alessandracurymachado rev
TRANSCRIPT
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
1/108
UNIVERSIDADE DE SO PAULOFACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
ALESSANDRA CURY MACHADO
Caracterizao do extrato de aroeira
(Myracrodruon urundeuva) e seu efeito sobre aviabilidade de fibroblastos gengivais humanos
BAURU
2013
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
2/108
ALESSANDRA CURY MACHADO
Caracterizao do extrato de aroeira
(Myracrodruon urundeuva) e seu efeito sobre a
viabilidade de fibroblastos gengivais humanos
Tese apresentada Faculdade deOdontologia de Bauru da Universidade deSo Paulo para obteno do ttulo de Doutorem Cincias no Programa de CinciasOdontolgicas Aplicadas, na rea deconcentrao Biologia Oral.Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Cardoso deOliveira
Verso corrigida
Bauru
2013
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
3/108
M18c Machado, Alessandra Cury
Caracterizao do extrato de aroeira
(Myracrodruon urundeuva) e seu efeito sobre a
viabilidade de fibroblastos gengivais humanos.
Alessandra Cury Machado-Bauru, 2013.
100p:il.;30 cm.
Tese (Doutorado)Faculdade de Odontologia deBauru. Universidade de So Paulo
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Cardoso de Oliveira
Nota: A verso original desta dissertao/tese encontra-se disponvel no Servio deBiblioteca e Documentao da Faculdade de Odontologia de BauruFOB/USP.
Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, areproduo total ou parcial desta dissertao/tese, por processos
fotocopiadores e outros meios eletrnicos.
Assinatura:
Data:
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
4/108
DEDICATRIA
Dedico meu trabalho aos meus pais, Fatima Cury Machado e Joo Machado Junior, que
estiveram sempre por perto, apoiando meus estudos por anos. Dedico tambm aos meus
irmos, Luis Fernando Cury Machado, Pedro Henrique Cury Machado, Thiago Cury
Machado, ao meu tio Zezinho, aos meus sobrinhos, Maria Eduarda, Isabelle, Raul e Ana
Beatriz. Obrigada por fazerem parte da minha vida!
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
5/108
AGRADECIMENTOS
Agradeo minha vida e meus estudos a Deus. Obrigada por mostrar sempre o melhor
caminho que devo seguir, a estar por perto nas dificuldades e nos momentos de vitria.
Obrigada pelas benes em minha vida!
Agradeo ao meu namorado, Jorge Luiz Abranches por estar por perto e me apoiar durante
a escrita da tese. Obrigada pelo companheirismo, amizade e dedicao.
Agradeo ao meu orientador, Prof. Dr. Rodrigo Cardoso de Oliveira, pelo trabalho que
desempenhamos juntos. Obrigada pela parceria, dedicao e pacincia.
Agradeo professora Dra. Anne Ligia Dokkedal Bosqueiro pela parceria que acrescentou
muito ao nosso trabalho. Obrigada por todo o aprendizado com as plantas! Todo esse
conhecimento s nos somou mais conhecimento em nossas vidas. Obrigada!
Agradeo amiga e professora Dra. Carla Andreotti Damante. Obrigada pelas clulas
gentilmente cedidas em nossa pesquisa. E, obrigada pela amizade de anos, pelo carinho e
dedicao.
Agradeo as professoras da bioqumica Marilia Buzalaf e Carol Magalhes pelas disciplinas
cursadas e oportunidade de conhecimento no departamento.
Agradeo aos tcnicos do departamento de bioqumica, Aline, Larissa, Ovidio e Thelma pela
ajuda dentro do laboratrio.
Agradeo a todos os alunos do departamento de bioqumica pelo companheirismo nas
pesquisas.
Agradeo ao meu grupo de pesquisa de cultura de clulas Adriana Arruda, Camila Roque,
Flvia Amadeu pelo trabalho em equipe nesses anos. Com esforos, dificuldades e suor foi
com que realizamos nossos trabalhos. A tudo isso obtivemos amadurecimento profissional.
Agradeo ao CIP, Centro Intensivo de Pesquisa, pelo apoio e trabalho. Obrigada tambm
aos funcionrios Marcelo, Mrcia, Renato e Rafaela e ao professor Vinicius.
Agradeo ao Horto Florestal de Bauru por ter me fornecido as folhas da rvore de aroeirapara realizao da pesquisa.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
6/108
Agradeo por parte do trabalho realizado no laboratrio de Quimica de Produtos Naturais na
Unesp de Bauru, e aos alunos Leonardo Saldanha, Lais e Cate por todo aprendizado e
ajuda no processo de preparao do extrato e de anlises cromatogrficas.
Agradeo ao professor Dr. Wagner Villegas por fornecer o laboratrio de Qumica da Unesp
de Araraquara para as anlises em HPLC e Massas, e pela ajuda do aluno de mestrado
Leonardo Perez.
Agradeo ao herbrio de Rio Claro pelo depsito da excicata da aroeira.
Agradeo aos amigos Maria Herminia e Cido pela amizade, dedicao e companheirismo detodos esses anos de aprendizado esprita. Obrigada pela fora quando precisei. No
precisamos de muitos amigos s de alguns amigos verdadeiros.
Agradeo de corao Faculdade de Odontologia de Bauru, USP por ter me acolhido como
aluna de doutorado. Obrigada por todas as oportunidades e experincias enriquecedoras do
universo da pesquisa. S quem pesquisador sabe a maravilha que essa profisso.
Agradeo parceria com a Faculdade de Cincias Biolgicas da UNESP que complementou
meus estudos.
Agradeo ao rgo de fomento, CAPES, Coordenao de Aperfeioamento de Pessoa do
Nivel Superior que financiou meus estudos durante todo esse tempo.
Agradeo FAPESP, Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo por
financiar material para minha pesquisa.
Agradeo o departamento de ps-graduao e funcionria Vera por toda a ajuda cedida
com documentaes.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
7/108
EPGRAFE
" ... a ordem de Deus . E estou per suadido de qu e no h para vs
maior b em na cidade que esta m inh a obed inc ia a Deus. Na
ver dad e, no ou tr a co isa o q ue fao n estas m inhas andanas a
no ser per su adir a vs, jovens e velh os , de que no deveis cu idar
s do corpo, nem exclus ivamente das riquezas, e nem de qualqueroutr a coisa antes e mais fortemente que da alma, de modo que ela
se aperfeioe sempre, po is no do acmulo de r iquezas qu e
nasc e a virt ude, mas do aperfeioamento da alma que nasc em as
r iquezas e tudo o q ue mais impo rta ao homem e ao Estado."
* Scrat es *
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
8/108
Ao Viajante
Tu que passas e ergues para mim o teu brao, antes que me faa
mal. Olha-me bem. Eu so u o c alor do teu lar nas no ites fr ias de
inverno. Eu sou a sombra amiga que tu encontras quando
caminhas sob re o sol de agora. E os m eus frutos sobre a frescura
apeti tosa que te sacia sede nos c aminhos. Eu sou a trave amiga da
tua casa, a tbua da tua mesa, a cama em que descansas , e o lenhodo teu b arco. Eu sou o cabo d a tua enxada, a porta da tua mo rada e
do teu p rpr io caixo. Eu sou o po da bond ade e a flo r da beleza.
Tu que passas olha-me bem e no me faas mal
(Texto escr ito ao lado de tr on co de rvo re den tro do Castelo de So
Jorge, monum ento nacional de Lisboa, em Portugal)
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
9/108
RESUMO
A aroeira (Myracrodruon urundeuva) uma rvore cujas folhas vem sendo
estudadas com fins teraputicos na medicina e odontologia por apresentar potencialantiinflamatrio e antimicrobiano, alm de favorecer o processo de reparo e
cicatrizao. O objetivo do trabalho foi caracterizar quimicamente o extrato de
aroeira e avaliar seu efeito sobre fibroblastos gengivais humanos. Foi realizado a
caracterizao qumica da aroeira por meio do processo de triagem cromatogrfica
que consistiu na coleta das folhas sadias, macerao em metanol (MeOH) 80%,
partio entre os solventes hexano, acetato de etila (AcOEt) e n-butanol (n-(BuOH))
Em seguida, realizaram-se anlises dos compostos qumicos em cromatografialiquida de alta eficincia acoplado a detector de arranjo de fotodiodo HPLC-PAD,
anlises por espectrometria de massas MS e cromatografia liquida acoplada a
espectrometria de massas (LC-MS). Posteriormente foi realizada a anlise de
citotoxicidade do extrato hidroalcolico de aroeira em fibroblastos gengivais
humanos (linhagem FGH). Para a realizao dos experimentos foram plaqueadas
2x103 clulas/poo em placas de 96 poos. O meio de cultivo foi substitudo por
meio de cultura de Eagle modificado por Dullbecco complementado por 10% soro
fetal bovino (SFB) em diferentes concentraes do extrato hidroalcolico de aroeira
(extrato bruto; 1:10; 1:100; 1:1000; 1:10000 e controle). As anlises de viabilidade
foram feitas nos tempos experimentais de 24, 48, 72 e 96 horas, por meio dos testes
de reduo do MTT (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difeniltetrazlio),
captao do vermelho neutro e colorao pelo cristal violeta. A estatstica foi
realizada em anlise de varincia de 2 critrios seguido de uma anlise de teste
Tukey (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
10/108
apresentaram valores semelhantes sem diferena significante (p>0,05). Para o teste
do cristal violeta, os resultados encontrados seguiram o mesmo padro do vermelho
neutro: valores de absorbncia menores nos grupos do extrato bruto e 1:10, ao
contrrio dos outros grupos que apresentaram valores maiores (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
11/108
ABSTRACT
Aroeira (M. urundeuva) is a tree whose leaves have been studied with therapeutic
purpose in dentistry and medicine, due it antimicrobial and antinflamatory potencialprotect, besides the repair and cicatrization processes. The aim of the study was
characterize the aroeiras extract and evaluate effect over human gingival fibroblast.
