Ágora jornal 2012 - ed. 08

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O desenvolvimento dos bairros em Guarapuava Juventude e ansiedade: tudo junto, ao mesmo tempo e agora jornal Uma taxista, quilômetros de simpatia e amor pela profissão Guarapuava-PR, 2012 Ed. 08, ano 02 Ágora, ideias jornalísticas Saiba qual é a função do mesário durante as eleições Foto: Gabriela Titon p. 03 p. 13 p. 06 Ensaio especial: retratos da vida de cachorros de rua Ágora O progresso dá os seus sinais. Casarões antigos de madeira dividem espaço com novas construções, modernas e imponentes. Os bairros de Guarapuava crescem, os pontos comerciais se instalam longe do centro e os moradores assistem a esse desenvolvimento com satisfação. p. 8 p. 17 Foto: Luciana Grande

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Ágora Jornal 2012 - Ed. 08

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Page 1: Ágora Jornal 2012 - Ed. 08

O desenvolvimento dos bairros em Guarapuava

Juventude e ansiedade: tudo junto, ao mesmo tempo e agora

jornal

Uma taxista, quilômetros de simpatia e amor pela profissão

Guarapuava-PR, 2012 Ed. 08, ano 02

Ágora, ideias jornalísticas

Saiba qual é a função do mesário durante as eleições

Foto: Gabriela Titon

p. 03 p. 13p. 06

Ensaio especial: retratos da vida de cachorros de rua

Ágora

O progresso dá os seus sinais. Casarões antigos de madeira dividem

espaço com novas construções, modernas e imponentes. Os bairros de Guarapuava crescem, os pontos

comerciais se instalam longe do centro e os moradores assistem a esse desenvolvimento com satisfação. p. 8

p. 17

Foto: Luciana Grande

Page 2: Ágora Jornal 2012 - Ed. 08

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Departamento de ComunicaçãoCoord. Prof. Edgard Melech

Jornal LaboratórioProf. Anderson Costa

Editora-chefe da edição 08Bárbara Brandão

RedaçãoAna Carolina Pereira, Bárbara Brandão, Ellen Rebello, Gabriela Titon, Giovani Ciquelero, Helena Krüger, Nathana D’Amico, Katrin Korpasch, Luciana Grande, Mario Raposo Junior, Poliana Kovalyk, Vinícius Comoti, Yorran Barone e Yarê Protzek

Tiragem: 500 exemplaresGrá� ca Unicentro Contato: (42) 3621-1088E-mail: [email protected] Download das ediçõeswww.unicentro.br/agora e www.redesuldenoticias.com.br

O Jornal Laboratório Ágora é desenvolvido pelos acadêmicos do 4º ano de Jornalismo. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não re� etem a opinião da Unicentro.

Curta a nossa página no facebook:http://www.facebook.com/Jornal ÁgoraUnicentro

“VEJA VOCÊ, ONDE É QUE O BARCO FOI DESAGUARA GENTE SÓ QUERIA UM AMORDEUS PARECE ÀS VEZES SE ESQUECERAI, NÃO FALA ISSO, POR FAVORESSE É SÓ O COMEÇO DO FIM DA NOSSA VIDADEIXA CHEGAR O SONHO, PREPARA UMA AVENIDAQUE A GENTE VAI PASSAR”

Ágora jornal

Trecho da música “ Conversa de Botas Batidas”, da banda Los Hermanos.

expediente

Na companhia das ruasGabriela Titon

ao leitor

Eles vagam sem rumo, perdidos nessa imensidão de abandono e indiferença. Acuados, sempre acuados. Os menos traumatizados e ariscos se aproximam caute-losamente, mas o receio de que um movimento brutal possa ferir-lhes é mais forte. Retribuem as cenas pacatas

e violentas de desprezo que já presenciaram com latidos de desaprovação quando um humano chega perto. Andam por aí, perambulando sem destino. Caminham entregues a sorte, aguardando ansiosos a compaixão de alguém que lhes dê carinhosamente um pouco de respeito.

O olhar triste de alguns denuncia a vida desagradá-vel e o descaso encontrado nas ruas; o ar misterioso de outros revela a esperteza de quem já se acostumou com a liberdade e o risco de viver a Deus dará. Estão ao léu... Reviram lixos, enfrentam a ventania e deixam que o acaso

lhes proteja até que escutem uma voz dizer sutilmente, como na música, “vamos em-bora, companheiro, vamos”.

