cartilha_manejo agroecológico dos solos_2009

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Excelente material do CENTRO VIANEI DE EDUCAÇÃO POPULAR voltado para agricultores.

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Page 1: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009
Page 2: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Esta publicação recebeu apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento Agrário através da Secretaria da Agricultura Familiar/Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural. Este ma-terial didático faz parte das atividades do projeto “Capacitação em agroecologia, comercialização, crédito rural, gênero e educação popular para Agricultores/Agricultoras Familiares e Jovens Rurais do Território do Planalto Catarinense, tendo em vista a formação de agentes de desenvolvimento”. O projeto tem como proponente o Centro Vianei e como parceiras as entidades da Rede de Agroeco-logia do Território Serra Catarinense. Este projeto foi aprovado na chamada para projetos de Assis-tência Técnica e Extensão Rural 2006 – Apoio a projetos de ATER para agricultores familiares e está conveniado sob o contrato nº 0201499-66 com a Caixa Econômica Federal.

Coordenação ExecutivaSelênio Sartori

Grupo de TrabalhoCentro Vianei - Zeferino Leite da Silva, Selênio Sartori, Simone Aparecida Pereira, Aldo Esmério, Natal João Magnanti

ElaboraçãoNatal João Magnanti

Coordenação EditorialNatal João MagnantiPúblio Sartori

Projeto GráficoSuper Nova Comunicações

FotosCentro Vianei de Educação Popular

ImpressãoGrafine – Gráfica e Editora Inês Ltda

Tiragem 1.000 exemplares

CENTRO VIANEI DE EDUCAÇÃO POPULARAv. Papa João XXIII, 1565 – Bairro Ipiranga – CEP – 88505-200 – Lages – SCFone/fax – 49-3222-4255 – correio eletrônico – [email protected]

Manejo Agroecológico de Solos no Território da Serra Catarinense.

Elaboração: Natal João MagnantiLages/SC:Centro Vianei, 2008, 32 p. 1. Agroecologia2. Manejo de Solos3. Adubação Verde4. Calagem5. Fosfatagem

Setembro de 2008

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Ficha Catalográfica

Page 3: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Agradecimentos ...............................................................................................................................................................04Autor ......................................................................................................................................................................................04Siglas ......................................................................................................................................................................................04

1. Apresentação..................................................................................................................................................................05

2. Histórico............................................................................................................................................................................07

3. Rede de Agroecologia do Território da Serra Catarinense..............................................................................08

4.Localização Geográfica.................................................................................................................................................08

5. Agroecologia como Paradigma................................................................................................................................09

6. O solo é um organismo vivo......................................................................................................................................10

7. Como trabalhar melhor o solo e devolver-lhe a vida.......................................................................................11

8. Os trabalhos com Adubação Verde.........................................................................................................................12

9. Experimentação com fosfato natural.....................................................................................................................21

10. Referências Bibliográficas........................................................................................................................................30

LISTA DE TABELAS

Tab. 1 - Efeito do tipo de cultura anual sobre as perdas por erosão. Medidas pluviométricas de 1.300mm e declive entre 0,5 e 12,8%.......................................................................................................05

Tab. 2 - Informações técnicas de diferentes adubos verdes de inverno............................................................................13

Tab. 3 - Composição química na matéria seca de diferentes adubos verdes de inverno...........................................13

Tab. 4 - Apresentação do nº. de sementes produzidas e longevidade de sementes de plantas.............................16

Tab. 5 - Influência de diferentes métodos de preparo do solo sobre o número de minhocas.................................16

Tab. 6 - Número de artrópodos após um ano e meio de preparo do solo diferenciado. (Camada de 0 a 15 cm de profundidade) Latossolo Roxo, Londrina..................................................................16

Tab. 7 - Rendimento de massa seca total (acumulado em dois anos), cobertura de solo na oportunidadeda semeadura de milho no segundo ano e temperatura máxima de solo proporcionado pelo cultivo de diferentes sequências de culturas. EEA – Guaiba – RS.......................................................................17

Tab. 8 - Resultados da determinação da capacidade de infiltração do solo da unidade Santo Ângelo emcondições de mato, campo virgem, plantio direto e convencional. (Média de 6 repetições)..................18

Tab. 9 - Para trevo branco, vermelho e encarnado, alfafa e cornichão..............................................................................20

Tab. 10 - Para produção de adubação verde..............................................................................................................................20

Tab. 11 - Para produção de sementes de adubação verde....................................................................................................20

Tab. 12 - Disponibilidade média dos componentes de forragem em massa seca (kg/ha) de trevovermelho (Trifolium pratense), trevo branco (Trifolium repens), cornichão (Lotus corniculatus), capim lanu-do (Holcus lanatus) e outras espécies no período de outubro de 2002 a outubro de 2003, em função de tra-tamentos com fosfato natural (FN), superfosfato triplo (ST) e calcário............................................................25

Tab. 13 - Composição química do solo na implantação da pastagem e no final da avaliaçãodo experimento....................................................................................................................................................................29

SUMÁRIO

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Aos agricultores e agricultoras familiares agroecológicos do Território Serra Catarinense, bem como as suas organizações, que foram e são fundamentais para que este trabalho exis-ta e possa continuar existindo e florescendo ao longo de muitas décadas.

Ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que através da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) e do Departamento

Agradecimentos

Natal João Magnanti, pedagogo e engenheiro agrônomo, mestre em Ciências do Solo pela UDESC/CAV, atualmente é Secretário de Administração e Finanças do Centro Vianei de Educação Po-pular e Presidente do Centro de Estudo e Cooperação da Agricultura de Grupo (Florianópolis/SC - CEPAGRO). Coordena o Núcleo Planalto Serrano da Rede Ecovida de Agroecologia, é membro do Conselho de Administração da Cooperativa Ecológica Ecoserra, membro da Comissão Estadual de Agricultura Orgânica do Estado de Santa Catarina, conselheiro do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Lages e do Estado de Santa Catarina.

Autor

AMURES – Associação dos Municípios da Região Serrana de Santa Catarina

ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural

ASPTA – Assessoria e Serviços a Projetos de Tecnologias Alternativas

CEPAGRO – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo

CAV – Centro de Ciências Agroveterinárias

DATER – Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural

Siglas

de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), financiaram o projeto “Capacitação em agroe-cologia, comercialização, crédito rural, gênero e educação popular para Agricultores/Agricul-toras Familiares e Jovens Rurais do Território do Planalto Catarinense, tendo em vista a formação de agentes de desenvolvimento. E à Caixa Eco-nômica Federal pelo apoio como agente finan-ceiro”.

ECOSERRA – Cooperativa Ecológica Ecoserra

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

PTA – Projeto de Tecnologias Alternativas

ONG – Organização Não Governamental

SAF – Secretaria de Agricultura Familiar

T.A Sul – Tecnologias Alternativas do Sul

UDESC – Universidade do Estado de S. Catarina

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

Cultivo mínimo de cebola em Alfredo Wagner, SC.

Manejo ecológico de solos com piquetes em ‘plain ar’,

Campos Novos, SC

Consórcio de olerícolas e manejo do mato.

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Este material apresenta uma síntese dos trabalhos engendrados pelo Centro Vianei de Educação Popular e pela Rede de Agroecologia do Território Serra Catarinen-se em relação às temáticas de manejo do solo, aduba-ção verde, controle da ero-são, calagem e adubação.

De maneira geral os solos ocupados pelos agri-cultores familiares possuem características de baixa fer-tilidade natural, alto teor de alumínio e matéria orgânica, presença mediana de pe-dras e relevo ondulado. Veri-ficando-se os solos que são utilizados pelos agriculto-res (as) familiares que com-põem a Rede de Agroecolo-gia, nota-se que na maioria das vezes existe algum tipo de restrição para o seu uso com culturas anuais e pas-tagens anuais. Assim sendo, são necessárias medidas de controle e manutenção/me-lhoria do solo para utiliza-ção destes para a finalidade de semeadura de culturas e

1. ApresentaçãoA utilização de práticas

convencionais de preparo do solo (aração/gradagem) tem provocado o empobrecimen-to do solo e, por conseguinte, do agricultor (a). Preparan-do-se o solo e enterrando-se os restos vegetais, o solo nu estará exposto, sem prote-ção ao impacto da gota de chuva. Seguindo dados de MEYER & MANNERING cita-dos por DERPSCH, a energia do impacto, ou energia ciné-tica das gotas de chuva que caem em um ano sobre um hectare de terra corresponde aproximadamente à energia liberada por 50 toneladas de dinamite. Esta energia de impacto fragmenta os agre-gados do solo em partículas diminutas que rapidamente entopem os macroporos de drenagem da água, logo após o início da chuva, selando a superfície do solo, impedin-do assim a rápida infiltração da água da chuva. A água que escorre carrega o solo e provoca danos por erosão de diferentes dimensões.

Para conter a erosão e os problemas decorrentes da sua ação são necessárias várias medidas de controle. O sistema de produção con-vencional de grãos da região é baseado nos cultivos de verão, que vão de setembro/outubro a junho/julho para aqueles que plantam cultu-ras anuais.

Existem vários sistemas de condução convencional do solo na época de entres-safra na região, alguns deles descrevemos a seguir:

Tabela 1 - Efeito do tipo de cultura anual sobre as perdas por erosão. Medidas pluviométricas de 1.300mm e declive entre 0,5 e 12,8%.

Fonte: A cultura do feijão em Santa Catarina.

Culturas Perda de solos (t/ha/ano)

Feijão Arroz Soja MilhoMilho + Feijão

38,125,120,112,010,1

pastagens anuais.

A partir de dados de produtividade média de Re-gião Serrana de Santa Cata-rina pode-se perceber que os índices ficam abaixo das produtividades desejáveis.

Segundo o Plano Bási-co de Desenvolvimento Re-gional da AMURES, a produ-tividade média dos cultivos convencionais do milho na região é de 40 sc/ha, o feijão é de 16 sc/ha e o arroz de sequeiro é de 36 sc/ha. Es-tas médias de produtividade são inferiores ao potencial produtivo destas culturas.

As áreas onde se rea-lizam os cultivos, normal-mente, possuem alguma restrição para o plantio de culturas anuais, sendo que boa parte das áreas é sus-cetível à erosão hídrica do solo. Observando os dados da tabela 1 podemos per-ceber as perdas médias de solo por decorrência da ero-são hídrica.

