apostila de an+ílise economico financeira_marines taffarel

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Apostila

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE UNICENTRO

    CAMPUS UNIVERSITRIO DE IRATI DEPARTAMENTO DE CINCIAS CONTBEIS DECIC/I

    PS-GRADUAO EM CONTROLADORIA E FINANAS

    ANLISE ECONMICA FINANCEIRA

    Profa. Ms. Marins Taffarel

    Contedo: 1 A importncia da informao na anlise dos negcios

    2 Anlise Econmico-financeira nas empresas 2.1 A Anlise das Demonstraes Contbeis como Instrumento de Avaliao de Desempenho 2.2 A Estrutura do Balano Patrimonial e da D.R.E. 2.3 A Reestruturao do Balano Patrimonial e da D.R.E. para fins de Anlise 2.4 As Anlises Vertical e Horizontal do Balano Patrimonial e da D.R.E. 2.5 As Anlises por meio de Indicadores 2.6 Aplicao Prtica em empresas da BM&FBOVESPA. 2.7 Apresentao de relatrios

    3 Anlise Dinmica 3.1 A Reestruturao do Balano Patrimonial: Operacional e Financeiro 3.2 Ciclos: de Produo, Operacional e Financeiro 3.3 Clculo dos Ciclos 3.4 Demonstrao Grfica dos Ciclos 3.5 Aplicao Prtica

    4. Anlise Avanada do Capital de Giro 4.1. Necessidade de Capital de Giro (NCG) 4.2. Saldo de Tesouraria (ST) 4.3. Aplicao Prtica

    5 Avaliao de Performance 5.1 Alavancagem Financeira 5.2 EVA Valor Econmico Agregado 5.3 Aplicao Prtica

    6. Anlise de Aes 6.1. ndices de avaliao de aes 6.5 Aplicao prtica 7 Relatrio Final de Anlise Econmico-Financeiro de empresas Referncias

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    1- A IMPORTNCIA DA INFORMAO NA ANLISE DOS NEGCIOS

    A informao acompanha o homem desde a sua origem e atualmente constitui um dos bens mais preciosos no ambiente empresarial. Devido, entre outros fatores, mudana nos paradigmas das organizaes, dinmica dos negcios e caractersticas dos usurios.

    Beaver (1968) considera que a informao consiste em uma mudana de expectativa em relao ao resultado de um evento. Na anlise de negcios, a informao extrada da contabilidade entendida como a que modifica o conhecimento de seu usurio em relao empresa, compreendendo aspectos econmico-financeiros, fsicos e de produtividade. (YAMAMOTO; SALOTTI, 2006, p.5)

    2- ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA NAS EMPRESAS

    O estudo da anlise econmico-financeira nas empresas requer um bom conhecimento e entendimento das demonstraes financeiras ou demonstraes contbeis, isto porque as demonstraes, bem como os nmeros delas extrados, representam o principal instrumento de transmisso de informaes econmico e financeira, tanto dentro da empresa quanto fora das empresas.

    Os demonstrativos financeiros ou demonstrativos contbeis constituem uma evidenciao econmica e financeira do patrimnio de uma organizao em determinado momento. A Deliberao CVM N. 488/05 estabelece que as demonstraes contbeis constituem uma representao monetria estruturada da posio patrimonial e financeira em determinada data e das transaes realizadas durante o perodo findo.

    A Lei N. 6.404/76, modificada pelas Leis N. 10.303/01 e Lei N. 11.638/2007, estabelece em seu artigo 176 estabelece que as companhias de capital aberto devem elaborar e publicar periodicamente os seguintes demonstrativos contbeis:

    Balano Patrimonial (BP), Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido (DMPL), Demonstrao de Resultado do Exerccio (DRE), Demonstrao dos Fluxos de Caixa (DFC) Demonstrao do valor Adicionado (DVA).

    O Quadro 1 apresenta Demonstrativos Contbeis, assim como, suas finalidades.

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    DEMONSTRATIVO SIGLA FINALIDADE

    Balano Patrimonial BP Apresentar a posio financeira e patrimonial da entidade em determinada data. Demonstrao do Resultado do Exerccio DRE

    Demonstrar a composio do resultado obtido pela entidade em determinado perodo.

    Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido DMPL

    Evidenciar as movimentaes que afetam o Patrimnio Lquido da entidade em determinado perodo.

    Demonstrao dos Fluxos de Caixa DFC

    Apresentar as movimentaes que afetaram a disponibilidade da entidade em determinado perodo.

    Demonstrao do Valor Adicionado DVA

    Mostrar a riqueza construda pela entidade em determinado perodo.

    QUADRO 1 DEMONSTRATIVOS CONTBEIS FONTE: TAFFAREL (2009)

    As informaes extradas das demonstraes financeiras possuem uma variedade de aplicaes, entre as quais pode-se destacar, do ponto de vista interno da empresa, avaliao de desempenho, como medida de avaliao de administradores, comparao com resultados divisionais, planejamentos futuros.

    Para os usurios externos, a anlise das demonstraes financeiras constitui em uma ferramenta de grande poder informativo, potencialmente capaz de indicar o desempenho isolado de uma empresa, comparar sua estrutura de capital, capacidade de solvncia e capacidade de remunerao de capital com empresas do mesmo setor, atuando como base para a tomada de decises quanto a decises de financiamentos por credores, aplicao de recursos para investidores efetivos ou em potencial.

    Ressalta-se, no entanto, que os demonstrativos financeiros no disponibilizam toda a informao que os usurios possam necessitar, uma vez que elas, em grande medida, retratam os efeitos financeiros de acontecimentos passados.

    Assaf Neto (2005, p. 104) considera que a anlise das demonstraes financeiras visa fundamentalmente o [...] estudo de desempenho econmico-financeiro de uma empresa em determinado perodo do passado, para diagnosticar, em conseqncia, sua posio atual e produzir resultados que sirvam de base para a previso de tendncias futuras.

    As razes que levam ao desenvolvimento da anlise de uma empresa tendem a ser de carter econmico e financeiro. Um investidor que pretende adquirir aes de determinada empresa necessita da anlise para lhe fornecer uma expectativa de retorno sobre seu investimento. Da mesma forma, internamente a empresa precisa conhecer os resultados alcanados e avaliar o seu desempenho. (SILVA, 2006)

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    No entanto, alguns cuidados devem ser observados na anlise, como a comparao direta de empresas do mesmo setor, mas com tamanhos diferentes; a anlise direta de empresas que atuam e setores diferentes; anlise de empresas em moedas diferentes. Ateno de ser dada, ainda, a empresas com atividades sazonais, cuja flutuao de suas contas ao longo do ano podem atrapalhar a comparao de seus resultados, e eventos extraordinrios ou temporrios, que podem afetar o desempenho financeiro de empresas, de forma isolada, em um determinado perodo. (exemplo: crise financeira do exerccio de 2008)

    2.1 A Anlise das Demonstraes Contbeis como Instrumento de Avaliao de Desempenho

    A anlise de desempenho pode ser entendida com um processo de quantificao da eficincia e eficcia em relao s decises tomadas por determinada empresa, e diversas podem ser as formas de sua avaliao.

    No entanto, uma das formas mais valorizada no ambiente acadmico e utilizada nas empresas a anlise das demonstraes contbeis, que um dos principais instrumentos utilizados pelos gestores das empresas, e demais usurios externos, para avaliao do desempenho e eficincia na administrao dos recursos, pois permite extrair informaes sobre a posio passada, presente e tendncias futuras da empresa.

    Para que a anlise das Demonstraes Contbeis atinja os seus objetivos, ou seja, auxiliar os usurios na tomada de decises, deve existir por parte do analista a preocupao em traduzir as informaes contidas nos Demonstrativos Contbeis em linguagem corrente, utilizando-se para tanto, de grficos e relatrios descritivos, conforme afirma Matarazzo (2010, p. 5):

    O produto da Anlise de Balanos so relatrios escritos em linguagem corrente. Na medida do possvel, recomenda-se o uso de grficos como auxiliares para simplificar as concluses mais complexas. Ao contrrio das demonstraes financeiras, os relatrios de anlise devem ser elaborados como se fossem dirigidos a leigos, ainda que no o sejam, isto , sua linguagem deve ser inteligvel por qualquer mediano dirigente de empresa, gerente de banco, ou gerente de crdito.

