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APOSENTADORIA:
PPA – PROGRAMA DE PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA – cultive essa
semente!
MARILENE LOPES
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO DE PESSOAS
MARIA ODETE DE OLIVEIRA FERRAZ - Ms.
RESUMO
O Programa de Preparação para Aposentadoria (PPA) tem a finalidade de preparar
os participantes da PREBEG com idade acima de 50 anos, que nos próximos cinco
anos estarão reunindo condições para pleitear a aposentação, no sentido de que
possam melhor assimilar o impacto que a nova situação, por certo, irá causar em
suas vidas. Este artigo objetiva apresentar a esses participantes algumas reflexões
que possam auxiliá-los na reorganização de suas vidas, sob orientação e
acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais, que funcionarão como
facilitadores do processo de adaptação à nova realidade de vida. Foi utilizada como
metodologia a pesquisa exploratória, bibliográfica, de campo e descritiva. Os
resultados da pesquisa demonstraram uma preocupação muito grande com a
aproximação dessa nova fase, e apontaram alguns fatores, como planejamento e
qualidade de vida, tidos por primordiais.
PALAVRAS-CHAVE: Planejamento, Qualidade de Vida, Aposentadoria.
ABSTRACT
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The Retirement Preparation Program (APP) aims to prepare participants PREBEG
aged over 50 years, that over the next five years will be flocking to compete for the
retirement conditions, in the sense that they can better absorb the impact the new
situation, of course, will cause in their lives. This article presents some thoughts to
those participants who can assist them in reorganizing their lives, under the guidance
and monitoring of psychologists and social workers who function as facilitators of the
process of adaptation to the new reality of life. The methodology used for the
exploratory research, literature, field and descriptive. The survey results showed a
great concern with the approach of this new phase, and pointed out some factors,
such as planning and quality of life, taken by paramount.
KEYWORDS: Planning, Quality of Life, Retirement
INTRODUÇÃO
As estatísticas apresentam um presente difícil e disseminam um futuro pouco
pródigo, pois a sociedade mostra uma nova realidade, em que a população de
idosos ocupa um lugar cada vez mais significativo.
Algumas estatísticas apontam, conforme estudos recentes, as mudanças para um
futuro próximo. Diz Rocha (2010), “[h]á uma mudança clara, porém, no perfil da
população brasileira e as empresas têm que se preparar.” Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de idosos deve triplicar já
nos próximos 40 anos, passando dos atuais 9% para 29%.
Durante a infância sonha-se em se tornar um exímio profissional, de futuro certo e
promissor. Às vezes, esses desejos chegam a se concretizar, mas, em sua grande
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maioria, tomam outro rumo. Surgem as necessidades vitais imediatas, faltam as
oportunidades concretas e, na esteira do planejamento inexistente, deixa de
florescer a perspectiva de um porvir sem sobressaltos.
É assim que os seres humanos, conduzindo suas vidas profissionais quase sempre
sem se preocuparem com o futuro, são surpreendidos pelo transcurso dos anos.
Constituem-se famílias, criam-se os filhos e prosseguem com a vida profissional
anos a fio, e, quando então se dão conta, já se encontram na meia idade,
caminhando para a tão sonhada aposentadoria.
Porém, toda transformação traz consigo a ruptura de hábitos, ocasião em que se
acaba por descobrir que a tão sonhada aposentadoria (aquela de ter o tempo todo
livre para a família, os amigos, o ócio mesmo!), que não foi planejada, poderá trazer
dissabores à vida de cada um, transformando-a, de uma situação cômoda, e
tranquila, num estado de total desequilíbrio emocional e financeiro, quando, então,
os sonhos serão substituídos pelas preocupações.
As turbulências advindas da nova situação, que surpreende, preferencialmente,
aqueles que não se planejaram, atingem todas as dimensões da vida humana,
inclusive provocando desajustes que podem redundar na dissolução da célula
familiar, e, não raro, podem desencadear doenças as mais diversas, dentre as quais
a depressão ocupa lugar de destaque. Publicado no boletim InformeRH, de
28.01.2009:
Emocionalmente, torna-se necessário a este indivíduo elaboração dos lutos da perda do exercício dos saberes profissional; da rotina e das relações afetivas vinculadas ao trabalho. Contudo, diante das novas possibilidades de realizações o indivíduo encontra-se diante da conflitante tarefa de efetuar escolha. Seus recursos tanto pessoais quanto financeiros serão referências para uma reordenação dos papéis sociais, familiares e para seu projeto de futuro. InformeRH, 28/jan/2009.
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A aposentadoria é um dos eventos mais marcantes na vida de um ser humano, pois
é nesse momento que ele se vê diante de escolhas e tomadas de atitudes cruciais,
isto é, quase que um flashback à época da passagem da adolescência à vida adulta,
quando foi necessário escolher uma profissão. Com a aproximação da
aposentadoria, a pessoa se vê obrigada a tomar uma decisão radical, desta feita
com uma agravante: não se pode mais correr o risco de errar, pois não haverá mais
tempo para se recuperar. Além do trauma da mudança essencial, existe a
insegurança relacionada às novas escolhas.
Mais preocupante, ainda, será quando a aposentadoria for decorrente de algum
infortúnio (qualquer doença, seja profissional ou natural). A conclusão, no mais das
vezes, será no sentido de que a vida terá chegado ao fim, ocasião em que os
distúrbios psicológicos, quase sempre produzirão consequências irreversíveis.
