atps contabilidade internacional (1)
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................................3
2 – ADERÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE PELAS
EMPRESAS BRASILEIRAS...................................................................................................5
2.1 – Os Desafios do Contador frente à Contabilidade Internacional..................................5
2.2 – Os Desafios para as Empresas Brasileiras frente à Contabilidade Internacional.....6
2.3 – Diferenças nos Padrões e Práticas Contábeis entre os Países......................................8
3 – IAS 1 – APRESENTAÇÃO DE DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS.....................11
4 – IAS 2 – ESTOQUES.........................................................................................................14
4.1 – Custos dos Estoques.......................................................................................................14
4.2 – Métodos de Mensuração dos Estoques.........................................................................15
4.3 – Valor Realizável Líquido...............................................................................................15
4.4 – Divulgações Requeridas.................................................................................................16
4.5 – Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques.............................................................16
4.6 – Diferenças e Similaridades entre a Norma Brasileira e a Norma Internacional.....16
5 – IAS 38 – ATIVOS INTANGÍVEIS..................................................................................18
5.1 – As exigências das IAS 38...............................................................................................18
5.2 – Reconhecimento e Mensuração Inicial.........................................................................19
5.3 – Avaliação da Vida Útil de um Ativo Intangível...........................................................19
5.4 – Divulgações.....................................................................................................................20
5.5 – Comparação com as Normas e Praticas Contábeis Brasileiras.................................21
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................23
1 – INTRODUÇÃO
Tivemos períodos de tempo em que a Contabilidade de cada País tinha uma
configuração específica, hoje as economias estão interligadas e a contabilidade que é umas
das ciências mais internacionalizadas, requer padrões uniformes e regras harmonizadas entre
os diversos países. O mundo vem assistindo a uma continuada revolução econômica-
financeira-contábil, especialmente através do incessante surgimento de novos conceitos,
instrumentos e produtos. A abertura do mercado internacional e a conseqüente criação de
empresas transnacionais no mundo globalizado, fazem com que o futuro solicite um mundo
que tenha normas globais de encontro com o interesse da comunidade empresarial. As
informações contábeis somente serão úteis para os usuários da contabilidade, se elas
auxiliarem a adoção das melhores decisões econômicas e financeiras.
Interpretações diferentes dos mesmos eventos e transações levam á falta de
comparabilidade das demonstrações contábeis, o que pode fazer com que a informação
contábil perca credibilidade no cenário mundial.
O processo de profundas alterações que o nosso País atravessa, como resultado de
fatores históricos internos e de uma opção clara no sentido da sua integração num espaço mais
amplo, sofisticado, desenvolvido e competitivo, conduziu os nossos gestores á necessidade de
rapidamente, se adaptarem ás estruturas internas das suas empresas e a aperfeiçoarem os seus
métodos de gestão global.
O presente trabalho tem como objetivo principal tratar sobre a tendência nacional de
se tornar membro deste processo mundial de harmonização das normas contábeis. Foram
reunidos tópicos que o profissional da área contábil precisa estar atento, auxiliando o mesmo,
nesse movimento em volto da contabilidade brasileira, especialmente nos registros contábeis e
demonstrações como o Balanço Patrimonial, das sociedades anônimas.
Os profissionais da Contabilidade almejam por harmonizar as normas contábeis para
que efetivamente possa atingir um grau satisfatório de confiabilidade junto ao público
externo, dando maior transparência e segurança às informações contábeis.
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Sabemos que existem diversas barreiras que deverão ser superadas pelos estudiosos da
contabilidade, como a linguagem e a moeda, aliada as diferenças existentes entre os princípios
contábeis adotados em cada País, sem falar na questão tributária, mas a pressão ocasionada
por diversos fatores, inclusive da sociedade, por uma informação mais ampla e precisa, faz
com que os profissionais se preocupem em identificar de forma prática e objetiva, os
princípios que rege a Ciência Contábil, bem como de fixar normas e regras para sua aplicação.
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2 – ADERÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE PELAS
EMPRESAS BRASILEIRAS
Nesta etapa serão respondidas algumas questões propostas baseadas no artigo sugerido
nesta atividade sobre a “Aderência às Normas Internacionais de Contabilidade pelas Empresas
Brasileiras”. Será evidenciado dentre outros aspectos, a importância do Contador estar apto a
trabalhar com a Contabilidade Internacional.
