6653 -rev industrial

10
1 A civilização industrial no século XIX e XX O mundo industrializado no século XIX Iniciada no século XVIII, na Inglaterra, a Revolução Industrial traduziu-se, em "sentido lato", num processo de modificações estruturais profundas na economia, na sociedade e na mentalidade do mundo ocidental ao longo do século XIX. Em "sentido estrito", as transformações tecnológicas e económicas foram, porém, a imagem de marca da revolução industrial. Grandes descobertas técnicas, amparadas em novas fontes de energia, motivaram a passagem da manufatura à maquinofatura. A palavra "indústria" passou a ser utilizada para designar o fabrico, em grande escala, oriundo do maquinismo e um país industrializado definiu-se pela percentagem de mão-de-obra e pela riqueza obtidas através do sector secundário de atividades. Obviamente, a revolução industrial não constou de uma única operação, tal como os diferentes países foram afetados em épocas e a ritmos também diferentes. Assim, de 1780 a 1840-50, distinguimos uma primeira revolução industrial, liderada pela Inglaterra: foi a revolução do carvão, do ferro, do algodão e da máquina a vapor, que determinou o desenvolvimento do Capitalismo Industrial. Por volta de meados do século XIX, a revolução industrial está em expansão. É a segunda revolução industrial, do aço, do petróleo, do VIVER EM PORTUGUÊS Módulo: 6653 - Portugal e a sua História 25 Horas Formadora: Helena Queiroz

Upload: helena-queiroz

Post on 14-Sep-2015

253 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Viver Em Português

TRANSCRIPT

Viver em Portugus

Mdulo:6653 - Portugal e a sua Histria25 HorasFormadora: Helena Queiroz

A civilizao industrial no sculo XIX e XXO mundo industrializado no sculo XIXIniciada no sculo XVIII, na Inglaterra, a Revoluo Industrial traduziu-se, em "sentido lato", num processo de modificaes estruturais profundas na economia, na sociedade e na mentalidade do mundo ocidental ao longo do sculo XIX.Em "sentido estrito", as transformaes tecnolgicas e econmicas foram, porm, a imagem de marca da revoluo industrial. Grandes descobertas tcnicas, amparadas em novas fontes de energia, motivaram a passagem da manufatura maquinofatura. A palavra "indstria" passou a ser utilizada para designar o fabrico, em grande escala, oriundo do maquinismo e um pas industrializado definiu-se pela percentagem de mo-de-obra e pela riqueza obtidas atravs do sector secundrio de atividades.Obviamente, a revoluo industrial no constou de uma nica operao, tal como os diferentes pases foram afetados em pocas e a ritmos tambm diferentes.

Assim, de 1780 a 1840-50, distinguimos uma primeira revoluo industrial, liderada pela Inglaterra: foi a revoluo do carvo, do ferro, do algodo e da mquina a vapor, que determinou o desenvolvimento do Capitalismo Industrial. Por volta de meados do sculo XIX, a revoluo industrial est em expanso. a segunda revoluo industrial, do ao, do petrleo, do motor de exploso e da eletricidade, que se espalha pela Europa e atinge a Amrica do Norte e o Japo, entre 1850 e 1914. O Capitalismo Financeiro atinge, ento, um ponto alto.

O alargamento das vias de comunicaoO alargamento das vias de comunicao foi um fator e um mecanismo da industrializao, na medida em que constituiu um investimento de base. Um investimento de tal modo poderoso, a partir de meados do sculo XIX, que os historiadores no hesitam em falar numa revoluo dos transportes dentro da Revoluo Industrial.A revoluo dos transportes caracteriza-se, antes de mais, pela aplicao da mquina a vapor navegao e aos transportes ferrovirios.

