direito economico

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Direito Econômico Página 1 de 46 12/02/10 Professor: Fernando Krebs Direito Econômico Ementa: A ordem econômica constitucional: evolução histórica, fundamento, finalidade e princípios orientadores. Legislação de defesa da ordem econômica. Programa do Curso: Unidade I 1. A Disciplina 2. O sistema jurídico e a sistema econômico 3. Evolução histórica do direito econômico 4. O constitucionalismo e o direito econômico 5. Conceito e objeto do econômico 6. Relação do direito econômico com disciplinas Afins Unidade II 1. Conceito de ordem econômica 2. Princípios da ordem econômica 3. Política econômica 4. Formas de atuação estatal na economia 5. O desenvolvimento e o finalismo da ordem econômica 6. Amplitude do conceito de atividade econômica 7. Serviços públicos 8. Atividades especificas – monopólios e regimes especiais 9. A propriedade 10. O planejamento – planos, orçamentos e diretrizes 11.O sistema financeiro Unidade III 1. Mercado e livre concorrência 2. Princípios da ordem econômica e concorrência 3. A lei n° 8.8884/94 4. As infrações e os crimes contra a ordem econômica 5. Relações entre legislação consumerista e a lei n° 8.8884/94 6. Órgão específicos: SDE CADE e SEAE 7. Processualística da Lei n° 8.8884/94 Aluno: Márcio de Souza Barbosa http://materialdedireito.4shared.com Professor: Fernando Krebs

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Page 1: Direito Economico

Direito Econômico Página 1 de 46

12/02/10

Professor: Fernando Krebs

Direito Econômico

Ementa:

A ordem econômica constitucional: evolução histórica, fundamento,

finalidade e princípios orientadores. Legislação de defesa da ordem

econômica.

Programa do Curso:

Unidade I

1. A Disciplina

2. O sistema jurídico e a sistema econômico

3. Evolução histórica do direito econômico

4. O constitucionalismo e o direito econômico

5. Conceito e objeto do econômico

6. Relação do direito econômico com disciplinas Afins

Unidade II

1. Conceito de ordem econômica

2. Princípios da ordem econômica

3. Política econômica

4. Formas de atuação estatal na economia

5. O desenvolvimento e o finalismo da ordem econômica

6. Amplitude do conceito de atividade econômica

7. Serviços públicos

8. Atividades especificas – monopólios e regimes especiais

9. A propriedade

10. O planejamento – planos, orçamentos e diretrizes

11.O sistema financeiro

Unidade III

1. Mercado e livre concorrência

2. Princípios da ordem econômica e concorrência

3. A lei n° 8.8884/94

4. As infrações e os crimes contra a ordem econômica

5. Relações entre legislação consumerista e a lei n° 8.8884/94

6. Órgão específicos: SDE CADE e SEAE

7. Processualística da Lei n° 8.8884/94

Aluno: Márcio de Souza Barbosa http://materialdedireito.4shared.com Professor: Fernando Krebs

Page 2: Direito Economico

Direito Econômico Página 2 de 46

Horário

Provas

V1 - 07/05 – sexta – feira

V2 – 18/06 – sexta – feira

2ª chamada – 02/07 – sexta – feira

Vs - 09/07 – sexta – feira

VT1 VT integrada = análise do Filme O Som do Coração

VT2

VT3

TDE (trabalho Discente Efetivo)

Bibliografia

Básica

• Figueiredo, Leonardo Vizeu. Lições de Direito econômico. Forense, 3ª

edição, 2010

• Fonseca, João Bosco Leopoldino. Direito econômico. R.J. Forense

• Borges, Alexandre Walmott. A ordem econômica e financeira da

constituição os monopólios analise das reformas de 1995 e 99, Juruá

• Bastos, Celso Ribeiro. Curso de direito econômico. S.P. Celso Bastos.

2005.

Complementar

• Caixeta, Simone Letícia de Souza. Regime Jurídico da concorrência.

As Diferenças entre concorrência desleal e infrações da ordem

econômica, Juruá

• Camargo, Ricardo Antônio Lucas. Breve introdução ao Direito

econômico. Porto Alegre, Sérgio Antônio Fabris Editora

• Dantas, Ivo. Direito constitucional econômico, Juruá

• Fonseca, João Bosco Leopoldino. A lei de proteção a concorrência

comentários a legislação antitruste. Forense

• Nazar, Nelson. Direito econômico. Edipro

• Tavares, André ramos. Direito constitucional econômico. Ed. Método.

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Page 3: Direito Economico

Direito Econômico Página 3 de 46

19/02/2010

1 – Conceito de Direito Econômico:

É o ramo do Direto Público que disciplina a condução da vida

econômica da nação, tendo como finalidade o estudo, o disciplinamento e a

harmonização das relações jurídicas entre os entes públicos e os agentes

privados, detentores dos fatores de produção, nos limites estabelecidos

para intervenção do estado na ordem econômica.

Detentores dos fatores de produção são os donos dos meios de

produção, as empresas, indústrias, agropecuária...

A intervenção do Estado difere entre as nações. Em algumas nações o

Estado interfere mais que em outros. Ex.: Cuba, China, EUA.

Economia Capitalista:

Com Intervenção

Pouca Intervenção (Liberal Contemporânea)

Muita Intervenção (Social-Democrata)

Sem Intervenção (estado liberal)

Economia Socialista: Muito Grande a Intervenção.

PS: A política econômica depende do estado!

Fábio Konder Comparato: Conjunto das técnicas jurídicas de que lança

mão o estado contemporâneo na realização da sua política econômica.

André Laubadére: Direto econômico é o direito aplicável às intervenções

das pessoas públicas na economia e aos órgãos destas intervenções.

Luis de Moncada: O Direito econômico afirma-se como direito público que

tem por objetivo o estudo das relações entre os entes públicos e os sujeitos

privados, na perspectiva da intervenção do estado na vida econômica.

2 – Objeto do Direito Econômico:

2.1 - Pretende a Organização da Economia, definindo juridicamente o

sistema e o regime econômico a serem adotados pelo estado. (Art. 170 C.F)

Sistema Econômico adotado pelo Brasil: Capitalismo que

reconhece a importância do trabalho com justiça social = ESTADO SOCIAL.

Com muita intervenção do Estado.

2.2 – A condução, ou controle superior, da economia pelo estado,

uma vez que estabelece o regime das relações ou equilíbrio de poderes

entre o estado e os detentores dos fatores de produção.

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2.3 – O disciplinamento dos centros de decisão econômica não

estatais, enquadrando macroeconomicamente a atividade e as relações

inerentes à vida econômica.

PS: O Capitalismo é defendido juridicamente na constituição.

3 – Características do Direito Econômico.

3.1 - Recenticidade (é recente) É o ramo do direito novo,

recente, que teve sua gênese como intervencionismo econômico com o fito

(objetivo) de discipliná-lo e regrá-lo.

3.2 - Singularidade (tem princípios próprios) É o ramo jurídico

próprio para o fato econômico característico de cada país, não havendo,

comumente, um conjunto de regras universais e cosmopolitas para norteá-

lo, como ocorre nos outros ramos do direito, tais como no direito civil e

penal.

3.3 - Mobilidade ou Mutabilidade (pode ser modificado) Suas

normas estão sujeitas a constantes mudanças de ordem política e

econômica, havendo tendência de curta vigência no que se refere a seus

diplomas legais daí decorre uma produção normativa abundante e

constante, havendo necessidade de não sujeitar seu disciplinamento apenas

ao crivo do poder legislativo, outorgando grande parcela de competência

normativa ao executivo, ante a especificidade do tema e a celeridade de

soluções que seus conflitos exigem.

3.4 - Maleabilidade (seu regramento tem flexibilidade) Dada a

necessidade de farta produção normativa, os estatutos de direito econômico

não devem ficar presos e atados unicamente às espécies normativas

próprias do legislativo para terem vigência e eficácia.

3.5 - Influência aos Valores Políticos (é fortemente influenciado)

segue a corrente ideológico–partidária de quem se encontra no poder.

Quem está no poder irá aplicar sua ideologia.

3.6 - Ecletismo Em que pese o direito econômico ser ramo do

direito público, mescla valores e princípios do direito privado.

3.7 – Concretismo O direito econômico disciplina os fenômenos

socioeconômicos concretos, visceralmente vinculados aos fatos históricos

relevantes ao estado e aos indivíduos. As mudanças econômicas e sociais

constituem o fundo e a razão de ser de toda evolução jurídica; e o direito é

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feito para traduzir em disposições positivas e imperativas toda a evolução

social.

4 – Relação do Direito Econômico:

Cabe a ele disciplinar a economia que é a maior propulsora de toda a

sociedade. Sua relação com a economia é a de dotá-la da superestrutura

jurídica necessária para dirigi-la, em um mundo onde o intervencionismo na

economia não é privilégio dos estados socialistas.

5 – Autonomia do Direito Econômico:

A sistematização doutrinária e científica do direito econômico, como

disciplina jurídica autônoma, tomou corpo primeiramente na Alemanha,

sobre a constituição de Weimar (1919), e não por acaso, pois foi esta

constituição a primeira a inserir a vida econômica de forma específica e

desenvolvida como objeto da lei fundamental. Cabendo acrescentar que a

disciplina de direito econômico tem começado igualmente a afirmar-se no

Brasil e em outros países da América Latina, bem como sobre influência da

doutrina Portuguesa, nos países africanos de língua oficial Portuguesa.

26/02/10

6 – Princípios Gerais do Direito Econômico: Os princípios são a viga

mestra do Direito, sendo comandos gerais dotados de alto grau de

abstração, com amplo campo de incidência, que orientam a produção do

ordenamento jurídico. Não cabe ales investir o indivíduo na titularidade de

direito subjetivo, uma vez que são normas cujo campo de aplicabilidade não

se encontra previamente definida pelo legislador. Os princípios podem estar

ou não explícitos dentro do ordenamento jurídico, servindo como

instrumentos de interpretação e de integração do direito.

I – Princípio da Economicidade:

É oriundo do direito financeiro, com previsão expressa no art. 70,

caput, da C.F. Sua aplicação no direito econômico deve ser precedida de um

exercício sistemático de hermenêutica constitucional.

Interpretando-se sistematicamente o art. 70, caput, combinado com

os art. 3 II, art. 170 caput e art. 174 caput da C.F. a economicidade, no

campo do direito econômico, significa que estado deve focar suas políticas

públicas de planejamento para a ordem econômica em atividades

economicamente viáveis, garantindo assim, o desenvolvimento econômico

sustentável e racional do país.

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Este princípio estabelece que o ente estatal, na busca da realização

de seus objetivos fixados em sua política econômica, deve alcançar suas

metas apenas com os gastos que se fizerem necessários, afim de não

onerar excessivamente o erário de toda a sociedade. O estado deve primar

pelas condutas que impliquem no menor custo social, conjugando

quantidade com qualidade.

II – Principio da Eficiência:

Oriundo do Direito Administrativo, com previsão expressa no art.37

caput da C.F. é aplicado no direito econômico mediante exegese sistêmica

do referido dispositivo com as previsões contidas no art. 170 incisos da

carta política.

A eficiência determina que o estado deve pautar sua conduta com o

fim de viabilizar e maximizar a produção de resultados da atividade

econômica, conjugando os interesses privados com os interesses da

sociedade.

III – Principio da Generalidade:

Este princípio confere as normas do direito econômico alto grau de

generalidade e abstração, ampliando seu campo de incidência ao máximo

possível, afim de possibilitar sua aplicação em relação a grande

multiplicidade de organismo econômicos, adversidade de regimes jurídicos

de intervenção estatal, bem como as constantes e dinâmicas mudanças que

ocorrem no mercado.

Como exemplo de estatuto jurídico maleável, característico do direito

econômico, destacamos a lei brasileira de proteção a concorrência. Lei

8.884/94, cujo o campo de incidência estende-se e adapta-se perfeitamente

a toda atividade econômica na ordem nacional.

IV – Relação com outros ramos do direito

O direito econômico embora ramo do direito público, possui

elementos oriundo do direito privado, daí por que se relaciona

especialmente com o direito constitucional, administrativo, tributário, estes

últimos ramos do direito público, e também direito civil e empresarial, estes

do direito privado.

a) Relação do direito econômico com o direito constitucional:

é a matriz do direito econômico, seus princípios encontram-se na

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lei maior e a sua origem enquanto disciplina decorre do direito

constitucional econômico.

b) Relação do direito econômico com o direito administrativo:

o direto econômico herda as lições doutrinárias sobre poderes

administrativos, especialmente o exercício do poder de polícia

sobre os agentes econômicos que operam no mercado. (O estado

tem a capacidade de intervir na economia.)

c) Relação do direito econômico com o direto tributário: o

financiamento do aparado estatal utilizado para regulação de

mercados e setores de relevante interesse coletivo deve ser

efetuado não por toda a sociedade, mas tão somente por aquele

sobre a parcela na qual o poder publico exerce seus poderes de

normatização, fiscalização e controle, oriundos do seu poder de

polícia administrativa.

d) Relação do direito econômico com o direito civil: o Direito

Civil lega ao direito econômico toda a doutrina referente a pessoas

jurídicas, atos e negócios jurídicos, obrigações e contratos.

