Ágora n.º 16

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“a pressão obriga a estarmos sempre atentos e alerta “A música que te toca, toca no Oceano Pacífico” “cada minuto de programa, é um imenso desafio“O lado inquieto de um programa descontraí- do” revela alguns dos segredos para o sucesso do magazine Porto Alive. // PÁG. 7 Há 27 anos que João Chaves acompanha as noites dos portugueses, com o Oceano Pacifico. Revelamos os segredos do programa. // PÁG. 4 Sónia Araújo e Jorge Gabriel visitam-nos todas as manhãs, com o programa que leva “alegria” de norte a sul de Portugal. // PÁG. 2 “NÃO HÁ NOTÍCIAS BOAS, NEM NOTÍCIAS MÁS. HÁ NOTÍCIASEm 2012, a SIC faz 20 anos. Duas décadas depois do aparecimento do primeiro canal de televisão privado português, o Jornal Ágora foi conhecer tudo o que está por trás do pivô que todos os dias, às 13h, entra em casa de milhares de portugueses, através da caixa que mudou o mundo. // PÁG. 5 “aS nOTÍCIAS NÃO ESCOLHEM HORA PARA ACONTECER” Porque é de manhã que se começa o dia, conheça como é preparada informação que entra pela casa dos portu- gueses todos os fins de semana. Os bastidores e a opinião de quem dá a cara, de manhã bem cedo pela informação do canal público. // ÚLTIMA JORNAL UNIVERSITÁRIO LABORATÓRIO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO INSTITUTO SUPERIOR DA MAIA Suplemento do JORNAL DE NOTÍCIAS, de 26 de maio de 2012, não pode ser vendido separadamente NÚMERO 16 sábado, 26 maio 2012

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Page 1: Ágora n.º 16

“a pressão obriga a estarmos sempre atentos e alerta”

“A música que te toca, toca no Oceano Pacífico”

“cada minuto de programa, é um imenso desafio”

“O lado inquieto de um programa descontraí-do” revela alguns dos segredos para o sucesso do magazine Porto Alive. // PÁG. 7

Há 27 anos que João Chaves acompanha as noites dos portugueses, com o Oceano Pacifico. Revelamos os segredos do programa. // PÁG. 4

Sónia Araújo e Jorge Gabriel visitam-nos todas as manhãs, com o programa que leva “alegria” de norte a sul de Portugal. // PÁG. 2

“NÃO HÁ NOTÍCIAS BOAS, NEM NOTÍCIAS MÁS. HÁ NOTÍCIAS”Em 2012, a SIC faz 20 anos. Duas décadas depois do aparecimento do primeiro canal de televisão privado português, o Jornal Ágora foi conhecer tudo o que está por trás do pivô que todos os dias, às 13h, entra em casa de milhares de portugueses, através da caixa que mudou o mundo. // PÁG. 5

“aS nOTÍCIAS NÃO ESCOLHEM HORA PARA ACONTECER”Porque é de manhã que se começa o dia, conheça como é preparada informação que entra pela casa dos portu-gueses todos os fins de semana. Os bastidores e a opinião de quem dá a cara, de manhã bem cedo pela informação do canal público. // ÚLTIMA

JORNAL UNIVERSITÁRIO LABORATÓRIO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃOINSTITUTO SUPERIOR DA MAIA

Suplemento do JORNAL DE NOTÍCIAS, de 26 de maio de 2012, não pode ser vendido separadamente

NÚMERO 16

sábado, 26 maio 2012

Page 2: Ágora n.º 16

JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/122 // OS BASTIDORES Dos média 16

ficha técnicaEDITOR: Luís Humberto Marcos (Coordena-

dor do curso)

COORDENADORES: Catarina Reis, Luís

Barbosa, Ricardo Barbosa e Rita Santos

REDAÇÃO: Ana Araújo, Ana Filipa Reina,

Catarina Silva, Cláudio Carvalho, Diogo

Monteiro, Elsa Fernandes, Gustavo Costa, Inês

Andrade, Inês Magalhães, Irina Moreira, Janine

Mouta, João Brito, Soraia Monteiro, Stefanie

Correia, Raúl Nunes, Renata Moniz, Rui Dias e

Teresa Silva

GRAFISMO: Cláudio Carvalho

ENDEREÇO:

Instituto Superior da Maia

Av. Carlos Oliveira Campos

Castêlo da Maia

4475-690 Avioso S. Pedro

Tel. (351) 22 982 53 19 / Fax. (351) 22 282 5319

ONLINE:

www.ismai.pt - [email protected]

facebook.com/jornal.agora

IMPRESSÃO: Naveprinter

ISBN: 878-989-97147-8-6

O fascínio da produção mediática deixa sem-pre elevada curiosidade no público, nos públicos. Estúdios, décors, luzes, camarins,

estrelato, brilho, popularidade. Câmaras, microfones, tempos, azáfama, ritmos. Seriedade, comicidade. Pa-lavras, gestos. Verdade, mentira. Es-pe-tá-cu-lo.

Como são os bastidores dos média? Esta pergun-ta foi o ponto de partida para a pequena aventura que alimentou os jovens repórteres do Ágora. Sempre na perspetiva do aprender a fazer fazendo, andaram pelo Porto e por Lisboa. Assistiram a programas. Falaram com os protagonistas. Sentiram os bastidores. Para poder contar. É desse olhar diferenciado que se faz o Ágora. Alguns dos principais programas de TV e Rádio são vistos do lado de dentro. Esta é uma das formas de fazer jornalismo: Ver, ouvir, sentir e… contar.

