trabalho de portugues- artigo cientifico
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1- REDUÇÃO DA MAIORIDADE NO BRASIL
Hoje no Brasil, é cada vez mais comum falar da participação de menores de
idade na pratica de condutas contrárias a lei. Essa crescente participação vem
gerando várias discussões no meio da sociedade. Tal controvérsia gira em torno da
tentativa de redução da maioridade do Código Penal Brasileiro de 18 (dezoito) anos
para 16 (dezesseis) anos de idade. Porque sempre que nos deparamos em crimes
com requintes de crueldade, com grande repercussão na mídia, em que menores de
idade estão envolvidos, a redução da maioridade penal aparece para a sociedade
como uma “válvula de escape” para solucionar o problema de violência no Brasil,
como se a diminuição desta idade fosse um espécie de mágica para resolver os
problemas sociais que sempre fizeram parte de nossa história.
O código Penal Brasileiro define que o menor de idade é aquele com menos
de 18 (dezoito) anos de idade e que este não tem capacidade de responder
criminalmente por seus atos conforme o artigo 27 do Código Penal: “os menores 18
(dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos as normas
estabelecidas na legislação especial”. Esta também é a definição da Carta da
Republica que expressamente define em seu artigo 228, “são penalmente
inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos as normas de legislação
especial”, ou seja, especificamente ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
Entretanto, este artigo, é considerado um direito individual mesmo não estando no
rol do artigo 5º da Lei maior, tendo consequência jurídica à proteção pela
imutabilidade que rege o artigo 60, § 4º, IV da Constituição Federal, as chamadas
clausulas pétreas, sendo assim, poderá ser suscetível de alteração por proposta de
Emenda Constitucional. Nesse caso ainda que fosse admitida a mudança da norma
do artigo 228 da Carta Magna de 1988, diminuindo a idade mínima de
responsabilização penal de 18 (dezoito) anos para 16 (dezesseis) anos de idade não
teríamos como afirmar se realmente aconteceria a diminuição das infrações penais
praticadas por menores de idade.
Se a criminalidade no Brasil fosse realmente diminuída com o aumento da
severidade da pena, com a entrada em vigor das leis dos crimes hediondos, onde
ocorreram algumas restrições de benefícios, o preso sendo tratado de forma mais
rigorosa, os estupros, homicídios qualificados, etc., teriam ao menos, seus índices
diminuídos, o que na verdade não ocorreu. Nada adiantaria reduzir para 15 (quinze),
16 (dezesseis) anos ou qualquer outra idade a maioridade penal, tendo em vista
que, o crime continuaria existindo. Ás vezes chega a ser comparado a idade da
imputabilidade do Brasil com a dos Estados Unidos da América ou algum outro País
desenvolvido, no sentido da nossa ser alta em relação aos demais Países. O
problema é que na hora da comparação, não é levado em consideração à estrutura
que esses Países oferecem aos Seus jovens, proporcionando uma sadia qualidade
de vida. Não entram na discussão os altos investimentos que foram feitos nesses
Países em saúde, moradia, esporte, lazer e principalmente em educação,
investimentos estes, que ainda não tivemos com eficácia.
Desta maneira, um jovem que cresce num País desenvolvido, com condições
totalmente favoráveis para seu desenvolvimento, devido ao seu amadurecimento,
tem sim, capacidade de assumir seus atos, de ser responsabilizado por uma
conduta contraria a lei, diferente de nossos jovens, que não tem estrutura nenhuma
para ajudar no seu desenvolvimento. Assim, sem a participação conjunta do Estado,
da sociedade e da família, sem investimentos em políticas públicas, como educação,
melhor distribuição de rendas, jamais serão solucionados os problemas de
criminalidade entre os jovens.
Não tem como falarmos da “Redução da Maioridade Penal”, sem falar em
umas das varias vertentes deste assunto que é a violência urbana nas nossas
cidades. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar
a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das
causas da violência está na imensa desigualdade social e, consequentemente, nas
péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos.