É pensando nesse momento de difícil decisão que se sugere a introdução, na
empresa, do PPA – Programa de Preparação para Aposentadoria. A expectativa é
de que a aplicação do PPA tenha como resultado, em cada aposentadoria, uma
escolha prazerosa, que gere ideia de descanso, associada a novas oportunidades e
à realização de novos planos e velhos sonhos, numa dinâmica natural, dentro de um
processo de transição onde a ruptura com o mundo do trabalho regular, não impeça
o surgimento de novos horizontes no mundo da aposentadoria salutar.
O Estatuto do Idoso, instituído pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, em seu
capítulo VI, artigo 28, inciso II, faz referência ao programa dessa natureza, a ser
criado e estimulado pelo Poder Público, com a finalidade de preparar o trabalhador
para a aposentadoria, utilizando-se de novos projetos sociais, segundo os interesses
sociais, além de promover o esclarecimento a respeito dos direitos sociais e de
cidadania. Confira-se:
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II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania;
No mesmo sentido, a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que trata da política
nacional do idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, em seu capítulo IV, artigo 10,
inciso IV, letra “c”, estabelece, dentre as competências dos órgãos e entidades
públicas, na área de trabalho e previdência social, a preparação dos trabalhadores,
dos setores público e privado, para a aposentadoria, nos seguintes termos:
IV - na área de trabalho e previdência social: ... c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento;
Carlos et al (1999), enfatiza que o limite cronológico proposto pela ONU, em 1982,
para o início da chamada terceira idade, toma por base a idade da aposentadoria
estabelecida na maioria dos países. Tal limite induz à associação corrente entre
velhice e aposentadoria, o que remete a uma representação coletiva em que o velho
é percebido como não mais produtor de bens e serviços e, portanto, marginalizado
nos contextos sociais pautados pelo valor produtivo.
Diante dessas considerações, são sugeridas nas empresas a aplicação do PPA, com
a finalidade de desfazer essa associação, estabelecendo um novo paradigma
segundo o qual aposentadoria não é sinônimo de senilidade, inutilidade, inatividade
ou estagnação.
Nota-se que, com o avanço da medicina, houve um aumento da expectativa de vida.
Schein (1978) (citado em Dutra, 2007), relata que os futurólogos acreditam que as
pessoas nascidas em 1990, nos países desenvolvidos, podem contar com uma
expectativa de vida de 100 anos e, aquelas nascidas a partir do ano 2000, poderão
estender essa expectativa para 120 anos.
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Ainda Dutra (2007), pp.35 a 39, publica a tabela “Ciclos Típicos na Vida da Pessoa”
de Schein, mencionando que a necessidade de preparação para a aposentadoria
surge a partir da fase considerada “declínio de habilidades e competências”, em que
as pessoas se tornam “reféns” das consequências do próprio tempo.
Ciclos Típicos na Vida da Pessoa
Ciclo Biossocial
Etapa Característica principal
Da adolescência ao início dos 30 neste período, a pessoa está deixando a sua casa, estabelecendo-se por conta própria no mundo adulto e desenvolvendo sua estrutura de vida e estilo.
Transição: final dos 20 anos ao meio dos 30 neste período, as pressões sociais levam a pessoa a escolhas mais definitivas quanto à família e ao trabalho. É a fase de criação de raízes.
Crise da meia idade: final dos 30 e início dos 40
neste período, a pessoa confronta-se com a disparidade entre sonhos e a realidade vivida, emergindo novamente os conflitos da adolescência – são também sentidos os primeiros sinais do declínio da capacidade física e o reconhecimento de nossa mortalidade.
Final dos 40 e início dos 50 anos este período é iniciado por mudanças grandes na estrutura familiar. Os filhos deixam a casa, e o casal redescobre um ao outro. É a fase do “ninho vazio” (empty nest). As pessoas descobrem que sua vida é realmente sua responsabilidade. Tornam-se mais gentis, dóceis, compreensivas, ao mesmo tempo em que crescem os problemas com o reconhecimento do declínio das habilidades e competências.
Tabela de Edgar H. Schein (1978), em Dutra(2007) : Administração de Carreiras - Uma proposta
para repensar a gestão de pessoas, pp.35 a 39
Este estudo visa preparar o participante do PPA, com idade a partir de 50 anos, para
que possa se sentir mais confortável diante de sua opção pela aposentadoria, de
forma dinâmica e participativa, oferecendo-lhe a possibilidade de melhoria na
qualidade de vida, maior controle emocional, material, financeiro, familiar e de
autoestima. Visa, também, acompanhá-lo durante esse tempo com foco específico
para o equilíbrio emocional e social. Também como ponto de partida para este
estudo, sugere-se a inclusão das famílias no PPA, com a convicção da obtenção de
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excelentes resultados, auxiliando-os na reestruturação pessoal e, principalmente, na
busca pelo equilíbrio entre o mundo da razão e o universo da emoção.
