agroecológico abril 2012

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Ano 4 | Edição nº 19 | Abril de 2012 www.sinter-mg.org.br Bio Dicas: Como Fazer o Agrobio 02 Utilização do Agrobio no controle e combate a pragas pág. 03 DESTAQUE OUTRAS NOTÍCIAS Produção do Agrobio Fotografia: Ana Luísa Telles Informativo Técnico do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais

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Page 1: Agroecológico Abril 2012

Ano 4 | Edição nº 19 | Abril de 2012

www.sinter-mg.org.br

Bio Dicas: Como Fazer o Agrobio02

Utilização do Agrobio no controle e combate a pragas pág. 03

DESTAQUE

OUTRAS NOTÍCIAS

Produção do AgrobioFotografia: Ana Luísa Telles

Informativo Técnico do Sindicato dos Trabalhadores em Assistência Técnica e Extensão Ruraldo Estado de Minas Gerais

Page 2: Agroecológico Abril 2012

Bio quer dizer vida e fertilizante significa adubo, ou seja, biofertilizante é um adubo vivo, que contém organismos vivos que ajudam no controle de doenças e mine-rais que irão nutrir as plantas. Os biofertilizantes podem ser feitos com qualquer tipo de matéria orgânica fresca (fonte de organismos fermentadores). Na maioria das vezes são utilizados estercos, mas também é possível usar somente res-tos vegetais. O esterco bovino é o que apresenta mais fácil fermentação e já vem inoculado com bactérias decompositoras muito eficientes. Ainda assim, por uma questão de segurança, não deve ser utiliza-do o esterco de animais que estejam sen-do tratados com algum produto como an-tibióticos, vermífugos, carrapaticidas, etc.

Em todos os processos de fermentação é possível utilizar produtos para aumentar a velocidade de fermentação, ou seja, pro-dutos que vão alimentar as bactérias que farão a decomposição da matéria orgâni-ca. Tais produtos são chamados de catali-sadores (soro deleite, caldo de cana, açú-car mascavo, melaço). É possível ainda, enriquecer o esterco líquido com minerais que são importantes para o desenvolvi-mento das plantas. Podemos adicionar cinzas, fosfato natural, farinha de osso, pó de rochas ou alguns microelementos, que poderão ser utilizados pelas plantas.

Antônio DominguesDiretor de Comunicação do Sinter-MG

Agrobio

Modo de Preparo:

Os ingredientes devem ser bem misturados e deixados fermentar por uma semana. A este caldo nutritivo, nas sete semanas subseqüentes, são acrescen-tados, semanalmente, os seguintes ingredientes, previa-mente dissolvidos em água: 430g de bórax ou ácido bórico, 570g de cinza de lenha, 850g de cloreto de cálcio, 43g de sulfato ferroso, 60g de farinha de osso, 60g de farinha de carne, 143g de termofosfato mag-nesiano, 1,5kg de melaço, 30g de molibdato de sódio, 30g de sulfato de cobalto, 43g de sulfato de cobre, 86g de sulfato de manganês, 143g de sulfato de magnésio, 57g de sulfato de zinco e 29g de torta de mamona.

Nas quatro últimas semanas, são adicionados 500 ml de urina de vaca. A calda deve ser bem misturada duas vezes por dia. Após oito semanas, o volume deve ser completado para 500 litros e coado. São indispen-sáveis, para a produção do Agrobio em maior escala, os seguintes ma-teriais: caixa d’água de plástico com tampa e capacidade de 500 litros; bancada de concreto ou madeira; conexões de 2 polegadas; pá; baldes; tela e peneira para coagem.

O Agrobio pronto apresenta cor bem escura e odor característico de produto fermentado e pH na faixa de 5 a 6. A análise química do biofer-tilizante fornece os seguintes resultados por litro: 34,69g de matéria or-gânica; 0,8% de carbono; 631mg de N; 170mg de P; 1,2g de K; 1,59g de Ca e 480mg de Mg, além de traços dos micronutrientes essenciais às plantas. O seu uso não traz riscos à saúde, uma vez que os testes microbiológicos, até hoje conduzidos, não detectaram coliformes fecais, bactérias patogênicas e toxinas.

Recomendações de uso:

Na produção de mudas, hortaliças folhosas, hortaliças de fruto, através de cultivo orgânico em sistema protegido (estufas) ou cultivo convencio-nal a campo, e culturas perenes.