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a) A maioria dos agricultores (as) após a colheita das culturas comerciais libera a área de lavoura para o gado alimentar-se da resteva das culturas de verão e de plantas “invasoras”, prin-cipalmente milha (Digitaria sanguinalis) e papuã (Brachiaria plantaginea) que estão normalmen-te presentes no local de cultivo. Esta forma de manejo agrava os problemas de solo substan-cialmente. Nesta situação o solo fica sob a ação do pisoteio dos animais por um período que va-ria de 4 a 6 meses e diminui significativamente sua cobertura.

b) Agricultores (as) um pouco mais tecnifi-cados/capitalizados realizam a partir dos meses de março/abril a semeadura de pastagens anu-ais de inverno nas áreas de produção de grãos. Normalmente a pastagem utilizada é a aveia preta (Avena strigosa/SCHREB), sendo que se utiliza também o azevém (Lollium multiflorum LAM.) e em raros casos a ervilhaca (Vicia spp L.). Na maioria das vezes as sementes são adquiri-das fora da propriedade e o solo é submetido ao preparo convencional para a implantação de pastagem. Assim sendo, 45 a 60 dias após a se-meadura a pastagem é utilizada pelos animais de forma extensiva. Neste momento a pasta-gem naturalizada dos potreiros ou natural dos campos não oferece alimento suficiente para

a manutenção/produção dos animais. Assim, a alimentação dos animais fica restrita à pasta-gem anual de inverno e eventualmente à sila-gem. Observações de campo demonstram que normalmente a quantidade de área destinada à pastagem não é compatível com o número de animais que as propriedades possuem e para o sistema de manejo que empregam. Neste caso os animais alimentam-se de maio a julho/agosto com a pastagem anual de inverno. De maneira geral o solo sofre um pisoteio intenso e a quan-tidade de palha e ou resteva de pastagem é in-suficiente para assegurar o controle do impacto da gota de chuva e por conseguinte reduzir ou frear a erosão.

c) Ocorre ainda uma terceira situação, em que o agricultor faz a semeadura de pastagem anual de inverno da mesma forma que no caso anterior, mas procura dividir a área em pique-tes e manter um controle sobre os animais na área. Desta forma é possível, no final do ciclo das plantas que estão sendo utilizadas como pastagem, retirar os animais da área e manter uma massa razoável de matéria verde, que irá ser incorporada por ocasião do preparo do solo para a semeadura das culturas comerciais de verão. Assim, os efeitos da erosão são menores que nos casos anteriores.

Em todos os casos a pressão que o solo sofre é muito intensa, tendo em vista que, quando existe cobertura, ela é aproveitada pelos animais. Mas tendo em todos os casos que suportar uma carga ani-mal normalmente acima de sua capacidade. Pode-se dizer com relativa segurança que boa parte dos problemas de solo da região só serão amenizados ou solucionados quando os problemas de alimen-tação e manejo principalmente dos bovinos forem equacionados. Na verdade o que se cria é um ciclo

que começa com a destruição da estrutura física do solo e que mantém em constante fome os animais, ou seja, enquanto não for resolvido o problema da alimentação animal nas pro-priedades, sempre haverá, prin-cipalmente por boa parte dos bovinos, uma pressão sobre o solo destinado à produção de grãos. Assim sendo, nunca será possível um manejo adequado dos restos culturais, bem como da cobertura verde que se po-deria lançar mão no inverno para dar suporte a um progra-ma de manejo conservacionista do solo.

Pastoreio rotativo, piqueteamento e melhoramento via sobressemeadura em Lages, SC (2000).

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Alternativas para a manutenção e melhoria dos solos da região

Necessariamente, para resolver os graves problemas de degradação de solo e das baixas produtividades alcançadas nos cultivos de grãos de verão, é fundamental que se resolva a lacuna alimentar no período de inverno para os bovi-nos. Torna-se fundamental trabalhar a melhoria das pastagens naturais e naturalizadas, introdu-zindo espécies perenes de verão e inverno mais produtivas que as encontradas no campo nativo, eliminando assim a necessidade de os animais competirem em áreas com as culturas que pro-duzem grãos. Além da introdução de espécies é vital a introdução do pastoreio rotativo nas pas-tagens naturais e naturalizadas, bem como nas pastagens anuais dentro das propriedades da agricultura familiar. Já é sabido que o melhora-mento do campo nativo e o pastoreio rotativo podem ser realizados com bons resultados na região e também é de domínio da pesquisa as formas de se processar esta prática. O que falta é introduzir o sistema de melhoramento de cam-po nativo e o pastoreio rotativo nas propriedades dos agricultores familiares a um custo que possa ser adotado. Para tanto é necessário equacionar duas questões básicas de fertilidade: aumentar a disponibilidade de fósforo e diminuir a acidez dos solos. Além claro de introduzir um sistema de pastoreio rotativo adaptado à agricultura fa-miliar. Outra prática que deveria ser utilizada de forma articulada com a primeira é a semeadura de plantas de cobertura de solo nas áreas de la-voura de grãos, que o protegeriam, bem como propiciariam benefícios como:

a) manter elevada a taxa de infiltração da água no solo;b) aumentar a capacidade de retenção de água no solo;c) atenuar as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo e diminuir a evaporação;d) promover mobilização e reciclagem mais eficiente de nutrientes;e) diminuir a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio;f ) promover o aporte de nitrogênio através da fixação biológica pelo uso de leguminosas;g) reduzir a população de ervas invasoras dado o crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes;h) fornecer cobertura vegetal para preparos conservacionistas do solo;i) criar condições ambientais favoráveis ao in-cremento da vida biológica do solo;j) promover grande e contínuo aporte de fi-tomassa.

Para complementar o trabalho das plantas de cobertura de solo poder-se-ia lançar mão do cultivo em nível de terraceamento e do cordão vegetado, bem como de outras formas de con-trole da erosão. Estas práticas citadas podem ser executadas com a utilização de aparelhos sim-ples como o pé de galinha, nível de mangueira, arados e pás. Assim sendo, poder-se-ia, por meio de algumas ações citadas acima, implantar um sistema de cultivo mínimo ou semeadura direta, que proporcione maior sustentabilidade ao siste-ma de produção dos agricultores familiares.

Desde o início dos seus trabalhos, no início dos anos 80, até o momento, o Centro Via-nei de Educação Popular vem trabalhando com a temática do manejo ecológico de solos. Esta temática, juntamente com o trabalho com agrobiodiversida-de, educação popular e outras ações são históricas na entida-de. Durante todos os vinte e cin-co anos de trabalho do Centro Vianei sempre foram dedicados

trabalhos com a temática de manejo ecológico de solos. O que variou neste período foram as intensidades de dedicação a esta importante temática para o desenvolvimento da agroeco-logia. Parceiros decisivos nesta área foram as entidades da Rede PTA ligadas a ASPTA (região Su-deste e Nordeste) e também a Rede Tecnologias Alternativas do Sul (Rede T. A. Sul). Durante esse período, estas instituições

juntamente com pesquisadores comprometidos com a agroe-cologia construíram um Grupo de Trabalho de Solos dentro da Rede T. A. Sul, que foi responsá-vel por inúmeras capacitações, intercâmbios, seminários e ela-boração de vários trabalhos prá-ticos com produção e multipli-cação de sementes de adubos verdes, plantio direto e cultivo mínimo, manejo de restos cul-turais entre outras práticas.

2. Histórico

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O Centro Vianei, por sua vez, participou ativamente deste processo junto à Rede T. A. Sul e também permaneceu com um trabalho de base junto aos agricultores (as) familiares e suas organizações ao longo do tempo. Todo este processo foi entremeado de inúmeras atividades de formação e pro-dução de material (textos, in-formativos, folhetos). Durante este período foram realizadas dezenas de cursos municipais, regionais, bem como seminá-

rios e oficinas para avaliar e reorientar o trabalho da en-tidade. Todos os trabalhos contaram com a parceria es-tratégica dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais do terri-tório, bem como dos grupos e associações de agricultores familiares agroecológicos e al-gumas entidades públicas.

É necessário dizer que este processo continua em an-damento com assessoria nas propriedades e nos grupos, associações e cooperativas,

A Rede de Agroecologia do Território da Serra Catari-nense é um processo de inter-locução que está consolidando a agroecologia como paradig-ma da agricultura familiar. A Rede tem como um de seus objetivos incluir novas famílias de agricultores e agricultoras familiares e novas organizações no contexto da agroecologia.

3. Rede de Agroecologia do Território Serra Catarinense

experimentação em unidades demonstrativas, intercâmbios entre os agricultores e suas organizações, produção de se-mentes entre outros trabalhos. Nossos parceiros prioritários são as associações de agricul-tores familiares agroecológi-cos, Sindicatos de Trabalha-dores Rurais, Cooperativas de Crédito e Comercialização e movimentos sociais que estão congregados à Rede de Agro-ecologia do Território Serra Catarinense.

4. Localização geográfica

Outro objetivo é aglutinar as entidades em torno da con-solidação da agroecologia no Território, para tanto as entida-des realizam um diálogo per-manente entre si e com outras instituições governamentais e da sociedade civil organizada. Atualmente é composta por 38 organizações de 14 municí-pios.

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Conceituar a agroecologia é uma tarefa complexa, pois ela é processual e, ao longo do tempo, novas informações e elementos que até agora não foram objeto de análise poderão ser. Assim um conceito não pode ser fechado e sim uma base conceitual em evolução. Os princípios agroecoló-gicos abaixo podem construir um conceito processual. Lembramos que os nossos princípios estão intimamente ligados ao conceito e às práticas da agricultura familiar. Desta maneira, agroecologia e agricultura familiar interagem entre si, formando um amálgama onde se completam. Os princípios são os seguintes:

5. Agroecologia como paradigma

a) Produção baseada em tecnologias agroecológicas – inúmeras são as práticas agroecológicas que podem sustentar um siste-ma de produção. Algumas técnicas são: manu-tenção da cobertura vegetal, aprimoramento dos mecanismos de reciclagem de nutrientes, manutenção e aumento do suprimento de ma-téria orgânica, entre outras.

b) Valorização do conhecimento tradi-cional – o conhecimento oral passado através de gerações, baseado na observação atenta e crítica dos agricultores familiares, é básico para implan-tar sistemas de produção agroecológicos.

c) Policultivos e produção para o auto-consumo – são sistemas agrícolas complexos, em que se priorizam consórcios de plantas, ro-tações, sistemas agroflorestais, cultivos de in-verno e verão, bem como valorizar a produção para a subsistência da família como um aspecto de economia de gastos e de priorização do va-lor biológico dos alimentos.

d) Integração da produção animal e ve-getal – a interação de cultivos e criações é vital para o equilíbrio do sistema de produção, já que a importação de biomassa (matéria orgânica) é relativamente cara e as fontes normalmente não são confiáveis do ponto de vista da isenção de contaminantes.

e) Cooperação entre agricultores – é

vital para a implementação da agroecologia a priorização de ações em rede entre agricultores, técnicos, organizações de representação, movi-mentos populares, consumidores e outros seto-res organizados da sociedade.

f) Comercialização – as relações estabe-lecidas no mercado convencional normalmente não são favoráveis aos agricultores familiares, nem tampouco aos consumidores finais. Assim, é necessário melhorar as formas não conven-cionais de mercado que já existem e criar novas formas que possam aproximar de forma solidá-ria produtores e consumidores.

g) Certificação participativa – promover formas alternativas de certificação da produção agroecológica, que promovam a discussão e o aprimoramento dos processos de confiança entre agricultores e consumidores. Devemos promover a disseminação participativa entre os agricultores e consumidores, tendo por base a ética no processo.

h) Agroindustrialização da produção – a agregação de valor, através do beneficiamento e transformação da matéria-prima de forma co-operativa entre os agricultores, promove a va-lorização dos produtos, melhor aproveitamento da mão-de-obra durante o ano, melhoramento do fluxo de entrada de renda na propriedade, melhoria do aproveitamento dos produtos den-tro da propriedade, entre outros aspectos.