No direito contratual moderno não há espaço para ampla

autonomia de vontades, sendo esta mitigada (reduzir) para os

contratos cumpram sua função social.

e) Relação do direito econômico com o direito empresarial: o

direito econômico herda do direito empresarial todas as normas e

doutrina referentes a constituição societária dos agentes

econômicos. Nota-se, que para mercado e setores estratégicos

não basta o mero registro dos atos constitutivos havendo

necessidade de autorização para o seu funcionamento.

7 – Relação com outros ramos do direito

8 – Fontes do direito econômico

a) Lei

a. C.F.

b. Lei 8.884/94(defesa da concorrência)

c. Lei 4728/65 e 6385/76 (lei de mercado de capitais)

d. Lei 4595/64 (sistema financeiro nacional)

b) Atos administrativos

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a. O ato normativo administrativo pode e deve transcender a

mera regulamentação da lei, quando for expressamente

delegada pelo legislador infraconstitucional. Cabe ao ato

administrativo explicitar os limites, alcance e efeitos da

perante os administrados.

c) Contratos

a. Tratam-se de importante e constante fonte do direito

econômico, pois se constituem em instrumento indispensável e

importante instrumento de circulação de riquezas.

d) Usos e costumes

a. Sua aplicação se fará quando da ausência de disposição legal,

bem como de clausula contratual versando sobre o tema.

9 – Vocabulário específico

Fator de produção: é todo o meio utilizado na criação de bens.

Direito marcário: ramo do direito que se destina à normatização da

produção industrial, normalmente marcas e patentes.

Bem: é tudo aquilo que atende a necessidade do homem.

Produto: é um bem material beneficiado por processo de produção.

Mercadoria: é tudo aquilo posto em circulação comercial

Mercado: é o local onde se realizam as trocas econômicas.

Correção monetária: é a reposição do valor de compra da moeda.

Juros: é a remuneração pelo fator de produção

Salário: é a remuneração pelo fator de produção mão-de-obra.

Lucro: é a remuneração pelo fator de produção empresa.

Aluguel: é a remuneração pelo fator de produção imóvel.

Royalty: é a remuneração pelo fator de produção tecnologia, protegido

pelo direito marcário.

Know-How: é o conhecimento da técnica de produção.

Monopólio: mercado de um só vendedor.

Oligopólio: mercado de poucos vendedores.

Monopsônio: mercado de um só comprador.

Cartel: Acordo entre empresas independentes para atuação coordenada, no

sentido de reduzir a concorrência e elevar os preços.

Dumping: Exportação por preço inferior ao vigente no mercado interno

para conquistar mercados para dar vazão a excesso de oferta.

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Truste: Acordo ou combinação entre empresas com o objetivo de restringir

a concorrência e controlar os preços.

05/03/10

I - Origens e evolução do direito econômico

1.1 – Evolução histórica da ordem econômica internacional

A evolução histórica do pensamento econômico tem como ponto de

partida o declínio do estado absolutista, quem feixava na mão do rei,

cuja a concentração de força impedia o desenvolvimento de qualquer

teoria que objetivasse reconhecer aos súditos direito em oposição a

ordem do monarca.

O declínio ideológico do absolutismo se deu com necessidade da

sociedade em estabelecer direito que protegessem os súditos.

Economicamente, o estado absolutista deu lugar ao estado liberal que

se caracterizava pela plena garantia das liberdades individuais, tendo

auge no século XIX.

Este tipo de estado deixava a condução dos negócios jurídicos ao

livre-arbítrio das partes interessadas, que exerciam seus direitos

individuais de forma irrestrita, focando seus esforços, tão somente,

na garantia da segurança interna, bem com na manutenção da ordem

externa.

O surgimento do estado liberal sustentou-se um aquecimento das

relações comerciais e no aparecimento de novos fatores de produção,

oriundos do mercantilismo e da ascensão da classe burguesa, dando

origem a ciência econômica e as suas teorias.

Toda via, as imperfeições do regime liberal clássico não tardaram

aparecer. Isto porque o funcionamento desse pressupunha um certa

igualdade e um ambiente concorrencialmente perfeito, para que,

através da competição equilibrada entre os agentes, se alcança-se os

interesse coletivos. Como tais pressupostos nunca foram efetivados,

houve a crise do liberalismo, caracterizada por sucessivas depressões

econômicas, desequilíbrios internacionais, acirramento das

desigualdades sociais, bem como por conflitos bélicos em escala

mundial.

Diante desta crise surge o estado social como resposta ao

esgotamento do estado liberal, inicialmente na sua vertente

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autoritária e posteriormente na versão democrática. O estado social

surge na Europa, no período entre guerras, o nazismo e o fascismo e

posteriormente na versão democrática da social democracia, também

chamada estado da providencia. Com crise do estado do bem estar

social surgem o estado intervencionista e o estado regulador. O

estado intervencionista social aparece nos estados europeus e até

mesmo nos estados unidos, enquanto o estado regulador é uma

criação mais recente que visa regular as distorções do capitalismo. O

estado brasileiro atual é um estado social e regulador, com alguma

intervenção na economia.

1.2 – O estado democrático de direito

1.3 - Sistemas econômicos

1.3.1 – Capitalismo - Características:

a) Principal Característica Propriedade privada dos meios

de produção (fazenda, indústrias e todos os tipos de

comércios).

b) Trabalho assalariado com base na mão de obra.

c) Sistema de mercado baseado na livre iniciativa e na

liberdade de concorrência.

O estado Regulador vai limitar a Livre Iniciativa e a Liberdade de

Concorrência.

1.3.2 - Socialismo - Características

a) Direito de propriedade limitado e mitigado pela

vontade do estado.

b) Estatização e controle dos fatores de produção por

parte dos trabalhadores.

c) Gestão política que visa a redução das desigualdades

sociais.

d) Remuneração do trabalho mediante a repartição do

produto econômico que se da pela decisão do

governo central.

1.4 - Conceito de ordem econômica:

Segundo Eros Roberto Ground, a ordem econômica, consoante o

tratamento que lhe foi dado o legislador constituinte assume duas

vertentes conceituais, uma ampla e outra estrita:

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a) Ampla: Parcela da ordem de fato, inerente ao mundo do

ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para disciplinar

as relações jurídicas decorrente do exercício de atividades

econômicas. É a regulação jurídica da intervenção do estado

na economia.

b) Estrita: Parcela da ordem de direito, inerente ao mundo do

dever ser. Isto é, o tratamento jurídico dispensado para

disciplinar o comportamento dos agentes econômicos no

mercado. É a regulação jurídica do ciclo econômico.

Produção, Circulação e Consumo.

1.5 - Forma de posicionamento econômico do estado

1.5.1 – Estado liberal

Sua fundamentação econômica é fruto direto do liberalismo econômica,

bem como das idéias de Adam Smith, sobretudo sua teoria da “mão

invisível”. Segundo Smith, a busca da realização dos anseios individuais, em

ambientes próprios ao desenvolvimento competitivo mercadológico, levaria

a realização do bem estar econômico e, por corolário (por conseqüência),

na consecução do bem-estar social, uma vez que todos teriam acesso as

bens essenciais para o sustento digno da vida em sociedade.

“laisser-faire, laisser-passer; Le monde va de lui-même”

Lema de Adam Smith

Livro natureza e as causas da riqueza das nações (1.776)

Só resta ao estado três funções:

1. A obrigação de defender a nação (defesa nacional)

2. Defender o cidadão da agressão de outro cidadão (polícia)

3. Criar e manter as instituições que a iniciativa privada não pode fazê-

lo (administração, legislação e justiça)

1.5.2 - Estado intervencionista econômico:

Esse modelo intervencionista é fortemente influenciado pela doutrina de

John Maynard Keynes, que em sua obra teoria geral do emprego, do juro e

da moeda expôs sua teses sobre economia política, demonstrando que o

nível de emprego e, por corolário (por conseqüência) do desenvolvimento

socioeconômico, se deve muito mais às políticas públicas implementadas

pelo governo e não pelo somatório dos comportamentos individuais,

microeconômicos dos empresários.

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No estado intervencionista, não há preocupações sociais no sentido de se

estabelecer políticas públicas, mas sim preocupação em garantir a livre-

iniciativa e a liberdade de mercado. O intervencionismo se dá de forma

direita, na qual o estado assume a iniciativa da atitude econômica, na

condição de produtor de bens e serviços ao lado dos particulares e de modo

indireto tributando, incentivado, regulamentando ou normatizando a

atividade econômica.

New Deal Franklin Delano Roosevelt

1.5.3 - Estado intervencionista social/regulador

É a forma estatal de intervenção na atividade econômica que tem por fim

garantir que sejam efetivadas políticas de caráter assistencialista na

sociedade, para prover os notadamente hipossuficiente em suas

necessidades básicas.

Trata-se de uma forma de intervencionismo estatal, na qual o estado

preocupa-se com a coletividade e com os interesses transindividuais,

mitigando os interesses pessoas de cunho individualista.

Também denominado: estado do Bem-estar social

Eelfare state

Estado social

Estado providência

O Brasil é um exemplo, ele é Capitalista e Distribui rendas.

1.5.4 - Estado intervencionista socialista

É a forma intervencionista máxima do estado, uma vez que este adota uma

política econômica planificada, baseada na valorização do coletivo sobre o

individual. O poder público passa a ser o centro exclusivo para as

deliberações referentes à economia.

Os bens de produção são apropriados coletivamente pela sociedade por

meio do estado, de modo que este passa a ser o único produtor vendedor e

empregador.

Cuba é um exemplo, ele controla a Economia.

1.5.5 - Estado regulador

Caracteriza-se por um nova concepção para a presença do estado na

economia, com ente garantidor e regulador da atividade econômica, que

volta a ser baseada na livre iniciativa e na liberdade de mercado, bem como

na desestatização das atividades e redução sistemática dos encargos

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sociais, com o fito de se garantir equilíbrio nas contas públicas, sem

todavia, desviar o poder público da contextualização social , garantindo-se

ainda que este possa focar esforços nos serviços públicos essenciais.

1.6 - Evolução da ordem econômica no direito constitucional

comparado

Constituição do México 1910

Rússia 1918/ 1924/1936

Constituição alemã (Weimar) 1.919

Constituição de Portugal 1.933

Constituição de Brasil 1.934

1.7 - Formas de intervenção do estado na ordem econômica

1.7.1 – Direito Pátrio

a) Intervenção reguladora é a forma de intervenção na qual

o Estado, por intermédio de leis e normas de cunho setorial, atua

disciplinando a ordem econômica, de forma genérica e abstrata.

b) Intervenção concorrencial Ocorrem quando o Estado, nos

casos expressos e devidamente autorizados no ordenamento

jurídico, atua em regime de igualdade com o particular na

exploração de atividade econômica.

c) Intervenção monopolista Ocorre quando o Estado reserva

para si a exploração exclusiva de determinada atividade

econômica.

d) Intervenção sancionatória No exercício de suas

atividades de polícia administrativa, o Estado reprime e pune

abusos econômicos.

1.7.2 – Direito comparado

a) Intervenção global Estado fixa uma política macro de

planejamento econômico, intervindo em conjunto na economia.

b) Intervenção setorial O Estado fixa políticas para setores

determinados da economia.

c) Intervenção pontual O Estado intervém no caso concreto

em determinadas empresas que atuam no mercado, através de

atos concretos e específicos.

19/03/10

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Direito Econômico VT 28/05

2.0 – Do direito e da ordem econômica no sistema Jurídico Pátrio.

2.1 – Evolução da ordem econômica no direito Constitucional Pátrio.

Constituição de 1.934: Foi a primeira que instituiu uma ordem

econômica e social no Direito Constitucional (Art. 115A 143), influenciada

pela constituição Alemã de 1919. O País adotou uma postura de Estado

Intervencionista Social, embora não seja possível negar a presença Liberal,

uma vez que consagrava a Livre Iniciativa e a Liberdade de Associação

como princípios econômicos.

Constituição de 1937: Influenciada pela Constituição Polonesa de

1935 estabelecia uma política intervencionista do estado no domínio

econômico de caráter nitidamente nacionalista

Constituição de 1946: consolidou a ordem econômica no titulo V,

seu art. 146 consagra a intervenção do estado no domínio econômico,

inclusive com direito a monopólio de indústria ou atitude.

