analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

46
Analgésicos comuns e Anti inflamatórios não esteroidais Hazem Ashmawi 10/09/2016 Programa de Educação Continuada em Fisiopatologia e Terapêutica da Dor 2016 Equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia ICHC-FMUSP

Upload: trinhbao

Post on 09-Jan-2017

224 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Analgésicos comuns e Anti inflamatórios não

esteroidais

Hazem Ashmawi

10/09/2016

Programa de Educação Continuada em Fisiopatologia e

Terapêutica da Dor

2016Equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia ICHC-FMUSP

Page 2: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Analgesia multimodal

Ghandi et al, Anesthesiology Clin. 2011:201-309

Page 3: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Anti inflamatórios não esteroidais

Page 4: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Introdução

Os analgésicos sistêmicos não opioides são provavelmente as

medicações mais prescritas no tratamento da dor.

Uso a partir do final do século XIX.

Page 5: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Introdução 5 % consumo de medicamentos no mundo

+ automedicação

Indicados para dor, febre, inflamação

Dor aguda e dor crônica (1 em 4 europeus - doença reumática)

60% dos >60 anos nos EUA

risco de sangramentoTGI

Page 6: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais
Page 7: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais
Page 8: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Usado há 2500 anos, extratos de plantas

Até a década de 70, pouco se sabia sobre o modo de ação dos AINEs Mecanismos centrais

Hanzlick, 1926 (citado por Jurna, 1997) “Salicilatos são capazes de aliviar a dor por ação principalmente central”

Woodbury, 1965 (Goodman & Gilman) “Salicilatos são capazes de aliviar alguns tipos de dor através de efeito depressivo

seletivo sobre o SNC”

Mecanismos periféricos Vane, 1971

Descoberta que a aspirina age inibindo a síntese de prostaglandinas

Ferreira, 1972 e Ferreira et al, 1973 Sensibilização periférica das prostaglandinas

Page 9: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

voluntários saudáveisHistamina, bradicinina e PGE2

DOR INFLAMATÓRIA

Ferreira, SH. Nature New Biol 1972, 240:200-3.

Sensibilização periférica

Page 10: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Em 1976, Hemler & Lands isolaram a ciclooxigenase (J Biol Chem

1976, 251:5575-9)

Em 1991, Kujubu et al., identificaram as duas isoformas das

ciclooxigenases (J Biol Chem 1991, 266:12866-72).

Em 1992, Xie et al, descobriram primeiro inibidor específico da

COX-2 (Drug Dev Res 1992, 25:249:65).

Page 11: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

FitzGerald G and Patrono C. N Engl J Med 2001;345:433-442

Cascata de produção de Prostaglandinas

Page 12: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

“Bolso

Lateral”

hidrofílico

Canal

Hidrofóbico

Terminal N

Terminal C

contendo

sítios ativos

Arginina

na 120

COX-1 COX-2

Terminal N

Canal

HidrofóbicoIsoleucina

na posição

523 fecha

a “bolso

lateral”

hidrofílico

Valina

(menor)

na 523

abre a

“bolso

lateral”

hidrofílico

Arginina

na 120

Terminal C

contendo

sítios ativos

Kurumbail RG, et al. Nature 1996; 384: 644-8

Estruturas da COX-1 e COX-2

Page 13: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

COX-1

Terminal N

Grupo

carboxílico

do AINE

forma

“ponte salina”

com

Arginina

na 120

Terminal C

contendo

sítios ativos

AINE

(flurbiprofeno)

Grupo fenil

aloja-se

no canal

hidrofóbico

COX-2

Terminal N

Grupo

carboxílico

do AINE

forma

“ponte

salina”

com

Arginina

na 120

Terminal C

contendo

sítios ativos

AINE

(flurbiprofeno)

Grupo fenil

aloja-se

no canal

hidrofóbico

Kurumbail et al, Nature 1996; 384: 644-648

AINEs não seletivos - ligação não-específica na COX-1 e COX-2

Page 14: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Terminal N

COX-1Terminal C

contendo

sítios ativos

A molécula

não tem

grupo

carboxílico

para ligar-se

à Arginina

na 120

Cadeia lateral lmpede a entrada no

canal mais estreito da COX-1

Inibidor Específico da COX-2 - cadeia lateral inibe a

entrada no canal mais estreito da COX-1

Kurumbail et al, Nature 1996; 384: 644-648

Page 15: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

AINEs – efeitos anti-hiperalgésicos

centrais e periféricos

Os AINEs são agentes antinociceptivos potentes. Reduzem a dor em diferentes condições. Ação através da inibição da síntese de prostaglandinas tanto na

periferia como no SNC. AINEs: analgésico – anti-hiperalgésico Diferenciação entre efeito central e periférico