A violência não é solucionada pela culpa e pela punição de alguém, antes
pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem.
Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e
mantedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentarem a
violência.
Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não à causa. É encarcerar mais cedo à
população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade,
quando que na verdade o problema não é reduzir a maioridade penal, é isentar o
Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para
com a juventude.
Mencionando o estado como o principal compromisso de construção de
politicas educativas e de atenção para a juventude é falar que a adolescência é uma
das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes
transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa, o desafio da
sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do
ponto de vista emocional e social quanto físico. É urgente garantir o tempo social de
infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o
exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais
para a constituição da própria sociedade.
A adolescência é momento de encaminhar e mostrar a que caminho
adequado o jovem deverá seguir, mas isso de forma alguma significa que ele irá
fazer. O maior exemplo disso é a juventude que vemos hoje em dia, muitos recebem
a melhor educação, princípios familiares, possuem condições financeiras favoráveis,
mas nada disso adianta se ele resolver que não quer seguir o caminho que desde
pequeno foi instruído a prosseguir, se nesse caso eles optam pela criminalidade
causando prejuízos e desastres aos outros, cabe ao Estado assegurar que ele não
vai cometer novamente outros delitos. Então aplica-se uma punição, que se adequa
ao caso de cada um.
2 - A MAIORIDADE PENAL À LIDE DA SOCIEDADE
ATOS E A RESPONSABILIDADE DO AGRESSOR
A difusão do medo, a repressão nos dias atuais vem crescendo assustadoramente e
atos assim como a responsabilização do agressor, focado na reeducação e a
restauração do individuo que comete um ato ilícito parece ser ineficaz. Alguns dos
crimes cometidos por esses adolescentes ganham ênfase nos meios de
comunicação em massa, casos como do menino João Hélio de seis anos, arrastado
durante um assalto brutalmente em sua cadeirinha por mais de 7 km na Rua
Oswaldo Cruz – Zona Norte do Rio de Janeiro em 2007, o caso ganhou repercussão
nacional e os acusados encontrados. Porém Ezequiel Toledo de Lima - acusado na
época era menor de idade tão logo “posto em liberdade”. Outro exemplo é o caso
Eliza Samudio, julgado pelo Tribunal do Júri de Minas Gerais, onde Jorge Luiz Rosa,
primo do então goleiro Bruno, foi liberado da medida socioeducativa que cumpria por
participar de atos infracionais análogos a homicídio triplamente qualificado e
sequestro em cárcere privado. O mesmo posto em liberdade em setembro de 2012,
pois em agosto de 2010 o adolescente tinha completado 17 anos de idade.
Casos que intrigam e revoltam a sociedade, mas a justiça vale-se do direito e a onda
conservadora de defesa da lei e da ordem utilizando instrumentos como o Estatuto
da Criança e do Adolescente exalta a responsabilidade ao jovem de doze aos
dezoito anos autor de atos infracionais, com a adoção de medidas socioeducativas.
Mesmo que o menor venha causar algum dano a outrem será considerado como
equiparado ou análogo em consonância à realidade implícita na lei. O máximo que
se pode chegar é a prestação de serviços comunitários em hospitais, asilos onde
nem sempre segue a rigor por falta de agentes públicos para fiscalizar essa
obrigação; a liberdade assistida, inserção em regime semiaberto; internação em
estabelecimento educacional é outra medida, porém complexa e o cumprimento
dessa demanda segue a capacidade do Estado. Mesmo o jovem incluído em
programas comunitários oficiais de auxilio à família, requisição de tratamento
médico, psicológico e psiquiátrico. Na prática torna-se possível a soltura ou a chance
desse menor ser posto em liberdade.
Quando deparamos com aspectos que englobam a maioridade penal, acalorados
debates e opiniões. A quem diga que o sistema da redução da maioridade penal é
ineficaz quanto ao combate às ilicitudes cometidas por esses jovens, outros tratam o
assunto como polêmico no que tange aos direitos humanos e que o mesmo seria
uma decisão radical, onde o encaminhamento da criança ou adolescente a seus pais
ou responsáveis ou mesmo a adoção de medidas chamadas protetivas com o
amparo do Estado deixará o jovem a margem da vulnerabilidade social.
