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  • 8/12/2019 Contabilidade Internacional Online

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    Contabilidade Internacional

    Michael Dias Corra

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    IESDE Brasil S.A.Curitiba

    2011

    Michael Dias Corra

    Contabilidade Internacional

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    2011 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao porescrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200Batel Curitiba PR0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

    ISBN: 978-85-387-2684-5

    Dados I nternaci onai s de Catal ogao na Publ i cao (CI P)(Cmara Brasi l ei ra do Li vro, SP, Brasi l )

    Cor r a, Mi chael Di as Cont abi l i dade i nt er naci onal / Mi chael Di as

    Cor r a. - - Cur i t i ba, PR : I ESDE, 2011.

    1. Cont abi l i dade I . T t ul o.

    11- 11239 CDD- 657

    ndi ces par a cat l ogo si st emt i co:

    1. Cont abi l i dade i nt er naci onal 657

    Capa: IESDE Brasil S.A.

    Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

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    Michael Dias Corra

    Mestre em Contabilidade pela Univer-sidade Federal do Paran (UFPR). Bacharel emCincias Contbeis pela Universidade Federaldo Paran (UFPR). Ex-militar de carreira da Ae-ronutica, na rea educacional. professor daUniversidade Positivo e do Instituto Brasileiro dePs-Graduao e Extenso (IBPEX), nos cursos

    de graduao e de ps-graduao na rea denegcios empresariais. Gestor do Centro de Es-tudos em Controladoria e Governana Corpo-rativa (CECON) da Universidade Positivo. Possuidiversos estudos cientficos publicados em con-gressos e peridicos cientficos nacionais e inter-nacionais. Professor de cursinhos preparatriospara concursos pblicos na cidade de Curitiba.Empresrio do setor educacional, atuou na reade controladoria da Esso Brasileira de Petrleo ena rea de compras da Cia. Vale do Rio Doce.

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    sum

    ro

    Contabilidade internacional IASB e IAS 111

    11 | A contabilidade no Brasil

    13 | Internacionalizao de padres contbeis

    15 | Organismos regulamentadores16 | Normas internacionais (IFRS)

    19 | IAS 1 Apresentao das demonstraes contbeis

    22 | IAS 1 Principais diferenas em relao s normas brasileiras

    Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 833

    33 | IAS 7 Demonstrao dos Fluxos de Caixa

    36 | IAS 17 Arrendamento (Leasing)

    44 | IFRS 8 Informaes por segmento

    46 | Divulgao de segmentos lucrativos e deficitrios

    Os pronunciamentos IAS 36 e IAS 3853

    53 | IAS 36 Impairmentde Ativos

    61 | IAS 38 Ativos intangveis

    Os pronunciamentos IAS 37 e IAS 273

    73 | IAS 37 Provises e contingncias ativas e passivas

    78 | IAS 2 Estoques

    Os pronunciamentos IFRS 2, IAS 33 e IAS 1291

    91 | IFRS 2 Pagamentos baseados em aes

    98 | IAS 33 Lucro por ao

    102 | IAS 12 Tributos sobre o lucro

    Os pronunciamentos IAS 21 e IAS 29111

    111 | IAS 21 Efeitos das mudanas nas taxas de cmbio120 | IAS 29 Relatrios financeiros em economias hiperinflacionrias

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    Os pronunciamentos IAS 8, IAS 27, IAS 28 e IAS 31133

    133 | IAS 8 Generalidades sobre a norma internacional

    137 | IAS 27 Demonstraes contbeis da controladora

    140 | IAS 28 Investimentos em associadas e em controladas144 | IAS 31 Investimento em empreendimentos conjuntos (joint venture)

    Os pronunciamentos IFRS 3 e IFRS 1153

    153 | IFRS 3 Combinaes de negcios

    160 | IFRS 1 Adoo inicial das IFRS no Brasil

    Os pronunciamentos IAS 18, IAS 19 e IFRS SME175

    175 | IAS 18 Receitas

    179 | IAS 19 Benefcios aos empregados

    184 | IFRS SME

    Estrutura das demonstraescontbeis normas brasileiras versusinternacionais

    195

    195 | Atual conjuntura da contabilidade brasileira

    196 | Definio dos princpios de contabilidade

    197 | Demonstraes financeiras e seus dispositivos legais de evidenciao

    199 | Balano Patrimonial207 | Demonstrao do Resultado do Exerccio

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    Conta

    bilidade

    Internacional

    Apresentao

    Hoje em dia, fato que os negcios soextremamente influenciados pela globaliza-o dos mercados. Considerando mais espe-cificamente o caso dos profissionais de con-tabilidade, esta influncia acaba por tornar aprofisso mais inspirante e desafiadora.

    Inspirante, pois com a implantao de

    normas internacionais de contabilidade portodo o mundo, torna-se necessrio um al-tssimo conhecimento da temtica contbil,agora mundial. Desafiadora, pois as empre-sas captam recursos por todo o globo, bus-cando a diminuio dos custos operacionaise a diversificao por investirem, no emoutros segmentos, mas em outros pases oucontinentes.

    No entanto, no basta aprender as normasinternacionais de contabilidade e esquecer

    as especificidades regionais de cada pas oubloco econmico. H de se conhecer, tambm,as normas locais j existentes nesses pasesou blocos. Isso pelo simples fato de a contabi-lidade no ser uma linguagem universal.

    Em linhas gerais, empresas podem gerarlucros em um pas e, quando analisadas pelasnormas locais de outro pas, esse valor podeser bem diferente, existindo a possibilidadede se reverter a prejuzo. Isso se considera-das as mesmas operaes realizadas, apenasanalisadas e dispostas de maneira distinta nasdemonstraes contbeis.

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    Conta

    bilidade

    Internacional

    Quando analisados esses pontos conceituaiscomo um todo, a importncia deste livro se revela,pois trata das normas internacionais de contabili-dade, com seus conceitos e aplicaes hipotticase/ou reais, fazendo comparativos com as normasbrasileiras de contabilidade vigentes.

    Torna-se importante ser enfatizado que as

    normas internacionais, embora parea, no soapenas aplicadas s grandes corporaes, comoperaes mais complexas. Tambm so aplicadass pequenas empresas, embora mais abrandadas eno obrigatrias em determinados pontos.

    Por fim, os rgos e instituies reguladoresde contabilidade internacional tambm so evi-denciados, fazendo-se uma comparao entre osorganismos internacionais e nacionais.

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    Contabilidade internacional

    IASB e IAS 1

    A contabilidade no Brasil

    Considerando os seus maiores impactos nas empresas, a histria recente

    da contabilidade brasileira se iniciou na dcada de 1970, com o advento da

    reforma bancria e com o desenvolvimento, mesmo que inicial, do merca-

    do de capitais. Foram vrios os fatos que corroboraram com essa situao,

    entre os quais podem ser citados a publicao da Circular 179/72 pelo Banco

    Central do Brasil, que padronizou a estrutura e a forma de apresentao dasdemonstraes contbeis das sociedades annimas com livre circulao em

    bolsa de valores; a obrigatoriedade da atuao de auditores independentes

    para analisarem e validarem as demonstraes contbeis das companhias

    abertas; e a influncia da escola norte-americana de contabilidade, que cul-

    minou com a edio e publicao da Lei 6.404/76, tambm conhecida como

    Lei das Sociedades por Aes.

    Antes desses fatos, a contabilidade em terras brasileiras possua uma forte

    influncia da legislao tributria, legislao esta que era determinante com re-lao aos procedimentos contbeis tanto para a classificao de contas como

    para a apropriao das receitas e das despesas, no necessariamente seguindo

    o que preconizava a estrutura terica da contabilidade vigente poca.

    Especificamente no ano de 1976, a Comisso de Valores Mobilirios (CVM)

    foi criada, com objetivos muito claros no Brasil. Objetivos estes semelhantes

    aos da Security and Exchange Commission(SEC), organismo norte-americano

    j existente poca, o qual regulava o mercado de capitais. Paralelamente

    criao da CVM, a legislao societria trouxe muitas inovaes, principal-mente criando registros auxiliares que atendessem simultaneamente legis-

    lao fiscal e aos princpios contbeis geralmente aceitos (ento vigentes).

    Esse desenvolvimento apresentado estava ligado ao desenvolvimento

    econmico do pas entre 1970 e 1975, quando foram experimentadas taxas

    elevadas de crescimento econmico, fato que aumentou o interesse de inves-

    tidores e de bancos estrangeiros, pois havia excesso de recursos disponveis.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    Havia, no entanto, um entrave a esse crescimento continuado: a inflao, que

    obrigou o governo federal a promover, no final da dcada de 1970, uma des-

    valorizao cambial da moeda nacional de 30% em um nico dia. Esse foi um

    dos fatos mais marcantes na histria da contabilidade nacional e o governo

    no permitiu a dedutibilidade fiscal de tal perda cambial, estabelecendo que

    o prejuzo fosse transportado para o ativo e amortizado no perodo de cinco

    anos, o que provocou sria distoro nas demonstraes contbeis das em-

    presas. Essa medida governamental no permitiu o reconhecimento contbil

    como despesa de um nico exerccio, quando o correto seria fazer o ajuste

    extracontabilmente no Livro de Apurao do Lucro Real (Lalur).

    Depois desse fato, mais especificamente nos anos de 1983 e 1999, houve

    mais duas desvalorizaes cambiais, mas foi facultada a capitalizao no

    subgrupo denominado Ativo Diferido.

    No ano de 1987, a CVM editou a Instruo 64, onde determinava a elabora-o de demonstraes contbeis complementares em moeda constante, cha-

    mada correo integral, para as companhias de capital aberto. Na sequncia,

    no ano de 1996, a partir da edio de uma Medida Provisria, o governo proi-

    biu qualquer tipo de indexao nas demonstraes contbeis.

    No ano de 1993, foi editada a Resoluo 750/93 pelo Conselho Federal de

    Contabilidade (CFC), a qual estabeleceu os Princpios Fundamentais de Con-

    tabilidade. Eram eles: Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo

    Valor Original, Atualizao Monetria, Competncia e Prudncia, atualizadospela Resoluo 1.282/2010, que extinguiu e/ou alterou alguns dispositivos

    da resoluo de 1993.

