vigilancia sanitaria animal

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Sistemas de Vigilância:

presente e futuro na sanidade animal do Brasil

Vítor Salvador Picão Gonçalves

(vitorspg@unb.br)

Laboratório de Epidemiologia e Planejamento em Saúde Animal (EpiPlan); FAV; Universidade de Brasília

Contribuições de:

Jonathan Rushton, Barbara Häsler

Royal Veterinary College – University of London

Boas conversas podem ser muito produtivas!

Roteiro

O que está acontecendo no mundo?

Algumas definições

Qual é a relação dos sistemas de vigilância

com a evolução dos programas sanitários –

desafios no Brasil

Uma proposta conceitual

Custo-eficácia da vigilância baseada em risco

O contexto mundial

O tema “vigilância em saúde animal” ocupa hoje um

lugar de destaque nas discussões internacionais e vem

progressivamente se tornando objeto central de

políticas públicas

Isto decorre em parte da necessidade de dar

garantias sanitárias no comércio nacional e

internacional, mas também da crescente aversão dos

consumidores ao risco veiculado por produtos de

origem animal

Impacto da Febre aftosa

Reflexos na mídia

ICAHS

Em maio de 2011, foi realizada em Lyon,

França, a 1ª Conferencia Internacional sobre

Vigilância em Saúde Animal - ICAHS

Algumas resoluções da ICAHS:

Esforços continuados para integrar nas normas

sanitárias princípios de vigilância aceitos

cientificamente;

Apoiar a adoção progressiva de padrões

baseados em performance do sistema

Implementar vigilância baseada em risco como

forma de melhorar a eficiência do sistema

Na OIE

Existem diretrizes de vigilância para doenças

específicas no Código e está sendo

desenvolvido um guia mais abrangente.

Uma definição simples de Vigilância

A coleta, processamento e analise sistemática de

dados relacionados à saúde animal e a disseminação

tempestiva de informação para que ações possam ser

tomadas. Um sistema de vigilância poderá ser

composto por estratégias complementares como

mecanismos de alarme e detecção precoce (early

warning), vigilância baseada em risco (risk-based

surveillance), vigilância de síndromes (syndromic

surveillance) e vigilância de patógenos específicos

(pathogen specific surveillance)

E para Vigilância Baseada em Risco

Aplicação de métodos quantitativos ou

qualitativos que visam aumentar a eficiência

da vigilância dirigindo as atividades a:

Populações mais expostas a fatores que aumentam

o risco de doença ou infecção;

Subpopulações onde, por fatores inerentes aos

hospedeiros, é mais provável encontrar a infecção

Priorizar populações onde as consequências da

doença podem ser mais graves

Onde estamos?

Pre

valê

nc

ia d

a D

oen

ça

Tempo (anos)

Medidas de

mitigação de

risco

Controle Erradicação

Detecção e

eliminação de

todos os focos

Zona Livre

Vigilância Epidemiológica

Redução

progressiva do

nº total de focos e

da incidência de

novos focos

Fases dos Programas Sanitários

Prevenção e

certificação de

zona livre

Situação atual da febre aftosa no Brasil.

Fonte: Brasil, 2011

Componentes de um sistema de vigilância para

zonas livres de doenças de tipo epidêmico

1. OBJETIVO – DETECÇÃO RÁPIDA DA INTRODUÇÃO DO

AGENTE NA POPULAÇÃO LIVRE - Mecanismos de detecção

precoce (Early Warning) – VIGILÂNCIA PASSIVA* – pode ser

reforçada em subpopulações de maior vulnerabilidade - não

funciona sem participação eficaz da comunidade e sem

respeitar os fluxos de informação existentes na comunidade.

* A VIGILÂNCIA PASSIVA PODE SER PRO-ATIVA E DIRIGIDA A POPULAÇÕES

DE MAIOR RISCO/VULNERABILIDADE

Componentes de um sistema de vigilância para

zonas livres de doenças de tipo epidêmico

2. OBJETIVO – DETECÇÃO DE NICHOS DE ATIVIDADE VIRAL

populações de maior receptividade – vigilância ativa

baseada em risco – relação custo-eficácia das ações (caso da

PSC ou da Zona de Alta Vigilância de febre aftosa)

3. OBJETIVO - ESTUDO E MONITORAMENTO DE FATORES DE

RISCO (caso da IA; BSE)– usado no planejamento das duas

anteriores – necessidade de ações transversais aos programas

sanitários

Agente infeccioso é

introduzido na

população

Detectado

Não

detectado

Não foram

tomadas

medidas

eficazes

Medidas de

mitigação

tomadas

Zona Livre

Doença se espalha e pode

manter-se em populações

de maior receptividade

Vigilância

passiva

(vulnerabilidade?)

Vigilância ativa

(baseada em risco –

receptividade?)

Emergência

rápida e

eficiente

MONITORAMENTO DE FATORES DE RISCO

Focos não detectados

Focos detectados

de

fo

co

s

Tempo

Livre de doença

Reflete a sensibilidade do sistema

de vigilância

Algumas questões se colocam ao sistema de

vigilância de doenças vesiculares

Detecção precoce da uma reintrodução na zona livre:

como sabemos se o sistema está alerta e sensível se o

número de notificações é pequeno?

e porque isso acontece?

Como se comportam os atores do sistema?