2.1 – Os Desafios do Contador frente à Contabilidade Internacional
Na área contábil, o avanço das inovações tecnológicas pode ser facilmente percebido
pelas grandes influências que provocou na profissão contábil, pois o profissional da
contabilidade precisa estar atento às novas ferramentas utilizadas, passando por constante
reciclagem para não ficar alienado do mercado de trabalho. O profissional contábil precisa ser
visto como um comunicador de informações essenciais à tomada de decisões, pois a
habilidade em avaliar fatos passados, perceber os presentes e predizer eventos futuros pode
ser compreendido como fator preponderante ao sucesso empresarial. O novo perfil do
contador moderno é de um profissional que precisa acumular conhecimentos, ou seja, que
tenha consciência de que a maior remuneração exige qualidade de trabalho e para conseguir
tal conhecimento necessita de estudo, com aplicação, ser tecnicamente inteligentes e ter
capacidade criativa. E ainda, ter alta integridade, iniciativa, coragem, ética, visão de futuro,
habilidade de negociação, agilidade, segurança para resolver os problemas que surgem,
capacidade de aprender a lidar com mudanças, idéias de melhoria, flexibilidade, capacidade
de inovar e criar, e sobretudo na sua área de atuação, interagir e estudar as realidades
políticas, sociais e financeiras, saber orientar as empresas para o melhor caminho de forma
que elas sobrevivam aos fortes abalos gerados pela globalização da economia. O poder de
manipular conhecimentos é o ponto chave das grandes decisões.
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O contabilista é um profissional que precisa deter a visão integrada, conhecimento dos
aspectos de natureza fiscal e tributária. O contador será responsável pela criação de todo o
material para treinamento da Contabilidade.
A Contabilidade necessitava de uma mudança nos meios como era executada,
precisava, cada vez mais, operacionalizar as suas atividades e, para isso, o contador precisava
estar atualizado com as ferramentas e tecnologias existentes no mercado.
Uma delas é o Enterprise Resources Planning (ERP), conhecido também, como
Sistemas Integrados, ou seja, um software aplicativo que permite às empresas compartilharem
dados e uniformizar processos de negócios, bem como produzir e utilizar informações em
tempo real. Trata-se de um sistema composto por vários módulos integrados entre si e com a
Contabilidade, a partir de uma base de dados única e não redundante, que tem como função,
atender às necessidades de informação para apoio à tomada de decisão.
Até o surgimento dos sistemas Integrados, as empresas possuíam apenas sistemas
independentes, que não conversavam entre si, ou seja, sistemas não integrados.
2.2 – Os Desafios para as Empresas Brasileiras frente à Contabilidade Internacional
O Brasil, mais uma vez devido ao processo de convergência às normas do IASB, passa por uma situação interessante. É um País com sistema jurídico codificado, porém com legislação societária e normatização contábil características de países com sistemas jurídicos baseados nos costumes. Os contadores brasileiros estão acostumados a normas locais expressas e definidas em termos codificados e bastante solenizados. Já a linguagem anglo-saxônica dos pronunciamentos internacionais, aos quais deveremos aderir, é extremamente complexa e exige grande grau de subjetivismo e análise para ser entendida (IUDÍCIBUS, 2007).
Para tanto, foi necessária a modificação do artigo 177, e seus parágrafos, pela Lei
11.638/07, para que o País pudesse convergir para as normas internacionais de contabilidade.
O sistema educacional e profissional contábil brasileiro também é apontado por
Weffort (2005), ao afirmar que “as práticas contábeis podem ser influenciadas pelas
características dos responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis”.
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Os estudos conduzidos abordavam a seguinte questão: o sistema educacional
profissional contábil favorece a harmonização da posição brasileira em relação à
internacional? Após avaliar as estruturas curriculares dos cursos de graduação e pós-
graduação em contabilidade no País, além dos conteúdos de teses, dissertações e de periódicos
científicos e profissionais, Weffort (2005) chegou à conclusão de que “o sistema educacional
profissional brasileiro não favorecia os esforços de harmonização contábil”. Com a introdução
do processo de convergência no Brasil, os estudantes, educadores e profissionais da área
contábil necessitam de ampla readequação (talvez até reeducação) às novas normas contábeis,
que diferem conceitualmente dos conjuntos de normas até então vigentes no país. Weffort
(2005) cita principalmente dois estudos (HOFSTED, 1984; GRAY, 1988) como base para a
argumentação de que fatores culturais também influenciam as práticas contábeis de
determinados países. Hofsted identificou quatro elementos estruturais do sistema cultural que
afetam os negócios: individualismo, aversão à incerteza, masculinidade e distância do poder.