Muitas pessoas, ao se verem diante do momento de se aposentarem, sofrem
conflitos inenarráveis; afinal, grande parte da população que trabalha fora de casa,
passa mais tempo no local de trabalho do que com a própria família. Geralmente, no
início da vida profissional, as pessoas costumam desenvolver uma carga maior de
trabalho na expectativa de, alcançada a tão sonhada aposentadoria, poderem gozar
dos prazeres até então inviabilizados pela falta de tempo. Para privilegiar o trabalho,
renunciam a muitas atividades agradáveis, sem considerar que, quando se
aposentarem, possa ser tarde demais para resgatá-las. Pode faltar dinheiro, pode
faltar saúde, pode sobrar preconceito, pode sobrar despreparo social, podem
coexistir estes e aqueles.
Hoje, é correto dizer que o PPA é de suma importância para aqueles participantes
que se aproximam do momento decisivo. Todo programa deve ser preparado e
planejado de forma bastante detalhada, observando a especificidade de seu público-
alvo, relacionando todas as expectativas, carências, agruras, dúvidas, medos,
finanças, sonhos, famílias, entre outras coisas. É necessário observar que, até
mesmo as pessoas que desejam incondicionalmente a aposentadoria, precisam ser
monitoradas e acompanhadas, para evitar que criem expectativas fantasiosas, que
poderão não ser alcançadas, levando-as às frustrações.
Tem, também, o papel fundamental de fazer com que o participante se prepare para
o futuro, considerando-o um salto para além e, não, uma estagnação. Já as
empresas devem notar que, essa preparação para a tão sonhada aposentadoria,
haverá de render bons frutos, com funcionários dispostos e preparados para
enfrentarem quaisquer desafios que tenham, não só após a aposentadoria, mas, e
principalmente, no processo para a mesma, que pode durar anos.
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É gratificante perceber através deste programa, o quanto o colaborador
resgata a auto-estima, descobre novas habilidades e competências,
melhora os laços conjugais e familiares, o quanto passa a envolver o grupo
familiar na elaboração do projeto de vida, com foco na qualidade de vida e
felicidade. Cecília Cibella Shibuya, 29/jan/2008.
Sobretudo, o PPA deve esclarecer ao participante que a aposentadoria não é uma
forma de exclusão e de separação dos colegas de trabalho, e inatividade, mas a
possibilidade de experienciar novas formas de se viver a vida. É preciso repensar
sobre o processo de aposentadoria, considerando a valorização integral do ser
humano.
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado com autorização do Diretor-Gerente da Fundação
PREBEG, com aplicação de questionários na massa de participantes em situação de
pré-aposentadoria, no período de 1º a 21 de junho/2010. O trabalho teve início com o
levantamento do público alvo em conformidade com o Relatório Anual-2009(¹), base
setembro/2009, da PREBEG. Na massa ativa de 573 participantes, há um
contingente de 112 em condições de se aposentar, com idades que variam entre 50
e 65 anos.
Trata-se de uma pesquisa exploratória, bibliográfica, de campo e descritiva. Na
pesquisa exploratória tem-se uma visão geral, acerca de um determinado fato, um
recurso propício para tornar o fato mais explícito (Gil, 2002).
Na pesquisa bibliográfica foram utilizadas algumas fontes de autores diversos, um
conjunto harmônico e indispensável na abordagem do tema proposto.
(¹) www.prebeg.org.br
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Por se tratar de uma pesquisa de campo, o questionário, composto por onze
perguntas relacionadas à preparação para a aposentadoria (PPA), foi endereçado a
108 participantes, dentre os quais 87 responderam.
Para o envio dos formulários das pesquisas, fez-se uso de mecanismos internos da
Fundação, como também de recursos virtuais.
No que diz respeito à pesquisa descritiva, o grande objetivo foi conhecer a
expectativa e o propósito de cada participante diante dessa preparação, que
antecede decisão fundamental em suas vidas. Oportuna, no ponto, a seguinte lição:
Se o propósito do projeto é obter informações sobre determinada população: por exemplo, contar quantos, ou em que proporção seus membros têm certa opinião ou característica; com que freqüência certos eventos estão associados entre si, a opção é utilizar um estudo de caráter descritivo. (ROESCH, 1999, p.130).
Consoante ensina Severino (2007), o questionário é formado por um conjunto de
questões sistematicamente articuladas, que apresentam o destino de levantar
informações que visam conhecer a opinião dos entrevistados sobre o assunto
estudado.
QUESTIONÁRIO
APOSENTADORIA: PPA - Programa de Preparação de Aposentadoria: cultive essa semente!
1) Você tem pensado em como será a sua aposentadoria?
2) Você participa de algum programa destinado a essa preparação, focando sua aposentadoria para o
"aspecto financeiro"?
3) Você argumenta sobre esse assunto no seu ambiente de trabalho / colegas / gestores / diretores?
4) Em sua família, quando fala sobre esse assunto, tem recebido o esperado apoio?
5) Aposentadoria para você é garantia de “liberdade conquistada”?
6) Estar aposentado é, para você, curtir a vida, família, netos, férias, constantemente?
7) Você pensa em trabalho alternativo / voluntário quando estiver aposentado?
8) Você já participou de encontros, palestras, grupos de discussão com a finalidade de buscar
informações e ouvir experiências sobre esse assunto?
9) Com a aproximação dessa nova fase, você tem buscado interação com outras pessoas que já
vivem a aposentadoria?
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10) Onde você trabalha, existe algum programa de preparação para aposentadoria, com foco para o
“emocional do participante”?