The aroeiras characterization was realized by meansof chromatography screenuy,
process that consists in healthy leaves maceration in 80% MeOH, partition in the
BuOH, AcOEt and hexanes solvents. Next, the chemicals compounds were
analysed in High Performance Liquide Chromatography-Photo Diode Array (HPLC-
PAD), Liquide Chromatography Mass Spectrometry (LCMS) and Mass Spectrometry
(MSs). Subsequently was realized the citotoxicitys analysis from the aroeira
hidroalcooholic extract in human gingival fibroblast (FGH lineage). For the
experiments realization was platted 2x103cels/well in 96 wells plate. The cultives
mean was substituted for Eagles means culture changed for complemented
Dullbeco for 10% bovine fetal serum in aroeiras hidroalcooholic extracts
concentrations different (brute extract, 1:10, 1:100, 1:1000, 1:10000). The viability
analysis was carried out in experimental times 24, 48, 72 and 96 hours, by means of
MTT reductions test (brometo3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difeniltetrazolio), neutral
red captation and violet crystal). The statistics were performed for analysis of
variance in 2 criteria continue with a Tukey test analysis (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
12/108
Keywords: phytotherapeutic, celular viability, medicinal plants, MTT, neutral red,
Myracrodruon urundeuva.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
13/108
LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1- CCD: 1- E.B. hidroalcolico; 2-Fr hex; 3-Fr AcOEt; 4-Fr BuOH; 5-Fr
aquosa. Fase mvel: BAW (6:1:2). Revelado com NP-Peg.......................................50
Figura 2- CCD: 1- E.B. hidroalcolico; 2-Fr hex; 3-Fr AcOEt; 4-Fr BuOH; 5- Fr
aquosa. Fase mvel: CHCl3: MeOH (7:3). Revelado com NP-Peg............................57
Figura 3- CCD: 1- E.B. hidroalcolica; 2-Fr hex; 3-Fr AcOEt; 4-Fr BuOH; 5-Fr
aquosa. Fase mvel: CHCl3: MeOH ( 7:3). Revelado com anisaldeido/ H2SO4.............58
Figura 4- Cromatograma de separao por HPLC-PAD dos constituintes qumicos
presentes no extrato MeOH 80% das folhas de M. urundeuva. FM: ACN + TFA 0,1%(B) e H2O + TFA 0,1% (A). Coluna Phenomenex Synergi Hydro RP18 (250 x 4.6
mm i.d.; 4 m), HPLC (Jasco), fluxo 1,0 mL min-1, = Figura 4: 280 nm, Sistema
de eluio gradiente: 0-15% B (15 min), 15-20% B (30 min), 20-30% B (30 min), 30-
100% B (5 min), 100% B (isocrtico, 5 min) perfazendo uma anlise com tempo total
de 85 min....................................................................................................................58
Figura 5- Espectro na regio do UV de padro de cido glico................................59
Figura 6- Cromatograma de separao por CLAE-PAD dos constituintes qumicos
presentes na frao 4 (BuOH) do extrato MeOH 80% das folhas de M. urundeuva.
Coluna Phenomenex Luna C18(250 x 4.6 mm d.i.; 5 m). FM: H2O + c. Frmico
0,1% (A) e MeOH + c. Frmico 0,1% (B). Gradiente exploratrio de 0-60 minutos,
de 5-100% de B em A. Fluxo 1,0 mL.min-1, volume injetado 20,0 L, forno de coluna
25C; 280 nm...........................................................................................................60
Figura 7- Bandas de mximo de absoro na regio de UV tpico de flavonide,
obtidas do pico em 16,6 min.......................................................................................60
Figura 8- Espectro de massas em full-scan da Fr 4 (BuOH) obtido por FIA-ESI-IT-
MS em modo negativo................................................................................................61
Figura 9- Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em
modo negativo do on precursor de m/z 1091............................................................61
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
14/108
Figura 10- Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em
modo negativo do on precursor de m/z 939..............................................................62
Figura 11- Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS emmodo negativo do on precursor de m/z 787..............................................................62
Figura 12- Estrutura qumica do 1,2,3,4,6-penta-O-galoil--D-glicose (PGG)..........63
Figura 13- Espectro de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em modo negativo
do on de m/z 477.......................................................................................................63
Figura 14- Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em
modo negativo do on precursor de m/z 609..............................................................64
Figura 15-Anlise da reduo do MTT do extrato MeOH no perodo de 24 horas..65
Figura 16-Anlise da reduo do MTT do extrato MeOH no perodo de 48 horas..66
Figura 17-Anliseda reduo do MTT do extrato MeOH no perodo de 72 horas..66
Figura 18-Anlise da reduo do MTT do extrato MeOH no perodo de 96 horas..66
Figura 19-Anlise da captao do vermelho neutro do extrato MeOH no perodo de
24 horas......................................................................................................................67
Figura 20-Anlise da captao do vermelho neutro do extrato MeOH no perodo de
48 horas......................................................................................................................68
Figura 21-Anlise da captao do vermelho neutro do extrato MeOH no perodo de
72 horas......................................................................................................................69
Figura 22-Anlise da captao do vermelho neutro do extrato MeOH no perodo de
96 horas......................................................................................................................69
Figura 23-Anlise do cristal violeta do extrato MeOH no perodo de 24 horas........71
Figura 24-Anlise do cristal violeta do extrato MeOH no perodo de 48 horas........72
Figura 25-Anlise do cristal violeta do extrato MeOH no perodo de 72 horas........72
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
15/108
Figura 26-Anlise do cristal violeta do extrato MeOH no perodo de 96 horas........73
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
16/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
17/108
LISTA DE ABREVIATURAS
Abs: Absorbncia
AcOEt: Acetato de etilaAc: cido
ACN: Acetonitrila
BAW: Butanol: cido actico: gua (v:v:v)
n-BuOH: lcool n- butlico (n-Butanol)
CCDc: Cromatografia em camada delgada comparativa
CHCl3: Clorofrmio
CLAE (HPLC): Cromatografia Lquida de alta eficincia (High Performance Liquid
Cromatography)
CLAE/EM: Cromatografia Lquida de alta eficincia/Espectrometria de Massas
CV: Cristal Violeta
C18: Carbono 18
Da: Dalton
DMEM: meio de cultura de Eagle modificado por Dullbecco
ESI: Ionizao por eletrospray
EtOH: lcool etlico (Etanol)
EB: Extrato bruto
FGH: Fibroblasto Gengival Humano
FIA:Flow injection analysis (Injeo por fluxo contnuo)
Fr: Frao
H: Hidrognio
Hex: Hexano
HRCB: Herbrio Rio Clarense do Departamento de Botnica
IR: ndice de refrao
IT: on-trap
M: massa
MeOH: lcool metlico (Metanol)
MS (EM): Espectrometria de Massas
MTT: (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difeniltetrazlio)
m/z: relao massa cargam1: espectro de 1 ordem
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
18/108
m2: espectro de 2 ordem
nm: nanmetro
NP-Peg: Natural Products-Polyethilenglycol Reagent
PAD: Photo Diode Array Detector
PBS: Phosphate-buffered saline
PTFE: Politetrafluoretileno (Teflon)
: comprimento de onda
m: micrmetro
l: microlitro
Rf: Retention factor (Fator de reteno/Fator de retardamento)
RP18: Phase Reverse 18 (Fase Reversa 18)SFB: Soro Fetal Bovino
SPE: Solid Phase Extraction (Extrao em fase slida)
TFA: cido trifluoractico
tR: Tempo de reteno
UV: Ultravioleta
VN: Vermelho Neutro
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
19/108
SUMRIO
1 INTRODUO........................................................................................................21
2 REVISO DE LITERATURA..................................................................................25
Fitoterapia...................................................................................................................27
Aroeira (M. urundeuva)...............................................................................................28
Compostos fenlicos..................................................................................................33
3 PROPOSIO........................................................................................................41
4 MATERIAL E MTODO..........................................................................................45
4.1 Etapa Botnica.....................................................................................................47
4.2 Metodologia de fracionamento e purificao das substncias.............................47
4.2.1. Cromatografia em camada delgada comparativa (CCDc)................................47
4.2.2. Reveladores.....................................................................................................47
4.3 Partio 4.4.1. Cromatografia Liquida de Alta Eficincia (CLAE)........................48
4.4.1.1 CLAE analtica................................................................................................48
4.4.1.2. Anlise por FIA-ESI-IT-MS/MS......................................................................49
4.5 Etapa Qumica......................................................................................................49
4.5.1. Avaliao do Perfil Cromatogrfico da Fr BuOH..............................................50
4.6 Cultura Celular......................................................................................................50
4.6.1. Preparo dos grupos experimentais...................................................................51
4.6.2. Anlise de Viabilidade Celular..........................................................................52
4.6.3. Reduo do MTT..............................................................................................53
4.6.4. Captao do vermelho Neutro..........................................................................53
4.6.5. Cristal Violeta...................................................................................................53
5 RESULTADOS........................................................................................................55
5.1. Anlise por CCD comparativa.............................................................................57
5.1.2. Anlise por CLAE analtico...............................................................................58
5.1.3. Anlise por CLAE-PAD da Fr4 do BuOH.........................................................59
5.1.4. Anlise por FIA-ESI-IT-MSn.............................................................................60
5.2 Anlise de Viabilidade Celular..............................................................................64
5.2.1. Anlise da reduo do MTT do extrato MeOH nos perodos de 24, 48,72 e 96
horas...........................................................................................................................64
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
20/108
5.2.2. Anlise da captao do vermelho neutro do extrato MeOH nos perodos de 24,
48,72 e 96 horas.........................................................................................................67
5.2.3. Anlise do cristal violeta do extrato MeOH nos perodos de 24, 48,72 e 96
horas...........................................................................................................................70
6 DISCUSSO...........................................................................................................75
7 CONCLUSO.........................................................................................................83
8 REFERNCIAS.......................................................................................................87
9 ANEXOS...............................................................................................................101
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
21/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
22/108
1 Introduo
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
23/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
24/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
25/108
23
1. Introduo
Considerando os tempos atuais, nota-se um aumento de interesse pelos
extratos de plantas, fruto da grande procura por terapias alternativas. Isto se deve
principalmente ineficcia de alguns produtos sintticos, o alto custo dos
medicamentos alopticos e a busca da populao por tratamentos menos
agressivos ao organismo humano. Os medicamentos fitoterpicos so preparaes
farmacuticas (extratos, tinturas, pomadas e cpsulas) de ervas medicinais, obtidos
a partir de uma ou mais plantas e utilizados para o tratamento de vrias doenas
(SOARES et al., 2008).
Um tero dos medicamentos mais prescritos e vendidos no mundo foram
desenvolvidos a partir de produtos naturais, estimando que 41% dos medicamentosdisponveis na teraputica atual foram desenvolvidos de fontes naturais: 25% de
plantas, 13,3% de microrganismos e 2,7% de animais (CALIXTO, 2003).
O conhecimento tradicional relata que as plantas medicinais so a base para a
medicina popular no Brasil, a qual derivada de uma mistura das influncias de
cultura brasileira indgena, europia e africana do perodo de colonizao
(CARTAXO et al., 2010).
