memorial do convento narrador, espaço e tempo

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Memorial do Memorial do ConventoConvento,,

dede José Saramago José Saramago (1982)(1982)

NarradorEspaço Tempo

Narrador Narrador (quanto à participação)(quanto à participação)Geralmente, é HETERODIEGÉTICO (na 3.ª pessoa e não participa na ação p. 11)

Por vezes, assume o ponto de vista de algumas personagens (usando a 1.ª pessoa do singular e até do plural) sendo assim HOMODIEGÉTICO (quando assume o pensamento de algumas personagens, como o Patriarca ou o rei na procissão do Corpo de Deus (XIII, 162), ou o guai turístico (XIX, p, 254).

Há situações em que aparece como AUTODIEGÉTICO, quando é protagonista da sua própria narrativa, como acontece nos sete relatos pessoais dos trabalhadores no episódio da “epopeia da pedra”(cap. XVIII).

HETERODIEGÉTICO “D. João, quinto na tabela real, irá

esta noite ao quarto de sua mulher, (…)” (p. 11)

HOMODIEGÉTICO“(…) e esta sou eu, Sebastiana Maria

de Jesus, um quarto de cristã-nova, que tenho visões e revelações (…)” (p. 53)

AUTODIEGÉTICO“O meu nome é João Anes, vim do

Porto, e sou tanoeiro (…)” (p. 241)

NARRADOR NARRADOR ((quanto à quanto à focalização)focalização)Geralmente, o narrador assume uma focalização omnisciente

Revela assim uma perspetiva transcendente em relação às personagens e move-se à vontade no tempo, saltando facilmente entre passado, presente e futuro.

Focalização omniscienteFocalização omnisciente◦ "Mas também não faltam lazeres, por isso, quando a

comichão aperta, Baltasar pousa a cabeça no regaço de Blimunda e ela cata-lhe os bichos, que não é de espantar terem-nos os apaixonados e os construtores de aeronaves, se tal palavra já se diz nestas épocas, como se vai dizendo armistício em vez de pazes. " [pág. 91]

◦ "Mas em Lisboa dirá o guarda-livros a el-rei, Saiba vossa majestade que na inauguração do convento de Mafra se gastaram, números redondos, duzentos mil cruzados, e el-rei respondeu, Põe na conta, disse-o porque ainda estamos no princípio da obra, um dia virá em que quereremos saber, Afinal, quanto terá custado aquilo, e ninguém dará satisfação dos dinheiros gastos, nem facturas, nem recibos, nem boletins de registo de importação, sem falar de mortes e sacrifícios, que esses são baratos. " [pág. 138]

Focalização internaFocalização interna

Por vezes, o narrador assume a perspetiva das personagens que vivem a ação, conferindo mais vivacidade à narrativa.É o que se passa quando Sebastiana de Jesus, a mãe de Blimunda, descreve o desfile dos condenados num auto de fé (V, pp. 52-52)

Ou quando o rei pensa na forma como aplicar as suas riquezas: “Medita D. João V no que fará a tão grandes somas de dinheiro, a tão extrema riqueza (…) (XVIII, p. 234)

Focalização Focalização internainterna

“ (…) e esta sou eu, Sebastiana Maria de Jesus, um quarto de cristã-nova, que tenho visões e revelações, mas disseram-me no tribunal que era fingimento, que ouço vozes do céu, mas explicaram-me que era demoníaco, que sei que posso ser santa como os santos o são, (…), aqui vou (…) condenada a ser açoitada em público e a oito anos de degredo no reino de Angola (...)”