    Apenas no ano de 2000 o Brasil, por intermdio do CFC, do Instituto dos

    Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e da CVM, desenvolveu aes

    para proporcionar o seu ingresso no contexto da contabilidade internacio-

    nal. Isso fica mais evidente quando analisada a elaborao do Anteproje-

    to de Lei 3.741/2000, que tinha o objetivo de alterar a parte contbil da Lei

    6.404/76, a legislao societria.

    Havia muitas justificativas para a reviso da legislao societria de acordo

    com o Anteprojeto, como o aparecimento de uma nova realidade econmica

    no Brasil, totalmente diferente da que havia em 1976. Aliado a isso estava o

    processo de globalizao das economias, o de abertura dos mercados, com

    aumento de fluxos de capitais ingressando no Brasil e com as empresas bra-

    sileiras captando cada vez mais recursos no exterior.

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    Alguns anos depois, em 2006, foi criado o Comit de Pronunciamentos

    Contbeis (CPC), na sequncia de muitas discusses e da busca de alternativas

    viveis do ponto de vista prtico, alm do entendimento e do suporte das di-

    versas entidades envolvidas no processo de emisso e utilizao de demons-

    traes contbeis. O objetivo maior do CPC buscar a unificao para realizar

    a convergncia das normas contbeis brasileiras aos padres internacionais.

    Aps sete anos caminhando pela Cmara de Deputados e algumas mo-

    dificaes no seu texto original, o Projeto de Lei 3.741/2000 foi, enfim, apro-

    vado pela Comisso de Assuntos Econmicos (CAE), no plenrio do Senado

    Federal e, por fim, sancionado pelo Presidente da Repblica em 28 de de-

    zembro de 2007, tornando-se a Lei 11.638/2007, que alterava dispositivos

    da Lei 6.404/76 e Lei 6.385/76. Esta lei comeou a vigorar em 1. de janei-

    ro de 2008 e tinha, entre vrios objetivos, o de estender para as sociedades

    de grande porte, ainda que no constitudas sob a forma de sociedade por

    aes, as disposies relativas elaborao e divulgao das suas demons-

    traes contbeis.

    J em 3 de dezembro de 2008, foi divulgada a Medida Provisria 449/2008,

    que em seus artigos 36 e 37, promoveu algumas alteraes na Lei 6.404/76,

    modificando algumas alteraes introduzidas pela Lei 11.638/2007. Esse

    novo dispositivo legal foi transformado em lei ordinria por meio da Lei

    11.941/2009, dando mais alguns passos em direo internacionalizao da

    contabilidade no Brasil.

    Internacionalizao de padres contbeis

    Quando existem companhias ou um mesmo grupo econmico que

    possua atuao em mais de um mercado ou pas, atualmente existe a neces-

    sidade de que sejam comparadas as informaes geradas nos mais diversos

    locais de atuao empresarial. Essa necessidade advm da internacionaliza-

    o dos mercados, do crescimento dos investimentos estrangeiros nos di-

    versos pases e da formao de blocos econmicos por diversos pases. Comisso, existe a necessidade de se ter um conjunto de padres contbeis inter-

    nacionais que possam permitir a comparao de informaes entre compa-

    nhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos.

    Partindo dessa premissa, pode-se conceituar a norma como um processo

    que tem o objetivo de manter as particularidades de cada pas, mas, que permi-

    ta readequar os sistemas contbeis existentes com os de outros pases, com o

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    fim claro de melhorar a troca de informaes a serem interpretadas e compre-

    endidas, enquanto que a padronizao conceituada como um processo de

    uniformizao dos critrios existentes, no permitindo qualquer flexibilizao.

    Pelos mais diversos motivos, alguns pases no possuem um padro pr-

    prio definido de sistemas contbeis em vigor, muito menos uma estrutu-

    ra legal, composta de leis, normas e regulamentos, tampouco organismosprofissionais de classe suficientemente fortes e que possuam influncia na

    elaborao de normas contbeis locais. Nesses casos, torna-se mais fcil a

    utilizao de normas internacionais, apenas sendo necessrias adequaes

    para os costumes locais, facilitando o processo de harmonizao.

    Quanto maior for a estrutura legal nos pases, maior ser a dificuldade para

    a harmonizao das normas contbeis. No entanto, so muitas as vantagens

    de se proceder harmonizao contbil internacional, conforme segue:

    diminui os investimentos de gerenciamento para os sistemas cont-

    beis locais;

    facilita o trabalho de consolidao de demonstraes contbeis da

    matriz e de todas as subsidirias no exterior, que normalmente reque-

    reriam ajustes por diferenas normativas;

    diminui os investimentos para a realizao da auditoria das demons-

    traes contbeis;

    facilita e permite a compreenso das demonstraes contbeis pelos

    usurios internacionais.

    Tomando as informaes contbeis de um empreendimento multina-

    cional como referncia, quando se fala de contabilidade internacional, elas

    interessam tanto a segmentos de um mesmo grupo econmico que realiza

    operaes e transaes internacionais, como tambm aos usurios da infor-

    mao que esto domiciliados em outros pases, diferentes do pas da matriz

    do empreendimento que realiza a divulgao de tais informaes.Faz-se necessrio compreender as normas internacionais para que se con-

    siga negociar ultrapassando fronteiras internacionais, j que as informaes

    contbeis acabam por se alterar drasticamente de um pas para outro, de

    acordo com os princpios de contabilidade vigentes. Podem existir divergn-

    cias culturais, empresariais, polticas, relacionadas inflao, tributao e aos

    riscos empresariais e estas devem ser consideradas em todo o processo deci-

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    srio. Tambm as demonstraes contbeis e formas adicionais de divulgao

    s podem ser compreendidas com conhecimentos internacionais de contabi-

    lidade e, muitas vezes, tornam-se mais importantes do que o conhecimento

    da estrutura interna das empresas.

    Tratando-se da utilizao de normas distintas de contabilidade, dada a sua

    importncia no cenrio dos negcios e na correta mensurao dos investimen-tos empresariais, elas se tornam um dificultador para a correta compreenso e

    comparao de informaes financeiras. Sendo assim, a busca pela harmoni-

    zao das normas contbeis tem sido mais discutida, principalmente para que

    possam ser analisadas as informaes contbeis em outros pases.

    Organismos regulamentadores

    Graas aos mercados mais integrados, consequentes globalizao e internacionalizao dos mercados, houve um aumento de interesse acerca

    dos diversos modelos contbeis existentes. necessrio que as empresas

    elaborem as suas demonstraes contbeis em um modelo que seja aceito

    nos mercados em que elas pretendam atuar, quando possuem intenes

    de aumento de captao de recursos ou negociaes de aes em outros

    mercados, externos s suas matrizes operacionais. Exemplificando, no caso

    de empresas sediadas no Brasil com aes negociadas na Bolsa de Valores

    de So Paulo (Bovespa), fazendo parte do Novo Mercado ou do Nvel 2 de

    governana corporativa, devem realizar a elaborao das demonstraes

    contbeis seguindo os padres nacionais vigentes, alm de seguir o padro

    norte-americano (US-GAAP) ou o padro internacional (IRFS).

    Mais e mais corporaes multinacionais possuem interesse crescente em

    padres contbeis internacionais. Na situao de elas atuarem maciamente

    em muitos pases, haver a necessidade natural de aplicao de regras con-

    tbeis para cada um desses pases, o que gera uma melhor convivncia, por

    meio de um sistema comum de tratamento de contas contbeis.

    Esse movimento pela harmonizao contbil cresce, j que poder redu-

    zir (e em alguns casos, at eliminar) as diferenas contbeis existentes entre

    os diversos padres contbeis, o que facilita a anlise e a comparao das

    demonstraes elaboradas. Deve ser enfatizado que essa reduo de dife-

    renas nas informaes geradas tambm gera, em um horizonte de mdio

    prazo, reduo de custos operacionais.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    Sendo assim, os organismos que possuem o encargo de elaborar as

    normas contbeis em nvel mundial, para regras internacionais, o Internatio-

    nal Accounting Standards Board(IASB) e para os Estados Unidos, o Financial

    Accounting Standards Board(FASB) possuem, tambm, a funo de eliminar

    as diferenas mais significativas. O processo de eliminao no nada sim-

    ples, pois devem ser consideradas todas as diferenas existentes entre os

    pases ou blocos regionais.

    Um caminho rduo no sentido da harmonizao vem sendo seguido

    desde 1973, quando foi criado o International Accounting Standards Commit-

    tee(IASC), sempre buscando o alcance de padres contbeis globais.

    Na sequncia, segue um quadro comparativo dos organismos regula-

    mentadores no Brasil e no tocante s normas internacionais emitidas no

    padro IFRS:

    Padrocontbil

    Emisso depronunciamentos contbeis

    Regulao domercado de aes

    Emisso denormas contbeis

    BR-GAAP CPC CVM CFC

    IFRS IASB IOSCO IFAC

    Existem, no caso das normas no padro IFRS, diferentes organismos de

    regulamentao, os quais sero vistos mais detalhadamente na sequncia

    do estudo.

    Normas internacionais (IFRS)

    As normas internacionais denominadas IFRS so normas de contabilida-

    de emitidas com objetivo principal de padronizar as demonstraes cont-

    beis em todo o mundo. At o ano de 2001, eram conhecidas como Interna-

    tional Accounting Standards(IAS), ou, traduzindo, padres internacionais de

    contabilidade.

    International Accounting Standards Board(IASB)

    Fundado no dia 29 de junho de 1973 pelas organizaes profissionais de

    nove pases (Alemanha, Austrlia, Canad, Estados Unidos, Frana, Holan-

    da, Japo, Mxico e Reino Unido), o IASB o rgo sucessor do Comit de

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

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    Normas Internacionais de Contabilidade (IASC), alm de representar o mais

    influente organismo de harmonizao internacional da contabilidade.

    Quando foi criado, o IASB tinha os objetivos de desenvolver, no interesse

    pblico, um conjunto nico de normas contbeis globais de alta qualida-

    de, que fossem compreensveis, transparentes e que, ainda, garantissem a

    comparabilidade das informaes constantes das demonstraes contbeis,com a finalidade de viabilizar a anlise e o julgamento das informaes dos

    participantes dos mercados de capitais em todo o mundo. Tambm, permitir

    o uso e a aplicao rigorosa das normas internacionais de contabilidade e,

    por fim, provocar a convergncia entre as normas nacionais e as internacio-

    nais de contabilidade e apresentar algumas solues de alta qualidade.