Aliado ao componente cultural, o Brasil apresenta a maior diversidade vegetaldo mundo e h inmeras experincias vinculadas ao conhecimento popular das
plantas medicinais e tecnologia para correlacionar o saber popular e cientfico
(SANTOS et al., 2009). Neste contexto a prtica da fitoterapia vem recebendo
amparo legal significativo nos ltimos anos. Foram identificadas pouco mais de 260
plantas medicinais distribudas em cerca de 19 diferentes indicaes para uso em
odontologia. No entanto, muitos detalhes relacionados s suas propriedades
biolgicas permanecem sem esclarecimentos (SANTOS et al., 2009; BELLIK et al.,2012).
Uma das espcies brasileiras do cerrado que tem captado interesse de vrias
reas a Astronium urundeuva ou Myracrodruon urundeuva, tambm conhecida
popularmente como aroeira. Poucos estudos com o extrato da aroeira foram
realizados, mas j se apresentaram bem significativos para a odontologia. Destaca-
se o trabalho realizado com o preparo do gel tpico feito com a casca de
Myracrodruon urundeuva e o leo da folha da Lippia sidoides em ratos, onde os
autores observaram a reduo da reabsoro alveolar quando comparado com o
grupo controle, durante o experimento que induziu doena periodontal. O estudo de
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
26/108
24
Botelho e colaboradores (2007) tambm mostrou que o mesmo gel apresentou efeito
antimicrobiano.
Alm de ser usada como antiinflamatrio na regio do nordeste do Brasil, a
aroeira, tambm mostrou efeito na atividade anti-ulcerognica e no trnsito
gastrointestinal (DESMARCHELIER, 1999). Um estudo in vivorealizado por Castelo
Branco Neto (2006) avaliou o efeito cicatrizante da administrao tpica do extrato
hidroalcolico de aroeira em feridas abertas na regio dorsocostal de ratos. Nesse
trabalho o autor concluiu que o extrato de aroeira retardou a reepitelizao das
feridas da pele dos ratos.
Em outro estudo foram avaliadas as atividades antimicrobiana, antiaderente e
antifngica da aroeira-do-serto sobre microorganismos do biofilme dental ecandidose oral. O extrato mostrou-se eficaz inibindo o crescimento das bactrias do
biofilme dental e fungos da candidose oral, sugerindo a utilizao desse extrato
como meio alternativo na teraputica odontolgica (ALVES, 2009).
Analisando os relatos acima existe ainda a necessidade de aprofundamento
cientfico (compreenso dos mecanismos e componentes do extrato de aroeira), in
vitroe in vivo,para possibilitar o uso do princpio ativo do extrato da aroeira como
possvel agente antimicrobiano e antiinflamatrio no tratamento odontolgico. Compotencial para uso como veculo usado durante cirurgias periodontais, enxaguante
bucal ps-cirrgico, curativo intracanal, entre outras possibilidades.
A caracterizao dos componentes do extrato de aroeira, aliado ao
entendimento do seu efeito (biocompatibilidade, molculas envolvidas, etc) sobre
fibroblastos gengivais humanos, pode colaborar na compreenso dos seus efeitos
ou mesmo validar efeitos j conhecidos pela cultura popular. Esse cruzamento de
informaes (componentes versus efeitos biolgicos) podero nortear estudosfuturos para estabelecimento de doses e indicaes mais seguras e efetivas do
extrato da aroeira.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
27/108
2 Reviso de Literatura
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
28/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
29/108
27
2. Reviso de Literatura
Fitoterapia
O homem busca, desde tempos remotos, a cura ou o alvio das doenas por
meio do uso das plantas medicinais. Atualmente, diversos fitoconstituintes j so
conhecidos e estudados em modelos experimentais para entendimento de suas
atividades biolgicas in vitroe in vivo(CATO et al., 2006).
Os chamados medicamentos fitoterpicos so preparaes vegetais
padronizadas que consistem de uma mistura complexa de uma ou mais substncias
presentes na planta que so preparados adequadamente e posteriormente
prescritos em obedincia legislao vigente (DI STASI, 2007). De modo geral, os
compostos fitoterpicos podem ser utilizados nas mais variadas frmulas, comocpsulas, comprimidos, gis, pomadas, solues aquosas, solues hidroalcolicas e
infuses, que so conhecidas como chs (FRANCISCO, 2010).
De acordo com Maciel (2002), as pesquisas com plantas medicinais
envolvem investigaes da medicina tradicional e popular (etnobotnica); isolamento,
purificao e caracterizao de princpios ativos (qumica orgnica: fitoqumica);
investigao farmacolgica de extratos e dos constituintes qumicos isolados
(farmacologia); transformao qumica de princpios ativos (qumica orgnica esinttica); estudo da relao estrutura/atividade e dos mecanismos de ao dos
princpios ativos (qumica medicinal e farmacolgica) e finalmente a operao de
formulaes.
Estima-se, portanto, pela Organizao Mundial de Sade (OMS), que 65 a
80% da populao dos pases em desenvolvimento dependem das plantas
medicinais como nica forma de acesso aos cuidados bsicos de sade. Isso
porque o custo menor que os frmacos alopticos (WHO, 1998). A OMS aindaestimula e recomenda o uso daquelas plantas que tiverem comprovada eficcia,
segurana teraputica e desenvolvimento de programas que permitam cultivar e
utilizar as espcies vegetais na forma de preparaes dotadas de eficcia,
segurana e qualidade (LORENZI; MATOS, 2002). Assim, as plantas medicinais
seriam a maior e melhor fonte de obteno de frmacos para a humanidade
(SANTOS et al., 1995).
O Brasil apresenta a maior diversidade vegetal do mundo e inmeras
experincias vinculadas ao conhecimento popular das plantas medicinais e
tecnologia para correlacionar o saber popular e cientfico (CARTAXO et al., 2010).
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
30/108
28
No contexto de uso de plantas medicinais a prtica da fitoterapia vem recebendo
amparo legal significativo nos ltimos anos. Foram identificadas pouco mais de 260
plantas medicinais distribudas em cerca de 19 diferentes indicaes para uso em
odontologia. No entanto, extratos para uso na odontologia so relatados pela
populao, mas poucos foram avaliados cientificamente quanto s suas
propriedades biolgicas. Assim, maiores detalhes de seus efeitos so necessrios
(GROPPO et al., 2008; SANTOS et al., 2009; VARONI et al., 2012).
Mesmo plantas com comprovada atividade farmacolgica, podem apresentar
alguns efeitos colaterais devido ao uso indiscriminado. o caso do ch verde
(Camellia sinensis, Theaceae) que em excesso pode causar danos ao fgado e
arritmia, alm de interagir com outros medicamentos (SOUZA, 2012).Sabemos, por exemplo, que espcies de plantas como Cravo da ndia, Rom,
Malva, Tanchagem, Amoreira, Slvia, Camomila, entre outras, so indicadas nos
casos de gengivite, abscesso na boca, inflamao e aftas. Algumas dessas afeces
vm sendo tratadas com a fitoterapia (OLIVEIRA et al., 2007).
Recentemente, extratos de plantas tm sido incorporados s frmulas de
dentifrcios, que alm de desempenhar outras funes, tem como objetivo principal
melhorar a ao antimicrobiana e atuar como agentes teraputicos (BARRETO etal., 2005). No trabalho de Ditterich et al. (2007), os autores avaliaram a atividade
antimicrobiana de vrias marcas comerciais de dentifrcios com componentes
teraputicos: Sorriso Herbal(prpolis), Malvatricinanti placa e anti-trtaro (tintura
de malva), Colgate Herbal (camomila), Gessy (extrato de ju), Sorriso (ju e
prpolis) e Paradontax (tintura de mirra e camomila). Seus resultados mostraram
que tanto o Stafilococcus aureus como a Escherichia coli foram sensveis aos
dentifrcios estudados, alm de apresentar ao inibitria similar paramicroorganismos Gram positivos e Gram negativos.
Aroeira (Myracrodruon urundeuvaAll)
Uma das espcies brasileiras do cerrado que tem captado interesse de vrias
reas a Astronium urundeuva ou Myracrodruon urundeuva. O gnero
Myracrodruonfoi descrito por Manoel Freire Allemo (FREIRE ALLEMO & FREIRE
ALLEMO 1862), baseado em M. urundeuva. Engler em 1881, subordinou este
gnero ao nvel de seco do gnero Astronium Jacq. A partir desta data, comexceo de Barroso (1984), todos os autores respeitaram a juno efetuada por
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
31/108
29
Engler, at o trabalho de Santin e Leito Filho (1991), onde o gnero Myracrodruon
foi restabelecido Astronium foi sinonimizado a ele. Myracrodruon Freire Allemo
um pequeno gnero da famlia Anacardiaceae, distribudo restritamente Amrica
do Sul, nativas no Brasil (SANTIN & LEITO, 1991). Conhecida pelos nomes
populares de urundeuva, aroeira, aroeira-do-serto, aroeira-do-campo, aroeira-da-
serra, urindeva e arindeva. A aroeira encontrada nos Estados do Cear at o
Paran e Mato Grosso do Sul. mais freqente no nordeste do pas, oeste dos
estados da Bahia, Minas Gerais, So Paulo e sul dos estados do Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso e Gois (LORENZI, 2002).
O uso de plantas medicinais em sade preventiva e curativa cercado de
recomendaes rigorosas quando da sua utilizao, pois segundo Veiga Jr e Pinto(2005) muitas plantas tm mostrado efeitos adversos como irritao gstrica, leses
no sistema nervoso, hemorragias, irritao na mucosa bucal (JUIZ et al., 2009).
A questo da dosagem representa um grande entrave para se garantir a
segurana e eficcia das ervas medicinais, mesmo em se tratando de plantas com
atividade biolgica confirmada, uma dose muito pequena pode no surtir efeito
algum, enquanto que uma dose maior pode induzir interaes perigosas com o
organismo (SOUZA, 2012).A aroeira do serto, uma rvore que, alm das propriedades farmacolgicas
conhecida pelo seu alto poder sensibilizante e irritante, capaz de ocasionar
alergias, reaes urticantes, eczemas e dermatites, frequentemente relatados por
indivduos que tem contado com a espcie (DIGENES e MATOS, 1999).
Alguns trabalhos identificaram compostos nos extratos com funes
particulares, como no caso encontrado na casca da Myracrodruon urundeuva de
onde foi isolada a lectina, protena estvel, que apresentou atividade larvicida contrao mosquito Aedes aegypti de acordo com o estudo feito por S (2009). Enquanto
Viana (2003) detectou a presena de chalconas dimricas presentes na casca de
Myracrodruon urundeuva, que apresentaram efeito analgsico e antiinflamatrio.