[págs. 52-53]

O narrador em Memorial do Convento (ex. 9.1., pág. 303)

Narrador polivalenteCumpre diversas funções

Narrador heterodiegético:

“El-rei foi a Mafra escolher o sítio onde há de ser

levantado o convento.” (l. 7)

Narrador homodiegético:

“[…] porém sosseguemos, a pobre não emprestes, a

rico não devas, a frade não prometas, e D. João V é rei

de palavra. Haveremos convento.” (ll. 5-6)

Narrador reflexivo e descritivo:

“[…] um homem pode ser grande voador, mas é-lhe muito conveniente que saia bacharel, licenciado e doutor, e então, ainda que não voe, o consideram.” (ll. 13-15)

“[…] estava a abegoaria em abandono, dispersos pelo chão os materiais que não valera a pena arrumar, ninguém adivinharia o que ali se andara perpetrando. Dentro do casarão esvoaçavam pardais […]” (ll. 17-20)

Narrador sentenciador e moralizador:

“Nem sempre se pode ter tudo […]” (l. 1)

“[…] a pobre não emprestes, a rico não devas, a frade não prometas […]” (ll. 5-6)

Narrador crítico e irónico:

“[…] com todas as disposições, licenças e matriculações necessárias, partiu o padre Bartolomeu Lourenço para Coimbra […]” (ll. 25-28)

“[…] uma multidão de homens, exagero será dizer multidão, enfim, umas centenas deles […]” (ll. 36-38)

“[…] como se vê não há diferença nenhuma.” (ll. 50-51)

Expressões, 12.º ano

O narrador em Memorial do Convento (ex. 9.1., pág. 303)

Narrador omnisciente (gestor da matéria

histórica e ficcional)

“Haveremos convento.” (l. 6)

“Até à vila de Mafra, aonde primeiro vai, não tem a viagem história, salvo a das pessoas que por estes lugares moram […].”

(ll. 29-32)

Narrador polivalenteCumpre diversas funções

Narra

Descreve

Reflete

Comenta Critica Ironiza

Manipula (o tempo/a História/a ficção)

Conversa com o(s) narrador(es) Julga

Moraliza

Recorda e prenunciaAdaptado de REAL, Miguel, 1996. Narração, Maravilhoso, Trágico e Sagrado em

Memorial do Convento de José Saramago. Lisboa: Caminho

Expressões, 12.º ano

O narrador em Memorial do Convento (ex. 9.1., pág. 303)

O espaçoO espaçoEspaço físico – cenários em que decorre a ação

Espaço social – local de acontecimentos sociais, encontro de multidões, para atos religiosos, trabalho ou diversão: autos de fé, procissão da Quaresma e do Corpo de Deus, sagração da basílica.

São dois os espaços físicos fulcrais nos quais se desenrola a ação: Lisboa e Mafra.

Lisboa é um macroespaço que integra: ROSSIO, TERREIRO DO PAÇO, SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA

Espaço Espaço físicofísicoTerreiro do PaçoLocal onde Baltasar trabalha num açougue, após a sua chegada a Lisboa. Aí decorre a procissão do Corpo de Deus.“Desce o povo ao Terreiro do Paço, a ver os preparos da

festa.” cap. XIII, p. 152)

RossioEste espaço aparece no início da obra como o local onde decorrem os autos-de-fé e a procissão da penitência na Quaresma. (cap III)

O Rossio, em Lisboa Um auto-de- fé

Aqui se faziam os autos de fé. “(…) está o Rossio cheio de povo, duas vezes em festa por ser domingo e haver auto-de-fé, nunca se chegará a saber de que mais gostam os moradores, se disto, se das touradas.” (cap. V, p. 50)Aqui se conheceram Blimunda e Baltasar, aqui ela o viu pela última vez – “(…) virou em direção ao Rossio, repetia um itinerário de há 28 anos. (…) Naquele extremo arde um homem a quem falta a mão esquerda. (cap. XXV, p. 373)

Terreiro do Paço, em Terreiro do Paço, em LisboaLisboa

Aqui decorriam as touradas“(…) vamos às touradas, que é bem bom divertimento. Em Mafra nunca as houve, diz Baltasar e, não chegando o dinheiro para os quatro dias da função, que este ano foi arrematado caro o Terreiro do Paço, iremos ao último, que é o fim da festa.” (cap. IX, p. 101)

S. Sebastião da PedreiraS. Sebastião da PedreiraTrata-se de um espaço relacionado com a Trata-se de um espaço relacionado com a “passarola voadora”“passarola voadora”. . Era um Era um espaço ruralespaço rural, onde existiam várias quintas com , onde existiam várias quintas com palacetes.palacetes.

