aspecto desenvolvimento economico

Upload: ketoxxxx

Post on 07-Apr-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    1/31

    ALGUNS IMPACTOS SOCIAIS DO DESENVOLVIMENTOCIENTFICO E TECNOLGICO

    Waldimir Pirr e LongoEngenheiro Metalrgico (IME), Master of Engineering e Ph.D.

    (University of Florida), Livre Docente (UFF). Atualmente consultor emeducao, cincia, tecnologia e inovao.

    RESUMO: Desde a pr-histria, os seres humanos tm procuradoentender o Universo e transformar o meio ambiente em que vivemvalendo-se das disponibilidades materiais e da compreenso e usodos fenmenos naturais que ocorrem na Terra. O presente trabalhoidentifica e analisa alguns macro impactos sociais causados portransformaes recentes na ambincia humana resultantes dessas

    atividades que, modernamente, so consideradas como pertinentesao campo do conhecimento cientfico e do desenvolvimentotecnolgico, bem como das conseqentes inovaes. So abordadasa priorizao poltica dessas atividades pelos governos nacionais, aimprevisibilidade do futuro das sociedades ainda que a curto prazo, odescompasso entre a nova realidade social resultante do avanocientfico e tecnolgico e a capacidade de adaptao dos cidados ede reorganizao dos grupos ou entidades sociais para o tratodessa nova realidade, o aumento da expectativa de vida e a

    diminuio das horas de trabalho, a produo e a competio semfronteiras, os impactos na educao e nas relaes de trabalho e,finalmente, a concentrao de poder poltico, econmico e militar.

    Introduo

    Segundo Kneller (1), em todas as civilizaes, certos homensmeditaram sistematicamente acerca do mundo e procuraram ascausas de seus fenmenos na prpria natureza e no na vontadehumana ou sobre-humana. Em cada civilizao, o estudo do

    universo seguia um caminho prprio, explicando os mesmosfenmenos de maneira diferente. Ao mesmo tempo, acrescente-se,outros homens dedicaram-se a criar e produzir utenslios e obras queaumentassem as suas habilidades e o seu conforto. Assim, semsaber, faziam o que hoje chamaramos de cincia, tecnologia einovao.

    1

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    2/31

    Na realidade, desde a pr-histria, os homens tm procuradoentender o Universo e transformar o meio ambiente em que vivemvalendo-se das disponibilidades materiais e dos fenmenos naturaisque ocorrem na Terra, no sentido de atenderem os seus desejosmais profundos, quase nunca explicitados, dentre os quaisdestacam-se: viver mais, trabalhar menos e com menor esforofsico, no sofrer (principalmente no sentir sede, fome e dor), termais prazer (tempo disponvel para o lazer), preservar a espcie eter poder para impor a sua vontade em situaes de conflitoindividuais ou coletivos(2).

    O presente trabalho aborda alguns resultados alcanadospelos esforos humanos recentes no sentido do atendimento dessesdesejos, transformados em objetivos, e que causaram impactossociais sentidos nos nossos dias.

    A maior dificuldade enfrentada foi a escolha dos impactos aserem abordados dentre tantos percebidos. Muitos deles j haviamsido abordados em outros artigos do autor. Feitas as escolhasprocurou-se grup-los em sete macro impactos de maneira a facilitara exposio sem idas e vindas, pois muitos so complexamenteinterligados. Finalmente, a ordem de apresentao dos macroimpactos obedeceu a tentativa de coloc-los numa ordempretensamente lgica e didtica.

    10 IMPACTO: Cincia, tecnologia e inovaes: de curiosidadee criatividade individuais s polticas eestratgias nacionais

    As transformaes provocadas pelo homem eram, no incio,extraordinariamente lentas se comparadas pelos parmetros atuais,uma vez que a introduo de inovaes capazes de modificarsignificativamente o status quo das sociedades ocorria raramente e,em muitos casos, espaada de sculos, A difuso e,

    conseqentemente, o uso das mesmas eram igualmente lentas, detal maneira que, ao longo de uma vida, tudo parecia definitivo:hbitos, costumes, profisses, diviso do poder, etc. Porm,gradativamente, e j ao longo da Idade Mdia e da chamada IdadeModerna at o incio da Revoluo Industrial, as mudanas sociaiscausadas pelas inovaes comeam a tornar-se mais freqentes eprofundas. A partir da segunda metade do Sculo XIX, as

    2

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    3/31

    transformaes produzidas pelo homem foram extraordinariamenteaceleradas como resultado da organizao e sistematizao dotrabalho voltado para a gerao e uso de conhecimentos cientficoscom o intuito de produzir tecnologias que resultassem em novos oumelhores produtos e servios que satisfizessem os seus desejoscentrais e suas necessidades imediatas. Desde ento, oconhecimento cientfico deixou de ser um bem puramente cultural,para tornar-se insumo importante, seno o mais valioso, para agerao de inovaes tecnolgicas(3).

    Pode-se afirmar que, ao longo da histria da humanidade, acincia (que tem por objetivo desvendar e explicar os fenmenos danatureza) e a tecnologia (que visa transformar a natureza no sentidode atender desejos e necessidades humanas) percorreram caminhosdistintos, no havendo entre elas articulao sistmica e

    programada, at o citado Sculo XIX. A cincia, mesmo aps aocorrncia da Revoluo Cientfica iniciada no Sculo XVII,caminhava ao sabor da curiosidade humana sem objetivoseconmicos, sendo considerada parte do corpo cultural da nao etratada da mesma forma que as artes. A tecnologia, que avanava,primordialmente, por intuio e empirismo, por tentativa e erro, eraum assunto do interesse quase exclusivo do setor produtivo(principalmente dos agricultores, dos artesos, dos comerciantes edos exrcitos). Esse perodo caracterizado pelo fato que a cincia

    e as tcnicas utilizadas para a produo de bens e servios erampraticamente independentes. As interaes, quando existentes, eramfluidas, complexas e pouco perceptveis. Mesmo a RevoluoIndustrial iniciada no Sculo XVIII, foi realizada por homens semeducao sistemtica em cincia, no havendo, praticamente,intercmbio de idias entre os cientistas e os inventores dosprocessos industriais. Assim, pode-se afirmar que a contribuioinicial da cincia para a Revoluo Industrial no foi a de introduzir oconhecimento cientfico no processo produtivo, mas, sim a de criaruma ambincia favorvel inovao. Somente a partir do sculo

    XIX, o avano tecnolgico comeou a fazer uso significativo deconhecimentos cientficos, quando inovaes ocorridas na indstriaqumica e nos usos da energia eltrica, utilizaram-se largamente dosmesmos. A partir de ento, e crescentemente, mquinas, processos,servios e produtos comearam a surgir tendo por base osconhecimentos gerados pelas pesquisas cientficas. A cinciapassou a suprir a tecnologia no s de descobertas e explicao de

    3

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    4/31

    fenmenos da natureza, como tambm com o uso cada vez maisamplo do mtodo cientfico de investigao, suas tcnicaslaboratoriais e a certeza da importncia da pesquisa na soluo deproblemas do setor produtivo(3).

    Assim, j no Sculo XX, ao ter incio a Primeira Grande Guerra,a estreita inter-relao entre cincia e inovaes tecnolgicas jestava delineada(4). Em conseqncia, durante esse conflito, emambos lados beligerantes, os cientistas foram envolvidos no esforode guerra pelos respectivos governos. Porm, cumpre salientar quefoi somente a partir da Segunda Grande Guerra que passou aocorrer ampla, sistemtica e permanente mobilizao dos meioscientficos e tecnolgicos nacionais no somente com o objetivo deproduzir vantagens estratgicas militares mas, tambm, para odesenvolvimento de poderio poltico e econmico a nvel mundial,

    nos anos subseqentes ao trmino do conflito. A interveno doEstado, principalmente atravs das Foras Armadas, apoiando aspesquisas e acelerando o uso dos conhecimentos resultantes para agerao de tecnologias e a passagem destas produo em escalaindustrial, deram resultados extraordinrios em ambos os ladosbeligerantes. Atravs da ao direta de rgos dos governos, dofinanciamento estatal e do planejamento da pesquisa e dodesenvolvimento experimental (P&D) envolvendo as indstrias, osinstitutos e universidades, foram geradas inovaes e aperfeioados

    materiais e servios que puseram em evidncia a importnciaestratgica da mobilizao permanente do potencial cientfico etecnolgico da nao. Os avanos cientficos e tecnolgicosalcanados foram decisivos para o desfecho do conflito e naconseqente nova distribuio do poder a nvel mundial. Alm disso,durante e aps a Guerra, os resultados das pesquisas conduzidaspara fins militares tornaram-se fontes de valiosas tecnologias e deinovaes de vasto uso civil e de elevado valor agregado, tais como:avies jato, computadores, aparelhos de comunicaes, energianuclear, novos materiais, frmacos, etc.

