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1 APOSENTADORIA: PPA – PROGRAMA DE PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA – cultive essa semente! MARILENE LOPES PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO DE PESSOAS [email protected] MARIA ODETE DE OLIVEIRA FERRAZ - Ms. RESUMO O Programa de Preparação para Aposentadoria (PPA) tem a finalidade de preparar os participantes da PREBEG com idade acima de 50 anos, que nos próximos cinco anos estarão reunindo condições para pleitear a aposentação, no sentido de que possam melhor assimilar o impacto que a nova situação, por certo, irá causar em suas vidas. Este artigo objetiva apresentar a esses participantes algumas reflexões que possam auxiliá-los na reorganização de suas vidas, sob orientação e acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais, que funcionarão como facilitadores do processo de adaptação à nova realidade de vida. Foi utilizada como metodologia a pesquisa exploratória, bibliográfica, de campo e descritiva. Os resultados da pesquisa demonstraram uma preocupação muito grande com a aproximação dessa nova fase, e apontaram alguns fatores, como planejamento e qualidade de vida, tidos por primordiais. PALAVRAS-CHAVE: Planejamento, Qualidade de Vida, Aposentadoria. ABSTRACT

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APOSENTADORIA:

PPA – PROGRAMA DE PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA – cultive essa

semente!

MARILENE LOPES

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO DE PESSOAS

[email protected]

MARIA ODETE DE OLIVEIRA FERRAZ - Ms.

RESUMO

O Programa de Preparação para Aposentadoria (PPA) tem a finalidade de preparar

os participantes da PREBEG com idade acima de 50 anos, que nos próximos cinco

anos estarão reunindo condições para pleitear a aposentação, no sentido de que

possam melhor assimilar o impacto que a nova situação, por certo, irá causar em

suas vidas. Este artigo objetiva apresentar a esses participantes algumas reflexões

que possam auxiliá-los na reorganização de suas vidas, sob orientação e

acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais, que funcionarão como

facilitadores do processo de adaptação à nova realidade de vida. Foi utilizada como

metodologia a pesquisa exploratória, bibliográfica, de campo e descritiva. Os

resultados da pesquisa demonstraram uma preocupação muito grande com a

aproximação dessa nova fase, e apontaram alguns fatores, como planejamento e

qualidade de vida, tidos por primordiais.

PALAVRAS-CHAVE: Planejamento, Qualidade de Vida, Aposentadoria.

ABSTRACT

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The Retirement Preparation Program (APP) aims to prepare participants PREBEG

aged over 50 years, that over the next five years will be flocking to compete for the

retirement conditions, in the sense that they can better absorb the impact the new

situation, of course, will cause in their lives. This article presents some thoughts to

those participants who can assist them in reorganizing their lives, under the guidance

and monitoring of psychologists and social workers who function as facilitators of the

process of adaptation to the new reality of life. The methodology used for the

exploratory research, literature, field and descriptive. The survey results showed a

great concern with the approach of this new phase, and pointed out some factors,

such as planning and quality of life, taken by paramount.

KEYWORDS: Planning, Quality of Life, Retirement

INTRODUÇÃO

As estatísticas apresentam um presente difícil e disseminam um futuro pouco

pródigo, pois a sociedade mostra uma nova realidade, em que a população de

idosos ocupa um lugar cada vez mais significativo.

Algumas estatísticas apontam, conforme estudos recentes, as mudanças para um

futuro próximo. Diz Rocha (2010), “[h]á uma mudança clara, porém, no perfil da

população brasileira e as empresas têm que se preparar.” Segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de idosos deve triplicar já

nos próximos 40 anos, passando dos atuais 9% para 29%.

Durante a infância sonha-se em se tornar um exímio profissional, de futuro certo e

promissor. Às vezes, esses desejos chegam a se concretizar, mas, em sua grande

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maioria, tomam outro rumo. Surgem as necessidades vitais imediatas, faltam as

oportunidades concretas e, na esteira do planejamento inexistente, deixa de

florescer a perspectiva de um porvir sem sobressaltos.

É assim que os seres humanos, conduzindo suas vidas profissionais quase sempre

sem se preocuparem com o futuro, são surpreendidos pelo transcurso dos anos.

Constituem-se famílias, criam-se os filhos e prosseguem com a vida profissional

anos a fio, e, quando então se dão conta, já se encontram na meia idade,

caminhando para a tão sonhada aposentadoria.

Porém, toda transformação traz consigo a ruptura de hábitos, ocasião em que se

acaba por descobrir que a tão sonhada aposentadoria (aquela de ter o tempo todo

livre para a família, os amigos, o ócio mesmo!), que não foi planejada, poderá trazer

dissabores à vida de cada um, transformando-a, de uma situação cômoda, e

tranquila, num estado de total desequilíbrio emocional e financeiro, quando, então,

os sonhos serão substituídos pelas preocupações.

As turbulências advindas da nova situação, que surpreende, preferencialmente,

aqueles que não se planejaram, atingem todas as dimensões da vida humana,

inclusive provocando desajustes que podem redundar na dissolução da célula

familiar, e, não raro, podem desencadear doenças as mais diversas, dentre as quais

a depressão ocupa lugar de destaque. Publicado no boletim InformeRH, de

28.01.2009:

Emocionalmente, torna-se necessário a este indivíduo elaboração dos lutos da perda do exercício dos saberes profissional; da rotina e das relações afetivas vinculadas ao trabalho. Contudo, diante das novas possibilidades de realizações o indivíduo encontra-se diante da conflitante tarefa de efetuar escolha. Seus recursos tanto pessoais quanto financeiros serão referências para uma reordenação dos papéis sociais, familiares e para seu projeto de futuro. InformeRH, 28/jan/2009.