11) Você, quando apto à aposentadoria, gostaria de participar de palestras cujo objetivo principal será
o planejamento para uma aposentadoria tranquila?
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A população brasileira está “envelhecendo” de forma acelerada. Essa constatação
deriva de dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
com base no Censo 2000. Os resultados da atual Projeção da População do Brasil
reforçam que todas as análises feitas com base na Revisão 2004 da Projeção, a
julgar pelos resultados, indicam que o envelhecimento da população brasileira estará
consolidado na década de 2030. Em 2050, um quinto da população mundial será de
idosos.
Publicação veiculada no jornal eletrônico AssPreviSite (out/2009) (A Gazeta), lembra
que “conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), [...] o Brasil,
apesar de ver que sua população está envelhecendo, tem feito pouco para se
preparar para esta realidade. Os governos – nas 03 esferas – não investem em
programas e projetos voltados para a chamada 3ª idade.”
Em conformidade com Martinez (1997), a preparação para a aposentadoria tem hoje
escopo nitidamente delineado. A ideia é predispor o trabalhador, permitindo-o
antever sua condição de inativo, alertando-o para as mudanças decorrentes da
cessação do vínculo de trabalho, enquanto é orientado para identificar novas
oportunidades.
De acordo com Silva (2009), consultora em Recursos Humanos com ênfase em
implantação de Programas de PPA e Saúde do Trabalhador, para que se possa viver
de maneira proveitosa a fase de aposentadoria, a pessoa precisa se preparar e, esse
preparo, é feito pelo PPA, que é o método capaz de ajudar as pessoas a se
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descobrirem e se harmonizarem para essa fase, aprendendo consigo mesmas e com
a vida, ampliando a consciência do que são e do que querem para si, pelas filigranas
dos seus seres: profissional, parental, fraternal e para aprenderem a viver inteiras
consigo mesmas e com os outros. Estar bem preparado em qualquer fase da vida
possibilita que a dimensão ética e amorosa de cada um se manifeste concretamente
na vida profissional, familiar e social. Ao se preparar para a aposentadoria, adquire-
se um importante agente de mudança, e, quando se muda, muda-se também o todo
social.
Para Benfatti (2009), o que se percebe é que as famílias geralmente não se
preparam para a chegada dessa fase, porque não aceitam a ideia da perda dos
entes queridos e nem da queda de suas capacidades físicas e mentais.
“Se a cabeça funciona e tem-se muito a oferecer, por que tirar férias longas?” Esse é
o pensamento do ser humano. Por esse motivo, torna-se importantíssimo o
acompanhamento, não só do profissional da área emocional, como também da
família, no auxílio e preparo para essa decisão.
De acordo com Barbulho et al (1999), a velhice é um processo pessoal, natural,
indiscutível e inevitável, para qualquer ser humano, na evolução da vida. Nessa fase
sempre ocorrem mudanças biológicas, fisiológicas, psicossociais, econômicas e
políticas, que compõem o cotidiano das pessoas. E nesse processo de
transformação, quase sempre se paga um preço alto, pois nem sempre se é
compreendido.
Para França (1999, p. 30), o PPA (Programa de Preparação para Aposentadoria)
deverá ser pautado numa ponte dinâmica de discussão e de avaliação à luz dos
fatos, dos riscos e das expectativas que os participantes queiram atingir no futuro.
Sendo assim, a preparação deve ser organizada como um processo educativo,
contínuo e relacionado a um planejamento de vida.
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Segundo Silva Filho (2009, p. 80), envelhecer, ainda que da perspectiva individual
tenha a conotação de uma situação não necessariamente desejada, é inexorável, e
tem como sua antípoda a morte precoce. Da perspectiva coletiva, no entanto, tem
sido uma aspiração das mais diversas sociedades, e tem ocorrido de forma
mundialmente cada vez mais intensa, ou seja, viver muito tem se tornado uma
realidade. Muitos estudos mostram que essa população tem aumentado a cada ano,
com destaque para a melhoria da qualidade de vida.
Shibuya (2008) enfatiza que, pautados nessa realidade é que se entende a
importância da implantação do PPA, onde se busca dar todo o suporte para que
cada participante desperte para o futuro, de forma planejada, através de uma visão
positiva e real da aposentadoria, de forma a se sentir motivado e comprometido na
elaboração de seu projeto de vida.
Ainda conforme Shibuya (2006), as exigências profissionais da atualidade fazem
com que boa parte dos trabalhadores se privem das horas de lazer, colocando suas
expectativas no momento de aproveitar a aposentadoria. Porém, quando chega a
hora de se aposentarem, muitos não sabem como gerenciar a situação, tanto pela
preocupação de lidar com o tempo livre, como com uma possível queda da renda,
mudança na relação com a família e perda de status, por exemplo.
A respeito de “Projeto Preparação para a Aposentadoria – Qualidade de Vida”,
implantado junto aos servidores da UFPA – Universidade Federal do Pará, Cauby
(2010) relata que esses servidores continuarão sendo da UFPA após se
aposentarem, e gostaríamos que eles continuassem participando da vida na
comunidade universitária, seja por meio do Programa de Serviço Voluntário da
Universidade, seja pelo ingresso nas associações da Instituição. Queremos apoiá-los
num momento que é uma fase difícil, marcada pela perda do vínculo com a atividade
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profissional desenvolvida por vários anos, e propiciar todas as condições para que
essa transição de modo de vida seja serena e feliz.