Intercâmbio entre agricultores e técnicos emFrei Rogério (2001), em parceria com a UFSC.

Cultivo mínimo de cebola em Alfredo Wagner, SC (2005).

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6. O solo é um organismo vivoO solo é um organismo

vivo, em virtude de não só abrigar, mas de formar um todo com uma infinidade de seres vivos, micro e macroscó-picos, de origem animal e ve-getal. O solo abriga bactérias, actinomicetos, algas, fungos, protozoários, nematoides, minhocas, cupins entre ou-tros seres vivos. O desenvol-vimento desses seres vivos se dá, principalmente, na cama-da superficial do solo, por ser mais rica em matéria orgânica. As raízes se acham envolvidas por colônias de micro-orga-nismos, os quais se apresen-tam em concentração até 50 vezes maior que em regiões afastadas das raízes.

O solo é formado por vá-rias camadas chamadas hori-zontes (O, A, B, C ...), cada qual com características próprias.

- A camada O é formada por material (restos de folhas, galhos,etc ) que não sofreu processo de mineralização (apodrecimento). Ocorre com mais intensida-de em solos florestais nati-vos.

- A camada A é a camada superficial, formada por matéria orgânica já decom-posta.

- A camada B caracteriza-se por apresentar acúmulo de materiais como argila e ma-téria orgânica decomposta. É a camada que as raízes das plantas mais exploram.

- A camada C se caracteriza por apresentar resquícios de rochas (pedras).

A união destas camadas é o que chamamos de solo. O solo é semelhante a uma es-ponja, possuindo macro e mi-croporos, canais por onde cir-cula o ar, a água e as raízes das plantas. Neste solo existem milhões de organismos vivos (animais e vegetais) que traba-lham em benefício dele. Esses organismos vivos da terra são tão pequenos que a grande maioria não se enxerga a olho nu. Todos desenvolvem tare-fas de fundamental importân-cia para a vida da terra e con-sequentemente das plantas. Podemos dizer que sem eles a agricultura não existiria. So-mando-se seu peso ao dos in-setos, minhocas e outros pe-quenos organismos, chega-se 2,3 - 10 toneladas por hectare. Olhando este aspecto há mais

vida na terra do que em cima dela. Mas, o número e a varie-dade destes organismos vivos depende em grande parte da quantidade de matéria orgâ-nica, que é seu alimento. Por exemplo, em solos onde exis-te a presença de bactérias que conseguem retirar do ar nitro-gênio, contribuem em torno de 100 a 300 Kg de nitrogênio por hectare, o que correspon-de a 4,5 sacos de ureia.Quan-to mais matéria orgânica mais vida a terra possui, melhor será o desenvolvimento das plantas. Solo sem vida, po-bre, é sinal de agricultura e de agricultor pobre. A fertilidade do solo está intimamente liga-da a vários fatores como pode ser observado no esquema abaixo.

Teia de Hansjörg Rinklin. Fonte: Livro Verde II.

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O solo é a base do traba-lho da agroecologia, portan-to qualquer agricultor (a) que venha a se dedicar e queira alcançar bons resultados, ne-cessariamente, tem que pensar em melhorar as condições do seu solo. Através da utilização de algumas práticas conserva-cionistas de solo já se contribui enormemente para melhorar a terra e, consequentemente, a produtividade.

O fator que mais ocasio-na o empobrecimento do solo é a erosão. Ela é o processo pelo qual o solo, principalmen-te a camada fértil, é levado por ação da chuva e do vento. A consequência mais importan-te da erosão é a perda da ferti-

7. Como trabalhar melhor o solo e devolver-lhe a vida

lidade do solo, ou seja, a terra vai empobrecendo.

A erosão hídrica ocorre principalmente pela falta de cobertura adequada do solo. O impacto da gota de chuva é o primeiro fator para iniciar o processo de degradação da camada superficial do solo e causa o selamento superficial desta mesma camada. Outros fatores também são importan-tes para ocasionar a erosão, como o preparo e manejo ina-dequados dos solos, falta de cobertura adequada, queima-das, não utilização de rotação de culturas entre outras práti-cas.

Para diminuirmos os pro-blemas gerados com a erosão

e para recuperarmos a fertili-dade das nossas terras, temos que adotar algumas práticas conservacionistas como: Adu-bação verde, plantio em nível, cultivo mínimo, plantio direto, cordões vegetados, terraços

Adubação Verde com nabo forrageiro em Ponte Alta, SC (1997).

Melhoramento de campo nativo com trevo, cornichão e capim lanudo.

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É do plantio de plantas que irão ser incorporadas ou deixadas sobre a terra, com a finalidade de preservar e/ou melhorar a produtividade das terras de plantação. A adubação verde é uma prática muito antiga, ou seja, antes de Cristo os chineses, gregos e romanos já utilizavam-na.

8 . Os trabalhos com adubação verde

Consiste no plantio de plantas a partir de fevereiro e que ficarão sobre o terreno durante todo o inverno, sendo cortadas ou incorpora-das no começo da primavera, conforme a cul-tura de verão que virá em seguida.

Adubação Verde de Inverno

Consiste no plantio de plantas no meio das culturas de verão ou no plantio solteiro dos adubos de verão com o fim de recuperar uma determinada área.

Adubação Verde deVerão

Plantas Utilizadas como Adubo VerdeDe Inverno

São plantas que na nossa região podem ser semeadas a partir do final de fevereiro, antes mesmo da colheita do milho, que devem resistir bem às geadas e serem incorporadas ou corta-das conforme o tipo de uso e plantação que virá em seguida. São muitas as plantas que podem servir como adubo verde. A seguir será colocada uma tabela com as principais espécies, época de plantio e produção de sementes, quantidade de sementes por área, época de floração, quantida-de de massa verde e seca por área, bem como o que deve ser plantado depois do adubo verde, o melhor consórcio com outras plantas e que tipo de adubo verde de inverno se presta para

plantar no meio de um pomar de frutas.

Intercâmbio em Urubici com o ICEA da Itália.

Adubação de Tremoço após a cultura do milho.

Experimento com mucuna cinza em lavoura de milho criou-lo na comunidade de Fundo do Campo, Otacílio Costa, SC.

Page 13: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Esta outra tabela apresenta a composição química (o valor em nutrientes do adubo verde) de diferentes plantas de inverno.

Nome

Ervilhaca peludaErvilhaca comumChícharoAveia pretaAveia brancaCenteioNabo forrageiroEspérgula

Época de plantio

Distância entre as linhas (cm)

Peso de 1000 grãos (g)

Massa Vegetal t/ha/ano

Março a maioMarço a maioMarço a maioMarço a junhoMarço a junhoMarço a maioMarço a maioMarço a maio

20 – 4020 – 40

20 – 10020 – 5020 – 5020 – 3020 – 4020 – 50

27 – 3830 – 57

250 – 40012 – 1835 – 45

186 – 14

1

14 – 3512 – 3520 – 4015 – 4515 – 3512 – 3520 – 6015 – 40

3 – 62 – 5.52 – 4.52.5 – 7

2.5 – 4.52 – 4.52 – 6

1.5 – 6

VERDE SECA

Nome

ChícharoAveia pretaAveia pretaCenteioEspérgulaErvilhaca peludaErvilhaca comumNabo forrageiro

% na matéria secaNitrogênio Fósforo Potássio

2,231,650,811,221,611,882,022,96

0,100,0960,0520,0750,150,100,130,19

2,901,602,401,403,352,302,103,90

0,390,250,240,180,310,440,862,15

0,190,170,170,140,930,200,270,95

Cálcio Magnésio

13,9310,315,067,62

10,0611,7512,6218,50

Proteína

Fonte: Plantas para adubação verde de inverno (IAPAR – PR)

De VerãoSão plantas que podem ser usadas de duas maneiras: pode-se plantar o adubo verde no meio

das plantas comerciais ou plantar o adubo verde sozinho na área, ficando esta área em recuperação, sem utilização comercial por uma safra de verão. A grande vantagem destes tipos de adubos verdes é que, além de produzirem muita matéria seca e protegerem a terra numa época de muita chuva e conse-quentemente muita erosão, eles secam naturalmente após as geadas, não precisando serem cortados.

ConsórcioÉ a utilização de dois ou mais adubos ver-

des na mesma área, com a vantagem de explo-rar as vantagens que cada planta pode fazer na terra. Por exemplo, pode-se plantar junto (con-sorciar) ervilhaca (vica) com aveia preta. No caso a aveia como tem muitas raízes e elas são mui-to profundas, estas servem para segurar a terra (agregá-la) e para quebrar camadas duras (com-pactadas) além de ser uma planta que possui cana onde a vica pode se segurar. A vica é uma planta leguminosa (família do feijão) e que con-

segue por isso fixar o Nitrogênio do ar e colocá-lo a disposição na forma de adubo, realizando um trabalho semelhante ao da ureia.

Consórcio de aveia preta com ervilha em Anita Garibaldi, SC.

Tabela 2 - Informações técnicas de diferentes adubos verdes de inverno.

Tabela 3 - Composição química na matéria seca de diferentes adubos verdes de inverno

Page 14: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

- 1� -

Vantagens de se Utilizar Adubação Verde

A adubação verde pode reduzir muito a erosão causada pela chuva.

A maior contribuição dos adubos verdes é a redução do impacto da gota de chuva na superfície da terra, já que os adubos verdes promovem uma cobertura de 60 a 80% do ter-reno já no segundo mês após o seu plantio. A principal cau-sa da erosão é a desagregação causada pelo impacto da gota de chuva sobre o solo. Não pa-rece, mas a velocidade que a gota de chuva alcança e a força com que bate no chão é muito forte, causando a quebra das partículas de terra em partes

Redução da Erosão

cada vez menores, sendo que assim fica cada vez mais fácil a enxurrada carregar estas partí-culas. As pequenas partículas além de serem mais facilmen-te carregadas pela enxurrada,

Etapas do processo de erosão. Pelo impacto da gota de chuva sobre o solo nu (A), seus agre-gados são desintegrados em partículas minúsculas (B) que entopem os poros, formando um escorri-mento superficial de água de chuva (C). A água que escorre carrega partículas de solo que são deposi-tadas em locais morro abaixo, quando a velocidade de escoamento é baixa (D). Fonte: Derpsch, 1990.

com o passar do tempo vão entupindo os poros (buracos da terra), prejudicando a infil-tração da água e aumentando ainda mais a enxurrada da ca-mada superficial de solo.