O nosso mundo na atualidade faz-se do muito que circula nos bastidores. Informação e Programa-ção são duas faces dos discursos da realidade social. Conhecer os bastidores será compreender melhor as outras realidades. Muita da sua construção começa precisamente nos bastidores…

Os desafios do conhecimento constituem a melhor bússola do jornalismo.

bússola do jornalismoLuís Humberto Marcos

A Praça que ninguém vêO programa há mais anos no ar da televisão portuguesa é muito mais do que pode ser visto pelo comum espetador. Longas horas de trabalho, imaginação e muita adrenalina à mistura servem de base a uma praça repleta de alegria.

São 8h30 de uma quinta-feira fresca, típica do começo da primavera. Entramos na RTP, e somos recebidos pela assessora

de imprensa do programa Praça da Alegria. Poucos minutos depois verificamos que alegria não é só o nome do programa. “Bom dia, tudo bem? São vocês os estudantes que vão escrever sobre o programa? Sigam-me, vou começar por vos mostrar os bastidores”. A agitação é grande. Por esta altura, as salas de maquilhagem e cabeleireiro são os espaços mais concorridos.A dupla de apresentadores já lá não se encon-tra. Jorge Gabriel e Sónia Araújo estão nos respetivos camarins, concentrando-se para a emissão que se segue: “por vezes três horas, num programa de televisão em direto, parecem três dias”, confidencia-nos Jorge Gabriel.Saímos rumo à horta, uma das atuais imagens de marca da Praça. Todas as quintas-feiras o país conhece a sua evolução. “Como o nosso programa é visto por pessoas de todas as idades, classes sociais e regiões, achamos uma forma interessante de chegar mais perto de grande parte delas”, conta-nos o apresenta-dor. “Numa altura em que o país parece estar a apostar novamente na agricultura, é uma rubrica importante.” Entramos novamente no estúdio. Não é gi-gante como aparenta na tv. Com tudo isto, já

Um programa em direto implica horas de preparação de bastidores

Luís Barbosa, Raúl Nunes e Teresa Silva só falta uma hora para o início do programa. A equipa de produção está em alvoroço. Dezenas de técnicos conferem as luzes, o som, as câmaras, o chá e a água para apresen-tadores e convidados, tudo ao mais ínfimo pormenor.Um grupo de jovens cantores da Maia, com a responsabilidade de abrir o programa, chega às instalações da RTP. Os convidados vão entrando a conta-gotas. Os mais atrasa-dos causam preocupação e impaciência à produção: “Então, só conseguiu chegar agora, está quase na hora”. “Calma, eu disse que estava aqui perto”. Segundo após segundo, o relógio eletrónico colocado na parte superior do estúdio vai-se aproximando das dez em ponto. Apresen-tadores, produção, e figurantes ocupam as suas posições. Os jovens cantores da Maia afinam os últimos acordes. Falta menos de um minuto, o silêncio no estúdio é total. A Alegria de milhares de portugueses está prestes a começar…Conseguir temas para abordar diariamente é uma das tarefas mais árduas para a produçãoe para os apresentadores: “depois de tanto tempo no ar, por vezes é complicado ter temas novos e interessantes. É um trabalho árduo, mas que tem de ser feito. Cada minuto de programa é um imenso desafio”, refere Jorge Gabriel. E acrescenta: “A enorme mobilidade que a Internet tem atualmente é essencial para

o nosso trabalho”.“Na nossa página de uma conhecida rede social existem jovens que nos sugerem temas, pois julgam que os seus avós irão gostar”, diz-nos a assessora de imprensa.Assistindo ao vivo, percebemos que tudo é pensado ao segundo. O programa é gerido até ao mais ínfimo pormenor. Se alguma peça, direto, ou conversa demora mais um minuto do que o esperado, a seguinte terá que compensar. Com a primeira ida ao exterior, a emissão sai do estúdio. Atempadamente elementos da produção para lá se deslocam. Final-mente, já se pode respirar.O programa mantém os mesmos moldes até ao seu final. Até à uma da tarde, a adrenalina da produção estará sempre ao máximo. Os próprios intervalos são sem-pre muito preenchidos.Após três horas de programa tudo termina como começou: com muita alegria.Há uma reunião final entre apresentado-res e alguns membros da produção, onde são debatidas as principais incidências do ultimo programa e dos seguintes.No dia seguinte a rotina será a mesma,se é que se pode realmente falar em rotina num programa sempre diferente.O projeto desta praça está aprovado e parece querer continuar por longos anos.

linha curva

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OS BASTIDORES Dos média // 3JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/12 16

À conquista das Manhãs

No ar há 16 anos, a Praça da Alegria é veterana na arte do daytime em Portugal.

Na corrida das audiências dos progra-mas da manhã, Sónia Araújo e Jorge Ga-briel têm sabido manter firme o seu for-mato ao longo do tempo.

Compete com o reinante Você na TV que, desde 2004, é a aposta da TVI para as manhãs.

Manuel Luís Goucha, fez-se rosto do novo projeto, dois anos depois de ter deix-ado a Praça da Alegria.

Ao apresentador, juntou-se Cristina Ferreira, uma cara desconhecida do públi-co mas que, pouco a pouco, foi ganhando espaço ao lado de um um dos gigantes da comunicação do nosso país.

Os dois conduziram o programa à lider-ança, apoiados por Júlia Pinheiro, que até Dezembro de 2010 exerceu funções de subdiretora de programas na estação de Queluz.

Também Júlia não escapou à disputa de estrelas e audiências entre os canais, e em Janeiro de 2010 entra como “Querida Júlia” nas manhãs da SIC.

A apresentadora que conta com largos anos de experiência como cara dos mais variados programas, comanda há dois anos a solo, um formato que acompanha o que demais se faz nesse horário: jogos, passatempos, histórias de vida, atuali-dade e música, e tem vindo a crescer no panorama dos programas do género.

As apostas das três estações caem mais sobre as personalidades, que está provado serem o fator de diferenciação de estação para estação, do que sobre os conteúdos, que é aposta ganha desde o seu início no ar.