É correto reafirmar, mais uma vez, que o programa é fundamental na vida do
participante; é mais uma etapa de um processo cujo objetivo é a ressocialização,
num contexto que privilegia o respeito do ser humano por si mesmo, diante da
necessidade de conscientizar o partícipe a respeito das mudanças que deverão
ocorrer em sua maneira de viver.
Conforme Bulgacov et al (1999), é fato frequentemente observado na fase da “3ª
idade”, quando uma sensação de vazio, de inutilidade e de exclusão acomete um
número significativo de pessoas. Isso acaba acontecendo porque, na sociedade
atual, a valorização do indivíduo é baseada no quanto ele produz. Em outras
palavras, o seu valor é determinado segundo a sua capacidade produtiva. Essa
realidade está registrada em vários estudos, infelizmente.
Para Paulino (²), com tanto tempo pela frente, em boa saúde física e mental e cheia
de expectativa em relação ao futuro, essa é sua chance de retirar da gaveta os
projetos e sonhos que deixou de lado esperando um momento como esse.
Ressalte-se que toda atuação voltada aos problemas relacionados à aposentadoria
requer, ainda, um trabalho de disciplina, em que o aspecto psicossocial apresente
um caráter de destaque. Segundo Moragas, 1988 (citado em Martinez, 1997), “a
preparação para a aposentadoria constitui um processo de informação-formação
para que as pessoas aposentadas assumam seu novo papel positivamente :
beneficia aos interessados e à sociedade, minimiza custos remediativos e sociais,
melhora a saúde física, psicológica e social da pessoa” (p. 3). O autor ainda salienta
que a preparação para a aposentadoria constitui o instrumento mais efetivo em custo
(²) página eletrônica inicial, sem data.
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e tempo para configurar essa nova posição social do aposentado.
De acordo com Lima (2009), “[...] para a grande maioria, o planejamento da
aposentadoria termina quando elas deixam de trabalhar. Afinal, tendo acumulado
uma reserva adequada, acreditam que não seja preciso se preocupar com o futuro.
Mas, não é bem assim! Ainda que o planejamento na fase de acumulação seja a
chave principal, não é suficiente para garantir seu futuro.”
Carvalho et al(1995) relata que “a adaptação do trabalhador ao novo ritmo de vida
após a aposentadoria, deve ser o objetivo de qualquer programa junto ao pré-
aposentado, na busca de alternativas para ocupar o seu tempo livre sensivelmente
aumentado.”
Consoante Zanelli (1996), “o programa é uma importante etapa de um processo que
tem como objetivo principal a ressocialização do pré-aposentado, baseada no
respeito ao ser humano e na consciência das modificações profundas que ocorrem
no modo de viver desses indivíduos e da necessidade de reelaborar possíveis
prejuízos que possam advir como conseqüência do rompimento da rotina de
trabalho.”
Para Dallari (2009), “o bem-estar na velhice é um desafio constante, que se constrói
ao longo da vida profissional, muito antes da aposentadoria.” Pode-se dizer que esse
é o momento em que o planejamento fará toda a diferença para o participante;
momento de gestação que possibilitará a execução dos sonhos.
Muniz (1997) relata que “um número crescente de organizações vêm se
preocupando com o processo de aposentadoria dos seus empregados.
Compreendendo as expectativas e ansiedades pelas quais passa o indivíduo no
período de pré-aposentadoria, essas organizações vêm desenvolvendo Programas
de Preparo para Aposentadoria (PPA). Elas entenderam que, além de auxiliarem no
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cumprimento de suas responsabilidades sociais, tais programas são excelentes
ferramentas gerenciais. Ao assumirem essa responsabilidade, fazem um duplo
investimento. O primeiro, sobre os empregados que estão se aposentando, que se
sentem valorizados e mantêm um bom desempenho. O segundo, sobre os demais
empregados, que observam o cuidado e o respeito que a organização tem pelas
pessoas, constatação essa que vem a fortalecer as relações de trabalho.”
Barros (2004) declara que a carreira profissional deve ser tratada como um projeto, e
todo projeto tem começo, meio e fim. “Sugerimos que a aposentadoria seja
planejada desde o início da carreira, para que não haja uma descontinuidade das
atividades, o que é prejudicial.”
É verdade que, para conseguir colocar em prática os seus projetos, é fundamental o
exercício do planejamento, e, quanto mais cedo se começar, maiores serão as
chances de sucesso. Ainda segundo Barros, “[e]ncerrar a carreira não significa
encerrar a vida.”
Finalmente, um programa dessa natureza tem uma extensão muito maior do que
aparenta, sendo certo que haverá de produzir efeitos desejáveis no âmbito familiar,
possibilitando um melhor inter-relacionamento entre aposentados e familiares.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A PREBEG é o fundo de pensão dos funcionários do Banco Beg S/A. É uma
entidade de previdência complementar, fechada, regularizada e fiscalizada pela
Superintendência Nacional de Previdência Complementar-PREVIC. Em seu
organograma, distribuem-se os cargos de diretor presidente, diretor de investimento,
diretores gerentes e membros indicados e eleitos para os conselhos deliberativo e
fiscal. São patrocinadores da PREBEG: Itaú Unibanco, Banco Beg S/A., Fundação
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Itaú Saúde-Goiás e a própria PREBEG. É composta de 1.964 participantes (³)(4),
assim distribuídos: 573 funcionários ativos e 1.394 participantes
aposentados/pensionistas.