Constituição de 1967: de caráter intervencionista, prevê o

monopólio estatal.

2.2 – A ordem econômica na Constituição de 1.988

2.2.1 – Valorização do Trabalho Humano.

O primeiro dos valores que tutelam a ordem econômica brasileira é a

valorização do trabalho, valorização esta que significa que o poder público

deve garantir que o homem possa sobreviver como produto da

remuneração de labor, garantindo-lhe, para tanto, uma gama de direitos

sociais, dentre eles: renda mínima, repouso semanal remunerado, seguro

desemprego, jornada máxima de trabalho, férias remuneradas, etc.

Observa-se que os valores sociais do trabalho são uns dos fundamentos da

república (art. 1° IV da CF/88).

2.2.2 – Livre iniciativa

O segundo fundamento é leia da iniciativa. Significa que o estado não

deve restringir o exercício da atividade econômica, salvo nos casos em que

se fizer necessário, para fins de proteção do consumidor e toda a sociedade,

a livre iniciativa hoje não é mais entendida como nos primórdios do estado

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Page 15: Direito Economico

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liberal, uma vez que é imprescindível a atuação do estado como elemento

regulador da atividade econômica.

2.2.3 – Existência digna (art. 1° IV da CF/88)

O fundamento da existência digna se traduz no fato do estado

direcionar a atividade econômica para a erradicação da pobreza, acabando

com as desigualdades e injustiças sociais. Para tanto deve aplicar políticas

que efetivem uma justa distribuição de renda (justiça distributiva),

garantindo o acesso ao mínimo existencial.

2.2.4 – Justiça Social

É uma das finalidades básicas do estado, sendo corolário de todos

valores acima delineados. É traduzido na efetivação de medidas jurídicas e

na adoção de políticas que garantam a todos o acesso indiscriminado aos

bens imprescindíveis a satisfação de suas necessidades fundamentais.

2.3 – Princípios Explícitos da Ordem Econômica.

2.3.1 – Princípio da Soberania Nacional.

A soberania é a qualidade acerca do poder do estado. Em outras

palavras, é a capacidade de ser reconhecido como pessoa jurídica de direito

público na comunidade internacional. Somente se efetiva quando a nação

alcança patamares de desenvolvimento econômico e social que lhe

garantam a plena independência nas suas decisões políticas, sem a

necessidade de auxílios internacionais.

2.3.2 – Princípio da Propriedade Privada

O caráter absoluto da propriedade vigente durante o auge do estado

liberal, não subsiste mais no dias atuais. O direito de propriedade sofre

inúmeras limitações, inclusive esta sujeito a intervenção estatal.

2.3.3 – Princípio da Função Social da Propriedade

Consiste no condicionamento racional do uso da propriedade privada

imposto por lei, sob pena de expropriação, no qual o poder público interfere

na manifestação volitiva do titular da propriedade, garantindo que fruição

desta atinja fins sociais de interesse da coletividade.

2.3.4 – Princípio da Livre Concorrência

É um dos alicerces da economia liberal, só existirá a livre

concorrência onde o estado garante a livre iniciativa.

No Brasil a livre concorrência é fiscalizada pelo sistema Brasileiro de

defesa da concorrência, composta pela SAE (secretaria de

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acompanhamento econômico), SDE (secretaria de direito econômico) e pelo

CAD (conselho administrativo de defesa econômica)

2.3.5 – Princípio da Defesa do Consumidor

Trata-se de proteção conferida pelo estado à base do ciclo

econômico, sem a qual toda cadeia econômica poderia ruir. O CDC editado

em 1990 é prova cabal da efetivação desse princípio.

2.3.6 – Princípio da Defesa do Meio Ambiente

Diz respeito a utilização racional dos bens e fatores de produção

naturais, implica no planejamento da utilização das riquezas naturais,

finitas, para que estas não desapareçam no futuro.

2.3.7 – Princípio da Redução das Desigualdades Regionais e Sociais

Consiste no compartilhamento equânime, das riquezas nacionais,

com todos estados que compõem a federação.

2.3.8 – Princípio da Busca do Pleno Emprego

Tem por objetivo produzir políticas econômicas que estimulem ao

máximo a geração de emprego e renda, pois quanto maior for o numero de

pessoas economicamente ativas, menor será a dispensa do estado com a

previdência e assistência social.

2.3.9 – Princípio do tratamento Favorecido para Empresas de

Pequeno Porte

O estado deve protegê-las em face das medidas abusivas que podem

sofrer por parte das grandes empresas, para tanto, deve garantir a sua

existência e participação no mercado, inclusive propiciando a elas incentivos

fiscais. (lei complementar n° 123/2006 – estatuto da microempresa e da

empresa de pequeno porte)

2.4 – Do Livre Exercício da Atividade Econômica

Art. 170. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

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VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Art. 171. Revogado. EC no 6, de 15-8-1995. Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1o A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. § 2o As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. § 3o A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. § 4o A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. § 5o A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 1o A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. § 2o A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. § 3o O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. § 4o As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o artigo 21, XXV, na forma da lei. Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária; IV – a obrigação de manter serviço adequado. Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

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§ 1o A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. § 2o É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei. § 3o A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente. § 4o Não dependerá

2.5 – Intenção Direta do Estado Brasileiro na Ordem Econômica.

Adotando uma postura característica do Estado Regulador, a CF veda

expressamente ao estado a exploração direta da atividade econômica.

Houve, por parte do constituinte um abandono gradual do modelo

intervencionista que vinha adotando a partir da constituição de 1934.

Estado Intervencionista Social Estado Regulador Revolução de

30 Estado Social.

Embora a atual constituição não admita mais o irrestrito

intervencionismo do estado para estabelecer monopólio e qualquer

atividade econômica ou mesmo movimento estatizante da ordem econômica

nacional, não há que se falar em econômica de mercado pura, o que alias

não existe em nenhum estado do mundo.

A atual constituição estabelece que é defeso (proibido) ao estado a

exploração direta da atividade econômica, excepcionando, os casos em que

se configure imperativo de segurança nacional ou relevante interesse

coletivo, alem das hipóteses taxativas de monopólio constitucional.

Portando, a intervenção direta do estado na economia se dará apenas em

caráter excepcional e subsidiário, quando os particulares não possam ou

não queiram intervir, e quando se fizer necessário para preservar o

interesse público.

2.5.1 – Proibição de Exploração de Atividade Econômica por Parte

do Estado.

2.5.1.1 – Segurança Nacional

2.5.1.2 – Interesse Coletivo

2.5.2 – Entidades Estatais Empresariais

São pessoas jurídicas de direito privado instituídas sobe as regras do

direito civil e empresarial. Têm por finalidade a exploração direita de

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atividade empresarial, tipicamente privada, ou a prestação de serviço de

utilidade pública. Porém, para isto ocorra é preciso estar presente o

interessa da segurança nacional ou da coletividade.

A autorização para sua criação depende de lei específica, sendo

criadas, como toda pessoa jurídica de direito privado, mediante o registro

de seus atos constitutivos no oficio cartorial competente. Sua definição legal

encontra-se no art. 5° inc. II e III do decreto lei 200/67.

Estas entidades sujeitam-se as regras e ao regime jurídico das

empresas privadas, inclusive quanto a direitos e obrigações fiscais, não

podendo ter privilégios não extensíveis as entidades privadas. Contudo,

predomina na doutrina o entendimento de que não serão passiveis de

decretação de falência quando prestarem serviço de utilidade pública, face

ao princípio da continuidade do serviço público. A lei 11.101/05 excluiu esta

empresa da recuperação judicial.

Essas empresas sofrem algumas exigências próprias da administração

direita tais como:

A obrigação de licitar obras e serviços, conforme prevê o art. 173 inc.

II da CF, bem como a de realizar a concurso público para seu pessoal.

Empresas públicas Ex.:Caixa Econômica Federal

Sociedade de economia Mista Ex.: CELG, SANEAG, BB

2.5.3 – Monopólio

É o atuar em um mercado como único agente econômico. (Sem

concorrência.)

2.5.3.1 – Monopólio Natural

É o que decorre da impossibilidade física da mesma atividade

econômica ser desenvolvida por mais de um agente.

2.5.3.2 – Monopólio Convencional

É o decorrente de acordos e contratos estabelecidos por 2 ou mais

agentes com objetivo de eliminar os demais competidores, colocando

aquela atividade sob a exploração exclusiva de um único agente.

2.5.3.3 – Monopólio Legal

É a exclusividade de exploração de atividade econômica estabelecida

pelo estado para si ou para terceiros.

2.5.3.4 – Monopólio Na Constituição Federal

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A constituição atual somente admite o monopólio nas hipóteses nela

previstas, não podendo mais a legislação infraconstitucional estabelecê-lo.

Art. 21, inc. XXIII, letras a,b,c, da CF.

XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em Território Nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meiavida igual ou inferior a duas horas;

Art. 177, da CF

Art. 177. Constituem monopólio da União: I – a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II – a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III – a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV – o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V – a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. § 1o A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo, observadas as condições estabelecidas em Lei. § 2o A lei a que se refere o § 1o disporá sobre: I – a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o Território Nacional; II – as condições de contratação; III – a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União. § 3o A lei disporá sobre transporte e a utilização de materiais radioativos no Território Nacional. § 4o A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I – a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no artigo 150, III, b; II – os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

Art. 25, 2º da CF Estado Membro.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

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§ 1o São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2o Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3o Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. 9/04/2010

3 – Agências Estatais

3.1 - Conceito: São entidades públicas, encarregadas da regulação,

politicamente neutra e imparcial, setores e mercados específicos,

estabilizando o convívio de interesses políticos, coletivos e privados.

As agências reguladoras foram geradas com o escopo de normatizar

os mercados econômicos, bem como os setores dos serviços públicos

delegados, buscando equilíbrio entre o governo, usuários e delegatários

(agentes econômicos).

No Brasil, as agências reguladoras foram constituídas como

autarquias sob regime especial, integrantes da administração indireta

vinculadas ao ministério competente para o trato da respectiva atividade,

tão somente, para fins organizacionais, sendo caracterizadas pela sua

independência política, autonomia administrativa e financeira, bem como

pelas prerrogativas de permanência no cargo de seus dirigentes. Não há,

por tanto, relação de subordinação hierárquica entre a Agência e o Governo

Central.

3.2 - Previsão Constitucional:

Art. 21, inc. XI

XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; Art. 177, §2, inc. III

III – a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União. Art. 174

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. § 1o A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. § 2o A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

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§ 3o O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. § 4o As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o artigo 21, XXV, na forma da lei.

Só há previsão constitucional especifica para regulação do mercado de

telecomunicações e do mercado de comercialização de combustíveis

derivados do petróleo, contudo, estas indicações expressas do texto

constitucional têm caráter meramente exemplificativo, não possuindo cunho

taxativo para o poder público, nada impedindo a criação de outras agencias

reguladoras.

3.3 - ANP: Agência Nacional do Petróleo

É uma autarquia integrante da administração pública indireta federal,

vinculado ao ministério de minas e energia. Tem por missão institucional

promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades

econômicas integrantes da indústria dos combustíveis fosseis, de acordo

como o estabelecido na lei a 9478/97, regulamentada pelo decreto

2455/98.

3.4 - ANATEL: Agência Nacional de Telecomunicações

A ANATEL constitui-se no primeiro exemplo de como esse nova

concepção de política pública de regulação de mercado se expressa na

pratica. Acompanhado e fiscalizando todas as iniciativas da agencia, existe

um conselho consultivo, formado por representantes do executivo do

congresso, das entidades prestadoras de serviço, dos usuários e da

sociedade em geral. Dotada de autonomia política, administrativa e

financeira é uma autarquia, integrante da administração indireta e vinculada

ao ministério das comunicações, sem no entanto ser subordinada a este.

3.5 - ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica lei 9.427/96

3.6 - ANCINE: Agência Nacional do Cinema MP 2.228/03

3.7 - ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária lei 9.782/99

3.8 - ANS: Agência Nacional de Saúde lei 9.961/00

3.9 - ANTT: Agência Nacional de Transportes Terrestres lei 10.233/01

3.10 - ANTAQ: Agência Nacional de Transportes Aquaviários lei

10.233/01

3.11 - ANA: Agência Nacional de Águas lei 9.984/00

3.12 - ADA: Agência de Desenvolvimento da Amazônia lei 2.157/01

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3.13 - ADENE: Agência de Desenvolvimento do Nordeste MP 2.156-5/01

3.14 - ANAC: Agência Nacional de Aviação Civil lei 11.182/05

Trabalho:

Grupo 2 – entrega 28/05/10

Como funciona a AGR: local, n° de funcionários (comissionados,

temporários, e concursados), o que fazia, o que fez no ano de 2009,

condições materiais e humanas p/ seu funcionamento, cumpre sua função.