Souza (2007) tambm detectou a presena de tanino do tipo profisetidina
encontrado no extrato da casca da aroeira Myracrodruon urundeuvaque apresentou
propriedades antiinflamatrias e antiulcerognicas, em estudo induzindo leso
gstrica em roedores.
De acordo com Souza (2012), a estabilidade do extrato hidroalcolico das
folhas da aroeira apresenta facilidade de decomposio devido s caractersticas
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
32/108
30
comuns dos galotaninos presentes, responsveis por sua classificao como taninos
hidrolisveis, onde as ligaes depsdicas (ligao entre duas unidades de cido
glico) so facilmente rompidas por solvlise (reao entre um soluto e um solvente
para formar novas substncias). As ligaes sofrem metanlise em condies
ligeiramente cidas.
Em estudo realizado no tratamento da diarria, o extrato alcolico da casca de
aroeira foi testado no trato gastrointestinal em ratos. A dose oral do extrato de 100 e
200 mg/kg inibiu significantemente a propulso gastrointestinal induzida pela
fisostigmina. Os efeitos anti-colinrgicos da planta podem justificar em parte esta
atividade anti-diarria (MENENDEZ e RAO, 1988).
Em um estudo fitoqumico com o extrato EtOH 70% das folhas e cascas daaroeira foram identificado os constituintes qumicos do extrato de aroeira. Os
principais constituintes encontrados foram o cido glico, galato de metila, galato de
etila, cido clorognico e cido protocatecuico. Sendo os trs primeiros em maiores
quantidades enquanto que os ltimos parecem substncias minoritrias (SOUZA,
2012).
Em um recente trabalho o leo essencial de trs espcies da aroeira, M.
urundeuva, Schinus terebintifolium e Schinus molle L. foram preparados, sendoestas espcies da famlia da Anacardicea (MONTANARI et al., 2012). O leo das
folhas da espcie de S. terebintifolimexibiu atividade antibacteriana e antifngica.
J o leo essencial de folhas de Schinus molle L. demonstrou um efeito protetor
contra Streptococos anatum e Streptococos enteridis. A alta atividade
antibacteriana do leo das folhas de M. urundeuva aumentou o contedo de
mega-3-carene, induzindo a peroxidao lipdica (MONTANARI et al., 2012).
O estudo do extrato EtOH (70%) das folhas de A. urundeuva indica quederivados de cidos fenlicos so os metablitos secundrios de maior ocorrncia
na espcie, em especial galotaninos, que so polmeros de cido glico com um
ncleo sacardico (um ncleo formado por uma glicose ligado a molculas de cido
glico) (SOUZA, 2012). Essas substncias so conhecidas pela sua instabilidade
frente solvlise, o que justifica um estudo criterioso no somente da composio
qumica, mas tambm da estabilidade do extrato, que pode vir a sofrer
transformaes significativas durante as etapas de extrao, armazenamento e
anlise, que podem influenciar sobremaneira na produo de um fitoterpico
(SOUZA, 2012).
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
33/108
31
Em outro estudo, tambm recente, Carlini et al. (2013) mostraram que os
extratos da casca de Schinus terebinthifolius (aroeira-da-praia) e M. urundeuva
(aroeira-do-serto) apresentaram um potencial txico quando administrados
cronicamente. Esses foram capazes de induzir a m formao ssea nos filhotes de
ratas fmeas tratadas com esses extratos durante a gravidez. Nesse mesmo estudo
altas doses de S. terebinthifolius diminuiram significantemente o nmero de clulas
vermelhas do sangue, hemoglobina e hematcito. No caso do extrato de M.
urundeuva foi achado uma diminuio significante nos valores de hematcitos, e
houve uma diminuio no significante no nmero de eritrcitos e hemoglobina.
O estudo de Menezes e colaboradores (2010) teve como objetivos avaliar a
capacidade dos extratos de ara e de aroeira do serto em interferir com amicrodureza do esmalte dental de ratos submetidos a desafio cariognico, bem
como avaliar o efeito desses extratos sobre a microbiota cariognica implantada
desses animais, e seus possveis efeitos colaterais. O modelo animal e as condies
experimentais se mostraram adequadas para a caracterizao dos efeitos dos
extratos de ara e aroeira diludo em gua testados sobre a microdureza do
esmalte e sobre a microbiota cariognica, sendo que os dois extratos testados
produziram uma reduo substancial da microbiota cariognica nos animaisexperimentais e o consumo dos mesmos afetou positivamente a dureza superficial
do esmalte. A ingesto dos extratos no alterou significativamente os rgos dos
animais, quando comparado com o grupo controle.
Em estudo realizado com o extrato da casca de M. urundeuva foi realizado
ensaio de MTT com trs linhagens cancergenas celulares, MDA-MB-435, HCT-8,
SF-295. Nos resultados obtidos o extrato apresentou atividade citotxica em clulas
cancergenas (MAHMOUD et al., 2011).Alguns efeitos da aroeira, descritos popularmente (reduo na inflamao do
ovrio, lceras externas, bronquite, tosse) foram pesquisados por alguns autores.
Foi relatada atividade anti-ulcerognica e no trnsito gastrointestinal em ratos
(DESMARCHELIER, 1999). Outro estudo realizado in vivo, por Castelo Branco Neto
(2006), avaliou o efeito cicatrizante da administrao tpica do extrato hidroalcolico
de aroeira em feridas abertas na regio dorsocostal de ratos. Nesse trabalho o autor
concluiu que o extrato de aroeira retardou a reepitelizao das feridas da pele dos
ratos.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
34/108
32
Em estudo realizado por Ferreira e colaboradores (2011) foram testados 21
extratos e dentre os testados pelo ensaio do MTT, aps 72 h de incubao, apenas
o extrato etanlico obtido a partir de sementes de Myracrodruon urundeuva, o qual
apresentou traos de esterides (alcalides e fenis em sua composio),
demonstrou atividade citotxica in vitro em clulas tumorais humanas, sendo 2
vezes mais ativo sobre a linhagem leucmica HL-60 do que sobre clulas de
glioblastoma SF-295 e de sarcoma 180.
No trabalho de Machado et al. (2012), os autores avaliaram a resposta
biolgica (por meio de anlise edemognica e histopatolgica) frente ao contato
dos extratos da folha de aroeira com o tecido conjuntivo subcutneo em ratos. O
extrato aquoso de aroeira apresentou, aos 28 dias de experimentao, resultadossemelhantes ao grupo controle (soro fisiolgico): edema e reparo tecidual brando
(tecido conjuntivo de granulao composto por fibras colgenas e fibroblastos),
enquanto para o extrato hidroalcolico, houve uma relao persistente de
inflamao at os 28 dias.
Na odontologia, apesar do uso da fitoterapia ser milenar, a utilizao de plantas
medicinais para tratar doenas bucais ou sistmicas com manifestaes bucais ainda
pouco explorada (OLIVEIRA et al., 2007; VARONI et al., 2012). Entretanto, nosltimos anos as pesquisas relacionadas a produtos naturais cresceram
significantemente, frente ao aumento pela busca por produtos com menor toxicidade,
maior atividade farmacolgica e mais biocompatveis, alm de custos mais acessveis
populao (FRANCISCO, 2010).
Nos trabalhos realizados por Botelho et al. (2007 e 2008) os autores utilizaram
um preparo de gel tpico feito com a casca da aroeira (Myracrodruon urundeuva) e o
leo da folha do alecrim pimenta (Lippia sidoides). O gel foi aplicado no tecidogengival em ratos que tiveram doena periodontal induzida. Nos animais tratados
com o gel foi observada a reduo da reabsoro ssea alveolar quando comparado
com o grupo controle. Alm desses resultados, o estudo de Botelho et al. (2007)
tambm mostrou que o gel apresentou efeito antimicrobiano. Os autores ainda
destacaram a necessidade de se conhecer e pesquisar os efeitos clnicos desses
compostos (BOTELHO et al., 2007; BOTELHO et al., 2008).
Em outro estudo avaliou-se a atividade antimicrobiana, antiaderente e
antifngica in vitro da aroeira-do-serto (extrato hidroalcolico da entrecasca) sobre
microorganismos do biofilme dental e candidose oral. O extrato mostrou-se eficaz
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
35/108
33
inibindo o crescimento das bactrias do biofilme dental e fungos da candidose oral,
sugerindo a utilizao desse extrato como meio alternativo na teraputica
odontolgica (ALVES et al., 2009).
Um outro estudo foi realizado com o fitoterpico na forma de gel, feito com o
extrato aquoso com 10% da entrecasca da aroeira. Os participantes foram
orientados a escovar os dentes com o gel durante 3 vezes ao dia por trinta dias. Em
seguida foi realizado a avaliao por meio do ndice de placa supragengival,
gengivite e sangramento gengival. Os resultados demonstraram que o gel no
apresentou efeito adicional sobre a reduo da inflamao gengival.Dois grupos do
trabalho (grupo com gel contendo 10% de Myracrodruon urundeuva e o grupo
controle - gel placebo) apresentaram reduo significante da gengivite de formasemelhante, apresentando no final do estudo uma porcentagem de reas com
sangramento gengival abaixo do nvel considervel tolervel de 20% (PEREIRA et
al., 2009).
Analisando os relatos acima existe ainda a necessidade de aprofundamento
cientfico (compreenso dos mecanismos e componentes do extrato de aroeira), in
vitroe in vivo,para possibilitar o uso do princpio ativo do extrato da aroeira como
antimicrobiano e antiinflamatrio no tratamento odontolgico para possvel veculousado durante cirurgias periodontais, enxaguante bucal ps-cirrgico, entre outras
possibilidades.
Compostos fenlicos
Os metablitos secundrios em plantas medicinais so compostos
denominados de fenlicos, alcalides e terpenides (EID et al., 2012).
Uma ampla variedade desses metablitos secundrios produzida pelosvegetais superiores, responsveis pela defesa natural da planta sob estresses
biticos e abiticos. Neste grupo de metablitos esto envolvidos compostos
nitrogenados (alcalides, aminas, aminocidos, glicosdeos cianognicos,
glicosinolatos, inibidores de proteases e lectinas) e no nitrogenados como os
terpenides, saponinas, flavonides, antocianinas, taninos, cidos fenlicos,
ligninas, lignanas e poliacetilenos (RGO JUNIOR et al., 2011).