Cabe ao público escolher o canal que melhor lhe assenta, ou a cara que mais lhe agrada.

Sucesso comum na Praça Com Partidas diferentesJorge Gabriel e Sónia Araújo for-mam uma das duplas de apresen-tadores mais antigas da televisão nacional. Com pontos de partida diferentes.

Jorge Gabriel começou na Rádio Regional da Amadora, com apenas 16 anos. ”Tinha tudo para correr mal”, confessa. “Desisti de

estudar aos 16 anos para me dedicar à rádio”, explica, contente numa certeza: “fiz uma aposta de risco elevado, mas felizmente correu bem”.O começo, difícil, foi alimentado pelo prazer: “A paixão pelo jornalismo obrigou-me a grandes sacrifícios; fui muitas vezes para a rá-dio pendurado no comboio, porque não tinha qualquer meio de transporte”.No pequeno ecrã, passou pela SIC. ”Tive a sorte de aparecerem as televisões privadas e recrutarem à rádio os profissionais de que necessitavam”.Em criança, Sónia Araújo “tinha o sonho de ser bailarina profissional”. Depois, chegou à conclusão de que “em Portugal isso seria bastante complicado”. Licenciada em Direito, acabou por nunca exercer a advocacia. Iniciou cedo a sua carreira em televisão. Como ? ”Comecei a apresentar pequenas peças sobre música; num programa de três horas, aparecia por dois minutos”. A saída de Manuel Luís Goucha para a TVI foi a oportunidade per-feita para se tornar apresentadora. “Era uma oportunidade que não podia desperdiçar”, frisa Sónia Araújo. O início enquanto dupla de apresentadores não foi fácil, mas hoje em dia já se entendem às mil maravilhas. “O Manuel Luís Goucha saiu abruptamente do programa, e fomos de certa forma atirados às feras” – a explicação é de Jorge Gabriel. No primeiro ano era compli-cado, mas com o tempo, e sem qualquer tipo de vaidade, podemos dizer que já fazemos o programa com facilidade”.

AudiênciasO nível de audiências e a concorrência são temas que despertam curiosidade. Que moti-vos levavam a Praça da Alegria a manter o seu formato ao longo do tempo, ao contrário dos programas da concorrência? Sobre este tema, Jorge e Sónia falam em unís-sono: “a Praça da Alegria tem um caminho muito próprio, diferente dos programas da concorrência; não queremos com isto dizer que o nosso seja melhor ou pior, é apenas diferente”. A explicação vem a seguir: “O nosso programa não é comercial, não está focado

apenas nas audiências, e os da concorrência estão”. Para ambos “essa é a grande diferença”. Conclusão óbvia: “Estamos satisfeitos com o nosso trabalho, e por isso não alterámos muito a sua base”.

HortaÀs quintas-feiras há sempre emissão da horta. Sem interferência meteorológica. Quisemos saber como. O sorriso acompanha a expli-cação da produtora do programa: “Con-trolo sobre a meteorologia, mas também um bocadinho de sorte, porque nunca choveu

às quintas-feiras, na hora do programa.” Surpreendidos, perguntámos se já alguma vez tinham sido apanhados desprevenidos. “Sim, mas a chuva ficou apenas pela ameaça, e por isso o programa pôde seguir normalmente.”No exterior do estúdio, existe mesmo muita coisa a ser ajustada, desde os microfones aos cabos da câmara de filmar.A emissão começa. Fala-se de plantas trepa-deiras e kiwis. Descobrem-se as fórmulas de sucesso para uma boa plantação.E enquanto a terra é arranjada e se explica aos telespetadores como proceder, todos ficam contagiados pela boa disposição. Já ninguém tem frio. E, quando todos estão com o balanço necessário, eis que a emissão hortícola acaba. Está na hora de regressar ao estúdio. ■

“O nosso programa não está focado apenas nas audiências”

A dupla mantém o seu formato firme nas manhãs da RTP

Para novos desafios, novas soluções

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JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/124 // OS BASTIDORES Dos MéDIA 16

Entre a fachada principal do edifício e uma escadaria imponente, está João Chaves, em amena cavaqueira. Os

estúdios da RFM, em Lisboa, ficam aqui, no Chiado. A voz do Oceano Pacifico resguarda-se do frio com o seu casaco de couro, numa conversa animada com os seus colegas.Quando fomos convidados para o acompanhar num dos vinte cigarros que fuma por noite já o gelo tinha sido quebrado e o “à-vontade” para uma entrevista surgia. A nossa vontade de partirmos à descoberta de tudo sobre o pro-grama sobrepôs-se à vontade do João Chaves de fumar mais um cigarro. Acabámos por ser convidados a entrar para os estúdios. Foi aí que percebemos que aquilo que seria uma en-trevista, tinha-se transformado naturalmente numa agradável conversa.Assim descobrimos que a música africana de Marcos André antecedeu as baladas tão acarinhadas pelos ouvintes do Oceano Pacifico. Baladas que não são escolhidas apenas pelo seu bom gosto: “Nós só tocamos as músicas que tocam a toda a gente, não posso pôr as músicas que gosto, se não, não chegava a toda a gente.”. Na opinião de João Chaves, “as pessoas não se cansam… mesmo que as músicas sejam sem-pre as mesmas!”. Este é o segredo do sucesso do programa as músicas são pensadas para os ouvintes.Com tanto sucesso, refletido também na venda de milhares de CD’s, a dúvida do porquê de