14/05/10

OBS: para a V2 a matéria será toda a matéria

Estudar a LEI No 8.884, DE 11 DE JUNHO DE 1994

SEAE – secretaria de acompanhamento econômico órgão consultivo de

caráter técnico financeiro vinculado ao ministério da fazenda.

SDE – secretaria de direito econômico órgão de caráter investigativo

vinculado ao ministério da justiça.

CADE – conselho administrativo de defesa econômica vincula ao

ministério da justiça.

O artigo 173 § 4° da CF esse artigo que sustenta (da suporte

constitucional) toda a lei 8.884 de 94.

§ 4° A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. O Artigo 170 inciso 4° da CF

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: IV – livre concorrência; O Artigo 219 da CF

Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal. 04/06/10

Analise da lei 8.884/94

LEI No 8.884, DE 11 DE JUNHO DE 1994

Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências.

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Título I – Das disposições gerais Capítulo I

Da finalidade Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos por esta Lei.

Capítulo II Da territorialidade

Art. 2o Aplica‑se esta Lei, sem prejuízo de convenções e tratados de que seja signatário o Brasil, às práticas cometidas no todo ou em parte no território nacional ou que nele produzam ou possam produzir efeitos. § 1o Reputa‑se domiciliada no Território Nacional a empresa estrangeira que opere ou tenha no Brasil filial, agência, sucursal, escritório, estabelecimento, agente ou representante. c Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei nº 10.149, de 21-12-2000. § 2o A empresa estrangeira será notificada e intimada de todos os atos processuais, independentemente de procuração ou de disposição contratual ou estatutária, na pessoa do responsável por sua filial, agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado no Brasil.

Título II – Do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE Capítulo I

Da autarquia Art. 3o O Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE, órgão judicante com jurisdição em todo o território nacional, criado pela Lei no 4.137, de 10 de setembro de 1962, passa a se constituir em autarquia federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, e atribuições previstas nesta Lei.

Capítulo II Da composição do conselho

Art. 4o O Plenário do CADE é composto por um Presidente e seis Conselheiros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta anos de idade, de notório saber jurídico ou econômico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovados pelo Senado Federal. § 1o O mandato do Presidente e dos Conselheiros é de dois anos, permitida uma recondução. § 2o Os cargos de Presidente e de Conselheiro são de dedicação exclusiva, não se admitindo qualquer acumulação, salvo as constitucionalmente permitidas. § 3o No caso de renúncia, morte ou perda de mandato do Presidente do CADE, assumirá o Conselheiro mais antigo ou o mais idoso, nessa ordem, até nova nomeação, sem prejuízo de suas atribuições. § 4o No caso de renúncia, morte ou perda de mandato de Conselheiro, proceder‑se‑á a nova nomeação, para completar o mandato do substituído. § 5o Se, nas hipóteses previstas no parágrafo anterior, ou no caso de encerramento de mandatos dos Conselheiros, a composição do Conselho ficar reduzida a número inferior ao estabelecido no artigo 49, considerar‑se‑ão automaticamente interrompidos os prazos previstos nos artigos 28, 31, 32, 33, 35, 37, 39, 42, 45, 46, parágrafo único, 52, § 2o e 54,§§ 4o, 6o, 7o e 10, desta Lei, e suspensa a tramitação de processos, iniciando‑se a nova contagem imediatamente após a recomposição do quorum. Art. 5o A perda de mandato do Presidente ou dos Conselheiros do CADE só poderá ocorrer em virtude de decisão do Senado Federal, por provocação do Presidente da República, ou em razão de condenação penal irrecorrível por crime doloso, ou de processo disciplinar de conformidade com o que prevê a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, e por infringência de quaisquer das vedações previstas no artigo 6o. Parágrafo único. Também perderá o mandato, automaticamente, o membro do CADE que faltar a três reuniões ordinárias consecutivas, ou vinte intercaladas, ressalvados os afastamentos temporários autorizados pelo Colegiado.

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Art. 6o Ao Presidente e aos Conselheiros é vedado: I – receber, a qualquer título, e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas; II – exercer profissão liberal; III – participar, na forma de controlador, diretor, administrador, gerente, preposto ou mandatário, de sociedade civil, comercial ou empresas de qualquer espécie; IV – emitir parecer sobre matéria de sua especialização, ainda que em tese, ou funcionar como consultor de qualquer tipo de empresa; V – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, em obras técnicas ou no exercício do magistério; VI – exercer atividade político‑partidária. Capítulo III Da competência do Plenário do CADE Art. 7o Compete ao Plenário do CADE: I – zelar pela observância desta Lei e seu Regulamento e do Regimento Interno do Conselho; II – decidir sobre a existência de infração à ordem econômica e aplicar as penalidades previstas na lei; II – decidir os processos instaurados pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça; IV – decidir os recursos de ofício do Secretário da SDE; V – ordenar providências que conduzam à cessação de infração à ordem econômica, dentro do prazo que determinar; VI – aprovar os termos do compromisso de cessação de prática e do compromisso de desempenho, bem como determinar à SDE que fiscalize seu cumprimento; VI – apreciar em grau de recurso as medidas preventivas adotadas pela SDE ou pelo Conselheiro Relator; VI – intimar os interessados de suas decisões; IX – requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entidades públicas ou privadas, respeitando e mantendo o sigilo legal quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem necessárias ao exercício das suas funções; X – requisitar dos órgãos do Poder Executivo Federal e solicitar das autoridades dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios as medidas necessárias ao cumprimento desta Lei; XI – contratar a realização de exames, vistorias e estudos, aprovando em cada caso, os respectivos honorários profissionais e demais despesas de processo, que deverão ser pagas pela empresa, se vier a ser punida nos termos desta Lei; XII – apreciar os atos ou condutas, sob qualquer forma manifestados, sujeitos à aprovação nos termos do artigo 54, fixando compromisso de desempenho, quando for o caso; XII – requerer ao Poder Judiciário a execução de suas decisões, nos termos desta Lei; XIV – requisitar serviços e pessoal de quaisquer órgãos e entidades do Poder Público Federal; XV – determinar à Procuradoria do CADE a adoção de providências administrativas e judiciais; XVI – firmar contratos e convênios com órgãos ou entidades nacionais e submeter, previamente, ao Ministro de Estado da Justiça os que devam ser celebrados com organismos estrangeiros ou internacionais; XVI – responder a consultas sobre matéria de sua competência; XVI – instruir o público sobre as formas de infração da ordem econômica; XIX – elaborar e aprovar seu regimento interno, dispondo sobre seu funcionamento, na forma das deliberações, normas de procedimento e organização de seus serviços internos, inclusive estabelecendo férias coletivas do Colegiado e do Procurador‑Geral, durante o qual não correrão os prazos processuais nem aquele referido no § 6o do artigo 54 desta Lei; XX – propor a estrutura do quadro de pessoal da Autarquia, observado o disposto no inciso II do artigo 37 da Constituição Federal; XXI – elaborar proposta orçamentária nos termos desta Lei.

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XXII – indicar o substituto eventual do Procurador‑Geral nos casos de faltas, afastamento ou impedimento.

Capítulo IV Da competência do Presidente do CADE

Art. 8o Compete ao Presidente do CADE: I – representar legalmente a Autarquia, em juízo e fora dele; II – presidir, com direito a voto, inclusive o de qualidade, as reuniões do Plenário; II – distribuir os processos, por sorteio, nas reuniões do Plenário; IV – convocar as sessões e determinar a organização da respectiva pauta; V – cumprir e fazer cumprir as decisões do CADE; VI – determinar à Procuradoria as providências judiciais para execução das decisões e julgados da Autarquia; VI – assinar os compromissos de cessação de infração da ordem econômica e os compromissos de desempenho; VI – submeter à aprovação do Plenário a proposta orçamentária, e a lotação ideal do pessoal que prestará serviço à entidade; IX – orientar, coordenar e supervisionar as atividades administrativas da entidade.

Capítulo V Da competência dos Conselheiros do CADE

Art. 9o Compete aos Conselheiros do CADE: I – emitir voto nos processos e questões submetidas ao Plenário; II – proferir despachos e lavrar as decisões nos processos em que forem relatores; II – submeter ao Plenário a requisição de informações e documentos de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entidades públicas ou privadas, a serem mantidas sob sigilo legal, quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem necessárias ao exercício das suas funções; IV – adotar medidas preventivas fixando o valor da multa diária pelo seu descumprimento; V – desincumbir‑se das demais tarefas que lhes forem cometidas pelo regimento.

Capítulo VI Da procuradoria do CADE

Art. 10. Junto ao CADE funcionará uma Procuradoria, com as seguintes atribuições: I – prestar assessoria jurídica à Autarquia e defendê‑la em juízo; II – promover a execução judicial das decisões e julgados da Autarquia; II – requerer, com a autorização do Plenário, medidas judiciais visando à cessação de infrações da ordem econômica; IV – promover acordos judiciais nos processos relativos a infrações contra a ordem econômica, mediante autorização do Plenário do CADE, e ouvido o representante do Ministério Público Federal; V – emitir parecer nos processos de competência do CADE; VI – zelar pelo cumprimento desta Lei; VI – desincumbir‑se das demais tarefas que lhe sejam atribuídas pelo Regimento Interno. Art. 11. O Procurador‑Geral será indicado pelo Ministro de Estado da Justiça e nomeado pelo Presidente da República, dentre brasileiros de ilibada reputação e notório conhecimento jurídico, depois de aprovado pelo Senado Federal. § 1o O Procurador‑Geral participará das reuniões do CADE, sem direito a voto. § 2o Aplicam‑se ao Procurador‑Geral as mesmas normas de tempo de mandato, recondução, impedimentos, perda de mandato e substituição aplicáveis aos Conselheiros do CADE. § 3o Nos casos de faltas, afastamento temporário ou impedimento do Procurador‑Geral, o Plenário indicará e o Presidente do CADE nomeará o substituto eventual, para atuar por prazo não superior a noventa dias, dispensada a aprovação pelo Senado Federal, fazendo ele jus à remuneração do cargo enquanto durar a substituição.

Título III – Do Ministério Público Federal perante o CADE

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Art. 12. O Procurador‑Geral da República, ouvido o Conselho Superior, designará membro do Ministério Público Federal para, nesta qualidade, oficiar nos processos sujeitos à apreciação do CADE. Parágrafo único. O CADE poderá requerer ao Ministério Público Federal que promova a execução de seus julgados ou do compromisso de cessação, bem como a adoção de medidas judiciais, no exercício da atribuição estabelecida pela alínea b do inciso XIV do artigo 6o da Lei Complementar no 75, de 20 de maio de 1993.

Título IV – Da secretaria de Direito Econômico Art. 13. A Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça – SDE, com a estrutura que lhe confere a lei, será dirigida por um Secretário, indicado pelo Ministro de Estado da Justiça, dentre brasileiros de notório saber jurídico ou econômico e ilibada reputação, nomeado pelo Presidente da República. Art. 14. Compete à SDE: I – zelar pelo cumprimento desta Lei, monitorando e acompanhando as práticas de mercado; II – acompanhar, permanentemente, as atividades e práticas comerciais de pessoas físicas ou jurídicas que detiverem posição dominante em mercado relevante de bens ou serviços, para prevenir infrações da ordem econômica, podendo, para tanto, requisitar as informações e documentos necessários, mantendo o sigilo legal, quando for o caso; II – proceder, em face de indícios de infração da ordem econômica, a averiguações preliminares para instauração de processo administrativo; IV – decidir pela insubsistência dos indícios, arquivando os autos das averiguações preliminares; V – requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos, autoridades e entidades públicas ou privadas, mantendo o sigilo legal quando for o caso, bem como determinar as diligências que se fizerem necessárias ao exercício das suas funções; VI – instaurar processo administrativo para apuração e repressão de infrações da ordem econômica; VI – recorrer de ofício ao CADE, quando decidir pelo arquivamento das averiguações preliminares ou do processo administrativo; VII – remeter ao CADE, para julgamento, os processos que instaurar, quando entender configurada infração da ordem econômica; IX – celebrar, nas condições que estabelecer, compromisso de cessação, submetendo‑o ao CADE, e fiscalizar o seu cumprimento; X – sugerir ao CADE condições para a celebração de compromisso de desempenho, e fiscalizar o seu cumprimento; XI – adotar medidas preventivas que conduzam à cessação de prática que constitua infração da ordem econômica, fixando prazo para seu cumprimento e o valor da multa diária a ser aplicada, no caso de descumprimento; XII – receber e instruir os processos a serem julgados pelo CADE, inclusive consultas, e fiscalizar o cumprimento das decisões do CADE; XIII – orientar os órgãos da administração pública quanto à adoção de medidas necessárias ao cumprimento desta Lei; XIV – desenvolver estudos e pesquisas objetivando orientar a política de prevenção de infrações da ordem econômica; XV – instruir o público sobre as diversas formas de infração da ordem econômica, e os modos de sua prevenção e repressão; XVI – exercer outras atribuições previstas em lei. Título V – Das infrações da ordem econômica

Capítulo I Das disposições gerais

Art. 15. Esta Lei aplica‑se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime de monopólio legal.