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A aposentadoria é um dos eventos mais marcantes na vida de um ser humano, pois

é nesse momento que ele se vê diante de escolhas e tomadas de atitudes cruciais,

isto é, quase que um flashback à época da passagem da adolescência à vida adulta,

quando foi necessário escolher uma profissão. Com a aproximação da

aposentadoria, a pessoa se vê obrigada a tomar uma decisão radical, desta feita

com uma agravante: não se pode mais correr o risco de errar, pois não haverá mais

tempo para se recuperar. Além do trauma da mudança essencial, existe a

insegurança relacionada às novas escolhas.

Mais preocupante, ainda, será quando a aposentadoria for decorrente de algum

infortúnio (qualquer doença, seja profissional ou natural). A conclusão, no mais das

vezes, será no sentido de que a vida terá chegado ao fim, ocasião em que os

distúrbios psicológicos, quase sempre produzirão consequências irreversíveis.

É pensando nesse momento de difícil decisão que se sugere a introdução, na

empresa, do PPA – Programa de Preparação para Aposentadoria. A expectativa é

de que a aplicação do PPA tenha como resultado, em cada aposentadoria, uma

escolha prazerosa, que gere ideia de descanso, associada a novas oportunidades e

à realização de novos planos e velhos sonhos, numa dinâmica natural, dentro de um

processo de transição onde a ruptura com o mundo do trabalho regular, não impeça

o surgimento de novos horizontes no mundo da aposentadoria salutar.

O Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, em seu

capítulo VI, artigo 28, inciso II, faz referência ao programa dessa natureza, a ser

criado e estimulado pelo Poder Público, com a finalidade de preparar o trabalhador

para a aposentadoria, utilizando-se de novos projetos sociais, segundo os interesses

sociais, além de promover o esclarecimento a respeito dos direitos sociais e de

cidadania. Confira-se:

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II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;

No mesmo sentido, a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que trata da política

nacional do idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, em seu capítulo IV, artigo 10,

inciso IV, letra “c”, estabelece, dentre as competências dos órgãos e entidades

públicas, na área de trabalho e previdência social, a preparação dos trabalhadores,

dos setores público e privado, para a aposentadoria, nos seguintes termos:

IV - na área de trabalho e previdência social: ... c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento;

Carlos et al (1999), enfatiza que o limite cronológico proposto pela ONU, em 1982,

para o início da chamada terceira idade, toma por base a idade da aposentadoria

estabelecida na maioria dos países. Tal limite induz à associação corrente entre

velhice e aposentadoria, o que remete a uma representação coletiva em que o velho

é percebido como não mais produtor de bens e serviços e, portanto, marginalizado

nos contextos sociais pautados pelo valor produtivo.

Diante dessas considerações, são sugeridas nas empresas a aplicação do PPA, com

a finalidade de desfazer essa associação, estabelecendo um novo paradigma

segundo o qual aposentadoria não é sinônimo de senilidade, inutilidade, inatividade

ou estagnação.

Nota-se que, com o avanço da medicina, houve um aumento da expectativa de vida.

Schein (1978) (citado em Dutra, 2007), relata que os futurólogos acreditam que as

pessoas nascidas em 1990, nos países desenvolvidos, podem contar com uma

expectativa de vida de 100 anos e, aquelas nascidas a partir do ano 2000, poderão

estender essa expectativa para 120 anos.

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Ainda Dutra (2007), pp.35 a 39, publica a tabela “Ciclos Típicos na Vida da Pessoa”

de Schein, mencionando que a necessidade de preparação para a aposentadoria

surge a partir da fase considerada “declínio de habilidades e competências”, em que

as pessoas se tornam “reféns” das consequências do próprio tempo.

Ciclos Típicos na Vida da Pessoa

Ciclo Biossocial

Etapa Característica principal

Da adolescência ao início dos 30 neste período, a pessoa está deixando a sua casa, estabelecendo-se por conta própria no mundo adulto e desenvolvendo sua estrutura de vida e estilo.

Transição: final dos 20 anos ao meio dos 30 neste período, as pressões sociais levam a pessoa a escolhas mais definitivas quanto à família e ao trabalho. É a fase de criação de raízes.

Crise da meia idade: final dos 30 e início dos 40

neste período, a pessoa confronta-se com a disparidade entre sonhos e a realidade vivida, emergindo novamente os conflitos da adolescência – são também sentidos os primeiros sinais do declínio da capacidade física e o reconhecimento de nossa mortalidade.

Final dos 40 e início dos 50 anos este período é iniciado por mudanças grandes na estrutura familiar. Os filhos deixam a casa, e o casal redescobre um ao outro. É a fase do “ninho vazio” (empty nest). As pessoas descobrem que sua vida é realmente sua responsabilidade. Tornam-se mais gentis, dóceis, compreensivas, ao mesmo tempo em que crescem os problemas com o reconhecimento do declínio das habilidades e competências.