    No intervalo de 26 anos, entre 1975 e 2001, o IASC proferiu 41 pronun-

    ciamentos denominados International Accounting Standards (IAS). Do ano

    seguinte em diante, ou seja, a partir de 2002, o IASC se transformou em IASB,mudando, em conjunto, o nome dos pronunciamentos. Eles passaram a se

    chamar International Financial Reporting Standards(IFRS), ou padres inter-

    nacionais de relatrios financeiros.

    Com o passar dos anos, alguns outros rgos foram criados, alterados e,

    hoje em dia, essa estrutura internacional composta pelos seguintes rgos

    principais:

    IASCUm presidente;

    Vinte e um curadores;Uma vaga em aberto.

    IASB

    Doze membros de novepases;

    Um vice-presidente;Um presidente.

    IFRIC

    Doze membros de novepases;

    Um presidente sem direitoa voto.

    SAC

    Quarenta membros dediversos pases, incluindo

    o Brasil.

    O IASB possui, como objetivo principal, desenvolver um modelo nico de

    normas internacionais de contabilidade com altssima qualidade, emitindo

    normas internacionais chamadas de IFRS, alm de ser considerado o orienta-

    dor do processo de harmonizao contbil.

    J o International Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC),

    comit responsvel pela interpretao e pelas revises das IRFS e de tpicos

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    contbeis que possam gerar entendimentos distintos, tem o objetivo de al-

    canar o consenso em torno do melhor tratamento contbil a ser adotado,

    emitindo interpretaes tcnicas oficiais.

    Tratando-se do Standards Advisory Council (SAC), o conselho para o

    aconselhamento de padres, o seu funcionamento tem o objetivo de fazer

    com que o IASB desenvolva a mais alta qualidade das prticas contbeisinternacionais.

    Este processo, de maneira resumida, funciona como especificado na es-

    trutura que segue:

    IFRICIASB

    Emisso dasIFRS

    reportaaconselhaSAC

    International Federation of Accountants(IFAC)

    A IFAC uma organizao mundial que representa a profisso contbil.

    No possui qualquer ligao governamental, alm de ser apoltica e no ter

    fins lucrativos. Possui sede localizada na cidade de Nova York, nos Estados

    Unidos, e conta com a participao de 157 membros. O Brasil represen-

    tado pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e pelo

    Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Representa 118 pases, ao todo, e

    aproximadamente 2,5 milhes de profissionais da contabilidade.

    Com fundao no ano de 1977, e uma misso muito clara de estreitar orelacionamento da profisso contbil em todo o mundo, atende a uma de-

    manda de interesse pblico e contribui diretamente para o desenvolvimen-

    to da economia internacional, quando estabelece e promove a aderncia

    qualidade tcnica dos padres profissionais. Tambm busca, naturalmente, a

    convergncia de tais padres e representa a profisso contbil nos assuntos

    de interesse pblico.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

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    Ela publica os padres profissionais e guias de recomendao por meio

    de seus comits, que so: Comits de Padres de Auditoria, Comit de Edu-

    cao, Comit de tica, Comit de Contadores Profissionais para o Geren-

    ciamento dos Negcios, Comit do Setor Pblico e Comit de Auditores

    Transnacionais.

    International Organization of Securities

    Commission(IOSCO)

    A Organizao Mundial das Comisses de Valores Mobilirios no um

    rgo com objetivos ligados a questes contbeis ou de normatizao de

    padres internacionais. Ela conta com a participao de mais de 115 organis-

    mos reguladores, possuindo a mesma funo da Comisso de Valores Mobi-

    lirios e abarca mais de 85% do movimento global do mercado de capitais

    do mundo.

    Alm disso, a IOSCO possui como objetivos principais os que seguem:

    colaborar para a promoo de altos padres de regulamentao do

    mercado de capitais, refletindo um mercado justo e eficiente;

    tornar efetiva a troca de informaes e de experincias para o desen-

    volvimento dos mercados de capitais locais;

    definir os padres e um efetivo monitoramento das transaes inter-

    nacionais;

    fazer valer a integridade do mercado, mediante uma estrita aplicao

    de padres regulatrios.

    IAS 1 Apresentao das

    demonstraes contbeisA norma internacional IAS 1, editada e publicada pelo IASB, foi naciona-

    lizada pelo CPC por meio do pronunciamento CPC 26 Apresentao das

    Demonstraes Contbeis. A norma do IASB determina a maneira de serem

    apresentadas as demonstraes contbeis seguindo as normas internacio-

    nais de contabilidade (IFRS) para fins gerais, incluindo diretrizes e contedo

    mnimo necessrio a ser apresentado.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    Este pronunciamento, o IAS 1, tem o objetivo de estabelecer as bases

    para a apresentao das demonstraes contbeis, fazendo com que estas

    se tornem comparveis entre si, no somente entre perodos distintos de

    uma mesma empresa, mas tambm entre empresas distintas.

    Esse pronunciamento aplicvel para as empresas que publicam suas

    demonstraes tanto individuais como consolidadas, quer estas empresaspossuam fins lucrativos ou no.

    Os pontos relacionados continuidade das operaes, consistncia na

    apresentao, classificao das demonstraes contbeis e aos critrios de

    materialidade devem ser considerados pela administrao durante o proces-

    so de preparao das demonstraes contbeis.

    No devem ser feitas compensaes entre ativos, passivos, receitas ou

    despesas, devendo a apresentao ser lquida. S podem ser feitas se forempermitidas ou mandatrias por outra norma ou quando essa compensao

    refletir a realidade da transao financeira realizada. Para efeitos de exempli-

    ficao, o saldo total dos estoques pode ser apresentado de maneira lquida,

    sendo desconsiderados os valores relacionados proviso para perdas pre-

    viamente registrada.

    Os dados de outros perodos, que permitiro as comparaes temporais,

    devem ser apresentados em todos os valores divulgados, a no ser que exista

    outra norma vigente apresentando regulamentaes ou interpretaes de

    regulamentaes contrrias que especifiquem que essas informaes com-

    parativas no sejam demonstradas.

    Quando se fala em demonstraes contbeis, deve-se considerar o se-

    guinte conjunto:

    Balano Patrimonial;

    Demonstrao do Resultado do Exerccio (DRE);

    Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido (DMPL);

    Demonstrao dos Fluxos de Caixa (DFC), regulamentada pelo IAS 7;

    notas explicativas (as quais incluem a totalidade das polticas cont-

    beis utilizadas pelas empresas).

    Pelo menos uma vez ao ano, as demonstraes contbeis precisam ser apre-

    sentadas pelas empresas. Nos casos de haver alteraes na data do exerccio

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

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    social da empresa e, consequentemente, as demonstraes contbeis serem

    apresentadas em um perodo diferente de um ano, necessria a especificao

    das razes para utilizao de um perodo diferente de um ano, assim como o

    fato de as informaes perderem o poder de serem comparadas. Isso vale no

    somente para o Balano Patrimonial, para a Demonstrao do Resultado do

    Exerccio, para a Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido e para a

    Demonstrao dos Fluxos de Caixa.

    Tratando-se de ativos e passivos, h de se realizar a diferenciao de cor-

    rentes e no correntes na estrutura do Balano Patrimonial, em ordem cres-

    cente de liquidez. Diferenciao pode ocorrer, gerando a apresentao em

    ordem decrescente de liquidez, quando o usurio tiver informaes mais

    ricas em relevncia, confiabilidade e compreensibilidade. Os eventos cha-

    mados de subsequentes, os quais podem ser negociaes adicionais para a

    postergao de datas de vencimento de dvidas, no devem ser levados em

    considerao quando da classificao dos itens correntes ou no correntes e

    para o imposto de renda e a contribuio social sobre o lucro lquido diferi-

    do, sendo esses dois ltimos sempre considerados como no correntes.

    O IAS 1 ainda especifica um requerimento mnimo de itens a serem apre-

    sentados no Balano Patrimonial, na Demonstrao do Resultado do Exerc-

    cio e na Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido, alm de apre-

    sentar uma espcie de caminho para a identificao de itens adicionais. Por

    fim, evidencia a estrutura mnima a ser apresentada nas Notas Explicativas.

    A Demonstrao do Resultado do Exerccio deve ser apresentada pelas

    corporaes, classificando os itens de resultado baseados na sua funo,

    como receitas, custo de vendas, despesas administrativas, despesas de

    vendas, despesas operacionais, entre outras, ou na sua natureza, como recei-

    tas, outros ganhos, variaes nos saldos de estoques, custos com benefcios

    a empregados, depreciao, amortizao, entre outros. A ttulo informacio-

    nal, o modelo utilizado no Brasil o baseado na funo das contas.

    Quando se vai definir, internamente nas empresas, que forma de Demons-trao do Resultado do Exerccio vai ser adotada, entre por natureza ou por

    funo, a administrao deve considerar aquele que gera informaes com

    maior relevncia e confiabilidade para os usurios dessas informaes. Ao se

    apresentar a Demonstrao do Resultado do Exerccio por funo de itens de

    receitas e de despesas, algumas informaes adicionais por natureza, como

    depreciao, amortizao, custos com funcionrios, entre outros, devem

    ser divulgadas em Notas Explicativas. E, ainda, existindo outras receitas que

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    superem as receitas operacionais, torna-se mais interessante uma evidencia-

    o da Demonstrao do Resultado do Exerccio por natureza.

    No h receitas ou despesas a serem classificadas como item extraordin-

    rio nas demonstraes contbeis, tanto componentes da Demonstrao do

    Resultado do Exerccio como em Notas Explicativas.

    IAS 1 Principais diferenas em relao s

    normas brasileiras

    Neste momento sero apresentadas algumas diferenas entre a norma

    internacional IAS 1 e as normas brasileiras.

    Primeiramente, a norma IAS 1 no exige a apresentao da Demonstrao

    do Valor Adicionado (DVA), sendo que essa demonstrao se tornou obriga-

    tria para as companhias abertas brasileiras com o advento da Lei 11.638 de

    2007. O objetivo principal dessa lei foi a convergncia das normas brasilei-

    ras s normas internacionais. Interessante seria a exigncia da divulgao da

    DVA como uma das componentes das Notas Explicativas, gerando a possibi-

    lidade de ser comparada com as demonstraes contbeis divulgadas pelas

    empresas em pases que no o Brasil.

    Outra diferena est relacionada aos itens de natureza eventual e que

    ocorrem com pouca frequncia na estrutura patrimonial das entidades, de-

    vendo ser registrados como itens extraordinrios.