No Brasil, segundo esse estudo, prevaleciam as dimensões culturais de coletivismo, forte
aversão à incerteza, grande distância do poder e feminilidade, o que aproximaria o Brasil de
países como Espanha, Argentina, Turquia Irã e Grécia. Já o estudo de Gray, incorporou
“valores contábeis” ao estudo de Hofsted. Foram identificadas quatro dimensões de valores
contábeis: profissionalismo, uniformidade, conservadorismo e sigilo. No Brasil, segundo
Gray, predominariam os seguintes valores contábeis: profissionalismo, uniformidade,
conservadorismo e sigilo (no mesmo perfil M. D. de M. Freire; M. R. R. Machado; L. S.
Machado; E. S. Souza; J. J.de Oliveira RCO, Ribeirão Preto, SP, v. 6, n. 15, p. 9-22, mai-ago
2012 www.rco.usp.br 9 estariam Argentina, Bélgica, Espanha, França e Itália).
A presença maior do profissionalismo no Brasil, atrelado à tendência de adoção de
mecanismos legais mais ágeis (apesar do sistema jurídico brasileiro ser codificado), podem
ser indícios dos caminhos tomados pelo Brasil sobre o processo de convergência às normas do
IASB. A convergência de fato e de direito pode estar atrelada a valores culturais.
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2.3 – Diferenças nos Padrões e Práticas Contábeis entre os Países
Ao considerar a contabilidade como linguagem universal dos negócios, pode-se
presumir ainda que essa linguagem seja única e aplicável a qualquer País ou ambiente de
negócios, e em qualquer situação. Porém, essa não é uma verdade absoluta, pois os padrões e
práticas contábeis entre os países diferem, e em muitos casos, substancialmente. Segundo
Ikuno et al. (2010) “é notável o crescente número de pesquisas acerca dos fatores que
influenciam as diferenças entre padrões e práticas contábeis entre os países, após o período de
1960 a 1965”. Dentre estes estudos, citam-se Nobes (1998); Weffort (2005); Niyama (2005);
Baker e Barbu (2007); Ding et al. (2005); e Zeff (2007), entre outros. As principais diferenças
estão relacionadas a fatores econômicos e culturais (Barker e Barbu, 2007), diferenças entre
países (Ding et al., 2005), diferenças entre sistemas legais (Niyama et al., 2005), linguagem,
educação, inflação (Niyama, 2005), cultura contábil, cultura de auditoria e regulatória
(Zeff,2007).
Dentre os autores acima citados, Nobes (1998) apresentou uma listagem extensa de
fatores que podem ocasionar as diferenças entre os padrões e práticas contábeis.
Nobes (1998) considera o modelo contábil como o conjunto de práticas utilizadas em
uma demonstração contábil publicada. Para o autor, os modelos contábeis se diferem por
alguns motivos. Nobes (1998) buscou determinar as razões para as divergências entre os
modelos contábeis, chegando à conclusão de que a variação dos modelos ocorre no nível das
entidades, ou seja, as variações podem ocorrer dentro de um mesmo País.
Através de uma revisão da literatura até então existente, Nobes (1998) listou 17
principais razões apontadas pelos autores pesquisados para as diferenças entre modelos
contábeis, a saber: a natureza da propriedade dos negócios, o sistema financeiro, a herança
colonial, as invasões, a tributação, inflação, o nível educacional, idade e tamanho das
empresas de serviços contábeis, estágio de desenvolvimento e econômico, sistema jurídico-
legal, cultura, história, geografia, língua, influência da teoria, sistemas políticos, clima social,
religião e acidentes.
Apesar da extensa lista de razões, Nobes (1998) afirmava que tais estudos eram em sua
maioria intuitivos, sem embasamento empírico adequado. Ele passou então a analisar os
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modelos contábeis dominantes de cada País, assim entendidos como os utilizados pelas
entidades que englobam a maior parte da atividade econômica do País específico. Com base
nessa análise, ele propôs um modelo classificatório, partindo do princípio de que, em países
considerados culturalmente autossuficientes, ou seja, onde as instituições foram desenvolvidas
localmente (as chamadas antigas metrópoles), a principal razão para as variações entre os
sistemas contábeis é o propósito das publicações.