acabar com a criação de mais discos surgiu. Amavelmente, João Chaves explica-nos: “Planos há, não há é condições; com a música pirata não compensa fazer CD’s.” A melhor forma que o apresentador do programa encontra para mostrar a sua mágoa está numa gaveta. Retirando, nostalgicamente, os CD’s (editados com a chancela ‘Oceano Pacífico’), explica que, dificilmente, conseguiria guardar outro na mesma gaveta.Quando demos por isso, já duas horas tinham passado. Não havia mais tempo para conversas, porque o programa es-tava quase a começar. A equipa do Jornal Ágora assistiu privilegiada-mente em direto.Muito naturalmente, João Chaves fala com aquela voz mítica que todas as noites ouvimos na RFM. Nesta altura, as emoções começam a tomar conta de nós e músicas como “Promise Me”, da cantora Beverly Craven, e “Everything I Do”, de Bryan Adams, embalam-nos naquele estúdio. É aqui que João Chaves passa as suas noites.Enquanto uma playlist de quinze minutos toca, João Chaves e o sonoplasta e seu fiel compan-heiro de todas as noites, José Pedro Pereira,

levam-nos até ao ponto mais alto do edifício do grupo Renascença, para mais uns cigarros de conversa. João Chaves, após uma pergunta atrevida, conta-nos que, quanto aos fãs, não tem razão de queixa. Recebe mensagens e comen-tários todos os dias. “Cheguei a ter que fugir pelas traseiras no fim de um dia de trabalho.” E, naquele intervalo descontraído, no meio de várias estórias, ouvem-se, via rádio, as comuni-cações entre os vários aviões que vão chegando ao aeroporto da capital. Locutor e sonoplasta

confessam ser um pas-satempo que os acorda, substituindo o café.Já à saída, João Chaves quer partilhar mais uma curiosidade engraçada. Há uns anos atrás, em Braga, quando um homem se apercebeu que a mulher ia dar à luz, telefonou para o programa a pedir que ele fosse um substi-tuto da epidural. A voz inconfundível de João Chaves relaxou a mãe da criança e fez com que o parto ficasse guardado

na memória do casal e do locutor.Pela madrugada dentro, regressámos à Invicta, ouvindo os últimos minutos do Oceano Pa-cifico, ao mesmo tempo que partilhávamos a emoção desta grande aventura. ■

Uma aventura no Oceano PacíficoDepois de uma noite de insónias, Jaime Fernandes levantou-se às 5 da manhã antes de ir para a RFM, olhou para o mar espelhado e pensou “Oceano Pacifico”, um programa de baladas.

Os Sons da Noite

As noites tranquilas proporciona-das por João Chaves estão no ar há já 28 anos. O programa Oceano Pacífico acom-panha milhares de portugueses, todas as noites, das 22h às 02h da manhã. Líder de audiências, a RFM não descura deste formato que tem feito sucesso ao longo de tantos anos. Oceano Pacífico compete com outros grandes programas no mes-mo horário.

Na TSF, cada noite tem um tema e um locutor diferente. À segunda-feira: A playlist de (...), tem todas as semanas um novo convidado que apresenta a sua playlist pessoal; à terça-feira: Zona Global com Mário Dia; à quarta-feira: Zona Pop com Miguel Fernandes; à quinta-feira: Zona Groovy volta a Mário Dias; à sexta-feira: Zona Ribeirinha com Ana Bravo; ao sábado: Zona de Conforto com Pedro Adão e Silva; e ao domingo: Zona Franca com Fernando Alves.

A Antena 1 presenteia os seus ouvintes com Jorge Afonso, no programa Histórias e Músicas.

Baseado em conversa e reflexão é o pro-grama “Cada um é para o que nasce”. Soa

das 00h00 às 02h00, nas ondas da Rádio Renascença, com Óscar Daniel.

Apesar da concorrência neste horário ser elevada e de qualidade, a força dos programas da RFM como Oceano Pací-fico já fez com que o Grupo r/com fizesse uma pareceria com a Portugal Telecom. Objetivo: os clientes podem ouvir, gra-tuitamente, todos os programas da RFM e as suas web rádios, entre elas Oceano Pacífico.

João Chaves toma conta do microfone das 22h às 02h da manhã

Ana Araújo, Gustavo Costa, João Brito e Renata Moniz

“Cheguei a ter que fugir pelas traseiras no fim de

um dia de trabalho.”

Page 5: Ágora n.º 16

OS BASTIDORES Dos média // 5JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/12 16

O relógio marca 08:30 na redação da estação de Carnaxide. No espaço partilhado pelo universo de infor-

mação da SIC, está tudo muito tranquilo, até porque só agora se começa a trabalhar na maioria das notícias que vão para o ar à hora de almoço.Logo ao início da manhã é preciso fazer um pré alinhamento daquilo que será o Primeiro Jornal. Por isso, a equipa responsável pelo noticiário reúne-se para trocar opiniões e definir quais são os destaques do dia. Em fun-ção disso, ficam definidos os temas que serão tratados pelos repórteres durante a manhã.

O planeamentoSentados à mesa da sala de reuniões, estão o coordenador do Primeiro Jornal, André Antunes, o editor e subdiretor de informação da SIC, Carlos Rodrigues e o resto da equipa de jornalistas. A leitura dos jornais diários é obrigatória para fazer a seleção das notícias que vão para o ar à uma da tarde. A escolha do alinhamento acaba por não ser um processo muito difícil, porque segundo o coordenador do jornal, “não há notícias boas, nem notícias más, há notícias”. A diversi-

dade de notícias é uma das características de qualquer noticiário, e isso implica que se faça um grande trabalho. “É preciso uma grande ginástica para colocar no ar mais de 60 peças, quando temos oito equipas de jornalistas à dis-posição”. Toda a ginástica que se faz vale bem a pena, “porque é um desafio diário”, continua a explicar André Antunes. “Isto é como ser dono de um restaurante e oferecer um novo menu todos os dias”.Depois de alguns minutos de troca de argu-mentos sobre a nova lei do tabaco, a equipa chega a um consenso e decide fazer uma reportagem num espaço que tenha investido muito em equipamentos de extração de fumo. Todos reconhecem que as trocas de ideias só beneficiam o produto final, pois “é uma área que está sempre sujeita a discussão, a pontos de vista diferentes, mas permanece sempre o bom senso”. “Regra geral as decisões são partilha-das”, sublinha André Antunes.No computador, o coordenador vai estru-turando o alinhamento e assegura que “o alinhamento feito até agora vai mudar muito ao longo da manhã”. Assevera: “A estrutura

É assim que todos os dias à hora marcada Bento Rodrigues abre o Primeiro Jornal da SIC. No ano em que se assinalam os vinte anos da estação de Carnaxide, fomos conhecer tudo o que se passa nos bastidores do noticiário da hora de almoço.