Instalação de experimento com adubos verdes de inverno em São José do Cerrito.

Page 15: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Vantagens de se Utilizar Adubação Verde

Uma boa parte das es-pécies de adubos verdes pos-sui um sistema radicular (raiz) muito forte e profundo, capaz de trabalhar como um arado biológico na terra, quebrando camadas duras que na maioria das vezes são causadas pelo uso inadequado de grade e arado nos solos. As raízes, por

Quebra de Camadas Duras na Terra

exemplo, do nabo forrageiro ,são ótimas para quebrar estas camadas adensadas, fazendo um trabalho de escarificação que levaria muitas horas/má-quina de um trator e que cer-tamente custaria muito caro. Quando a terra está dura, o tra-balho de aração e gradagem fica mais penoso e mais caro

para o agricultor, além disto as plantas possuem raiz menor e exploram menor área de ter-ra, ficando mais desprotegidas caso haja uma seca. Como a exploração de área é menor, a planta certamente terá pro-blemas para se alimentar e no final deixará uma safra menor para o agricultor.

Caso se deixe a terra descoberta, a natureza sabia-mente faz com que apareça na superfície um grande número de plantas que normalmente não têm valor comercial e que são chamadas de invasoras. Quando se faz adubação verde no local o que acontece é a re-dução da quantidade de inva-soras na área, devido à rápida cobertura do solo, o seu baixo revolvimento e assim baixa ex-posição de sementes invasoras para a luz do sol e a temperatu-ras que facilitam a germinação destas plantas. Além da cober-tura, outro fator importante é que os adubos verdes soltam

Ajuda a Controlar as Plantas Invasoras

substâncias que inibem (não deixam outras plantas germi-narem) através de suas raízes e depois de secos através da palha. Esta ação de uma plan-ta sobre a outra é positiva ou negativa conforme a planta que está na área e é conhecida como alelopatia. Um exemplo é a inibição causada pela vica sobre o milhã, as duas plantas se detestam. Um exemplo de efeito positivo é o consórcio de milho com feijão, ou seja, são plantas companheiras. Só para se ter uma ideia do potencial das plantas invasoras colocare-mos duas tabelas, uma com a longevidade (capacidade de fi-

car viva na terra) e outra com o número de sementes que cada planta invasora pode produzir.

Cultivo mínimo de tomate na co-munidade de Invernadinha, Alfredo

Wagner, SC.

Fonte da imagem: Guia Rural Abril, 1988

Page 16: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Caruru (Amaranthus retroflexus)Beldroega (Portulaca oleracea)Língua-de-vaca (Rumex crispus)Cipó-de-veado (Polygonum convolvulus)Erva-formigadeira (Chenopodium album)Tançagem (Plantago major)Capim-carrapinho (Cenchrus echinatus)Capim-arroz (Echinochloa crusgalli)Trigo sarraceno (Fagopyrum esculentum)

117.00052.30040.00012.00072.40036.1501.1107.160

11.900

Número de sementes produzidas por algumas plantas espontâneas

Caruru (Amaranthus retroflexus)

Língua-de-vaca (Rumex crispus)

Mentruz (Lepidium virginicum)

Beldroega (Portulaca oleracea)

Quinquilho (Datura stramonium)

40

100

40

40

80

Longevidade das sementes de algumas plantas espontâneas em anos

Aumenta a Quantidade de Animais da TerraQuando se realiza adubação verde na terra,

esta se torna mais fofa, possui mais matéria orgâ-nica, é mais porosa, possui mais água, sua tempe-ratura durante o dia e a noite é mais baixa, é mais fértil e sofre menos erosão. Assim, a quantidade e a qualidade dos animais de solo são muito maior esque numa situação de solo descoberto e erodi-do. Os animais que nós conseguimos ver, como as minhocas e besouros, entre outros, têm um papel muito importante em fazer buracos (poros), por onde irá infiltrar a água e por onde as raízes vão penetrar e crescer, além de comer a matéria orgâ-nica e ajudar no processo de torná-la matéria mi-neral. Está assim servindo de adubo para as plan-

tas e este processo chama-se de reciclagem de nutrientes e é muito importante. Na reciclagem de nutrientes a primeira parte é feita pelos animais maiores (minhocas, por exemplo) o resto é reali-zado por bichinhos que não podemos enxergar, como as bactérias e fungos (micro-organismos) que transformam a matéria orgânica em matéria mineral que pode ser comida pelas plantas. Como existe uma grande quantidade de matéria orgâni-ca na terra a população de microorganismos tam-bém é grande e muito diversificada, sendo assim existe um controle de uma espécie sobre as outras, provocando um controle dos microorganismos que causam as doenças nas plantas cultivadas.

Número de minhocas

Plantio DiretoEscarificaçãoPreparo Convencional

Tabela 5 - Influência de diferentes métodos de preparo do solo sobre o número de minhocas.

Latossolo Roxo* por m� a0-�0 cm de profundidade

Terra Roxa Estruturada** por m� a 0-10 cm de prof.

27,65,23,2

13,07,55,8

* após 4 anos - ** após 1,5 ano

Números de artrópodos/�00 cm� de solo

Plantio diretoConvencional

Tabela 6 - Número de artrópodos após um ano e meio de preparo do solo diferenciado. (Camada de 0 a 15 cm de profundidade) Latossolo Roxo, Londrina.

Acarinae

316

00

Colêmbolos Insetos Total

21

337

Rotação de culturas: trigo/soja

Plantio diretoConvencional

17621

150

12

19223

Rotação de culturas: adubação verde/soja

Fonte: Kemper e Derpsch, 1981.

Tabela 4 - Apresentação do nº. de sementes produzidas e longevidade de sementes de plantas.

Page 17: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Quando existe cobertura verde ou palha sobre o terreno a diferença de temperatura entre o co-meço e o final do dia é muito grande, além disto a temperatura máxima do solo descoberto é muito maior que o solo que possui cobertura. A temperatura da terra influencia diretamente a absorção de água da planta, quanto mais calor mais a planta respira e gasta energia e menos energia ela tem para crescer. Quanto mais alta a temperatura e mais luz existir no solo, mais fácil a germinação de plantas invasoras na área. Para exemplificar estas colocações veja a tabela e o desenho abaixo.

Controle da Temperatura da Terra

Tabela 7 - Rendimento de massa seca total (acumulado em dois anos), cobertura de solo na oportunidade da semeadura de milho no segundo ano e temperatura máxima de solo proporcionado pelo cultivo de diferentes sequências de culturas. EEA – Guaíba – RS.

Aveia/milhoAveia + vica/milho + caupiMilho + lab-lab/milhoAveia + trevo/milhoSiratroGuandu/guandu + milhoPousio/milhoSolo descoberto

Sequencia de culturas Massa seca total kg/ha

22.00028.95027.20029.45021.50037.1503.470

-

Temperatura máxima ºC

28,8925,5524,6524,7720,0525,1129,4631,51

Fonte: Bragagnolo & Mielniczuk 1990.

Contra a insolaçãoem solos cobertos, a temperatura não excede a 32º. em solos nus, chega a 42º C.

Cobertura de solo %

869179929869116

Como já discutimos anteriormente, a adubação verde cria melhores condições de vida para os animais de solo e estes contri-buem com o aumento de poros na terra, além disto as raízes dos adubos verdes ao apodrece-rem também criam buracos no solo. Estas con-

Aumenta a Capacidade de Infiltração de Água na Terra

dições de aumento de porosidade fazem com que a infiltração seja melhor num solo com adubação verde que num solo descoberto e com camadas duras (adensadas).

Para mostrar esta condição apresenta-mos desenho e tabela.

Fonte do gráfico: Anuário Guia Rural Abril, 1988

Page 18: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Tabela 8 - Resultados da determinação da capacidade de infiltração do solo da unidade Santo Ângelo em condições de mato, campo virgem, plantio direto e convencional. (Média de 6 repetições).

Uso como Plan-ta Forrageira

A maioria dos adubos verdes pode servir como pastagem para os animais, sendo assim uma vantagem a mais o plantio destes.

Fixação Biológica de Nitrogênio do ArEste é um processo que é realiza-

do pelas plantas leguminosas, ou seja da família do feijão. A vica, os trevos, o cornichão, a mucuna, o guandu e ou-tras plantas são espécies da família do feijão e têm capacidade de retirar o ni-trogênio do ar através de uma associa-ção que fazem com as bactérias do solo chamadas de rizóbium. Esta associação é boa para a planta que fica nutrida com um nutriente muito importante e é boa para a bactéria que recebe comida da planta em troca para se manter duran-te a sua vida. Dependendo do tipo de adubo verde pode-se ter de 50 a 200 kg de nitrogênio por hectare, em um ano, fixado em uma área. Esta relação é tão importante que no caso da soja não é recomendado colocar adubo ni-trogenado na terra e nem passar ureia na mesma, já que todo o trabalho de adubação é feito pela bactéria. Para que

ocorra uma fixação biológica eficiente pode-se lançar mão de inoculantes produzidos de forma industrial. Normalmente os solos férteis e bem conservados já possuem os rizobium em quantidade suficiente, porém nos primeiros anos de cultivos pode-se fazer necessária a inoculação com estirpes apropria-das para determinadas leguminosas. Os inoculantes são pro-dutos naturais e aprovados para o uso na agroecologia.

Os rizóbios são esféricos na soja (1); bifurcados na luzerna (2); globulados na ervilha (3); e ovais no trevo branco (4).

Fonte da imagem: Guia Rural Abril, 1988.

Tempo em Horas

1º2º3º4º5º6º7º8º9ºMédia do total de infiltração por hora.

Matomm

Campomm

Plantio Diretomm

Plantio Conven-cional (mm)

136,892,982,682,077,075,073,073,072,3

��,�

96,166,363,052,751,846,744,242,541,6

��,1

113,178,974,562,761,054,851,550,449,5

��,�

48,033,031,525,524,023,022,021,020,5

��,�

Tratamentos

Fonte: Machado, 1976.

Experimento com variedades de adubos verdes de inverno em Bom Retiro, SC.