Dentre os compostos acima citados, os cidos fenlicos pertencem classe decompostos fenlicos que apresenta estrutura simples, formada por um anel
aromtico e substituinte (em geral hidroxilas). So formados a partir de aminocidos
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
36/108
34
fenilalanina e tirosina por meio da via de sintetizao do cido chiqumico (JARDINI
et al., 2010). Os compostos fenlicos esto distribudos em toda a planta de maneira
no uniforme, nas formas livre ou esterificados a compostos solveis
(compartimentalizados nos vacolos celulares) ou insolveis (na parede celular),
formando uma mistura complexa juntamente a carboidratos, protenas e outros
componentes de vegetais, de modo que os mtodos de anlise dependem da
natureza da matriz. Por esta razo no h um modelo padro para a extrao e
identificao destes compostos (LIMA e MANCINI-FILHO, 2005; KHODDAMI et al.,
2013).
Os fenlicos so um grupo de metablitos secundrios de plantas
encontrados amplamente em todo reino vegetal, como exemplificado no Esquema 1.Entre esses metablitos esto os flavanides, tocoferis, catequinas, cidos
fenlicos, etc (RECIO, ANDJAR e ROS, 2012).
Esquema 1:Classificao de Fitoqumicos
Adaptado de Liu, 2004.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
37/108
35
A eficincia dos compostos fenlicos na atividade antioxidante varivel e um
dos fatores relevantes a estrutura qumica de cada composto, contando o nmero
e o posicionamento de grupamentos hidroxila ligados ao anel aromtico (JARDINI et
al., 2010).
Os efeitos desses diversos compostos so descritos na literatura, entretanto,
muitas lacunas (mecanismos moleculares) ainda no foram totalmente preenchidas
(BELLIK et al., 2012). Vrios mecanismos de aes celulares so propostas para
explicar o modo de ao de fitoqumicos, mas poucas evidncias foram
apresentadas no sentido de explicar os efeitos in vivo desses fitoqumicos.
Provavelmente so multiplos mecanismos celulares que so modulados
(estimulados/inibidos) por vrios componentes. Em adio faltam trabalhos clnicosduplo-cego para comprovar a eficcia e segurana desses compostos (BELLIK et
al., 2012). Quando procurados trabalhos em animais ou clnicos, relacionados
preveno e tratamento em sade bucal, com uso de fenlicos, esto so
insuficientes ou mesmo inexistentes. Restando apenas evidncias em trabalhos in
vitro(VARONI et al., 2012).
As evidncias cientficas, na sua grande maioria trabalhos in vitro, tem
apontado para efeitos antiinflamatrios, antiproliferativos, antioxidantes, antitumor depolifenis (ARAIM et al., 2002; QUEIRES et al., 2006; RECIO, ANDJAR e ROS,
2012; ROMANO et al., 2013) e alguns so considerados antimicrobianos (MUKNE et
al., 2011). Os polifenis podem modular a expresso de sinais pr-inflamatrios
(RECIO, ANDJAR e ROS, 2012); regular vias de sinalizao e segundos
mensageiros (GMPc, AMPc, protena-quinases, e clcio) (CALIXTO et al., 2008);
inibir algumas enzimas como a DNA girase (CUSHNIE e LAMB, 2006; ROMANO et
al., 2013). Flavonides exercem aes anticncer por meio de uma combinao demecanismos, tais como inativao cancergena, anti-proliferao, parada do ciclo
celular, induo de apoptose, inibio da angiognese, entre outros (GIBELLINI et
al., 2011; CHAHAR et al., 2012). Em um trabalho recente (TRENTIN et al., 2013) foi
proposto que os taninos obtidos de plantas da Caatinga, entre elas a Myracrodruon
urundeuva, foram capazes de inibir a formao de biofilme por danificar a membrana
bacteriana, exibindo assim propriedades bacteriostticas.
As catequinas e epicatequinas so flavanis com atividades antioxidante,
antiinflamatria, antimicrobiana e anticarcinognica presentes principalmente em
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
38/108
36
sementes de uvas. Esses so os principais compostos fenlicos responsveis pelo
sabor e adstringncia de vinhos e sucos de uva (ABE et al., 2007).
O cido glico tambm um cido fenlico conhecido pela sua capacidade na
induo da morte celular. Em cultura de clulas de linhagens tumorais que foram
tratadas com distintas fraes de compostos fenlicos extradas da semente da
Oenothera biennis, foi possvel verificar que aquela que continha 55% (Fr 4) de
cido glico foi a mais eficiente em diminuir a proliferao e a viabilidade celular. O
cido glico conhecido por induzir morte celular ou deter o ciclo celular em uma
variedade de clulas tumorais de maneiras diferentes, dependendo da linhagem
celular usada (PELLEGRINA et al., 2005).
Os taninos pertencem a um grupo de compostos fenlicos provenientes dometabolismo secundrio das plantas e so definidos como polmeros fenlicos
solveis em gua que precipitam protenas. Apresentam alto peso molecular (500-
3000 Da) e contm grupos hidroxilafenlicos em quantidade suficiente para permitir
a formao de ligaes cruzadas com protenas (HASLAM, 1966).
Os taninos podem ser classificados como hidrolisveis e no hidrolisveis ou
condensados (SINGLETON e KRATZER, 1973). Os taninos hidrolisveis por
hidrlise cida liberam cidos fenlicos: glico, cafico, elgico e um acar(SGARBIERI, 1996). Esses cidos fenlicos, assim como os demais compostos
fenlicos existentes em diversos vegetais, apresentam atividade antioxidante, a qual
considerada uma importante funo fisiolgica.
Por serem fenlicos, os taninos so muito reativos quimicamente, formam
pontes de hidrognio, intra e intermoleculares. Um mol de taninos pode ligar-se a
doze moles de protenas; fundamentando-se nessa propriedade podem-se identificar
taninos por teste de precipitao de gelatinas, por exemplo. Estes compostos sofacilmente oxidveis, tanto por meio de enzimas vegetais especficas quanto por
influncia de metais, como cloreto frrico, o que ocasiona o escurecimento de suas
solues (MONTEIRO et al., 2005).
Se conhece 10 classes de flavonoides, todos contendo 15 tomos de
Carbono e seu ncleo bsico em um sistema C6-C3-C6 no qual dois anis
aromticos A e B esto unidos por uma unidade de 3 carbonos que podem formar
um terceiro anel, que se caso existir, chama-se Anel C (UGAZ, 1994).
As aes antinflamatrias e antioxidantes tm aplicaes especficas por
patologias associadas com inflamao crnica sistmica de baixo grau que sustenta
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
39/108
37
a progresso de diabetes mellitus e doena cardiovascular. Mecanismos envolvidos
dependem da estrutura dos compostos, estado redox da inflamao ao redor e
outras interaes (SOORY, 2012).
Em relao aos flavonoides, estes podem ser divididos em classes, sendo
que as propriedades qumicas e biolgicas destes subgrupos podem ser
completamente diferentes de acordo com suas estruturas (ERLUND, 2004).
Os flavonoides representam a classe mais abundante de polifenis de plantas
com mais de 6000 (seis mil) estruturas identificadas. Em recentes anos, os
flavonoides tm se tornado cada vez mais importante por seu uso potencial como
agente profiltico e teraputico em muitas doenas. Investindo em sua aplicao,
focando efeitos antioxidante, antitumoral, antimicrobiano, antinflamatrio, antiviral,antiangiognico e imunomodulador. Os efeitos biolgicos dos flavonides tm sido
relacionados sua habilidade de inibir enzimas e/ou suas propriedades
antioxidantes (GRUBESIC, 2013).
Os flavonides so capazes de influenciar a atividade do sistema nervoso
central e tambm por ligao do stio benzoadiazepina no receptor GABA resultando
em efeitos de sedao, ansioltico ou anti-convulsivo ou por ao como inibidores da
oxidase monoamina A ou B, assim trabalhando como anti-depressores ouantiparkinsons (CHOUDHARY et al., 2011; GUO et al., 2011; HERRERA-RUIZ et al.,
2011; JGERAND SAABY, 2011; JIANG et al., 2011; FERNANDEZ et al., 2012;
KARIM et al., 2012; ZHANG et al., 2012).
Salgado (2006) afirma tambm que os flavonoides mostram um conjunto
extraordinrio de aes farmacolgicas e bioqumicas dos quais sugerem efeito
antinflamatrio e modulao do sistema imune. Diversos mecanismos de ao tm
sido propostos a explicar as aes antinflamatrias de flavonoides in vivo.Flavonides tambm modulam as funes de clulas inflamatrias como linfcitos,
clulas assassinas naturais, moncitos, neutrfilos, clulas alvo e macrfagos.
Os flavonoidesainda exercem ao anti cancergena via uma combinao de
mecanismos como inativao carcinognica, antiproliferao, interrupo do ciclo
celular, induo da apoptose, inibio da angiognese e resistncia reversa de
mltiplas drogas (GIBELLINE et al., 2011; CHAHAR et al., 2012).
Chs que apresentam polifenis dispem de vrias propriedades que tm
sido caracterizadas in vitro. Uma dessas propriedades, por exemplo de que os
polifenis so 5 vezes mais efetivos, como antioxidante, que a vitamina C ou
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
40/108
38
vitamina E e tem sido recentemente observado que o flavonoide galato de
epigalocatequina, encontrado em chs pode regular a produo de ROS pela
modulao da atividade da glutationa e da enzima citocromo P450 (QUNINONES,
2013). Tambm foram encontrados flavonoides no ch verde que apresentam
efeitos neuroprotetores, quando estudados em modelos animais e clulas
(RENDEIRO, 2011).
Alguns estudos tem demonstrado que os compostos fenlicos da rom so
possveis inibidores do crescimento de tumores de mama e de prstata (JARDINI et
al., 2010). A inibio do crescimento das clulas foi verificada por Seeram e
colaboradores (2005), em linhagens tumorais do clon, prstata e oral. Alm da
induo da apoptose e a inibio da lipoperoxidao induzida por Fe+ em modelolipossmico.
Foi descoberto que uma srie de doenas entre as quais cncer, aterosclerose,
diabetes, artrite, malria, AIDS, doenas do corao, podem estar ligadas aos danos
causados por formas de oxignio extremamente reativas denominadas de espcies
reativas do oxignio ou EROS. Estas substncias tambm esto ligadas com
processos responsveis pelo envelhecimento do corpo. Os produtos alimentcios
tambm se mostram suceptveis a estes processos oxidativos, resultando emsubstncias finais prejudiciais ou com caractersticas sensoriais indesejveis,
reduzindo com isso o prazo de validade dos produtos (DEGASPARY, 2004).