Os caminhos-de-ferroOs caminhos-de-ferro nasceram do encontro de duas tcnicas: o ferro e a mquina a vapor. Os carris eram j utilizados no sculo XVIII para a trao de vagonetas puxadas por cavalos, nas minas e nas pedreiras.Mas a grande revoluo consistiu na aplicao da locomotiva trao dessas vagonetas.Os caminhos-de-ferro provocaram profundas implicaes econmicas, sociais e at culturais: A agricultura encontrou novos mercados e pde vender gneros de pequena durao em zonas distanciadas, assim como especializar as suas produes. Os centros urbanos foram abastecidos com regularidade, evitando-se crises de fornecimento. Quantidades crescentes de ferro, carvo e madeira foram absorvidas, para o apetrechamento e consumo do novo meio de transporte. Impulsionou-se a siderurgia, facilitada pela inveno do conversor Bessemer. Assim se obteve o ao, muito mais resistente que o ferro e simultaneamente malevel. Favoreceram-se as operaes financeiras, mediante o lanamento de aes e emprstimos por obrigaes; construiu-se o aparelho bancrio moderno; criaram-se sociedades por aes, o tipo mais aperfeioado de empresa capitalista no perodo da segunda revoluo industrial. Facilitou-se o povoamento de vastas regies, nos E.U.A. e na Rssia, por exemplo. Reduziram-se as tarifas e os custos dos transportes; estimulou-se o consumo de massas. Em suma, ps-se fim ao isolamento de vastas regies, integradas, desde ento, numa teia de ligaes. Com efeito, a dinamizao das trocas criou um mercado unificado, o verdadeiro mercado interno com a dimenso de um mercado nacional. Ora, um mercado unificado e nacional uma condio imprescindvel modernidade e ao desenvolvimento dos Estados.Absorveu-se, tambm, mo-de-obra disponvel, atravs de novas profisses, como ferrovirios, carregadores...Facilitou-se a correspondncia, reduziu-se a metade o custo das deslocaes dos viajantes; justificou-se a produo mais frequente de publicaes peridicas.Concluindo, as distncias encurtaram-se, circularam ideias novas, o Capitalismo triunfou.A violncia das crises cclicas e as calamidades sociais que as acompanharam mostraram, porm, os excessos do liberalismo econmico. As adaptaes e os reajustes tiveram forosamente de se verificar e os mecanismos de resposta s crises passaram pela adoo de medidas protecionistas e por uma maior interveno dos Estados na vida econmica, submetida doravante a critrios de planificao.

As alteraes urbanas e sociais da industrializaoO sculo XIX registou, por todo o Mundo, um extraordinrio aumento demogrfico, pelo qual a populao da Terra, com exceo feita africana mais do que duplicou no lapso de tempo que decorreu entre os anos de 1800 e 1913-14. Foi para designar este fenmeno, nico na Histria at a vivida, que demgrafos e historiadores utilizaram a expresso "exploso demogrfica", significando o intenso e rpido crescimento populacional do nosso planeta no sculo XIX.O sculo XIX foi tambm um sculo de surto urbano. Como consequncia da industrializao, as cidades cresceram a um ritmo muito acelerado (em nmero, em extenso e em quantidade de populao). O rpido crescimento urbano do sculo XIX atribudo aos seguintes fatores: Ao crescimento demogrfico; s alteraes econmicas provocadas pelas transformaes nos campos e pela industrializao (a mecanizao dos campos e as alteraes no tipo de propriedade contribuem para o desemprego rural. As cidades, centros industriais e comerciais que oferecem maiores possibilidades de emprego, absorvem a mo-de-obra que o campo liberta xodo rural); Ao incremento e desenvolvimento dos transportes, nomeadamente os caminhos-de-ferro; Ao fascnio que as modernidades e as comodidades que a vida citadina parecia oferecer, pela novidade das realizaes culturais e recreativas, correspondendo ao ideal de promoo social.A concentrao populacional, das indstrias, do comrcio e dos servios, nos espaos citadinos, levantou problemas de difcil resoluo, problemas esses que se fizeram sentir de forma mais grave ao nvel: Da habitao: o espao torna-se pequeno para albergar uma populao que cresce rapidamente; Da circulao: o incremento dos transportes, aliado elevada densidade populacional, cria problemas de trfego nas antigas ruas estreitas e sinuosas; Do abastecimento: de gua (cujo consumo exigiu novos meios de captao, tratamento e distribuio), de combustveis e de bens alimentares; Do saneamento e da sade pblica: a forte densidade populacional e a insuficincia de infraestruturas de higiene e de saneamento faziam proliferar as epidemias (como a clera e a tuberculose). Da delinquncia e do desregramento (criminalidade, alcoolismo, violncia domstica, mendicidade, prostituio), causados pela misria extrema e pelo desenraizamento das populaes que afluam cidade.Os problemas sentidos pelas cidades estiveram na origem de intervenes urbansticas que alteraram a fisionomia da cidade: No centro, onde se encontram os edifcios governamentais e de negcios, criam-se redes de saneamento, pavimentam-se ruas, iluminam-se essas mesmas ruas (a gs ou a energia eltrica), abrem-se espaos verdes, constroem-se reas de lazer e de cultura; Os bairros adjacentes prolongam o centro, servindo de rea residencial para os ricos, para as elites urbanas; Os subrbios, dormitrios dos operrios, caracterizados pela insalubridade das ruas e das habitaes.O sculo XIX produziu, em todo o Mundo desenvolvido, impressionantes fluxos migratrios que, embora difceis de contabilizar com preciso, so unanimemente reconhecidos como os maiores da Histria. Estes movimentos demogrficos geraram correntes de migraes internas e de emigrao.

Migraes internas:a) Deslocaes sazonais: movimentos temporrios de populaes que percorriam vrias regies atradas por trabalhos prprios de cada estao do ano e de cada regio.b) xodo rural: normalmente migraes definitivas do campo para a cidade, provocadas pela introduo de prticas capitalistas nos campos e pelo desejo individual de promoo social. Envolveu sobretudo as camadas jovens, provocando enormes implicaes como a diminuio da populao rural, o envelhecimento da populao camponesa, o atraso e estagnao do mundo rural e o rejuvenescimento e carcter mais progressivo das cidades.Emigraes:a) Dentro do espao europeu, a tendncia verificou-se sobretudo entre os pases menos desenvolvidos e os mais industrializados, embora a fuga de situaes de conflito, assim como fatores de ordem poltica e religiosa pudessem acontecer.b) Fora do espao europeu, os EUA, pas abundante em terras e oportunidades.