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Art. 16. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente. Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, que praticarem infração da ordem econômica. Art. 18. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. Art. 19. A repressão das infrações da ordem econômica não exclui a punição de outros ilícitos previstos em lei.

Econômica e Contra as Relações de Consumo). Capítulo II

Das infrações Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II – dominar mercado relevante de bens ou serviços; II – aumentar arbitrariamente os lucros; IV – exercer de forma abusiva posição dominante. § 1o A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II. § 2o Ocorre posição dominante quando uma empresa ou grupo de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa. § 3o A posição dominante a que se refere o parágrafo anterior é presumida quando a empresa ou grupo de empresas controla vinte por cento de mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia. Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no artigo 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: I – fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços; II – obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; II – dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados ou semiacabados, ou as fontes de abastecimento de matérias‑primas ou produtos intermediários; IV – limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; V – criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços; VI – impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias‑primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição; VI – exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa; VI – combinar previamente preços ou ajustar vantagens na concorrência pública ou administrativa; IX – utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros; X – regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados à produção de bens ou serviços ou à sua distribuição; XI – impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes, preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;

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XII – discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços; XII – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais; XIV – dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter‑se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais; XV – destruir, inutilizar ou açambarcar matérias‑primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi‑los, distribuí‑los ou transportá‑los; XVI – açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia; XVI – abandonar, fazer abandonar ou destruir lavouras ou plantações, sem justa causa comprovada; XVI – vender injustificadamente mercadoria abaixo do preço de custo; XIX – importar quaisquer bens abaixo do custo no país exportador, que não seja signatário dos Códigos “Antidumping” e de Subsídios do GATT; XX – interromper ou reduzir em grande escala a produção, sem justa causa comprovada; XXI – cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada; XXII – reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção; XXIII – subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; XXIV – impor preços excessivos, ou aumentar sem justa causa o preço de bem ou serviço. Parágrafo único. Na caracterização da imposição de preços excessivos ou do aumento injustificado de preços, além de outras circunstâncias econômicas e mercadológicas relevantes, considerar‑se‑á: I – o preço do produto ou serviço, ou sua elevação, não justificados pelo comportamento do custo dos respectivos insumos, ou pela introdução de melhorias de qualidade; II – o preço de produto anteriormente produzido, quando se tratar de sucedâneo resultante de alterações não substanciais; II – o preço de produtos e serviços similares, ou sua evolução, em mercados competitivos comparáveis; IV – a existência de ajuste ou acordo, sob qualquer forma, que resulte em majoração do preço de bem ou serviço ou dos respectivos custos. Art. 22. VETADO. Parágrafo único. VETADO.

Capítulo III Das penas

Art. 23. A prática de infração da ordem econômica sujeita os responsáveis às seguintes penas: I – no caso de empresa, multa de um a trinta por cento do valor do faturamento bruto no seu último exercício, excluídos os impostos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando quantificável; II – no caso de administrador, direta ou indiretamente responsável pela infração cometida por empresa, multa de dez a cinquenta por cento do valor daquela aplicável à empresa, de responsabilidade pessoale exclusiva do administrador; III – no caso das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como quaisquer associações de entidades ou pessoas constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, que não exerçam atividade empresarial, não sendo possível utilizar‑se o critério do valor do faturamento bruto, a multa será de seis mil a seis milhões de Unidades Fiscais de Referência – UFIR, ou padrão superveniente. Parágrafo único. Em caso de reincidência, as multas cominadas serão aplicadas em dobro.

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Art. 24. Sem prejuízo das penas cominadas no artigo anterior, quando assim o exigir a gravidade dos fatos ou o interesse público geral, poderão ser impostas as seguintes penas, isolada ou cumulativamente: I – a publicação, em meia página e às expensas do infrator, em jornal indicado na decisão, de extrato da decisão condenatória, por dois dias seguidos, de uma a três semanas consecutivas; II – a proibição de contratar com instituições financeiras oficiais e participar de licitação tendo por objeto aquisições, alienações, realização de obras e serviços, concessão de serviços públicos, junto à Administração Pública Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal, bem como entidades da administração indireta, por prazo não inferior a cinco anos; II – a inscrição do infrator no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor; IV – a recomendação aos órgãos públicos competentes para que: a) seja concedida licença compulsória de patentes de titularidade do infrator; b) não seja concedido ao infrator parcelamento de tributos federais por ele devidos ou para que sejam cancelados, no todo ou em parte, incentivos fiscais ou subsídios públicos. V – a cisão de sociedade, transferência de controle societário, venda de ativo, cessação parcial de atividade, ou qualquer outro ato ou providência necessários para a eliminação dos efeitos nocivos à ordem econômica. Art. 25. Pela continuidade de atos ou situações que configurem infração da ordem econômica, após decisão do Plenário do CADE determinando sua cessação, ou pelo descumprimento de medida preventiva ou compromisso de cessação previstos nesta Lei, o responsável fica sujeito a multa diária de valor não inferior a cinco mil Unidades Fiscais de Referência – UFIR , ou padrão superveniente, podendo ser aumentada em até vinte vezes se assim o recomendar sua situação econômica e a gravidade da infração. Art. 26. A recusa, omissão, enganosidade, ou retardamento injustificado de informação ou documentos solicitados pelo CADE, SDE, SEAE , ou qualquer entidade pública atuando na aplicação desta Lei, constitui infração punível com multa diária de cinco mil UFIR , podendo ser aumentada em até vinte vezes se necessário para garantir sua eficácia em razão da situação econômica do infrator. § 1o O montante fixado para a multa diária de que trata o caput deste artigo constará do documento que contiver a requisição da autoridade competente. § 2o A multa prevista neste artigo será computada diariamente até o limite de noventa dias contados a partir da data fixada no documento a que se refere o parágrafo anterior. § 3o Compete à autoridade requisitante a aplicação da multa prevista no caput deste artigo. § 4o Responde solidariamente pelo pagamento da multa de que trata este artigo, a filial, sucursal, escritório ou estabelecimento, no País, de empresa estrangeira. § 5o A falta injustificada do representado ou de terceiros, quando intimados para prestar esclarecimentos orais, no curso de procedimento, de averiguações preliminares ou de processo administrativo, sujeitará o faltante à multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.700,00 (dez mil e setecentos reais), conforme sua situação econômica, que será aplicada mediante auto de infração pela autoridade requisitante. Art. 26‑A. Impedir, obstruir ou de qualquer outra forma dificultar a realização de inspeção autorizada pela SDE ou SEAE no âmbito de averiguação preliminar, procedimento ou processo administrativo sujeitará o inspecionado ao pagamento de multa de R$ 21.200,00 (vinte e um mil e duzentos reais) a R$ 425.700,00 (quatrocentos e vinte e cinco mil e setecentos reais), conforme a situação econômica do infrator, mediante a lavratura de auto de infração pela Secretaria competente. Art. 27. Na aplicação das penas estabelecidas nesta Lei serão levados em consideração: I – a gravidade da infração; II – a boa‑fé do infrator; II – a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; IV – a consumação ou não da infração; V – o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, à economia nacional, aos consumidores, ou a terceiros; VI – os efeitos econômicos negativos produzidos no mercado; VI – a situação econômica do infrator;

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VI – a reincidência. Capítulo IV

Da prescrição Art. 28. Revogado. Lei no 9.873, de 23-11-1999, que estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta.

Capítulo V Do direito de ação

Art. 29. Os prejudicados, por si ou pelos legitimados do artigo 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, poderão ingressar em juízo para, em defesa de seus interesses individuais ou individuais homogêneos, obter a cessação de práticas que constituam infração da ordem econômica, bem como o recebimento de indenização por perdas e danos sofridos, independentemente do processo administrativo, que não será suspenso em virtude do ajuizamento de ação.

Título VI – Do processo administrativo Capítulo I

Das averiguações preliminares Art. 30. A SDE promoverá averiguações preliminares, de ofício ou à vista de representação escrita e fundamentada de qualquer interessado, quando os indícios de infração à ordem econômica não forem suficientes para a instauração de processo administrativo. § 1o Nas averiguações preliminares, o Secretário da SDE poderá adotar quaisquer das providências previstas nos artigos 35, 35‑A e 35‑B, inclusive requerer esclarecimentos do representado ou de terceiros, por escrito ou pessoalmente. § 2o A representação de Comissão do Congresso Nacional, ou de qualquer de suas Casas, independe de averiguações preliminares, instaurando‑se desde logo o processo administrativo. § 3o As averiguações preliminares poderão correr sob sigilo, no interesse das investigações, a critério do Secretário da SDE. Art. 31. Concluídas, dentro de sessenta dias, as averiguações preliminares, o Secretário da SDE determinará a instauração do processo administrativo ou o seu arquivamento, recorrendo de ofício ao CADE neste último caso.

Capítulo II Da instauração e instrução do processo administrativo

Art. 32. O processo administrativo será instaurado em prazo não superior a oito dias, contado do conhecimento do fato, da representação, ou do encerramento das averiguações preliminares, por despacho fundamentado do Secretário da SDE, que especificará os fatos a serem apurados. Art. 33. O representado será notificado para apresentar defesa no prazo de quinze dias. § 1o A notificação inicial conterá inteiro teor do despacho de instauração do processo administrativo e da representação, se for o caso. § 2o A notificação inicial do representado será feita pelo correio, com aviso de recebimento em nome próprio, ou, não tendo êxito a notificação postal, por edital publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação no Estado em que resida ou tenha sede, contando‑se os prazos da juntada do Aviso de Recebimento, ou da publicação, conforme o caso. § 3o A intimação dos demais atos processuais será feita mediante publicação no Diário Oficial da União, da qual deverão constar o nome do representado e de seu advogado. § 4o O representado poderá acompanhar o processo administrativo por seu titular e seus diretores ou gerentes, ou por advogado legalmente habilitado, assegurando‑se‑lhes amplo acesso ao processo na SDE e no CADE. Art. 34. Considerar‑se‑á revel o representado que, notificado, não apresentar defesa no prazo legal, incorrendo em confissão quanto à matéria de fato, contra ele correndo os demais prazos, independentemente de notificação. Qualquer que seja a fase em que se encontre o processo, nele poderá intervir o revel, sem direito à repetição de qualquer ato já praticado. Art. 35. Decorrido o prazo de apresentação da defesa, a SDE determinará a realização de diligências e a produção de provas de interesse da Secretaria, a serem apresentadas no prazo

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de quinze dias, sendo‑lhe facultado exercer os poderes de instrução previstos nesta Lei, mantendo‑se o sigilo legal quando for o caso. § 1o As diligências e provas determinadas pelo Secretário da SDE, inclusive inquirição de testemunhas, serão concluídas no prazo de quarenta e cinco dias, prorrogável por igual período em caso de justificada necessidade. § 2o Respeitado o objeto de averiguação preliminar, de procedimento ou de processo administrativo, compete ao Secretário da SDE autorizar, mediante despacho fundamentado, a realização de inspeção na sede social, estabelecimento, escritório, filial ou sucursal de empresa investigada, notificando‑se a inspecionada com pelo menos vinte e quatro horas de antecedência, não podendo a diligência ter início antes das seis ou após as dezoito horas. § 3o Na hipótese do parágrafo anterior, poderão ser inspecionados estoques, objetos, papéis de qualquer natureza, assim como livros comerciais, computadores e arquivos magnéticos, podendo‑se extrair ou requisitar cópias de quaisquer documentos ou dados eletrônicos. Art. 35‑A. A Advocacia‑Geral da União, por solicitação da SDE, poderá requerer ao Poder Judiciário mandado de busca e apreensão de objetos, papéis de qualquer natureza, assim como de livros comerciais, computadores e arquivos magnéticos de empresa ou pessoa física, no interesse da instrução do procedimento, das averiguações preliminares ou do processo administrativo, aplicando‑se, no que couber, o disposto no artigo 839 e seguintes do Código de Processo Civil, sendo inexigível a propositura de ação principal. § 1o No curso de procedimento administrativo destinado a instruir representação a ser encaminhada à SDE, poderá a SEAE exercer, no que couber, as competências previsas no caput deste artigo e no artigo 35 desta Lei. § 2o O procedimento administrativo de que trata o parágrafo anterior poderá correr sob sigilo, no interesse das investigações, a critério do SEAE. Art. 35‑B. A União, por intermédio da SDE, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de um a dois terços da penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com pessoas físicas e jurídicas que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte: I – a identificação dos demais coautores da infração; e II – a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. § 1o O disposto neste artigo não se aplica às empresas ou pessoas físicas que tenham estado à frente da conduta tida como infracionária. § 2o O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: I – a empresa ou pessoa física seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação; II – a empresa ou pessoa física cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de propositura do acordo; II – a SDE não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou pessoa física quando da propositura do acordo; e IV – a empresa ou pessoa física confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. § 3o O acordo de leniência firmado com a União, por intermédio da SDE, estipulará as condições necessárias para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. § 4o A celebração do acordo de leniência não se sujeita à aprovação do CADE, competindo‑lhe, no entanto, quando do julgamento do processo administrativo, verificado o cumprimento do acordo: I – decretar a extinção da ação punitiva da administração pública em favor do infrator, nas hipóteses em que a proposta de acordo tiver sido apresentada à SDE sem que essa tivesse conhecimento prévio da infração noticiada;