O modelo identificou ainda que países culturalmente dominados, tais como ex-
colônias e países subdesenvolvidos, tendem a adotar o sistema de suas antigas metrópoles.
Nobes (1998) afirma que os fatores que determinam o propósito das publicações em países
culturalmente autossuficientes são o tipo de financiadores dominantes (se são internos ou
externos), e a principal fonte de financiamento externo das entidades (se são do mercado de
crédito ou do mercado de capitais). Como financiadores internos, entende-se por aqueles que
possuem a capacidade de obter informações junto à administração da entidade de modo
oportuno e freqüente, tais como acionistas majoritários, bancos e governos. Já com relação
aos financiadores externos, entende-se por aqueles que não pertencem à direção da entidade,
nem possuem com ela um relacionamento privilegiado que lhes permita obter informações
oportunas e freqüentes, tais como os acionistas minoritários.
Quanto às principais fontes de financiamento, os países foram classificados de acordo
com sua predominância, ou seja, países onde as entidades buscam financiamento externo
principalmente junto ao sistema bancário, com ou sem subsídios governamentais, e onde as
entidades são financiadas principalmente pelo mercado de crédito.
Nobes (1998) assume que os cenários mais comuns são o I e o IV, associando uma
classe de modelos contábeis a cada um: o cenário I implica na chamada Classe B de modelos;
o cenário IV implica na Classe A de modelos. Os modelos contábeis de Classe A são
associados a cenários de financiamento externo através do mercado de capitais, que
apresentam as seguintes características: voltados para usuários externos (teoricamente com
maior nível de evidenciação), eles visam reportar o desempenho das entidades e permitir a
projeção dos fluxos futuros de caixa.
Os modelos contábeis de Classe A, com essas características, identificam-se
claramente com os modelos contábeis de países anglo-saxões. Já os modelos contábeis de
Classe B são associados aos cenários de financiamento externo através do mercado de crédito,
e apresentam as seguintes características: voltados para usuários internos, eles buscam
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“proteger” os credores através da aplicação de maior prudência no cálculo dos lucros. Os
modelos contábeis classe B ,com essas características, identificam-se com os modelos
contábeis da Europa Continental.
Com base na avaliação desses determinantes, Nobes (1998) enuncia cinco proposições
sobre os modelos contábeis:
P1 – O modelo contábil dominante de um país culturalmente autossuficiente com
cenário IV pertence à Classe A;
P2 – O modelo contábil dominante de um país culturalmente autossuficiente com
cenário I pertence à Classe B;
P3 – Um país culturalmente dominado possui um modelo contábil importado de sua
metrópole, independentemente de seu cenário;
P4 – Quando um país migra do cenário I para o IV, seu modelo contábil migra da
Classe B para A;
P5 – Entidades em países onde predomina a Classe B, e que buscam financiamento em
países onde predomina a Classe A, passam a adotar os modelos contábeis da Classe A.
Porém, fica claro que o modelo proposto por Nobes não explica totalmente a situação atual do
modelo contábil adotado no Brasil, que passa por regime de transição para a adoção completa
das normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB. Tem-se atualmente um
modelo que claramente pertence à Classe A, porém com estrutura de financiamento das
entidades, em sua maioria, através do mercado de crédito.
Esse cenário se deve ao desenvolvimento ainda pequeno do mercado de capitais
brasileiro, além da alta concentração acionária das empresas listadas.
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3 – IAS 1 – APRESENTAÇÃO DE DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS
Nesta parte do trabalho iremos discorrer sobre os assuntos mais importantes abordados
pela IAS 1 que trata da Apresentação de Demonstrações Financeiras.
A IAS 1 e o CPC 26 constituem juntamente com os documentos relativos à estrutura
conceitual , o que há de mais importante no processo de normatização de demonstrações
financeiras para informação ao usuário externo: balizam demonstrações financeiras, seu
conteúdo, o que reconhecer, quando reconhecer e por quanto reconhecer seus componentes.
Têm como grande foco, uniformizar as possíveis demonstrações, quais são e como
devem ser representadas, a fim de que os leitores externos sejam capazes de, sem muito
esforço, desde que dotados de razoáveis conhecimentos de contabilidade e negócio, entender
a posição patrimonial de uma entidade e suas mutações ao longo do tempo. Essa busca pela
uniformização tem como objetivo facilitar o entendimento ao leitor e a viabilidade do
acompanhamento da empresa ao longo do prazo e permitir a comparabilidade entre as
entidades.