    A partir de ento, cincia e a tecnologia passaram a fazerparte central das polticas e estratgias nacionais dos pases maisdesenvolvidos. Os seus governos ampliaram a atuao do Estadonesse campo atravs de seu reconhecimento institucional, daformulao de polticas, estratgias e aes especficas, da criaode rgos especializados de apoio, incentivos e suporte financeiro,bem como mecanismos e procedimentos facilitadores. Pode-se

    4

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    5/31

    afirmar que os Estados Unidos da Amrica tornaram-se, na ocasio,o paradigma desse processo.

    O fato que, atualmente, constata-se que as inovaes maisrelevantes, que moldam as sociedades modernas e que atendem assuas demandas cada vez mais complexas, tm sido geradas por nomais do que duas dezenas de pases. Analisando-se a trajetria detais pases chega-se concluso que todos investiramdecididamente na implantao e manuteno de um sistemaeducacional de qualidade em todos os nveis, dando atenoprioritria s cincias exatas e s engenharias, implantaram umarobusta infra-estrutura dedicada ao desenvolvimento cientfico etecnolgico, estabeleceram um arcabouo poltico-regulatrio queprivilegia e incentiva a gerao de inovao tanto no setor produtivoquanto no governamental e conseguiram criar uma ambincia

    nacional favorvel ao progresso tecnolgico. Em conseqncia,nesses pases possvel se distinguir a existncia de um verdadeiroSistema Nacional de Inovao e/ou vrios Sistemas Locais deInovao, unindo, com grande sinergia, a sociedade em geral etodos os atores envolvidos no processo.

    Na tentativa de percorrer trajetria semelhante, alguns pasesem desenvolvimento tiveram sucesso na implantao de seusrespectivos sistemas nacionais de desenvolvimento cientfico etecnolgico, compreendendo universidades, institutos, laboratrios,

    agncias, etc. A expectativa era que a formao de recursoshumanos adequados em universidades de pesquisa, a montagem delaboratrios modernamente equipados em institutos de pesquisa eem empresas, a criao de agencias de fomento e de rgospblicos de apoio, a realizao competente de pesquisas bsicas eaplicadas, assim como de desenvolvimento experimental eengenharia, desembocaria em desenvolvimento tecnolgico cujoresultado seria a produo de bens e de servios competitivos pelosetor produtivo local. Ou seja, as inovaes seriam umaconseqncia previsvel desse sistema linear, bastando que fossem

    assegurados os meios humanos, materiais e regulatrios pertinentes,e ocorresse interao entre os atores definidos pelo prprio sistema.As polticas de desenvolvimento cientfico e tecnolgico que foramimplementadas tiveram sucesso no sentido de que fortaleceram ainfra-estrutura pblica de C&T e algumas empresas e instituiesindividualmente envolvidas, mas no resultaram na gerao deinovaes na dinmica requerida. Em muitos casos, no havia

    5

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    6/31

    clareza ou determinao de que o objetivo de todo investimento eraa produo de inovaes e que estas deveriam ocorrer,primordialmente, no setor produtivo.

    Na realidade, o processo de inovao extremamentecomplexo, envolvendo muitos atores e fatores que extrapolamaqueles contidos no conceito de sistema de desenvolvimentocientfico e tecnolgico, e nem sempre percebidos numa observaosuperficial de pases como os EUA ou Japo.

    A inovao resulta de numerosas interaes cruzadas entrecincia, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento experimental,tecnologia industrial bsica (desenho industrial, normas,metrologia,....), engenharia e outras atividades que ocorrem dentro efora das empresas e entre empresas, assim como da combinao defatores tais como polticas pblicas, recursos humanos, organizao,

    gesto, finanas, marketing, servios (ps venda), participao dealianas estratgicas e de redes de cooperao, acesso a fontes deinformaes as mais variadas, mercado, fornecedores, etc. Nessecaso, evidente a necessidade de uma viso ampla desse complexoprocesso social para entend-lo quanto ao seu funcionamento parapoder corrigir lacunas e deficincias . Em ltima instncia, aexistncia, ou no, de um sistema nacional ou local de inovao evidenciada pelos resultados desse complexo, ou seja, pela geraoe introduo no mercado de produtos e processos,

    tecnologicamente novos, assim como de melhorias tecnolgicassignificativas em produtos e processos existentes.Em princpio, as polticas nacionais devem privilegiar as

    interaes entre os responsveis pela gerao, difuso e uso dosconhecimentos que potencialmente conduzam a inovaes, a criaode uma ambincia favorvel e a superao de bices especficos,peculiares a cada pas, como, por exemplo, um baixo nveleducacional da populao, uma desnacionalizao excessiva desetores tecnologicamente mais dinmicos do setor produtivo ou umadesestimuladora e ineficiente burocracia.

    20 IMPACTO: A dinmica atual da evoluo cientfica etecnolgica e a imprevisibilidade do futuro

    Em decorrncia da busca e apropriao sistemtica, e bemsucedida, de conhecimentos cientficos para a produo deinovaes tecnolgicas, estima-se que, os conhecimentos

    6

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    7/31

    cientficos tm sido duplicados, em perodos que variam de 10 a 15anos(5). Evidentemente, tal desempenho tem se refletido numaacelerao das mudanas sociais sem precedente na histria dahumanidade, comandada pela freqente introduo de inovaesem produtos e servios que alteram a vida dos cidados, ofuncionamento das instituies e das empresas e o desenvolvimentorelativo dos pases.

    Os impactos das transformaes tecnolgicas decorrentesdessa dinmica sobre a vida dos cidados e sobre as organizaessociais em geral, pode ser deduzida da experincia vivida por umcidado brasileiro nascido na virada do Sculo XIX para o SculoXX. Em 1906, morando numa casa em rua de terra, com luz delampio, fogo a lenha e gua de poo, um menino fica sabendopelo seu pai que um compatriota, chamado Santos Dumont, havia,

    em Paris, acabado de voar num artefato mais pesado que o ar, oXIV Bis. Nessa ocasio a Frana era considerada uma potnciamundial. Sessenta e trs anos depois, ou seja, em 1963, essemesmo cidado, agora com 70 anos, morando numa casa comiluminao eltrica, dotada de ar condicionado, geladeira, telefone,fogo a gs, gua encanada, assistiu, atravs de um aparelho deteleviso, o astronauta norte-americano Armstrong descer na Lua.Nessa ocasio os EUA firmavam a sua posio de super potnciamundial, ancorados numa ampla hegemonia cientfica e tecnolgica.

    Certamente se esse cidado voltasse subitamente a viver hoje,espantar-se-ia com os computadores pessoais, com a INTERNET,com o telefone celular, o CD, o DVD, o MP3, o HDTV, HD DVD, asfilmadoras digitais, com os servios remotos (banco, comrcioeletrnico, informaes, educao, etc.), com a automaoindustrial, a nanotecnologia, novos frmacos, clonagem, etc....,assim como com a derrocada da URSS e com a ascenso poltica,econmica e militar da China e da ndia.

    Na realidade, o acmulo de conhecimentos, ao longo dotempo, tem resultado numa curva exponencial sem sinais de

    arrefecimento. A esse respeito, em 2000, a Hart-RudmanPresidential Commission do Congresso dos EUA, baseada emopinies de especialistas, afirmou que ...os prximos dez anostraro mais mudanas tecnolgicas que o Sculo XX todo, e osgovernos sero incapazes de acompanh-las(6). E isto,aparentemente, vem ocorrendo.