Os cálculos atuariais da Fundação são de responsabilidade de atuários inscritos no
IBA - Instituto Brasileiro de Atuários, RJ.
Registro neste momento a boa receptividade, tanto da Diretoria da PREBEG, quanto
dos participantes envolvidos na aplicação da pesquisa, fatores esses que
favoreceram um bom ambiente para o desenvolvimento deste estudo.
Foram encaminhados, por meio da internet e de malotes, 108 formulários de
pesquisa. Desses, 87 retornaram, número esse que corresponde a 78% do total da
massa pesquisada, percentual suficiente para revelar a importância do programa,
conforme se pode verificar a seguir.
Por se tratarem de participantes com idade a partir dos 50 anos, é importante
ressaltar que a grande maioria desses participantes teve o Banco BEG como seu
único emprego, contando, portanto, por volta de 30 anos, ou pouco mais, de serviços
prestados.
Por esse motivo, na pergunta de nº. 1 – [v]ocê tem pensado em como será a sua
aposentadoria? - , com 88,51% para a opção “SIM”, os entrevistados confirmaram
que têm pensado na aposentadoria. Após tantos anos de dedicação profissional, a
expectativa é no sentido de que, quando optarem pela aposentadoria, poderão
deixar a empresa pela “porta da frente”, com a convicção plena do dever cumprido.
Segundo Zanelli (1992), em alguns depoimentos tomados houve relatos deixando
atestado que “[a] aposentadoria é um presente para quem trabalhou vários anos.”
(³) Relatório Anual 2009 / (4) www.prebeg.org.br
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Com 87,36% e 95,40%, respectivamente, para a opção “NÃO”, as perguntas de nºs.
2 - [v]ocê participa de algum programa destinado a essa preparação, focando sua
aposentadoria para o "aspecto financeiro"? - e 10 – [o]nde você trabalha, existe
algum programa de preparação para aposentadoria, com foco para o “emocional do
participante”? - revelaram uma situação de despreparo dos participantes, por falta
de uma política de informação e planejamento da própria Fundação. Veja-se que
se tratam de dois ícones importantíssimos para garantir o sucesso pós-
aposentadoria: finanças e emoções.
É preciso que Fundação e participantes estejam inseridos nos programas de PPA,
tendo em vista alcançar um estado de equilíbrio e serenidade, razão por que se deve
repensar, com urgência, a introdução do programa.
Na pergunta de nº. 3 – [v]ocê argumenta sobre esse assunto no seu ambiente de
trabalho / colegas / gestores / diretores? -, os entrevistados demonstraram um certo
equilíbrio em suas respostas: 55,17% para o “SIM”, 44,83% para o “NÃO”. Esse
comportamento se justifica no fato de que aquele que se encontra em processo de
pré-aposentadoria, geralmente está no auge de sua carreira, e não pretende falar
sobre a possibilidade de encerrá-la, não pretende abrir mão desse status. Em
conformidade com Nacarato (1996, p. 279) “...aposentadoria, que durante a vida
profissional podia ser considerada um objetivo, agora pode representar perdas como
status social, perda do padrão de vida, além do tédio ocasionado pela dificuldade de
administrar o tempo livre.”
Na pergunta de nº. 4, – [e]m sua família, quando fala sobre esse assunto, tem
recebido o esperado apoio? -, 81,61% dos entrevistados veem a família como o seu
alicerce, onde encontram apoio social incondicional, que os deixa fortalecidos para
trocas de ideias e tomadas de decisões. Benfatti (2009, p. 145) assegura “...é
importante ressaltar que o modelo de cuidados que as famílias passam para as
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próximas gerações influencia e plasma a educação de seus descendentes,
garantindo uma cultura de respeitabilidade com o idoso.”
Para as perguntas de nºs. 5 – [a]posentadoria para você é garantia de “liberdade
conquistada”? - e 6 – [e]star aposentado é, para você, curtir a vida, família, netos,
férias, constantemente? -, acima de 65% dos entrevistados declararam ser esse o
momento da “liberdade”. Segundo Oliveira (2009, p. 24) “[o] ‘ócio com dignidade’
abre espaço para a pessoa dedicar-se a outros valores, ainda que seja o lazer
simples de jogar dominó com os colegas na sombra de uma árvore frondosa no
verão.”
Aliada às respostas das perguntas de nºs. 5 e 6, está a pergunta de nº. 7 – [v]ocê
pensa em trabalho alternativo / voluntário quando estiver aposentado? -, indicando
que mais de 68% dos entrevistados pretendem participar de trabalhos
alternativos/voluntários. Para Pereira Netto (2009, p. 12) “[...] o trabalho voluntário,
enquanto opção consciente e fundamentada no desenvolvimento da uma cidadania
plena, surge como possibilidade de doação de tempo, talento e habilidade [...].”
Oportuno dizer que a ocupação do tempo livre é o fator preponderante a permitir que
se mantenha em nível desejável o conforto emocional nessa etapa da vida.