Tabela de Edgar H. Schein (1978), em Dutra(2007) : Administração de Carreiras - Uma proposta

para repensar a gestão de pessoas, pp.35 a 39

Este estudo visa preparar o participante do PPA, com idade a partir de 50 anos, para

que possa se sentir mais confortável diante de sua opção pela aposentadoria, de

forma dinâmica e participativa, oferecendo-lhe a possibilidade de melhoria na

qualidade de vida, maior controle emocional, material, financeiro, familiar e de

autoestima. Visa, também, acompanhá-lo durante esse tempo com foco específico

para o equilíbrio emocional e social. Também como ponto de partida para este

estudo, sugere-se a inclusão das famílias no PPA, com a convicção da obtenção de

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excelentes resultados, auxiliando-os na reestruturação pessoal e, principalmente, na

busca pelo equilíbrio entre o mundo da razão e o universo da emoção.

Muitas pessoas, ao se verem diante do momento de se aposentarem, sofrem

conflitos inenarráveis; afinal, grande parte da população que trabalha fora de casa,

passa mais tempo no local de trabalho do que com a própria família. Geralmente, no

início da vida profissional, as pessoas costumam desenvolver uma carga maior de

trabalho na expectativa de, alcançada a tão sonhada aposentadoria, poderem gozar

dos prazeres até então inviabilizados pela falta de tempo. Para privilegiar o trabalho,

renunciam a muitas atividades agradáveis, sem considerar que, quando se

aposentarem, possa ser tarde demais para resgatá-las. Pode faltar dinheiro, pode

faltar saúde, pode sobrar preconceito, pode sobrar despreparo social, podem

coexistir estes e aqueles.

Hoje, é correto dizer que o PPA é de suma importância para aqueles participantes

que se aproximam do momento decisivo. Todo programa deve ser preparado e

planejado de forma bastante detalhada, observando a especificidade de seu público-

alvo, relacionando todas as expectativas, carências, agruras, dúvidas, medos,

finanças, sonhos, famílias, entre outras coisas. É necessário observar que, até

mesmo as pessoas que desejam incondicionalmente a aposentadoria, precisam ser

monitoradas e acompanhadas, para evitar que criem expectativas fantasiosas, que

poderão não ser alcançadas, levando-as às frustrações.

Tem, também, o papel fundamental de fazer com que o participante se prepare para

o futuro, considerando-o um salto para além e, não, uma estagnação. Já as

empresas devem notar que, essa preparação para a tão sonhada aposentadoria,

haverá de render bons frutos, com funcionários dispostos e preparados para

enfrentarem quaisquer desafios que tenham, não só após a aposentadoria, mas, e

principalmente, no processo para a mesma, que pode durar anos.

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É gratificante perceber através deste programa, o quanto o colaborador

resgata a auto-estima, descobre novas habilidades e competências,

melhora os laços conjugais e familiares, o quanto passa a envolver o grupo

familiar na elaboração do projeto de vida, com foco na qualidade de vida e

felicidade. Cecília Cibella Shibuya, 29/jan/2008.

Sobretudo, o PPA deve esclarecer ao participante que a aposentadoria não é uma

forma de exclusão e de separação dos colegas de trabalho, e inatividade, mas a

possibilidade de experienciar novas formas de se viver a vida. É preciso repensar

sobre o processo de aposentadoria, considerando a valorização integral do ser

humano.

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado com autorização do Diretor-Gerente da Fundação

PREBEG, com aplicação de questionários na massa de participantes em situação de

pré-aposentadoria, no período de 1º a 21 de junho/2010. O trabalho teve início com o

levantamento do público alvo em conformidade com o Relatório Anual-2009(¹), base

setembro/2009, da PREBEG. Na massa ativa de 573 participantes, há um

contingente de 112 em condições de se aposentar, com idades que variam entre 50

e 65 anos.

Trata-se de uma pesquisa exploratória, bibliográfica, de campo e descritiva. Na

pesquisa exploratória tem-se uma visão geral, acerca de um determinado fato, um

recurso propício para tornar o fato mais explícito (Gil, 2002).

Na pesquisa bibliográfica foram utilizadas algumas fontes de autores diversos, um

conjunto harmônico e indispensável na abordagem do tema proposto.

(¹) www.prebeg.org.br

9

Por se tratar de uma pesquisa de campo, o questionário, composto por onze

perguntas relacionadas à preparação para a aposentadoria (PPA), foi endereçado a

108 participantes, dentre os quais 87 responderam.

Para o envio dos formulários das pesquisas, fez-se uso de mecanismos internos da

Fundação, como também de recursos virtuais.

No que diz respeito à pesquisa descritiva, o grande objetivo foi conhecer a

expectativa e o propósito de cada participante diante dessa preparação, que

antecede decisão fundamental em suas vidas. Oportuna, no ponto, a seguinte lição:

Se o propósito do projeto é obter informações sobre determinada população: por exemplo, contar quantos, ou em que proporção seus membros têm certa opinião ou característica; com que freqüência certos eventos estão associados entre si, a opção é utilizar um estudo de caráter descritivo. (ROESCH, 1999, p.130).

Consoante ensina Severino (2007), o questionário é formado por um conjunto de

questões sistematicamente articuladas, que apresentam o destino de levantar

informações que visam conhecer a opinião dos entrevistados sobre o assunto

estudado.

QUESTIONÁRIO

APOSENTADORIA: PPA - Programa de Preparação de Aposentadoria: cultive essa semente!

1) Você tem pensado em como será a sua aposentadoria?

2) Você participa de algum programa destinado a essa preparação, focando sua aposentadoria para o

"aspecto financeiro"?