Considerando a opinião pública em análise no campo jurisdicional chegou-se a
conclusão que a redução da maioridade penal no Brasil, somente poderá ser
realizada mediante a criação de uma nova constituição poderia ser instalado essa
alteração, nem mesmo com uma simples emenda, pode ser feito. Se ocorrer o
mesmo perderá a sua validade, estabilidade e segurança jurídica necessária à
existência do Estado Democrático de Direito.
3- A OPNIÃO DOS DOUTRINADORES EM RELAÇÃO Á REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL NO BRASIL
O aumento dos delitos praticados por menores de idade criou uma pressão social
para que a questão da imputabilidade penal pelo critério etário fosse revisto, o que
acabou gerando discussões no mundo jurídico, sendo a principal delas a
possibilidade de uma emenda constitucional alterando a idade para que a pessoa
possa ser considerada imputável.
Nos termos do art. 60, § 4º, IV, não poderá ser votada qualquer emenda que possa
diminuir a eficácia ou até mesmo abolir qualquer direito ou garantia individual.
Justamente nessa questão os juristas divergem: A questão da imputabilidade penal
aos dezoito anos previstos no art. 228 pode ou não ser considerada um direito
fundamental?
Guilherme de Souza Nucci (2012) entende que a emenda é possível, pois o
legislador constitucional originário inseriu esta previsão não por acaso no capítulo
“Da família, da criança, do adolescente e do idoso”, pois entendia não ser um direito
fundamental, deixando, topograficamente claro sua intenção.
O doutrinador ainda explica que muito embora existam espalhados pelo texto
constitucional diversas disposições que, muito embora não estejam inseridas no
capítulo que enumera os direitos fundamentais pela matéria regulada devem assim
ser considerados, não sendo este o caso da questão da imputabilidade penal, que
não pode ser considerado um direito fundamental material.
Nucci ainda fundamenta sua posição afirmando que
Não é mais crível que menores com 16 ou 17 anos, por exemplo, não tenha condições de entender o caráter ilícito do que praticam, tendo em vista que o desenvolvimento mental acompanha como é natural, a evolução dos tempos, tornando a pessoa mais precocemente preparada para a compreensão integral dos fatos da vida. O menor de 18 anos já não é o mesmo do início do século, não merecendo continuar sendo tratado como uma pessoa que não tem noção do caráter ilícito do que faz ou deixa de fazer. (2012, p. 295/296).
Nucci ainda diz que a não diminuição da maioridade penal foge totalmente da técnica jurídica ou da discussão acerca da adequabilidade da medida, sendo unicamente medida de política criminal, pois com a diminuição da maioridade penal, um grande contingente de pessoas teria de ser conduzido ao sistema penitenciário, que já se encontra sobrecarregado, o que aumentaria ainda mais o colapso do sistema, exigindo uma readequação do sistema prisional, com a construção de novos presídios, gerando um aumento nas despesas do Estado. (2012, p. 297)
Entretanto, muito embora defenda a diminuição da maioridade penal como forma de
adequar a legislação repressiva à nova realidade social, Nucci entende que esta
medida não resolveria o aumento da criminalidade entre os menores de idade.
Assim, propõe que a retomada do critério bi psicológico utilizado no Código do
Império e no de 1890, no qual além da idade do agente deve ser analisado um
elemento subjetivo, qual seja a capacidade de entendimento do caráter ilícito da sua
conduta, mencionando o Anteprojeto de Código Penal apresentado por Nelson
Hungria em 1963, atendendo a solicitação do então Presidente da República Jânio
Quadros, que retomava este sistema ao prever que o maior de 16 anos e menor de
18, que fosse considerado capaz de entender a ilicitude de suas ações receberia a
mesma sanção do adulto, apenas com uma redução variável entre 1/3 a 2/3.