    Matarazzo (2010, p. 06) destaca que, em linhas gerais no relatrio de Anlise das Demonstraes Contbeis o analista deve apresentar:

    Situao financeira.

    Situao econmica Desempenho.

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    Eficincia na utilizao dos recursos. Pontos fortes e fracos.

    Tendncias e perspectivas. Quadro evolutivo. Adequao das fontes s aplicaes de recursos. Causas das alteraes na situao financeira. Evidncias de erros da administrao. Providncias que deveriam ser tomadas e no foram. Avaliao de alternativas econmico-financeiras futuras.

    As informaes para anlise do desempenho econmico-financeiro das empresas baseiam-se nos diversos valores constantes nas demonstraes contbeis, partindo-se destas informaes, aplicam-se as vrias tcnicas como:

    Anlise Vertical e Horizontal; Anlise por Intermdio de Indicadores financeiros e econmicos. Anlise Dinmica: Anlise de ciclos e Anlise de capital de Giro;

    Como anlises complementares pode-se incluir a Avaliao de Performance com a Alavancagem Financeira e o EVA (Valor Econmico Agregado) e a anlise de Aes.

    2.2 A Estrutura do Balano Patrimonial e da D.R.E.

    No Balano Patrimonial, as contas so classificadas segundo os elementos do patrimnio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a anlise da situao financeira da companhia. NO ATIVO, as contas sero dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: Ativo Circulante; e Ativo No Circulante, composto por ativo realizvel a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangvel. NO PASSIVO, as contas sero classificadas nos seguintes grupos: Passivo Circulante; Passivo No Circulante; e Patrimnio Lquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliao patrimonial, reservas de lucros, aes em tesouraria e prejuzos acumulados.

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    CLASSIFICAO DAS CONTAS DO ATIVO NO BALANO PATRIMONIAL (Art. 179 Lei 6.404/76)

    As contas do Ativo sero classificadas do seguinte modo: Ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizveis no curso do exerccio social subseqente e as aplicaes de recursos em despesas do exerccio seguinte; Ativo realizvel a longo prazo: os direitos realizveis aps o trmino do exerccio seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou emprstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que no constiturem negcios usuais na explorao do objeto da companhia; Investimentos: as participaes permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, no classificveis no ativo circulante, e que no se destinem manuteno da atividade da companhia ou da empresa; Ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpreos destinados manuteno das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operaes que transfiram companhia os benefcios, riscos e controle desses bens; Intangvel: os direitos que tenham por objeto bens incorpreos destinados manuteno da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comrcio adquirido.

    CLASSIFICAO DAS CONTAS DO PASSIVO NO BALANO PATRIMONIAL Passivo circulante: as obrigaes da companhia, inclusive financiamentos para aquisio de direitos do ativo no circulante, que vencerem no exerccio seguinte; Passivo no circulante: as obrigaes que tiverem vencimento superior ao encerramento do prximo exerccio social.

    CLASSIFICAO DAS CONTAS DO PATRIMNIO LQUIDO NO BALANO PATRIMONIAL

    Capital Social: a conta discriminar o montante subscrito e, por deduo, a parcela ainda no realizada (capital a integralizar). Reservas de capital: - a contribuio do subscritor de aes que ultrapassar o valor nominal e a parte do preo de emisso das aes sem valor nominal que ultrapassar a importncia destinada

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    formao do capital social, inclusive nos casos de converso em aes de debntures ou partes beneficirias; - o produto da alienao de partes beneficirias e bnus de subscrio; - o resultado da correo monetria do capital realizado, enquanto no-capitalizado. Ajustes de avaliao patrimonial: registram os valores das contrapartidas de aumentos ou diminuies de valores atribudos a elementos do ativo e do passivo, em decorrncia da sua avaliao a valor justo, enquanto no computadas no resultado do exerccio em obedincia ao regime de competncia. Reservas de lucros: as contas constitudas pela apropriao de lucros da companhia (Legal, Estatutrias, Para Contingncias, Reteno de Lucros, Reserva de Incentivos Fiscais, De Lucros a realizar). Aes em tesouraria: conta redutora do patrimnio lquido, que registra o montante de recursos aplicados na aquisio de aes da prprios companhia.

    DEMONSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIO

    A Demonstrao do Resultado do Exerccio discriminar: - a receita bruta das vendas e servios, as dedues das vendas, os abatimentos e os impostos;

    - a receita lquida das vendas e servios, o custo das mercadorias e servios vendidos e o lucro bruto; - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; - o lucro ou prejuzo operacional, as outras receitas e as outras despesas; - o resultado do exerccio antes do Imposto sobre a Renda e a proviso para o imposto; e tambm a proviso para a Contribuio Social sobre o Lucro Liquido (CSLL), quando aplicvel;

    as participaes de debntures, empregados, administradores e partes beneficirias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituies ou fundos de assistncia ou previdncia de empregados, que no se caracterizem como despesa; - o lucro ou prejuzo lquido do exerccio e o seu montante por ao do capital social. As participaes estatutrias de empregados, administradores e partes beneficirias sero determinadas, sucessivamente e nessa ordem, com base nos lucros que remanescerem depois de deduzida a participao anteriormente calculada.

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    Lucro lquido do exerccio o resultado do exerccio que remanescer depois de deduzidas as participaes previstas.

    2.3 A Reestruturao do Balano Patrimonial e da D.R.E. para fins de Anlise

    Como um primeiro passo, para a aplicao das tcnicas de anlise das demonstraes contbeis, Anlise Vertical/Horizontal e Anlise de Indicadores Econmicos e Financeiros necessrio que se proceda alguns ajustes no Balano Patrimonial e na Demonstrao do Resultado do Exerccio:

    Reclassificao de determinadas contas do Balano Patrimonial (Duplicatas Descontadas)

    Padronizao dos Demonstrativos (resumir o nmero de contas para facilitar a visualizao e anlise, e a comparao com outras empresas)

    Expurgar os efeitos inflacionrios das demonstraes contbeis para a Anlise Horizontal (em caso de inflao).

    2.4 As Anlises Vertical e Horizontal do Balano Patrimonial e da D.R.E.

    Para Assaf Neto (2006, p. 115-123) [...] o critrio bsico que norteia a anlise de balanos a comparao.

    A tcnica da anlise, denominada Anlise Vertical constitui-se em um processo comparativo, que busca identificar a participao percentual de cada componente da demonstrao financeira em relao ao seu total, ou seja, consiste em estabelecer como 100%, no Balano Patrimonial para o total do Ativo e para o Passivo, e na Demonstrao do Resultado Exerccio para a Receita Lquida.

    Quando mapeados os nmeros do balano, cada valor deve ser comparado, respectivamente, como o total do Ativo e do Passivo (Balano Patrimonial) e com as Vendas Lquidas (Demonstrao de Resultados). E constatando-se que algum componente do Ativo Circulante, por exemplo, apresente variao significativa em relao ao total do Ativo, deve ser melhor analisado pelo analista, que poder concentrar suas atenes sobre esta variao. (SCHRICKEL, 1997)

    Para Padoveze (2000), a anlise vertical como os demais instrumentos de anlise, deve ter os seus resultados analisados conjuntamente com a anlise horizontal e

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    demais indicadores econmicos-financeiros, para assim no tirar concluses precipitadas da situao da empresa.

    A Anlise Horizontal consiste na comparao entre valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exerccios. O que permite que se avalie a evoluo nominal dos vrios itens de cada demonstrao contbil em intervalos seqenciais de tempo, identificando a evoluo dos diversos elementos patrimoniais e de resultados ao longo de determinado perodo, caracterizando uma anlise longitudinal da empresa.

    A Anlise Horizontal possui como principal finalidade apontar o crescimento de itens das Demonstraes Financeiras (Balano, DRE, etc.) em dois ou mais exerccios, por meio de comparao destes com um valor referencial ou base.