Um ponto interessante a citar, e a ordem tradicionalmente utilizada na apresentação
dos componentes do ativo e do passivo nos balanços regidos das normas do IAS e utilizados
no Brasil. A introdução do resultado abrangente por parte do IAS e do CPC conforme
evidenciada, é uma evolução natural da própria Contabilidade.
No início, o Patrimônio Líquido, só era modificado pelas transições de capital com os
sócios, assim, quaisquer modificações nos ativos e passivos só poderiam ocorrer em função
desses fatores. Isso provocou por séculos, uma dificuldade de evolução, já que modificações
ou atualizações nos ativos e passivos só poderiam ser efetuadas se pudessem ser reconhecidas
como receita e despesa. E para o reconhecimento como receitas, apenas se atendidas as
exigências para isso com mérito por entrega do bem ou serviço ou decorrência do tempo no
caso de aluguéis e juros, preço objetivamente definido, certeza da realização financeira e
conhecimento das despesas a serem contrapostas.
A primeira grande exceção, historicamente foi a adoção da figura da Reserva de
Reavaliação que foi uma técnica que permitiu o ajuste do Imobilizado com contrapartida ao
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Patrimônio Líquido sem trânsito pelo resultado. Mais tarde, veio a conta de Ganhos ou Perdas
nas Convenções de balanço e recentemente, as contas de registro de contrapartida de certos
instrumentos disponíveis para a venda. No caso destas últimas, com trânsito pelo resultado em
momentos posteriores ao do seu reconhecimento pela primeira vez no Patrimônio Líquido.
A criação da Demonstração do Resultado Abrangente vem exatamente facilitar,
centralizar e evidenciar todas as mudanças do Patrimônio Líquido e as transações de capital
com os sócios, mas com a devida segregação do que é resultado realizado (demonstração
tradicional do resultado) e do que é resultado ainda não realizado, a se realizar futuramente.
Outro ponto interessante é a proibição, na IAS 1 e no CPC 26 , do uso dos itens
extraordinários e a eliminação da figura do resultado operacional. As razões dadas se
vinculam à enorme dificuldade em definir tais itens. Mas o relevante é que se está, cada vez
mais, centrado na segregação das demonstrações financeiras, apenas daquilo que se refere as
atividades que continuarão ocorrer no futuro. A utilização das demonstrações para auxílio no
processo de projeção sobre o futuro da empresa, faz com que seja vital o conhecimento
daquilo que afeta o resultado de um período e que tenderá afetar os períodos futuros,
segregando-se daqueles que desaparecerão. Isso viabiliza muito mais as projeções. Assim,
percebe-se que faz muito sentido a normatização que exige a segregação nas demonstrações
financeiras, de todos os elementos que deixarão de existir nos períodos subseqüentes. Nota-se
que a segregação entre operacional e não operacional, ou a figura dos itens extraordinários,
sempre tiveram em mente exatamente esses objetivos, mas agora nos processos mais
modernos de normatização, coloca-se acima de tudo o princípio geral e a obrigação de trazer
as informações conforme comentadas, para facilitar a leitura e o entendimento por parte do
usuário externo. Daí, inclusive, a nova nomenclatura de “operações em descontinuidade”.
Um dos comentários mais relevantes da IAS 1 e o CPC 26 em diversos lugares , mas
principalmente no parágrafo 19, determinam e com veemência , a adoção de algo fantástico,
que o mais importante não é a obediência às normas do próprio IASB e das normas agora
adotadas no Brasil, mas sim à bandeira da primazia da essência sobre a forma. Se a adoção de
qualquer outra norma, não só da própria IAS 1 e CPC 26, como de qualquer outra expedida do
IASB e do CPC, que no qual poderia provocar uma demonstração que não reflita a essência
econômica dos fatos, a empresa deve simplesmente substituir a norma dada pela que julgar
mais fidedignamente representativa dessa realidade.
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E por fim, um dos comentários mais relevantes: o CPC 26 define que as Práticas
Contábeis Brasileiras compreendem a legislação societária brasileira, os Pronunciamentos, as
Interpretações e as Orientações emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis
homologados pelos órgãos reguladores. As práticas adotadas pelas entidades em assuntos não
regulados, desde que atendam ao Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual
para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis emitido pelo CPC e, por
conseguinte, em consonância com as normas contábeis Internacionais. Em adição, todos os
pronunciamentos são aprovados por Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade na
forma de NBCT (Normas Técnicas Brasileiras de Contabilidade).