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ou II – nas demais hipóteses, reduzir de um a dois terços as penas aplicáveis, observado o disposto no artigo 27 desta Lei, devendo ainda considerar na gradação da pena a efetividade da colaboração prestada e a boa‑fé do infrator no cumprimento do acordo de leniência. § 5o Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a pena sobre a qual incidirá o fator redutor não será superior à menor das penas aplicadas aos demais coautores da infração, relativamente aos percentuais fixados para a aplicação das multas de que trata o artigo 23 desta Lei. § 6o Serão estendidos os efeitos do acordo de leniência aos dirigentes e administradores da empresa habilitada, envolvidos na infração, desde que firmem o respectivo instrumento em conjunto com a empresa, respeitadas as condições impostas nos incisos II a IV do § 2o deste artigo. § 7o A empresa ou pessoa física que não obtiver, no curso de investigação ou processo administrativo, habilitação para a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá celebrar com a SDE, até a remessa do processo para julgamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infração, da qual não tenha qualquer conhecimento prévio a Secretaria. § 8o Na hipótese do parágrafo anterior, o infrator se beneficiará da redução de um terço da pena que lhe for aplicável naquele processo, sem prejuízo da obtenção dos benefícios de que trata o inciso I do § 4o deste artigo em relação à nova infração denunciada. § 9o Considera‑se sigilosa a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo. § 10. Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada pelo Secretário da SDE, da qual não se fará qualquer divulgação. § 11. A aplicação do disposto neste artigo observará a regulamentação a ser editada pelo Ministro de Estado da Justiça. Art. 35‑C. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, de 27 de novembro de 1990, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia. Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, extingue‑se automaticamente a punibilidade dos crimes a que se refere o caput deste artigo. Art. 36. As autoridades federais, os diretores de autarquia, fundação, empresa pública e sociedade de economia mista federais são obrigados a prestar, sob pena de responsabilidade, toda a assistência e colaboração que lhes for solicitada pelo CADE ou SDE, inclusive elaborando pareceres técnicos sobre as matérias de sua competência. Art. 37. O representado apresentará as provas de seu interesse no prazo máximo de quarenta e cinco dias contado da apresentação da defesa, podendo apresentar novos documentos a qualquer momento, antes de encerrada a instrução processual. Parágrafo único. O representado poderá requerer ao Secretário da SDE que designe dia, hora e local para oitiva de testemunhas, em número não superior a três. Art. 38. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda será informada por ofício da instauração do processo administrativo para, querendo, emitir parecer sobre as matérias de sua especialização, o qual deverá ser apresentado antes do encerramento da instrução processual. Art. 39. Concluída a instrução processual, o representado será notificado para apresentar alegações finais, no prazo de cinco dias, após o que o Secretário de Direito Econômico, em relatório circunstanciado, decidirá pela remessa dos autos ao CADE para julgamento, ou pelo seu arquivamento, recorrendo de ofício ao CADE nesta última hipótese. Art. 40. As averiguações preliminares e o processo administrativo devem ser conduzidos e concluídos com a maior brevidade compatível com o esclarecimento dos fatos, nisso se esmerando o Secretário da SDE, e os membros do CADE, assim como os servidores e funcionários desses órgãos, sob pena de promoção da respectiva responsabilidade. Art. 41. Das decisões do Secretário da SDE não caberá recurso ao superior hierárquico.

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Capítulo III Do julgamento do processo administrativo pelo CADE

Art. 42. Recebido o processo, o Presidente do CADE o distribuirá, mediante sorteio, ao Conselheiro Relator, que abrirá vistas à Procuradoria para manifestar‑se no prazo de vinte dias. Art. 43. O Conselheiro Relator poderá determinar a realização de diligências complementares ou requerer novas informações, na forma do artigo 35, bem como facultar à parte a produção de novas provas, quando entender insuficientes para a formação de sua convicção os elementos existentes nos autos. Art. 44. A convite do Presidente, por indicação do Relator, qualquer pessoa poderá apresentar esclarecimento ao CADE, a propósito de assuntos que estejam em pauta. Art. 45. No ato do julgamento em plenário, de cuja data serão intimadas as partes com antecedência mínima de cinco dias, o Procurador‑Geral e o representado ou seu advogado terão, respectivamente, direito à palavra por quinze minutos cada um. Art. 46. A decisão do CADE, que em qualquer hipótese será fundamentada, quando for pela existência de infração da ordem econômica, conterá: I – especificação dos fatos que constituam a infração apurada e a indicação das providências a serem tomadas pelos responsáveis para fazê‑la cessar; II – prazo dentro do qual devam ser iniciadas e concluídas as providências referidas no inciso anterior; II – multa estipulada; IV – multa diária em caso de continuidade da infração. Parágrafo único. A decisão do CADE será publicada dentro de cinco dias no Diário Oficial da União. Art. 47. O CADE fiscalizará o cumprimento de suas decisões. Art. 48. Descumprida a decisão, no todo ou em parte, será o fato comunicado ao Presidente do CADE, que determinará ao Procurador‑Geral que providencie sua execução judicial. Art. 49. As decisões do CADE serão tomadas por maioria absoluta, com a presença mínima de cinco membros. Art. 50. As decisões do CADE não comportam revisão no âmbito do Poder Executivo, promovendo‑se, de imediato, sua execução e comunicando‑se, em seguida, ao Ministério Público, para as demais medidas legais cabíveis no âmbito de suas atribuições. Art. 51. O Regulamento e o Regimento Interno do CADE disporão de forma complementar sobre o processo administrativo.

Capítulo IV Da medida preventiva e da ordem de cessação

Art. 52. Em qualquer fase do processo administrativo poderá o Secretário da SDE ou o Conselheiro Relator, por iniciativa própria ou mediante provocação do Procurador‑Geral do CADE, adotar medida preventiva, quando houver indício ou fundado receio de que o representado, direta ou indiretamente, cause ou possa causar ao mercado lesão irreparável ou de difícil reparação, ou torne ineficaz o resultado final do processo. § 1o Na medida preventiva, o Secretário da SDE ou o Conselheiro Relator determinará a imediata cessação da prática e ordenará, quando materialmente possível, a reversão à situação anterior, fixando multa diária nos termos do artigo 25. § 2o Da decisão do Secretário da SDE ou do Conselheiro Relator do CADE que adotar medida preventiva caberá recurso voluntário, no prazo de cinco dias, ao Plenário do CADE, sem efeito suspensivo.

Capítulo V Do compromisso de cessação

Art. 53. Em qualquer das espécies de processo administrativo, o CADE poderá tomar do representado compromisso de cessação da prática sob investigação ou dos seus efeitos lesivos, sempre que, em juízo de conveniência e oportunidade, entender que atende aos interesses protegidos por lei. § 1o Do termo de compromisso deverão constar os seguintes elementos:

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I – a especificação das obrigações do representado para fazer cessar a prática investigada ou seus efeitos lesivos, bem como obrigações que julgar cabíveis; II – a fixação do valor da multa para o caso de descumprimento, total ou parcial, das obrigações compromissadas; II – a fixação do valor da contribuição pecuniária ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos quando cabível. § 2o Tratando‑se da investigação da prática de infração relacionada ou decorrente das condutas previstas nos incisos I, II, II ou VI do caput do art. 21 desta Lei, entre as obrigações a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo figurará, necessariamente, a obrigação de recolher ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos um valor pecuniário que não poderá ser inferior ao mínimo previsto no art. 23 desta Lei. § 3o A celebração do termo de compromisso poderá ser proposta até o início da sessão de julgamento do processo administrativo relativo à prática investigada. § 4o O termo de compromisso constitui título exclusivo extrajudicial. § 5o O processo administrativo ficará suspenso enquanto estiver sendo cumprido o compromisso e será arquivado ao término do prazo fixado se atendidas todas as condições estabelecidas no termo. § 6o A suspensão do processo administrativo a que se refere o § 5o deste artigo dar‑se‑á somente em relação ao representado que firmou o compromisso, seguindo o processo seu curso regular para os demais representados. § 7o Declarado o descumprimento do compromisso, o CADE aplicará as sanções nele previstas e determinará o prosseguimento do processo administrativo e as demais medidas administrativas e judiciais cabíveis para sua execução. § 8o As condições do termo de compromisso poderão ser alteradas pelo CADE se comprovar sua excessiva onerosidade para o representado, desde que a alteração não acarrete prejuízo para terceiros ou para a coletividade. § 9o O CADE definirá, em resolução, normas complementares sobre cabimento, tempo e modo da celebração do termo de compromisso de cessação.

Título VII – Das formas de controle Capítulo I

Do controle de atos e contratos Art. 54. Os atos, sob qualquer forma manifestados, que possam limitar ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência, ou resultar na dominação de mercados relevantes de bens ou serviços, deverão ser submetidos à apreciação do CADE. § 1o O CADE poderá autorizar os atos a que se refere o caput, desde que atendam as seguintes condições: I – tenham por objetivo, cumulada ou alternativamente: a) aumentar a produtividade; b) melhorar a qualidade de bens ou serviço; ou c) propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou econômico; II – os benefícios decorrentes sejam distribuídos equitativamente entre os seus participantes, de um lado, e os consumidores ou usuários finais, de outro; III – não impliquem eliminação da concorrência de parte substancial de mercado relevante de bens e serviços; IV – sejam observados os limites estritamente necessários para atingir os objetivos visados. § 2o Também poderão ser considerados legítimos os atos previstos neste artigo, desde que atendidas pelo menos três das condições previstas nos incisos do parágrafo anterior, quando necessários por motivos preponderantes da economia nacional e do bem comum, e desde que não impliquem prejuízo ao consumidor ou usuário final. § 3o Incluem‑se nos atos de que trata o caput aqueles que visem a qualquer forma de concentração econômica, seja através de fusão ou incorporação de empresas, constituição de sociedade para exercer o controle de empresas ou qualquer forma de agrupamento societário, que implique participação de empresa ou grupo de empresas resultante em vinte por cento de um mercado relevante, ou em que qualquer dos participantes tenha registrado faturamento

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bruto anual no último balanço equivalente a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais). § 4o Os atos de que trata o caput deverão ser apresentados para exame, previamente ou no prazo máximo de quinze dias úteis de sua realização, mediante encaminhamento da respectiva documentação em três vias à SDE, que imediatamente enviará uma via ao CADE e outra à SEAE. § 5o A inobservância dos prazos de apresentação previstos no parágrafo anterior será punida com multa pecuniária, de valor não inferior a sessenta mil UFIR nem superior a seis milhões de UFIR a ser aplicada pelo CADE, sem prejuízo da abertura de processo administrativo, nos termos do artigo 32. § 6o Após receber o parecer técnico da SEAE , que será emitido em até trinta dias, a SDE manifestar‑se‑á em igual prazo e, em seguida, encaminhará o processo, devidamente instruído, ao Plenário do CADE, que deliberará no prazo de sessenta dias. § 7o A eficácia dos atos de que trata este artigo condiciona‑se à sua aprovação, caso em que retroagirá à data de sua realização; não tendo sido apreciados pelo CADE no prazo estabelecido no parágrafo anterior, serão automaticamente considerados aprovados. § 8o Os prazos estabelecidos nos §§ 6o e 7o ficarão suspensos enquanto não forem apresentados esclarecimentos e documentos imprescindíveis à análise do processo, solicitados pelo CADE, SDE ou SEAE. § 9o Se os atos especificados neste artigo não forem realizados sob condição suspensiva ou deles já tiverem decorrido efeitos perante terceiros, inclusive de natureza fiscal, o Plenário do CADE, se concluir pela sua não aprovação, determinará as providências cabíveis no sentido de que sejam desconstituídos, total ou parcialmente, seja através de distrato, cisão de sociedade, venda de ativos, cessação parcial de atividades ou qualquer outro ato ou providência que elimine os efeitos nocivos à ordem econômica, independentemente da responsabilidade civil por perdas e danos eventualmente causados a terceiros. § 10. As mudanças de controle acionário de companhias abertas e os registros de fusão, sem prejuízo da obrigação das partes envolvidas, devem ser comunicados à SDE, pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM e pelo Departamento Nacional de Registro Comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo – DNRC/MICT, respectivamente, no prazo de cinco dias úteis para, se for o caso, serem examinados. Art. 55. A aprovação de que trata o artigo anterior poderá ser revista pelo CADE, de ofício ou mediante provocação da SDE, se a decisão for baseada em informações falsas ou enganosas prestadas pelo interessado, se ocorrer o descumprimento de quaisquer das obrigações assumidas ou não forem alcançados os benefícios visados. Art. 56. As Juntas Comerciais ou órgãos correspondentes nos Estados não poderão arquivar quaisquer atos relativos à constituição, transformação, fusão, incorporação ou agrupamento de empresas, bem como quaisquer alterações, nos respectivos atos constitutivos, sem que dos mesmos conste: I – a declaração precisa e detalhada do seu objeto; II – o capital de cada sócio e a forma e prazo de sua realização; II – o nome por extenso e qualificação de cada um dos sócios acionistas; IV – o local da sede e respectivo endereço, inclusive das filiais declaradas; V – os nomes dos diretores por extenso e respectiva qualificação; VI – o prazo de duração da sociedade; VI – o número, espécie e valor das ações. Art. 57. Nos instrumentos de distrato, além da declaração da importância repartida entre os sócios e a referência à pessoa ou pessoas que assumirem o ativo e passivo da empresa, deverão ser indicados os motivos da dissolução.