    No entanto cumpre ressaltar que, quando h comparao de contas de uma srie de exerccios, deve-se expurgar os efeitos da inflao que afetam a capacidade aquisitiva da moeda e distorce a anlise comparativa ao longo do tempo. Assim, para a anlise horizontal deve-se proceder a correo dos valores do Balano Patrimonial e da Demonstrao do Resultado.

    Conforme afirma Padoveze (2000, p. 142) o cuidado bsico com a anlise horizontal est em que, havendo inflao esta dever ser expurgada, para se obter a variao real. Assim, denominamos de Anlise horizontal nominal os indicadores obtidos considerando os valores nominais, sem descontar os efeitos da inflao do perodo. Denominamos de Anlise horizontal real os indicadores da variao acontecida com os elementos patrimoniais de um perodo para o outro, descontando-a de uma taxa de inflao do perodo.

    Para a Anlise Vertical e Horizontal, sugerem-se alguns parmetros, como:

    Estrutura do Ativo Estrutura do Passivo Estrutura da DRE Principais Componentes do Resultado Modificaes na Estrutura Patrimonial Crescimento dos totais do Ativo Permanente e Circulante e de seus componentes Crescimento do PL em relao ao Passivo Total Crescimento do PL e Exigvel de Longo Prazo comparativamente ao crescimento

    do Ativo Permanente Crescimento do Ativo Circulante e Passivo Circulante Verificao de quanto cada balano da srie contribuiu para a variao final da

    srie Verificao dos itens de despesa que compem a DRE, se as destes formam

    maiores ou menores que as variaes das Vendas Lquidas

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    2.5 As Anlises por meio de Indicadores

    Na concepo de Matarazzo (2010) e Silva (2006) a anlise financeira por intermdio de indicadores a mais conhecida das tcnicas, chegando por muitos autores a ser confundida com a prpria anlise de balanos.

    Os indicadores financeiros so relaes entre as contas ou grupo de contas das demonstraes financeiras, que possuem como objetivo fornecer informaes que no so facilmente visualizadas nas demonstraes financeiras (SILVA, 2006).

    Por intermdio dos indicadores, possvel analisar o desempenho da empresa de forma individual, bem como, em relao a outras empresas.

    Camargos e Barbosa (2005, p. 103) ressaltam que: Dentre as diversas tcnicas indicadas pela literatura especializada para a anlise do desempenho de uma empresa destaca-se a Anlise de ndices Econmico-Financeiros, definida como uma tcnica que considera os diversos demonstrativos contbeis como fonte de dados e informaes, que so compilados em ndices e indicadores, cuja anlise histrica possibilita identificar a evoluo do desempenho econmico-financeiro da empresa, bem como projees de possveis resultados futuros.

    Assaf Neto (2006, p. 62) explica que por buscarem a relao dos elementos afins contidos nos demonstrativos contbeis, os indicadores econmico-financeiros permitem avaliar com mais propriedade a situao da empresa.

    A anlise das demonstraes contbeis por intermdio de indicadores tem por objetivo estudar o desempenho financeiro de uma empresa em determinado momento passado, para diagnosticar em conseqncia sua posio atual e produzir resultados de tendncias futuras. So analisados por intermdio desta tcnica basicamente a liquidez, a estrutura patrimonial e a rentabilidade da empresa.(MARTINS,1987)

    Os principais aspectos revelados pelos ndices so:

    Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

    A maioria dos autores agrupa os indicadores de acordo com sua famlia ou informao disponibilizada como segue: liquidez ou solvncia; estrutura de capital ou

    Liquidez Situao Financeira: Estrutura de capital

    Situao Econmica: Rentabilidade

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    endividamento; rentabilidade, retorno ou lucratividade; e indicadores de giro ou atividade.

    O objetivo principal da construo de indicadores obter uma viso ampla da situao econmica e financeira da empresa em determinado perodo. As principais informaes fornecidas por esta tcnica so as capacidades de pagamento de obrigaes de curto, mdio e longo prazo; a composio do capital; e eficcia nos retornos sobre o investimento total e capital prprio.

    A) INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO

    Os Indicadores de Endividamento mostram as dvidas da empresa em relao ao capital prprio, possibilitando a anlise de sua estrutura de capital. Para Assaf Neto (2005, p. 116-117) os indicadores de endividamento fornecem [...] elementos para avaliar o grau de comprometimento financeiro de uma empresa perante seus credores (principalmente instituies financeiras) e sua capacidade de cumprir os compromissos financeiros assumidos a longo prazo.

    Os principais indicadores classificados neste grupo so denominados de Endividamento (ou Participao de Capital de Terceiros),e Endividamento Geral, Imobilizao do Patrimnio Lquido e Imobilizao de Recursos No Corrente. As frmulas so apresentadas a seguir:

    1- Endividamento Geral

    100x Total Ativo

    Circulante No Passivo Circ. PassivoGeral ntoEndividame +=

    O indicador de Endividamento Geral apresenta o volume de aplicaes de recursos financiadas por capital de terceiros. Este indicador mostra o comprometimento do ativo da empresa para com capital de terceiros que sero exigidos desta, no curto ou no longo prazo.

    2- Imobilizao do Patrimnio Lquido

    O indicador denominado de Imobilizao do Patrimnio Lquido ou Capital Prprio representa quanto do Patrimnio Liquido est aplicado nos Grupos de Contas:

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    Imobilizado, Investimentos e Intangvel, que representam as aplicaes permanentes de recursos da empresa.

    Lquido PatrimnioPermanente AtivoPrprio Capital do Imobiliz. =

    3- Imobilizao de Recursos no Correntes

    Prazo Longo de Exig. Passivo Lquido PatrimnioPermanente AtivoCorrentes No Rec. de Imobiliz.

    +=

    O Indicador de Recursos No Correntes indica quanto a empresa destinou das fontes de recursos no correntes (PL + Passivo no Circulante) para a Ativo Imobilizado, Investimentos e Intangvel. A parcela de recursos no correntes que aplicada no Ativo Circulante denominada de Capital Circulante Liquido (CCL).

    B) INDICADORES DE LIQUIDEZ

    Os indicadores de liquidez ou solvncia visam avaliar a situao financeira da empresa, ou seja, a capacidade de pagamento de suas obrigaes.

    Matarazzo (2010) explica que a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dvidas contradas, possvel saber quo slida a empresa. Para Silva (2006) a liquidez apresentada um reflexo da capacidade que a empresa possui de ser lucrativa, da administrao de seu ciclo financeiro e das suas decises estratgicas de investimento e financiamento.

    Os principais indicadores de liquidez so os indicadores de Liquidez Imediata, Liquidez Seca, Liquidez Corrente e Liquidez Geral.

    1- Liquidez Imediata: O indicador de Liquidez Imediata permite conhecer a capacidade de pagamento

    que a empresa possui em determinado momento, frente aos recursos que esto disponveis. Este indicador calculado pela frmula:

    Circulante PassivoDisponvelImediata Liquidez =

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    2- Liquidez Seca: O indicador de Liquidez Seca, segundo Matarazzo (2010, p. 173), [...] visa

    medir o grau de excelncia da sua situao financeira. Quando este indicador apresenta-se baixo, no indica necessariamente comprometimento da situao financeira, sendo que em certos casos, pode ser o reflexo de estoques excessivos.

    A Liquidez Seca da empresa obtida pela frmula:

    Circulante PassivoEstoques)( Circulante AtivoSeca Liquidez =

    Indica quanto a empresa possui de ativo lquido para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante (MATARAZZO, 2010). Em outras palavras, evidencia a capacidade de pagamento de curto prazo sem a necessidade de a empresa se desfazer dos estoques a preo de liquidao.

    3- Liquidez Corrente:

    A frmula da liquidez corrente assim construda:

    Circulante PassivoCirculante AtivoCorrente Liquidez =

    Para Matarazzo (2010) indicador de Liquidez Corrente significa: margem de folga para manobras de prazos a fim de equilibrar as entradas e sadas de caixa da empresa. Assim, quanto maior for o indicador de liquidez apresentado, maior a margem de segurana da empresa, sendo melhor, tambm, sua situao financeira.