    7

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    8/31

    Diante dessa dinmica de um mundo em constante mutaograas aos avanos da cincia e tecnologia, a imagem que seformula que tudo se passa como se estivessem indivduos,empresas e naes subindo uma escada rolante que se desloca,continuamente acelerada, em sentido contrrio ao movimento detodos, sendo, portanto, necessrio subir cada vez rpido parapermanecer na mesma altura. Caso no acompanhem ou suplantema escada da evoluo cientfica tecnolgica, os indivduos tornam-seprofissionalmente obsoletos, as empresas perdem competitividade evo falncia, os pases amargam o subdesenvolvimento e umainsuportvel dependncia externa do insumo mais estratgico domundo moderno: o conhecimento.

    Na evoluo cientfica e tecnolgica no h patamar definitivoa ser atingido, pois a escalada contnua, ou seja, a escada no

    tem fim.Do exposto, conclui-se que, hoje, grandes desafios

    enfrentados pelos pases, nos nveis local e global, estointimamente relacionados com as contnuas e profundastransformaes sociais ocasionadas pela velocidade com que temsido gerados novos conhecimentos cientficos e tecnolgicos, suarpida difuso e uso pelo setor produtivo e pela sociedade em geral.Pode-se afirmar que vivemos num mundo aceleradamentecambiante, cuja nica certeza do amanh a incerteza.

    Assim avulta de importncia, pr parte dos governos nacionaisatravs das suas instituies, principalmente as educacionais e asde pesquisa, assim como por parte das suas empresas, o contnuomonitoramento da evoluo cientfica e tecnolgica, e das mudanassociais dela decorrentes ou antevistas. O acesso s informaes doque se passa no planeta, o competente tratamento e anlise dasmesmas, assim como previso e avaliao tecnolgicas, passaram aser de importncia vital nas polticas e estratgias empresariais egovernamentais em todos os nveis.

    30 IMPACTO: O hiato gerencial

    Quanto previso da Comisso citada acima a respeito daincapacidade de acompanhamento das mudanas por parte dosgovernos, estendemos que essa incapacidade atinge indivduos,instituies, empresas e, em ltima instncia, os governos. A razo que a introduo de novas tecnologias, quase sempre, uma

    8

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    9/31

    deciso do setor produtivo, no discutido e no planejado pelasociedade. Na realidade, as alteraes ambientais ecomportamentais resultantes da introduo contnua de inovaestecnolgicas so de tal magnitude e, s vezes, to inesperadas, queas instituies sociais em geral, entre as quais os governosnacionais, no tm conseguido acompanh-las e adaptar-se,enfrentando, ento, srias crises de gerenciamento. Esto, nessecaso, alm dos governos nos seus diversos nveis, instituies taiscomo partidos polticos, religies, foras armadas, empresas e asescolas(7).

    Assim, estabelece-se um descompasso entre a nova realidadesocial resultante do avano cientfico e tecnolgico e a capacidadede adaptao dos cidados e de reao e reorganizao dos gruposou entidades sociais para o trato dessa nova realidade. o que se

    tem chamado de hiato gerencial(8). preciso ter presente que novas tecnologias podem alterar

    hbitos, valores, prioridades e a prpria viso que o homem tem desi mesmo e do mundo, exigindo, em conseqncia, novas regras deconvivncia social e, certamente, novas prticas profissionais, novaeducao para os jovens e atualizao contnua para os adultos.

    O hiato quando instalado pode levar os indivduos obsolescncia profissional e ao desajuste social, as empresas perda de mercados e, eventualmente, a falncia, e os governos ao

    descrdito.Exemplo de hiato governamental comum e reincidente temsido os impactos de inmeras inovaes e suas conseqncias,posteriormente sentidas, no meio ambiente ou na sade daspessoas. Exemplo bem atual so os crimes praticados atravs daINTERNET que no constam do nosso Cdigo Penal, e que, aindapor cima, podem ser cometidos a partir de outros pases cujas leispodem no coincidir com as nossas. Pode-se citar como outroexemplo a introduo da plula anti-concepcional no mercado queresultou num hiato que atingiu os indivduos (mudana no

    comportamento feminino, relacionamento homem/mulher,....), vriasinstituies sociais (famlia, religio, escola,...), o crescimentodemogrfico e o mercado de trabalho.

    40 IMPACTO: A expectativa de vida e as horas de trabalho

    9

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    10/31

    Dentre os mais expressivos impactos sociais provocados pelosavanos cientficos e tecnolgicos esto, com certeza, o aumento daexpectativa de vida, o aumento da populao mundial e odecrscimo das horas de trabalho ocorridos, principalmente, nosltimos dois sculos. Pode-se afirmar que o desenvolvimentocientfico e tecnolgico tem sido bem sucedido no aumento daexpectativa de vida e na diminuio das horas de trabalho, econseqente aumento do tempo disponibilizado para o lazer. AsTabelas 1, 2 e 3 apresentam alguns dados que permitem constatartais fatos. Passamos de 1,6 bilhes de habitantes, em 1900, paramais de 6,5 bilhes neste ano (2006), dos quais apenas 1,2 bilhesencontram-se em pases desenvolvidos. A expectativa de vidaevoluiu de 14 a 15 anos na pr-histria, para 28 na Grcia Antiga,para 34 a 38 no final do Sculo XIX na Europa, atingindo, hoje,

    cerca de 80 anos nos pases mais desenvolvidos (Japo, SuiaEspanha, Sucia, Austrlia e Islndia). Entre 1800 e 1980, graas acelerao dos avanos tecnolgicos ocorrida no perodo, aexpectativa de vida foi duplicada na Europa, passando de 36 para72 anos, aproximadamente. Trabalho de previso (forecast) daGeorge Washington University(9), realizado em 2000, prev que aexpectativa de vida atingir 100 anos em 2044 .

    Quanto s horas de trabalho, as mesmas vm cado, tendochegado na Noruega a apenas 1337 horas/ano, em 2003. Na

    Inglaterra, durante a Revoluo Industrial, nos anos de 1780, 1820 e1860, trabalhava-se, respectivamente, da ordem de 80, 67 e 53horas semanais, ou seja, da ordem de 3840 a 4.160, 3216 a 3484 e2544 a 2756 horas/ano.

    Uma estimativa aproximada do aumento do tempo livreocorrida na Europa entre 1800 e 1980, e entre 1980 e 2003 ( usandodados da Frana), dada na Tabela 3. Pode-se observar queenquanto a expectativa de vida foi duplicada entre 1800 e 1980, ashoras de trabalho/ano diminuram, aproximadamente, de 100.000horas para 85.000, enquanto as horas de lazer/ano passaram de,

    aproximadamente, 23.000 horas para 140.000. Em 2003, em algunspases desenvolvidos, as horas de trabalho j haviam cado para daordem de 66.000, estimando-se as horas livres como sendo de,aproximadamente, 200.000.

    Embora as conseqncias desses fatos para a humanidadesejam bvias, principalmente as que foram e tm sido benficaspara a vida humana, como o aumento das horas sujeitas ao nosso

    10

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    11/31

    livre arbtrio (lazer), algumas outras merecem explicitao e reflexopois fazem parte de problemas sociais enfrentados, hoje, porgrande nmero de naes, a saber:

    1- vivendo mais e trabalhando menos, os cidados estopassando, crescentemente, mais tempo das suas vidasconsumindo sem produzir;

    2- vivendo mais, as pessoas esto pressionando muito mais osservios de sade, exigindo cuidados mais freqentes, cadavez mais sofisticados e caros;

    3- vivendo mais, aumentou o tempo de gozo da aposentadoria,que somado constatao do item anterior, esto colocandoem crise os sistemas de previdncia social.(Quando opresidente Roosevelt implementou, na dcada de 30, o welfarestate nos EUA, a expectativa de vida naquele pas era da

    ordem de 60 anos, quando, hoje, j se aproxima dos 80 !)4- O aumento da populao mundial tem contribudo, entre outros

    problemas, para a rpida deteriorao do meio ambiente.

    Esses problemas apontam para a necessidade de um novopacto social nacional e, se possvel, um novo modelo planetrio deordenao social que d conta desses desajustes, que seenquadram no que denominados acima de hiato gerencial.

    50 IMPACTO: A produo e a competio sem fronteiras

    O rpido desenvolvimento tecnolgico da microeletrnica, dainformtica, das telecomunicaes e da automao, assim como oexponencial crescimento das suas aplicaes, afetaram de talmaneira o acesso s informaes, a organizao e o funcionamentodo setor produtivo, as qualificaes exigidas para o trabalho, asrelaes sociais e as polticas governamentais, que se admiteestarmos vivendo a Terceira Revoluo Tecnolgica ou Industrial.