Nesta edição do Jornal Ágora, foi produzido um ensaio fotográfico sobre cachorros que vivem na rua. Confira as imagens nas pági-nas 17 a 20. Até a próxima.

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Matéria e diagramação:Helena Krüger

comportamento

COMO A NOVA GERAÇÃO ENFRENTA UM MUNDO VASTO DE POSSIBILIDADES, O EXCESSO DE INFORMAÇÃO E A ANSIEDADE POR VIVER O PRESENTE.

O jovem: novos desafios e papeis sociais

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A juventude está muitas vezes associada a uma época de desco-bertas, de diversão, aprendizado e também de muitos desa� os.

Atualmente, observa-se que há uma tentativa da sociedade em de-� nir e caracterizar a nova geração de jovens, um exemplo são os vá-rios nomes para tentar conceitua--los, como 2.0, Y, Millennials. No entanto, independente das desig-nações, o que se percebe é que há uma mudança no comportamento de uma geração que está inserida em um contexto social especí� co, que é a cibercultura. As pessoas in-teragem o tempo todo com novas tecnologias e com a internet.

Para o sociólogo frânces, Zyg-munt Bauman a sociedade atual estabelece relações e experiências muitas vezes, muito rápidas e efê-meras , como ele diz "Vivemos tempos líquidos. Nada é para du-rar". Assim, cabe um diálogo sobre como a juventude se comporta em relação a esse cenário.

Com objetivo de responder questões como essas, uma empre-sa de pesquisas realizou um es-tudo sobre o comportamento da juventude e produziu um vídeo chamado We all want to be young. (Nós tomos queremos se jovens). Tal material caracteriza a juven-tude contemporânea como a mais

plural e globalizada da história, e talvez uma das que mais exerça in� uência nas outras esferas da sociedade. No entanto, o vídeo também alerta para uma outra ca-racterística desses jovens, a ansie-dade crônica.

O acadêmico do 2º ano de His-tória, Lucas Mores, se diz ser an-sioso e se sente inserido em todo esse contexto social. Ao comentar sobre a geração a qual pertence, disse não gostar de de� nições e generalizações, mas diz observar que as pessoas estão mais ansio-sas pelo volume de informação e pelo número de possibilidades que oferecem ao jovem. “Os fenô-menos demoram para acontecer, não é tão bonitinho gera tensões sociais, não se pode tratar de uma geração como um todo como se não houvesse enfretamen-to ou resistências a determina-do padrão ou modelo”, opina.

O psicólogo e professor uni-versitário, Paulo Roberto dos Santos de� ne, primeiramente, o que é juventude a partir de uma perspectiva em que ele diz ser mais coerente com o que vivemos hoje. “Segundo o teórico Sérgio de Paula Ramos, a juventude está re-lacionada ao início da puberdade até o processo de auto sustentação, tanto no complexo biológico, psi-

cossocial quanto no econômico. Na concepção do teórico deixa--se de ser um sujeito fantasioso que brinca para se transformar em um sujeito mais prático, que sai a busca para tentar entender sobre esse mundo e a si próprio. A partir desse momento, o jovem inicia comportamentos de experi-mentação, o primeiro beijo, a pri-meira transa, a primeira atitude arriscada, tudo isso é uma neces-sidade de viver e com o passar do tempo ele vai adquirindo papeis sociais diferentes”.

Ele também explica que a an-siedade está relacionada a vários fatores, entre eles o consumismo, a maneira como se exercem as rela-ções sociais e, ao mesmo tempo, é muito particular, pois depende de cada indivíduo a maneira como se lida com esse sentimento.

“Na nossa sociedade quem não tem dinheiro para comprar ou sa-tisfazer seus desejos de consumo, se torna um sujeito, muitas vezes, frustrado. O consumismo é um dos causadores do processo de an-gústia e ansiedade do ser humano. Como o jovem busca uma identi-dade, a publicidade vende padrões e modelos, aplicando a felicidade a um produto. A aluna de Serviço Social, Camila Cristina H. Schul-ze aos dezoito anos diz observar

como a mídia impõe padrões de comportamento e de consumo. “Os jovens de hoje são in� uen-ciados por mídias, redes sociais e textos que, direta ou indiretamen-te, impõe a ditadura da felicidade”, disse a acadêmica Camila.