Já Júlio Fabbrini Mirabete, muito embora afirme que.
“o jovem de 16 a 17 anos, de qualquer meio social, tem hoje amplo conhecimento do mundo e condições de discernimento sobre a ilicitude de seus atos”, entende que a diminuição da maioridade penal representaria um retrocesso na política penal e penitenciária brasileira e criaria a promiscuidade dos jovens com delinquentes contumazes, muito em razão da total ineficiência do sistema penitenciário, que nem de perto consegue atingir o principal de seus objetivos, que é a ressocialização do detento. Muito pelo contrário, em razão das condições degradantes em que passa alguns anos de sua vida, o infrator acaba tornando-se ainda mais rancoroso, endurecido, sem qualquer sentimento de piedade. (2001, p. 217)
4- A CRIMINALIDADE NOS DIAS DE HOJE
Hoje em dia, a violência faz parte do nosso cotidiano. Certamente vivenciamos
expectativas e frustrações no tocante à fragilidade da vida pública e social com
relação à violência. Não são poucas as notícias e imagens que nos chegam,
expondo o sério problema da violência no mundo e em nosso país. Contudo, não é
somente através dos noticiários de TV que a violência chega ao universo de nossos
lares.
Na verdade, estamos expostos com muita frequência aos fatores geradores da
violência. Podemos falar em violência urbana, em violência no trânsito, em violência
doméstica, em violência nos esportes, em violência televisiva e, até mesmo, em
violência virtual.
Desde muito cedo, nossos filhos estão entrando em contato com cenas violentas na
programação infantil de TV ou nos jogos de videogames. Sabemos que o ser
humano é fruto de relações sociais: a personalidade violenta decorre, em regra, do
ambiente social - marcado pela violência - no qual o ser humano foi socializado.
No passado, era possível afirmar com certeza que a violência estava associada,
quase que exclusivamente, ao mundo da pobreza. Se você habitasse o espaço
social da violência, teria que conviver com ela ou com seus efeitos. Eram os reflexos
da vida marcada pela miséria e pela exclusão que impulsionavam o comportamento
violento. A violência ocorria nas famílias socialmente desestruturadas e localizava-se
nas áreas urbanas que espelhavam a pobreza: as periferias e as favelas.
Sobre este tema, Abreu e Ferrari (2009) destacam que os indicadores do
DEPEN demonstram que o crime no Brasil é praticado por homens na faixa etária de
14 a 26 anos de idade; da cor parda ou preta; residentes nas periferias e favelas dos
grandes centros urbanos; com escolaridade que não ultrapassa o ensino
fundamental; com renda por pessoa inferior a um salário mínimo e com um ambiente
familiar marcado por um histórico de ausências e violência.
Este perfil social da violência no Brasil vem provocando uma série de confusões que
acabam se convertendo em abusos da parte das autoridades estatais incumbidas de
reprimir a criminalidade. De acordo com Zaffaroni (1991), o que ocorre geralmente
nestes casos de violência às camadas mais baixas da população é a aplicação da
teoria da vulnerabilidade. Vulnerável aos abusos dos agentes do aparelho repressivo
do Estado, as pessoas pobres que vivem ou atuam em lugares marginalizados, são
o estereótipo para a prática do crime e, por isso, tornam-se as vítimas mais
vulneráveis à violência de um modelo de segurança pública que ainda direciona sua
atenção quase que exclusivamente para os pobres.
5- A NOVA FACE DA CRIMINALIDADE
Atualmente vem ocorrendo significativas mudanças no perfil social da violência.
Pessoas, sobretudo jovens, que não fazem parte do mundo da pobreza e da
discriminação racial, têm tido participação constante nas ações de violência. No
Brasil, são cada vez mais frequentes as informações que nos chegam sobre atos de
violência envolvendo jovens da alta classe média que agridem, por diversão ou
intolerância, homossexuais, profissionais do sexo, negros, nordestinos e indígenas,
entre outros seguimentos que integram um extenso leque de minorias sociais.