A azafama da redação antes do direto em estúdio

do Primeiro Jornal não vai ter nada a ver com isto”.

A manhã oscilanteTerminada a reunião, é tempo de começar a tornar o alinhamento real. A tranquilidade que se sentia na redação ao início da manhã dá lugar a um rebuliço. Pouco depois, o arrastar de cadeiras e a troca de impressões fazem perceber que não tarda muito estará no ar o Primeiro Jornal. Entretanto, o pivô Bento Rodrigues já está a trabalhar no conteúdo que mais tarde vai ler no teleponto. Muito concentrado no trabalho, o jornalista que é a cara do Primeiro Jornal, analisa, uma a uma, as notícias do alinhamen-

to, e escreve os ‘pivôs’ que vai ler à uma hora da tarde. Bento Rodrigues esclarece: “é preciso dar a cada reportagem um bom motivo para que ela seja vista em casa”.O rosto do Primeiro Jornal reconhece que é, apenas, a cara de uma equipa que procura sempre fazer o melhor trabalho possível, já que a “televisão parece um exercício completa-mente individualista, egoísta quase, mas não, nos bastidores é exatamente o contrário, é um exercício de cooperação e de partilha”. Bento Rodrigues sublinha: “Para casa passa só uma cara, mas a verdade é que aquela cara tem muita gente por trás”.A uma hora do início do Primeiro Jornal, Bento Rodrigues troca o pólo confortável que

tinha vestido, põe uma gravata, um casaco e vai para a maquilhagem. O tempo começa a apertar e é preciso um grande controlo. “Até a falta de tempo é um desafio”. O jornalista concretiza: ”fazer num tempo que é escasso - o tempo televisivo é sempre escasso - o melhor que podes e sabes é um desafio ex-traordinário”.O alinhamento fica pronto a poucos minutos do arranque do noticiário, e tudo está pensado ao pormenor. As peças, os diretos, os interva-

los e as promoções das reportagens estão todas no alinhamento.Poucos minutos antes do Primeiro Jornal entrar no ar, toda a equipa dirige-se para o es-túdio, ao lado da redação, com um entusiasmo contagiante. “Pessoal, vamos lá brincar, vamos fazer televisão”, diz o coordenador.

Em diretoA poucos segundos do noticiário entrar no ar, dá para sentir o nervosismo do direto a tomar conta da equipa. No estúdio testam-se os microfones, ajustam-se as câmaras e tudo está pronto para começar. Na régie já estão todos nos seus postos e preparados para brincar à televisão.Às 13 em ponto começa o Primeiro Jornal. No Estúdio estão Bento Rodrigues e José Gomes Ferreira, subdiretor de Informação da SIC, que comenta a notícia de última hora, a divulgação do Boletim Económico do Banco de Portugal.No Estúdio, o pivô vai dando a cara por toda a equipa com as últimas notícias sobre a atuali-dade do país e do mundo; na régie, todos tra-balham para que nada falhe. Bento Rodrigues e a equipa que está nos bastidores comunicam constantemente, e as câmaras são ajustadas sempre que está no ar alguma reportagem. Nada pode falhar.Para o espectador, todo este processo parece fácil, mas só é possível devido ao trabalho de muitas pessoas. “O importante é que seja apresentado um bom trabalho”, sublinha o jornalista, que conclui: “como se chega ao resultado que se vê em casa, não é importante”.O relógio já marca quase 14h30 quando o jor-nalista termina o noticiário. Como de costume: “É tudo, obrigado por nos terem acompanhado. Boa tarde, até amanhã”. ■

Catarina Silva, Cláudio Carvalho e Diogo Monteiro

jornais das 13hA hora de almoço é sempre acompanhada pelas

notícias que estão na ordem do dia. RTP1, SIC e TVI levam até aos telespectadores as reportagens, os diretos e os comentários sobre os assuntos que estão na ordem do dia.

A atualidade nacional e internacional, política, economia e desporto são alguns dos temas ha-bitualmente tratados nestes espaços informativos.

“Para casa passa só uma cara, mas a verdade é que

aquela cara, tem muita gente por trás.”

“Não há notícias boas, nem notícias más. Há notícias.”

O Jornal da Tarde é transmitido em simultâ-neo na RTP1, RTP África e RTP Internacional. É conduzido por Carlos Daniel e Hélder Silva à semana e João Fernando Ramos ao fim de semana. Durante largos anos foi líder no seu horário, mas perdeu o primeiro lugar para a estação de Queluz de Baixo.

Na SIC, o Primeiro Jornal é apresentado à semana por Bento Rodrigues e por Pedro Mourinho ao fim de semana. Diariamente leva até casa de milhares de portugueses todas as novidades de um mundo onde a atualidade não para. É o segundo noticiário mais visto às 13, só superado pelo Jornal da Uma da TVI.

José Carlos Castro à semana e Patrícia Matos ao fim de semana são a cara do jornal que lidera as audiências da hora de almoço. O Jornal da Uma, leva diariamente até milhares de pessoas todas as notícias que marcam a atualidade.

São três opções, que apesar das diferenças que apresentam entre si, têm um objetivo comum: informar os portugueses.