3) Você argumenta sobre esse assunto no seu ambiente de trabalho / colegas / gestores / diretores?

4) Em sua família, quando fala sobre esse assunto, tem recebido o esperado apoio?

5) Aposentadoria para você é garantia de “liberdade conquistada”?

6) Estar aposentado é, para você, curtir a vida, família, netos, férias, constantemente?

7) Você pensa em trabalho alternativo / voluntário quando estiver aposentado?

8) Você já participou de encontros, palestras, grupos de discussão com a finalidade de buscar

informações e ouvir experiências sobre esse assunto?

9) Com a aproximação dessa nova fase, você tem buscado interação com outras pessoas que já

vivem a aposentadoria?

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10) Onde você trabalha, existe algum programa de preparação para aposentadoria, com foco para o

“emocional do participante”?

11) Você, quando apto à aposentadoria, gostaria de participar de palestras cujo objetivo principal será

o planejamento para uma aposentadoria tranquila?

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A população brasileira está “envelhecendo” de forma acelerada. Essa constatação

deriva de dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

com base no Censo 2000. Os resultados da atual Projeção da População do Brasil

reforçam que todas as análises feitas com base na Revisão 2004 da Projeção, a

julgar pelos resultados, indicam que o envelhecimento da população brasileira estará

consolidado na década de 2030. Em 2050, um quinto da população mundial será de

idosos.

Publicação veiculada no jornal eletrônico AssPreviSite (out/2009) (A Gazeta), lembra

que “conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), [...] o Brasil,

apesar de ver que sua população está envelhecendo, tem feito pouco para se

preparar para esta realidade. Os governos – nas 03 esferas – não investem em

programas e projetos voltados para a chamada 3ª idade.”

Em conformidade com Martinez (1997), a preparação para a aposentadoria tem hoje

escopo nitidamente delineado. A ideia é predispor o trabalhador, permitindo-o

antever sua condição de inativo, alertando-o para as mudanças decorrentes da

cessação do vínculo de trabalho, enquanto é orientado para identificar novas

oportunidades.

De acordo com Silva (2009), consultora em Recursos Humanos com ênfase em

implantação de Programas de PPA e Saúde do Trabalhador, para que se possa viver

de maneira proveitosa a fase de aposentadoria, a pessoa precisa se preparar e, esse

preparo, é feito pelo PPA, que é o método capaz de ajudar as pessoas a se

11

descobrirem e se harmonizarem para essa fase, aprendendo consigo mesmas e com

a vida, ampliando a consciência do que são e do que querem para si, pelas filigranas

dos seus seres: profissional, parental, fraternal e para aprenderem a viver inteiras

consigo mesmas e com os outros. Estar bem preparado em qualquer fase da vida

possibilita que a dimensão ética e amorosa de cada um se manifeste concretamente

na vida profissional, familiar e social. Ao se preparar para a aposentadoria, adquire-

se um importante agente de mudança, e, quando se muda, muda-se também o todo

social.

Para Benfatti (2009), o que se percebe é que as famílias geralmente não se

preparam para a chegada dessa fase, porque não aceitam a ideia da perda dos

entes queridos e nem da queda de suas capacidades físicas e mentais.

“Se a cabeça funciona e tem-se muito a oferecer, por que tirar férias longas?” Esse é

o pensamento do ser humano. Por esse motivo, torna-se importantíssimo o

acompanhamento, não só do profissional da área emocional, como também da

família, no auxílio e preparo para essa decisão.

De acordo com Barbulho et al (1999), a velhice é um processo pessoal, natural,

indiscutível e inevitável, para qualquer ser humano, na evolução da vida. Nessa fase

sempre ocorrem mudanças biológicas, fisiológicas, psicossociais, econômicas e

políticas, que compõem o cotidiano das pessoas. E nesse processo de

transformação, quase sempre se paga um preço alto, pois nem sempre se é

compreendido.

Para França (1999, p. 30), o PPA (Programa de Preparação para Aposentadoria)

deverá ser pautado numa ponte dinâmica de discussão e de avaliação à luz dos

fatos, dos riscos e das expectativas que os participantes queiram atingir no futuro.

Sendo assim, a preparação deve ser organizada como um processo educativo,

contínuo e relacionado a um planejamento de vida.

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Segundo Silva Filho (2009, p. 80), envelhecer, ainda que da perspectiva individual

tenha a conotação de uma situação não necessariamente desejada, é inexorável, e

tem como sua antípoda a morte precoce. Da perspectiva coletiva, no entanto, tem

sido uma aspiração das mais diversas sociedades, e tem ocorrido de forma

mundialmente cada vez mais intensa, ou seja, viver muito tem se tornado uma

realidade. Muitos estudos mostram que essa população tem aumentado a cada ano,

com destaque para a melhoria da qualidade de vida.

Shibuya (2008) enfatiza que, pautados nessa realidade é que se entende a

importância da implantação do PPA, onde se busca dar todo o suporte para que

cada participante desperte para o futuro, de forma planejada, através de uma visão

positiva e real da aposentadoria, de forma a se sentir motivado e comprometido na

elaboração de seu projeto de vida.

Ainda conforme Shibuya (2006), as exigências profissionais da atualidade fazem

com que boa parte dos trabalhadores se privem das horas de lazer, colocando suas

expectativas no momento de aproveitar a aposentadoria. Porém, quando chega a

hora de se aposentarem, muitos não sabem como gerenciar a situação, tanto pela

preocupação de lidar com o tempo livre, como com uma possível queda da renda,

mudança na relação com a família e perda de status, por exemplo.