Há muitos questionamentos sobre os elementos que motivam os jovens que
receberam carinho dos pais, educação escolar de qualidade e acesso ativo ao
mercado de consumo, a praticar ações de violência.
Para tentar responder este questionamento, uma coisa é certa, não podemos deixar
de levar em consideração os novos elementos que passaram a atuar no nosso
processo de socialização dos anos 80 do século passado para cá. Há pelo menos
três décadas, crianças e jovens do Brasil estão em contato diário com uma série de
informações que incentivam e banalizam a violência.
De modo geral, a violência, traduz-se na época atual por um evento cujas
implicações e desdobramentos atingem, sem distinção, todos os segmentos sociais.
Conforme relata Moser (1991), a violência é, conceitualmente, um comportamento
social, já que pressupõe uma relação que envolve pelo menos duas pessoas, como
a maioria das condutas humanas. É uma interação, na medida em que se origina e
se efetiva na relação com o outro, o que condiciona e modela nosso comportamento.
Existem, pelo menos, duas pessoas que participam dessa interação: o agressor e a
vítima.
De fato, é inconcebível uma conduta violenta sem a presença do outro. Não há
violência sem vítima. Ela encontra sua origem imediata e se explica com referência à
palavra e aos atos de outrem. Mas, também não existe violência sem um contexto.
Um comportamento social não é um ato de indivíduos isolados, porém de pessoas
que têm os mesmo valores, expectativas, papéis e regras que definem as relações
entre si.
Hoje em dia, somos capazes de viver dez, quinze ou vinte anos no mesmo edifício
de apartamentos e, ainda assim, não sabermos o nome do nosso vizinho de porta.
Tudo o que sabemos sobre o mundo e as pessoas nos chega através da TV, da
Rede mundial de computadores ou do telefone. Este processo social que nos torna
próximos do ponto de vista físico e distantes do ponto de vista dos relacionamentos
sociais, faz com que não esbocemos mais nenhuma reação emocional quando nos
deparamos com a violência praticada contra pessoas que não conhecemos.
Somente nos chocamos com a violência sofrida por seres humanos que
compartilham do nosso, cada vez mais restrito, rol de relacionamentos pessoais.
Sobre este enfoque, torna-se interessante investigar os atos de violência associados
a pessoas ou grupos sociais que não habitam o espaço social violento, mas que
estão frequentemente expostos aos seus efeitos através dos instrumentos de mídia.
Inúmeras pesquisas no campo da psicologia têm mostrado, de maneira repetida,
que há correlação positiva em a assistência a filmes violentos e o comportamento
agressivo dos pacientes. Na realidade, a carga de violência a que as crianças estão
expostas na televisão está positivamente correlacionada com certos
comportamentos agressivos como discutir, entrar em conflitos com os pais, ou,
mesmo, cometer atos delituosos. (MOSER, 1991).
Não resta dúvida que o resultado de tanta exposição aos cenários de violência
influencia diretamente o nosso comportamento social. Se no passado a violência
estava presente no ambiente sócio-cultural das populações marginalizadas pela
pobreza e, por isso, não era passível de escolha; hoje, os jogos virtuais tornaram a
violência, inclusive, opcional: compra-se um DVD com jogos violentos, e a violência
– virtual – vai até você. Você pode levar a violência para casa e oferecê-la para seus
filhos, parentes e amigos.
6- A DIMENSÃO DA CRIMINALIDADE NO BRASIL
Do lado da criminalidade, as estatísticas demonstram que a taxa de homicídios, por
exemplo, praticamente triplicou em pouco mais de vinte anos. E, esse quadro é
ainda mais assustador se forem observados outros detalhes estatísticos. Nos
últimos 25 anos ocorreram 794 mil assassinatos no Brasil. Nesse período, houve um
crescimento médio anual de 5,6% do número de homicídios, o que posicionou o país
entre os mais violentos do planeta, com uma taxa de 28 homicídios para cada 100
mil habitantes.