No concernente às perguntas de nºs. 8 – [v]ocê já participou de encontros, palestras,
grupos de discussão com a finalidade de buscar informações e ouvir experiências
sobre esse assunto? -, 9 – [c]om a aproximação dessa nova fase, você tem buscado
interação com outras pessoas que já vivem a aposentadoria? - e 11 – [v]ocê, quando
apto à aposentadoria, gostaria de participar de palestras cujo objetivo principal será o
planejamento para uma aposentadoria tranquila? -, os percentuais das respostas
atingiram níveis preocupantes. Para as respostas de nºs. 8 e 9, mais de 75% da
massa não revela a preocupação com o tipo de vida que terá no futuro, não tendo
um planejamento. Deve-se analisar a aposentadoria como mais uma etapa no
19
desenvolvimento do ser humano, e discuti-la, tanto com o jovem quanto com quem
está prestes a alcançá-la, e, especialmente, com aqueles que a vivenciam. Bueno
(2009, p.101): “[a]credito que deveríamos ter mais espaços nas escolas,
universidades, em ações sociais e comunitárias, oportunidades preciosas para
falarmos daquilo que um dia, foi vividos por nós...”
Finalmente, a pergunta de nº. 11, com mais de 95% para a opção “SIM”, revela, em
caráter insofismável, que os participantes nutrem o forte desejo de participarem de
um PPA. É preciso compreender a necessidade dos partícipes que anseiam por um
futuro sereno, disponibilizando um programa que vá ao encontro de suas
necessidades. Para Leite (1993, p. 122-123) “...a semelhança de tudo mais que se
refere a cuidados para com a aposentadoria, as medidas de preparação para ela
voltam-se sobretudo para a terceira idade; e então se confirma uma vez mais a
correlação entre esta e a previdência complementar, cujas entidades têm dedicado
especial atenção aos programas respectivos, exercendo no setor intensa e variada
atividade.”
Importante ressaltar que em todas as respostas ficou registrada a preocupação dos
participantes com a aproximação da aposentadoria. Percebe-se, nitidamente, uma
aposta crescente na profissionalização, no planejamento, na qualidade de vida, nos
controles emocional e financeiro, para, depois, pensar em “GOZAR A VIDA,
CERTOS DO DEVER CUMPRIDO”. Saliente-se, uma vez mais, que, quando se
analisa o percentual de 95,40% alcançado pela opção “SIM”, à pergunta de nº 11,
constata-se, de imediato, a valia da aplicação do PPA, quando se vê que os
entrevistados gostariam de participar de palestras e obter orientações.
20
PPA - Programa de Preparação para Aposentadoria - cultive essa semente!
88,51
12,64
55,17
81,61
67,82
65,52
68,97
18,39
24,14
4,60
95,40
11,49
87,36
44,83
18,39
32,18
34,48
31,03
81,61
75,86
95,40
4,60
1. Vo cê tem pensado em co mo será sua apo sentado ria?
2. Vo cê part icipa de a lgum pro grama dest inado a essapreparação , fo cando sua apo sentado ria para o "aspecto
f inanceiro "?
3. Vo cê argumenta so bre esse assunto no seu ambientede t rabalho / co legas / gesto res / direto res?
4. Em sua famí lia , quando fa la so bre esse assunto , temrecebido o esperado apo io ?
5. A po sentado ria para vo cê é garant ia de "liberdadeco nquistada"?
6. Estar apo sentado é , para vo cê, curt ir a vida, famí lia,neto s, férias, co nstantemente?
7. Vo cê pensa em trabalho a lternat ivo / vo luntárioquando est iver apo sentado ?
8. Vo cê já part ic ipo u de enco nt ro s, palestras, grupo s dediscussão co m a f inalidade de buscar info rmaçõ es e
o uvir experiências so bre esse assunto ?
9. C o m a apro ximação dessa no va fase, vo cê tembuscado interação co m o utras pesso as que já vivem a
apo sentado ria?
10. Onde vo cê trabalha, existe a lgum pro grama depreparação para apo sentado ria , co m fo co para o
"emo cio nal do part icipante"?
11. Vo cê, apto à apo sentado ria , go staria de part ic ipar depalestras cujo o bjet ivo principal será o planejamento
para uma apo sentado ria tranquila?
Iten
s so
bre
Ap
ose
nta
do
ria
SIM NÃO
Gráfico: PPA – Programa de Preparação para Aposentadoria-cultive essa semente!
Fonte: Autora do estudo (2010)
Percentual das respostas "sim" ou "não" sobre cada item de aposentadoria
21
A sugestão deste estudo está no sentido de esclarecer que o “período do ócio”
também cansa e, se não houver uma preparação para esse enfrentamento, com
novas atividades e outras ocupações, a certeza de ter feito a melhor escolha se
transformará em incerteza, insatisfação e, finalmente, numa grande frustração, sem
nenhuma perspectiva de realizações e conquistas. Pretende, também, servir de
alerta, deixando claro que a nova etapa, por certo, trará consigo novas
oportunidades e, essas, com a devida preparação, converter-se-ão em novas
possibilidades, que estarão aguardando por aqueles treinados para enxergá-las.