    De acordo com as normas internacionais, a apresentao da Demonstra-

    o do Resultado do Exerccio pode ser feita com as contas de receitas e de

    despesas discriminadas por funo ou por natureza e, seguindo as normas

    nacionais, essa demonstrao deve ser apresentada por funo.

    Por fim, seguindo as normas internacionais, a participao dos acionistas

    no controladores evidenciada no Patrimnio Lquido. J de acordo com

    as normas nacionais, apresentada entre o Passivo Exigvel a Longo Prazo eo Patrimnio Lquido.

    Detalhes da legislao brasileira e comparaes

    A CVM aprovou, por meio da deliberao 488 de 2005, a Norma e Proce-

    dimento de Contabilidade (NPC) 27 do Ibracon, que regulamenta a apresen-

    tao e a divulgao das demonstraes contbeis.

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    Na sequncia, segue um exemplo de estrutura do Balano Patrimonial,

    seguindo o especificado na norma IAS 1, apresentando as contas contbeis

    em ordem crescente de liquidez:

    Ativo Nota 2010 2009Patrimnio

    lquido e passivo Nota 2010 2009

    Ativo

    no correntePatrimnio lquido

    Imobilizado

    lquidoCapital social

    Investimentos

    societriosAes preferenciais

    Goodwill Aes ordinrias

    Contas a receber Reservas

    Impostos diferidos Lucros/prejuzosacumulados

    Participao

    minoritria

    Ativo correntePassivo

    no corrente

    Estoques Emprstimos

    Clientes Financiamentos

    Caixa e

    equivalentesImpostos diferidos

    Passivo corrente

    Fornecedores

    Salrios a pagar

    Impostos a recolher

    Total do ativo

    Total do

    patrimnio

    lquido e passivo

    Segundo o que se aprende no Brasil, a partir dos ditames da legislaosocietria e das normatizaes adicionais da CVM, essa estrutura difere da

    apresentada pelas empresas brasileiras, pois no apresenta as contas cont-

    beis seguindo o grau decrescente de liquidez.

    A seguir, ser apresentada uma estrutura sugerida, respeitando as nor-

    mas internacionais. No entanto, a ordem de apresentao das contas cont-

    beis ser a decrescente, considerando a liquidez.

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    Ativo 2010 2009 Patrimnio lquido e passivo 2010 2009

    Ativo corrente Passivo corrente

    Caixa e equivalentes Fornecedores

    Clientes Salrios a pagar

    Estoques Impostos a recolher

    Ativo no corrente Passivo no corrente

    Contas a receber EmprstimosInvestimentos societrios Financiamentos

    Imobilizado, lquido Impostos diferidos

    Goodwill Patrimnio lquido

    Impostos diferidos Capital social

    Aes preferenciais

    Aes ordinrias

    Reservas

    Lucros/prejuzos

    acumulados

    Participao minoritria

    Total do ativoTotal do passivo e

    patrimnio lquido

    Como se pode notar, a estrutura do Balano Patrimonial no Brasil muito

    se assemelha s normas internacionais quando essa demonstrao segue a

    ordem decrescente de liquidez na apresentao das contas contbeis.

    Na continuao, ser abordada a estrutura da Demonstrao do Resulta-

    do do Exerccio, de acordo com as duas formas previstas na norma IAS 1, ou

    seja, por natureza e por funo das contas.

    Demonstrao do Resultado do Exerccio por natureza 2010 2009

    Receita operacional lquida

    (-) Matria-prima e material de consumo utilizado

    (-) Despesas com pessoal (salrios e encargos sociais)

    (-) Despesas de depreciao e amortizao

    (-) Despesas com propaganda

    (-) Outras despesas operacionais

    Lucro operacional lquido(-) Despesas financeiras

    (+) Receitas financeiras

    (+) Outras receitas

    Lucro antes dos impostos

    (-) Imposto de renda corrente

    (-) Imposto de renda diferido

    Lucro lquido do exerccio

    Lucro por ao

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    Existem algumas diferenas entre a Demonstrao do Resultado por Exer-

    ccio, evidenciada por natureza ou por funo. Abaixo, segue uma estrutura

    sugerida de DRE por funo, tal como estabelecida pelas normas nacionais.

    Demonstrao do Resultado do Exerccio por funo 2010 2009

    Receita operacional lquida

    (-) Custo das vendas

    Lucro operacional bruto

    (-) Custos de distribuio

    (-) Despesas gerais e administrativas

    (-) Outras despesas operacionais

    Lucro operacional lquido

    (-) Despesas financeiras

    (+) Receitas financeiras

    (+) Outras receitas

    Lucro antes dos impostos(-) Imposto de renda corrente

    (-) Imposto de renda diferido

    Lucro lquido do exerccio

    Lucro por ao

    Por fim, segue a estrutura da Demonstrao das Mutaes do Patrimnio

    Lquido, de acordo com o que preconizado pela norma internacional IAS 1,

    emitida pelo IASB.

    Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido

    Itens Capital social ReservasLucros/prejuzos

    acumulados

    Patrimnio

    lquido

    Saldo em

    31 de dezembro de 2008

    (+/-) Variaes

    Saldo em

    31 de dezembro de 2009

    (+/-) Variaes

    Saldo em

    31 de dezembro de 2010

    Pode-se verificar que no caso da DMPL, quando se comparam as normas

    brasileiras com as normas internacionais, no h diferenas significativas

    na apresentao dos dados por parte das empresas, o que confirma o fato

    de que o Brasil j possui parte do caminho, em direo convergncias das

    normas brasileiras s normas internacionais, completo.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    Ampliando seus conhecimentos

    A busca pela harmonizao das

    Normas Internacionais de Contabilidadee a Convergncia aos Padres do IASB

    (MARTINS, 2007)

    O crescimento e a globalizao da economia mundial, principalmente atra-

    vs da influncia financeira das empresas multinacionais em outros pases,

    tm nos trazido um avano tecnolgico e informacional livre das barreiras

    do tempo e da distncia. Isso tem forado a adaptao das informaes con-

    tbeis, usualmente preparadas de acordo com padres e prticas locais, aos

    padres internacionais, para que assim atinjam igualmente as perspectivas

    dos usurios locais e dos externos, e assim possam ser interpretadas de forma

    unilateralmente correta e utilizadas como bases de medidas ou comparao

    uniformes.

    Essa necessidade de harmonizao das normas contbeis utilizadas no

    mundo inteiro surgiu, principalmente, a partir da necessidade de haver maior

    clareza na interpretao das informaes contidas nas demonstraes finan-

    ceiras das empresas, possibilitando, assim, maior grau de comparabilidade

    entre os resultados obtidos por diferentes empresas, estejam elas localizadas

    em qualquer que seja o pas.

    Apesar de sua convincente necessidade, essa adaptao tem enfrentado

    barreiras contra sua realizao, como: diferenas polticas, econmicas e so-

    ciais, alm das diferenas de linguagem, de moeda e de divergncias exis-

    tentes entre os princpios contbeis adotados em diversos pases. Essas dife-

    renas acabam levando, em alguns casos, a uma interpretao inadequada

    das informaes apresentadas nas demonstraes contbeis, resultando,

    em alguns casos, em anlises e resultados diferentes nas interpretaes dasmesmas informaes.

    A confirmao dessa necessidade apresentada pelas empresas multinacio-

    nais que, na necessidade de mensurar seu patrimnio, encontravam formas de

    mensurao diferentes entre seu pas de origem e os pases no quais estavam

    sediadas suas filiais. Um exemplo clssico disso foi o ocorrido no primeiro se-

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    27

    mestre de 1993 com a companhia alem Daimler-Benz, quando, de acordo com

    princpios contbeis da Alemanha, a companhia obteve um resultado opera-

    cional positivo de cerca de 168 milhes de marcos alemes e, de acordo com

    normas norte-americanas, evidenciou um resultado negativo de cerca de 949

    milhes de marcos alemes, ou seja, uma diferena considervel de cerca de 1,1

    bilho de marcos alemes. Dessa forma, para se evitar surpresas desse porte, asmultinacionais convencionaram adotar normas padronizadas para o grupo de

    empresas. Assim, as subsidirias estrangeiras so submetidas s normas adota-

    das pela matriz, geralmente as adotadas em seu pas de origem.

    O que acaba acontecendo, em alguns casos, que algumas companhias

    tm que preparar dois conjuntos de demonstrativos contbeis, um para aten-

    der s exigncias de seu pas, e outro para atender aos investidores estran-

    geiros. O que se tenta convencionar a adoo de um padro de normas in-

    ternacionais que contemple essas necessidades, dos dois usurios, com umnico conjunto de normas. Isso tambm se justifica quando considerado

    o fator custo, afinal, manter um sistema de contabilidade, que prepare dois

    conjuntos de demonstrativos contbeis para atender as exigncias diferentes

    de vrios usurios, se torna muito caro.

    Com base nisso, acredita-se que haveria grandes melhorias na consistncia

    das informaes contbeis e, consequentemente, no mercado financeiro, se

    usurios internos e externos de todas as empresas pudessem se basear no

    mesmo arcabouo de princpios e normas contbeis. Essa ideia consensoentre a maioria dos profissionais e pensadores da contabilidade, que tambm

    so bastante enfticos ao afirmar que o que se deseja harmonizar e con-

    vergir ao mximo possvel as normas de contabilidade, aproximando-se de

    um padro unificado, mas tendo a conscincia de que se chegar a um padro

    nico praticamente impossvel, tendo em vista os vrios interesses e opini-

    es divergentes existentes.

    A harmonizao das normas internacionais de contabilidade ainda pode

    ser argumentada atravs de trs critrios significativos de qualidade da in-formao, que so: a credibilidade, que trata da existncia de mais do que

    um conjunto de normas contbeis de demonstraes contbeis; a compara-

    bilidade, que trata da valia da comparabilidade da informao fornecida pela

    empresa com as fornecidas por outras empresas; e a eficincia de comunica-

    o, que trata da dificuldade para o usurio em compreender e interpretar as

    demonstraes financeiras.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    Essa busca pela harmonizao das normas e princpios contbeis eviden-

    ciada, principalmente, por rgos de representao da profisso contbil e por

    agentes regulamentadores da profisso. Um desses rgos o Internacional

    Accounting Standards Board(IASB), organismo privado criado no fim dos anos

    1990, substituindo o Internacional Accountant Standards Committee(IASC) de

    1970, depois de crises que afetaram diferentes pases asiticos. O IASB hojeconta com a participao de mais de uma centena de pases, e tem como ob-

    jetivo disseminar uma viso da contabilidade e provocar a convergncia das

    diferentes normatizaes mundo afora, rumo a um padro unificado.

