entidade no tem direito incondicional de diferir a liquidao do passivo durante pelo menos doze meses aps a data do balano. Todos os outros passivos devem ser classificados como no correntes. A entidade deve apresentar contas adicionais, cabealhos e subtotais nos balanos patrimoniais sempre que sejam relevantes para o entendimento da posio financeira e patrimonial da entidade. Na situao em que a entidade apresente separadamente seus ativos e passivos correntes e no correntes, os impostos diferidos ativos (passivos) no devem ser classificados como ativos correntes (passivos correntes).

1.2 - DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIOTodas as despesas e receitas devem ser includas na DRE, a menos que uma norma ou interpretao especfica requeira outro tratamento. As despesas podem ser classificadas de duas formas: Pela natureza: Gastos gerais de produo, matria-prima, depreciao e amortizao etc. Pela funo: Custo dos produtos vendidos, despesas de vendas, desp. administrativas etc. A IAS 1 introduziu a exigncia de uma Demonstrao do Resultado Abrangente, devendo a empresa apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no perodo em uma das duas seguintes formas: a) Uma nica demonstrao do resultado abrangente; b) Em duas demonstraes: uma demonstrando os componentes de lucro ou prejuzo (uma demonstrao parte) e uma segunda demonstrao comeando com o lucro ou prejuzo, seguido dos componentes de outro resultado abrangente.______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)A administrao ao decidir sobre o formato da demonstrao de resultados abrangentes (natureza ou funo) deve levar em considerao aquele que fornecer informaes mais relevantes e confiveis aos usurios das demonstraes contbeis. Em caso de apresentao da demonstrao de resultado por funo de itens de receitas e despesas, informaes adicionais por natureza (tais como: depreciao e amortizao, e custos com funcionrios) devem ser divulgadas em notas explicativas, pelo fato de a informao sobre a natureza dos gastos ser til para a previso de fluxo de caixa futuro. A IAS 1 estabelece um conjunto de informaes mnimas a serem apresentadas na face da Demonstrao dos Resultados, que deve incluir linhas de itens com as quantias seguintes para o perodo: a) receita; b) custos financeiros; c) participao nos resultados de coligadas e de empreendimentos conjuntos (joint-ventures) contabilizados pelo mtodo da equivalncia patrimonial; d) despesas de imposto; e) uma quantia nica composta pelo total (i) dos resultados aps os impostos de unidades operacionais descontinuadas e (ii) do ganho ou perda aps os impostos reconhecido na mensurao pelo justo valor menos os custos de vender ou na alienao dos ativos ou do(s) grupo(s) de alienao que constituem a unidade operacional descontinuada; e f) lucro ou prejuzo; g) cada componente de outro resultado abrangente, classificado por natureza; h) parcela de outro resultado abrangente de associadas ou joint-ventures registrado pelo mtodo da equivalncia patrimonial; e i) resultado abrangente total (total comprehensive income).

A demonstrao do resultado abrangente deve, no mnimo, incluir as seguintes rubricas: (a) resultado lquido do perodo; (b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza. (c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do mtodo de equivalncia patrimonial; e (d) resultado abrangente do perodo.

Os itens que se seguem devem ser divulgados nas respectivas demonstraes do resultado e do resultado abrangente como alocaes do resultado do perodo: (a) resultados lquidos atribuveis participao de scios no controladores; e aos detentores do capital prprio da empresa controladora; (b) resultados abrangentes totais do perodo atribuveis participao de scios no controladores; e aos detentores do capital prprio da empresa controladora.