“BOA TARDE E BEM-VINDOS”

Page 6: Ágora n.º 16

JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/126 // OS BASTIDORES Dos média 16

Seis da manhã, o silêncio e o frio invadem a cidade do Porto. Cruzo a Praça Coronel Pacheco, com o chilrear dos pássaros. Ao

longe, um edifício cor-de-rosa. É ali a Rádio Nova.

Sou recebida por duas pessoas: Manuel Leal (Jornalista) e César Nóbrega (animador). A Rádio é bem diferente do que eu idealizava: um espaço pequeno. Do lado direito a mesa dos jornalistas, do lado esquerdo dos anima-dores, mais adiante a cabine, onde se fazem as gravações, logo depois está o estúdio, onde

um dia na Rádio NovaEm sua casa ou no carro, não se aperceberá das longas horas necessárias para a preparação do seu programa de rádio favorito. É isso mesmo que pode descobrir nas próximas linhas.

se dá vida à rádio. Ali, os animadores e os jornalistas apresentam os seus programas e noticiários. Ao lado do estúdio está a cabina técnica, local onde se produz todo o tipo de sons da rádio.

Manuel Leal, escuta logo pela manhã os noticiários das rádios nacionais, em busca das melhores notícias da atualidade. Mal chega à rádio, vê a edição que o colega da noite deixou. Lê o serviço da agência Lusa e prepara a sua edição. Às 06h59 em ponto, o jornalista entra no estúdio para o primeiro noticiário do dia. Logo a seguir faz a revista de imprensa, com base nos vários jornais do dia. Às 9 H, Manuel

Leal apresenta uma revista de imprensa só de desporto e, às 9h30, uma edição mais alargada.

Nos intervalos, sorrisos, gargalhadas, conversas cruzadas. Assim se passa o final da manhã e a tarde. Ambiente minimamente calmo, descontraído e divertido, enquanto decorre a atualização das notícias, de hora a hora. Quando sobra tempo, os jornalistas adiantam trabalho para o dia seguinte.

O sossego invade a noite. Apenas duas pessoas estão na rádio, tal como de manhã. Às 21h, é a vez de Sónia Borges (animadora) e Rui Mesquita (jornalista) darem voz à estação. Sónia apresenta o programa “Douro Hotel”.

O entusiasmo junto ao edifício de Ciên-cias da Comunicação do Porto era contagiante. O outrora burburinho

que se fazia ouvir antes do edifício, era agora um exaltante confronto de notícias entre os estudantes à porta da universidade. Ao pas-sarmos pelo átrio de entrada, a expectativa de encontrar um local dominado pela pressão começou a penetrar a nossa mente, mas algo nos fez relaxar. Depois de uma lenta subida pela escadaria, deparamo-nos com uma janela do lado direito, com mais de dois metros. O símbolo não enganava, tínhamos acabado de encontrar a sala do jornal.O P3 começou por ser um projecto idealizado por Amílcar Correia, atual director da plata-forma digital, para transmitir informação para um determinado público-alvo. Numa altura em que o investimento na imprensa escrita estava em queda, o conjunto de entidades que formam a equipa do P3, decidiu optar pela

P3: A Revolução dos Jornais On-LineNum mundo onde a tecnologia é dominante entre o público jovem, o P3 adapta-se não só ao conceito de multimédia mas também ao interesse daqueles que são o futuro do país.

Ana Filipa Reina e Irina Moreira

Soraia Monteiro

criação de um site onde o público mais jovem pudesse ler noticias relacionadas com os seus interesses. Esta ideia de criar um site voca-cionado para a juventude portuguesa foi mais do que uma maneira dos jovens aderirem aos sítios de informação. De acordo com Amílcar Correia, a informação fornecida aos “jovens adultos” era demasiado generalista. “Este público estava entregue a coisas totalmente infantis ou temáticas como a Blitz e pouco mais”. Segundo ele, pouco direcionada para as preocupações que giram em torno da mentali-dade mais jovem da nossa sociedade. Esta nova plataforma digital pretende ser mais do que um simples local para encontrar informações, pretende também dar relevo às conquistas feitas por portugueses em todo o mundo. Desde textos críticos feitos pelos leitores, até às galerias de imagens, o director do P3 tenta estar sempre de acordo com os interesses dos leitores e com o que se passa na atualidade. “Nós não fazemos notícias de última hora, não estamos muito vocacionados

para cobrir atualidade”, confessa. E explica a diferença: “queremos histórias que os outros jornais não dão”. Apesar de ser um sítio que se foca nos interes-ses dos jovens portugueses, o P3 não põe de parte a situação económica do país. “O desem-prego juvenil é hoje um dos temas políticos em agenda, e nós tratámo-lo desde o início porque

sabemos que esta geração dos 500 euros vive com esse problema, é uma geração precária”. A equipa luta diariamente para dar voz aos jovens que se encontram numa situação instável. Dá notícias e esperança, sentimento que consegue mudar mentalidades. Com esta atuação, transmite uma força capaz de mudar o futuro que parece tão negro.■

Azáfama no estúdio do P3

Por norma, não prepara nada, apenas fala “do que sair no momento”. Mas confessa, com um sorriso, que, nos primeiros tempos, “apontava tudo o que tinha para dizer”.

O jornalista Rui Mesquita atualiza os noticiários, durante a noite. Está atento às no-ticias que poderão surgir, prepara o programa “GPS” e adianta trabalho para os colegas da manhã.

23h59, Rui Mesquita entra pela última vez no estúdio para fechar o noticiário do dia. Depois, apenas ficam as quatro paredes e o aparelho que, de uma certa forma, é a rádio. A ‘playlist’ faz o resto. Até às seis da manhã.■

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OS BASTIDORES Dos média // 7JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/12 16

A inquietação já se faz sentir às quatro da tarde na sala de entrada do edifício do Porto Canal. “Às sextas é sempre mais

tenso por cá”, diz-nos Tânia Franco, produtora do magazine. Falta uma hora para o arranque do programa Porto Alive! e, enquanto espe-ramos pela apresentadora Maria Cerqueira Gomes, a atribulação à volta da preparação de uma transmissão em direto parece aumentar, minuto a minuto.