    4- Liquidez Geral: Silva (2006) ensina que o Indicador de Liquidez Geral indica quanto empresa

    possui de recursos para quitar seus compromissos de curto e longo prazo, ou seja, suas dividas totais. Este indicador obtido conforme segue:

    Circulante No PassivoCirculante PassivoPrazo Longo a Realizvel Ativo Circulante AtivoGeral Liquidez

    +

    +=

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    C) INDICADORES DE RENTABILIDADE

    Os indicadores de rentabilidade possibilitam a avaliao dos resultados operacionais da empresa. Neste grupo podem ser classificados os seguintes indicadores: Giro do Ativo, Margem Bruta, Margem Operacional, Margem Lquida, Rentabilidade do Patrimnio Lquido e Rentabilidade do Ativo.

    1- Giro do Ativo: O Giro do Ativo indica o nmero de vezes que o ativo total da empresa girou,

    ou seja, transformou-se em dinheiro, em determinado perodo, em funo das vendas realizadas. Quanto maior for esse indicador, melhor ter sido o desempenho da empresa (ASSAF NETO, 2006).

    Mdio Ativolquidas Vendas Ativo do Giro =

    2- Margem Lquida O indicador Margem Lquida indica qual o percentual de lucro que a empresa

    tem em relao a suas vendas lquidas, por meio da equao:

    lquidas VendasLquido LucroLquida Margem = 100x

    3- Rentabilidade do Patrimnio Lquido A Rentabilidade do Patrimnio Lquido mensura o retorno dos recursos

    aplicados na empresa por seus proprietrios. Em outras palavras, esse indicador mede quanto seus proprietrios obtm de lucro em relao a cada unidade monetria investida por eles na empresa (ASSAF NETO, 2005). A frmula do calculo deste indicador :

    Mdio Lquido PatrimnioLquido LucroLquido Patrimnio do adeRentabilid = 100x

    4- Rentabilidade do Ativo Iudcibus (2007) afirma que o indicador de retorno sobre o investimento, ou

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    Rentabilidade Ativo, pode ser considerado, de forma individual, o mais importante indicador de anlise de balanos, e seu clculo segue a frmula:

    Mdio AtivoLquido LucroAtivo do Rentabil. =

    100x

    O Quadro 02 resume os principais ndices econmicos financeiros aplicados na anlise de empresas: Quadro 02 Resumo dos Indicadores Econmicos Financeiros:

    INDICADOR

    FRMULA

    INTERPRETAO

    ESTRUTURA DO CAPITAL Endividamento Geral Cap. De Terceiros x 100

    Ativo Total

    Quanto a empresa aplica de recursos de terceiros no Ativo Total

    Composio do Endividamento

    Passivo Circulante x 100 Cap. De Terceiros

    Qual o percentual de obrigaes a curto prazo em relao as obrigaes totais.

    Imobilizao do PL Ativo Permanente x 100 PL

    Quantos a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $100 do PL

    Imobilizao de recursos no correntes

    Ativo Perman. x 100 PL + Exig. De Longo Prazo

    Quanto a empresa destinou das fontes de recursos no correntes para a Ativo Imobilizado, Investimentos e Intangvel.

    LIQUIDEZ Liquidez Imediata

    Disponibilidades_ PC

    Quanto a empresa possui disponvel em caixa para cada $1 de divida total

    Liquidez Seca

    AC (-) Estoques PC

    Quanto a empresa possui de Ativo Liquido para cada $1 de PC

    Liquidez Corrente AC PC

    Quanto a empresa possui de AC para cada $1 de PC

    Liquidez Geral

    AC____ PC+ELP

    Quanto a empresa possui de AC + RLP para cada $1 de divida total

    RENTABILIDADE Giro do Ativo Vendas Lquidas

    Ativo Mdio

    Quanto a empresa vendeu para cada $1 de investimento total

    Margem Liquida

    Lucro Lquido x100 Vendas Lquidas

    Quanto a empresa obtm de lucro para cada $100 vendido

    Rentabilidade do Ativo

    Lucro Lquido x100 Ativo Mdio

    Quanto a empresa obtm de lucro para cada $100 de investimento total

    Rentabilidade do PL

    Lucro Lquido x100 PL Mdio

    Quanto a empresa obtm de lucro para cada $100 de capital prprio investido

    Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010)

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    3 ANLISE DINMICA

    Como um primeiro passo, para a anlise dinmica de empresas, por meio dos ciclos operacionais e financeiros e anlise de capital de giro, necessrio classificar as contas representativas do Ativo Circulante e Passivo Circulante em Operacional e Financeiro.

    3.1 A Reestruturao do Balano Patrimonial: Operacional e Financeiro

    As contas que envolvem o ATIVO CIRCULANTE FINANCEIRO so basicamente as disponibilidades (recursos equivalentes a caixa) e demais aplicaes de curto prazo da empresa. O ATIVO CIRCULANTE OPERACIONAL so as contas representativas das movimentaes operacionais da empresa como: Clientes, Estoques E Outros Ativos.

    No Passivo as contas que formam o PASSIVO CIRCULANTE

    OPERACIONAL so as contas de fornecedores e demais obrigaes de curto prazo. O PASSIVO CIRCULANTE FINANCEIRO formado por emprstimos e financiamentos, debntures, dividas com pessoas ligadas e duplicatas descontadas.

    A seguir apresenta-se um modelo de padronizao do Balano Patrimonial para anlise dinmica de empresas:

    Balanos Encerrados em: Descrio da Conta 31/12/2007 31/12/2008 31/12/2009

    ATIVO TOTAL 293.004 321.527 346.101 ATIVO CIRCULANTE 147.588 150.545 148.175 ATIVO CIRCULANTE FINANCEIRO 37.727 24.909 10.181 Disponibilidades 37.727 24.909 10.181 Aplicaes Financeiras 0 0 0 Investimentos temporrios 0 0 0 ATIVO CIRCULANTE OPERACIONAL 109.861 125.636 137.994 Crditos 63.954 58.713 85.205 Estoques 35.537 52.654 42.691 Outros 10.370 14.269 10.098 ATIVO NO CIRCULANTE 145.416 170.982 197.926 ATIVO REALIZVEL A LONGO PRAZO 4.232 5.678 6.017 ATIVO PERMANENTE 141.184 165.304 191.909 Investimentos 30.655 33.324 40.518 Imobilizado 110.115 131.613 151.071 Intangvel 414 367 320

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    Balanos Encerrados em: Descrio da Conta 31/12/2007 31/12/2008 31/12/2009

    PASSIVO TOTAL 293.004 321.527 346.101 PASSIVO CIRCULANTE 59.115 71.238 72.935 PASSIVO CIRCULANTE OPERACIONAL 34.067 41.006 44.425 Fornecedores 9.810 13.112 14.075 Impostos, Taxas e Contribuies 10.380 12.643 14.490 Dividendos a Pagar 923 1.000 848 Outros 12.954 14.251 15.012 PASSIVO CIRCULANTE FINANCEIRO 25.048 30.232 28.510 Emprstimos e Financiamentos 25.048 30.232 28.510 Debntures 0 0 0 Dvidas com Pessoas Ligadas 0 0 0 PASSIVO NO CIRCULANTE 52.938 56.604 72.389 PASSIVO EXIGVEL A LONGO PRAZO 52.938 56.604 72.389 PATRIMNIO LQUIDO 180.951 193.685 200.777

    3.2 Ciclos: de Produo, Operacional e Financeiro

    Por meio das tcnicas de anlise das Demonstraes Contbeis possvel mensurar os indicadores de ciclos da empresa, os quais permitem determinar o volume mdio de capital aplicado e de origens que se renovam em determinado perodo, como destaca Matarazzo (2010, p. 260) [...] atravs dos dados das demonstraes financeiras, podem ser calculados, por exemplo, quantos dias, em mdia a empresa ter de esperar para receber suas duplicatas, originando o ndice de prazos mdios de recebimento de vendas (PMRV). Outros ndices podem ser obtidos, como o ndice de prazos mdios de renovao dos estoques (PMRE) e prazos mdios de pagamento das compras (PMPV), conforme equaes abaixo:

    a) Prazo Mdio de Recebimento de Vendas:

    Clientes x 360 Receita Operacional

    A conta clientes, ou duplicatas a receber, indica as vendas a prazo a receber, a vencer ou vencidas e constitui em diversas empresas uma importante aplicao de

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    capitais, principalmente quando as operaes so realizadas mediante pagamentos em prestaes mensais, as quais podem se estender at por vrios perodos.