Capítulo II Do compromisso de desempenho

Art. 58. O Plenário do CADE definirá compromissos de desempenho para os interessados que submetam atos a exame na forma do artigo 54, de modo a assegurar o cumprimento das condições estabelecidas no § 1o do referido artigo.

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§ 1o Na definição dos compromissos de desempenho será levado em consideração o grau de exposição do setor à competição internacional e as alterações no nível de emprego, dentre outras circunstâncias relevantes. § 2o Deverão constar dos compromissos de desempenho metas qualitativas ou quantitativas em prazos predefinidos, cujo cumprimento será acompanhado pela SDE. § 3o O descumprimento injustificado do compromisso de desempenho implicará a revogação da aprovação do CADE, na forma do artigo 55, e a abertura de processo administrativo para adoção das medidas cabíveis.

Capítulo III Da consulta

Título VIII – Da execução judicial das decisões do CADE Capítulo I

Do processo Art. 60. A decisão do Plenário do CADE, cominando multa ou impondo obrigação de fazer ou não fazer, constitui título executivo extrajudicial. Art. 61. A execução que tenha por objeto exclusivamente a cobrança de multa pecuniária será feita de acordo com o disposto na Lei no 6.830, de 22 de setembro de 1980. Art. 62. Na execução que tenha por objeto, além da cobrança de multa, o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela específica da obrigação, ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1o A conversão da obrigação de fazer ou não fazer em perdas e danos somente será admissível se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2o A indenização por perdas e danos far-se-á sem prejuízo das multas. Art. 63. A execução será feita por todos os meios, inclusive mediante intervenção na empresa, quando necessária. Art. 64. A execução das decisões do CADE será promovida na Justiça Federal do Distrito Federal ou da sede ou domicílio do executado, à escolha do CADE. Art. 65. O oferecimento de embargos ou o ajuizamento de qualquer outra ação que vise a desconstituição do título executivo não suspenderá a execução, se não for garantido o juízo no valor das multas aplicadas, assim como de prestação de caução, a ser fixada pelo juízo, que garanta o cumprimento da decisão final proferida nos autos, inclusive no que tange a multas diárias. Art. 66. Em razão da gravidade da infração da ordem econômica, e havendo fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ainda que tenha havido o depósito das multas e prestação de caução, poderá o Juiz determinar a adoção imediata, no todo ou em parte, das providências contidas no título executivo. Art. 67. No cálculo do valor da multa diária pela continuidade da infração, tomar‑se‑á como termo inicial a data final fixada pelo CADE para a adoção voluntária das providências contidas em sua decisão, e como termo final o dia do seu efetivo cumprimento. Art. 68. O processo de execução das decisões do CADE terá preferência sobre as demais espécies de ação, exceto habeas corpus e mandado de segurança.

Capítulo II Da intervenção judicial

Art. 69. O Juiz decretará a intervenção na empresa quando necessária para permitir a execução específica, nomeando o interventor. Parágrafo único. A decisão que determinar a intervenção deverá ser fundamentada e indicará, clara e precisamente, as providências a serem tomadas pelo interventor nomeado. Art. 70. Se, dentro de quarenta e oito horas, o executado impugnar o interventor por motivo de inaptidão ou inidoneidade, feita a prova da alegação em três dias, o Juiz decidirá em igual prazo. Art. 71. Sendo a impugnação julgada procedente, o Juiz nomeará novo interventor no prazo de cinco dias. Art. 72. A intervenção poderá ser revogada antes do prazo estabelecido, desde que comprovado o cumprimento integral da obrigação que a determinou.

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Art. 73. A intervenção judicial deverá restringir‑se aos atos necessários ao cumprimento da decisão judicial que a determinar, e terá duração máxima de cento e oitenta dias, ficando o interventor responsável por suas ações e omissões, especialmente em caso de abuso de poder e desvio de finalidade. § 1o Aplica‑se ao interventor, no que couber, o disposto nos artigos 153 a 159 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. § 2o A remuneração do interventor será arbitrada pelo Juiz, que poderá substituí‑lo a qualquer tempo, sendo obrigatória a substituição quando incorrer em insolvência civil, quando for sujeito passivo ou ativo de qualquer forma de corrupção ou prevaricação, ou infringir quaisquer de seus deveres. Art. 74. O Juiz poderá afastar de suas funções os responsáveis pela administração da empresa que, comprovadamente, obstarem o cumprimento de atos de competência do interventor. A substituição dar‑se‑á na forma estabelecida no contrato social da empresa. § 1o Se, apesar das providências previstas no caput, um ou mais responsáveis pela administração da empresa persistirem em obstar a ação do interventor, o Juiz procederá na forma do disposto no § 2o. § 2o Se a maioria dos responsáveis pela administração da empresa recusar colaboração ao interventor, o Juiz determinará que este assuma a administração total da empresa. Art. 75. Compete ao interventor: I – praticar ou ordenar que sejam praticados os atos necessários à execução; II – denunciar ao Juiz quaisquer irregularidades praticadas pelos responsáveis pela empresa e das quais venha a ter conhecimento; II – apresentar ao Juiz relatório mensal de suas atividades. Art. 76. As despesas resultantes da intervenção correrão por conta do executado contra quem ela tiver sido decretada. Art. 77. Decorrido o prazo da intervenção, o interventor apresentará ao Juiz Federal relatório circunstanciado de sua gestão, propondo a extinção e o arquivamento do processo ou pedindo a prorrogação do prazo na hipótese de não ter sido possível cumprir integralmente a decisão exequenda. Art. 78. Todo aquele que se opuser ou obstaculizar a intervenção ou, cessada esta, praticar quaisquer atos que direta ou indiretamente anulem seus efeitos, no todo ou em parte, ou desobedecer a ordens legais do interventor será, conforme o caso, responsabilizado criminalmente por resistência, desobediência ou coação no curso do processo, na forma dos artigos 329, 330 e 344 do Código Penal.

Título IX – Das disposições finais e transitórias Art. 79. VETADO. Parágrafo único. VETADO. Art. 80. O cargo de Procurador do CADE é transformado em cargo de Procurador‑Geral e transferido para a Autarquia ora criada juntamente com os cargos de Presidente e Conselheiro. Art. 81. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, enviará ao Congresso Nacional projeto de lei dispondo sobre o quadro de pessoal permanente da nova Autarquia, bem como sobre a natureza e a remuneração dos cargos de Presidente, Conselheiro e Procurador‑Geral do CADE. § 1o Enquanto o CADE não contar com quadro próprio de pessoal, as cessões temporárias de servidores para a Autarquia serão feitas independentemente de cargos ou funções comissionados, e sem prejuízo dos vencimentos e demais vantagens asseguradas aos que se encontram na origem, inclusive para representar judicialmente a Autarquia. § 2o O Presidente do CADE elaborará e submeterá ao Plenário, para aprovação, a relação dos servidores a serem requisitados para servir à Autarquia, os quais poderão ser colocados à disposição da SDE. Art. 81‑A. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE poderá efetuar, nos termos do art. 37, inciso IX, da Constituição Federal, e observado o disposto na Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, contratação por tempo determinado, pelo prazo de doze meses, do

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pessoal técnico imprescindível ao exercício de suas competências institucionais, limitando‑se ao número de trinta. Parágrafo único. A contratação referida no caput poderá ser prorrogada, desde que sua duração total não ultrapasse o prazo de vinte e quatro meses, ficando limitada sua vigência, em qualquer caso, a 31 de dezembro de 2005, e dar‑se‑á mediante processo seletivo simplificado, compreendendo, obrigatoriamente, prova escrita e, facultativamente, análise de curriculum vitae, sem prejuízo de outras modalidades que, a critério do CADE, venham a ser exigidas. Art. 82. VETADO. Art. 83. Aplicam‑se subsidiariamente aos processos administrativo e judicial previstos nesta Lei as disposições do Código de Processo Civil e das Leis no 7.347, de 24 de julho de 1985 e no 8.078, de 11 de setembro de 1990. Art. 84. O valor das multas previstas nesta Lei será convertido em moeda corrente na data do efetivo pagamento e recolhido ao Fundo de que trata a Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. Art. 85. O inciso VI do artigo 4o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 86. O artigo 312 do Código de Processo Penal passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 87. O artigo 39 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação, acrescendo‑se‑lhe os seguintes incisos: Art. 88. O artigo 1o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a vigorar com a seguinte redação e a inclusão de novo inciso: Parágrafo único. O inciso II do artigo 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: Art. 89. Nos processos judiciais em que se discuta a aplicação desta Lei, o CADE deverá ser intimado para, querendo, intervir no feito na qualidade de assistente. Art. 90. Ficam interrompidos os prazos relativos aos processos de consulta formulados com base no artigo 74 da Lei no 4.137, de 10 de setembro de 1962, com a redação dada pelo artigo 13 da Lei no 8.158, de 8 de janeiro de 1991, aplicando‑se aos mesmos o disposto no Título VI, Capítulo I, desta Lei. Art. 91. O disposto nesta Lei não se aplica aos casos de dumping e subsídios de que tratam os Acordos Relativos à Implementação do artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio, promulgados pelos Decretos no 93.941 e no 93.962, de 16 e 22 de janeiro de 1987, respectivamente. Art. 92. Revogam‑se as disposições em contrário, assim como as Leis nos 4.137, de 10 de setembro de 1962, 8.158, de 8 de janeiro de 1991, e 8.002, de 14 de março de 1990, mantido o disposto no artigo 36 da Lei no 8.880, de 27 de maio de 1994. Art. 93. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

11/06/10

RESUMO PARA A PROVA

SISTEMA BRASILEIRA DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA (SBDC)

A defesa da concorrência no Brasil, atualmente, é realizada por um aparato

formado por um ente “judicante” e dois órgãos auxiliares a saber: a

secretaria de acompanhamento econômico – SEAE a secretaria de direito

econômico – SDE e o conselho administrativo de defesa econômica – CADE

A SEAE, vinculada ao ministério da fazenda integra juntamente com a SDE

do ministério da justiça, bem como com CADE, autarquia vinculada ao

ministério da justiça, o SBDC.

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A SEAE e a SDE possuem função analítica e investigativa, sendo

responsáveis pela instrução dos processos, ao passo que o CADE e a

instância “judicante” do sistema

SEAE (Ministério da Fazenda) + SDE (ministério da Justiça) Analítica e

investigativa Instrução dos processos administrativos Julgados

administrativamente (CADE) autarquia, vinculada ao ministério da justiça

As decisões do CADE não comportam revisão do poder executivo, podendo

ser revistas apenas pelo poder judiciário.

O objetivo desse sistema é a promoção de uma economia competitiva Poe

meio da preventiva e da repressão de ações, com base na lei de proteção a

concorrência (lei 8.884/94)

As denuncias de condutas infratoras a ordem econômica será encaminhada

a SDE a qual caberá as averiguações preliminares e instaurado o processo

administrativo, ao final destes os atos serão remetidos as CADE que decide

se ouve ou não infração à ordem econômica e quem delibera sobre a

aplicação das sanções administrativas cabíveis.