No incio dos anos 80 o interesse em encontrar antioxidantes naturais para o
emprego em produtos alimentcios ou para uso farmacutico aumentou
consideravelmente, com o intuito de substituir antioxidantes sintticos, os quais tem
sido restringidos devido ao seu potencial de carcinognese, bem como pela
comprovao de diversos outros males como: aumento do peso do fgado esignificativa proliferao do retculo endoplasmtico (DEGASPARY, 2004).
Um novo composto, isolado a partir do extrato metanlico das folhas de
Paepalanthus argenteus var (Bongard) foi caracterizado como xeractinol, um novo
diidroflavonol C-glucosilado, que corresponde a um flavonoide com atividade
antioxidante (DOKKEDAL et al., 2007) e atividade antiinflamatria (COUTINHO et
al., 2009).
Os taninos apresentam propriedades relacionadas capacidade de seqestro
de seus radicais (SILVA et al., 1991), e essas propriedades tem sido usadas contra
doenas do corao at reduo de oxidao lipdica. Os taninos apresentam
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
41/108
39
grande variao em sua estrutura, alm de estarem em grande concentrao entre
determinadas espcies de plantas (SILVA et al., 1991).
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
42/108
40
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
43/108
3 Proposio
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
44/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
45/108
43
3. Proposio
O objetivo geral deste trabalho foi caracterizar o extrato de aroeira e avaliar
seu efeito sobre fibroblastos gengivais humanos.
Objetivos especficos
1- Identificar o perfil qumico do extrato hidroalcolico de aroeira e seus
principais constituintes;
2- Analisar a influncia do extrato hidroalcolico de aroeira na viabilidade de
fibroblastos gengivais humanos da linhagem FGH.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
46/108
44
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
47/108
Material e Mtodo
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
48/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
49/108
47
4. Material e Mtodo
4.1. Etapa Botnica
Foram coletados 640 g de folhas secas e saudveis de M. urundeuva noHorto Florestal de Bauru e preparada excicata que foi identificada e armazenada no
herbrio Rioclarense (HRCB) do Departamento de Botnica-IB-UNESP-Rio Claro
sob n de identificao da excicata-HRCB59831.
4.2. Metodologia para Anlise dos Extratos e Fraes
4.2.1. Cromatografia em camada delgada comparativa (CCDc)
Foram utilizadas placas preparadas comerciais de silica gel 60 (Merck), de
tamanho 20 X 20 cm em 0,2 mm de espessura de adsorvente. As amostras foram
aplicadas por meio de capilares de vidro nas placas na forma de solues, em
solventes bastante volteis, que possam ser facilmente eliminados aps a aplicao.
Estas amostras foram aplicadas em forma de ponto de 0,3 mm de dimetro, 1,0 cm
acima da borda inferior e 1,0 cm de distncia das adjacentes. A placa introduzida
numa cuba cromatogrfica de vidro, contendo um papel de filtro para saturao com
os vapores do solvente e eludas em diferentes sistemas de solventes orgnicos(fase mvel), utilizando hexano, clorofrmio, acetato de etila, acetona, lcool (n)-
butlico, lcool metlico ou outros.
4.2.2. Reveladores
Inicialmente as placas foram visualizadas sob luz UV 254-366 nm e
posteriormente submetidas a vapores de iodo sublimado ou reveladores como
Anisaldedo/H2SO4 (Wagner, 1996): 85,0 mL de MeOH, 10,0 mL de cido actico,
5,0 mL de H2SO4, que pulverizado na placa cromatogrfica; observam-se manchas
roxas para terpenos, lils para saponinas, amareladas para flavonides, cinza para
cido glico e marrom para taninos; ou NP-Peg (WAGNER, 1996); 100,0 mg de
difenilaminoborato (NP), 500,0 mg de polietilenoglicol 2000 (PEG), 20,0 mL de
MeOH, que borrifado sobre a placa cromatogrfica e observa-se no visvel e sob
luz UV, manchas amarelas para flavonides derivadas do Kaempferol e alaranjadas
para derivados da quercetina.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
50/108
48
4.3. Partio
O mtodo de partio foi utilizado para um fracionamento inicial dos extratos.
Utilizou-se funil de separao, onde foram colocados dois solventes orgnicos
imisciveis, com volumes iguais, com a amostra previamente dissolvida em um dos
solventes utilizados. Aps um dia de repouso, as fases foram coletadas
separadamente, e em seguida concentradas em rotoevaporador sob presso
reduzida, em temperatura inferior a 60C. Cada frao foi transferida para vidro
tarado, deixada na capela at completa secura e pesada.
4.4.1. Cromatografia Lquida de Alta Eficincia (CLAE)
4.4.1.1. CLAE analtica
A anlise do perfil qumico (fingerprint) do extrato hidroalcolico (MeOH
80%) foi realizada em CLAE Jasco com bomba quaternria, modelo PU-2089
(Jasco) acoplado a um detector de arranjo de fotodiodos (PAD), modelo MD-2010
(Jasco) e a um injetor automtico modelo AS-2055 (Jasco). Como fase mvel foi
utilizada ACN + TFA 0,1% (B) e H2O + TFA 0,1% (A). Coluna Phenomenex
Synergi Hydro RP18 (250 x 4.6 mm i.d.; 4 m), fluxo 1,0 mL min-1, = 280 nm,
Sistema de eluio gradiente: 0-15% B (15 min), 15-20% B (30 min), 20-30% B (30
min), 30-100% B (5 min), 100% B (isocrtico, 5 min) perfazendo uma anlise com
tempo total de 85 min. Estes experimentos foram realizados em colaborao com o
Prof. Dr. Wagner Vilegas, no Laboratrio de Qumica de Produtos Naturais, IQ-
UNESP/Araraquara com a colaborao do aluno de Mestrado Leonardo Perez.
A anlise do perfil qumico (fingerprint) das fraes de partio de M.
urundeuvafoi realizada em cromatgrafo Jasco com bomba quaternria com forno
de coluna, detector PAD, em coluna Phenomenex Luna C18(250 x 4.6 mm d.i.; 5m). Como fase mvel utilizou-se os solventes H2O + c. Frmico 0,1% (A) e MeOH
+ c. Frmico 0,1% (B), pureza HPLC. Gradiente exploratrio de 0-60 minutos, de 5-
100% de B em A. O fluxo foi de 1,0 mL.min-1, o volume da amostra injetado foi de
20,0 L, temperatura de 25C; as anlises foram feitas monitorando no
comprimento de onda de 280 nm. Estes experimentos de fingerprint em CLAE
foram realizados no Laboratrio de Bioqumica da Faculdade de Cincias,
UNESP/Bauru com a colaborao do Prof. Dr. Valdecir Farias Ximenes e dos alunosde Mestrado Las Pierone e Luiz Leonardo Saldanha.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
51/108
49
As fraes de partio foram pr-tratadas utilizando cartuchos Sep PaK (SPE)
Strata C18de 500 mg/3 mL, acoplado com filtro PTFE de 0,2 m; os cartuchos foram
pr-condicionados passando sequencialmente MeOH e H2O, ativando, assim, a fase
estacionria; em seguida, a amostra (1 mg de amostra para cada 10 mg da fase
estacionria) previamente solubilizada em pequeno volume de MeOH aplicada no
cartucho.
4.4.1.2. Anlise por FIA-ESI-IT-MS/MS
Os espectros de massas foram obtidos em um espectrmetro de massas
modelo LCQ FLEET (Thermo scientific, equipado com um dispositivo de insero
direta da amostra via anlise por injeo em fluxo contnuo (FIA). A amostra foi
analisada no modo de ionizao por electrospray (ESI) e as fragmentaes em
mltiplos estgios (MS2, MS3) realizadas em uma interface do tipo ion-trap (IT). O
modo negativo foi escolhido para a gerao e anlise dos espectros de massas em
primeira-ordem (MS), bem como para os demais experimentos em mltiplos estgios
(MSn), sob as seguintes condies: voltagem do capilar20 V, voltagem do spray5
kV, temperatura do capilar 275C, gs de arraste (N2) fluxo 12 (unidades arbitrrias).
A faixa de aquisio foi m/z 50-1000, com dois ou mais eventos de varredura
realizados simultaneamente no espectrmetro de massas LCQ. O primeiro evento foi
uma varredura completa (full-scan) do espectro de massas para adquirir os dados
dos ons na faixa m/z estabelecida. Os demais eventos foram experimentos MSn
realizados a partir dos dados da primeira varredura para ons precursores pr-
selecionados com energia de coliso entre 25 e 30% da energia total do
instrumento. O software Xcalibur verso 1.0 (Thermo scientific) foi utilizado durante
a aquisio e processamento dos dados espectromtricos. Para os experimentos de
LC-MS o equipamento foi acoplado a um cromatgrafo modelo Accela High Speed
LC (Thermo cientific). A anlise por FIA-ESI-IT-MS/MS foi realizada no Laboratrio
de Quimica da UNESP/Araraquara com a colaborao do professor Wagner Villegas
e do aluno de Mestrado Leonardo Perez Souza.
4.5. Etapa Qumica
As folhas da aroeira foram selecionadas para extrao com MeOH 80%. A
extrao foi feita por macerao da planta com o solvente orgnico por umasemana. Este procedimento foi repetido vrias vezes, at completa extrao das
substncias. Aps a extrao, o solvente foi filtrado em papel filtro e concentrado em
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
52/108
50
rotaevaporador sob presso reduzida em temperatura
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
53/108
51
Os fibroblastos foram cultivados em meio de cultura de Eagle modificado por
Dullbecco (DMEM) (Cultilab, Campinas, Brasil) e 10% soro fetal bovino (SFB
Cultilab, Campinas, Brasil), suplementado com 1% de antibitico. Assim que
atingiram a subconfluncia foi realizado o subcultivo. O meio do frasco de cultivo foi
aspirado e a monocamada celular lavada duas vezes com soluo tampo fosfato
salina PBSA, pH 7,2 (Cultilab, Campinas, Brasil).
A seguir as clulas foram separadas com 2 mL de uma soluo de tripsina a
0,25% (Cultilab, Campinas, Brasil), durante 1 minuto, a 37C. A tripsina foi inativada
com meio de cultura e as clulas em suspenso foram transferidas para um tubo
plstico do tipo Falcon (TPP) e centrifugadas a 1000 rpm durante 5 minutos, em
temperatura ambiente. O precipitado de clulas resultante da centrifugao foiressuspenso em 1mL de meio fresco, e a suspenso de clulas foi replaqueada em
frascos de cultivo T75.