Diz o padre Bartolomeu: “Vou a S. Sebastião da Pedreira ver a minha máquina, queres tu vir comigo, a mula pode com os dois (…). Todas as portas e janelas do palácio estavam fechadas, a quinta abandonada, sem cultivo. A um lado do pátio espaçoso ficava um celeiro, ou abegoaria, ou adega, estando vazio não se podia saber que serventia fora a sua (…)” (cap. VI, p. 66-67)

Espaço físico Espaço físico MafraMafra Mafra é o segundo macroespaço. Até à

construçãodo convento, a vida de Mafra decorria na vila

velha e no antigo castelo, próximo da igreja de Sto.

André.

A Alto da Vela foi o local escolhido para aconstrução do convento, que deu lugar à vila

nova, à volta do edifício. Nas imediações da obra, surge a

"Ilha da Madeira", onde começaram por se alojar dez mil trabalhadores, ascendendo, mais tarde, a 52 mil (sendo 7 mil guardas).

Além de Mafra, são ainda referidos espaços como Pêro Pinheiro, a serra do Barregudo, Montejunto (onde aterrou a “Passarola Voadora) e a casa da família Sete-Sóis.

Outros espaços Outros espaços físicosfísicos

Há referências à Holanda, onde o padre foi estudar o segredo do éter, Espanha, onde Baltasar ficou ferido e onde o Padre Bartolomeu morreu louco; mas também a várias localidades do Sul, que Baltasar percorreu até chegar de Évora a Lisboa e Monte Junto, onde aterrou a “passarola voadora” após o primeiro voo.

O O espaço espaço socialsocialO espaço social é construído, na obra, através do relato de determinados momentos (ou episódios) e do percurso de personagens que tipificam um determinado grupo social, caracterizando-o.Ao nível da construção do espaço social, destacam-se:

PROCISSÃO DA QUARESMAAUTOS DE FÉA TOURADAPROCISSÃO DO CORPO DE DEUSO TRABALHO NO Obras e sagração do CONVENTO

Espaço Espaço socialsocial

Os autos de fé e as touradas caracterizam Lisboa como um espaço caótico, dominado por rituais religiosos cujo efeito exorcizante amaldiçoa um mal momentâneo que motiva a exaltação absurda que envolve os habitantes.

“(...) mas não faltou povo à festa [auto de fé]”

Espaço Espaço socialsocial

As touradas são vistas como um “(...) bom divertimento (...)” apreciadas por toda a população “Estão as bancadas e os terrados formigando de povo (...)” (IX, 101)

“Cheira a carne queimada, mas é um cheiro que não ofende estes narizes, habituados que estão ao churrasco do auto de fé, (...)”

O O espaço socialespaço social Procissão da Quaresma

excessos praticados durante o Entrudo (satisfação dos prazeres carnais) e brincadeiras carnavalescas - as pessoas comiam e bebiam demasiado, davam "umbigadas pelas esquinas", atiravam água à cara umas das outras, batiam nas mais desprevenidas, tocavam gaitas, espojavam-se nas ruas”. (p. 28)

penitência física e mortificação da alma após os desregramentos durante o Entrudo (é tempo de "mortificar a alma para que o corpo finja arrepender-se”. (p. 28)

O O espaço social espaço social Procissão da QuaresmaProcissão da Quaresma

descrição da procissão (os penitentes à cabeça, atrás dos frades, o bispo, as imagens nos andares, as confrarias e as irmandades)

manifestações de fé que tocavam a histeria (as pessoas arrastam-se pelo chão, arranham-se, puxam os cabelos, esbofeteiam-se) enquanto o bispo faz sinais da cruz e um acólito balança o incensório; os penitentes recorrem à autoflagelação

o narrador afirma que, apesar da tentativa de purificação através do incenso, Lisboa permanecia uma cidade suja, caótica e as suas gentes eram dominadas pela hipocrisia de uma alma que, ironicamente, este define como "perfumada“.