    Exemplo marcante , na rea tecnolgica, a engenhariaindustrial que sofreu, e que continua sofrendo, profundas alteraes,tanto na sua concepo e na sua operao, quanto no seurelacionamento com os servios correlatos. A possibilidade atualproporcionada pelos meios eletrnicos, permitindo as informaesflurem instantaneamente do cliente para a fbrica e da fbrica paraos seus fornecedores, aliada automao industrial e os modernos

    11

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    12/31

    meios logsticos, tornaram possvel produzir competitivamente,diferentes produtos, em quaisquer quantidades, melhor, mais baratoe, se conveniente, de maneira descentralizada ao longo da Terra,atendendo cada vez mais aos desejos do usurio do bem produzido,tambm espalhados pelo globo. Esta concepo vem substituindoaquela, at ento vigente, que se propunha a produzir,centralizadamente, cada vez mais, da mesma coisa, melhor e maisbarato, sem muitas opes para o comprador de mercados restritos.Alm disso, acessando em tempo real o desejo dos clientes etransmitindo, tambm em tempo real, informaes aos supridoresdas matrias-primas e componentes, tornou-se possvel fbricaproduzir sob medida aquilo que j est encomendado (ou jvendido). Com tal procedimento, custos so eliminados com aminimizao de estoques a montante e a jusante da produo

    propriamente dita. Tudo passa a fluir just in time(10).Evidentemente, em toda essa cadeia, ocorre uma diminuio depessoas necessrias ao seu funcionamento. Em outras palavras, oavano tecnolgico, paulatinamente, substituiu as estruturasprodutivas rgidas, estticas, centralizadas, com organizao internahierrquica em pirmide, tpicas para a fabricao em massa deprodutos padronizados, por sistemas de produo flexveis,dinmicos, descentralizados, organizados em redes achatadas,capazes de atender nichos de mercado de tamanhos variados.

    Com a globalizao dos mercados e da produo, passou aocorrer, instantaneamente, a busca universal dos consumidorespelos mesmos bens e servios. No caso das indstrias, estaspassaram a ter que dominar as tecnologias que as colocassemcontinuamente na competio global. Como conseqncia dessaconvergncia sobre o domnio e uso das mesmas tecnologias, osprodutos passaram a diferenciar-se na competio no s pelodesign, preo e pela qualidade, mas pelos servioscomplementarmente oferecidos (financiamento, troca, manuteno,assistncia, etc..).

    A informtica associada s telecomunicaes tornou possveltransportar, economicamente, enormes quantidades de informaes,criando a possibilidade do fornecimento distncia de vriasnecessidades da fbrica, contribuindo para modificar, como j foidito, as relaes entre a produo de bens e a prestao deservios. As distncias e as fronteiras nacionais deixaram de serbarreiras nestas relaes. H uma tendncia das empresas

    12

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    13/31

    concentrarem-se estritamente na produo daqueles servios,componentes ou produtos nos quais so crescentementeespecializadas e competitivas.

    60 IMPACTO: Educao, trabalho e emprego

    Ao causar profundas alteraes no modo de produo de bense de servios, o progresso tecnolgico modifica, em conseqncia, adistribuio e a qualificao da fora de trabalho (11) . Contrariamenteao que ocorria no passado, hoje profisses surgem e desaparecemem curto tempo; qualificaes para postos de trabalho so exigidase, em seguida, descartadas, ou seja, as trajetrias profissionais so,em grande parte, imprevisveis.

    Graas ao progresso tecnolgico, o homem foi, paulatinamente,

    sendo liberado do trabalho braal. Vive-se hoje na era ps-industrialna qual, nos pases centrais, cerca de 70% da fora de trabalho foideslocada para o setor tercirio tecnologicamente cada vez maissofisticado, entre 20 e 30% permanecem no secundrio emcrescente automao, e menos de 5% encontram-se em atividadesagrcolas cada vez mais intensivas em mquinas e tcnicaspoupadoras de mo-de-obra no qualificada. Embora os setoresprimrios (agricultura, pesca e explorao florestal) e secundrio(manufatura industrial, extrativismo, produo e distribuio de

    eletricidade, gs e gua, obras de engenharia civil) da economiatenham crescido, o nmero de empregados nos mesmos ,proporcionalmente, cada vez menor. Isto se deve no somente crescente mecanizao e automao desses setores, mas, tambm, terceirizao de muitas das suas atividades anteriormenteverticalizadas, principalmente aquelas classificadas como prestaode servios, inclusive tecnolgicos. A previso norte-americana que, na dcada atual, cerca de dez por cento dos empregos naindstria desaparecero.

    Devido terceirizao cada vez maior o nmero de pessoas

    que tm freqentemente trabalho (atividade temporria remunerada),mas no necessariamente um emprego (atividade permanenteremunerada) o que exige delas, como conseqncia, alm decultura adequada, habilidades complementares e diversas daquelasda sua bagagem profissional especfica. Entre outras coisas, ocidado tem que estar preparado para gerenciar um

    13

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    14/31

    empreendimento, um negcio, uma empresa na qual trabalhasomente uma pessoa: ele mesmo.

    Graas aos meios eletrnicos de comunicaes interativos, umnmero crescente de atividades profissionais, com ou sem garantiade tempo, podem ser realizados em casa ou a partir de casa. Bastaconstatar que, hoje, at complexos projetos de engenharia, porexemplo, podem ser executados coletivamente por profissionaisespalhados pelo planeta, trabalhando em rede.

    Na medida em que as empresas so esvaziadas pelaautomao e pela terceirizao, vo restando dentro delas os novosoperrios. Entende-se aqui por novo operariado o conjunto detrabalhadores que carrega consigo o principal instrumento para aproduo, qual seja, o seu crebro, que abriga os insumos vitais:informaes e conhecimentos sem os quais nada funcionar. Estes,

    muito provavelmente, sero e ficaro empregados.Por outro lado, devido ao anteriormente mencionado aumento

    geral das horas livres, quer pela diminuio das horas de trabalho,quer pelo aumento da expectativa de vida, inmeras reas do setortercirio da economia tornaram-se extraordinariamente promissoras(lazer em geral, turismo, esttica e beleza, esportes, artes, oatendimento de necessidades dos idosos, etc....).

    Adicionalmente, esto em expanso nesse setor, as chamadasindustrias da criatividade ou indstrias criativas ( que incluem reas

    de lazer), que compreendem: propaganda, arquitetura, artes eantiguidades, artesanato, design, moda, cinema, software interativoe de entretenimento, software em geral, msica, artes cnicas,editorial e grfica, rdio e televiso. Muitas dessas reas tm sidoextremamente dinmicas na evoluo tecnolgica e esquecidaspelas polticas pblicas de gerao de emprego e renda. Basta seconstatar o que se passa no Pas com os sistemas de produo edistribuio fonogrfica e cinematogrfica.

    A realidade at agora descrita, permite afirmar-se que socada vez maiores e mais elevadas as qualificaes exigidas para os

    postos de trabalhos em qualquer dos setores de produo, fato quecoloca uma grande presso sobre as necessidades educacionaisdas populaes. bvio, e desnecessrio enfatizar, que acapacidade cientfica e tecnolgica nacional absolutamentedependente de nvel educacional adequado da populao.Educao, cincia e tecnologia (EC&T) esto intimamenterelacionadas.

    14

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    15/31

    Ao longo do tempo, na medida em que as tecnologias foramcrescendo em contedo cientfico, tornou-se, proporcionalmente,cada vez menor o nmero de pessoas capazes de posicionarem-senas fronteiras dos conhecimentos nas vrias reas do saber e,portanto, entend-las, enquanto cresceu a ignorncia tecnolgica damaioria da populao que, em consequncia, no entendeminimamente como funciona a maioria dos apetrechos com que sedefronta no dia-a-dia (relgio digital, telefone celular, DVD, forno demicro ondas, computador, controles remotos, etc...).

    preciso ter presente que o mundo em que vivemos hoje,todos os cidados necessitam de conhecimentos bsicos de cincia,das tecnologias mais usadas, de matemtica e informtica,continuamente atualizados. Esta uma exigncia no s para omercado de trabalho, mas antes de tudo, para que o cidado no

    seja um alienado, um ignorante diante dos bens e servios utilizadosno seu dia-a-dia. Em outras palavras o sistema educacionalmoderno deve, em todos os nveis e para todas as profisses, incluircompetente e adequada educao em cincia e tecnologia. Trata-sede uma questo no s relacionada com a empregabilidade doindivduo, mas uma questo de cidadania. Adicionalmente, devido globalizao, a fora de trabalho nacional precisa estarprofissionalmente, psicologicamente e culturalmente preparada paraatuar mundialmente(2).