Page 19: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

- 1� -

A operação de inocula-ção e peletização das semen-tes é muito importante para o sucesso da adubação verde. É fundamental que se faça a inoculação no mínimo nos 2 primeiros anos. Depois deste tempo não é mais necessário

Inoculação e Peletização de Sementes de Adubos Verdes de Inverno

fazer, porque a quantidade de bichos (bactérias) que a terra vai ter é suficiente para o nú-mero de plantas que se terá na área.

O inoculante é um pro-duto natural que pode ser tra-balhado com as mãos, sem a

utilização de luvas e máscaras. O inoculante é composto de milhões de seres vivos que não se pode enxergar com as vistas (bactérias) e de um pó preto chamado turfa, que é compos-to de matéria orgânica (folhas podres) esterilizadas.

1- Verificar se o comerciante estava com o produto na geladeira e a data de fabricação do mesmo. Como dentro do inoculante existem seres vivos que são bactérias, elas precisam fi-car num ambiente com temperatura baixa, ou seja, na parte da gaveta da geladeira. O tempo

Para comprar o inoculante o agricultor precisa tomar alguns cuidados:

1- Misture polvilho doce em água;2- Aqueça a mistura no fogo, mexendo sempre até que fique com uma cor transparente (forma de goma) e uma calda que gruda nas mãos;3- Deixe esfriar a mistura (adesivo);4- Coloque o inoculante com a mistura e mexa bem até ficar bem preto;5- Adicione as sementes com a mistura e o inoculante e mexa bem;6- Finalmente coloque calcário ou cal de construção na mistura total para soltar as sementes. Deve-se usar calcário ou cal de construção que estejam bem secos para que as sementes se soltem umas das outras. As sementes vão ficar maiores e com uma cor branca, ficando mais fácil de distribuir as mesmas na terra.

OBSERVAÇÃO: Olhar as quantidades exatas conforme as tabelas 1 e 2.

Para fazer a operação de inoculação e peletização das se-mentes é necessário seguir essas recomendações:

de validade do inoculante é de 3 meses, a partir da data de fabricação, sendo que se estiver ven-cido este prazo não se deve usar o mesmo.

2- O inoculante é usado somente para as plantas da família do feijão, ou seja, a ervilhaca, trevos, alfafa, cornichão, ervilha e chícharo.

1- Para se fazer a inoculação e a peletização recomenda-se que sejam realizadas sempre na sombra;2- Realizar a semeadura das sementes inoculadas no menor prazo possível após a inoculação (antes de 24 horas);3- Para reconhecer se a inoculação está sendo boa:a- Observa-se se existe um grande número de nódulos (calos) nas raízes, estes calos devem ser corta-dos ao meio e se a cor dos mesmos for avermelhada é porque a inoculação foi um sucesso;b- Deve-se olhar também o tamanho dos calos, quanto maior o tamanho do calo melhor para a plan-ta que foi inoculada.

Observações para se fazer o trabalho deinoculação e peletização.

Page 20: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Ervilhaca PeludaErvilhaca comum ChícharoAveia pretaCenteioNabo forrageiroGorga

Triticale

Espécie Época de plantio

Mar./abr.Mar./maioMar./junhoMar./maioMar./junhoMar./maioMar./maioMar./junho

sementes consorcia-da kg/ha

30 – 4030 – 6060 – 9040 – 5050 – 708 – 106 – 8

70 – 90

Fonte: Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A

sementes –solteira

kg/ha

40 – 6040 – 80

100 – 12060 – 8070 – 9010 – 158 – 10

90 – 120

Floração Espécie para consórcio

OutubroSet./out.Ago./out.Set./out.Ago./set.Ago./set.Jul./ago.Ago./set.

Aveia, centeioAveia, centeioAveia, centeio, triticaleAveia, ervilhaca, chícharoAzevém, ervilhaca, chícharoAveiaAveia

Azevém, ervilhaca, chícharo

Milho, arroz, girassolMilho, arroz, girassolMilho, arroz, girassolMilho, arroz, feijão e sojaMilho, arroz, girassolMilho, arroz, feijãoMilho e feijão

Milho, feijão e soja

Plantar Antes de

Ervilhaca (vica) e chícharo.

1,5 – 2,0 7,5 – 10,0 15,0 – 20,0 30,0 – 40,0

1050

100200

2,513,0 25,050,0

50 250 500

1000

Até soltarAté soltarAté soltarAté soltar

Sementes (kg) Inoculante (g) Polvilho (g) Água (ml) Calcário

Fonte: EPAGRI

Ervilhaca peludaErvilhaca comum

Chícaro

Aveia pretaCenteioNabo forrageiroGorga

Triticale

EspécieÉpoca de

plantio

Mar./maioMar./maio

Julho

Mar./julJulho

Mar./maioMar./jun

Julho

Época de Prod. de Sementes

sementes / solteira kg/ha

30 – 4020 – 50

40 – 60

40 – 5050 – 605 – 108 – 12

90 – 120

Consórcio

Dez./jan.Nov./dez

Nov./dez

Nov./dezNov./dezOut./novSet./dezNov./dez

Triticale ou centeioSolteira ou consorciada com cen-teio ou triticale (20 a 30 kg/ha)Solteira ou consorciada com cen-teio ou triticale (20 a 30 kg/ha)SolteiraSolteiraSolteiraSolteiraSolteira

Fonte: Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A

Tabelas de quantidades para inoculação

0,5 – 0,61,0 – 1,25,0 – 6,010,0 – 12,020,0 – 24,0

51050

100200

1,22,5

13,025,050,0

2550

250500

1000

Até soltarAté soltarAté soltarAté soltarAté soltar

Sementes (kg) Inoculante (g) Polvilho (g) Água (ml) Calcário

Fonte: EPAGRI

Tabela 9 - Para trevo branco, vermelho e encarnado, alfafa e cornichão.

Tabela 10 - Para produção de adubação verde.

Tabela 11 - Para produção de sementes de adubação verde.

Page 21: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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Os campos nativos e naturalizados apre-sentam baixa produtividade. A fertilização fosfa-tada é uma das estratégias-chave para melhorar a produção e a persistência em pastagens com leguminosas. O experimento foi conduzido ob-jetivando avaliar o desempenho de um fosfato natural (FN) nacional em comparação ao fosfato solúvel super triplo na implantação e desenvol-vimento inicial de pastagem perene de inverno. O experimento foi instalado no município de São José do Cerrito/SC, num Nitossolo Háplico. O delineamento experimental foi de Blocos Com-pletamente Casualizados com quatro repetições e seis tratamentos. Os tratamentos foram cons-tituídos da seguinte forma: testemunha – sem corretivo e adubo; correção da necessidade de fósforo através do uso de 417 kg/ha de FN (Só FN); aplicação de calcário para pH 5,2 e corre-ção da necessidade de fósforo através do uso de 333 kg/ha de FN e 50 kg/ha de super fosfato tri-plo (CAL+FN+ST); aplicação de calcário para pH 5,2 e correção da necessidade de fósforo atra-vés do uso de 417 kg/ha de FN, considerando o

Desempenho do fosfato natural alvorada na introdução depastagem perene de inverno comparado ao superfosfato triplo1

ResumoP2O5 total da fosforita (CAL+FN1); aplicação de calcário para pH 5,2 e correção da necessidade de fósforo através do uso de 1.333 kg/ha de FN, numa dose de ¼ da quantidade de P2O5 solú-vel em ácido cítrico (2%) (CAL+FN2); aplicação de calcário para pH 5,2 e correção da necessi-dade de fósforo com 244kg/ha de Superfosfato Triplo (CAL+ST). Usaram-se se 7,66 Mg/ha de calcário dolomítico para se chegar a pH 5,2. Fo-ram realizados seis cortes espaçados em média de 45 dias entre si para estimativa da produção de massa seca, duas coletas de solo para de-terminação dos atributos químicos do solo. O uso isolado de fosfato natural não se mostrou recomendável para implantação de pastagens perenes nas condições de solo nas quais foi conduzido o experimento. Já a associação de calagem e diferentes fontes de fósforo (fosfato natural e/ou super triplo) mostrou-se eficiente na implantação dessas pastagens. O trevo ver-melho e o cornichão foram as espécies que me-lhor aproveitaram as condições de solo criadas pela adição de calcário e fósforo.

INTRODUÇÃOO fosfato natural (FN) é utilizado há dé-

cadas como fertilizante em diferentes culturas, sendo variável o nível de sucesso. As principais reservas brasileiras de fosfato natural estão lo-calizadas nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, sendo que nos estados de Pernam-buco, Maranhão e Santa Catarina encontram-se minas menores (SOUZA, 1996).

O fósforo (P) é o nutriente mais limitante da produtividade de biomassa em solos tropi-cais. Os solos brasileiros são carentes de P, em consequência do material de origem e da forte interação do P com o solo, em menos de 0,1% encontra-se em solução (CORRÊA, 2004).

A estratégia de fertilização fosfatada é um dos elementos-chave para lograr melhoramento de produção e persistência em pastagens com

leguminosas (BERMÚDEZ et al., 1998). O custo da fertilização representa um percentual elevado no valor total da implantação de uma pastagem pe-rene, tanto para o estabelecimento como para a manutenção (OLIVEIRA et al. 1998).

Os campos nativos e os campos natu-ralizados representam 81% das pastagens de Santa Catarina (VINCENZI, 1998) e constituem a base da alimentação das espécies herbívoras do estado. A produtividade dessas pastagens é considerada baixa, com lotação média de 0,5 cabeças por hectare durante o ano, em relação ao potencial de produção de uma pastagem melhorada com leguminosas hibernais. Essas pastagens estão normalmente sobre solos com alto teor de alumínio, baixo pH e baixos teores de fósforo. Segundo BANDINELLI (2005), como

9. Experimentação com Fosfato Natural

1 - Artigo publicado na Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.4, n2, p. 133 - 144, 2005. Parte da dissertação de mestrado do autor.

Page 22: Cartilha_manejo Agroecológico Dos Solos_2009

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os solos sob pastagens naturais são limitantes em nutrientes, principalmente o fósforo, e por vezes, ácidos, há necessidade de aplicação de fertilizantes e correção da acidez do solo para o sucesso da implantação das espécies exóticas na pastagem natural. As pastagens naturais da Re-gião Sul caracterizam-se por terem sua compo-sição botânica constituída predominantemente por gramíneas perenes de crescimento estival (GATIBONI, 1999). Isto confere sazonalidade na oferta de forragem, onde no verão há produção satisfatória de massa seca e no inverno há um déficit, o que determina perdas de peso dos ani-mais neste período e consequente aumento da idade de abate.