Não há, no Brasil, conjuntos diferentes de práticas contábeis, com exceção das
instituições financeiras, já que o Banco do Brasil Central não está aprovando os CPCs na
mesma velocidade que os demais órgãos reguladores. Entendemos que este conjunto de
normas, se aplica a toda e qualquer entidade jurídica brasileira, em observância às praticas
contábeis brasileiras, seja ela uma empresa formada por cotas de responsabilidade, ou mesmo
uma entidade sem fins lucrativos.
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4 – IAS 2 – ESTOQUES
Segundo Navarrete, Berstecher e Guerreiro (2010, p. 58) “o objetivo da IAS 2 é
prescrever o tratamento contábil para os estoques das entidades”. Sendo um assunto de
essencial importância, pois a contabilização dos estoques se baseia no reconhecimento do
mesmo como um ativo para posterior alocação ao resultado, quando ocorrerem as receitas
relativas a este ativo.
Os estoques podem ser definidos como ativos, e de acordo com Navarrete, Berstecher
e Guerreiro (2010, p. 58) estes mesmos sendo “(a) destinados a venda no decurso normal dos
negócios da entidade; (b) no processo de produção para venda; ou (c) na forma de materiais
ou suprimentos a serem consumidos no processo de produção ou na prestação de serviços”.
Essa norma internacional pode ser aplicada a todos os tipos de estoques, exceto na
produção em curso proveniente de contratos de construção, instrumentos financeiros e ativos
biológicos. O IAS 2 traz a orientação sobre os custos dos estoques, métodos de mensuração
dos estoques, valor realizável líquido e divulgações requeridas.
4.1 – Custos dos Estoques
Afirma Navarrete, Berstecher e Guerreiro (2010, p. 58) que “os estoques devem ser
mensurados pelo valor de custo ou valor realizável líquido” e dos dois o menor, sendo que no
custo dos estoques, deve-se incluir todos os custos, sendo eles: O custo de aquisição, que é a
somatória do preço de compra, impostos de importação e demais impostos não recuperáveis
pela entidade, custos de transporte, manuseio e outros custos diretamente ligados à aquisição
produtos acabados, materiais e serviços. O custo de transformação que incluem os custos
diretamente relacionados às unidades de produção, como a mão de obra direta bem como os
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gastos de fabricação fixos e variáveis. E por último, outros custos incorridos na condição e
localização atual dos estoques referente ao processo de produção. Vale ressaltar que os custos
posteriores de armazenagem ou de entrega ao cliente não devem ser absorvidos pelos
estoques. A IAS 2 faz uma menção a respeito dos descontos comerciais, abatimentos e outros
itens semelhantes, sendo que estes mesmos devem ser deduzidos na determinação do custo de
aquisição e não podem ser reconhecidos como receita.
4.2 – Métodos de Mensuração dos Estoques
De acordo com o IAS 2 os estoques devem ser mensurados pelos métodos do custo
médio ou o PEPS. Os métodos do custo padrão, considerando a capacidade normal de
produção ou método de varejo, podem ser utilizados se esses forem convenientes e se os
resultados se aproximarem do custo. Outro método que pode ser utilizado é o da identificação
específica para itens separados em projetos específicos.
4.3 – Valor Realizável Líquido
O valor realizável líquido é definido pela norma como o “valor líquido que uma
entidade espera realizar com a venda do estoque no decurso normal dos negócios, sendo esse
mesmo, específico da entidade”.
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4.4 – Divulgações Requeridas
Devem ser divulgadas as políticas contábeis adotadas na mensuração dos estoques,
bem como a fórmula de custeio usada, os valores do total e subgrupos de estoques, o custo
dos estoques reconhecidos no resultado do período referente a sua venda, o estoques
escriturados pelo justo valor menos o custo para vender, valor de redução de estoques e
reversões destas contabilizadas no resultado, estoques dados como penhor e explicações sobre
motivos e acontecimentos que conduzem a reversão de uma redução.
4.5 – Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) em 08 de maio de 2009 emitiu o
pronunciamento técnico CPC 16 – Estoques em conformidade com o IAS 2, sendo este
pronunciamento aprovado pela CVM e pelo CFC.