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)A Demonstrao do Resultado pode ser apresentada das formas a seguir: 1.2.1 - Demonstrao de Resultados (por Natureza)Receita de Vendas (+)Outras Receitas (-) Mudana nos Estoques de Produtos Acabados e EPE (-) Matria-Prima e materiais consumidos (-) Despesas com Pessoal (Salrios e Encargos) (-) Despesas de Depreciao e Amortizao (-) Impairment de Ativos (-) Outras Despesas (-) Custos Financeiros (+) Equivalncia Patrimonial de Coligadas Lucro Antes dos Impostos (-) Imposto de Renda Lucro Lquido do Exerccio 2008 2007

1.2.1 - Demonstrao de Resultados (por Funo)Receita de Vendas (-) Custo das Vendas Lucro Operacional Bruto Outras Receitas (-) Custos de Distribuio (-) Despesas Administrativas (-) Outras Despesas (-) Custos Financeiros Lucro Antes dos Impostos (-) Imposto de Renda Lucro Lquido do Exerccio

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1.3 - DEMONSTRAO DAS MUTAES DO PATRIMNIO LQUIDOOs ativos lquidos de uma entidade (seu patrimnio lquido) podem mudar por vrios motivos, principalmente os lucros e as despesas reportados na demonstrao do resultado abrangente e o aporte ou retorno de capital aos acionistas. A IAS 1 exige que a apresentao da demonstrao das mutaes no patrimnio lquido exiba no corpo da demonstrao: a) o resultado abrangente total do perodo, mostrando separadamente os valores totais atribuveis aos proprietrios da empresa controladora e a terceiros no controladores; b) para cada componente do patrimnio lquido, as consequncias das mudanas nas polticas contbeis e as correes dos erros reconhecidos de acordo com a IAS 8; e, c) para cada componente do patrimnio lquido, uma reconciliao entre o saldo acumulado no incio e no final do perodo, mostrando separadamente as mudanas resultantes de: (i) lucro ou prejuzo; (ii) cada item de outro resultado abrangente; e (iii) transaes com proprietrios, em sua funo como proprietrios, mostrando separadamente contribuies de e para eles e mudanas na participao em subsidrias que no resultem em perda de controle. A norma tambm exige a divulgao da quantia de dividendos reconhecidos como distribuies aos acionistas durante o perodo, e a quantia relativa por ao. Isso pode ser mostrado no corpo da demonstrao das mutaes no patrimnio lquido, ou nas notas. A IAS 1 no permite mais que essa informao seja destacada na demonstrao do resultado abrangente.

1.4 - DEMONSTRAO DO FLUXO DE CAIXAEm linhas gerais podemos entender a DFC como sendo o demonstrativo contbil que procura evidenciar o fluxo de recebimentos e pagamentos, para um determinado perodo de tempo, feitos por uma entidade. O fluxo de caixa compreende a movimentao das contas que representam as disponibilidades imediatas da empresa, ou seja, caixa, propriamente dito, depsitos bancrios vista, numerrios em transito e aplicaes de liquidez imediata.

1.4.1 ATIVIDADES DA DFC1.4.1.1 - ATIVIDADES OPERACIONAIS - so as principais atividades geradoras de receitas da empresa e outras atividades diferentes de investimento e financeiras. Os fluxos de caixa decorrentes dessas atividades derivam basicamente das seguintes operaes: recebimentos de vendas de mercadorias ou servios, comisses, etc., e pagamentos a fornecedores, empregados, impostos e outros desta natureza.

1.4.1.2 - ATIVIDADES DE INVESTIMENTO - so as aquisies e vendas de ativos de longo prazo e outros investimentos no inclusos nos equivalentes a caixa. No entendimento do IASC a divulgao segregada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimentos tem sua importncia medida______________________________________________________________________________Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)que revelam a abrangncia dos dispndios feitos com recursos destinados a gerar futuras receitas e fluxos de caixa. Como exemplos de fluxos de caixas decorrentes desse tipo de atividade tem-se:

desembolso para aquisio de ativos imobilizados, intangveis e outros ativos de longo prazo; recebimentos pela venda de ativo imobilizado, intangveis e outros ativos de longo prazo; recebimentos em funo da venda e desembolsos decorrentes de aquisio de: aes ou instrumentos de dvida de outras empresas e interesses em joint ventores; adiantamento de caixa e emprstimos feitos a terceiros e seus respectivos recebimentos e/ou amortizao, com exceo daqueles feitos por uma instituio financeira; desembolsos/recebimentos por contratos de futuros, contratos a termo, contratos de opo e swap, com exceo daqueles que se destinam para intermediao ou transao prpria, ou os pagamentos/recebimentos so classificados como atividade financeira;