    Assim, a conta clientes deve merecer ateno especial pela gesto das empresas, pois nas vendas a prazo, quando for maior o prazo concedido aos clientes, mais elevado dever ser o volume de capital investido. Como por exemplo: se uma empresa conceder 90 dias de prazo aos seus clientes com venda a prazo mensal de R$10.000,00, o investimento mdio mensal seria de R$ 30.000,00, no considerando, neste caso, as duplicatas em atraso. Caso as vendas sejam realizadas por um prazo rgido de 90 dias, e a mdia calculada atingir a 110 dias, teria neste exemplo, um atraso mdio de 20 dias na liquidao das duplicatas.

    b) Prazo Mdio de Renovao de Estoques

    Estoques x 360 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)

    O prazo mdio de renovao dos estoques, ou giro dos estoques, o tempo mdio decorrido entre a compra e a venda das mercadorias no caso de empresas comerciais. Nas empresas industriais indica o tempo mdio de produo e estocagem, sendo tambm denominado de ciclo econmico ou de produo.

    c) ndice de Prazo Mdio de Pagamento de Compras:

    ______Fornecedores______________ x 360 Montante das compras (CMV + EF EI)

    O prazo mdio das compras, tambm conhecido por prazo mdio de pagamento, indica quanto tempo a empresa leva para pagar os fornecedores, obrigaes decorrentes das compras de matrias-primas ou mercadorias.

    3.3 Clculo dos Ciclos

    Matarazzo (2010) destaca que, conjugando-se os trs ndices tm-se os denominados Ciclos Operacional e Financeiro, ambos com prazos de durao especficos que pode ser curto ou longo, dependendo do setor de atuao e do tipo de produto da empresa.

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    Assim a soma dos prazos PMRE + PMRV, representa o Ciclo Operacional, perodo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria. Em empresas industriais o ciclo operacional tende a ser mais longo, influenciado pelo ciclo de estocagem de matria-prima, produtos em elaborao e produtos acabados. A seguir apresenta-se a equao do ciclo operacional:

    d) Ciclo Operacional (CO) Ciclo Operacional = PMRE + PMRV

    O Ciclo Operacional indica o perodo decorrido entre a compra da mercadoria ou matria-prima e o recebimento efetivo referente s vendas efetuadas.

    O Ciclo Financeiro pode ser entendido como o perodo decorrido entre o pagamento dos fornecedores (compras) e o recebimento de clientes ou duplicatas (vendas). O Ciclo Financeiro indica o perodo em que a empresa ter de financiar suas operaes, sem os recursos dos fornecedores, optando por outras fontes de financiamentos.

    e) Ciclo Financeiro (CF): Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional Prazo Mdio Pagamento de Compras.

    3.4 Demonstrao Grfica dos Ciclos

    A Figura 1 apresenta graficamente os Ciclos Operacionais e Financeiros:

    Tempo

    Pagamento

    Compra

    PMP

    Recebimento

    Venda

    PME

    PMRV

    Ciclo operacional

    Ciclo financeiro

    Ciclo econmico

    FIGURA1: CICLOS DA EMPRESA.

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    Matarazzo (2010, p. 267) explica que o Ciclo Operacional mostra o prazo de investimento. Paralelamente ao Ciclo Operacional ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir do momento da compra. Assim at o momento do pagamento aos fornecedores a empresa no precisa se preocupar com o financiamento, que automtico. Se o Prazo Mdio de Pagamento de Compras (PMPC) for superior ao Prazo Mdio de Renovao de Estoques (PMRE), ento os fornecedores financiam tambm uma parte das vendas da empresa. O perodo entre o momento em que a empresa efetua o pagamento de Fornecedores e o momento em que recebe as Venda (recebimento de clientes), o perodo que a empresa precisa de obter financiamento, denominado de Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro.

    A seguir na Figura 2 apresenta-se graficamente o Ciclo Operacional de uma empresa que totaliza 120 dias:

    Compra Vende Recebe

    0 30 60 90 120 150 180

    PME = 67 dias + PMR = 53 dias = 120 dias

    Ciclo Operacional

    FIGURA 2: EXEMPLO DE CICLO OPERACIONAL

    Na Figura 3, pode-se visualizar graficamente o Ciclo Financeiro de uma empresa:

    Compra Vende

    PMP = 28 dias Ciclo Financeiro = 92 dias

    PME = 67 dias PMR = 53 dias

    Recebe

    CO = 120 dias

    Como se observa na Figura 2 o Ciclo Financeiro da empresa compreende 92 dias. Neste perodo a empresa precisar contar com outros recursos para financiar suas operaes.

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    Os ndices de prazos mdios podem ser utilizados de forma estratgica pelas empresas. Como por exemplo, se uma empresa comercial compra mercadorias como o prazo mdio de 60 dias para pagar, mas em 20 dias consegue transform-los em dinheiro, ento ela dispe de 40 dias desse recurso para auferir ganhos com aplicaes financeiras.

    4. Anlise Avanada do Capital de Giro

    O Capital de Giro constitui o investimento que circula na empresa, ou seja, o Ativo Circulante. Braga (1991) explica que a administrao do capital de giro [...] constitui um processo de planejamento e controle dos recursos financeiros aplicados no ativo circulante das empresas., cujos recursos provm de [...] diversas obrigaes a vencer em curto prazo, representadas no passivo circulante, e do excedente das exigibilidades de longo prazo e do Patrimnio Lquido em relao aos Ativos No Circulantes.

    O Capital de Giro resulta da diferena entre o passivo no circulante (PNC) e o Ativo No Circulante (ANC), portanto, obtm-se para o Capital de Giro Lquido (CGL), a seguinte equao: CGL = PNC - ANC. O CGL tem o mesmo valor de Capital Circulante Lquido, o qual resultado da diferena entre ativo e passivo circulantes, diferindo assim, apenas na forma de clculo. (FLEURIET, 2003)

    Assim o Capital de Giro Lquido (CGL) pode ser obtido como o Capital Circulante Liquido (CCL), por meio da seguinte equao:

    CCL ou CGL = AC PC

    Braga e Marques (1995, p. 54) explicam que em situaes usuais o CCL significa um valor positivo, ou seja, os recursos investidos no AC que ultrapassaram o total das fontes de financiamento de curto prazo (PC) foram financiados por itens de longo prazo (PNC). Em outras palavras, as origens de longo prazo suplantaram as necessidades de investimento de longo prazo, e foram aplicadas no capital de giro (AC). Pelo lado inverso, CCL negativo significa que fontes de recursos excedentes de curto prazo esto financiando elementos de longo prazo ou, do outro ponto de vista, as origens de recursos de longo prazo so insuficientes para financiar as aplicaes de

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    recursos de longo prazo. Esta condio, se mantida por longo perodo, e dependendo da estrutura financeira da empresa, pode repercutir na insolvncia do empreendimento.

    4.1. Necessidade de Capital de Giro (NCG)

    A Necessidade de Capital de Giro composta por itens que mantm relao direta com as atividades operacionais da empresa, ou seja, ligadas as contas operacionais do Ativo e Passivo Circulante.

    Assim pode-se obter a NCG, pela equao:

    NCG = ACO PCO

    Onde: NCG = Necessidade de Capital de Giro ACO = Ativo Circulante Operacional PCO = Passivo Circulante Operacional

    Como se observa na metodologia de clculo, a NCG pode ser positiva ou negativa. Quando positiva, significa que as aplicaes no ACO so superiores as fontes de recursos do PCO, o que gera necessidades de recursos, para as quais a empresa deve obter outras fontes de recursos, que podem ser prprias (mediante aumento de capital, reenvestimento dos lucros gerados nas operaes, etc.) e/ou de terceiros (por meio de emprstimos e financiamento de curto ou de longo prazo, entre outros, etc.).