EEspaço social spaço social Os autos-de-féOs autos-de-fé Autos de fé no Rossio.

Neste relato, são de salientar os seguintes aspetos:

o Rossio está novamente cheio de assistência; a população está duplamente em festa, porque é domingo e porque vai assistir a um auto de fé (passaram dois anos após o último evento deste tipo).

o narrador revela a sua dificuldade em perceber se o povo gosta mais de autos de fé ou de touradas, evidenciando com esta afirmação a sua ironia crítica perante um povo que revela um gosto sanguinário e procura nas emoções fortes uma forma de preencher o vazio da sua existência.

O O espaço social - espaço social - Os autos de féOs autos de fé

a assistência feminina, à janela, exibe as suas toilettes, preocupa-se com pormenores fúteis relativos à sua aparência (a segurança dos sinaizinhos no rosto, a borbulha encoberta), e aproveita a ocasião para se entregar a jogos de sedução com os pretendentes que se passeiam em baixo.

a proximidade da morte dos condenados constitui o motivo do ambiente de festa; esta constatação suscita, mais uma vez, a crítica do narrador - na realidade, o facto de as pessoas saberem que alguns dos sentenciados iriam, em breve, arder nas fogueiras não as inibia de se refrescarem com água, limonada e talhadas de melancia e de se consolarem com tremoços, pinhões, tâmaras e queijadas.

“Grita o povinho furiosos impropérios aos condenados, guincham as mulheres (…)” (cap. V, p. 52)

O O espaço social – espaço social – os autos os autos de féde fé

Autos de féAutos de fé sai a procissão - à frente os dominicanos; depois, os inquisidores

distinção entre os vários sentenciados (através do gorro e sambenito), assim como o crucifixo de costas voltadas, para as mulheres que irão arder na fogueira;

menção dos nomes de alguns dos condenados (inclusive o de Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda)

punição dos condenados pelo Santo Ofício – o povo dança perante as fogueiras.

O O espaço social espaço social TouradaTourada

O O espaço social - espaço social - TouradaTourada

Tourada (Terreiro do Paço) o espetáculo começa e o narrador enfatiza a forma

como os touros são torturados, exibindo o sangue, as feridas, as "tripas“ ao público que, em exaltação, se liberta de inibições (“os homens em delírio apalpam as mulheres delirantes, e elas esfregam-se por eles sem disfarce” (cap. IX, p. 102)

Dois toiros saem do curro e investem contra bonecos de barro colocados na praça; de um saem coelhos que acabam por ser mortos pelos capinhas, de outro, pombas que acabam por ser apanhadas pela multidão.

A ironia do narrador é ainda traduzida pela constatação de que, em Lisboa, as pessoas não estranham o cheiro a carne queimada, acrescentando ainda numa perspectiva crítica, que a morte dos judeus é positiva, pois os seus bens são deixados à Coroa.

O O espaço espaço social social Procissão do Procissão do Corpo de DeusCorpo de Deus

descrição dos "preparos da festa” feita pelo narrador, que assume o olhar do povo (as colunas, as figuras, os medalhões, as ruas toldadas, os mastros enfeitados com seda e ouro, as janelas ornamentadas com cortinas e sanefas de damasco e franjas de ouro), que se sente maravilhado com a riqueza da decoração).