4.6.1. Preparo dos grupos experimentais
Para os experimentos foram plaqueadas 2x103clulas/poo em placas de 96
poos (TPP) (sextuplicatas). Aps incubao por 24h o meio de cultivo foi
substitudo por meio DMEM complementado por 10% de SFB e 1% antibitico de
diferentes concentraes do extrato de aroeira hidroalcolico (extrato bruto; 1:10;
1:100; 1:1000; 1:10000). A ISO n 10993-5 sugere o protocolo para teste in vitrodo
extrato do material em diferentes diluies, dessa maneria nosso protocolo foi uma
adaptao desse teste da ISO. As solues hidroalcolicas de aroeira foram
previamente preparadas dentro da capela de fluxo laminar e armazenadas em
frascos esterilizados. Inicialmente 20 mg do extrato bruto hidroalcolico (MeOH) de
aroeira foi acrescentado em 20 mL de meio DMEM e 10% SFB em tubo falcon de 50
mL. Em seguida foram realizadas as diluies seriadas, do frasco menos diludo
para o mais diludo: 1:10, 1:100, 1:1000 e 1:10000 respectivamente. As diluies
foram realizadas um dia anterior ao ensaio e armazenado na geladeira. Antes do
uso foi necessrio agitar em vrtex para homogeinizao da soluo.
Os fibroblastos foram analisados em tempos experimentais de 24, 48, 72 e 96
horas aps a adio do meio condicionado. Aps cada perodo experimental, o meio
de cultura contendo o extrato de aroeira hidroalcolico foi removido, as clulas
foram lavadas com PBSA e divididas para realizao das diferentes anlises. Cadaensaio foi repetido duas vezes.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
54/108
52
Os grupos experimentais foram divididos em:
G1- ControleDMEM
G2- DMEM + extrato bruto aroeira hidroalcolico
G3- DMEM + 1:10 aroeira hidroalcolico
G4- DMEM + 1:100 aroeira hidroalcolico
G5- DMEM + 1:1000 aroeira hidroalcolico
G6 - DMEM + 1:10000 aroeira hidroalcolico
B - Blank
4.6.2. Anlise da viabilidade celular
Das anlises de viabilidade celular foram escolhidas trs diferentes, sendo
cada uma responsvel pela colorao de uma organela e/ou funo especfica:
MTT, Vermelho Neutro e Cristal Violeta.
G1
G1
G1
G1
G1
G1
G2
G2
G2
G2
G2
G2
G3
G3
G3
G3
G3
G3
G4
G4
G4
G4
G4
G4
G5
G5
G5
G5
G5
G5
G6
G6
G6
G6
G6
G6
B
B
B
B
B
B
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
55/108
53
4.6.3. Reduo do MTT
O teste de atividade mitocondrial das clulas foi realizado pelo mtodo da
reduo do MTT (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-2,5-difeniltetrazlio) que
ocorre nas mitocndrias de clulas viveis (MOSSMAN, 1983). Esse teste
quantificou a converso do MTT (Vybrant, Molecular Probes, EUA), que solvel em
gua, em um formazan insolvel. O formazan, de cor azul purprea, solubilizado e,
ento, sua concentrao determinada pela densidade ptica em espectrofotmetro
com filtro de 570 nm. As clulas foram incubadas numa soluo de 0,5 mg de
MTT/ml de DMEM sem SFB, por 4h a 37C; aps a remoo da soluo, o pigmento
insolvel reduzido intracelularmente foi extrado em 200 l de etanol/poo, sob
agitao suave por 10 min temperatura ambiente. Experimento realizado emsextuplicata. Em seguida, a absorbncia do extrato hidroalcolico de cada poo foi
mensurada a 570 nm (FluoStar OPTIMA, leitor de fluorescncia em microplacas).
4.6.4. Captao do vermelho neutro (VN)
O parmetro mais utilizado para checar toxicidade a viabilidade celular que
pode ser evidenciada com o auxlio de corantes vitais como o vermelho neutro,
solvel em gua e que passa atravs da membrana celular, concentrando-se nos
lisossomos, fixando-se por ligaes eletrostticas hidrofbicas em stios aninicos
na matriz lisossomal. Muitas substncias danificam as membranas resultando no
decrscimo de captura e ligao do vermelho neutro. Portanto possvel distinguir
entre clulas vivas e danificadas ou mortas, pela medida de intensidade de cor da
cultura celular (ROGERO et al., 2003).
A partir de uma soluo estoque de vermelho neutro 0,4% foi obtida uma
soluo de 50 g/mL de vermelho neutro em DMEM. A soluo obtida permaneceu
em estufa 37C, "overnight" para haver a precipitao de cristais, sendo ento
filtrada em filtro Millipore (0,22 m). As clulas foram tratadas com essa soluo (50
g/mL) e as placas incubadas por 3h, 37oC, para permitir a captao do corante
pelos lisossomos das clulas viveis. Elas foram lavadas com PBS-Ca+2e o corante
foi extrado numa soluo de etanol 50 % e cido actico 1%, colocando-se 200 L
dessa soluo/poo. Em seguida, determinamos a absorbncia a 540 nm (FluoStar
OPTIMA, leitor de fluorescncia em microplacas).
4.6.5. Cristal Violeta
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
56/108
54
O cristal violeta um corante que marca cidos nuclicos das clulas aderidas
e fixadas (KUENG etal., 1989).
Para a realizao do experimento as clulas foram plaqueadas na proporo
de 2x103clulas/poo em placas de 96 poos para os perodos de 24, 48, 72 e 96
horas. Em seguida, as clulas viveis foram lavadas com PBS e fixadas em etanol-
glacial absoluto e cido actico (3:1, vol/vol) por dez minutos a temperatura
ambiente, deixando secar ao ar, encubando 37C, envolvida em papel alumnio. As
clulas foram coradas com cristal violeta a 0,1% (peso/vol) por dez minutos a
temperatura ambiente. O excesso do corante foi removido por decantao e lavado
duas vezes com gua destilada. O corante foi extrado em cido actico a 10%
(vol/vol) e a densidade ptica foi avaliada a 550 nm (FluoStar OPTIMA, leitor defluorescncia em microplacas).
Anlise Estatstica
A estatstica foi realizada em anlise de varincia de 2 critrios seguido de uma
anlise de teste Tukey (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
57/108
5 Resultados
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
58/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
59/108
57
5. Resultados
5.1.1. Anlise por CCD comparativa
As fraes de partio foram submetidas cromatografia em camada
delgada (Figuras 1, 2 e 3). Observa-se nos diferentes sistemas de solventes e
reveladores que a frao 4 (BuOH) apresenta manchas roxas, quando reveladas
com NP-Peg sob luz UV, que se tornam amarelas quando reveladas com
anisaldeido/ H2SO4. Estas coloraes sugerem a presena de flavonides nesta
frao (WAGNER, 1994).
Figura 1:CCD: 1- E.B. hidroalcolico; 2-Fr hex; 3-Fr AcOEt; 4-Fr BuOH; 5-Fr aquosa. Fase mvel:
BAW (6:1:2). Revelado com NP-Peg.
Figura 2:CCD: 1- E.B. hidroalcolico; 2-Fr hex; 3-Fr AcOEt; 4-Fr BuOH; 5- Fr aquosa. Fase mvel:CHCl3: MeOH (7:3). Revelado com NP-Peg.
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
60/108
58
Figura 3: CCD: 1- E.B. hidroalcolico; 2-Fr hex; 3-Fr AcOEt; 4-Fr BuOH; 5-Fr aquosa. Fase mvel:CHCl3: MeOH ( 7:3). Revelado com anisaldeido/ H2SO4.
5.1.2. Anlise por CLAE analtico
Uma alquota (10 mg) do extrato MeOH 80% obtido por macerao foi
avaliada por HPLC-PAD. Foram observados, no cromatograma, dois
comportamentos distintos. Uma primeira parte com picos bem resolvidos (tr entre 0 e
45 min), seguida de uma regio com picos bastante alargados (tr entre 45 e 85 min),
quase que totalmente sobrepostos (Figura 4).
Figura 4: Cromatograma de separao por HPLC-PAD dos constituintes qumicos presentes no
extrato MeOH 80% das folhas de M. urundeuva. FM: ACN + TFA 0,1% e H2O + TFA 0,1%. Coluna
Phenomenex Synergi Hydro RP18 (250 x 4.6 mm i.d.; 4 m), HPLC (Jasco), fluxo 1,0 mL min -1,
= Figura 4: 280 nm, Sistema de eluio gradiente: 0-15% B (15 min), 15-20% B (30 min), 20-30% B(30 min), 30-100% B (5 min), 100% B (isocrtico, 5 min) perfazendo uma anlise com tempo total de
85 min.
Minutes
0 20 40 60 80
mv
0
200
400
mv
0
200
400
PDA-280 nm
Au_Alessandra
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
61/108
59
A evidncia da presena de derivados do cido glico foi comprovada pelas
bandas de absoro do sistema benzlico, com mximos na regio do UV em 210-
220 nm e entre 260-280 nm, conforme Figura 5(STICHER, 2008).
Figura 5: Espectro na regio do UV de padro de cido glico.
A m resoluo dos picos cromatogrficos somada s bandas de absoro
no UV sugerem que as substncias eluindo entre 45 e 85 min (Figura 5)
correspondem aos galotaninos.
Considerando que as anlises por CCD indicaram a presena de flavonides
na Fr4 da frao BuOH da partio, esta foi escolhida para anlises de CLAE-PAD e
FIA-ESI-IT-MS/MS.
5.1.3. Anlise por CLAE PAD da Fr 4 do BuOH
Por meio da separao por CLAE, com o auxlio do detector PAD (Figura 6)
foi possvel confirmar a presena dos compostos derivados de cido glico, eluindo
entre 0 e 10 min, alm de flavonides entre 16 e 31,7 min., com UV caracterstico
desta classe de substncias, que mostram bandas de absoro em 240-290 nm
(Banda II, anel A) e em 300-390 nm (Banda I, anel B) (Figura 7) (MERKEN &
BEECHER, 2000).
nm
200 250 300 350 400
mv
-200
0
200
400
mv
-200
0
200
400
216
272
354
11,23 Min
Au_Alessandra
Lambda Max
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
62/108
60
Figura 6: Cromatograma de separao por CLAE-PAD dos constituintes qumicos presentes na
frao 4 (BuOH) do extrato MeOH 80% das folhas de M. urundeuva. Coluna Phenomenex Luna C18
(250 x 4.6 mm d.i.; 5 m). FM: H2O + c. Frmico 0,1% (A) e MeOH + c. Frmico 0,1% (B).
Gradiente exploratrio de 0-60 minutos, de 5-100% de B em A. Fluxo 1,0 mL.min-1, volume injetado
20,0 L, forno de coluna 25C ; 280 nm.