    Outro importante organismo na disseminao da harmonizao das

    normas internacionais de contabilidade o International Organization for Go-

    vernmental Securities Commissions(IOSCO), nascido de nove pases, o rgo

    enfrentou dificuldades na sua adoo porque os Estados Unidos, principal

    mercado de capitais do mundo, no se disps a adotar as normas do IASC,devido divergncia de prticas entre as normas do IASC (hoje IASB) e os

    US GAAP princpios de contabilidade norte-americanos geralmente aceitos.

    Diante dessa situao o CFC (2006, apudCosife) preconiza que essas diferen-

    as se do devido ao fato de que, nos Estados Unidos, as prticas contbeis

    esto fortemente ligadas a um sistema legal que lhe prprio. Alguns au-

    tores como Niyama (2006) e Hendriksen (1999) colocam a contabilidade dos

    Estados Unidos entre as dos pases do bloco Anglo-Saxnico, no qual a classe

    contbil forte e sofre pouca influncia do governo, visto que se percebe

    claramente o enfoque da escola americana nos usurios externos (acionistas,

    credores, fornecedores e outros) e no no governo.

    A situao desse processo, hoje em dia, pode ser espelhada no que aconte-

    ce atualmente nos Estados Unidos, onde o fato de a Bolsa de Valores de Nova

    York ter permitido, no ano de 2005, que as empresas que negociassem suas

    aes nela elaborassem suas demonstraes seguindo as normas do IASB.

    Outra contribuio foi a criao do Financial Reporting Series(2006), que um

    esforo conjunto do FASB e do IASB, aceitando colaboraes de vrios rgos

    reguladores da contabilidade e de contadores de vrios pases do mundo, no

    sentido de harmonizar a utilizao das normas contbeis para as normas do

    IASB, estabelecidas depois de ampla discusso, no s com o FASB, mas com

    toda a classe contbil no mundo afora.

    Esse processo de harmonizao j uma realidade mundial. Isso j se torna

    uma realidade porque cerca de 79 pases, em cinco continentes, j adotam

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

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    osInternacional Financial Reporting Standards(IFRS) para resolver problemas

    materiais de normatizao e tratamento contbil. No Brasil, percebe-se uma

    tendncia de convergncia s normas do IASB, pois, rgos como o Banco

    Central do Brasil (Bacen), a Comisso de Valores Mobilirios (CVM), o Instituto

    Brasileiro de Contadores (Ibracon) e o Conselho Federal de Contabilidade

    (CFC) tm emitido normas no sentido de adequar certas prticas contbeisbrasileiras s normas internacionais.

    Numa anlise mais detalhada dos critrios de reconhecimento e mensura-

    o adotados pelo FASB e pelo IASB, se percebe algumas semelhanas e dife-

    renas entre os dois. A principal delas que se procurou destacar neste texto

    foi que o foco principal dos dois critrios a evidenciao de informaes

    voltadas tomada de decises.

    Em suma, compreende-se que os Estados Unidos tm contribudo de formaconsidervel para a harmonizao das normas e princpios contbeis interna-

    cionais, sendo que o IASB vem atuando no sentido de harmonizar as normas

    e princpios de contabilidade no mundo em parceria com outros organismos

    e profissionais, deixando, dessa forma, clara a importncia dessa harmoniza-

    o para as organizaes e para o mercado financeiro como um todo, e assim

    coordenando esforos de todos os atores pertinentes classe contbil, rumo

    harmonizao das prticas contbeis mundiais.

    Atividades de aplicao

    1. Qual o objetivo do Comit de Pronunciamentos Contbeis?

    2. Em linhas gerais, quais foram os objetivos das Leis 11.638 de 2007 e

    11.941 de 2009 para a contabilidade nacional?

    3. Diferencie harmonizaoepadronizaocontbil, considerando-as no

    contexto da contabilidade internacional.

    4. Qual o organismo de harmonizao internacional mais influente na

    contabilidade?

    5. Quais so os objetivos principais da norma internacional IAS 1, editada

    pelo IASB?

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    30

    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    Referncias

    ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade Avanada. So Paulo: Atlas, 1997.

    LEMES, Sirlei; CARVALHO, L. Nelson. Contabilidade Internacional para Gradu-

    ao: texto, estudos de casos e questes de mltipla escolha. So Paulo: Atlas,2010.

    MARTINS, Orleans Silva.A Busca pela Harmonizao das Normas Internacio-

    nais de Contabilidade e a Convergncia aos Padres do IASB.Publicado em:

    6 maio 2007. Disponvel em: www.contabeis.com.br/artigos/279/a-busca-pela-

    harmonizacao-das-normas-internacionais-de-contabilidade-e-a-convergencia-

    aos-padroes-do-iasb/>. Acesso em: 13 abr. 2011.

    NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade Internacional.So Paulo: Atlas, 2008.

    PEREZ JUNIOR, Jos Hernandez; OLIVEIRA, Luis Martins de. Contabilidade Avan-

    ada. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2001.

    REIS, Arnaldo; MARION, Jos Carlos. Contabilidade Avanada: para cursos de

    graduao e concursos pblicos. So Paulo: Saraiva, 2006.

    SCHMIDT, Paulo; SANTOS, Jos Luiz dos; FERNANDES, Luciane Alves. Contabilida-

    de Internacional Avanada.2. ed. So Paulo: Atlas, 2007.

    Gabarito

    1. O objetivo do Comit de Pronunciamentos Contbeis buscar a uni-

    ficao para realizar a convergncia das normas contbeis brasileiras

    aos padres internacionais.

    2. Entre vrios objetivos, estas leis buscavam dar mais alguns passos no

    processo de internacionalizao da contabilidade no Brasil.

    3. A harmonizao contbil o processo que tem o objetivo de manteras particularidades de cada pas, mas que permite readequar os siste-

    mas contbeis existentes com os de outros pases, com o fim claro de

    melhorar a troca de informaes a serem interpretadas e compreendi-

    das, enquanto que a padronizao conceituada como um processo

    de uniformizao dos critrios existentes, no permitindo qualquer

    flexibilizao.

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    Contabilidade internacional IASB e IAS 1

    31

    4. o International Accounting Standards Board(IASB), criado em 1973.

    5. Determinar a maneira de serem apresentadas as demonstraes con-

    tbeis seguindo as normas internacionais de contabilidade (IFRS) para

    fins gerais, incluindo diretrizes e contedo mnimo necessrio a ser

    apresentado.

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    Os pronunciamentos

    IAS 7, IAS 17 e IFRS 8

    IAS 7 Demonstrao dos Fluxos de CaixaNo ano de 1992, o International Accounting Standards Board (IASB), por

    meio do IAS17, substituiu o Statement of Changes in Financial Position, antes

    denominado de Demonstrao das Origens e Aplicaes de Recursos (DOAR),

    pela Demonstrao dos Fluxos de Caixa (DFC).

    Ainda segundo esse pronunciamento, a DFC deve ser apresentada de tal

    forma que evidencie todos os fluxos de caixa de um perodo pelos valores

    brutos. No entanto, alguns recebimentos e pagamentos referentes a itens derotao rpida, valores elevados e vencimentos de curto prazo podem ser di-

    vulgados pelas variaes lquidas ocorridas durante determinado perodo.

    O conceito de caixa ampliado, de acordo com o IAS 7, com o objetivo de

    melhorar a compreenso dos equivalentes-caixa, j que h de ser considera-

    do que as sociedades, em condies de normalidade, apliquem suas sobras

    de caixa em investimentos que, por regra, pertenam ao curto prazo.

    Sendo assim, o IAS 7 considera equivalentes-caixa os investimentos ins-

    tantaneamente realizveis em valores de caixa previamente conhecidos e

    sujeitos a um insignificante risco de mudana de valor. Dessa forma, quali-

    ficam-se como equivalentes-caixa os investimentos de curto prazo, sendo

    esse prazo considerado de trs meses ou menor.

    Entre os exemplos que podem ser citados como equivalentes-caixa pelo

    IASB, esto as letras do tesouro, os commercial papers(ttulos emitidos por

    companhias privadas, que possuem prazo de realizao de at um ano), as

    aplicaes financeiras de renda fixa (curto prazo) e as aplicaes em dep-

    sitos interfinanceiros, no caso de empresas com operaes predominante-

    mente bancrias.

    As aquisies e as vendas desses investimentos com reflexo no caixa so

    geralmente parte das atividades de gerenciamento de caixa de uma empre-

    sa, em vez de serem consideradas como atividades operacionais, de inves-

    timentos ou de financiamentos e, logo, as mincias de tais transaes no

    devem estar no corpo da DFC.

    1International Ac

    Standards.

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    Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8

    Detalhes e descrio da norma internacional

    De acordo com o IAS 7, o modelo de DFC est dividido em trs categorias

    de fluxos de caixa, conforme segue.

    Atividades operacionaisAqui, esto includas todas as transaes e eventos adicionais que no se

    definem como atividades de investimento ou atividades de financiamento.

    Em linhas gerais, o fluxo de caixa das atividades operacionais proveniente

    das principais atividades geradoras de receita de uma empresa. Dessa forma,

    representa o efeito caixa das transaes que contribuem para a formao do

    lucro lquido.

    Atividades de investimento

    J aqui esto includas a concesso e o recebimento de emprstimos e de

    financiamentos, a aquisio e a alienao de investimentos em outras enti-

    dades empresariais e os investimentos em bens imobilizados ou ativos com

    longa vida til, os quais sejam utilizados para a produo de bens ou para a

    prestao de servios geradores de receita.

    Atividades de financiamento

    Por fim, aqui esto includas as operaes que abarquem a obteno de

    capital dos proprietrios da entidade, alm da respectiva remunerao, o re-

    cebimento e o pagamento de emprstimos obtidos, a obteno e a liquida-

    o de outros recursos obtidos de credores, inclusive os exigveis em longo

    prazo.