Cabe aos órgãos de defesa da concorrência o cumprimento de 3 objetivos:

1) O controle de estruturas de Mercado via apreciação de fusões e

aquisições entre empresas (atos de concentração).

2) A Repressão a condutas anticompetitivas.

3) Promoção da cultura da concorrência.

FINALIDADES

4.1 - CONTROLE DE ESTRUTURA DE MERCADO.

Os Atos empresariais que possam vir a representar concentração e domínio

de mercados serão obrigatoriamente submetidos ao SBDC (sistema

Brasileiro de Defesa da Concorrência), conforme disciplina o art. 53 da lei

8.884/94. O código estabelece um prazo de 30 dias para manifestação da

SEAE e igual período para a SDE se manifeste, ato contínuo, o fato é

submetido ao CADE que tem 60 dias para julgar o caso.

Os atos de concentração são aqueles que promovem o controle econômico

de determinado mercado através da fusão ou incorporação de empresas,

sempre que a participação no mercado for igual ou superior a 20%.

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REPRESSÃO A CONDUTAS ANTICOMPETITIVAS:

A Repressão a condutas anticoncorrenciais se traduz na analise e verificação

de condutas de empresas que possam configurar infração a ordem

econômica.

Por exemplo: as vendas casadas, os acordos de exclusividade e a pratica de

cartel (adoção de conduta concertada entre empresas que atuam em um

mesmo mercado, por meio de fixação de preços, de divisão de mercados ou

de fraude em licitações públicas).

O SBDC tem priorizado o combate a cartéis tanto no plano nacional com

internacional, impedindo fusões e aquisições que impeçam a concorrência

comercial.

PROMOÇÃO DA CULTURA DA CONCORRÊNCIA

Cabe aos órgão de Defesa da Concorrência a função de disseminar a política

de competição saudável, a fim de incentivar a competição no mercado.

CADE

Cabe a este órgão prevenir e reprimir as infrações a ordem econômica

previstas na lei 8.884/94, aplicando aos infratores as sanções previstas

nesta norma. Estas poderão não ser aplicadas quando infrator cessar a sua

conduta e reparar eventuais dados por ele causados.

O CADE é composto por um presidente e seis conselheiros, todos com mais

de trinta anos de idade, notório saber jurídico ou econômico e reputação

ilibada, nomeados pelo presidente da república, após aprovação do senado

federal. O mandato é de dois anos admitida uma recondução.

SDE – SECRETARIA DE DIREITO ECONÔMICO

É órgão integrante do ministério da justiça, dirigida por um secretário,

indicado pelo ministro da justiça, dentre brasileiros de notório saber jurídico

econômico e ilibada conduta, nomeado pelo presidente da república. Sua

função é a de investigar as infrações a ordem econômica, submetendo suas

conclusões apreciação do CADE. É uma espécie de ministério público,

enquanto o CADE seria comparável ao judiciário.

SEAE – SECRETARIA DE ACOMPANHAMENTO ECONÔMICO

É um órgão consultivo, de assessoramento técnico, auxilia o trabalho do

CADE, sendo subordinado ao ministério da fazenda. Seu trabalho consiste

em acompanhar os preços da economia, subsidiar decisões em matéria de

reajustes e revisões de tarifas públicas, assim como apreciar ato de

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concentração entre empresas. Auxilia o estado na desregulamentação de

sua atividade, sempre que esta for nociva a concorrência, este órgão atua

em conjunto com as agencias reguladoras federais, bem como com os

órgãos que representam o poder concedente nos setores de aviação civil,

transporte rodoviário interestadual entre outros.

INFRAÇÕES A ORDEM ECONÔMICA

As condutas que são infrações a ordem econômica, como por exemplo:

limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a

livre iniciativa, dominar mercado relevante de bens ou serviços, aumentar

arbitrariamente os lucros, exercer de forma abusiva posição dominante,

constituir cartel, promover venda casada, estão previstas no rol do artigo

20 e 21 da lei 8.884/94, os quais não se constitui em números clausus, isto

é, este rol é meramente exemplificativo, porque muitas são as hipóteses de

violação a concorrência. Daí porque sua tipificação legal deverá ser aberta,

pois seria inócuo (sem sentido) tentar se prever todas as hipóteses de

violação da concorrência.

REGRA DA RAZÃO

A regra da razão é instituto de hermenêutica da legislação antitruste, tendo

por escopo distinguir a licitude ou ilicitude de clausulas restritivas,

permitindo a identificação de restrições comerciais legitima e razoáveis, das

ilegítimas por lhe faltarem razoabilidade.

Fundamenta-se na tolerância e aceitação de determinadas restrições à

concorrência, uma vez que esta comentam a rivalidade econômica no

mercado, sendo consideradas razoáveis enquanto outras, impedem o

desenvolvimento econômico, constituindo-se em restrições não razoáveis,

devendo ser coibidas.

DA MEDIDA PREVENTIVA (liminar)

Em qualquer fase do processo administrativo poderá o secretario de direito

econômico ou conselheiro-relator, de oficio ou por provocação, adotar

medida preventiva, quando houver indicio ou fundado receio de que o

representado cause ou possa causar ao mercado lesão irreparável ou de

difícil reparação, capaz de tornar ineficaz o resultado final do processo. Na

medida preventiva, o secretario de direito econômico ou conselheiro do

CADE determinará a imediata cessação da pratica e ordenará, quando

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materialmente possível a reversão a situação anterior, fixando multa diária

nos termos do artigo 25 da lei concorrencial.

COMPROMISSO DE DESEMPENHO

Todos os atos que, sob qualquer forma, possam limitar ou, ainda, prejudicar

a livre-concorrência, o resultar na dominação de mercados relevantes de

bens ou serviços, devem ser submetidos à apreciação do CADE. Toda via,

nem sempre a prática de tal ato revela-se perniciosa ao mercado.

Traduzindo-se muitas vezes, em medida necessária para sustentabilidade

racional do mesmo. Assim, poderá o CADE autorizar a prática destes atos,

desde que os mesmos tenham por objetivo, cumulada ou alternativamente:

aumentar a produtividade do agente econômico, melhorar a qualidade de

seus bens ou serviços, ou, ainda, propiciar a eficiência e o desenvolvimento

tecnológico ou econômico.

O COMPROMISSO DE CESSAÇÃO

Em qualquer fase do processo administrativo, no âmbito do CADE, poderá

ser celebrado por este (CADE) ou pela Secretaria de Direito Econômico

(SDE) compromisso de cessação da pratica sob investigação, que não

importara confissão quanto a matéria de fato, nem reconhecimento de

ilicitude da conduta analisada.

Compete ao plenário do CADE aprovar o termo de compromisso de

cessação, cabendo ao seu presidente assinatura do termo. Este deverá fixar

as obrigações do representado e a multa diária em caso de

descumprimento.

O processo ficará suspenso enquanto estiver sendo cumprido o

compromisso e será arquivado, ao final, caso integralmente cumprido o

compromisso. Suas condições poderão ser alteradas pelo CADE se

comprovada sua excessiva onerosidade para o representado.

O termo de compromisso constitui titulo executivo extrajudicial, ajuizando-

se imediatamente sua execução em caso de descumprimento ou colocação

de obstáculos a sua fiscalização, conforme prevê o art. 60 da lei

concorrencial. A lei veda a celebração de compromisso de cessação nas

hipóteses previstas no art. 21 da lei concorrencial.

O ACORDO DE LENIÊNCIA

A união através da SDE, poderá celebrar acordo de Leniência

(abrandamento, suavização), com a extinção da ação punitiva da

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administração pública ou a redução de 1 a 2 terços da penalidade aplicada,

nos termos definidos em lei, com pessoas físicas e jurídicas que forem

autoras de infração a ordem econômicas, desde que colaborem

efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que desta

colaboração resulte: a identificação dos demais co-autores da infração e a

obtenção e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob

investigação. Trata-se de programa de redução de penas das infrações a

ordem econômica, caso se constituam em crime de ação penal pública.

Os crimes contra a Ordem Econômica, previstos na lei 8.137/90, a

celebração do Acordo de Leniência produzirá a suspensão por prazo

prescricional e impedirá o oferecimento da ação penal. O Acordo de

Leniência assemelha-se a Delação Premiada.

18/06/10

Direito Penal econômico

Infrações penais a ordem econômica

LEIS:

1.521/51 – Crimes contra a economia popular

4.591/64 – Dispõe sobre condomínio em edificações e incorporações

imobiliárias + 11.101/05 – Falência

7.492/86 – crime contra o sistema financeiro

8.078/90 – CDC – Código de Defesa do Consumidor

8.137/90 – Crimes contra a ordem Tributária econômica e relações de

consumo

9.279/96 – Propriedade industrial

10.303/01 – Mercado de valores mobiliários

EVOLUÇÃO:

A produção do Direito Penal econômico Brasileiro destacou-se no mundo

inteiro a partir de 1938, tendo como marco normativo o decreto lei

869/1938, redigido por Nelson Hungria, sendo esta a primeira norma do

mundo a triplicar diversas condutas de crimes contra a ordem econômica.

OBJETO DO DIREITO PENAL ECONOMICO

Trata-se de sub-ramo do direito penal, especializado em matéria econômica

com objetivo de se punir o delito econômico e não patrimonial.

Os crimes econômicos, em geral, geral salvo os ambientais, são dolosos.

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CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR

Nelson Hungria define doutrinariamente, a economia popular como um

conjunto de elementos necessários para se garantir a sobrevivência da

pessoa concebe-se a economia popular conjunto de bens capazes de

proporcionar ao povo os elementos imprescindíveis a subsistência e a

dignidade.

A lei 8.137/90 alterou a lei 1.521/51 incluindo algumas condutas que

caracterizam crimes contra a economia popular. Dentre elas destacam-se:

art. 7 inciso VI da lei 8.137 “Sonegar insumos ou bens, recusando-se a

vendê-lo a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente

ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação”.

No inciso I do mesmo artigo: “favorecer ou preferir, sem justa causa, o

comprador ou freguês ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por

intermédio de distribuidores ou revendedores.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

A lei 8.137/90, na parte que trata sobre sonegação fiscal, veio a substituir a

lei 1.521/51 que tratava especificamente este tema.

Os crimes de sonegação fiscal dependem fraude dolosa para se perfazerem.

O mero recolhimento a menor caracteriza simples ilícito fiscal.

CRIMES CONTRA A ORDEM FINANCEIRA

Tem base legal na lei 7.492/86 os crimes financeiros são de competência

federal a lei conceitua instituição financeira e os entes a ela equiparados. A

lei prevê crimes tradicionais contra o sistema financeiro, bem como contra o

mercado de capitais e reprimida também a gestão fraudulenta e temerária

de instituição financeira. Esta norma reprime a emissão de títulos e valores

mobiliários falsos ou falsificados, sem registro prévio de emissão, em

condições divergentes do registro, indevidamente registrado, sem lastro

suficiente para garantir o retorno do investimento.

QUESTIONÁRIO DE REVISÃO PARA A PROVA

1. Quais são os órgão governamentais que integram o sistema brasileiro

de defesa da concorrência?

2. Qual é a função da secretaria de direito econômico, e a quem ela esta

subordinada?

Aluno: Márcio de Souza Barbosa http://materialdedireito.4shared.com Professor: Fernando Krebs

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Aluno: Márcio de Souza Barbosa http://materialdedireito.4shared.com Professor: Fernando Krebs

3. Qual é a composição do conselho administrativo de defesa

econômica?

4. As decisões do CAD tem força de titulo executivo extra-judicial,

justifique sua resposta?

5. Quais são as conseqüências da decisão do CAD?

6. Em que consiste o compromisso de desempenho e quem pode

propor-lo?

7. O que o compromisso de cessação?

8. O que vem a ser o acordo de leniência?

9. O processo administrativo do SBDC admite medida preventiva

10.A medida preventiva guarda semelhança com a liminar do processo

judicial, justifique?

11.O compromisso de desempenho e de cessação podem ser comparado

ao termo de ajustamento de conduta firmado pelo ministério publico

no bojo de inquérito civil publico?

12.Existe alguma medida no processo administrativo do SBDC que

impede a propositura de ação penal, fundamente?

13.Das medidas tomadas no processo administrativo do SBDC é possível

se fixar multa pelo seu descumprimento?

14.Qual a função da procuradoria do CAD?

15.Em que consiste a regra da razão?

16.O que a lei 8.884 entende por mercado relevante?

17.Dê três exemplos de infrações a ordem econômica?

18.Dê três exemplos de sanções por infração a ordem econômica?

19.Quais as funções do SBDC?

20.Qual o papel que a SDE desempenha no SBDC e a quem ela esta

vinculada?