    Com as constantes mudanas tecnolgicas, os indivduos queno as acompanharem, ficaro prematuramente inabilitados para otrabalho. Sero parte do que tem sido chamado de desempregoestrutural. A desqualificao para o mercado de trabalho sejaatravs da obsolescncia ou da m formao escolar, d origem aoque tem sido chamado de analfabetismo tecnolgico. Osanalfabetos tecnolgicos no ingressaro ou retornaroadequadamente no mercado de trabalho nem que a economiacresa e expanda as oportunidades de emprego e trabalho, pois notero as qualificaes exigidas pela maioria dos postos de trabalho

    criados. A expanso do setor produtivo d-se sempre utilizando asultimas inovaes tecnolgicas que, via-de-regra, so poupadorasde mo-de-obra e intensivas em conhecimentos, compreendendocomplexos sistemas de gesto, operao e controle .

    Evitar a obsolescncia da fora de trabalho hoje umapreocupao da maioria dos pases. Tendo em vista o custo elevadoem trazer periodicamente essa fora para dentro das salas de aula,

    15

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    16/31

    a soluo que est se ampliando, levar os conhecimentos aoslocais de trabalho utilizando meios eletrnicos, de prefernciainterativos, conforme ser exposto adiante.

    hoje consenso que necessrio que o Pas seja dotada deum sistema de educao de massa do primeiro ao terceiro grau, damelhor qualidade, e capaz de fornecer ao cidado possibilidades deatualizao continuada, ao longo de sua vida, para o trabalho e parao lazer. Isto , capaz de preparar o cidado, conforme Domenico deMasi (12), para o cio e o negcio ao longo de sua existncia. preciso ter clareza que, em conseqncia da dinmica social dosnossos dias, no h mais formao profissional terminal,principalmente nas reas de trabalho mais tecnolgicas.Adicionalmente, deve-se ter um quarto grau capaz de formarpesquisadores, de produzir avanos nas fronteiras dos

    conhecimentos nas diversas reas do saber e contribuir,efetivamente, para aumentar a capacidade endgena do sistemanacional de inovao tecnolgica, em benefcio do setor produtivo edas necessidades pblicas.

    No que diz respeito ao ensino superior, a situao brasileira lamentvel. Segundo estatsticas que constam de Relatrio daOrganizao das Naes Unidas (13), o Brasil o pas da AmricaLatina com o menor ndice de atendimento, no ensino superior, aos

    jovens na faixa etria de 18 a 24 anos: apenas 10% daquela faixa

    etria, ou 1,3% da populao total do Pas, o que equivale cerca demetade do ndice da Bolvia, de um tero da cobertura do Chile.Significa, ainda, que o Pas apresenta uma das piores taxasmundiais, sendo que, na Amrica Latina e Caribe, somente est empior situao o Haiti. Tal fato gravssimo e, ao mesmo tempo, umparadoxo, pois o Pas uma das maiores economias mundiais,dispondo de um dos maiores sistemas educacionais do planeta e umsistema de ps-graduao de excelente qualidade.

    Felizmente, o prprio avano tecnolgico produziu os meiosnecessrios para o atendimento parcial de tais necessidades, acustos suportveis pela sociedade, inclusive no Brasil. Trata-se dosmeios eletrnicos de comunicao disponveis que permitem no so livre acesso aos conhecimentos por parte dos cidados mas,tambm, permitem coloc-los ao alcance confortvel dos cidadosonde quer que eles estejam, de maneira programada a partir debases logsticas onde os mesmos esto armazenados e so

    16

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    17/31

    gerenciados. Os meios pedagogicamente mais apropriados a seremutilizados so aqueles que permitem maior e mais eficiente interaoentre os detentores do conhecimento e os seus demandantes, aindaque afastados fisicamente. Assim, tm sido utilizados o correio, otelefone, o gravador, o fax, o rdio, a televiso, o vdeo, o CD-ROM,o DVD e a INTERNET. Tais meios, isoladamente ou associados,permitem empacotar pedagogicamente e despachar osconhecimentos. riqussima a experincia internacional no empregodo ensino assistido por meios eletrnicos (EAMI), podendo sercitados como bem sucedidos os EUA, a Inglaterra, o Canad, aEspanha, a Turquia e o Mxico.

    Convenientemente utilizados, tanto no ensino presencialquanto distncia, os meios citados constituem-se, ainda, numpoderoso instrumento no sentido de preparar o indivduo a aprendera aprender, metodologia absolutamente apropriada para quem vivenum mundo em constante mutao. Eles facilitam a utilizao doprocesso educacional centrado no esforo do aluno aprender e no,majoritariamente, no esforo do professor em ensinar.

    Tem-se assim, em mos, graas ao avano tecnolgico, aoportunidade fazer uma revoluo no sistema educacional brasileiro,inclusive no nvel pedaggico, e de democratizar o acesso educao em todos os nveis (14) .

    70 IMPACTO: O cenrio estratgico mundial : a concentraodo poder

    No final do Sculo XVI, Francis Bacon, um dos formuladoresdos pilares do que viria a ser a Cincia Moderna, j afirmara que"conhecimento poder"(15). Ao longo do tempo, e principalmente apartir do Sculo XIX, tornou-se claro que a capacidade cientfica

    associada capacidade de inovar na gerao de bens e de serviosintensivos em conhecimentos cientficos passaria a ser fatordeterminante do poder relativo entre as naes nas suas expressespoltica, econmica e militar. Como foi dito anteriormente, talrealidade, que j se delineava claramente por ocasio da 1a. GrandeGuerra, cristalizou-se trs dcadas depois, aps o desfecho dosegundo conflito mundial.

    17

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    18/31

    Nos anos que se seguiram ao trmino do conflito, ficou patenteque a infra-estrutura cientfica nacional, associada capacidade emgerar inovaes tecnolgicas materializadas em bens e serviosglobalmente competitivos, poderiam constituir-se em vantagenscapazes de superar as vantagens comparativas tradicionais entre asnaes, quais sejam, extenso territorial, terras apropriadas agricultura, disponibilidade de matrias primas, de energia e demo-de-obra abundante e barata(2). O exemplo clssico dessarealidade o Japo, que apesar de ter um territrio de apenas 378mil quilmetros quadrados,ser importador de energia, de matrias-primas industriais e de alimentos, e ter mo-de-obra das mais bempagas do planeta , mesmo assim, uma potncia econmica, graas sua capacidade tecnolgica inovadora.

    Essa constatao levou algum a afirmar, com grande

    sabedoria, que "no mundo moderno mais vale o que se tem entre asorelhas do que debaixo dos ps".

    Alem disso, as novas tecnologias utilizadas nos transportes enas comunicaes, encolheram as distncias, praticamentetornaram transponveis os obstculos geogrficos e instantneas ascomunicaes independentemente das distncias entre osinterlocutores, possibilitando o comando distncia, em diferentesgraus, de unidades produtivas de bens e servios, favorecendo apermeabilidade de informaes e a gerncia de empreendimentos,

    mercadorias e cidados atravs das fronteiras nacionais.As novas vantagens comparativas, os transportes e ascomunicaes, alteraram profundamente as anlises geopolticas egeoestratgicas aplicadas a pases, blocos de pases ou regies.

    Adiante sero expostas diferentes vises do cenriogeopoltico e geoestratgico mundial, oriundas de consideraesrelativas capacidade de gerao, domnio e uso das modernastecnologias.