Segundo afirma Soares (1996), na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, apenas
8% dos homicídios cometidos chegam a se transformar em processos devidamente
instruídos e encaminhados ao Judiciário, de maneira que uma média de 82% desses
crimes fica absolutamente impune.
Conforme informações da Revista Super Interessante de março de 2008, o Brasil
tem hoje mais de 400 mil presos. Oliveira (2002) afirma que entre 1995 e 2001, o
percentual de presos para cada cem mil habitantes passou de 95,5 para 141,5. Para
abrigar esta verdadeira nação paralela, o país soma algo em torno de 300 mil vagas
nas prisões. Entre 1995 e 2007, esta quantidade praticamente quadruplicou.
Atualmente, o déficit de vagas nos presídios brasileiros é de quase 40%.
CONCLUSÃO
Se a criminalidade no Brasil fosse realmente diminuída com o aumento da
severidade da pena, com a entrada em vigor das leis dos crimes hediondos, onde
ocorreram algumas restrições de benefícios, o preso sendo tratado de forma mais
rigorosa, os estupros, homicídios qualificados, etc., teriam ao menos, seus índices
diminuídos, o que na verdade não ocorreu. Nada adiantaria reduzir para 15 (quinze),
16 (dezesseis) anos ou qualquer outra idade a maioridade penal, tendo em vista
que, o crime continuaria existindo.
Desta maneira, um jovem que cresce num País desenvolvido, com condições
totalmente favoráveis para seu desenvolvimento, devido ao seu amadurecimento,
tem sim, capacidade de assumir seus atos, de ser responsabilizado por uma
conduta contraria a lei, diferente de nossos jovens, que não tem estrutura nenhuma
para ajudar no seu desenvolvimento. Assim, sem a participação conjunta do Estado,
da sociedade e da família, sem investimentos em políticas públicas, como educação,
melhor distribuição de rendas, jamais serão solucionados os problemas de
criminalidade entre os jovens.
Sendo assim num pais em que sempre ocorreram complicações sociais, onde
jovens nunca tiveram uma didática adequada para enfrentar com sensatez os
desafios que a vida concede. Surge a redução da maioridade como partida de
emergência para sociedade visto que um menor de idade pratica um ato infracional
com abuso de crueldade.
Todavia, com a nossa atual norma constitucional de 1988, juridicamente é
improvável a redução da maioridade penal como almeja parte da sociedade para
imputar os jovens frente ao código penal e não mais o ECA como vem acontecendo.
Isso, devido à própria Carta Magna, firmar em seu artigo 228 que “são penalmente
imputáveis os menores de dezoito anos e estes, estão sujeitos à legislação
especial”, norma esta considerada uma clausula pétrea (insuscetível de modificação,
mesmo fora do rol do artigo 5º da CF.
Assim, a investida de mudança na norma constitucional do artigo 228 através de
emenda constitucional será declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal
Federal, tendo em vista que, durante o tempo que viger nossa atual Constituição,
essa mudança não poderá a acontecer pelo poder reformador, apenas uma
revolução constitucional poderia mudar essa lei.
REFERENCIAS
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 17. Ed., rev. e atual. Até julho
de 2000 São Paulo: Atlas, 2001.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 11. Ed., rev., atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012
Disponível em: >http://jus.com.br/artigos/28496/a-possibilidade-juridica-da-
diminuicao-da-maioridade-penal-no-brasil#ixzz3a7pjViDq – Acesso em: 12 de maio
de 2015.
Disponível em: >http://www.amb.com.br/?secao=mostranoticia&mat_id=6358& -
Acesso em: 14 de maio de 2015.
Disponível em: >http://poderonline.ig.com.br/index.php/2013/08/22/presidente-do-tj-sp-adere-a-campanha-por-reducao-da-maioridade-penal/ - Acesso em: 10 de maio de 2015.
Disponível em: > http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200051&script=sci_arttext – Acesso em: 14 de maio de 2015
Disponível em: >http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7319 – Acesso em: 14 de maio de 2015
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