Editorial

DIRETORIA COLEGIADA DO SINTER-MGDiretor Geral | Carlos Augusto de Carvalho Diretor Secretário | Ronaldo Vieira de Aquino Diretor de Administração e Finanças | Darci Roberti Diretor de Comunicação e Cultura | Antônio Domingues de Souza Diretor De Assuntos Jurídicos | Pascoal Pereira de Almeida Diretor de Formação Política e Sindical | Lúcio Passos Ferreira Diretor de Assuntos de Agricultura Familiar e Reforma Agrária | Leni Alves de Souza Diretor De Assuntos Dos Aposentados | Elizabete Soares de Andrade

DIRETORES DE BASE Norte | Maria de Lourdes V. Leopoldo Centro | Afrânio Otávio Nogueira Triângulo | Walter Lúcio de Brito Leste | Adilson Lopes Barros Zona Da Mata | Margareth do Carmo C. Guimarães Sul | André Martins FerreiraAlto Paranaíba e Noroeste | Paulo César Thompson

REpRESENTANTES DAS SEçõES SINDICAISJanaúba | Raimundo Mendes de Souza Júnior Januária | Renato Alves Lopes Montes Claros | Onias Guedes Batista Salinas | José dos Reis Francisco da Rocha Barbacena | Tadeu César Gomes de Azevedo Belo Horizonte | Silmara Aparecida C. Campos Curvelo | Marcelino Teixeira da Silva Divinópolis | Júlio César Maia Uberaba | Oeder Pedro Ferreira Uberlândia | Carlos Miguel Rodrigues Couto Patos De Minas | Dener Henrique de Castro Unaí | Dalila Moreira da Cunha Almenara | Ronilson Martins Nascimento Capelinha | Vilivaldo Alves da Rocha Governador Valadares | Maurílio Andrade Dornelas Teófilo Otoni | Luiz Mário Leite Júnior Cataguases | Janya Aparecida de Paula Costa

Manhuaçu | Célio Alexandre de O. Barros Juiz de Fora | Deyler Nelson Maia Souto Viçosa | Luciano Saraiva Gonçalves de Souza Alfenas | Sávio dos Reis Dutra Lavras | Júlio César Silva Pouso Alegre | Sérgio Bras Regina

CONSELhO FISCAL Ilka Alves Santana | Francisco Paiva de Rezende | Marlene da Conceição A. Pereira | Noé de Oliveira Fernandes Filho | Reinaldo Bortone

CONExãO SINTERCoordenação | Antônio Domingues Participação | Diretoria Sinter-MG | André Henriques Edição | Mauro Morais Diagramação | Somanyideas Projeto Gráfico | Somanyideas Jornalista Responsável | Dante Xavier MG-13.092 Circulação | Online

Para sugestões, comentários e críticas sobre o Conexão [email protected]

Bio Dicas

Rua José de Alencar, 738 | Nova Suíça | Belo Horizonte/MG CEP 30480-500 | Telefax: 31 3334 3080www.sinter-mg.org.br | [email protected]

Edição nº 18 | Março de 2012 | Ano 4 02

Page 3: Agroecológico Abril 2012

Edição nº 18 | Março de 2012 | Ano 4 03

A busca por estratégias ecológicas de controle de pragas requer um processo de transição que envolve várias etapas que permitam conciliar as necessidades de manter a propriedade agrícola rentável ao mesmo tempo em que se aumenta o equilíbrio ecológico. Dessa forma, enquanto os princípios ecológicos não estiverem comple-tamente incorporados aos sistemas agrícolas, isto é, ainda estiverem desequilibrados, espe-cialmente em casos de conversão do sistema convencional, estratégias complementares de-vem ser utilizadas como medidas auxiliadoras no controle de pragas e doenças, sendo proibido o uso dos agrotóxicos convencionais sintéticos, seja para combate ou prevenção, inclusive na ar-mazenagem. Essas estratégias referem--se ao uso de pro-dutos biológicos ou naturais conhecidos como defensivos al-ternativos, que po-dem ser divididos em duas classes: os fertiprotetores e os protetores.

Os fertiprotetores são produtos que fornecem nutrientes às plantas, influen-ciando positivamen-te no processo metabólico das mesmas, além de contribuírem para o controle de parasitas. Aí se incluem biofertilizantes líquidos, caldas (sulfocál-cica, viçosa e bordalesa), urina de vaca, leites etc.