Para uma reflexão mais profunda, poderá o participante com esse perfil trilhar vários
caminhos; e muitas são as possibilidades, tanto na preparação quanto na
reabilitação. Com efeito, revelam-se efetivas a participação e a realização de
diversas atividades, tais como: palestras, encontros, dinâmicas, filmes, debates,
seminários, workshops, abrangendo temas como questões financeiras, familiares,
saúde e alimentação, qualidade de vida, autoestima, requalificação profissional,
trabalho voluntário, vícios diversos (alcoolismo, tabagismo, compulsão por jogos),
absenteísmo, etc. Desnecessário dizer que o sucesso dessas atividades dependerá,
sempre, da participação de profissionais especializados, dentre eles, psicólogos,
terapeutas ocupacionais, médicos, assistentes sociais, economistas, etc., além, por
óbvio, de familiares.
Esses grupos deverão ser formados de, no máximo, 10 (dez) participantes, para
encontros mensais, com duração de 04 (quatro) horas. Será necessário que, a cada
06 (seis) meses, seja aplicada uma pesquisa de avaliação de satisfação e
resultados, para, caso haja necessidade, promover adaptações no programa.
Na realização dos diversos trabalhos, vários serão os recursos utilizáveis,
adequáveis a cada caso concreto. Poderá haver a distribuição de folders, cartilhas
ilustrativas contendo depoimentos de aposentados, agendas, filmes, etc. Poderão
ser propostos encontros familiares com palestras ministradas por psicólogos,
22
médicos, economistas, humoristas, etc. Poder-se-á recomendar a prática de
terapia/dinâmica de grupo, ioga, ou a frequência a cursos de idiomas, de dança, de
música, de teatro ou, ainda, a participação de oficinas de profissionalização ou
reabilitação pós-aposentadoria e, quiçá, o ingresso em universidade aberta à terceira
idade.
Despertar o participante para as inumeráveis possibilidades associadas ao “período
do ócio” é o objetivo maior do PPA; afinal, aquele que optou pela aposentadoria,
precisa se dar conta de que ele pode e deve ser o “SENHOR DE SEU PRÓPRIO
DESTINO”!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É direito de cada empresa exigir comprometimento no presente, que deverá ser
recompensado, dentre outros, pelo sentimento do dever bem cumprido. Entretanto, é
dever da mesma empresa estimular, em seu colaborador, o nascimento do ideal que
envolve o valor do planejamento respeitante ao seu futuro, despertando-o para a
necessidade de aprender a reconhecer, em cada crise, uma oportunidade de
mudança, e, em cada mudança, uma nova e promissora oportunidade.
Todo fato novo tende a gerar inquietação, que tende a gerar insegurança, que tende
a gerar desconforto emocional. Toda novidade, num primeiro momento, para quem
não está preparado, traz consigo o receio, que compromete todas as atuações do
ser humano, em todas as dimensões da vida. A aposentadoria é um fato novo de alta
relevância, que, conforme o caso, pode estar associada à ideia de inutilidade,
incapacidade, perda de representatividade social, de prestígio, ou, até mesmo,
proximidade da morte.
Para aqueles que veem a aposentadoria como um fantasma, um acontecimento
patológico no qual só se deverá pensar quando absolutamente inevitável, a
23
qualidade da vida presente poderá estar seriamente ameaçada. Afinal, o ser humano
é movido pela esperança. A esperança de dias melhores é um ingrediente vital que
subjaz a vida e faz produtivo o ser humano.
Consoante noção cediça, só pode dar o seu melhor, no presente, aquele trabalhador
que consegue olhar o futuro através dos prismas da esperança e da confiança. Eis
aqui o inestimável valor do PPA. Ensinar o empregado a olhar o futuro com
confiança por que sabe que pode ter a esperança de dias melhores. Dias melhores
por que foram adredemente programados para serem vividos por aquele que se
preparou para vivê-los. Aquele que descobriu que a aposentadoria não é o fim, mas,
ao revés, o início de uma nova etapa, cheia de novas possibilidades num vasto
campo de oportunidades.
Em última reflexão, pode-se concluir, sem hesitação, que a empresa que
disponibiliza para os seus colaboradores, o PPA, colherá os frutos adicionais da
maior produtividade. No dizer de Francis Bacon, “conhecimento é poder”. Aquele que
se prepara para a aposentadoria, recebe “conhecimento” que lhe permitirá caminhar
com confiança em direção do futuro. Quem caminha com confiança rumo ao futuro,
vive motivado no presente. Quem vive motivado no presente, vive melhor. Quem vive
melhor, tem mais “energia”. Quem tem mais “energia”, por óbvio, tem mais saúde
física e mental, e, portanto, é mais produtivo. Quem é mais produtivo, tem mais
“poder”, por que pode promover maiores e melhores transformações no ambiente
laboral, e, por extensão, no contexto social.
O participante deve olhar para a sua aposentadoria como um recomeço, um
renascimento privilegiado, fazendo do PPA não somente um preparo para a
aposentadoria, mas, sim, para o amanhã, possibilitando-lhe a revisão de conceitos
sobre o “período do ócio”, como também trabalhar as questões relacionadas a
saúde, hábitos, rotinas e estilos de vida, permitindo o aprimoramento de um projeto
de vida pessoal.
24
Conclusão: a empresa que investir em PPA, além de nada ter a perder, e muito ter a
ganhar, estará caminhando, como nenhuma outra, rumo à plenitude no cumprimento
de sua função social!
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