A respeito de “Projeto Preparação para a Aposentadoria – Qualidade de Vida”,

implantado junto aos servidores da UFPA – Universidade Federal do Pará, Cauby

(2010) relata que esses servidores continuarão sendo da UFPA após se

aposentarem, e gostaríamos que eles continuassem participando da vida na

comunidade universitária, seja por meio do Programa de Serviço Voluntário da

Universidade, seja pelo ingresso nas associações da Instituição. Queremos apoiá-los

num momento que é uma fase difícil, marcada pela perda do vínculo com a atividade

13

profissional desenvolvida por vários anos, e propiciar todas as condições para que

essa transição de modo de vida seja serena e feliz.

É correto reafirmar, mais uma vez, que o programa é fundamental na vida do

participante; é mais uma etapa de um processo cujo objetivo é a ressocialização,

num contexto que privilegia o respeito do ser humano por si mesmo, diante da

necessidade de conscientizar o partícipe a respeito das mudanças que deverão

ocorrer em sua maneira de viver.

Conforme Bulgacov et al (1999), é fato frequentemente observado na fase da “3ª

idade”, quando uma sensação de vazio, de inutilidade e de exclusão acomete um

número significativo de pessoas. Isso acaba acontecendo porque, na sociedade

atual, a valorização do indivíduo é baseada no quanto ele produz. Em outras

palavras, o seu valor é determinado segundo a sua capacidade produtiva. Essa

realidade está registrada em vários estudos, infelizmente.

Para Paulino (²), com tanto tempo pela frente, em boa saúde física e mental e cheia

de expectativa em relação ao futuro, essa é sua chance de retirar da gaveta os

projetos e sonhos que deixou de lado esperando um momento como esse.

Ressalte-se que toda atuação voltada aos problemas relacionados à aposentadoria

requer, ainda, um trabalho de disciplina, em que o aspecto psicossocial apresente

um caráter de destaque. Segundo Moragas, 1988 (citado em Martinez, 1997), “a

preparação para a aposentadoria constitui um processo de informação-formação

para que as pessoas aposentadas assumam seu novo papel positivamente :

beneficia aos interessados e à sociedade, minimiza custos remediativos e sociais,

melhora a saúde física, psicológica e social da pessoa” (p. 3). O autor ainda salienta

que a preparação para a aposentadoria constitui o instrumento mais efetivo em custo

(²) página eletrônica inicial, sem data.

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e tempo para configurar essa nova posição social do aposentado.

De acordo com Lima (2009), “[...] para a grande maioria, o planejamento da

aposentadoria termina quando elas deixam de trabalhar. Afinal, tendo acumulado

uma reserva adequada, acreditam que não seja preciso se preocupar com o futuro.

Mas, não é bem assim! Ainda que o planejamento na fase de acumulação seja a

chave principal, não é suficiente para garantir seu futuro.”

Carvalho et al(1995) relata que “a adaptação do trabalhador ao novo ritmo de vida

após a aposentadoria, deve ser o objetivo de qualquer programa junto ao pré-

aposentado, na busca de alternativas para ocupar o seu tempo livre sensivelmente

aumentado.”

Consoante Zanelli (1996), “o programa é uma importante etapa de um processo que

tem como objetivo principal a ressocialização do pré-aposentado, baseada no

respeito ao ser humano e na consciência das modificações profundas que ocorrem

no modo de viver desses indivíduos e da necessidade de reelaborar possíveis

prejuízos que possam advir como conseqüência do rompimento da rotina de

trabalho.”

Para Dallari (2009), “o bem-estar na velhice é um desafio constante, que se constrói

ao longo da vida profissional, muito antes da aposentadoria.” Pode-se dizer que esse

é o momento em que o planejamento fará toda a diferença para o participante;

momento de gestação que possibilitará a execução dos sonhos.

Muniz (1997) relata que “um número crescente de organizações vêm se

preocupando com o processo de aposentadoria dos seus empregados.

Compreendendo as expectativas e ansiedades pelas quais passa o indivíduo no

período de pré-aposentadoria, essas organizações vêm desenvolvendo Programas

de Preparo para Aposentadoria (PPA). Elas entenderam que, além de auxiliarem no

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cumprimento de suas responsabilidades sociais, tais programas são excelentes

ferramentas gerenciais. Ao assumirem essa responsabilidade, fazem um duplo

investimento. O primeiro, sobre os empregados que estão se aposentando, que se

sentem valorizados e mantêm um bom desempenho. O segundo, sobre os demais

empregados, que observam o cuidado e o respeito que a organização tem pelas

pessoas, constatação essa que vem a fortalecer as relações de trabalho.”

Barros (2004) declara que a carreira profissional deve ser tratada como um projeto, e

todo projeto tem começo, meio e fim. “Sugerimos que a aposentadoria seja

planejada desde o início da carreira, para que não haja uma descontinuidade das

atividades, o que é prejudicial.”

É verdade que, para conseguir colocar em prática os seus projetos, é fundamental o

exercício do planejamento, e, quanto mais cedo se começar, maiores serão as

chances de sucesso. Ainda segundo Barros, “[e]ncerrar a carreira não significa

encerrar a vida.”