    Golbery(16) j observara que........o progresso vertiginoso dacincia aplicada e da tcnica, sobretudo no que se refere

    movimentao do homem a de suas riquezas e difuso das idias,aplicadas em escala nunca vista pelos novos meios de transporte etelecomunicaes, atravs de todas as latitudes e todas aslongitudes e por quaisquer obstculos antes qualificadosintransponveis, tende a dilacerar e a explodir todo o sistema decompartimentao espacial que vinha caracterizando o mundo denossos dias, desde que os Estados-Naes surgiram e se firmaram

    18

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    19/31

    no palco internacional como unidades soberanas de cristalizaoefetiva do poder. Neste mundo tornado, potencialmente, ums,.........a brusca reduo das distncias a escalas quase

    provinciais, a transmisso por assim dizer instantnea das aes ereaes entre Estados, o estreitamento dos contatos face a faceentre naes mesmo que situadas em plos antpodas numecmeno j sem desvos nem confins, haveria de emprestar srelaes internacionais um dinamismo potente e febril, umamultidimensionalidade que a todos os instantes extravasa, elargamente, do campo poltico tradicional para o militar, o econmicoe o psicossocial, numa complexidade desconcertante que desafia osanalistas e dificulta a tomada de decises estratgicas, oportunas,adequadas e eficazes.

    Recentemente, Sachs(17) observando a economia mundial nas

    ltimas dcadas, afirmou que o mundo deixara de ser dividido porideologias (referindo-se a Guerra Fria) para ser dividido pelatecnologia. Segundo aquele autor pode-se grupar os paises e/ouregies em categorias explicitadas na Figura 1, que resulta nadiviso do planeta em trs partes. Uma pequena parte do planeta,responsvel por cerca de 15% de sua populao, fornece quasetodas as inovaes tecnolgicas existentes. Uma segunda parte, queengloba talvez metade da populao mundial, est apta a adotaressas tecnologias nas esferas da produo e do consumo. A parcela

    restante, que cobre por volta de um tero da populao mundial, vivetecnologicamente marginalizada --- no inova no mbito domstico,nem adota tecnologias externas.

    Essas regies tecnologicamente excludas nem semprereproduzem o traado das fronteiras nacionais. Elas abrangem reascomo o sul do Mxico, os pases andinos, a maior parte do Brasiltropical, a frica Subsaariana tropical e a maior parte da antigaUnio Sovitica.

    Evidentemente, os pases constantes da primeira categoriadominam o cenrio mundial poltica, econmica e militarmente,

    estabelecendo as regras do jogo e a nova ordem na distribuio dariqueza e do trabalho a nvel global. Adicionalmente, os paseslderes dessa nova geografia do poder especializaram-se naproduo de bens e de servios nos quais intensiva a agregaode valores intangveis, minimizando o seu envolvimento na produode comodities e de produtos manufaturados intensivos em energia,matrias primas e mo-de-obra. No fundo, tornaram-se grandes

    19

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    20/31

    exportadores de bens intangveis, basicamente conhecimentos evalores simblicos.

    Trs fatos tm contribudo para aumentar o hiato cientfico etecnolgico existente entre os desenvolvidos e os demais pases: asdisparidades econmicas e sociais dos atores envolvidos, a dinmicaatual da evoluo da cincia e da tecnologia e a intensa competioglobal que tende a dificultar a cooperao vertical. O espectro detecnologias centrais no atual paradigma de produo de riquezas,principalmente as conhecidas TICs (Tecnologias de Informao e deComunicao), no tm sido difundido e dominado na amplitude eprofundidade desejveis para os pases em desenvolvimento.

    Porm, preciso considerar que a difuso e o domnio dastecnologias centrais, impregnadas de conhecimentos cientficos,tambm no um problema trivial. Na realidade, as tecnologias de

    base emprica so facilmente entendidas e, portanto, sua cpia eproduo por empresas retardatrias, por exemplo, uma questode oportunidade e de disponibilidade econmica. Por sua vez, porserem fruto da aplicao de conhecimentos cientficos, astecnologias modernas mais relevantes e seus processos deproduo, no so facilmente compreendidos e, conseqentemente,so extremamente difceis de serem copiadas. Isto , so altamentediscriminatrias: quem no tiver competncia cientfica e capacidadetecnolgica estar condenado periferia, mesmo que disponha dos

    demais fatores de produo (capital, mo-de-obra e matrias-primas).A gerao de tecnologias de base cientfica exige, num

    ambiente favorvel criatividade e inovao, acmulo de capitalpara investimentos contnuos em pesquisa, desenvolvimentoexperimental e engenharia, mobilizando crebros com competnciaem amplo espectro de conhecimentos e capacidade gerencial paraproduzir, competitivamente, novos bens e servios.

    O resultado disso tem sido a concentrao do poder em todosos nveis. No nvel individual, o extraordinrio valor e a importncia

    do novo operariado, que tem dado origem a uma nova viso dasrelaes capital/trabalho. No setor empresarial observa-se a fusode empresas, a formao de grandes conglomerados tecnolgicosno confinados a fronteiras nacionais. Neste caso, constata-se quequanto mais impregnada de cincia for o produto ou as tecnologiasde produo de um bem ou de um servio, menor o nmero deempresas competindo nos mercados. Finalmente, de uma certa

    20

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    21/31

    maneira, a mesma coisa est ocorrendo ao nvel de pases.Observa-se, desde a segunda metade do sculo passado, atendncia dos pases a aglomerarem-se em torno de forteslideranas cientficas e tecnolgicas para formarem blocoseconmicos e, por extenso, polticos e militares (18) .

    No dizer de R. Dreifus(19,20) , os avanos cientficos etecnolgicos em geral, e os avanos das comunicaes e dostransportes em particular, e a ao das empresas multinacionais,dinamizaram no um, mas trs grandes processos detransformao: a mundializao dos estilos, usos e costumes,hbitos e da cultura (metanacional), a globalizao tecnolgica,comercial, da produo, dos mercados e das finanas(transnacional) e a planetarizao da gesto e da regulamentao(supranacional).

    Certamente os processos em questo tm gerado, em grandeparte do planeta, preocupantes problemas que so resultantes daacelerada dinmica das transformaes sociais e por envolveremrelaes extremamente assimtricas entre atores do cenrio, ouseja, de um lado pases centrais, ditos desenvolvidos, com enormepoder de presso e retaliao, e suas empresas globais, e, dooutro, os paises perifricas, sujeitos a regras impostas, com suasempresas, quando nacionais, com atuao primordialmente local. Hainda que se acrescentar o conflito entre os interesses micro

    econmicos das empresas globais, guiadas pelo lucro e pelasupremacia em mercados sem fronteiras, e os interesses macroeconmicos dos estados nacionais com suas demandas sociais ebusca de preservao de soberania. Os interesses nacionais e osdas empresas se superpem, mas s coincidem nos paises centraisnos quais se localiza a enorme maioria das sedes das empresasglobais. Neste caso fundem-se os interesse corporativos e a aoeconmica, poltica, diplomtica e militar dos estados nacionais.

    Diante disso o qu se tem observado?A globalizao das finanas e da produo est dominada e

    capitaneada por empresas de no mais do que duas dezenaspases, no dispostas a abrir mo do gozo de subsdios, reservas demercado e barreiras no alfandegrias, mas que exigem aberturatotal e irrestrita dos mercados dos outros, e que so respaldadaspelos seus governos. A produo tende a se localizar de acordo comas chamadas vantagens comparativas locacionais ( mo-de-obra

    21

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    22/31

    barata e abundante, disponibilidade de matria-primas, energia,frouxa regulamentao ambiental, acesso poupana local, etc...).

    A mundializao dos costumes e da cultura, tende a imporaquelas existentes nos pases centrais devido ao poderio econmicoe supremacia tecnolgica dos mesmos, o que, sob o ponto de vistaantropolgico, no deixa de ser lamentvel. O consumo imitativo dassociedades avanadas se espalha at aos grotes do terceiromundo.

    Quanto planetarizao da gesto e da regulamentao, elaest se dando na direo requerida pelas empresas globaisrespaldadas pelos seus respectivos governos nos fruns multilateraise organismos internacionais, tais como FMI, OMC, WB, etc..... Essesrgos, amplamente dominados pelos pases centrais tm impostoregras globais de gesto que tendem a enfraquecer os estados

    nacionais perifricos, fator essencial para que as suas empresastenham minimizados os seus problemas e maior liberdade de aono exterior.