    Especificamente para as instituies bancrias, as instrues normativas

    emitidas pelo IASB no especificam um modelo de DFC especfico para ser

    usado nesse setor. Para essas empresas, praticamente no existem diferenasfrente s empresas no financeiras, somente por distino feita em alguns

    dos itens que compem os trs grupos de atividades da estrutura da DFC.

    Esse detalhe est mais especificamente explcito no pargrafo 15 do IAS

    7, o qual aventa que os adiantamentos de caixa e emprstimos feitos por

    instituies financeiras so usualmente classificados como atividades ope-

    racionais, uma vez que se referem principal atividade geradora de receita

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    daquela empresa. De maneira anloga, os juros pagos e os recebidos por

    instituies financeiras, agora de acordo com o pargrafo 33 do IAS 7, devem

    fazer parte das atividades operacionais. Esse trecho acaba por ser confirma-

    do em um exemplo de DFC em instituio financeira apresentado em apn-

    dice do IAS 7. Naquele ponto, todas as movimentaes das principais formas

    de captao de recursos para intermediao financeira, por exemplo, os de-

    psitos dos clientes, tambm so classificadas como operacionais.

    J com relao ao mtodo de apresentao dos fluxos de caixa das ativi-

    dades operacionais, o IAS 7 abre a alternativa de as empresas realizarem a

    confeco do mtodo direto ou indireto, apresentando leve inclinao para

    a utilizao do mtodo direto, j que ele permite a divulgao de informa-

    es mais completas, consideradas mais teis pelos usurios.

    Mesmo com esse direcionamento por parte da normativa internacional,

    apenas uma pequena quantidade de empresas apresenta a DFC com a utili-zao do mtodo direto, fazendo com que as informaes divulgadas para o

    pblico em geral no tenham o mximo de eficcia que poderiam ter.

    Normas para instituies financeiras

    Com as recentes atualizaes da legislao societria na primeira dcada

    de 2000, a exigncia da publicao da DFC no Brasil se tornou efetiva, dei-

    xando a DOAR de ser obrigatria.No entanto, nunca demais salientar que o Instituto dos Auditores In-

    dependentes do Brasil (Ibracon), desde 1999, por meio do pronunciamento

    denominado Normas e Padres Contbeis (NPC 20), j recomendava que a

    DFC fosse divulgada de maneira discricionria.

    Inclusive, o modelo da DFC que proposto pelo Ibracon semelhante ao

    modelo proposto pelo IASB, embora bastante sucinto, pois especifica que os

    fluxos de caixa devem ser classificados quanto atividade em operacional,

    de investimento e de financiamento, podendo, ainda, ser apresentado pelosmtodos direto ou indireto.

    Adicionalmente, a Comisso de Valores Mobilirios (CVM), em 2006,

    tambm regulamentou a divulgao da DFC com a publicao do Ofcio-

    -Circular 01daquele ano, o qual determinava que as companhias de capital

    aberto que realizassem a divulgao da DFC no exterior estariam obrigadas

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    a divulg-la tambm no Brasil, mantendo a mesma estrutura e formato da

    DFC divulgada no exterior. Na sequncia, segue trecho legal da norma:

    Divulgao segundo as normas brasileiras e normas estrangeiras.As companhias abertas vm divulgando a DFC de forma suplementar s suasdemonstraes contbeis, dando uma conotao de informao de natureza voluntria.No entanto, as companhias que divulgarem essa informao no exterior so obrigadas a

    divulg-la no Brasil para que no ocorra a divulgao de informaes de forma privilegiadae assimtrica entre os diferentes mercados. As companhias devem atentar, tambm, paraque a divulgao da Demonstrao dos Fluxos de Caixa divulgada no Brasil seja a mesmadivulgada no exterior, ou seja, tenha o mesmo formato e estrutura, para que no hajaprejuzo ao entendimento do investidor. (OFCIO-CIRCULAR/CVM/SNC/SEP N. 01/2006)

    Tratando-se de instituies financeiras, o Plano Contbil das Instituies

    do Sistema Financeiro Nacional (COSIF) tambm normatizou, estabelecendo

    modelo de DOAR diferente do que era tratado na legislao societria, o qual

    possui similaridades com a DFC elaborada pelo mtodo indireto, j que no

    relata variaes no capital circulante lquido (CCL), tal como requisito bsico

    do modelo tradicional da DOAR, mas, sim, a variao nas disponibilidades.

    As instituies que esto no mercado de aes norte-americano, ou seja,

    as que emitemAmerican Depositary Receipts(ADR) nos EUA elaboram a DFC,

    no mbito do Formulrio 20F, segundo os padres do Financial Accounting

    Standard Board(FASB), que o rgo normatizador das regras contbeis na-

    quele pas.

    IAS 17 Arrendamento (Leasing)O IAS 17 normatiza o registro contbil e a divulgao de operaes rela-

    cionadas a arrendamento mercantil. Essa norma deve ser seguida tanto por

    arrendadores quanto por arrendatrios em sua completude.

    A legislao tributria possui grande influncia nesta matria no Brasil,

    determinando o registro dos bens que so objeto de arrendamento no

    Ativo das arrendadoras, independentemente da classificao da operao,

    quer seja como arrendamento mercantil ou como financeiro ou operacional.Dessa forma, a contabilidade nacional, praticada por empresas que atuam

    no Sistema Financeiro Nacional (SFN) diverge dos padres estabelecidos

    pelo IASB. A seguir, apresentam-se as operaes que no esto sujeiras s

    disposies contidas no pronunciamento IAS 17:

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    I - arrendamento mercantil para explorao de minrios, petrleo, gs natural e recursossimilares no regenerveis;

    II - acordos de licenciamento para itens como fitas cinematogrficas, registros de vdeos,peas teatrais, manuscritos, patentes e direitos autorais;

    III - propriedades detidas por arrendatrios que sejam registradas como investimentos(IAS 40 - Investment Property);

    IV - propriedade de investimento proporcionada por arrendadores por meio dearrendamento operacional (IAS 40 - Investment Property);

    V - ativos biolgicos detidos por arrendatrios por meio de arrendamento financeiro (IAS41 -Agriculture);

    VI - ativos biolgicos proporcionados por arrendadores por meio de arrendamentooperacional. (IAS 41 Agriculture, apud BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)

    Algumas dessas operaes, em terras nacionais, so reguladas por agn-

    cias nacionais reguladoras ou possuem regulamentao especfica, j subor-

    dinada a diferentes normas do IASB.

    Detalhes e descrio da norma internacional

    Dentro da estrutura do IAS 17, as ocorrncias de arrendamento mercantil so

    classificadas em operacionais e financeiras e enfatizam a transferncia dos riscos

    e dos benefcios relacionados propriedade dos ativos, do arrendador para o

    arrendatrio. De maneira mais direta, o pronunciamento internacional observa

    a essncia econmica da operao em vez da forma jurdica da mesma.

    Arrendamento financeiro corresponde s operaes nas quais podem

    ser classificados todos os riscos e benefcios ligados propriedade do ativo

    e que so substancialmente transferidos para o arrendatrio. Como arren-

    damento operacional, so definidas as operaes que no so classificadas

    como arrendamento financeiro, ou seja, aquelas em que os riscos e os bene-

    fcios ligados propriedade dos ativos no so transferidos ao arrendatrio.

    O pronunciamento do IASB especifica algumas situaes que, individual-

    mente ou em conjunto, ensejariam uma correta classificao da operao na

    categoria arrendamento financeiro:

    I - o contrato transfere a propriedade do ativo para o arrendatrio ao final do perodo doarrendamento;

    II - o contrato d ao arrendatrio a opo de comprar o ativo por um preo que se esperaser suficientemente inferior ao valor justo do ativo na data em que a opo se tornarexercvel de modo que, no incio do arrendamento, seja razoavelmente certo que a oposer exercida;

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    III - o ativo for arrendado por um perodo superior sua vida econmica, mesmo que ottulo no seja transferido;

    IV - o valor presente dos pagamentos mnimos, no incio do arrendamento, for pratica-mente igual ao valor justo do bem arrendado;

    V - os ativos arrendados forem de natureza especfica de tal maneira que somente oarrendatrio poderia utiliz-los sem que fossem feitas modificaes significativas. (BANCO

    CENTRAL DO BRASIL, 2011a)

    De maneira adicional, o pronunciamento IAS 17 apresenta algumas situ-

    aes que, tambm individualmente ou em conjunto, caracterizam o arren-

    damento financeiro, conforme especificado a seguir:

    I - o arrendatrio poder cancelar o contrato arcando com os eventuais prejuzos doarrendador, relacionados ao cancelamento;

    II - o contrato estabelecer que os ganhos ou perdas decorrentes da flutuao do valorjusto do valor residual so atribuveis ao arrendatrio; e

    III - o contrato possibilitar que o arrendatrio continue o arrendamento por um segundoperodo, pagando contraprestaes substancialmente inferiores ao valor de mercado doreferido arrendamento. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011a)

    Essas situaes deixam claros os processos que devem ser analisados

    para que uma operao deva ser considerada como arrendamento financei-

    ro, seguindo os ditames do pronunciamento internacional.

    Reconhecimento das operaes nos arrendatrios

    O pronunciamento IAS 17 estabelece as formas corretas de se classificaras operaes de arrendamento mercantil entre as modalidades operacional

    e financeira e, adicionalmente, tambm dispe sobre o tratamento contbil

    dado a essa operao tanto pelo arrendador como pelo arrendatrio.

    Tratando-se das demonstraes contbeis do arrendatrio, as operaes

    de arrendamento operacional no so reconhecidas na sua estrutura. Nesses

    casos, o IAS 17 estabelece que essas contraprestaes pagas devam ser reco-

    nhecidas na forma de despesa de maneira equalizada e constante por todo

    o prazo do arrendamento, a no ser que exista outra base que melhor repre-sente o tempo do benefcio do usurio do bem.

    Para os casos de arrendamento financeiro, tais operaes devem ser reco-

    nhecidas no balano do arrendatrio como um ativo e um passivo simulta-

    neamente, com valores iguais e por valor justo do ativo arrendado ou, ainda,

    pelo valor presente das contraprestaes, no caso de este ltimo ser o valor

    mais baixo.

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    No clculo do valor presente dos pagamentos mnimos, a taxa de juros

    a ser utilizada deve ser a taxa de juros da prpria operao, especificada de

    maneira explcita ou no. Para uma situao em que no seja possvel a sua

    determinao, a taxa a ser utilizada deve ser a de captao de financiamento

    por parte do arrendatrio. No se pode esquecer, para a composio do valor

    do referido ativo, todo e qualquer custo direto inicial em que o arrendatrio

    tenha incorrido.