    Fleuriet (2003, p.7) destaca que quando, no ciclo financeiro, as sadas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, a operao da empresa cria uma necessidade de aplicao permanente de recursos. No balano, isso se evidencia, por uma diferena positiva entre o valor das contas operacionais do ativo e das contas operacionais do passivo. Assim denomina-se de Necessidade de Capital de Giro (NCG) esta captao permanente de recursos.

    Quando a NCG negativa, significa que o ativo operacional menor que o passivo operacional, indicando que no h necessidade de recursos para o giro dos negcios. Nesta situao o passivo representa uma fonte de recursos, que poder ser utilizada segundo a poltica estratgica da empresa para financiar outros tipos de aplicaes, como por exemplo, investimento no mercado financeiro.

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    Matarazzo (2010, p. 284) explica as seguintes situaes para a NCG:

    a) ACO > PCO = NCG Positiva Neste caso a empresa deve encontrar fontes adequadas de financiamentos.

    b) ACO = PCO = NCG Nula Neste caso a NGC igual a zero e portanto a empresa no tem necessidades

    financeiras para o giro dos negcios.

    c) ACO < PCO = NGC negativa Neste caso a empresa no apresenta demanda de recursos para o giro dos

    negcios. Sobram recursos para financiar outras aplicaes como no mercado financeiro, de acordo com as estratgias da empresa.

    De acordo com Matarazzo (2010, p. 285) a NCG pode ser financiada, normalmente por trs tipos de financiamentos:

    1- Capital Circulante Prprio;

    2- Emprstimos e financiamentos de Longo Prazo; 3- Emprstimos e financiamentos de Curto Prazo e Duplicatas Descontadas.

    4.2. Saldo de Tesouraria (ST)

    O Saldo de Tesouraria pode ser obtida pela diferena entre o Ativo Financeiro e o Passivo Financeiro, ou pela diferena entre o Capital Circulante Lquido e Necessidade de Capital de Giro. Assim temos:

    ST = ACF PCF

    ou

    ST = CCL - NCG

    O Saldo de Tesouraria pode ser caracterizado como recursos de curto prazo que podero sobrar ou faltar no caixa (disponibilidades) da empresa, para fazer frente aos seus compromissos, atuando como um eficiente indicador da sade financeira da empresa, ou seja, se apresenta liquidez satisfatria ou insatisfatria.

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    Quando o Saldo de Tesouraria se mostra positivo, indica uma sobra de recursos de curto prazo, ou seja, o capital de giro suficiente para cobrir as necessidades de capital de giro, e ainda a sobram recursos podero ser utilizados em outras aplicaes, como no mercado financeiro, garantindo a liquidez da empresa.

    Quando o Saldo de Tesouraria negativo, a empresa possui fontes de recursos de curto prazo, financiando as atividades operacionais da empresa. Em outras palavras, indica que o Capital de Giro insuficiente para cobrir a NCG o que poder levar a empresa a uma situao de insolvncia. Silva (2001, p. 371) destaca que quando o saldo em tesouraria menor que zero (ST < 0) significa que a empresa possui dbitos de curto prazo junto a instituies financeiras ou mesmo outra dividas de curto prazo no relacionadas a seu ciclo operacional, superior a seus recursos financeiros de curto prazo.

    Ao destacar o ST, Fleuriet (2003, p.37) explica que a maioria das empresas que operam com Saldo de Tesoura crescentemente negativo apresenta uma estrutura financeira inadequada, revelando uma dependncia excessiva de emprstimos a curto prazo, que poder lev-las at mesmo, ao estado de insolvncia. De modo geral, estas empresas enfrentam srias dificuldades para resgatar seus emprstimos a curto prazo, quando bancos, por qualquer motivo, se recusam a renov-los. No que se refere a administrao do ST, importante acompanhar a evoluo do CCL e NCG, tendo em vista que, aumentos sucessivos da NCG superior ao crescimento do CCL, gera saldo de tesouraria negativo, ocorrendo na empresa o chamado Efeito Tesoura ou overtrading.

    O Efeito Tesoura, mostra que as NCG da empresa, esto sendo financiadas, em sua maioria, por recursos de curto prazo financeiros, como emprstimos de curto prazo, o que pode significar incapacidade da empresa financiar seus investimentos operacionais em giro. Silva (2001, p. 393) explica que uma empresa entra no efeito tesoura quando ao longo de uma srie de exerccios sociais, a variao da NCG superior variao do CCL.

    Fleuriet (2003) descreve que o Efeito Tesoura ocorre quando a empresa financia a maior parte da NCG por meio de crditos de curto prazo no renovveis. Neste caso, o Saldo de Tesoura se apresenta negativo e crescendo, em valor absoluto, proporcionalmente mais do que a NCG. Um indicador da presena do efeito tesoura o ndice (ST/NCG). A empresa est desenvolvendo num efeito tesoura quando este ndice se eleva com o passar do tempo.

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    Como possveis causas do efeito Tesoura, pode-se destacar: a) crescimento real das vendas a prazo, em percentuais muito elevados, sem correspondente obteno de prazo de fornecedores; b) imobilizaes com recursos onerosos de curto prazo; c) prejuzos; d) distribuio excessiva de lucros; e) dependncia sistemtica a emprstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas de juros; f) ciclo financeiro crescente.

    5 AVALIAO DE PERFORMANCE

    O objetivo dos empreendimentos com finalidade lucrativa potencializar o valor para os seus proprietrios (acionistas). Para tanto, muitas das empresas tomam como parmetro indicadores contbeis de performance, ou seja, lucros e retornos e seus componentes (receitas, custos, ativos e passivos).

    Esta seo trata de questes como Retorno sobre o Ativo (ROA), o Retorno sobre o Patrimnio Lquido (ROE), Alavancagem Financeira e Valor Econmico Adicionado (EVA).

    5.1 Desempenho Operacional e Alavancagem Financeira

    Um aspecto importante da avaliao do desempenho operacional o de verificar o efetivo resultado gerado pelos ativos de uma empresa, ou seja, seu Lucro Operacional. Para Assaf Neto (2005, p. 145), [...] esse lucro formado antes da deduo dos encargos financeiros (lucro antes dos juros), e reflete o efetivo valor gerado pelos ativos da empresa. Ou seja, o resultado operacional o formado pelas atividades da empresa, o que independe de quem financia essas operaes, se capital prprio ou capital de terceiros.

    Conforme Hendriksen e Breda (1999, p.215) [...] as decises relativas s fontes de capital (...) so questes financeiras, e no operacionais. Assim, a correta avaliao entre as possibilidades de financiamento no afetar diretamente o desempenho operacional, pois o custo do capital de terceiros no pertence ao objeto social da empresa, um custo da disponibilidade do capital, e no da atividade.

    Assim, o lucro operacional faz referncia ao resultado gerado pela atividade objeto social da empresa, em outras palavras, a capacidade que o ativo da empresa, representado pelas aplicaes de recursos, tem de criar valor, para tanto, devem ser excludos desse resultado as despesas financeiras. J o lucro lquido, representa o

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    retorno para o proprietrio ou acionista do capital investido e esse resultado influenciado pelas polticas de financiamentos ou investimentos utilizados pela empresa.

    Alguns procedimentos so utilizados para calcular o desempenho Operacional e Alavancagem Financeira, no presente estudo ser evidenciado o Retorno sobre o Ativo (ROA) e o Retorno sobre o Patrimnio Lquido (ROE).

    Segundo Gitman o ROA, [...] determina a eficincia global da administrao quanto a obteno de lucros com seus ativos disponveis. Esse indicador evidencia o desempenho operacional, que gerado pela atividade da empresa. Segundo Assaf Neto (2005), o ROA, obtido atravs da seguinte expresso:

    ROA = Lucro Operacional Ativo Total

    Retorno sobre o Patrimnio Lquido (ROE) mede o retorno gerado ao capital prprio investido na empresa. Martins (2001, p. 243), comenta que [...] o ROE permite avaliar como est a gesto dos recursos prprios e de terceiros em beneficio dos scios. O qual evidencia o ganho obtido pelos proprietrios e o capital por eles aplicado na empresa. O autor utiliza a seguinte expresso para o seu clculo:

    ROE = Resultado do Exerccio Patrimnio Lquido

    Para Assaf Neto (2005, p. 149), Alavancagem Financeira, conceituada da seguinte forma:

    [...] o efeito de tomar, numa ponta, recursos de terceiros a determinado custo , aplicando-se na outra ponta (nos ativos) a outra taxa de retorno: a diferena vai para os proprietrios e altera seu retorno sobre o PL, para mais ou para menos do que aquele que seria obtido casos todo o investimento fosse feito apenas com recursos prprios.