4.6 – Diferenças e Similaridades entre a Norma Brasileira e a Norma Internacional
Para os autores Navarrete, Berstecher e Guerreiro (2010, p. 61) “não existe
divergência entre a norma internacional (IAS 2, CPC 16 e as normas brasileiras anteriores
NPC 2 e NBC T4) com relação ao conceito de estoques”.
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Enquanto a mensuração dos estoques, o CPC 16, as normas internacionais, as normas
brasileiras NBC T4 e NPC 2 também são bem semelhantes. Porém, existe uma divergência
entre a Lei nº 6.404/76 com a menção ao valor de mercado, que era praticado antes do
processo de convergência e o CPC 16 referente a valor justo, utilizado atualmente, sendo a
principal diferença a figura da Margem de Lucro presente na Lei n° 6.404/76. Contudo não há
mais conflito entre as normas, pois o CPC 16 foi aprovado pela CVM e a própria Lei nº
6.404/76 determina em seu art. 177, ora modificado pela Lei n 11.638/07:
§ 5° As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3º deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários.
§ 6º As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas.
Afirma também Navarrete, Berstecher e Guerreiro (2010, p. 64) que isso pode ser
seguido pelas “sociedades limitadas tributadas pelo lucro real por força do Decreto-lei nº
1.598/77” já para as demais entidades, prevalece a determinação do CFC que aprova esse
mesmo Pronunciamento.
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5 – IAS 38 – ATIVOS INTANGÍVEIS
Seguindo a linha de pensamento dos autores Santos e Costa:
O reconhecimento de ativos intangíveis nas demonstrações financeiras sempre foi um tópico polêmico, pois existem dificuldades relacionadas à sua identificação, passando pela análise de seu potencial de geração de benefícios futuros e mensuração de seu custo de maneira confiável. Porém, o alto volume investido em ativos intangíveis resultou, inevitavelmente, na busca de maior orientação para o seu tratamento contábil. (SANTOS; COSTA, 2010, p. 369).
Vários segmentos de negócios como empresas farmacêuticas, companhias de alta
tecnologia, desenvolvimento de propriedades intelectuais, ou seja, marcas e patentes e
websites, tem sua maior parte de geração de valores atrelada à parcela intangível.
Com a evolução ao longo do tempo, a informação contábil deve apresentar duas
características em relação aos ativos intangíveis: relevância e confiabilidade.
5.1 – As exigências das IAS 38
A IAS 38 define o tratamento contábil para os ativos intangíveis, exceto aqueles que
são tratados em outra norma, como a contabilização dos ativos financeiros (IAS 32),
exploração e avaliação de recursos minerais (IFRS 6), desenvolvimento e extração de
minerais, petróleo, gás natural e recurso não renováveis similares e goodwill (IFRS 3).
A norma conceitua “o ativo intangível como um ativo não monetário identificável e
sem substancia física”. (SANTOS; COSTA, 2010, p. 370).
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Para que haja o reconhecimento do ativo intangível, esses ítens devem atender aos
critérios de identificação (deve ser separável da entidade ou resultar de direitos contratuais ou
de outros direitos legais) de controle (poder de obter benefícios econômicos futuros e a
capacidade de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios) e existência de benefícios
econômicos futuros (estes não incluem apenas receitas futuras, mas economias de custo), caso
contrário, devem ser lançados como despesa.
5.2 – Reconhecimento e Mensuração Inicial
O ativo intangível deve ser reconhecido caso seja provável que os benefícios
econômicos futuros gerados pelo mesmo, seja em favor da entidade e que o custo desse ativo
possa ser mensurado com segurança.
A norma define que a mensuração inicial seja feita pelo custo, ou seja, valor pago
através do caixa ou equivalentes de caixa ou o valor justo.
5.3 – Avaliação da Vida Útil de um Ativo Intangível
A vida útil de um ativo intangível é definida pela IAS 38 como o período no qual se
prevê que o ativo esteja disponível para o uso pela entidade e o número de unidades de
produção ou unidades similares obtidos pela mesma. Essa vida útil pode ser definida, ou seja,
deve ser amortizado, ou indefinida, neste caso, não pode ser amortizado, porém deve ser feito
o Impairment, ou seja, o teste da perda do valor desse ativo comparando o seu valor
recuperável com o contábil, previsto na IAS 36.
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Um detalhe importante é que a norma exige que o valor residual de ativos com vida
útil definida seja igual a zero.