    O IAS 17 ainda define, para operaes de arrendamento financeiro, que

    as contraprestaes a pagar pelo arrendatrio durante o contrato devem ser

    diludas nos encargos financeiros que incidirem sobre essa operao e sobre

    a amortizao do passivo.

    Deve ser observado, por parte do arrendatrio, o Princpio da Competn-

    cia, respeitando os fatos geradores, ou seja, o tempo de vigncia do contrato

    para a correta alocao dos encargos financeiros gerados, resultando, comisso, uma taxa peridica e constante de juros sobre o saldo do passivo.

    No caso de arrendamento financeiro, o IAS 17 estabelece que os aluguis

    contingentes (definidos pela norma como a parcela das contraprestaes

    que no fixada, pois baseada em fator divergente da simples sequncia

    temporal), sejam reconhecidos como despesas no perodo em que foram in-

    corridos efetivamente.

    Para a depreciao, o IAS 17 define que o arrendatrio deve efetuar o cl-

    culo para os ativos considerados em contratos de arrendamento financeiro

    sempre considerando o perodo esperado de uso do ativo, em uma base re-

    lacionvel com a poltica de depreciao utilizada para o restante dos ativos

    depreciveis e de acordo com o que tambm estabelecido pelo pronuncia-

    mento IAS 16 (Property, Plant and Equipment) e IAS 38 (Intangible Assets).

    A Norma estabelece, ainda, que se houver certeza razovel de que a pro-

    priedade do ativo ser transferida para o arrendatrio no final do contrato, o

    perodo de uso esperado a prpria vida til do ativo. Caso ocorra de manei-

    ra distinta, o ativo deve ser depreciado durante o prazo do arrendamento ou

    de sua vida til, considerando o menor perodo entre as duas alternativas.

    Os requisitos do pronunciamento IAS 32 (Financial Instruments: Disclosure

    and Presentation) devem ser satisfeitos nas operaes de arrendamento fi-

    nanceiro, mas de maneira adicional, os arrendatrios tambm devem realizar

    a divulgao dos seguintes pontos:

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    I - o valor contbil lquido na data do balano, para cada categoria de ativo;

    II - uma reconciliao entre o valor total dos pagamentos mnimos e o seu valor presentee, ainda, os valores totais desses pagamentos e o valor presente dos pagamentos a seremefetuados nos perodos at um ano, entre um e cinco anos, e valores acima de cinco anos;

    III - os aluguis contingentes reconhecidos como despesa no perodo. (BANCO CENTRALDO BRASIL, 2011a)

    Considerando as operaes de arrendamento operacional, os arrendat-

    rios devem divulgar o total de pagamentos mnimos futuros dos arrenda-

    mentos operacionais que no sejam passveis de cancelamento e que sero

    efetuados no perodo de um ano, entre um e cinco anos e acima de cinco

    anos.

    Por fim, os arrendatrios ainda devem divulgar, em ambos os arrenda-

    mentos (financeiros e operacionais), as seguintes informaes:

    I - o valor total dos pagamentos futuros mnimos de subarrendamentos a receber dossubarrendamentos que no sejam passveis de cancelamento;

    II - uma descrio geral dos principais contratos de arrendamento, incluindo, no mnimo,as informaes que seguem:

    a) a base pela qual os aluguis contingentes so determinados;

    b) a existncia de clusulas sobre prazos de renovao ou opes de compra e de repassede custos;

    c) as restries impostas pelos contratos de arrendamento, tais como aquelas relativas a

    dividendos, a dvidas adicionais e a arrendamentos futuros. (BANCO CENTRAL DO BRASIL,2011a)

    Reconhecimento das operaes nos arrendadores

    Os arrendadores, por sua vez, nas operaes de arrendamento financeiro,

    devem realizar o reconhecimento dos ativos que so mantidos sob o arren-

    damento financeiro no balano como Ativos Realizveis por um valor que

    seja igual ao saldo do investimento lquido do arrendamento.

    O devido reconhecimento da receita financeira deve ser expresso por va-

    lores que evidenciem uma taxa de retorno peridica e constante ocorrida

    sobre o investimento lquido do arrendador no arrendamento financeiro.

    Tratando-se das operaes de arrendamento operacional, os arrendado-

    res devem reconhecer os ativos utilizados nos contratos de arrendamento

    operacional seguindo a natureza de cada um deles. Os custos diretos iniciais

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    que foram incorridos pelos arrendadores para que ocorresse um arrenda-

    mento operacional so adicionados ao valor do ativo registrado e, tambm,

    reconhecidos como despesa durante o prazo do contrato, proporcionalmen-

    te ao reconhecimento das receitas do arrendamento que forem auferidas.

    Nos contratos de arrendamento operacional, as receitas geradas devem

    ser reconhecidas em valores peridicos e constantes por toda a vigncia docontrato, exceo dada quando exista uma base mais bem representativa

    do tempo para que o benefcio do uso do bem que esteja arrendado seja

    diminudo.

    A forma de se tratar a depreciao dos ativos que estejam arrenda-

    dos deve ser semelhante forma utilizada normalmente pelo arrendador,

    quando considerar ativos semelhantes aos arrendados, e deve ser calculada

    seguindo os ditames do IAS 16 (Property, Plant and Equipment) e do IAS 38

    (Intangible Assets).

    Os arrendadores ainda devem, de maneira adicional aos requisitos do

    IAS 32 (Financial Instruments: Disclosure and Presentation), para a divulgao

    das operaes de arrendamento financeiro, reconciliar o saldo do inves-

    timento bruto total no arrendamento, na data do balano, e evidenciar o

    valor presente dos recebimentos mnimos em arrendamentos a receber no

    futuro.

    Tambm uma obrigao dos arrendadores a realizao de divulgao do

    saldo do investimento bruto total no arrendamento, na data do balano, e o

    valor presente dos recebimentos mnimos em arrendamentos a receber nos

    perodos at um ano, entre um e cinco anos, e para as operaes com prazo

    superior a cinco anos. Devem divulgar a receita financeira a realizar, os valores

    residuais no garantidos em favor do arrendador e o saldo da proviso estima-

    da para crditos de liquidao duvidosa, eventualmente constituda com base

    nos arrendamentos mnimos a receber que forem considerados incobrveis.

    Mudando o foco para as operaes de arrendamento operacional, os ar-

    rendadores devem realizar a divulgao relativa a pagamentos futuros mni-

    mos dos arrendamentos operacionais que no sejam passveis de cancela-

    mento, por seus valores totais e a receber no intervalo de um ano, entre um

    e cinco anos e em um perodo superior a cinco anos.

    Considerando ambos os arrendamentos (financeiros e operacionais), os

    arrendadores devem realizar a divulgao das seguintes informaes:

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    Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8

    I - os aluguis contingentes reconhecidos como receita durante o perodo;

    II - uma descrio geral dos principais contratos de arrendamentos do arrendador. (BANCOCENTRAL DO BRASIL, 2011a)

    Operaes deSale and Leaseback

    O tratamento contbil que dado a uma transao de Sale and Leaseback2

    varia conforme o tipo do arrendamento considerado na operao. Para os casos

    em que a transao de Sale and Leasebackgerar um arrendamento financeiro,

    o lucro na venda do ativo, quando o valor venal for maior que o valor contbil,

    deve ser diferido, amortizado durante o prazo de arrendamento, e evidenciado

    nas demonstraes contbeis do vendedor-arrendatrio.

    Para o caso de a operao de Sale and Leasebackgerar um arrendamen-

    to operacional e ficar claro que a operao foi realizada sendo consideradovalor justo, todo e qualquer resultado (lucro ou prejuzo) que seja oriundo

    da venda do ativo deve ser imediatamente reconhecido nas demonstraes

    contbeis do vendedor-arrendatrio.

    Considerando as situaes em que o referido preo de venda ficar

    abaixo do valor justo, os resultados gerados na venda do ativo devem ser

    imediatamente reconhecidos nas demonstraes contbeis do vendedor-

    -arrendatrio.

    Uma situao especfica deve ser apresentada para o caso de o prejuzoser compensado com pagamentos mnimos inferiores ao preo de mercado.

    Para esse caso, tal prejuzo deve ser diferido e, na sequncia, amortizado pro-

    porcionalmente s contraprestaes durante o perodo em que tem a expec-

    tativa de que o ativo venha a ser utilizado.

    Mas se o preo de venda estiver acima do valor justo, esse excesso diante

    do valor justo dever ser diferido e, posteriormente, amortizado durante o

    perodo em que se espera que o ativo possa ser utilizado.

    Para as operaes de Sale and Leasebackque resultarem em arrendamen-

    tos operacionais, caso o valor justo do ativo na data da operao seja menor

    que o seu respectivo valor contbil, o prejuzo que for decorrente da diferen-

    a entre ambos deve ser imediatamente reconhecido.

    Espcie de contrato derendamento mercan-

    financeiro, pelo qualpessoa jurdica vende

    ens do seu ativo imobi-ado a uma empresa derendamento mercantil

    simultaneamente, osrenda de volta com a

    po de compra exerci-vel aps o trmino do

    ontrato. Disponvel em:http://jus.uol.com.br/vista/texto/9253/arren-

    amento-mercantil-sale-nd-lease-back>. Acesso

    m: 11 maio 2011.

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    Normas para instituies financeiras

    A Lei 6.099 de 1974, a qual possui alteraes introduzidas pela Lei 7.132

    de 1983, estabelece as normas brasileiras para as operaes de arrendamen-

    to. Muito embora esses textos legais estabeleam o tratamento tributrio

    das operaes de arrendamento mercantil, eles tambm determinam que

    os bens destinados ao arrendamento mercantil devam ser registrados pelacontabilidade em conta especfica no grupo Ativo No Circulante, subgru-

    po Imobilizado da arrendadora, gerando, dessa forma, um ponto divergente

    entre as regras nacionais e as normas internacionais.

    Toda a regulamentao de operaes de arrendamento dentro do Sis-

    tema Financeiro Nacional (SFN) est evidenciada no regulamento anexo

    Resoluo 2.309, de 1996, com as alteraes estabelecidas pelas Resolu-

    es 2.595 e 2.659, ambas de 1999, e pela Resoluo 3.175, de 2004, alm

    de consolidada no COSIF 1.7 (Operaes de Arrendamento Mercantil) e noCOSIF 1.11.8 (Imobilizado de Arrendamento). Especificamente a Resoluo

    2.309/96 estabelece duas formas de operaes de arrendamento, que so os

    financeiros e os operacionais.