    O Grau de Alavancagem Financeira (GAF), pode ser obtido na seguinte expresso:

    GAF = ROE ROA

    No entanto, cabe ressaltar que muito embora a alta participao de capital de

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    terceiros, apresenta-se na maioria das vezes positiva, nem sempre isso to favorvel. Deve-se levar em considerao, que a alta dependncia de captao de recursos de terceiros aumenta os riscos da empresa, o que muitas vezes acaba por elevar tambm, as taxas de emprstimo.

    Assim, pode-se considerar que com relao anlise do desempenho operacional, o lucro operacional evidencia a capacidade de gerar resultado pelas operaes da empresa, sua eficincia pode ser evidenciada pelo indicador ROA, o qual no alterado pelas formas de financiamento da atividade da empresa. O Lucro Lquido, a parcela do resultado que pertence a seus proprietrios ou acionistas, a anlise de seu retorno pode ser obtida pelo indicador ROE, nesse caso as decises de investimento e financiamento do capital altera seu resultado.

    Na viso de Assaf Neto (2005, p.164),

    Em termos de viabilidade econmica do empreendimento, duas empresas iguais em tudo, menos na forma como so financiadas, so avaliadas igualmente, revelando mesma atratividade e valor. Denotam, em outras palavras, idntico potencial econmico de lucro. No entanto, o que ir diferenciar o desempenho das empresas a capacidade que suas estruturas de financiamento apresentam de alavancar seus resultados operacionais em termos de capital prprio investido. (grifo nosso).

    Ou seja, no basta apenas que uma empresa apresente resultados operacionais positivos, necessrio avaliar corretamente sua poltica de captao de recursos para obter um desempenho maior com relao ao capital prprio nela investido.

    2.4 VALOR ECONMICO AGREGADO (VEA)

    O Valor Econmico Agregado (VEA) pode ser considerado como uma ferramenta que analisa o resultado apresentado pela empresa e se ela est ou no criando valor. A divulgao do seu clculo surgiu, atravs da denominao de Economic Value Added (EVA), que uma marca registrada de propriedade da Sttern & Stewart. Para Martins (2001, p. 244) [...] podemos compreender EVA como uma resposta necessidade de medidas de desempenho que expressem a adequada criao de riqueza por um empreendimento. Em seu entendimento no se pode confundir o EVA com a Demonstrao do Valor Adicionado, a qual tem outro objetivo.

    Quanto aplicao do EVA Ehrbar (1999 apud Martins 2001, p. 246) comenta que:

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    Como disse Peter Drucker em seu artigo na Harvard Business Review em 1995, EVA se baseia em algo que sabemos h muito tempo: Aquilo que chamamos de lucro, o dinheiro que sobra para remunerar o capital, geralmente nem lucro. At que um negcio produza um lucro que seja maior do que seu custo de capital, estar operando com prejuzo. No importa que pague impostos como se tivesse um lucro verdadeiro. O empreendimento ainda retorna menos economia do que devora de recursos [...] At ento, no cria riqueza; a destri.

    Percebe-se, portanto, que o EVA tem por objetivo avaliar se uma empresa est ou no criando riquezas e nesse sentido, nem sempre um resultado positivo por ela gerado, pode ser considerado efetivamente de lucro.

    Para Assaf Neto (2005, p. 180) o EVA pode ser conceituado como [...] uma medida de criao de valor identificada no desempenho operacional da prpria empresa, conforme retratado pelos prprios relatrios financeiros. Embora a essncia dos clculos seja subsidiada pelos demonstrativos contbeis, segundo o autor h a necessidade de se adaptar esses demonstrativos, evidenciando o resultado operacional legtimo, segregando a parte, as despesas financeiras, o nus tributrio sobre o resultado e os benefcios fiscais que so provenientes da utilizao de capital de terceiros.

    Ainda na concepo do autor, o EVA entendido como:

    [...] o resultado apurado pela sociedade que excede remunerao mnima exigida pelos proprietrios de capital (credores e acionistas). um indicador sobre se a empresa esta criando ou destruindo valor.(...) o clculo do VEA exige o conhecimento do custo de cada fonte de financiamento (prpria e de terceiros) ponderado pela participao do respectivo capital no total do investimento realizado (fixo e de giro). Representa em essncia, o custo de oportunidade do capital aplicado por credores e acionistas como forma de compensar o risco assumido no negcio. (ASSAF NETO: 2005 p. 180)

    Dessa forma, o EVA utilizado para analisar se uma empresa est apresentando resultado suficientemente positivo a ponto de criar valor, em outras palavras, se o seu desempenho capaz de remunerar as expectativas mnimas de retorno dos proprietrios de capital, quer seja ele prprio ou de terceiros.

    A metodologia de clculo do VEA, utilizada pelo autor acima citado, apresentada a seguir:

    Lucro Operacional (lquido do IR).............................: XXX (-) Custo total de Capital (WACC x Investimento)...: XXX (=) valor econmico agregado (VEA) .......................: XXX

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    onde: WACC: = Custo Mdio Ponderado de capital (prprio e de terceiros) Investimento: = Capital Total Aplicado na empresa (fixo e de giro)

    Assim para o clculo do VEA, se faz necessrio saber qual a proporo de participao das fontes de financiamentos da empresa, qual o custo dessa captao no caso do capital de terceiros e o retorno mnimo desejado para o capital prprio. O WACC e obtido atravs da mdia ponderada de participao do capital. Para um melhor entendimento apresenta-se, de forma simplificada um exemplo de clculo do VEA, conforme metodologia proposta por Assaf Neto (2005).

    Imagina-se a uma situao, onde determinada empresa possui um ativo total de 2 milhes, os quais so financiados 45% por capital de terceiros e apresentam um custo de captao de 11% ao ano, dos quais j esto subtrados os benefcios fiscais e 55 % so financiados por seus proprietrios que esperam um retorno mnimo de 17% ao ano.

    O Custo Mdio Ponderado do Capital (WACC) assim obtido: WACC = (45% x 11 %) + (55% x 17%) = 14,30 % Utilizando a expresso anterior, para o clculo do VEA tem-se:

    Lucro Operacional (Lquido dos Impostos) 320.000,00 (-) Custo Total de capital (WACC x Investimentos) (14,30 % x 2.000.000,00)

    (286.000,00)

    Valor Econmico Agregado (VEA) 34.000,00 Fonte: Adaptado de Assaf Neto, 2005.

    Conforme demonstrado, o custo total do capital aplicado nessa empresa R$ 286.000,00, assim, para que essa empresa apresente lucro com valor agregado para os proprietrios de capital necessrio um resultado superior a esse valor. Nesse exemplo, a empresa est agregando valor ou criando riqueza, no montante de R$ 34.000,00 ao ano. Caso essa empresa apresentasse um resultado positivo, porm, inferior a R$ 286.000,00, no estaria agregando nada a seu capital, e ao contrrio, estaria destruindo seu valor.

    Neste contexto, o VEA pode ser considerado um instrumento de avaliao do resultado pelas empresas e verificao de criao de riqueza, face s expectativas de retorno do capital aplicado. Na concepo de Assaf Neto (2005) quanto mais elevado se

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    apresenta o VEA, maior a riqueza gerada pela empresa no perodo, o que deve refletir-se na valorizao de seu preo de mercado.

    O Desempenho apresentado por uma empresa tem reflexo na sua valorizao no mercado, essa medida denominada de Valor Agregado pelo Mercado (MVA), que traduz a capacidade que uma empresa tem de gerar um resultado operacional que seja superior ao retorno mnimo esperado pelos proprietrios de capital. Para Assaf Neto (2005, p.183) essa medida indica [...] quanto empresa vale adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os seus ativos a preos de mercado.