Os protetores são os produtos que agem dire-tamente no controle dos fitoparasitas, como os agentes de biocontrole, os extratos vegetais, os feromônios etc.

BIOFERTILIZANTES LÍQUIDOS

Esses produtos, ao serem absorvidos pelas plan-tas, funcionam como fonte suplementar de mi-cronutrientes e de componentes inespecíficos, acreditando-se que possam influir positivamente na resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças, regulando e tonificando o metabo-lismo. Tais produtos tem o potencial para con-trolar diretamente alguns fitoparasitas através de substâncias com ação fungicida, bactericida e/ou inseticida presentes em sua composição.

Nos últimos anos, a equipe técnica da Estação Experimental de Seropédica da PESAGRO-RIO

formulou o biofertili-zante Agrobio, a partir da receita original de outro biofertilizante conhecido por Super Magro.

B IOFE RTI LIZANTE AGROBIO

Agrobio é um biofertili-zante produzido a par-tir de esterco bovino fresco, água, melaço e sais minerais, submeti-dos à fermentação em

temperatura ambiente por aproximadamente 56 dias em recipientes abertos. Este produto, de-senvolvido pela PESAGRO-RIO (EES) tem sido largamente utilizado por agricultores orgânicos e convencionais no estado do Rio de Janeiro, ao qual atribuem efeito nutricional e de controle de doenças em diferentes culturas.

O Agrobio é obtido por meio da transformação microbiana, em sistema aberto, de uma mistura

A utilização do Agrobio no controle e combate a pragas

A busca por estratégias ecológi-

cas de controle de pragas requer

um processo de transição que en-

volve várias etapas que permitam

conciliar as necessidades de man-

ter a propriedade agrícola rent-

ável ao mesmo tempo em que se

aumenta o equilíbrio ecológico.

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Edição nº 18 | Março de 2012 | Ano 4 04de água, esterco bovino fresco, melaço, leite e sais minerais. Após 56 dias aproximadamente dependendo das condições ambientais, o pro-duto pode ser engarrafado para uso em lavou-ras, como fertilizante foliar e também para con-trolar algumas doenças em mudas de hortaliças folhosas, de ornamentais e de fruteiras em geral.

No Agrobio há uma comunidade microbiana composta por fungos (Fusarium tabacinum), bactérias (Lactobacillusspp. e Bacillus subtilis) leveduras (Candida spp. e, principalmente os fungos Cryptococcus laurentii e actinomicetos (Streptomyces spp) e acredita-se que a sua ação possa estar relacionada ao aumento da atividade microbiana propiciada pelas aplica-ções freqüentes do produto.

Não existem informações na literatura do efeito do Agrobio sobre o desenvolvimento de fitopa-tógenos, porém já existem relatos para outros biofertilizantes. Castro et al. (1991) comprova-

ram o efeito do biofertilizante proveniente da di-gestão anaeróbia do esterco bovino causando inibição do crescimento de Colletotrichum gloe-osporioides, agente da antracnose do maracujá, de Thielaviopsis paradoxa, agente da podridão do abacaxi, de Penicillium digitatum agente do mofo verde dos citrus e de Cladosporium sp.,

agente da mancha deprimida do maracujá. Tra-tch e Bettiol (1997) verificaram em biofertilizan-te produzido com a adição de sais e resíduos orgânicos, que concentrações acima de 15% inibiram completamente o crescimento micelial de Alternaria solani,Stemphylium solani, Septo-ria lycopersici, Sclerotinia sclerotiorum, Botrytis cinerea, Rhizoctonia solani e Fusarium oxyspo-rum f. sp. phaseoli e a germinação de esporos de B. cinerea, A. solani, Hemileia vastatrix e Co-leosporium plumierae.

PARA PRODUZIR 500 LITROS DO AGROBIO

• 200 litros de água • 100 litros de esterco fresco bovino • 20 litros de leite de vaca ou soro • 3 kg de melaço

Fonte:Biofertilizante agrobio: uma alternativa no controle da mancha bacteriana em mudas de pimentão (Cap-sicum annuum L.)

PESAGRO-RIO

Cartilha: Caldas e Biofertilizantes – Embrapa Clima Temperado