    Para constatar o que se est afirmando sobre a globalizaoe a planetarizao, basta, como exemplo, uma anlise do que vemocorrendo na Rodada de Doha da OMC.

    Como conseqncia do cenrio acima exposto, observa-seuma tendncia dos paises perifricos se unirem para compensaremas assimetrias apontadas, partindo para um enfrentamento mais forte

    quanto aos aspectos negativos do processo civilizatrio em marcha. viso dos processos percebidos por Dreifus, acrescente-seque, paralelamente, est ocorrendo a satelitizao de pases emtorno de poucos sois. Ou seja, as mais fortes lideranas dos pasescentrais esto impelindo os pases retardatrios no desenvolvimentoa gravitarem em torno dos mesmos, os sois de cada sistemaplanetrio, complementando e ampliando assim o seu PoderPotencial, com reflexos positivos no Poder Efetivo(21). So oschamados blocos econmicos regionais ou sub-regionais, dosquais os mais importantes so: os EUA liderando o NAFTA e

    propondo a ALCA, e a Unio Europia-EU, lideradotecnologicamente pela Alemanha, Inglaterra e Frana e avanandopara o Leste Europeu e, possivelmente, projetando-se para a frica.

    Longo (7) observando o cenrio estratgico mundial no inciodos anos 90 do Sculo XX, apresenta uma explicao para aracionalidade embutida na formao de blocos de poder nos nveisglobal ou regional.

    22

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    23/31

    O Poder Potencial (PP) de um pas num dado instante de suahistria, comparativamente a de outros pases, representa a suadisponibilidade de condies fsicas capazes de propiciar a geraode riqueza e poder. A sua avaliao no leva em consideraoanlise subjetiva: trata-se de uma fotografia do pas. Refere-se auma condio esttica, semelhante de uma caixa dgua: quantomais volume e maior a altura em que estiver colocada, maior aenergia disponvel para ser transformada em trabalho (Figura 2). Eleest associado, basicamente, ao territrio nacional e populaoexistente sobre o mesmo ou capaz dele vir a suportar, sendopassvel de mensurao objetiva. Exemplo de anlise do territrioseria: extenso total (Tabela 4), forma e relevo, localizaogeogrfica, fronteiras terrestres e martimas, guas internas,extenso de desertos e de geleiras, terras apropriadas agricultura

    e pecuria, disponibilidade de matrias-primas e de fontes deenergia, etc. Quanto populao: nmero de habitantes, suadistribuio e mobilidade espacial, etnias, lnguas, religies, etc.Dentre os parmetros listados, alguns valorizam (Ex: fronteiras bemdefinidas e estabilizadas) e outros depreciam o Poder Potencial (Ex:afastamento dos centros dinmicos da economia mundial).

    O Poder Efetivo (PE) de um pas, num dado instante, estassociado sua capacidade em transformar em riqueza e poder asdisponibilidades fsicas, prprias ou de terceiros. Uma caixa dgua

    grande e bem elevada (alto PP), ligada a uma turbina eficiente, geratrabalho til (alto PE), como esquematizado na Figura 2. Ele podeser avaliado por parmetros econmicos (PIB e renda per capita,exportaes e importaes, consumo de energia eltrica ou deao/habitante, dispndio nacional em C&T e P&D , etc.), psico-sociais (dispndios com educao e sade, expectativa de vida dapopulao, mdicos e leitos hospitalares/habitante, grau deescolaridade da populao, etc.), polticos (regime poltico,estabilidade interna, presena internacional, etc.) e militares(dispndio nacional com defesa, efetivo das Foras Armadas,

    capacidade de produo autnoma de material de emprego militar,grau de atualizao tecnolgica do equipamento, etc.). As Tabelas 5e 6, apresentam alguns dados referentes ao PE de alguns pases.

    A exigncia para que um pas se torne Plo de Poder Mundial(PPM) que o seu PF no seja vulnervel a fatores externos,principalmente pouco susceptvel a embargos ao acesso anecessidades estratgicas imprescindveis sua soberania, sua

    23

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    24/31

    auto-determinao. Ou seja, exige PE dotado, em princpio, de PPprprio ou complementado de maneira confivel. Esta condiopode ser alcanada por um pas ou por um bloco de pasesestrategicamente associados.

    Conforme salientado anteriormente, os avanos da cincia eda tecnologia causaram alteraes na viso e no valor relativo dasvantagens comparativas tradicionais entre pases, ou seja, odomnio e o uso de C&T na criao de inovaes pode criarvantagens que superam as disponibilidades fsicas e at financeiras.Assim, tem sido possvel a alguns pases construrem, isoladamente,um elevado PE, sem possurem PP, desde que tenham altacapacidade cientfica e tecnolgica, que exige alto nvel educacionalda sua populao. Exemplo dessa situao o Japo que, hoje, temextraordinrio PE, graas sua competncia em CT&I, mas que

    totalmente dependente de complementaridade externa essencial noque diz respeito ao seu PP (energia, matrias-primas industriais,alimentos, etc.) e que, alm disso, tem uma mo-de-obra das maisbem pagas do mundo. Trata-se, portanto de PE extremamentevulnervel, pois no resistiria a um bloqueio, a um cerceamentocomercial. Assim, isoladamente, no , e nem ser, um PPM. Outrosexemplos poderiam ser dados em suporte afirmativa de que possvel estrategicamente a um pas mal dotado de PP, constituirum elevado PE, desde que disponha de um eficiente sistema

    nacional de inovao que, como vimos, requer elevado nveleducacional da populao e capacidade cientfica e tecnolgica.Ao contrrio, a histria no registra nenhum pas que dispondo

    de alto PP, tenha construdo elevado PE sem que tivesse, aomesmo tempo, populao altamente educada e elevada capacidadeem C&T para os padres da poca. A histria mostra, ainda, quepases dotados de PP mas sem capacidade de transform-loautonomamente em PE, acabam cedendo seu PP para serexplorado por outros pases, ou seja, complementam o PP deterceiros. Essa cesso pode se dar de diversas maneiras:

    exportando suas matrias-primas de valor industrial (exploradas porempresas estrangeiras ou nacionais), permitindo e facilitandodesmedida desnacionalizao de seu setor produtivo, inclusive desetores estratgicos para a sua segurana, etc... Os leitorescertamente sero capazes de deduzir bons exemplos dessasituao.

    24

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    25/31

    A concluso dessas constataes que a transformao dePP prprio ou de terceiro (caixa dagua disponvel) em PE (turbina)se d atravs da capacidade endgena em cincia, tecnologia einovao, que exige alto grau educacional da populao (Figura 2).

    Os EUA so, no momento, o mais poderoso PPM, Dotados dePP dos maiores do planeta, e tendo uma populao com elevadopadro educacional capaz de manter consistente e prolongadaliderana em CT&I, os EUA construram um PE que se podeconsiderar, nas condies atuais, no vulnervel. Sob o ponto devista geoestratgico, so privilegiados com uma posio geogrficaque lhes permite projetar suas aes polticas, econmicas emilitares tanto atravs do Oceano Pacfico quanto do Atlntico Nomomento, procuram reforar o seu PP atravs do Acordo de LivreComrcio das Amricas (ALCA), aps grande avano nessa direo

    com o Acordo de Livre Comrcio da Amrica do Norte ( NAFTA), umtpico exemplo de satelitizao.

    Quanto Unio Europia, esta se enquadra perfeitamentecomo mais um exemplo em favor da argumentao exposta. Aconsidervel competncia cientfica e tecnolgica europia achava-se espalhada em pases de baixo PP, tais como a Alemanha, aInglaterra, a Frana, a Itlia, Holanda, Sua, Blgica e ustria,todos abrigando populaes com elevado grau de escolaridade. Aounirem-se, passaram a ter todas as condies para erigirem um

    PPM. A tendncia de satelitizao, neste caso, na direo dospases relativamente menos desenvolvidos da prpria Europa, e doLeste Europeu e da frica.

    A nvel global, pode-se deduzir que pases sem PP e,simultaneamente, sem capacidade cientfica e tecnolgica, tendero,inexoravelmente, a orbitar em torno de algum sol.