Condio operria Proletariado - Classe operria que, sem meios de produo, vende a sua fora de trabalho em troca de um salrio.Os operrios enfrentavam grandes problemas dentro e fora do seu local de trabalho: - Elevado risco de acidentes de trabalho e doenas; Ausncia de medidas de apoio social (sem direito a frias, o horrio era puxado, no tinham subsdios de desemprego, velhice ou doena); Contratao de mo-de-obra infantil; Espaos de trabalho pouco saudveis; Espaos de habitao sobrelotados e insalubres; Pobreza e todos os problemas a esta associados (desnutrio, doenas, prostituio, consumo elevado de bebidas alcolicas, mendicidade) As primeiras reaes dos operrios contra a sua condio miservel foram pouco organizadas. Com o passar do tempo, o movimento operrio organizou-se para se tornar mais eficaz, revestindo duas formas: Associativismo (criao de associaes que apoiavam os operrios mediante o pagamento duma quota) Sindicalismo (os sindicatos utilizavam como meios de presso as manifestaes e greves.A reivindicao do dia de trabalho de 8 horas, melhoria dos salrios, direito ao descanso semanal, eram alguns dos objetivos que foram verificados em finais do sculo XIX.

Os novos modelos culturais do mundo industrializadoO sculo XIX ficou conhecido como o sculo da cincia, devido sobretudo ao grande desenvolvimento das cincias experimentais. Com efeito, a corrente filosfica dominante neste sculo foi o positivismo, defendido por Auguste Comte, segundo o qual os conhecimentos cientficos eram construdos atravs de factos positivos, isto , aqueles que se podiam demonstrar experimentalmente. Os principais progressos cientficos do sculo registaram-se nas seguintes cincias: Cincias Naturais estudos sobre as clulas, a hereditariedade e a evoluo das espcies; Fsica estudos no campo da termodinmica, da acstica e da electricidade, que deram origem a uma nova era nas comunicaes; Medicina descoberta dos anestsicos, da vacina contra a raiva e isolamento do bacilo da tuberculose.A cincia passou a dominar a vida moderna, fortalecendo a crena no progresso e na prosperidade, que est associada ao esprito cientfico do sculo XlX.Fruto do iluminismo e do liberalismo, o indivduo e a natureza foram valores celebrados e exaltados ao longo de todo o sculo XIX, estando tambm presentes na ideologia do Romantismo, um dos movimentos culturais de maior fora e abrangncia do sc. XIX.No pensamento romntico, a atraco pela natureza resulta de uma viso pessimista e ctica que lana ao mundo moderno, urbanizado e civilizado, isto , dominado pela mquina, pela tecnologia, pelo materialismo.As cidades do sc. XIX, sobrelotadas e marcadas pela desigualdade econmica e social, sujas e barulhentas, eram bem a imagem dessa decadncia.Em contrapartida, a natureza era vista sob uma aura de idealismo que fazia repousar nela o que de mais genuno e autntico havia na alma humana.Era tambm no mundo rural que ainda se podia encontrar a verdadeira alma das naes, cujas razes medievais se faziam sentir de forma mais autntica nos hbitos e costumes da sua gente.Os escritores e os artistas da segunda metade do sculo XIX passaram a interessar-se pela anlise da realidade social, criticando os vcios da sociedade burguesa. Este novo movimento cultural designado por realismo. O realismo inspira-se na vida real e no quotidiano, quer da sociedade burguesa quer da vida dos bairros populares. O romance realista constituiu um poderoso instrumento de crtica sociedade burguesa.

Em Portugal - Ea de Queirs o principal romancista representante do realismo na literatura; na sua obra Os Maios, Ea retrata e denuncia os vcios da sociedade portuguesa, especialmente da burguesia, no final do sculo XIX.Na arquitetura, a segunda metade do sculo XIX foi marcada pela Revoluo industrial, que implicou novas necessidades e tendncias na construo, ao mesmo tempo que forneceu arquitetura novas solues e novos materiais, como o ferro, o cimento armado e o vidro.A Belle poque corresponde a um perodo que vai de 1871 a 1914. Os Loucos Anos 20 referem-se poca que abarca a dcada de 1920.Durante a Belle poque houve progressos na economia (indstria e comrcio), crescimento das cidades e melhoria das condies de vida. Nesse perodo instalaram-se novos hbitos sociais, sobretudo entre a burguesia que ostentava publicamente a sua riqueza, frequentava a pera, cafs-concerto, sales de ch, seres, acontecimentos desportivos, praias e termas.