    No arrendamento financeiro, so includas as operaes nas quais as con-

    traprestaes e os demais pagamentos previstos no contrato, desde que

    devidos pela arrendatria, sejam normalmente suficientes para que a ar-

    rendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo de vigncia

    do contrato e, alm disso, que possa obter um retorno financeiro sobre osrecursos que foram investidos e cujas despesas de manuteno, assistncia

    tcnica e servios relacionados operacionalidade do bem arrendado sejam

    de responsabilidade da arrendatria. Ainda, cujo preo para o exerccio da

    opo de compra seja pactuado de maneira no arbitrria, podendo at ser

    o valor de mercado do bem arrendado no instrumento contratual.

    Dentro das operaes de arrendamento operacional, so includas as

    operaes em que as contraprestaes a serem pagas pela arrendatria este-

    jam relacionadas ao custo de arrendamento do bem e os servios inerentes asua colocao disposio da arrendatria, no podendo, ainda, o valor pre-

    sente dos pagamentos ultrapassar o equivalente a 90% (noventa por cento)

    do custo do bem, em que o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e

    cinco por cento) do prazo de vida til econmica do bem, cujo preo para o

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    exerccio da opo de compra seja o valor de mercado do bem arrendado e

    que no haja nenhuma previso de pagamento de Valor Residual Garantido

    (VRG).

    Para o correto reconhecimento das operaes de arrendamento, o COSIF

    estabelece que o arrendador deva registrar ditas operaes de arrendamento

    financeiro dentro do seu ativo, na conta contbil Arrendamentos Financeirosa Receber, com a devida reduo das Rendas a Apropriar de Arrendamentos

    Financeiros a Receber. Essas rendas contratuais devem sofrer apropriaes

    peridicas e mensais durante a vigncia do contrato e, para os contratos que

    possuam clusulas de variao cambial, tais saldos devem ser atualizados

    tambm seguindo periodicidade mensal enquanto ocorrer a vigncia do

    contrato.

    O valor residual deve ser registrado pelo arrendador no ativo, na conta

    contbil Valor Residual a Realizar, tendo como contrapartida nesse lana-mento a conta contbil retificadora denominada Valores Residuais a Balan-

    cear. As parcelas relativas antecipao do VRG devem ser registradas conta-

    bilmente em conta denominada Credores por Antecipao de Valor Residual,

    em contrapartida com a adequada conta de Disponibilidade, classificada no

    Ativo Circulante.

    Por fim, a arrendadora tambm deve classificar as operaes de arrenda-

    mento de acordo com o nvel de risco apresentado, seguindo o estabelecido

    na Resoluo 2.682, de 1999, constituindo a respectiva Proviso Estimadapara Crditos de Liquidao Duvidosa.

    IFRS 8 Informaes por segmento

    O pronunciamento IFRS38 foi trazido para a norma brasileira por meio do

    pronunciamento contbil CPC 22 informaes por segmento. As empresas

    que se subordinam a essas regras so as companhias abertas ou em proces-

    so de abertura de capital, alm de empresas que possuam instrumentos dedvida negociados no mercado de capitais ou que, ainda, estejam durante o

    processo de emisso de tais ttulos.

    O IFRS 8 estabelece que as empresas realizem a divulgao de informa-

    es que permitam aos usurios das demonstraes financeiras a avaliao

    da natureza e dos efeitos das atividades do negcio que ela desenvolve e

    o ambiente econmico em que ela est inserida. Dessa forma, o objetivo

    International Financial

    eporting Standards.

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    Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8

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    principal divulgar a informao utilizada pela alta gesto no processo de

    tomada de decises, fato que permitiria aos usurios a compreenso das

    principais atividades empresariais, onde elas esto localizadas e, ainda, quo

    bem elas esto desempenhando essas atividades.

    Em linhas gerais, mesmo que no seja obrigada pelos ditames do pro-

    nunciamento IFRS 8, uma empresa pode divulgar suas informaes por seg-mento. Na situao de uma empresa no se encaixar em nenhuma obrigato-

    riedade, caso ela queira apresentar essas informaes por segmento, ela ter

    que aplicar o que est estabelecido na norma IFRS 8 na totalidade.

    Uma empresa no pode selecionar apenas uma quantidade especfica de

    informaes por segmento. Ou ela realiza a divulgao de tudo o que re-

    querido pela norma internacional ou no divulga informao alguma, iden-

    tificando todos os segmentos operacionais no momento da divulgao.

    A IFRS 8 define a figura do Chief Operating Decision Maker (CODM), tra-

    duzido para o portugus como tomador de decises operacionais. Embora

    a norma no deixe clara, esse tomador de decises pode ser um grupo de

    pessoas e, no necessariamente, uma nica pessoa.

    Por regra, nas companhias abertas, aquele que toma as principais deci-

    ses operacionais no um nico ser, e sim, um grupo de indivduos. No caso

    de grandes empresas, que possuem vrias unidades de negcio, normal

    que haja uma pessoa com a funo de alimentar um indivduo ou grupo de

    indivduos centralizadores de decises, alm de discutir as atividades opera-

    cionais, os resultados financeiros, as projees e os planos para as atividades

    de sua unidade de negcios.

    Esse indivduo ou grupo de indivduos centralizadores de decises para

    quem o gerente de cada unidade se reporta quem est, geralmente, res-

    ponsvel por alocar os recursos e avaliar o desempenho das unidades de

    negcio de uma empresa e, portanto, conhecido como o CODM.

    No entanto, h de se definir de maneira prvia quem ser ou quem seroo CODM, haja vista que a estrutura funcional varia de empresa para empresa

    e, como consequncia, a maneira que cada uma tem de gerenciar suas deci-

    ses tomadas.

    O IFRS 8 determina que um segmento operacional um componente

    para o qual haja informao financeira individualizada disponvel. A simples

    existncia de um balano sobre um segmento no suficiente para que ele

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    Os pronunciamentos IAS 7, IAS 17 e IFRS 8

    seja classificado com o um segmento operacional. Como informaes adi-

    cionais, devem ser disponibilizadas informaes de desempenho, tais como

    receita e lucro bruto por linha de produto ou servios.

    A administrao pode organizar os segmentos operacionais entre reas

    geogrficas distintas, em vez de organizar por produtos e servios (o que

    mais comum), permitindo a agregao de tais segmentos. Nesse caso, s possvel essa agregao quando essas reas ou pases verdadeiramente

    possuam caractersticas econmicas similares e sejam parecidos tambm na

    natureza dos produtos e servios e dos processos de produo, no tipo ou na

    categoria de clientes, nos mtodos usados para distribuir produtos ou pres-

    tar servios e, quando for aplicvel, o ambiente regulatrio para o caso de

    bancos, seguradoras ou servios pblicos, tais como telefonia, por exemplo.

    Divulgao de segmentoslucrativos e deficitrios

    O pronunciamento nacional, o CPC 22, estabelece que o teste dos 10%

    deve ser aplicado pela administrao da empresa quando da divulgao das

    informaes por segmento. Nesse teste, a administrao requerida a indicar

    se o valor absoluto do lucro ou prejuzo por segmento maior ou igual a 10%

    do valor absoluto do:

    a) lucro apurado combinado de todos os segmentos que no apresenta-rem prejuzo;

    b) prejuzo apurado combinado de todos os segmentos que apresenta-

    rem prejuzo.

    Vejamos um exemplo ilustrativo de uma empresa com vrios segmentos

    operacionais, analisando quais segmentos devem ser publicados ou no pu-

    blicados, de acordo com o teste dos 10%:

    Segmento Receita total (R$) Lucro/(prejuzo) (R$) Ativo total (R$)

    Nordeste 9.000 1.200 18.600

    Sudeste 4.200 (600) 8.400

    Sul 13.200 2.400 30.000

    Norte 1.800 480 4.200

    Central 3.600 (1.200) 12.600

    Oeste 4.800 720 8.400

    Total 36.600 3.000 82.200

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    Essa empresa possui seis segmentos. Todos os dados relativos a receitas,

    resultados e total de ativos esto divulgados na tabela anterior. As informa-

    es so relacionadas ao ano imediatamente anterior e essa empresa precisa

    analisar quais segmentos sero divulgados ou no.

    Os segmentos do Sul, Nordeste, Sudeste e Oeste atendem claramente

    aos testes relacionados com as receitas, sendo segmentos divulgveis e noocorrendo a necessidade de mais testes a serem realizados.

    O segmento Central no atende ao teste da receita, pois no atinge 10%

    do total das receitas, mas representa mais do que 10% do total dos ativos,

    atendendo a esse segundo teste e tornando-se um segmento tambm divul-

    gvel. Tambm no necessrio que seja realizado o teste do lucro.

    O segmento Norte no passou nos testes nem da receita nem no total dos

    ativos, mas satisfaz o critrio do lucro. O lucro de 480, representando mais de10% do total dos segmentos que apresentaram prejuzo (1.800) e represen-

    ta exatamente 10% do total de todos os segmentos que apresentaram lucro.

    Dessa forma, o segmento Norte tambm se apresenta como divulgvel.

    Ainda importante ser observado que, na situao de um segmento no

    atender a esse critrio estabelecido na norma relacionado aos 10%, a admi-

    nistrao da empresa pode optar por divulgar informaes no requeridas,

    de acordo com julgamento prprio sobre a relevncia da informao para os

    interessados, ou seja, o pblico em geral.

    Ampliando seus conhecimentos

    Ativo Imobilizado (IAS 16)Deemed Cost

    (CONRADO; LOPES, 2010)

    Desde janeiro de 2010, com base no pronunciamento tcnico CPC 27 (IAS

    16), as sociedades devem adotar a vida til econmica estimada de seus ativosimobilizados como prazo para fins de reconhecimento da depreciao. Nesse

    processo, estima-se o valor a ser obtido com a venda do bem ao fim de sua

    vida til (valor residual), e essa parcela no dever ser depreciada.

    Devido s taxas de depreciao determinadas pela Receita Federal,

    muitas sociedades possuem ativos com estimativas de vida til econmica

    muito distorcidas em relao realidade operacional. So ativos que, apesar