    E o Brasil?O Brasil a letra B dos pases chamados de BRICs, ou seja, o

    conjunto de pases com enorme Poder Potencial (PP) e que tem

    possibilidades de terem grande Poder Efetivo (PE) no vulnervel,ou seja, no nosso entendimento, tornarem-se Plos de PoderMundial (PPM). So eles: Brasil, Rssia, China e ndia, s vezestambm referidos como baleias. Os quatro, em maior ou menorescala, j se posicionam como sis regionais ou sub-regionais.

    A situao do Brasil clara: dotado de extraordinrio PP, umdos maiores do planeta, falta-lhe disposio poltica em EC&T para

    25

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    26/31

    construo de PE soberano, e determinao estratgica visando serum PPM. A determinao estratgica deve se traduzir entre outrascoisas, na busca da superao de vulnerabilidades queenfraquecem o seu PE ou, em caso de conflito, afetar diretamente asua populao, como o caso dos frmacos, apenas para dar umexemplo.

    Referncias bibliogrficas

    (1) KNELLER, G.F., A cincia como atividade humana, ZaharEditores e EDUSP, So Paulo, 1980.(2) LONGO, W.P., O desenvolvimento cientfico e tecnolgico eseus reflexos no sistema educacional, Revista TC Amaznia, ano01, no 01, pgs 08-22, Manaus,2003.

    (3) LONGO, W.P., Cincia e Tecnologia: evoluo, inter-relao eperspectivas. Anais do 9 Encontro Nacional de Engenharia deProduo, vol. 1, 42, Porto Alegre, 1989.

    (4) LONGO,W.P., Cincia e Tecnologia e a Expresso Militar doPoder Nacional, TE-86 DACTec, Escola Superior de Guerra, Rio deJaneiro, 1986.(5) PRICE, D.S., Little science, big science, Columbia UniversityPress, New York, 1963.(6) The Hart-Rudman Presidential Commission on the future of

    national security, Phase II, Washington D.C., E.U.A, 2000.(7) LONGO, W.P., Desenvolvimento cientfico e tecnolgico:conseqncias e perspectivas, Escola Superior de Guerra, CAESGTI-91, Rio de Janeiro, 1991.(8) OLIVEIRA, J.M.A., Origem e evoluo do pensamentoestratgico, Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 1986.(9) The technological revolution, Marubeni Economic Report ,Marubeni Corporation Economic Research Institute, Dezembro 2002.(10) LONGO,W.P., O desenvolvimento cientfico e tecnolgico doBrasil e suas perspectivas frente aos desafios do mundo moderno,coleo Brasil: 500 anos, vol. II, Editora da Universidade daAmaznia, Belm, 2000.(11) LONGO, W.P., A viso internacional e os institutos depesquisa, Longo, W.P., Anais do Congresso ABIPTI 2000 daAssociao Brasileira das Instituies de Pesquisa Tecnolgica , p.21 a 36, Fortaleza, 2000.

    26

    http://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/107.dochttp://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/107.dochttp://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/107.dochttp://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/107.dochttp://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/107.dochttp://www.waldimir.longo.nom.br/artigos/107.doc
  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    27/31

    (12) De MASI, D., Entrevista, Correio do Livro, Abril/Junho, Rio deJaneiro, 1999.(13) O.N.U., Novas tecnologias e desenvolvimento humano",Relatrio, 2001.(14) LONGO, W.P., A vivel democratizao ao acesso aoconhecimento, Revista Lugar Comum/UFRJ 9-10, p. de 195 a 207,Rio de Janeiro,Setembro 1999 a Abril 2000.

    (15) BACON, F., "Meditationes Sacrae. De Haeresibus.", Londres,1597.(16) GOLBERY do Couto e Silva,Conjuntura poltica nacional , opoder executivo & geopoltica do Brasil, Jos Olympio Editora, Riode Janeiro, 1981.(17) SACHS, J., A new map of the world, The Economist, Abril de2000(18) LONGO W.P. e BRICK, E.S., Entraves ao acesso tecnologia, Anais do IV Seminrio Internacional de Transferncia deTecnologia, Rio de Janeiro, 1992.(19) DREIFUSS, R. A., A poca das perplexidades, Editora Vozes,Petrpolis, RJ, 1997.(20) DREIFUS, R.A., Transformaes: matrizes do Sculo XXI,Editora Vozes, Petrpolis, 2004.

    27

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    28/31

    TABELA 1: Expectativa de vida e populao mundial

    Perodo/ano Expectativa (anos) Populao (milhes)

    4.000.000 a 1.000.000 aC 14 - 15 0,07-1,00

    900.000 a 400.000 aC 14 - 15 1,70100.000 a 15.000 aC 18 - 2015.000 a 5.000 aC 20 - 27 410.000 a 3.000 aC 25 103.000 a 1.000 aC 28 50500 aC a 500 dC* 25 - 28 100 190800 -1300 30* 220 3601700 32 - 36 5451800 34 - 38 7201860 1.2001900 48**1950 2.50019701975 3.900

    Fonte: 21th Century Review (1995, fall)

    Perodo/ano Expectativa (anos) Populao (milhes)

    1980 72,61990 74,91995 5.7602000 77,2

    2002 6.2152003 77,8Fontes: OECD (expectativa de vida) e Population Reference Bureau (populao)

    TABELA 2: Expectativa de vida e trabalho

    PasesExpectativa de Vida (anos)

    Trabalho anual(horas)

    1960 1970 2003 1970 2003

    Noruega 73,6 74,2 79,5 1775 1337

    Alemanha 69,6 70,4 78,4 1950 1434Frana 70,3 72,2 79,4 2012 1532EUA 69,9 70,9 77,2 1861 1731Coria 52,4 62,6 76,9 - 2384Fonte: OCDE

    28

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    29/31

    TABELA 3: Estimativa de evoluo trabalho/lazer

    Obs.:* Horas calculadas a partir de 10 anos e 12 horas/dia de trabalho durante 26 anos.** Horas calculadas a partir de 18 anos e 8 horas/dia de trabalho durante 45 anos.*** Idem e 6 horas /dia

    FIGURA 1

    Ano

    Expectativa de vida

    (anos)

    Trabalho total

    (horas)

    Lazer

    (horas)1800* 36 95.000 a 110.000 20.000 a 25.0001980** 72 82.000 a 87.000 130.000 a 147.0002003 79,4 64.000 a 69.000 190.000 a 215.000

    29

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    30/31

    FIGURA 2: Cincia e tecnologia e o poder

    TABELA 4: Poder PotencialComparao parcial (2005): Populao e rea

    PasPopulao(milhes)

    rea(mi Km)

    Rssia 143 17,0

    Estados Unidos 296 9,6China 1.304 9,3Canad 32 9,2Brasil 186 8,5

    Austrlia 20 7,6Fonte: Banco Mundial

    30

  • 8/4/2019 aspecto desenvolvimento economico

    31/31

    TABELA 5: Poder EfetivoComparao parcial (2005): Produto Interno Bruto e Renda per Capita

    PasPIB

    (US$ bi)Renda per capta

    (US$)1-EUA 12.455 43.7402-Japo 4.505 36.9803-Alemanha 2.781 34.5804-Reino Unido 2.228 37.6005-Frana 2.110 34.5806-Itlia 1.723 30.0107-China 1.649 1.7408-Espanha 1.123 25.3609-Canad 1.115 32.60010-Brasil 794 3.460

    11-Coria do Sul 787 15.83012-ndia 785 71013-Mxico 768 7.31014-Rssia 763 4.46015-Austrlia 700 32.22016-Holanda 594 36.620

    Fonte: Banco Mundial

    TABELA 6: Poder EfetivoComparao parcial (2003): Pesquisa e desenvolvimento experimental

    Pas P&D(% PIB)

    % FinanciamentoGoverno Indstria

    1-EUA 2,60 31,20 63,112-Japo 3,15 17,69 74,523-Alemanha 2,55 31,14 66,124-Reino Unido 1,89 31,29 43,905-Frana 2,19 38,36 52,116-Itlia 1,16 50,80 43,007-China8-Espanha 1,10 40,07 48,369-Canad 1,94 34,50 47,5210-Brasil* 0,97 58,70 41,3011-Coria do Sul 2,64 23,86 74,0112-ndia13-Mxico** 0,39 59,05 29,8414-Rssia15-Austrlia 1,62 44,39 46,4316-Holanda 1,80 37,06 50,01

    Fonte: Banco Mundial. *Indicadores nacionais de C&T do MCT. **2001.