    Para garantir um Valor Agregado pelo Mercado, preciso um correto gerenciamento das decises internas da empresa, o que por conseqncia contribuir para a formao do Valor Econmico Agregado.

    Conforme entendimento de Ehrbar (1999) apud Martins (2001, p.250)

    O caminho [...] gerenciar visando aumentar o EVA, porque EVA medida interna de desempenho mais estritamente relacionada ao MVA e oferece a indicao mais confivel de se em quanto as aes da gerncia contribuiro pra a riqueza dos acionistas.

    Percebe-se desta forma, que em um mercado cada vez mais competitivo, polticas de reduo de custos ou mudana de preos de vendas, no so suficientes para garantir um retorno satisfatrio e criao de valor para o empreendimento, necessrio obter, alm desses fatores e de outras ferramentas de gesto, alguma vantagem competitiva, sobre a qual respalda-se, a qualidade das decises de financiamentos e investimentos de uma empresa.

    6. Anlise de Aes

    As aes so fraes em que se divide o capital social de uma sociedade annima. Segundo o art. 15 da Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), as aes, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, so classificadas como Ordinrias ou Preferenciais.

    As Aes Ordinrias possuem como caracterstica o direito a voto de seu titular. Mellagi Filho (1995) explica que as aes ordinrias so aes que conferem a seu titular o direito de votar nas Assemblias Gerais e Extraordinrias de Acionistas. So nessas Assemblias que so aprovadas as peas contbeis, bem como a destinao do resultado do exerccio e elegem-se os membros da diretoria da empresa.

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    Diferentemente das aes ordinrias, as aes preferenciais normalmente no proporcionam o direito a voto e so assim denominadas porque o seu proprietrio possui prioridade no recebimento de dividendos. Outra caracterstica destas aes o reembolso do capital em caso de extino da companhia. A Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976) alterada pela Lei 10.303/01 (BRASIL, 2001) em seu art.15, pargrafo segundo, determina que o nmero de aes preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrio no exerccio desse direito, no pode ultrapassar a 50% (cinqenta por cento) do total das aes emitidas pelas companhias. Assim de acordo com a natureza dos direitos, as aes Ordinrias e Preferenciais:

    ORDINRIAS D o direito do voto que poder influir nas diversas decises de uma empresa. Os dividendos so efetuados em funo do dividendo obrigatrio previsto em lei, ou de acordo com o percentual estabelecido em estatuto. PREFERENCIAIS

    a) Preferncia no recebimento dos dividendos, o saldo fica para as ordinrias; b) Vantagem no recebimento dos dividendos, com fixao do mnimo ou fixo; c) Preferncia no reembolso do capital; d) No d direito de voto, s se em 3 anos no receber dividendos mnimos ou fixos. Normalmente tem cotao no mercado acima das ordinrias.

    6.1 ndices de avaliao de Aes

    Os ndices de avaliao de Aes buscam avaliar a desempenhos das aes de determinada empresa no mercado acionrio, objetivando identificar a viabilidade de investimentos por acionistas efetivos ou em potencial.

    a) Valor Patrimonial da Ao

    O Valor Patrimonial de uma ao representa a parcela do Capital Prprio (PL) da empresa que compete a cada ao emitida, que pode ser obtido por meio da equao:

    VPA= PL/N de aes emitidas

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    No entanto a realizao financeira integral do Valor Patrimonial de uma ao somente se verifica em caso de dissoluo da sociedade. O VP de uma ao um indicador do potencial futuro de uma empresa em distribuir dividendos e de sua capitalizao.

    O VP de uma ao pode ser alterado sem que haja nenhuma modificao no valor do PL, o caso de aumento do capital social por incorporao de reservas mediante a emisso e distribuio (bonificao) de novas aes.

    b) Lucro por Ao

    O indicador Lucro por Ao mostra quanto do lucro obtido corresponde para cada ao, calculado por meio da equao:

    Lucro por ao: Lucro Lquido / N de aes

    De acordo com a Lei 6.404/76, este indicador deve ser obrigatoriamente publicado aps o Lucro Lquido.

    c) Preo sobre o Lucro da Ao O indicador de preo sobre o lucro da ao revela em quanto tempo o acionista

    obteria o retorno aplicado na aquisio de aes se fosse mantido o lucro por ao verificado no ltimo exerccio.

    Preo sobre o Lucro da Ao = Valor de Aquisio da Ao/ Lucro por Ao

    d) Retorno da Ao

    Retorno da Ao = (Preo da Ao t/ Preo da Ao t-1) -1

    O calculo do retorno da ao pode ser obtido pelo de preo de cotao na data de fechamento do perodo (t) divido pelo preo de cotao na data de fechamento do perodo anterior (t-1). Assim possvel verificar o percentual anual de rentabilidade do investidor e comparar com as demais alternativas de investimentos de mercado. Cumpre ressaltar, no entanto, que o retorno completo da ao obtido pelo calculo da equao acima, mais os dividendos distribudos e o pagamento de juros sobre o capital prprio.

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    REFERENCIAS

    ASSAR NETO, Alexandre. Estrutura e Anlise de Balanos, um enfoque econmico-financeiro. 9 edio. So Paulo; Atlas, 2010. ASSAR NETO, Alexandre. Finanas Corporativas e Valor. 4 edio. So Paulo: Atlas, 2009. BEAVER, W. H. The information content f earning announcements empirical research in accounting: select studies. Journal of Accounting Research, v. 6, (Supplement), p. 67-92, 1968. BRAGA, Roberto. Anlise Avanada do Capital de Giro. FIPECAFI/USP, Caderno de Estudos N3, p. 1-20. Setembro/91. BRAGA, Roberto. Anlise Dinmica do Capital de Giro:o modelo de Fleuriet. Revista de Administrao de Empresas, So Paulo. V.35, n.3, p.46-63.mai/jun.1995 BRASIL. LEI N 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispe sobre as Sociedades por Aes. Dirio Oficial da Unio. Braslia, DF, 9 dez. 1976. _____. LEI N 10.303, de 31 de outubro de 2001. Dirio Oficial da Unio. Braslia, DF, 1 nov. 2001. _____. LEI N 11.638 de 28 de Dezembro de 2007. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 28 dez. 2007. CAMARGOS, M. A.; BARBOSA, F. V. Anlise do desempenho econmico-financeiro e da criao de sinergias em processos de fuses e aquisies do mercado brasileiro ocorridos entre 1995 e 1999. Caderno de Pesquisa em Administrao. So Paulo, v. 12, n. 2, p. 99-115, Abr./Jun. 2005. FLEURIT, Michel et al. O Modelo Fleuriet. A Dinmica Financeira das Empresas Brasileiras: um novo mtodo de anlise, oramento e planejamento financeiros. Rio de Janeiro: Editora Campus.2003. HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Teoria da Contabilidade. 5. ed. So Paulo: Atlas, 1999. IUDICIBUS, Srgio de. MARTINS, Elizeu, GELBCKU, Ernesto. Manual de Contabilidade das Sociedades por Aes . 7 ed. So Paulo: Atlas, 2007. GITMAN, Lawrence J. Princpios da administrao financeira essencial. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. IUDICIBUS, Srgio de. Anlise de Balanos. 10 ed. So Paulo. Atlas, 2009. IUDICIBUS, Srgio de. MARTINS, Elizeu, GELBCKU, Ernesto. Manual de Contabilidade das Sociedades por Aes Suplemento. 2 ed. So Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Elizeu (org). Avaliao de Empresas: da Mensurao Contbil Econmica. So Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, Dante C. Anlise Financeira de Balanos. 7 ed. So Paulo, Atlas, 2010. PADOVEZE, C.L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informao contbil. 3.ed. So Paulo: Atlas, 2000. SILVA. Jos P. Anlise Financeira de Empresas. So Paulo: Atlas, 8 ed. 2001. ROSS Stephen A. WESTERFIELD Randolph. W. JAFFE Jefferey F. Administrao Financeira. 2 ed. 7 reimpr. - So Paulo: Atlas, 2007. TAFFAREL, Marins. A influncia dos indicadores contbil- financeiros no valor de mercado das empresas brasileiras de capital aberto, no curto prazo. Dissertao de Mestrado (UFPR) Curitiba, 2009.