Desde Janeiro deste ano, a estação Porto Canal, sediada na Senhora da Hora, Matos-inhos, tem como diretor geral uma das caras mais conhecidas do jornalismo português: Júlio Magalhães. Esta novidade marcante não é a única sentida na estação privada de televisão nos últimos meses. Em entrevista a um órgão de comunicação social, o diretor

O Jornal Ágora foi conhecer o programa Porto Alive! da estação Porto Canal, recentemente sob gestão do FC Porto. A apresentadora Maria Cer-queira Gomes falou das exigências diárias de um programa de transmissão direta, com carácter urbano.

Elsa Fernandes, Janine Mouta e Stefanie Correia

Maria Cerqueira Gomes apresentadora do Magazine do Porto Canal - Porto Alive!

novos horizontes

Desde 1 de Julho de 2011 que o Porto Ca-nal assumiu um novo rumo.Quando o FC Porto tomou a direção e gestão do canal, o objetivo foi aliar o formato informativo existente à trans-missão de conteúdos desportivos maiori-tariamente focados no Futebol Clube do Porto.A direcção de conteúdos do FCP foi con-fiada a Rui Cerqueira, diretor de comuni-cação do clube, e Domingos de Andrade, antigo diretor adjunto de Informação da Lusa, assumiu o cargo de novo diretor de Informação e Programação.Novos programas como “Flash Porto” e “Somos Porto” foram incluídos na grelha de programação e contam a atualidade do clube, exclusivos e debates com o futebol como tema central. Jorge Nuno Pinto da Costa tem sido presença assídua na an-tena desde então.A grande novidade foi a entrada de Júlio Magalhães, até então diretor de informa-ção da TVI. A 1 de Fevereiro deste ano assumiu a função de diretor geral. Pouco tempo depois, numa tertúlia no Porto, Júlio Magalhães afirmou que “esta é uma possibilidade única de ter um canal do Porto aberto para todo o país”. “Quere-mos fazer do Porto Canal uma referência, também de serviço público, oferecendo amplitude de conteúdos em difusão por cabo”, frisou. Na sua opinião é preciso “dar expressão a vozes do norte de todas as áreas, chamando massa crítica e for-mando talentos.” Prova dada da sua expansão, o Porto Ca-nal acordou, recentemente, com a opera-dora angolana ZAP, a venda de conteúdos para Angola e Moçambique, nos próximos 3 anos. De acordo com a agência Lusa, o acordo está fechado e deverá ser formal-izado nos próximos dias.

de Informação e Programação, Domingos Andrade, afirmou que “houve a necessidade de incrementar os espaços informativos e a forma como olhamos para a região. Foram criados novos espaços de proximidade”.

Essa proximidade já existia sob a forma do Porto Alive!, um magazine diário que mostra tudo o que se passa no norte do país. Todos os dias úteis o estúdio recebe convidados associados a rubricas como saúde, economia, educação e sociedade. O programa pauta-se pelo teor informal que vai de encontro aos desejos do público-alvo, afastando-se de as-suntos polémicos que possam corromper essa característica.

Ainda na expectativa, os rostos conhecidos do canal passam com cada vez mais frequência pela sala de espera. A aguardar está, também, um mágico espanhol que vigia atentamente a

entrada do estúdio, no qual vai atuar para o Bolhão Rouge, programa semanal de comédia e humor.

Na sala de caracterização (1º piso) a apresentadora Maria Cerqueira Gomes recebe a equipa de reportagem. “Não sou jornalista e isso deve ter sido uma das razões para ter sido escolhida”. É desta forma que Maria Cerqueira Gomes justifica ser o rosto do magazine, procurando sempre manter uma conversa informal, sem descurar os temas que marcam a atualidade.

A apresentadora e ex-manequim, natural do Porto, contava já com vastas coordenações e apresentações antes de dar o passo para o Porto Canal.

Centrado num dos principais focos desta visita do Jornal Ágora – quais as exigências de um programa em direto tão informal, emitido no exterior – a apresentadora revela que quando o programa é feito fora do estúdio “não há grandes exigências”. Explica: uma vez que é, normalmente, gravado, isso permite “explorar um bocadinho outras coisas”.

À parte das exigências como a preparação prévia das peças e a instrução completa da apresentadora, há situações que têm conse-quências por vezes incómodas: convidados atrasados ou escusas de última hora. É muitas vezes no decorrer do programa que Maria Cerqueira Gomes toma conhecimento de que o convidado não vai aparecer. “Esticar as conversas e colocar mais reportagens” são algumas das soluções mais viáveis neste tipo de situação. “Tudo é feito na base do improviso e procuro lidar com isso com a informalidade a que o nosso público já se habituou”, diz-nos, entre risos.

Qual prefere: programa gravado ou em direto? Maria Cerqueira Gomes não hesita ao escolher “trabalhar em direto”, porque consid-era que está “mais a 100%” e não se permite errar.

Em alturas de grande movimento, os atra-sos são mais que muitos e o alinhamento tem que ser mudado. Entra aqui o apoio da equipa de produção que conta com quatro elementos: uma coordenadora, dois produtores e um as-sistente de produção.

“A verdade é que a pressão é algo difícil com que se tem que lidar sempre”, explica-nos a coordenadora do programa, Tânia Franco. “O que um programa em direto tem de menos bom é que qualquer erro é irreversível; não podemos alterá-lo nem remediá-lo como nos programas gravados”. A coordenadora está em plena sintonia com Maria Cerqueira Gomes: “a pressão obriga a estarmos sempre atentos e alerta”.