5.4 – Divulgações
Deveram ser divulgadas por parte da entidade, os seguintes aspectos para as classes de
ativos intangíveis, diferenciando-se os gerados internamente e outros ativos intangíveis:
a) se a vida útil é indefinida ou definida e, se for definida, a vida útil ou a taxa de amortização usada;
b) os métodos de amortização usados para ativos intangíveis com vida útil definida;
c) o valor contábil bruto e qualquer amortização acumulada (agregada com as perdas de valor acumuladas) no começo e fim do período;
d) os itens de cada linha da demonstração dos resultados em que qualquer amortização de ativos intangíveis esteja incluída; e
e) uma reconciliação do valor contábil no começo e fim do período demonstrando: (i) adições; (ii) ativos classificados como mantidos para venda ou incluídos num grupo para alienação classificado como mantido para venda; (iii) aumentos ou diminuições durante o período resultantes de reavaliações e de perdas de valor reconhecidas ou revertidas diretamente no patrimônio liquido; (iv) perdas de valor reconhecidas no resultados durante o período; (v) perdas de valor revertidas nos resultados durante o período; (vi) qualquer amortização reconhecida durante o período; (vii) diferenças cambiais liquidas de ativos intangíveis gerados pela conversão das demonstrações financeiras de operações no exterior para a moeda de relatório da entidade; e (viii) outras alterações no valor contábil do período. (SANTOS; COSTA, 2010, p. 377 e 378).
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5.5 – Comparação com as Normas e Praticas Contábeis Brasileiras
Com base e em conformidade com norma internacional IAS 38, no Brasil, o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis emitiu o Pronunciamento CPC 04 – Ativo Intangível, que serve
como orientação para a contabilização de ativos intangíveis, sendo o mesmo aprovado pela
CVM. Vale ressaltar que um dos ativos intangíveis mais conhecidos, o goodwill, é definido
pelo CPC 15 – Combinações de Negócios.
Para os ativos intangíveis com vida útil indefinida, deve-se aplicar o teste de
Impairment, nos termos do CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos.
Um fator interessante que ocorreu, foi a exclusão do grupo do ativo diferido, através
da Lei nº 11.941/09, porém, legalmente falando, este mesmo ainda continuará existindo até
que os gastos anteriormente reconhecidos, sejam totalmente amortizados. O CPC 04
estabelece que esses gastos deveram ser lançados como despesa, quando incorridos.
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6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste trabalho podemos concluir que com a revolução econômica-financeira e
a abertura do mercado internacional, se faz necessário que a Contabilidade se adapte as novas
tendências e realidades. O processo de convergência às normas internacionais é um fator novo
e de extrema importância, pois isso fará com que a economia cresça e que o nosso País possa
ser visto com novos olhos. Mas para isso é fundamental que o Contador esteja preparado para
esses novos desafios. A Contabilidade Internacional trouxe novos conceitos, princípios, regras
e linguagens. Essa harmonização entre as normas internacionais IAS e IFRS e os CPCs,
tornam as interpretações e a comparabilidade das Demonstrações Financeiras das Entidades
mais fáceis para os usuários da contabilidade, visto que tais demonstrações podem ser
entendidas por diversas pessoas de países e culturas diferentes e isso faz com que cresça cada
vez mais a credibilidade, a confiabilidade, a transparência e segurança das informações
contábeis.
Esta aí um grande desafio no qual o Contador terá que se sujeitar de agora em diante e
para isso é necessário muito estudo, readequação e reeducação às práticas contábeis de acordo
com as novas normas e conceitos, bem como a sua aplicabilidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, L. Nelson. LEMES, Sirlei. Padrões contábeis internacionais do IASB: umestudo comparativo com as normas contábeis brasileiras e sua aplicação. Departamento deCiências Contábeis e Atuariais. UNB: Brasília, vol. 6, n.2, 2º sem. 2002.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Disponível em: http://www.cfc.org.brLISBOA, Lázaro. FIPECAFI/FEA/USP. Contabilidade Internacional.
ERNST & YOUNG, Ernst & Young; FIPECAFI, FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade: IFRS - Versus Normas Brasileiras. 2ª edição. SP: Atlas, 2010 - PLT 429.
http://www.afixcode.com.br/ativos-intangiveis-conceito-mensuracao-divulgacao
http://www.rco.usp.br/index.php/rco/article/view/384/236
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