1.4.1.3 - ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO: so atividades que resultam em mudanas no tamanho e na composio do capital e emprstimos a pagar da empresa. O IASC considera que a divulgao separada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades financeiras importante em funo da sua utilidade na predio das exigncias impostas a futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital empresa. Como exemplo de fluxos de caixa decorrente desse tipo de atividade tem-se: numerrios recebidos provenientes da emisso de aes ou outros instrumentos de capital; pagamentos de investidores para adquirir ou resgatar aes da empresa; numerrios recebidos provenientes da emisso de debntures, emprstimos, ttulos e valores, hipotecas e outras modalidades de captao de emprstimos a curto e longo prazos; amortizao de emprstimos a pagar. 1.4.2 - FORMAS DE APRESENTAO DO FLUXO DE CAIXA So duas as formas de apresentao do fluxo de caixa: mtodo direto e o mtodo indireto. 1.4.2.1 - O MTODO DIRETO Por este mtodo, a DFC evidencia todos os pagamentos e recebimentos decorrentes das atividades operacionais da empresa, devendo apresentar os componentes do fluxo por seus valores brutos.

Fluxo de Caixa Das Atividades Operacionais (+) Recebimentos de Clientes e outros (-) Pagamentos a Fornecedores (-) Pagamentos a Funcionrios (-) Recolhimentos ao Governo (-) Pagamentos a Credores Diversos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas nas) Atividades Operacionais Das Atividades de Investimentos (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisio de Ativo Permanente (+) Recebimento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas (aplicadas Investimentos

nas)

Atividades

de

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Das Atividades de Financiamentos (+) Novos Emprstimos (-) Amortizao de Emprstimos (+) Emisso de Debntures (+) Integralizao de Capital (-) Pagamento de Dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas Financiamento

(aplicadas

nas)

Atividades

de

Aumento/Diminuio Nas Disponibilidades DISPONIBILIDADES- no incio do perodo DISPONIBILIDADES- no final do perodo Fazendo comentrios ao modelo proposto pelo FASB, Martins destaca a inegvel capacidade informativa que este modelo tem. Ao permitir a anlise segregada por itens operacionais, de investimento e financiamento, contudo, chama ateno para o fato de que o fluxo de caixa sozinho, apesar de mostrar o que ocorreu, no concilia dficits financeiros que possam ocorrer com o lucro do perodo, apesar de, na opinio do autor isso ser perfeitamente possvel.

1.4.2.2 - O MTODO INDIRETO O mtodo indireto consiste na demonstrao dos recursos provenientes das atividades operacionais a partir do lucro lquido, ajustados pelos itens que afetam o resultado (tais como depreciao, amortizao e exausto), mas que no modificam o caixa da empresa. A seguir mostramos um modelo genrico de DFC pelo mtodo indireto: Fluxo de Caixa Das Atividades Operacionais Lucro Lquido (-) Aumento de Estoques (+) Depreciao (-) Aumento de Clientes (+) Pagamento a Funcionrios (+) Contas a Pagar (+) Pagamentos de Impostos e Tributos (+) Aumentos de Fornecedores (=) Fluxo de Caixa Operacional Lquido Das Atividades de Investimentos Idntico ao Mtodo Direto Das Atividades de Financiamentos Idntico ao Mtodo Direto Aumento/Diminuio nas Disponibilidades DISPONIBILIDADES- no incio do perodo DISPONIBILIDADES- no final do perodo

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1.5 - NOTAS EXPLICATIVAS As notas devero ser apresentadas de maneira sistemtica, tanto quanto possvel. Cada item do corpo da demonstrao de posio financeira, da demonstrao do resultado abrangente, da demonstrao de resultado (se apresentada separadamente), da demonstrao das mutaes no patrimnio lquido e da demonstrao de fluxos de caixa dever ter referncia cruzada com qualquer informao que seja pertinente e que esteja presente nas notas.