Efeito central e periférico

Sítio de administração da droga

o Sistêmica

o Local

o Intratecal Retirada e distribuição da droga do local de administração

o Propriedades físico-químicas da droga

o Mecanismos de transporte

o Fluxo sanguíneo local e sistêmico

o Permeabilidade da BHE à passagem do AINE

Page 16: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Ranking de ação analgésica por

mecanismo central

Indometacina

Cetorolaco

Ibuprofeno

AAS

Paracetamol

Malmberg & Yaksh, J Pharmacol Exp Ther 1992, 263: 136-46.

Page 17: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Burian & Geisslinger, Pharm & Ther 2005, 107:139-54.

sensibilização

Ação periférica – sensibilização periférica

Page 18: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Uso tópico

Efeito periférico importante nas duas primeiras semanas (Lin et al,

BMJ 2004, 329:324)

Page 19: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Classificação química

Inibição COX1/COX-2

Grau de acidez (absorção)

Classificação dos AINEs

Page 20: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Classificação dos AINEs

Page 21: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Classificação dos AINEs

Derivados do AAS

paraaminofenol

ácido indolacético

derivados pirazolônicos

ácidos pirrolacéticos

ácidos propiônicos

Aspirina

paracetamol

indometacina

dipirona

diclofenaco

aclofenaco

ibuprofeno

naproxeno

cetoprofeno

flurbiprofeno

Page 22: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Oxicams

inibidores seletivos da

COX-2

Piroxicam

Tenoxicam

Meloxicam

Celecoxibe

Etoricoxibe

Parecoxibe

Page 23: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Agente Dose Pico de

efeito

Duração Analgesia Antiinflamação Antipirese

AAS 325-1000 (4 ou

6hs)

2 4-6 +++ +++ +++

Paracetamol 325-1000 (4 ou

6hs)

0,5-1 4-6 +++ 0 +++

Dipirona 0,5-2 (4-6hs) 2 4-6 +++ + +++

Indometacina 25-75 2 6-8 +++ +++ +++

Diclofenaco 50 (8hs) 0,6-1,6 8 +++ +++ +++

Naproxeno 250-500 (8-12hs) 2 8-12 +++ +++ ++

Cetoprofeno 50-100 (6-8hs) 1-2 6 ++ +++ +

Piroxicam 20 (12-24hs) 2-4 >24 +++ +++ +

Celecoxibe 200 (12/12h) 6-8 12 ++ ++ +

Parecoxibe 40-80 (12/12hs) 6-8 24 +++ +++ +

Etoricoxibe 60 (24hs) 12 24 +++ +++ +

Page 24: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Principais mecanismos de ação

Page 25: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

AINEs: segurança

Page 26: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Irritação gástrica

Antipirese

Retenção de sódio

Insuficiência renal aguda

Anticoagulação

Efeitos no SNC

Disfunção hepática

Efeitos não antiinflamatórios dos AINEs

Page 27: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Segurança gastrointestinal

EUA: 16000 óbitos

100.000 internações/ano

Após 2 meses de tratamento:

Úlcera

EED: 1 em 5

Sintomática: 1 em 68

Sangramento: 1 em 145

Óbito: 1 em 1220

Tramer et al, 2000; Pain 85:169-82

Page 28: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

No Reino Unido 15% dos idosos eram usuários crônicos de AINE

Nos EUA, 10% dos idosos pacientes institucionalizados eram

usuários de AINE (prescrição médica) [18]

Na Suécia, 17% da população idosa usa AINE

30% usa anti trombóticos

12% usa IRSS

Seager, Hawkey. BMJ 2001; 323:1236-9.

Lapane et al. JAGS 2001; 49:577-84.