Finalmente, um programa dessa natureza tem uma extensão muito maior do que

aparenta, sendo certo que haverá de produzir efeitos desejáveis no âmbito familiar,

possibilitando um melhor inter-relacionamento entre aposentados e familiares.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A PREBEG é o fundo de pensão dos funcionários do Banco Beg S/A. É uma

entidade de previdência complementar, fechada, regularizada e fiscalizada pela

Superintendência Nacional de Previdência Complementar-PREVIC. Em seu

organograma, distribuem-se os cargos de diretor presidente, diretor de investimento,

diretores gerentes e membros indicados e eleitos para os conselhos deliberativo e

fiscal. São patrocinadores da PREBEG: Itaú Unibanco, Banco Beg S/A., Fundação

16

Itaú Saúde-Goiás e a própria PREBEG. É composta de 1.964 participantes (³)(4),

assim distribuídos: 573 funcionários ativos e 1.394 participantes

aposentados/pensionistas.

Os cálculos atuariais da Fundação são de responsabilidade de atuários inscritos no

IBA - Instituto Brasileiro de Atuários, RJ.

Registro neste momento a boa receptividade, tanto da Diretoria da PREBEG, quanto

dos participantes envolvidos na aplicação da pesquisa, fatores esses que

favoreceram um bom ambiente para o desenvolvimento deste estudo.

Foram encaminhados, por meio da internet e de malotes, 108 formulários de

pesquisa. Desses, 87 retornaram, número esse que corresponde a 78% do total da

massa pesquisada, percentual suficiente para revelar a importância do programa,

conforme se pode verificar a seguir.

Por se tratarem de participantes com idade a partir dos 50 anos, é importante

ressaltar que a grande maioria desses participantes teve o Banco BEG como seu

único emprego, contando, portanto, por volta de 30 anos, ou pouco mais, de serviços

prestados.

Por esse motivo, na pergunta de nº. 1 – [v]ocê tem pensado em como será a sua

aposentadoria? - , com 88,51% para a opção “SIM”, os entrevistados confirmaram

que têm pensado na aposentadoria. Após tantos anos de dedicação profissional, a

expectativa é no sentido de que, quando optarem pela aposentadoria, poderão

deixar a empresa pela “porta da frente”, com a convicção plena do dever cumprido.

Segundo Zanelli (1992), em alguns depoimentos tomados houve relatos deixando

atestado que “[a] aposentadoria é um presente para quem trabalhou vários anos.”

(³) Relatório Anual 2009 / (4) www.prebeg.org.br

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Com 87,36% e 95,40%, respectivamente, para a opção “NÃO”, as perguntas de nºs.

2 - [v]ocê participa de algum programa destinado a essa preparação, focando sua

aposentadoria para o "aspecto financeiro"? - e 10 – [o]nde você trabalha, existe

algum programa de preparação para aposentadoria, com foco para o “emocional do

participante”? - revelaram uma situação de despreparo dos participantes, por falta

de uma política de informação e planejamento da própria Fundação. Veja-se que

se tratam de dois ícones importantíssimos para garantir o sucesso pós-

aposentadoria: finanças e emoções.

É preciso que Fundação e participantes estejam inseridos nos programas de PPA,

tendo em vista alcançar um estado de equilíbrio e serenidade, razão por que se deve

repensar, com urgência, a introdução do programa.

Na pergunta de nº. 3 – [v]ocê argumenta sobre esse assunto no seu ambiente de

trabalho / colegas / gestores / diretores? -, os entrevistados demonstraram um certo

equilíbrio em suas respostas: 55,17% para o “SIM”, 44,83% para o “NÃO”. Esse

comportamento se justifica no fato de que aquele que se encontra em processo de

pré-aposentadoria, geralmente está no auge de sua carreira, e não pretende falar

sobre a possibilidade de encerrá-la, não pretende abrir mão desse status. Em

conformidade com Nacarato (1996, p. 279) “...aposentadoria, que durante a vida

profissional podia ser considerada um objetivo, agora pode representar perdas como

status social, perda do padrão de vida, além do tédio ocasionado pela dificuldade de

administrar o tempo livre.”

Na pergunta de nº. 4, – [e]m sua família, quando fala sobre esse assunto, tem

recebido o esperado apoio? -, 81,61% dos entrevistados veem a família como o seu

alicerce, onde encontram apoio social incondicional, que os deixa fortalecidos para

trocas de ideias e tomadas de decisões. Benfatti (2009, p. 145) assegura “...é

importante ressaltar que o modelo de cuidados que as famílias passam para as

18

próximas gerações influencia e plasma a educação de seus descendentes,

garantindo uma cultura de respeitabilidade com o idoso.”

Para as perguntas de nºs. 5 – [a]posentadoria para você é garantia de “liberdade

conquistada”? - e 6 – [e]star aposentado é, para você, curtir a vida, família, netos,

férias, constantemente? -, acima de 65% dos entrevistados declararam ser esse o

momento da “liberdade”. Segundo Oliveira (2009, p. 24) “[o] ‘ócio com dignidade’

abre espaço para a pessoa dedicar-se a outros valores, ainda que seja o lazer

simples de jogar dominó com os colegas na sombra de uma árvore frondosa no

verão.”

Aliada às respostas das perguntas de nºs. 5 e 6, está a pergunta de nº. 7 – [v]ocê

pensa em trabalho alternativo / voluntário quando estiver aposentado? -, indicando

que mais de 68% dos entrevistados pretendem participar de trabalhos

alternativos/voluntários. Para Pereira Netto (2009, p. 12) “[...] o trabalho voluntário,

enquanto opção consciente e fundamentada no desenvolvimento da uma cidadania

plena, surge como possibilidade de doação de tempo, talento e habilidade [...].”