Ela também comenta sobre as vantagens e as crises de ser jovem atualmente. “A geração de hoje tem a vantagem de estar em um dos melhores momentos da his-tória mundial. Muitos jovens não estão ou não querem passar por di� culdades ou sofrimentos por não estarem preparados psicolo-gicamente, então, suas escolhas acabam sendo da forma fácil e rá-pida para que esse sofrimento não venha a perdurar”.

Sobre tal di� culdade em fazer escolhas e enfrentar desa� os, San-tos explica que são as crises que fazem com que o sujeito, por si só se desenvolva e cresça, apesar de proporcionar angústias e sofri-mentos. “A crise gera uma sensa-ção de impotência porque não se tem recursos su� cientes para lidar com determinada situação. Mui-tas vezes, o que vai determinar um jovem que consegue lidar bem com suas crises é se ele conseguiu enfrentá-las na infância e se des-de muito cedo os pais pontuaram sobre limites e desa� os”, observa.

Foto: Helena Krüger

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Rede sociais e a ansiedade

Ao re� etir sobre como a inter-net modi� ca as relações e a ma-neira como os jovens interagem com o mundo, observa-se que o excesso de conteúdo faz com que as pessoas aumentem os níveis de ansiedade. O psicólogo exempli� -ca como esse cenário provoca esse fenômeno. “Suponhamos que você vai ao supermercado comprar uma pasta de dente e precisa optar por duas marcas, só que de repente o funcionário chega no seu ombro e diz que há mais de 70 marcas. Isso gera ansiedade, dúvida e insegu-rança nas escolhas. Quando você precisa optar por algo, automatica-mente, se abre mão de outra coisa, muitas vezes tal decisão pode gerar frustação e o grande número de possibilidades assusta”, diz Santos.

Camila diz que sente essa ansiedade, principalmente, no âmbito pro� ssional. “Sinto, prin-cipalmente em relação a escolha da pro� ssão. Um exemplo disso, é querer abraçar várias oportu-nidades e caminhos ao mesmo tempo. Em questões pessoais, os jovens de hoje tendem a ser mais � exíveis as relações de vitó-rias e fracassos até por não esta-rem acostumados ao sofrimento”.

É o que explica Santos. “Quan-do se fala da questão de carreiras e pro� ssões, o jovem pensa que esta decisão chave é fundamen-tal na sua vida e se ele errar vai ser infeliz. Além disso, o nos-so campo de relações e possibi-lidades � cou tão diversi� cado que essa angústia aumenta.As-

sim temos a tendência de abra-çar tudo e não dar conta de nada”.

O acadêmico de História tam-bém relata sofrer com tal situação. “Eu sou bem ansioso, e acredito que os jovens tem uma vontade de querer fazer tudo ao mesmo tem-po, está mais ligado ao excesso a informação, antes não tinha muita opção, os jovens tinham que seguir a carreira dos pais, por exemplo, não tinha possibilidade. A ideia que o mundo está aberto e pode escolher o que quiser causa essa ansiedade”.

Ele ainda comenta que a in-teração via redes sociais cria vín-culos muito mais fracos, apesar de fazer com que os jovens se co-muniquem mais virtualmente, ao mesmo tempo gera um sentimen-

to de isolamento. “É uma questão problemática, pois vemos o indi-vidualismo cada vez mais laten-te. Vivemos em multidões, mas somos cada vez mais sozinhos, estamos no meio de um grupo e pensamos de uma forma egoísta”.

Hoje muito se comenta sobre o poder de atuação e de mobili-zação dos jovens na internet e por meio das redes sociais. Mo-res acredita que, infelizmente, na maioria dos casos esses movimen-tos não são signi� cativos. “Mui-tas vezes, esses jovens não tem a experiência social sobre o assun-to em questão, além de ser muito fácil aderir algo pelo Facebook ou Orkut, por exemplo. São movi-mentos efêmeros como a maioria das relações sociais na juventude”.

É uma questão problemática, pois vemos o individualismo cada vez mais latente. Vivemos em multidões, mas somos cada vez mais sozinhos. Estamos no meio de um grupo e pensamos de uma forma egoísta”.

PAULO ROBERTO DOS SANTOS, PSICÓLOGO.

Assim temos a tendência de abraçar tudo e não dar conta de nada”. “

Foto: Helena Krüger

Foto: Helena Krüger

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ANSIEDADE CRÔNICA É UMA DAS CARACTERÍSTICAS DOS JOVENS DESSA GERAÇÃO

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TranstornosO psicólogo diz que o jovem

deve procurar ajuda quando per-cebe que não consegue lidar com tal sentimento sozinho. “Eu sem-pre digo se você tem algo que não aprova em si e isso te impede de ter uma vida plena e feliz e não consegue encontrar uma forma de lidar com essa situação, aó você deve procurar ajuda pro� s-sional.