Uma alternativa para aumentar a renta-bilidade da produção animal em solos ácidos e com baixa fertilidade natural é o cultivo de pastagens de melhor valor forrageiro e que produzam forragem de boa qualidade durante o período de outono-inverno, tanto para uso direto pelos animais como banco de proteína. Ainda pode-se utilizar tais pastagens como ban-co de sementes para transferência, através dos próprios animais, das espécies de interesse em outras áreas da propriedade. Nestes casos es-barra-se na necessidade de correção da acidez e também na baixa fertilidade natural destes solos, especialmente o fósforo. Paim & Ribol-di afirmam que níveis adequados de fósforo e potássio no solo são necessários, para que as leguminosas aumentem a produção de maté-ria seca e persistam em pastagens densas, em associação com gramíneas. De maneira geral, na comparação entre gramíneas e leguminosas, as gramíneas são mais tolerantes a solos com baixos teores de fósforo, talvez por possuírem um sistema de raízes mais fino, com um compri-mento total maior e com pelos desenvolvidos.

Na região do Planalto Catarinense, há pelo menos duas décadas, existem trabalhos de culti-vo de pastagens perenes de inverno. As espécies mais trabalhadas são os trevos branco e vermelho e o cornichão, sendo que os mesmos são cultiva-dos de forma consorciada com outras forrageiras hibernais ou são introduzidas nos campos nati-vos e naturalizados. O intuito é fornecer forragem de melhor qualidade por um maior período para os animais. Porém, a introdução nos campos ou o cultivo puro têm que superar limitações como as condições de umidade na superfície do solo, a concorrência da vegetação existente, a correção das deficiências minerais dos solos, bem como o manejo das espécies (VINCENZI, 1998).

O melhoramento da pastagem natural com a introdução de espécies de estação fria é uma estratégia plausível de ser utilizada para ob-tenção de forragem em ambas as estações. A in-trodução de espécies consiste na semeadura de uma ou mais espécies forrageiras de crescimento hibernal, visando aumentar o fornecimento de forragem da pastagem para os animais. Para que isso ocorra, a adubação é indispensável para au-mentar o fornecimento de nutrientes e promo-ver o estabelecimento ou manutenção das espé-cies introduzidas, já que a fertilidade natural dos solos é baixa (GATIBONI, 2000), sendo que esta mesma estratégia é válida para a implantação de pastagens perenes de inverno.

A inclusão de novas áreas à agricultura brasileira, a baixa disponibilidade de P desses solos, a existência de grandes jazidas de fos-fato natural (FN) em diversas regiões do País e as facilidades atuais de importação de FN de maior reatividade têm feito com que a utiliza-ção desses fosfatos in natura seja atrativa. Essa utilização tem como problema principal a baixa reatividade, particularmente dos FN brasileiros, e, como consequência, a baixa ou lenta libera-ção de P para as plantas. Todavia, alguns FN de maior reatividade, como o Gafsa e o Norte Ca-rolina, têm-se mostrado tão ou mais eficientes para suprir P para plantas de ciclo curto quanto as formas mais solúveis, como os superfosfatos (NOVAIS e SMYTH, 1999).

A adição de fosfato natural pode ser uma alternativa para o Planalto Serrano, já que a fosforita alvorada chega na região a um preço menor do que os fosfatos naturais importados como o Arad e o Gafsa. Rheinheimer et al (2001) afirmam que a aplicação de calcário também é necessária, mas a elevação do pH retarda o pro-cesso de dissolução do fosfato natural e diminui a disponibilidade de fósforo proveniente desse fertilizante às plantas, principalmente acima de pH 5,2. Considerando a indicação de Almeida et al (1999) de que em pH 5,2 já se minimizam os efeitos tóxicos do alumínio, esse pH parece ser o mais indicado para ser trabalhado quando da aplicação de fosfato natural.

O valor nutritivo das pastagens nativas cai rapidamente no outono, quando as gramíneas de verão amadurecem. Esta baixa qualidade nutritiva pode ser melhorada pela utilização de pastagens perenes hibernais à base de legumi-nosas. As leguminosas têm um teor de proteína bem mais alto que as gramíneas, com pouca di-ferença entre as espécies tropicais e as tempera-

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das. A inclusão de até 10 % de leguminosas em pastagem de Pangola (Digitaria decumbens) madura aumentou o consumo de forragem por ovelhas, resol-vendo a deficiência de proteína bruta da dieta obtida só com a gramínea (RITTER & SORREN-SON, 1985). Além da maior qua-lidade da dieta, as leguminosas fixam nitrogênio atmosférico e estimulam o crescimento das gramíneas associadas, o que permite o aumento na lotação das pastagens. Para alcançar al-tos níveis de produção de car-ne em pastagens de legumino-sas, é importante manter uma proporção adequada dessas espécies. Estudos realizados no Planalto Serrano demonstram uma relação entre a produção de carne bovina e a proporção de leguminosas existentes no pasto, ganhos médios de peso vivo de 290, 336 e 545 kg/ha ano foram obtidos com a par-ticipação de 13%, 20% e 35 % de leguminosas na pastagem, respectivamente (RITTER & SORRENSON, 1985).

As pastagens também possuem importância na con-servação do solo, por contribuí-rem com a diminuição de suas perdas por erosão (VINCENZI, 1987). Além disso, quando es-trategicamente utilizadas em rotação de culturas, as pasta-gens não só atenuam o fenô-meno da erosão, como podem recuperar solos já degradados.

Klapp (1971) concluiu que em pastagens perenes tempera-das, há completa renovação da massa de raízes a cada 3-4 anos, o que representa incorporação de matéria orgânica e criação de canais para infiltração de água no solo. Com a morte das raízes, o solo fica dotado de uma verdadeira malha de ca-nais, o que melhora a estrutura e infiltração de água (VINCEN-ZI, 1987). Quando integradas às lavouras de grãos, as plantas forrageiras contribuem, conser-vando e melhorando o solo, e ainda promovendo um melhor equilíbrio do ambiente através da diversidade. Além da conser-vação do solo, as espécies vege-tais, segundo Corrêa (2004), são fundamentais na solubilização do P, principalmente do P não-lábil, pois existem espécies que possuem a capacidade de solu-bilizá-lo mediante a exsudação de suas raízes, a qual contém ácidos orgânicos, e estes, por sua vez, agem na dissolução do colóide, alimentando o P na so-lução do solo.

Quando os alimentos são produzidos na proprieda-de, os custos de produção são mais baixos, contribuindo para o sucesso econômico da ati-vidade leiteira (KRUG, 1993). Setelich e Almeida (2000) des-tacam que os sistemas de pro-dução de leite a pasto apresen-tam uma receita menor que os sistemas em confinamento, po-

rém uma margem bruta maior, associada a menores despesas com concentrados, combustí-veis e mão-de-obra, além de menores investimentos em instalações. Os custos relativos das pastagens nos EUA são três vezes menores que a silagem e seis vezes menores que os con-centrados (ABREU, 2001). Em experimentos conduzidos na Estação Experimental de Lages, a produção de leite à base de ra-ção balanceada chega a ser 27 vezes mais cara que em campo nativo melhorado. Já o custo da silagem de milho, amplamente utilizada no Estado, é doze ve-zes maior do que o campo na-tivo melhorado. Uma pastagem cultivada, com composição bo-tânica de inverno, semelhante ao campo nativo melhorado, apresentou um custo duas ve-zes superior ao do campo nati-vo (ABREU, 2001).

Neste contexto realizou-se um trabalho com o objetivo de avaliar o desempenho do FN comparado ao superfosfato triplo na implantação de pasta-gem perene de inverno (trevo branco, trevo vermelho, cor-nichão e capim lanudo). Esta comparação foi feita através de determinações da produção média de massa seca das es-pécies, como também de pa-râmetros de solo, como pH em H2O, pH SMP, pH CaCl2, potás-sio, fósforo, cálcio, magnésio e alumínio.

Material e MétodosO experimento foi instalado no município

de São José do Cerrito, na comunidade de Amo-la Faca. O clima do local do experimento, se-gundo a classificação de Köppen é do tipo Cfb (mesotérmico úmido com verão ameno), com temperaturas médias anuais de 13,5 ºC, precipi-tação média anual de 1.500 mm e altitude mé-dia de 950 m. Para recomendação de adubação

do solo foi utilizado um laudo de análise de solo de uma área contígua que já vem sendo utiliza-da anualmente com experimento de cultivares de trigo. Esta amostragem foi realizada a uma profundidade de 20 cm e num período anterior à implantação deste experimento. As informa-ções do laudo são as seguintes: 590 g kg-1 de argila, pH em H2O 4,5; pH (SMP) 4,7; fósforo (mg

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dm-3 solo) 2,2; potássio (mg dm-3 solo) 70; ma-téria orgânica (g kg-1) 5,0; alumínio (cmolc dm-3) 3,0; cálcio (cmolc dm-3) 1,0 e; magnésio (cmolc dm-3) 0,9. Como a área já vem sendo utilizada anualmente com experimento de cultivares de trigo, não foi usado azevém neste experimento, porque esta espécie poderia invadir as parcelas do experimento. Assim, foi optado pelo capim lanudo para substituir o azevém. A área onde foi implantado o experimento estava em pousio e em regeneração da vegetação original e possuía plantas espontâneas arbustivas como guamirim e samambaia além de gramíneas nativas.

Na área experimental foi semeada pas-tagem perene de inverno com as seguintes espécies: trevo vermelho (Trifolium pratense) na quantidade de sementes de 8 kg/ha, trevo branco (Trifolium repens) 2 kg/ha, cornichão (Lo-tus corniculatus) 8 kg/ha e capim lanudo (Holcus lanatus) 4 kg/ha. O experimento foi conduzido no delineamento em Blocos Completamente Casualizados, com 6 tratamentos e quatro re-petições. As parcelas foram dimensionadas com 2,5 x 7 m, numa área experimental de aproxi-madamente 600 m2. O fosfato natural utilizado no experimento possui o nome comercial de Fosforita Alvorada e é originário do município de Registro-SP, possuindo 4 % de solubilidade em ácido cítrico conforme laudo técnico da em-presa mineradora. Foram utilizadas 7,66 Mg/ha de calcário dolomítico para se chegar a pH 5,2. Tanto o calcário como os adubos fosfatados fo-ram aplicados manualmente e a lanço sobre o solo e incorporados com enxada rotativa. Os tratamentos foram os seguintes: testemunha – sem corretivo e adubo (TEST.); correção da necessidade de fósforo através do uso de 417 kg/ha de Fosfato Natural, considerando o P2O5 total da fosforita (24%) (Só FN); aplicação de cal-cário para pH 5,2 e correção da necessidade de fósforo através do uso de 333 kg/ha de Fosfato Natural e 50 kg/ha de Super Fosfato Triplo (ST). Calculou-se a dose considerando o P2O5 total disponível na fosforita (4/5) + 1/5 da dose re-comendada de Superfosfato Triplo (CAL + FN + ST); aplicação de calcário para pH 5,2 e correção da necessidade de fósforo através do uso de 417 kg/ha de Fosfato Natural, considerando o P2O5 total da fosforita (CAL + FN1); aplicação de cal-cário para pH 5,2 e correção da necessidade de fósforo através do uso de 1.666 kg/ha de Fosfato Natural, numa dose de ¼ da quantidade de P2O5 solúvel em ácido cítrico (CAL +FN2); aplicação de calcário para pH 5,2 e correção da necessi-

dade de fósforo com 244 kg/ha de Superfosfato Triplo (CAL + ST).