Oportuno dizer que a ocupação do tempo livre é o fator preponderante a permitir que

se mantenha em nível desejável o conforto emocional nessa etapa da vida.

No concernente às perguntas de nºs. 8 – [v]ocê já participou de encontros, palestras,

grupos de discussão com a finalidade de buscar informações e ouvir experiências

sobre esse assunto? -, 9 – [c]om a aproximação dessa nova fase, você tem buscado

interação com outras pessoas que já vivem a aposentadoria? - e 11 – [v]ocê, quando

apto à aposentadoria, gostaria de participar de palestras cujo objetivo principal será o

planejamento para uma aposentadoria tranquila? -, os percentuais das respostas

atingiram níveis preocupantes. Para as respostas de nºs. 8 e 9, mais de 75% da

massa não revela a preocupação com o tipo de vida que terá no futuro, não tendo

um planejamento. Deve-se analisar a aposentadoria como mais uma etapa no

19

desenvolvimento do ser humano, e discuti-la, tanto com o jovem quanto com quem

está prestes a alcançá-la, e, especialmente, com aqueles que a vivenciam. Bueno

(2009, p.101): “[a]credito que deveríamos ter mais espaços nas escolas,

universidades, em ações sociais e comunitárias, oportunidades preciosas para

falarmos daquilo que um dia, foi vividos por nós...”

Finalmente, a pergunta de nº. 11, com mais de 95% para a opção “SIM”, revela, em

caráter insofismável, que os participantes nutrem o forte desejo de participarem de

um PPA. É preciso compreender a necessidade dos partícipes que anseiam por um

futuro sereno, disponibilizando um programa que vá ao encontro de suas

necessidades. Para Leite (1993, p. 122-123) “...a semelhança de tudo mais que se

refere a cuidados para com a aposentadoria, as medidas de preparação para ela

voltam-se sobretudo para a terceira idade; e então se confirma uma vez mais a

correlação entre esta e a previdência complementar, cujas entidades têm dedicado

especial atenção aos programas respectivos, exercendo no setor intensa e variada

atividade.”

Importante ressaltar que em todas as respostas ficou registrada a preocupação dos

participantes com a aproximação da aposentadoria. Percebe-se, nitidamente, uma

aposta crescente na profissionalização, no planejamento, na qualidade de vida, nos

controles emocional e financeiro, para, depois, pensar em “GOZAR A VIDA,

CERTOS DO DEVER CUMPRIDO”. Saliente-se, uma vez mais, que, quando se

analisa o percentual de 95,40% alcançado pela opção “SIM”, à pergunta de nº 11,

constata-se, de imediato, a valia da aplicação do PPA, quando se vê que os

entrevistados gostariam de participar de palestras e obter orientações.

20

PPA - Programa de Preparação para Aposentadoria - cultive essa semente!

88,51

12,64

55,17

81,61

67,82

65,52

68,97

18,39

24,14

4,60

95,40

11,49

87,36

44,83

18,39

32,18

34,48

31,03

81,61

75,86

95,40

4,60

1. Vo cê tem pensado em co mo será sua apo sentado ria?

2. Vo cê part icipa de a lgum pro grama dest inado a essapreparação , fo cando sua apo sentado ria para o "aspecto

f inanceiro "?

3. Vo cê argumenta so bre esse assunto no seu ambientede t rabalho / co legas / gesto res / direto res?

4. Em sua famí lia , quando fa la so bre esse assunto , temrecebido o esperado apo io ?

5. A po sentado ria para vo cê é garant ia de "liberdadeco nquistada"?

6. Estar apo sentado é , para vo cê, curt ir a vida, famí lia,neto s, férias, co nstantemente?

7. Vo cê pensa em trabalho a lternat ivo / vo luntárioquando est iver apo sentado ?

8. Vo cê já part ic ipo u de enco nt ro s, palestras, grupo s dediscussão co m a f inalidade de buscar info rmaçõ es e

o uvir experiências so bre esse assunto ?

9. C o m a apro ximação dessa no va fase, vo cê tembuscado interação co m o utras pesso as que já vivem a

apo sentado ria?

10. Onde vo cê trabalha, existe a lgum pro grama depreparação para apo sentado ria , co m fo co para o

"emo cio nal do part icipante"?

11. Vo cê, apto à apo sentado ria , go staria de part ic ipar depalestras cujo o bjet ivo principal será o planejamento

para uma apo sentado ria tranquila?

Iten

s so

bre

Ap

ose

nta

do

ria

SIM NÃO

Gráfico: PPA – Programa de Preparação para Aposentadoria-cultive essa semente!

Fonte: Autora do estudo (2010)

Percentual das respostas "sim" ou "não" sobre cada item de aposentadoria

21

A sugestão deste estudo está no sentido de esclarecer que o “período do ócio”

também cansa e, se não houver uma preparação para esse enfrentamento, com

novas atividades e outras ocupações, a certeza de ter feito a melhor escolha se

transformará em incerteza, insatisfação e, finalmente, numa grande frustração, sem

nenhuma perspectiva de realizações e conquistas. Pretende, também, servir de

alerta, deixando claro que a nova etapa, por certo, trará consigo novas

oportunidades e, essas, com a devida preparação, converter-se-ão em novas

possibilidades, que estarão aguardando por aqueles treinados para enxergá-las.