Figura 7:Bandas de mximo de absoro na regio de UV tpico de flavonide, obtidas do pico em
16,6 min.
5.1.4. Anlise por FIA-ESI-IT-MSn
O espectro de primeira-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS (Figura 8) indica a
presena de derivados de cido glico e galotaninos. Os sinais de m/z 1547, m/z
1091, m/z 939, m/z 787 indicam uma srie de galotaninos com at 9 unidades de
cido glico esterificando uma molcula de glicose (SOUZA, 2012). Experimentos de
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
63/108
61
MS2desses ons precursores mostraram perdas consecutivas de unidades de m/z
152 Da, caracterstico de grupos galoil (Figuras 9, 10e 11).
Figura 8: Espectro de massas em full-scan da Fr 4 (BuOH) obtido por FIA-ESI-IT-MS em modo
negativo.
Figura 9: Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em modo negativo do on
precursor de m/z1091.
AlessandraAnne_AroeirameohFr4_esineg_2607201101_110726101451#1 RT:0,00 AV:1 NL:1,00E2T:ITMS - c ESI Full ms [200,00-2000,00]
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
939,30
787,31
673,20
609,26477,38 708,98
1091,88336,41 567,37 1010,40
463,34 907,39 1150,68
1196,17 1309,05 1548,62
alessandra_anne_Aroeira_MeOHBuOH_filhos_esineg20V_1909201101_110919103330#249 RT:5,44 AV:1 NL:1,64T:ITMS - c ESI Full ms2 1091,00@cid20,00 [300,00-2000,00]
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
939,04
[M 152 - H]-
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
64/108
62
O pico intenso referente ao on de m/z 939 [M-H] sugere a presena do
composto 1,2,3,4,6-pental-O-galoil--D-glicose (Figura 9) (SOUZA, 2012),
substncia natural presente em diversas plantas medicinais (ZHANG et al., 2009).
Figura 10: Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em modo negativo doon precursor de m/z939.
Figura 11: Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MSem modo negativo do
on precursor de m/z787.
AlessandraAnne_AroeirameohFr4_esineg_2607201101_110726101451#21 RT:0,33 AV:1 NL:2,59E1T:ITMS - c ESI Full ms2 939,00@cid25,00 [255,00-1000,00]
300 400 500 600 700 800 900 1000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
769,02
616,99
alessandra_anne_Aroeira_MeOHBuOH_filhos_esineg20V_1909201101_110919103330 #201 RT:4,49 AV: 1 NL:2,01E1T:ITMS - c ESI Full ms2 787,30@cid25,00 [215,00-2000,00]
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
635,20
617,08
465,26
[M 152H]-
152
18
152
[M152H]-
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
65/108
63
Figura 12: Estrutura qumica do 1,2,3,4,6-penta-O-galoil--D-glicose (PGG).
O sinal intenso de m/z 477 no espectro de primeira-ordem foi atribudo a
quercetina-3-O-glucurondeo (KAJDANOSKA et al., 2010). Fragmentao emsegunda-ordem deste on gerou o sinal de m/z 301 [M 176 H]-, sugerindo a
perda de uma unidade glucurondica no flavonide (Figura 13). Esse padro de
fragmentao confirma a presena deste composto.
Figura 13: Espectro de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MS em modo negativo do on de m/z
477.
O sinal de m/z 609 [M H]-, no espectro de primeira-ordem foi atribudo
rutina. Fragmentao em segunda-ordem deste on gerou o sinal de m/z 301 [M
308H]-, o que sugere a perda de uma unidade de hexose e uma deoxihexose (162
+ 146 = 308), confirmando a presena deste composto.
alessandra_anne_Aroeira_MeOHBuOH_filhos_esineg20V_1909201101_110919103330 #300 RT: 6,40 AV: 1 NL: 1,22E1T: ITMS - c ESI Full ms2 477,50@cid20,00 [130,00-600,00]
150 200 250 300 350 400 450 500 550 600m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
477,09
301,14
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
66/108
64
Figura 14:Espectro de massas de segunda-ordem obtido por FIA-ESI-IT-MSem modo negativo do
on precursor de m/z609.
5.2. Anlise de Viabilidade Celular
5.2.1. Anlise da reduo do MTT do extrato MeOH nos perodos de 24, 48, 72 e
96 horas
No primeiro perodo (24 horas), para a anlise da reduo do MTT, todos os
grupos apresentaram valores maiores que o grupo controle. Os grupos 1:100,
1:1000 e 1:10000 (absorbncias prximas 0,200) apresentaram valores
semelhantes em relao ao extrato bruto (0,180) e superiores ao grupo controle
(0,096), entretanto sem diferenas significantes (p>0,05). A nica exceo deste
perodo foi o grupo com diluio de 1:10 (0,374) que obteve maior viabilidade em
relao ao controle (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
67/108
65
(p>0,05). O grupo do extrato bruto (0,143) apresentou valor semelhante ao controle
(0,163). Na diluio de 1:10 do extrato o valor obtido foi 0 (zero) isso porque o
extrato matou todas as clulas, no apresentando viabilidade celular nesse grupo.
Nas diluies de 1:100, 1:1000 e 1:10000 os valores foram superiores ao do grupo
controle, com 0,747, 0,806 e 0,620 de absorbncia, respectivamente (Figura 17 e
Anexo 1).
No perodo de 96 horas os dois grupos com o extrato mais concentrado
(extrato bruto e 1:10) obtiveram valores inferiores ao do grupo controle (controle
1,002; extrato bruto 0,233; 1:10 0,748), entretanto apenas o extrato bruto
apresentou diferena significante do controle (p0,05). O grupo com o maior valor no perodo (1:10000 1,296) tambm
apresentou diferena do grupo controle (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
68/108
66
Figura 16:Anlise da reduo do MTT do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de 48 horas.* diferena significante em relao ao grupo controle (p0,05). O grupo 1:10 no apresentou leitura (0,0).
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
Controle EB MeOH 1:10 1:100 1:1000 1:10000
A570nm
Grupos
MTT
*
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
Controle EB MeOH 1:100 1:1000 1:10000
A570nm
Grupos
MTT
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
69/108
67
Figura 18:Anlise da reduo do MTT do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de 96 horas.
*diferena estatstica significante em relao ao grupo controle (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
70/108
68
maiores que o do grupo controle (controle - 0,109) e no apresentaram diferenas
significantes (p>0,05) (Figura 20 e Anexo 2). Apenas o grupo do extrato bruto
apresentou valor de absorbncia (0,016) inferior aos outros grupos (p0,05). O grupo
do extrato bruto (0,017) e o grupo da diluio de 1:10 (0,049) obtiveram valores de
absorbncia muito abaixo dos outros grupos (p0,05). Enquanto os grupos de extrato bruto
(0,054) e diluio 1:10 (0,131) apresentaram valores bem inferiores aos demais
grupos (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
71/108
69
Figura 20:Anlise da captao do vermelho neutro do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de
48 horas. *diferena estatstica significante em relao ao grupo controle (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
72/108
70
Figura 22:Anlise da captao do vermelho neutro do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de
96 horas. *diferena estatstica significante em relao ao grupo controle (p0,05) (Anexo 3).
No perodo de 48 horas todos os valores de absorbncia dos grupos
tratados foram inferiores ao grupo controle (0,429), no entanto no apresentaramdiferena significante (p>0,05) (Anexo 3). Os valores de absorbncia obtidos pelos
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
Controle EB MeOH 1:10 1:100 1:1000 1:10000
A540nm
Grupos
Vermelho Neutro
*
*
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
73/108
71
grupos tratados foram crescentes de acordo com o aumento da diluio (extrato
bruto0,155 e 1:100000,326) (Figura 24).
No perodo de 72 horas, os grupos controle (1,012) e 1:10000 (0,983)
apresentaram valores semelhantes entre si, sem diferena significante
estatisticamente (p>0,05). Por outro lado, o extrato bruto (0,372) e o grupo de
diluio de 1:10 (0,550) apresentaram valores inferiores ao controle (1,012) (p0,05) (Anexo 3). A diluio 1:10 (0,364) apresentou valor
muito inferior aos outros grupos (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
74/108
72
Figura 24:Anlise do cristal violeta do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de 48 horas. No
houve diferena significante entre os grupos (p>0,05).
Figura 25:Anlise do cristal violeta do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de 72 horas.
* diferena estatstica significante em relao ao grupo controle (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
75/108
73
Figura 26:Anlise do cristal violeta do extrato hidroalcolico de aroeira no perodo de 96 horas.
* diferena estatstica significante em relao ao grupo controle (p
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
76/108
74
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
77/108
6 Discusso
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
78/108
-
7/24/2019 AlessandraCuryMachado Rev
79/108
77
6. Discusso
O uso de compostos de origem vegetal para o tratamento de doenas no
uma conduta nova, no entanto, nos ltimos anos vrios compostos e plantas tem
despertado o interesse de pesquisadores em todo o mundo, com potencial para a
industria farmacutica (RECIO, ANDJAR e ROS, 2012).
Alguns trabalhos tm caracterizado extratos de plantas e identificados
compostos que apresentam efeitos biolgicos de interesse para a rea da sade
(CRAGG et al., 1997). Essa identificao e padronizao do preparo de extrato de
plantas fundamental para a validao e uso desses fitoterpicos. O cuidado nesse
sentido se justifica, uma vez que, tambm so relatados na literatura efeitos
colaterais de alguns compostos e mesmo interao com outras drogas. Entre os
exemplos dessas possveis reaes adversas esto: 1) Cerca de 25% dos gneros
de Anacardiaceae so conhecidos pela sua toxicidade e por causarem dermatite de
contato, como por exemplo, Anacardium, Astronium, Blepharocarya, Cotinus,
Lithrea, Mangifera, Mauria, Myracrodruon, Schinopsis, Schinus, Semecarpus,
Spondias, Swintonia e Toxicodendron. A dermatite provocada por estas plantas
atribuda principalmente aos lipdios fenlicos (PELL, 2004); 2) Outras revises
sobre os flavonides (compostos encontrados em muitas plantas) tm demonstrado
alguns efeitos como toxicidade e hepatotoxicidade (GALATI e O'BRIEN, 2004) e 3)
Interaes adversas com drogas analgsicas (ABEBE, 2002).
Nesse sentido, os relatos da literatura demonstram efeitos biolgicos de
compostos que so encontrados na aroeira (foco do presente trabalho). Estudos
sobre a constituio qumica de Anacardiaceae relatam uma ocorrncia de
flavonides, inclundo biflavonides, terpenos, xantonas, chalconas, e
principalmente, lipdios totais e fenlicos e seus derivados (GEBARA et al., 2011