A implantação do experimento foi efetu-ada durante o mês de outubro de 2002, porém a época ideal de implantação destas forrageiras é durante os meses de março e abril. Durante a implantação do experimento foram realizadas as seguintes etapas: visita de reconhecimento da área para locação do experimento, verifica-ção das condições de solo e amostragem do mesmo; locação do experimento e das parcelas; implantação do experimento, que consiste no preparo do solo e incorporação dos corretivos e adubos através de enxada rotativa acoplada em trator, preparo das sementes das leguminosas (inoculação e peletização), semeadura a lanço e incorporação superficial manual das sementes.

O solo foi coletado pela primeira vez du-rante a implantação do experimento em outu-bro de 2002 e pela segunda vez em julho de 2003. As coletas foram efetuadas com trado a uma profundidade média de 10 cm. Foram pro-cedidas as análises químicas dos seguintes nu-trientes: fósforo, cálcio, magnésio, potássio e dos níveis de pH e alumínio, conforme descrito por Tedesco et al. (1995). Estas avaliações químicas foram realizadas para monitorar o comporta-mento dos nutrientes no solo, bem como ava-liar as variações no pH e no teor do alumínio. Para a extração do fósforo foi utilizado o méto-do Mehlich 1. Entre os meses de dezembro de 2002 e outubro de 2003 foram realizadas seis amostragens das forrageiras com um intervalo médio de 45 dias entre os cortes. As forragei-ras foram cortadas rente ao solo com tesoura de tosa de ovelha, sendo que não foram utili-zados animais no experimento. A amostra co-letada de cada parcela foi determinada alea-toriamente e demarcada por um quadrado de 0,5 m de lado perfazendo uma área de 0,25 m2. Após o corte, o material foi colocado em sacos de papel e identificado. O material verde cole-tado foi trazido para o laboratório e separado manualmente por espécies, gerando cinco sub amostras: trevo vermelho (Trifolium pratense), trevo branco (Trifolium repens), cornichão (Lo-tus corniculatus), capim lanudo (Holcus lana-tus) e outras espécies. Este material foi então colocado em estufa, a uma temperatura de 60˚C, por um período de 36 horas ou até atin-gir massa constante. Depois deste período, as amostras foram pesadas em balança eletrônica de precisão para quantificar a massa seca das forrageiras e obter um parâmetro de volume de

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Resultados e DiscussãoA análise da produção

média de massa seca (MS) das espécies testadas detectou diferentes respostas. Para tre-vo vermelho, trevo branco e cornichão foi detectado efeito simples das fontes de fósforo e da época de coleta das amos-tras, mas sem interação entre estes fatores. Já para capim la-nudo e outras espécies foi de-tectado apenas efeito simples de época de amostragem. Por outro lado, quando se analisou o total de material produzido, foi detectado tanto efeito sim-ples, quanto interação entre as fontes de fósforo e as épocas de amostragem.

Para trevo vermelho (Tri-

folium pratense) e trevo branco (Trifolium repens) o maior valor de acúmulo total de MS foi ob-servado no tratamento que re-cebeu calcário e superfosfato tripo (CAL +ST), embora este tratamento não tenha sido es-tatisticamente superior aos ou-tros tratamentos que recebe-ram calcário e uma das fontes de fósforo testadas (Tabela 12). Resultado semelhante foi ob-tido por Gatiboni (1999) para trevo vesiculoso. Para essas duas espécies, a testemunha apresentou o menor acúmulo de MS, semelhante estatistica-mente ao tratamento que só recebeu fosfato natural (FN). Apesar disso, cabe ressaltar

que o FN aumentou o acúmulo de MS do trevo vermelho em 159% e do trevo branco em 93%, em relação à testemu-nha.

Para cornichão (Lotus corniculatus), o maior acúmulo de MS foi detectado no trata-mento que recebeu calcário, FN e ST, mas também não di-feriu dos demais tratamentos que receberam calcário e uma das fontes de fósforo (Tabela 12). Semelhante aos trevos, a testemunha e o tratamento só com FN foram os de menor acúmulo de MS, mesmo assim o tratamento só com FN pro-duziu 46% a mais que a teste-munha.

alimento disponível para os animais. Os dados foram analisados estatistica-

mente através da análise de variância, utilizan-do-se o teste F. Os valores de F obtidos para efei-tos principais e interações foram considerados

significativos ao nível de 5% (P<0,05). Quando alcançada significância estatística, a compara-ção de médias entre tratamentos foi realizada através do teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan (α = 0,05)** Testemunha = sem corretivo e adubo*** O componente de outras são espécies nativas que colonizaram as parcelas – samambaia, tiririca e outras espécies.

Testemunha **Só FN **CAL+FN+ST **CAL+FN1 **CAL+FN2 **CAL+ST **CV (%)

Tratamentos Trevo Vermelho

541 b 1.384 b

4.184 ab 4.232 ab 5.274 a 6.177 a

28

Cornichão

540 b 855 b

3.360 a 3.469 a 2.741 a 2.547 a

17

Trevo Branco

76 d 159 d

861 ab 567 c

675 bc 966 a

18

Matéria seca disponível das espécies forrageiras (kg/ha)

Capim Lanudo Outras*

**312 ns

465 531 625 486 90833

5.268 a 4.936 a

3.370 ab 3.688 ab 2.503 b 5.584 a

18

Total

6.737 c 7.799 c

12.306 b 12.582 b 11.678 b 16.182 a

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Tabela 12 - Disponibilidade média dos componentes de forragem em massa seca (kg/ha) de trevo vermelho (Trifolium pratense), trevo branco (Trifolium repens), cornichão (Lotus corniculatus), capim lanudo (Holcus lanatus) e outras espécies no período de outubro de 2002 a outubro de 2003, em função de tratamentos com fosfato natural (FN), superfosfato triplo (ST) e calcário.

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O capim lanudo (Holcus lanatus) foi a úni-ca espécie para a qual não houve efeito signi-ficativo de fonte de P do calcário no acúmulo de MS (Tabela 12). Apesar disso, o uso desses corretivos determinou incrementos numéricos no acúmulo, que foram proporcionais à dis-ponibilidade de fósforo. O tratamento com ST acumulou 221% a mais de MS que a testemu-nha. A ausência de significância possivelmen-te seja decorrente do elevado coeficiente de variação (33%) observado para essa espécie. Para os estados de Santa Catarina e Rio Gran-de do Sul recomenda-se a calagem segundo o índice SMP para pH 6,0, tanto para aveia, como azevém, capim lanudo e centeio. Os resultados desse experimento, somados aos de Gatiboni (1999) e Morris et al. (1992), que observaram a ausência de resposta do azevém à calagem, indicam que o capim lanudo e o azevém são espécies tolerantes ao solo ácido.

O trevo vermelho apresentou contribui-ção efetiva para a massa total das forrageiras de 37 a 58%, sendo a forrageira que mais con-tribuiu em massa no experimento (Tabela 12). Para o trevo branco, a contribuição variou de 5 a 10% do volume total das forrageiras, apre-sentando um melhor comportamento nos tra-tamentos que receberam calagem e adubação fosfatada, porém não houve diferença estatís-tica de sua produção entre os tratamentos que foram adubados com FN e com ST. A contri-buição do cornichão na MS total variou de 25 a 40% do volume total das forrageiras do ex-perimento, sendo a segunda espécie em con-tribuição na massa total das forrageiras produ-zidas na pastagem. A contribuição em volume de massa seca do capim lanudo em relação às demais espécies forrageiras utilizadas no tra-balho variou consideravelmente. No caso da testemunha e do tratamento só com FN, a con-tribuição foi de 18 e 15% do volume total, res-pectivamente. Já para os demais tratamentos as contribuições foram menores, ficando entre 6 e 8%.

O trevo vermelho também apresentou maior participação nos cortes realizados no pri-meiro ano (40% a 80%), em experimento con-duzido em Passo Fundo (RS) (FÃO et al., 1998). A taxa de crescimento do trevo vermelho foi influenciada pelas fontes de fósforo e modo de preparo do solo que interagiram com os cortes, onde o ST, em preparo superficial, apresentou vantagem ao FN, enquanto que, no preparo convencional a vantagem foi do FN. Nesse ex-

perimento, o cornichão apresentou uma parti-cipação baixa nos cortes (5 % a 10%), portanto inferiores aos valores detectados no presente experimento. Assim, os autores consideraram o cornichão inadequado ao sistema, provavel-mente, pela sua baixa tolerância ao sombrea-mento. O melhor desempenho do trevo ver-melho no Planalto Catarinense e no Planalto Médio do Rio Grande do Sul possivelmente es-teja relacionado ao fato do mesmo apresentar bom comportamento em solos semiprofun-dos, drenados e de boa fertilidade (FÃO et al., 1998). Normalmente é menos exigente em fós-foro que o trevo branco, tolerando solos não corrigidos (COSTA et al., 1992).

Em outro trabalho conduzido no CPPSul de Bagé e no CNPT de Passo Fundo, ambos da Embrapa, a participação na composição bo-tânica da festuca (Festuca arundinaceae cv. El Palanque) foi de 48,8 %, o cornichão (Lotus cor-niculatus cv. São Gabriel) foi de 47,7 % e a parti-cipação do trevo branco (Trifolium repens cv. BR 1 Bagé), foi de 3,6% (GONZAGA et al., 1998).

A definição dos tratamentos foi feita vi-sando alguns aspectos específicos. Inicialmen-te pretendia-se testar a adição isolada de FN em solo característico da região do Planalto Catarinense (pH baixo e elevado teor de alu-mínio). Os resultados mostraram que não foi vantajoso, pois esse tratamento se igualou à testemunha (Tabela 12). Dessa forma, con-siderando três das quatro espécies testadas, não se deve recomendar implantar pastagens perenes usando somente FN. Esses resultados corroboram com os obtidos por Cantarutti et al., (1981). É bom estar atento que esses resul-tados foram obtidos num período de um ano, assim num prazo mais longo as condições podem ser alteradas pela dissolução de uma maior quantidade do FN no solo, desta forma recomenda-se a continuidade de trabalhos com este tipo de FN por um maior período.