Vigilância ativa para comprovar que o vírus não está

circulando na população suscetível – baseada em

risco para ser eficaz – avaliação de custo-eficácia

Monitoramento de fatores de risco

É necessário:

saber quais são

criar mecanismos de coleta e análise de dados

ter um sistema de informação que garanta rapidez

e simplicidade

A informação deve ser utilizada para ajustar as

atividades do sistema de vigilância – trata-se de

um sistema de inteligência epidemiológica

Abordagem tradicional para certificar

zonas/países livres:

• 1. Inquéritos epidemiológicos e

• 2. Avaliação qualitativa das atividades de vigilância.

• Tendência preocupante de que os inquéritos substituam

a vigilância necessidade de modelos que avaliem

a sensibilidade do sistema de vigilância

E DOENÇAS DE TIPO ENDÊMICO, COMO BRUCELOSE E

TUBERCULOSE BOVINAS?

Importância da vigilância ativa

Sustentabilidade econômica do sistema

Aspectos econômicos do planejamento de programas de saúde animal: pensando o papel do estado

Vítor Salvador Picão Gonçalves

(vitorspg@unb.br)

Laboratório de Epidemiologia Veterinária (EpiPlan); FAV; Universidade de Brasília

(Membro do Grupo de Epidemiologia da OIE)

Roteiro

Bens públicos e bens privados

Externalidades

Custos de transação

Informação assimétrica

Vamos então pensar em algumas

questões econômicas

A economia neoclássica assume que bens

(serviços) privados “passam nos testes” da

“exclusão” e “rivalidade”

Principio da Exclusão

É aplicado quando é relativamente fácil

garantir que apenas quem paga o bem ou

serviço vai beneficiar dele

Ex. controle de mastite num rebanho leiteiro

Principio da rivalidade

Ocorre quando dois ou mais consumidores não

podem beneficiar do serviço simultaneamente

mesmo exemplo

Bens e serviços públicos

Uma vez prestados a um consumidor são

usados por outros sem custo adicional.

Têm duas características: não são excludentes,

nem obedecem ao principio da rivalidade

Exemplos:

um programa de educação sanitária transmitido

pelo rádio

Um sistema de vigilância em saúde animal

´Conceito de Externalidades

Os conceitos anteriores representam situações

extremas e não ajudam, isoladamente, a

pensar a função do estado na prestação de

serviços veterinários.

Os Custos e Benefícios que são externos a um

contrato privado são conhecidos como

externalidades

Externalidades positivas

Quando as externalidades associadas a um

serviço privado são positivas, o mercado

sozinho terá pouco interesse em prestar o

serviço

Esta é a razão que leva a tornar obrigatória a

vacinação contra doenças como febre aftosa

ou brucelose – redução das externalidades

Externalidades negativas

Ocorrem quando uma operação ou serviço

privado pode prejudicar o resto da sociedade

Ex. a poluição causada por uma grande

industria de suínos

O estado atua com legislação e fiscalização

ambiental – de novo para reduzir as

externalidades

Custos de transação

Outra forma de falha do mercado são os

custos de transação – nem o consumidor nem o

prestador do serviço beneficiam (“dead weight

losses”)

O exemplo mais clássico na saúde animal é a

distância que o veterinário tem de percorrer

para prestar o serviço – como o estado pode

ajudar a reduzir estes custos? (ex. vacinação

contra brucelose)

Informação assimétrica

(risco moral – moral hazard)

Este é um importante componente dos custos de

transação

O produtor rural ao comprar uma vacina ou um

medicamento veterinário não sabe se o produto que

está adquirindo é de boa qualidade

Isto pode prejudicar o consumidor, mas também quem

está vendendo um produto de boa qualidade, dado

que pode levar a que menos consumidores adquiram

o produto ou que o seu preço seja menor do que o

valor real

Como o estado pode diminuir este

problema

Coletar e disseminar informação para a

sociedade

Estabelecer códigos de conduta

Estabelecer padrões (ex. nas vacinas e testes)

Certificando qualidade (aprovação oficial das

partidas de vacinas – aftosa, brucelose)

Importância da integridade dos agentes

estatais

Pre

valê

nc

ia d

a D

oen

ça

Tempo (anos)

Medidas de

mitigação de

risco

Controle Erradicação

Detecção e

eliminação de

todos os focos

Zona Livre

Vigilância Epidemiológica

Redução

progressiva do

nº total de focos e

da incidência de

novos focos

Fases dos Programas Sanitários

Prevenção e

certificação de

zona livre

E os sistemas de vigilância

Como vimos, a vigilância é um bem público

(não é nem excludente, nem segue o principio

de rivalidade) nacional e internacional

Mas, não são os agentes econômicos

(produtores, indústria) beneficiados pela

erradicação de doenças ou pela certificação

de zonas livres?

Necessário então reduzir as externalidades e

a assimetria de informação

concluíndo

A maior parte do investimento em saúde animal no Brasil é

privado (ex. vacinação)

Boa parte do sistema de defesa sanitária é financiado pelo

setor privado (ex. taxas de abate, emissão de GTA)

Quando a vacinação deixar de ser obrigatória é necessário

manter o financiamento do sistema de defesa, só que agora

com o objetivo precípuo de operar um sistema de vigilância –

teoricamente um bem público.

Para que os produtores aceitem co-financiar esse serviço será

necessário demonstrar o beneficio dele decorrente e encontrar

formas transparentes e eficientes de o administrar

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