Para uma reflexão mais profunda, poderá o participante com esse perfil trilhar vários

caminhos; e muitas são as possibilidades, tanto na preparação quanto na

reabilitação. Com efeito, revelam-se efetivas a participação e a realização de

diversas atividades, tais como: palestras, encontros, dinâmicas, filmes, debates,

seminários, workshops, abrangendo temas como questões financeiras, familiares,

saúde e alimentação, qualidade de vida, autoestima, requalificação profissional,

trabalho voluntário, vícios diversos (alcoolismo, tabagismo, compulsão por jogos),

absenteísmo, etc. Desnecessário dizer que o sucesso dessas atividades dependerá,

sempre, da participação de profissionais especializados, dentre eles, psicólogos,

terapeutas ocupacionais, médicos, assistentes sociais, economistas, etc., além, por

óbvio, de familiares.

Esses grupos deverão ser formados de, no máximo, 10 (dez) participantes, para

encontros mensais, com duração de 04 (quatro) horas. Será necessário que, a cada

06 (seis) meses, seja aplicada uma pesquisa de avaliação de satisfação e

resultados, para, caso haja necessidade, promover adaptações no programa.

Na realização dos diversos trabalhos, vários serão os recursos utilizáveis,

adequáveis a cada caso concreto. Poderá haver a distribuição de folders, cartilhas

ilustrativas contendo depoimentos de aposentados, agendas, filmes, etc. Poderão

ser propostos encontros familiares com palestras ministradas por psicólogos,

22

médicos, economistas, humoristas, etc. Poder-se-á recomendar a prática de

terapia/dinâmica de grupo, ioga, ou a frequência a cursos de idiomas, de dança, de

música, de teatro ou, ainda, a participação de oficinas de profissionalização ou

reabilitação pós-aposentadoria e, quiçá, o ingresso em universidade aberta à terceira

idade.

Despertar o participante para as inumeráveis possibilidades associadas ao “período

do ócio” é o objetivo maior do PPA; afinal, aquele que optou pela aposentadoria,

precisa se dar conta de que ele pode e deve ser o “SENHOR DE SEU PRÓPRIO

DESTINO”!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É direito de cada empresa exigir comprometimento no presente, que deverá ser

recompensado, dentre outros, pelo sentimento do dever bem cumprido. Entretanto, é

dever da mesma empresa estimular, em seu colaborador, o nascimento do ideal que

envolve o valor do planejamento respeitante ao seu futuro, despertando-o para a

necessidade de aprender a reconhecer, em cada crise, uma oportunidade de

mudança, e, em cada mudança, uma nova e promissora oportunidade.

Todo fato novo tende a gerar inquietação, que tende a gerar insegurança, que tende

a gerar desconforto emocional. Toda novidade, num primeiro momento, para quem

não está preparado, traz consigo o receio, que compromete todas as atuações do

ser humano, em todas as dimensões da vida. A aposentadoria é um fato novo de alta

relevância, que, conforme o caso, pode estar associada à ideia de inutilidade,

incapacidade, perda de representatividade social, de prestígio, ou, até mesmo,

proximidade da morte.

Para aqueles que veem a aposentadoria como um fantasma, um acontecimento

patológico no qual só se deverá pensar quando absolutamente inevitável, a

23

qualidade da vida presente poderá estar seriamente ameaçada. Afinal, o ser humano

é movido pela esperança. A esperança de dias melhores é um ingrediente vital que

subjaz a vida e faz produtivo o ser humano.

Consoante noção cediça, só pode dar o seu melhor, no presente, aquele trabalhador

que consegue olhar o futuro através dos prismas da esperança e da confiança. Eis

aqui o inestimável valor do PPA. Ensinar o empregado a olhar o futuro com

confiança por que sabe que pode ter a esperança de dias melhores. Dias melhores

por que foram adredemente programados para serem vividos por aquele que se

preparou para vivê-los. Aquele que descobriu que a aposentadoria não é o fim, mas,

ao revés, o início de uma nova etapa, cheia de novas possibilidades num vasto

campo de oportunidades.

Em última reflexão, pode-se concluir, sem hesitação, que a empresa que

disponibiliza para os seus colaboradores, o PPA, colherá os frutos adicionais da

maior produtividade. No dizer de Francis Bacon, “conhecimento é poder”. Aquele que

se prepara para a aposentadoria, recebe “conhecimento” que lhe permitirá caminhar

com confiança em direção do futuro. Quem caminha com confiança rumo ao futuro,

vive motivado no presente. Quem vive motivado no presente, vive melhor. Quem vive

melhor, tem mais “energia”. Quem tem mais “energia”, por óbvio, tem mais saúde

física e mental, e, portanto, é mais produtivo. Quem é mais produtivo, tem mais

“poder”, por que pode promover maiores e melhores transformações no ambiente

laboral, e, por extensão, no contexto social.

O participante deve olhar para a sua aposentadoria como um recomeço, um

renascimento privilegiado, fazendo do PPA não somente um preparo para a

aposentadoria, mas, sim, para o amanhã, possibilitando-lhe a revisão de conceitos

sobre o “período do ócio”, como também trabalhar as questões relacionadas a

saúde, hábitos, rotinas e estilos de vida, permitindo o aprimoramento de um projeto

de vida pessoal.

24

Conclusão: a empresa que investir em PPA, além de nada ter a perder, e muito ter a

ganhar, estará caminhando, como nenhuma outra, rumo à plenitude no cumprimento

de sua função social!

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