O O espaço espaço social social Procissão do Procissão do Corpo de DeusCorpo de Deus

referência do narrador às damas que aparecem às janelas, exibindo penteados, rivalizando com as vizinhas e gritando motes

à noite, passam pessoas que tocam e dançam, improvisa-se uma tourada

de madrugada, reúnem-se aqueles que irão formar as alas da procissão, devidamente fardados

O O espaço espaço social social Procissão do Corpo Procissão do Corpo de Deusde Deus

Começa logo de manhã cedo. Descrição do aparato: à frente, as bandeiras dos ofícios da Casa dos Vinte e

Quatro, em primeiro lugar a dos carpinteiros em honra a S. José;

atrás, a imagem de S. Jorge, os tambores, os trombeteiros, as irmandades, o estandarte do Santíssimo Sacramento, as comunidades (de S. Francisco, capuchinhos, carmelitas, dominicanos, entre outros)

e o rei, atrás, segurando uma vara dourada, Cristo crucificado e cantores de hinos sacros

Realização da procissão:

O O espaço espaço social social Procissão do Procissão do Corpo de DeusCorpo de Deus

crítica do narrador às crenças e interditos religiosos;

visão oficial da procissão como forma de purificação das almas, que tentam libertar-se dos pecados cometidos

CRÍTICAS DO NARRADOR:

Censura ao luxo da igreja e à luxúria do Rei (“varrasco”) (Cap. XIII)

histeria coletiva das pessoas que se batem a si próprias e aos outros como manifestação da sua condição de pecadores.

CRÍTICAS DO NARRADOR

EM EM SÍNTESESÍNTESE

As procissões e os autos de fé caracterizam Lisboa como um espaço caótico, dominado por rituais religiosos cujo efeito exorcizante esconjura um mal momentâneo que motiva a exaltação absurda que envolve os habitantes.

A desmistificação dos dogmas e a crítica irónica do narrador ao clero subjazem ao ideário marxista que condena a religião enquanto "ópio do povo", isto é, condena-se a visão redutora do mundo apresentada pela Igreja, que condiciona os comportamentos, manipula os sentimentos e conduz os fiéis a atitudes estereotipadas.

A violência das touradas ou dos autos de fé apraz ao povo que, obscuro e ignorante, se diverte sensualmente com as imagens de morte, esquecendo a miséria em que vive.

O TRABALHO NO CONVENTOO TRABALHO NO CONVENTOMafra simboliza o espaço da servidão

desumana a que D. João V sujeitou todos os seus súbditos para alimentar a sua vaidade.

“Ordeno que a todos os corregedores do reino se mande que reúnam e enviem para Mafra quantos operários se encontrarem” (XXI, 302)

Vivendo em condições deploráveis, os cerca de quarenta mil portugueses foram obrigados, à força de armas, o abandonar as suas casas e a erigir o convento para cumprir a promessa do seu rei e aumentar a sua glória.

Espaço psicológicoEspaço psicológicoo espaço psicológico é constituído pelo

conjunto de elementos que traduz a interioridade das personagens.

Nesta obra, o espaço psicológico é constituído fundamentalmente através de dois processos: os sonhos das personagens, que funcionam como forma de caracterização das mesmas ou que, num processo que lhes confere densidade humana, traduzem relações com as suas vivências (rainha X, 118);

e os seus pensamentos (Patriarca e rei, XIII, 162).

Os sonhosOs sonhosSalienta-se o sonho do rei e da rainha.O rei sonha com a sua descendência e com o

convento.“Também D. João V sonhará esta noite. Verá erguer-se

do seu exo uma árvore de Jessé frondosa e toda povoada dos ascendentes de Cristo (…) um convento de franciscanos. (Cap. I, p. 18)

A rainha tem sonhos eróticos co o infante D. Francisco

“Porém vossa majestade sonha comigo quase todas as noites, que eu bem no sei, É verdade que sonho, são fraquezas de mulher guardadas no meu coração. (cap. X, p. 118)

TEMPO

TEMPO TEMPO O tempo diegético O tempo diegético

(tempo da história(tempo da história)) Trata-se do tempo em que decorre a acção.

O tempo da história é constituído por algumas datas fundamentais.