1.6 EQUIVALNCIA E COMPARAO COM BRGAAP

1.6.1 - Norma Brasileira Equivalente CPC 26 - Apresentao das Demonstraes Contbeis, aprovado pela Deliberao da CVM n 595 de 15 de setembro de 2009, a ser aplicada s Demonstraes Financeiras dos exerccios encerrados a partir de dezembro de 2010 e s demonstraes financeiras de 2009 a serem divulgadas em conjunto com as demonstraes de 2010 para fins de comparao. 1.6.2 Comparao com as normas Brasileiras Desde as mudanas ocorridas a partir da Lei 11.638/2007, e da aprovao do cpc 26, existem poucas diferenas entre as normas nacionais e internacionais de contabilidade em relao forma de apresentao das Demonstraes Contbeis. As principais diferenas, isto , aquelas que so efetivamente diferenas, so as seguintes: 1.1) - A IAS considera a Demonstrao do Valor Adicionado (DVA) como informao suplementar, isto , fora do mbito das IFRS, enquanto que o CPC considera a DVA como um dos componentes para um conjunto completo, em decorrncia da legislao societria at ento vigente. 1.2) - A IAS 1 prev a possibilidade de apresentao do balano patrimonial por ordem crescente de liquidez, decrescente de liquidez ou mista. Nossa Lei das Sociedades por Aes exige sempre na ordem decrescente de liquidez e de exigibilidade, conforme o 1 do seu art. 178. O CPC 26 no prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na apresentao das contas do balano patrimonial, mas a ordem legalmente instituda no Brasil deve ser observada. 134) O CPC 26 determina que o ativo no circulante deve ser subdividido em realizvel a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangvel. O IAS 1 no prev esta obrigao.

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1.7 - EXERCCIOS: IAS 1 DEMONSTRAES CONTBEIS1.7.1) - Em relao IAS 1 Apres. das Demonstraes Financeiras, s CORRETO afirmar que: (a) A IAS 1 especifica requerimento mnimo de itens a serem apresentados nas Demonstraes Financeiras, entre eles a identificao do Conselho de Administrao da sociedade. (b) A classificao dos ativos e passivos na Demonstrao da Posio Financeira pode ter diferentes abordagens, entre elas: (i) Correntes e no correntes; (ii) Separao por ordem de liquidez; e (iii) Classificao mista. No entanto, a exemplo do brasil, devem ser apresentadas em ordem decrescente de Liquidez e Exigibilidade. (c) Entre as Demonstraes Financeiras obrigatrias podemos citar a Demonstrao da Posio Financeira e a Demonstrao do Resultado Abrangente. (d) Na Demonstrao de Rresultados os gastos podero ser segregados por funo - despesa de depreciao, despesa de salrio, ou natureza custo dos produtos vendidos e despesas administrativas, etc.