Os outros quatro tratamentos foram de-finidos com a adição de calcário, objetivando atingir pH 5,2. Segundo Almeida et al. (1999) nesse pH 5,2 já se minimizam os efeitos tóxicos do alumínio. Além disso, foram consideradas as afirmações de Rheinheimer et al. (2001) de que a aplicação de calcário retarda o processo de dissolução do fosfato natural e diminui a disponibilidade de fósforo proveniente desse fertilizante às plantas, principalmente acima de pH 5,2. Assim, além do calcário foram de-finidos os tratamentos com a utilização de di-

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ferentes fontes de fósforo. No tratamento com calcário, FN e ST (CAL +FN +ST) foi suprido 4/5 da necessidade de fósforo com FN e 1/5 com ST, isso por-que o FN apresenta lenta so-lubilização no início de sua re-ação (NOVAIS e SMYTH, 1999), e, portanto o ST iria suprir a necessidade das plantas na fase inicial de estabelecimen-to da pastagem. Outros dois tratamentos foram definidos considerando a quantidade total de P2O5 na fosforita e ¼ da quantidade P2O5 solúvel em ácido cítrico. E finalmente o uso de ST como única fonte de fósforo. Para todas as espé-cies, independente da forma como foi suplementado o fós-foro (FN ou ST), foi vantajoso conciliar o uso de calcário e

FN ou ST. Esse resultado é in-teressante, pois a recomenda-ção quanto à fonte de fósforo pode ser feita de acordo com a disponibilidade de recursos do agricultor.

Analisando o acúmulo de massa seca das espécies forrageiras e de outras espé-cies ao longo do experimento (Figura 1) na média dos trata-mentos com calcário, fosfato natural e triplo observa-se que o trevo vermelho e outras espécies foram as plantas que tiveram um destaque sobre as demais forrageiras no ex-perimento. O trevo vermelho foi a forrageira implantada que mais produziu até 182 dias após a emergência. Após este período o trevo vermelho entrou em declínio e aos 348

dias a sua contribuição já era menor que a do cornichão. Esta curva de crescimento é característica de plantas anu-ais ou bienais.

Estas plantas possuem um crescimento rápido no início do ciclo (COSTA et al., 1992), mas ao final do perío-do o acúmulo de MS diminui drasticamente (Figura 1). Este comportamento é desejável em uma pastagem perene, pois o rápido crescimento permite a alimentação dos animais no primeiro ano da pastagem, como também há contribuição com a fixação de nitrogênio. Segundo Costa et al. (1992), o trevo vermelho é uma espécie que aos 90 dias após a emergência já pode ser utilizada em pastejo.

Figura 1 - Distribuição de massa seca disponível de espécies forrageiras perenes e de outras espécies, na média de tratamentos com calcário, fosfato natural e superfosfato triplo.

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A categoria outras espécies foi criada para incluir todas as espécies não implantadas no iní-cio do trabalho. Assim, plantas espontâneas que foram ocupando os espaços que as forrageiras semeadas não ocuparam, foram coletadas. Di-versas espécies apareceram, mas destacaram-se samambaia e tiririca. Estas plantas ocuparam os espaços e tiveram uma contribuição importante na massa seca total do experimento.

O comportamento do cornichão foi inter-

mediário, sendo que o acúmulo de massa seca aumentou até os 182 dias após a emergência, após sofreu uma queda e voltou a crescer até o final da condução do experimento. Este com-portamento é típico de uma planta perene que vai se estabelecendo aos poucos e mantém-se ao longo do tempo. O cornichão embora seja uma espécie bastante rústica, responde à corre-ção da fertilidade, principalmente ao fósforo. O cornichão é de ciclo primaveril e sua forragem verde é de ótima palatabilidade, nutritiva, apre-sentando boa resistência ao pastoreio (COSTA et al., 1992). No Rio Grande do Sul em cultivo solteiro a produção de massa verde variou de 24 t/ha (sem adubação) até 53,6 t/ha (com adu-bação), em 4 cortes anuais. Normalmente, nesse estado, são obtidas produções de 4 a 6 t/ha de feno. Uma das grandes vantagens do cornichão é a de não produzir timpanismo nos animais (COSTA et al., 1992).

O comportamento do trevo branco e do capim lanudo foi semelhante, tendo as suas curvas de acúmulo ficado abaixo do trevo ver-melho, outras espécies e do cornichão. O trevo branco é uma espécie perene que demora a se instalar e é mais exigente em pH e em fertilida-de do solo (COSTA et al., 1992). Desta forma o comportamento do trevo branco foi proporcio-nal às condições que lhe foram impostas no ex-perimento. O trevo branco é uma forrageira que ao longo do tempo aumenta de importância, como também com a melhoria das condições de solo. É uma planta que suporta muito bem o pisoteio e possui uma boa capacidade de fixa-ção de nitrogênio no solo.

O capim lanudo é uma espécie anual de comportamento primaveril que acompanhou o desempenho do trevo branco. A sua baixa par-ticipação no acúmulo de massa seca deveu-se à semeadura tardia (em meados de outubro) e à grande competição que sofreu das outras espé-

cies, principalmente do trevo vermelho. A composição química do solo, avaliada

na primeira coleta de solo, correspondente ao período de implantação da pastagem (outubro de 2002) evidenciou que a aplicação de fosfato natural não promoveu variações significativas nos resultados do tratamento só FN, quando comparado à testemunha sem aplicação de cal-cário (Tabela 13). A única diferença ocorreu com o teor de P que diferiu significativamente de um tratamento para outro. A elevação do pH foi ob-servada em decorrência da calagem. Os valores de pH H2O dos tratamentos onde foi utilizado calcário ficaram muito próximos de 5,2 deno-tando a eficiência da calagem. Esta ação neutra-lizante proporcionou diminuição do alumínio trocável de 3,52 cmolc dm-3 para 1,38 cmolc dm-3 na média dos tratamentos que receberam o cal-cário. Ou seja, os valores de alumínio diminuíram 2,55 vezes nos tratamentos que receberam cala-gem em relação à testemunha.

Para cálcio e magnésio também a calagem promoveu um efeito positivo, aumentando os teores de 2,3 cmolc dm-3 e 1,15 cmolc dm-3, res-pectivamente, para 5,27 cmolc dm-3 para o cál-cio e 4,12 cmolc dm-3 para o magnésio (Tabela 13). Estes parâmetros demonstram a efetivida-de da calagem em disponibilizar cálcio e mag-nésio, sendo que nesta fase de implantação da pastagem os valores de cálcio aumentaram 2,3 vezes em relação à testemunha e os de magné-sio aumentaram 2,8 vezes.

Para o potássio não ocorreram alterações com a adição de calcário, fosfato natural ou su-pertriplo. Para fósforo, os maiores teores foram observados quando foi empregado o fosfato natural associado à calagem. Os demais trata-mentos também foram superiores à testemunha (Tabela 13). Quando se utilizou calagem combi-nada com adição de superfosfato triplo, obte-ve-se um nível intermediário, semelhante à tes-temunha, porém também próximo aos valores obtidos para os tratamentos Só FN, CAL+FN+ST e CAL+FN1.

Na segunda coleta, que corresponde ao final do período do experimento (outubro de 2003), os resultados de pH foram semelhantes aos da primeira e mantiveram os resultados decorrentes da aplicação ou não de calcário (Tabela 13). O mesmo ocorreu para os teores de fósforo, que apresentaram os maiores valo-res quando foi associado CAL+FN2. Para o po-

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TestemunhaSó FNCal + FN + ST Cal + FN1Cal + FN2Cal + ST

Tratamentos pHágua pHCaCl� pHSMP P(mg dm-�) K(cmol dm-�) Ca (cmol dm-�) Mg(cmol dm-�) Al(mg dm-�)

4,67b 4,68b 5,56a 5,43a 5,66a 5,57a

4,01b 4,01b 5,03a 5,06a 5,13a 5,16a

5,08b 5,23b 5,85a 5,74a 5,81a 5,81a

10,91c 16,70b 19,80b 19,57b 32,69a 15,93bc

0,32a 0,37a 0,33a 0,31a 0,32a 0,30a

2,30b 2,10b 5,65a 5,27a 4,82a 5,32a

1,51b 1,30b 4,19a 4,37a 3,55a 4,37a

3,52a 3,97a 1,62b 1,15b 1,32b 1,42b

1ª coleta: implantação da pastagem

TestemunhaSó FNCal + FN + ST Cal + FN1Cal + FN2Cal + ST

Tratamentos pHágua pHCaCl� pHSMP P(mg dm-�) K(cmol dm-�) Ca (cmol dm-�) Mg(cmol dm-�) Al(mg dm-�)

4,62b 4,49b 5,16a 5,11a 4,95a 5,09a

4,23bc 4,00c 4,77a 4,69a 4,54ab 4,61a

4,94c 4,83c 5,54a 5,56a 5,29b 5,44ab

13,45b 26,75b 21,27b 23,86b 50,92a 20,57b

0,43a 0,44a 0,44a 0,43a 0,41a 0,41a

3,00bc 2,55c 6,15a 5,45ab 5,72a 5,95abc

1,89b 1,51b 4,76a 4,24a 4,43a 5,44a

2,30a 2,55a 0,55b 0,57b 0,45b 0,25b

2ª coleta: final do período de avaliação

As letras diferentes entre médias dos tratamentos representam diferenças significativas (α = 5%) pelo teste de Duncan.

CONCLUSÕESO uso isolado de fosfato natural não foi recomendável para implantação de pastagens perenes

na região do Planalto Catarinense. Já a associação de calagem e diferentes fontes de fósforo (fosfato natural e/ou super triplo) mostraram-se eficientes na implantação dessas pastagens.

O trevo vermelho e o cornichão foram as espécies que melhor aproveitaram as condições de solo criadas pela adição de calcário e fósforo.

Tabela 13 - Composição química do solo na implantação da pastagem e no final da ava-liação do experimento.

tássio, o comportamento foi semelhante em todos os tra-tamentos, enquanto que, para os elementos cálcio, magnésio e alumínio o efeito da calagem se manteve.

Os resultados obtidos para os teores de P são maiores aos obtidos na primeira cole-ta, mas somente o tratamento CAL+FN2 apresentou teor sig-

nificativamente superior aos demais tratamentos (Tabela 13), possivelmente, porque a quantidade de FN utilizada foi maior que nos demais trata-mentos. De maneira generali-zada os teores de P aferidos no experimento podem ser con-siderados altos. Estes teores estão altos em função da uti-lização do método Mehlich 1,

que possui na sua constituição extratores ácidos (ácido sulfú-rico e clorídrico) que superes-timou os teores de P do expe-rimento. Estes resultados estão de acordo com a afirmação de Kaminski & Peruzzo (1997) que observaram a superestimação dos teores de fósforo disponí-vel em solos fertilizados com fosfatos naturais.

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