Ljung, Lgergren. Drugs Aging 2011; 28:469-76

Page 29: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Gastroduodenal prostaglandinas

Muco e Bicarbonato

Fluxo sanguíneo submucoso

Renovação células endoteliais

Imunidade celular da mucosa gástrica e duodenal

Anti-COX-2 reduzem incidência de efeitos gástricos, porém dependente da

dose

COX-2 efeito favorável na cicatrização de úlceras

Page 30: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Maior causa de morbidade associada aos AINEs. Entrada de ácidos fracos no intracelular

pH, entrada de formas não ionizadas e transformação nas formas ionizadas

lesão mitocondrial

inibição da COX-1 com diminuição da PGE2 e PGI2 redução da secreção ácida

estímulo da secreção de muco protetor

efeito vasodilatador

secreção de bicarbonato duodenal

Irritação gástrica

Page 31: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Ocorrem em sobredoses

Nefrotoxicidade

Hepatotoxicidade

Trombocitopenia

Efeitos colaterais e tóxicos

Page 32: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

CATEGORIAS DE EVIDÊNCIA

NÍVEL GRAU DE RECOMENTADAÇÃO GRAU

Metanálise ou RCT 1A Categoria 1 de evidência A

Ao menos 1 RCT 1B

Ao menos 1 estudo controlado sem aleatorização

2A Categoria 2 de evidência ou recomendação extrapolada da categoria 1

B

Ao menos 1 estudo experimental

2B

Estudos descritivos tais como estudos comparativos, caso controle

3 Categoria 3 de evidência ou recomendação extrapolada das categorias 1 e 2

C

Relato de experts ou experiência clínica de autoridades na área

4 Categoria 4 de evidência ou recomendação extrapolada das categorias 2 e 3

D

Page 33: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

• Recomendações em idosos:

– AINEs não devem ser primeira escolha

– Risco CV, renal e GI (Nível 3, Grau C)

• Hipertensão arterial:

– Medir e monitorar a PA após algumas semanas de início do AINE

(Nível 1, Grau A)

– Se houver aumento de PA após introdução do AINE, a dose do anti

hipertensivo ou AINE deve ser modificada (Nível 1, Grau A)

The Journal of Rheumatology, 2006; 33:1

Page 34: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Risco GI associado a AINEs:

História prévia de sintoma GI (risco aumentado em 3x)

Idade > 75 anos

Uso de esteroides

Não uso de AINEs nos últimos 30 dias

Artrite reumatoide intensa

Uso concomitante de Inibidores recaptação serotonina e aspirina

Page 35: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Recomendações para uso de AINEs

baseado em risco CV e GI

CATEGORIA DE RISCO CV NENHUM OU BAIXO

RISCO GI COM USO DE

AINEs

RISCO GI COM USO DE

AINEs

Nenhum risco CV

Sem aspirina

AINE não seletivo Inibidor de COX-2 seletivo ou

COX não seletivo + IBP;

COX-2 seletivo + IBP para

pacientes com sangramento GI

Risco CV

Com aspirina

Naproxeno ; adicionar IBP se

risco de aspirina + AINE induz

risco GI que mereça proteção

GI

IBP independente do AINE;

Naproxeno se o risco CV supera

o risco GI;

Inibidor de COX-2 seletivo +

IBP para pacientes com história

de sangramento GI

Page 36: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Analgésicos não opioides

Page 37: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Analgésicos não opioides

Dipirona

Paracetamol

Page 38: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Dipirona

Mecanismos de ação

Mecanismos centrais

Inibição de prostaglandinas no SNC (corno dorsal da medula)

Mecanismos periféricos

Ativação de canais de K+

Bloqueio do influxo de Ca++

Page 39: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Dipirona Sódica

Derivado pirazolônico

Analgésico, antiespasmódico, antitérmico e anti inflamatório.

Dose: 30 mg/Kg

Dose máxima diária: 8g.

Hepatopatas, nefropatas e cardiopatas.

*Analgesia dose-dependente.

Page 40: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Dipirona

Lançada em 1922 pela Hoechst

Presente na maior parte dos países da União Europeia e

América Latina

Proibida nos EUA, Reino Unido, Suécia e India

Riscos de agranulocitose

Page 41: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais
Page 42: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Paracetamol Metabólito liga-se ao glutation hepático.

Hepatopatas (hepatites, cirrose, etilistas, metas

hepáticos) queda da reserva de glutation.

Ligação com proteínas do hepatócito e morte celular,

até necrose hepática fulminante.

Dose: 2-3g/dia.

* Restrição em hepatopatas

Page 43: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Efeito analgésico e antipirético

Ação sobre prostaglandinas centrais

Absorção intestinal

Paracetamol

Page 44: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Paracetamol

Mecanismos de ação

Mecanismos centrais

Inibição de PGs

Mecanismos periféricos

Inibição de PGs

Page 45: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais

Droga Dose Via de

administração

Dipirona 15 a 30

mg/kg

Oral ou venosa

Paracetamol 7 a 15

mg/kg

Oral

Page 46: Analgésicos comuns e anti-inflamatórios não esteroidais