1.7.2) - Em relao IAS 1 Apres. das Demonstraes Financeiras, julgue as alternativas abaixo: a) ( ) Para o IASB, o reconhecimento de um ativo est condicionado satisfao de dois critrios: a probabilidade de benefcios econmicos associados ao ativo flurem para a empresa e a possibilidade de mensurao confivel do custo do ativo.. b) ( ) A IAS 1 estabelece que o ciclo operacional de uma entidade o intervalo entre a aquisio de ativos para processamento e o seu recebimento. c) ( ) A IAS 1 estabelece um conjunto de informaes mnimas a serem apresentadas na face da Demonstrao dos Resultados, entre elas o Custo da Mercadoria Vendida. d) ( ) A IAS 1 estabelece um conjunto de informaes mnimas a serem apresentadas na face do Balano Patrimonial, entre elas os Intrumentos Financeiros. 1.7.3) - A respeito das Demonstraes Financeiras, julgue as alternativas a seguir: a.( b.( c.( d.( e.( f.( g.( ) Somente sero considerados Ativos Correntes aqueles realizados, vendidos ou consumidos dentro do ciclo operacional normal da entidade. ) A IAS 1 exige a divulgao da Demonstrao de Posio Financeira em lugar do Balano Patrimonial exigido pelas normas brasileiras de Contabilidade. ) A IAS 1 determina um formato nico de apresentao das demonstraes de posio financeira, fazendo a distino entre ativo e passivo corrente e ativo e passivo no corrente. ) A distino entre ativo / passivo corrente e no corrente poder ser dispensada quando uma apresentao baseada na liquidez fornece informaes confiveis e mais relevantes. ) A IAS 1 estabelece que o ciclo operacional de uma entidade o intervalo entre a aquisio de ativos para processamento e sua venda. ) Os ativos realizveis dentro de 12 meses aps a data da demonstrao da posio financeira sero classificados como ativo corrente, com exceo dos ativos por impostos diferidos. ) Na demonstrao de resultados os gastos podero ser segregados por natureza - custo dos produtos vendidos e despesas administrativas, ou funo despesa de depreciao, despesa de salrio, etc.Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)1.7.4) - (BNDES-2005/UFRJ) A Cia. JAX efetuou as seguintes transaes durante o perodo de 19X1: I. Captao de emprstimo bancrio. II. Pagamento de dividendos. III. Recebimento de juros sobre aplicaes financeiras. IV. Pagamento de uma parcela de imobilizado adquirido a prazo, com financiamento obtido diretamente junto ao vendedor. V. Pagamento de juros sobre emprstimos obtidos. Considerando-se a norma norte-americana de contabilidade, mais precisamente o SFAS n 95/87, indique, respectivamente, quais fluxos de caixa foram impactados por essas transaes, ou seja, Operacional (O), Investimento (I) ou Financiamento (F): a) F I O I F; c) F F O F O; e) I O O I O. b) F I O F O; d) F F I I F;

1.7.5) - (Termoau-2008/Cesgranrio) Considerando as Normas Internacionais de Contabilidade, especificamente o International Accounting Standard IAS n 7 que trata da Demonstrao do Fluxo de Caixa, tem-se que: a) A divulgao da demonstrao dos fluxos de caixa dever ser para 3 (trs) exerccios sociais comparativos. b) A movimentao do fluxo de caixa classificada em trs categorias segundo a natureza de sua atividade; so elas: operacional, de terceiros e financiamento. c) A demonstrao dos fluxos de caixa pode ser elaborada pelo mtodo indireto ou direto, sendo que neste ltimo os fluxos de caixa so apresentados ajustando-se o resultado do perodo. d) Caixa e equivalentes de caixa englobam as contas de Caixa, Bancos e aplicaes financeiras com vencimento at 3 (trs) meses. e) Caixa e equivalentes de caixa englobam as contas de Caixa, Bancos e aplicaes financeiras com vencimento at 6 (seis) meses. 1.7.6) - (CVM-2008 / NCE-UFRJ) A IAS 7 e o CPC 3 permitem relativa flexibilidade na divulgao da DFC. No entanto, uma das prticas a seguir exigida por essas normas que: a). O imposto de renda pago seja separado entre os trs fluxos de caixa; b). Os itens equivalentes ao caixa correspondam aos ttulos adquiridos at noventa dias de seus venctos; c). A exposio do fluxo de caixa operacional seja pelos mtodos direto e indireto; d). Os dividendos recebidos sejam includos nas atividades operacionais; e). Os juros capitalizados integrem as atividades de investimento.

1.7.7) - (Petrobras Distribuidora -2008/Cesgranrio) Na elaborao dos fluxos de caixa, o conceito decaixa ampliado, envolvendo o caixa puro, dinheiro em mo e em conta corrente bancria e as aplicaes em equivalentes de caixa. Como equivalentes de caixa podem ser consideradas as aplicaes financeiras resgatveis at: a) b) c) d) e) 3 meses da data da aplicao. 3 meses da data da emisso. 6 meses da data da aplicao. 6 meses da data da emisso. 12 meses da data da aplicao.Prof. Mnica Encinas

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre) 1.7.8) - (Petrobras Distribuidora -2008/Cesgranrio) As atividades operacionais inclusas nademonstrao dos fluxos de caixa relacionam-se, normalmente, com as transaes que aparecem na: a) b) c) d) e) Avaliao peridica dos ativos de longo prazo que a empresa utiliza para produzir bens e servios. Demonstrao do valor adicionado. Demonstrao de resultados. Operao de emprstimo de credores e investidores da entidade. Obteno de recursos dos donos e no pagamento a eles do retorno sobre seus investimentos.