Assim se vê o lado inquieto de um pro-grama descontraído. ■

porto alive! O LADO INQUIETO DE UM PROGRAMA DESCONTRAÍDO

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JORNAL ÁGORA SÁBADO 26/05/12última // OS BASTIDORES Dos média 16

Sandra Pereira é o rosto da informação do canal público, aos fins-de-semana. Ex-periência de vários anos como pivô, criou

uma rotina que lhe permite gerir o tempo da melhor forma - “Acordo às 4 e pico, mas como os horários de manhã já vêm de há muito, tenho o hábito de deixar a roupa preparada de véspera, tudo direitinho, para ser rápido acordar e despachar.” Maquilhagem, cabelo e acessórios, tudo é pensado ao pormenor quando se é a cara das manhãs informativas da RTP. O tempo é curto e todos os minutos são importantes. O relógio não pára. Faltam 10 minutos para a emissão ir para o ar. São dados os últimos retoques no alinhamento. Os domingos são menos exigentes. A dinâmica do programa é mais informal ao fim de semana, sendo que os sábados exigem mais preparação – “Quando me sento, muitas vezes ainda tenho textos para rever e hoje foi calmo. O domingo é calmo. Por exemplo, ao sábado tenho muitas entrevistas… Chego a ter 5 entrevistados numa manhã entre as 8 e as 11, muitas vezes sento-me ainda com muita coisa por fazer.”Em casa as dimensões do estúdio aparentam ser mais amplas. Lá dentro, o cenário é bem diferente. Com 3 câmaras, 1 mesa e pouco mais que isso, a tela verde dá lugar a um ambi-ente virtual. A era dos computadores permite que o telespectador seja transportado para um estúdio azul, gráfico, moderno e dinâmico. A expectativa foi ultrapassada pela realidade. O stress que esperávamos encontrar deu lugar a um ambiente calmo, tranquilo, fruto de vários anos de experiência e companheirismo entre técnicos, operadores de câmara, produtores, realizadores e jornalistas.A contagem decrescente começa: 10, 9, 8,

O despertar da informação atrás da objetivaA redação está quase vazia. São 7h30 da manhã de um domingo solarengo. Nos estúdios da RTP, no Monte da Virgem, em Gaia, ultima-se o primeiro bloco informativo. O Bom dia Portugal, fim-de-semana, começa à hora certa: 8h da manhã.

manhãs informativas

O horário das 6h às 10h da manhã é o primeiro bloco do dia ao qual os canais generalistas dedicam a sua atenção, atribuindo-lhes transmissões em direto. Em todos eles mantém-se a toada principal: atualidade nacional e internacional são os pratos fortes neste período. A liderar está o Bom dia Portugal da RTP, apresentado por João Tomé Carvalho e Car-la Trafaria. De 2ª a 6ª, entre as 6h30 e as 10h, é discutida toda a atualidade, abrangendo temas como o desporto, a metereologia e o trânsito. Este programa é transmitido em direto para todo o Mundo através da RTP África e da RTP Internacional.A SIC estreou o seu programa matinal em 2009 com o nome de Edição da Manhã. É emitido em direto das 7h às 10h da manhã, em simultâneo na SIC e na SIC Notícias. Com apresentação de João Moleira, este espaço junta notícias ao trânsito, mercados bolsistas em ligação com a agência Reuters e a análise económica, numa parceria com o Expresso e a Exame. Na TVI, entre as 6h30 e as 10h da manhã, em simultâneo na TVI e na TVI24, Ana Sofia Cardoso e Frederico Mendes Olivei-ra centram-se na informação e trazem as primeiras notícias que marcam o dia. Um programa dinâmico, que contém ligações em direto a vários pontos do país e que con-ta também com a presença de convidados.

7 … Falta pouco para entrar em direto. Os operadores ajustam as câmaras, os papéis são organizados e faz-se uma última leitura no teleponto. Ao mesmo tempo, o realizador dá o “OK” para o início. De hora a hora atua-lizam-se as notícias. A luta contra o tempo é constante, e por vezes, é preciso fazer ajustes de última hora no teleponto. Surgem dúvidas e o apoio da produtora é essencial para não haver falhas. “Eu acho que, acima de tudo, o importante é não desiludir as pessoas que estão em casa” – afirma Sandra Pereira. Mas, “não é muito fácil a escolha das palavras”. A pivô explica: “Tenho que evitar ao máximo usar adjetivos.” O tempo nos diretos de tele-visão é implacável. “Nem sempre tenho tempo para tratar dos textos todos e por vezes há sur-presas, más surpresas”. Qual o desafio maior?

No intervalo das emissões, impõem-se retoques na maquilhagem

Inês Andrade, Inês Magalhães e Rui Dias

São 8h da manhã.O Bom Dia Portugal entra agora pela casa dos portu-gueses com o essencial da

informação do dia.

a sociedade do espetáculo

Sociedade da insolidariedade?

“Acho que o principal desafio é ter controlo sobre tudo, para que o produto final chegue o mais apurado possível à casa das pessoas“, diz Sandra Pereira.Aos domingos, o Bom dia Portugal reserva

ainda espaço para as críticas de Luís Campos, comentador desportivo da RTP, que marca pre-sença para a rubrica de desporto.Na segunda hora do pro-grama, recuperam-se as

principais notícias. A cadeira do comentador é ocupada por Felisbela Lopes, da Universidade do Minho. Trata-se de “uma rubrica semanal de revista de imprensa, diferente das outras e dos outros convidados”. Sandra Pereira explica: “Nós combinamos os temas que vamos abordar, depois de lermos ambas os jornais”.Às 10h15 chega ao fim a emissão. Foi mais um Bom Dia Portugal.. ■

© Enrique Matinez-Salanova (Grupo Comunicar)