A acção inicia-se em 1711. D. João V ainda não fizera vinte e dois anos e D. Maria Ana Josefa chegara há mais de dois anos da Áustria.

O fluir do tempo, mais do que através da recorrência a marcos cronológicos específicos, é sugerido pelas transformações sofridas pelas personagens e por alguns espaços e objetos ao longo da obra.

TEMPOTEMPO O tempo diegético (tempo da O tempo diegético (tempo da

históriahistória)) O tempo histórico

Logo no início do romance, podemos inferir que a acção tem início no ano de 1711, através da seguinte referência do narrador:

"(. ..) S. Francisco andava pelo mundo, precisamente há quinhentos anos, em mil duzentos e onze (. . .)"

TEMPOTEMPO Referências cronológicas

Em 1717, tem lugar a bênção da primeira pedra do Convento de Mafra

em 1717, Baltasar e Blimunda regressam a Lisboa para trabalhar na passarola do padre Bartolomeu de Gusmão

em 1729, celebra-se o casamento de D. José com Mariana Vitória e de Maria Bárbara com o príncipe D. Fernando (VI de Espanha) ( XXII, 211)

em 1730, mais propriamente no dia 22 de Outubro, o dia do quadragésimo primeiro aniversário do rei, realiza-se a sagração da basílica do Convento de Mafra

a ação termina em 1739, no momento em que Blimunda vê Baltasar a ser queimado em Lisboa, num auto-de-fé. (28 anos após o início da ação)

TEMPOTEMPO O tempo diegético (tempo da históriaO tempo diegético (tempo da história)) Muitas vezes, a passagem do tempo é anunciada por

situações precisas "Para D. Maria Ana é que lhe vem chegando o tempo. A barriga não aguenta crescer mais por muito que a pele estique (.. .)"

ou por referências temporais que se integram em marcações referenciais

"(…) tendo partido daqui há vinte meses (…)" p. 72 "Meses inteiros se passaram desde então, o ano é já

outro" p. 77 "Entretanto, nasceu o infante D. Pedro (...)" p. 88 "Bartolomeu Lourenço foi à quinta de S. Sebastião da

Pedreira, três anos inteiros haviam passado desde que partira (. .)” p. 117

"(...) é certo que há seis anos que vivem como marido e mulher (…)" p. 130

"(...) se não ficou dito já, sempre são seis anos de casos acontecidos (…) " p. 134

"(…) e já vão onze anos passados (...)" p. 162 "(...) passaram catorze anos (…) " p. 214 "Desde que na vila de Mafra, já lá vão oito anos, foi

lançada a primeira pedra da basílica (…)" p. 231

TEMPO TEMPO O tempo do discursoO tempo do discurso

O tempo do discurso é revelado através da forma como o narrador relata os acontecimentos.

Este pode apresentá-los de forma linear,

optar por retroceder no tempo em relação ao momento da narrativa em que se encontra

ou antecipar situações (prolepses).

TEMPOTEMPOAs analepses (recuos no tempo)

As analepses explicam, geralmente, acontecimentos anteriores, contribuindo para a coesão da narrativa.

É de assinalar, anteriormente ao ano do início da acção (1711 ), a analepse que explica, em parte, a construção do convento como consequência do desejo expresso, em 1624, pelos franciscanos, de possuírem um convento em Mafra.

TEMPO TEMPO O tempo do discursoO tempo do discurso

a visão globalizante de tempos distintos por parte do narrador (o tempo da história e, num tempo futuro, o do momento da escrita) –

cabem aqui as referências aos cravos (outrora, nas pontas das varas dos capelães; muito mais tarde, símbolos da revolução do 25 de Abril)(XIII, 161), a associação entre os possíveis voos da

passarola e o facto de os homens terem ido à Lua, no século XX,

a alusão ao tipo de diversões que se vivia no século XVII e ao cinema, entre outras.

As prolepses (ações futuras) A antecipação de alguns acontecimentos serve os

seguintes objectivos:

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