Ateno: Os exerccios a seguir foram extrados do livro Contabilidade Internacional para Graduao, do Nelson Carvalho e SirleiLemes, Editora Atlas 2010 (pg.28) .

1.7.9) - Qual das seguintes divulgaes no exigida pela IAS 1? (a) Objetivo, polticas e processos para a administrao do capital. (b) Reconciliao das aes em circulao no incio e no final do perodo. (c) Nome e endereo dos principais acionistas. (d) Moeda de apresentao de relatrios e o arrendodamento adotado. (e) Capital social e reservas atribuveis aos acionistas controladores.

1.7.10) - Se a empresa optar pela demonstrao do resultado com as despesas divulgadas por funo, todas as seguintes informaes devero ser adicionalmente divulgadas, exceto: (a) Despesa de depreciao. (b) Despesa com benefcios de empregados. (c) Natureza da despesa. (d) Despesa de amortizao. (e) Despesa com pr-labore.

1.7.11) - Todos os itens a seguir devem ser apresentados como informao mnima na demonstrao da posio financeira, exceto: (a) Investimentos avaliados pelo Mtodo da Equivalncia Patrimonial. (b) Contingncias Passivas. (c) Ativos Financeiros. (d) Impostos Diferidos. (e) Fornecedores e Clientes.

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Apostila de Contabilidade Internacional (2012/1 Semestre)1.7.12) - Com relao s orientaes gerais sobre as demonstraes contbeis correto afirmar que a entidade: (a) Deve fazer uma declarao explcita e sem restries quanto ao cumprimento das IFRSs. (b) Deve usar o mesmo nome para as demonstraes contbeis, conforme indicado na IAS 1. (c) Est obrigada a fazer todas as divulgaes exigidas, mesmo que imateriais. (d) requerida a apresentar as demonstraes contbeis no mnimo a cada dois anos. (e) No pode apresentar o valor lquido de clientes com a respectiva proviso para devedores duvidosos.

1.7.13) - Qual dos seguintes relatrios no uma demonstrao contbil obrigatria de acordo com a IAS 1: (a) Demonstrao da Posio Financeira. (b) Demonstrao do Valor Adicionado. (c) Demonstrao dos Fluxos de Caixa. (d) Demonstrao do resultado Abrangente. (e) Notas Explicativas.

1.7.14) - A Cia ABC S.A. uma fabricante de aparelhos de televiso. O mercado domstico para aparelhos eletrnicos no est indo muito bem atualmente e, consequentemente, muitas empresas esto optando pela exportao. Alm disso, a Cia ABC teve um prejuzo de $ 5 milhes no ltimo ano. Nessa mesma data, seus ativos correntes somam $ 30 milhes e seus passivos correntes somam $ 40 milhes. Com base na anlise das mudanas favorveis na conjuntura econmica para o setor, a companhia projeta lucro para os anos seguintes. Adicionalemnte, a empresa tem conseguido emprstimos para seus planos de expanso e para capital de giro para os prximos 12 meses. Atendendo s orientaes do IAS 1, a entidade dever:

(a) Fazer uma declarao explcita sobre o no cumprimento do pressuposto de continuidade, pois ela no tem nenhuma alternativa realstica para continuar com suas atividades; (b) Alm de divulgar que as demonstraes contbeis no foram preparadas sob o pressuposto da continuidade, tambm informar a base em que as demonstraes foram elaboradas; (c) Contratar um perito em avaliao de empresas para emitir um laudo a ser submetido aos auditores; (d) No divulgar que ela opera em descontinuidade, pois a administrao tem argumentos para defender que o pressuposto da continuidade est mantido com base na capacidade da entidade de obter emprstimo e na projeo de lucros futuros; (e) Obter uma declarao das instituies financeiras que a esto financiando sobre as possibilidades de recuperao financeira da entidade.

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