Para ele, uma das formas de se amenizar a ansiedade é passar encarar as experiências da vida como um desa� o que sempre irá agregar algo. “Cada vez que você se propõe desa� ar e enfrentar determinada situação, você vai adquirindo experiência e esse ní-vel de ansiedade vai diminuindo. Pois você vai con� ar mais na ca-pacidade de aprender do que na sua capacidade de acertar sem-pre. É essa preparação para vida, que não vai ser todas as vezes que vou me sair bem é uma postura interessante que acaba aliviando a angústia e apreensão”.

O psicólogo explica, que tal an-siedade e angústia é natural na maioria das vezes, mas é preciso atentar quando tal sentimento passa a incomodar e a impedir o sujeito de realizar certas ações. Segundo ele, tem um ponto na-tural e necessário, mas quando a pessoa não consegue lidar sozi-nha com tal problema, o quadro pode se tornar crônico e gerar alguns tipos de transtornos.

“As causas da ansiedade são várias, existem coisas que podem contribuir, mas ela não deve ser vista como uma coisa ruim, ela tem a sua função biológica e prá-tica. Porém, as pessoas podem adquirir níveis altos e exagerados, como no chamado de transtorno do pânico em se caracteriza pelo medo de locais públicos, acompa-nhado de uma sensação de mor-te.Outros casos podem estar rela-cionados a stress pós traumático, no campo organizacional existe a síndrome de burn out, situação muito estressante entre outras”.

INFOGRÁFICO COM AS CARACTERÍSTICAS DAS TRÊS GERAÇÕES DE JOVENS REPRESENTADAS NO VÍDEO “WE ALL WANT TO BE YOUNG”

Foto: Helena Krüger

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política

Trabalhadores nas eleiçõesEM ANOS ELEITORAIS, DIVERSAS PESSOAS SÃO CHAMADAS PELA JUSTIÇA ELEITORAL PARA PRESTAR O SERVIÇO DE MESÁRIO

Matéria e diagramação:Yarê Protzek

Este ano será realizado mais uma eleição municipal. A popula-ção com mais de 16 anos poderá escolher um vereador para repre-sentar a sociedade na Câmara, além do próximo prefeito. Para que a eleição aconteça é neces-sário mais do que candidatos e uma urna. O papel dos mesários, população que trabalha durante o dia da eleição, é importante para que a eleição aconteça. Em todos os anos em que há votação para a escolha do próximo prefeito, governador, presidente, etc diver-sas pessoas são convocadas pela justiça eleitoral para trabalhar de mesários.

Além das pessoas convocadas, há também os voluntários que podem se candidatar no site do TRE-PR (Tribunal Regional Elei-

de servidores públicos e o terceiro com nomes de voluntários para a função. “Costumamos chamar o mesmo pessoal, também é feito um pedido de servidores públicos dos órgãos públicos de Guarapuava para serem convocados”.

A escolha para a função é feita levando em consideração a idade do eleitor, instrução e se ele está em dia com a Justiça Eleitoral. “A pessoa precisa tem que ter a mí-nima condição de operar a urna. Geralmente são escolhidas pessoas novas que entendem mais de com-putador” explica Gelenski.

As pessoas que trabalham como mesários têm benefícios como: vale alimentação no valor de R$ 20,00 no dia da eleição, dois dias de folga por dia trabalhado na eleição, critério de desempate em

EM GUARAPUAVA, HÁ CERCA DE MIL MESÁRIOS ENTRE CONVOCADOS E VOLUNTÁRIOS

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toral) e preencher um cadastro. Logo após de fazer a inscrição, a pessoa receberá um aviso se par-ticipará ou não como mesário na próxima eleição.

Em Guarapuava, há cerca de mil mesários en-tre convocados e voluntários dis-tribuídos em 233 seções. No mu-nicípio, até esta eleição não foi realizada nenhu-ma pesquisa para saber a porcenta-gem dessas pessoas que atuam no dia da eleição, porém, esta análise será realizada durante a votação deste ano.

A Chefe de Cartório da 43º Zona Eleitoral, Priscila Gelenski,

explicou o papel do mesário du-rante as eleições. “O mesário é fundamental nas eleições. Ele vai chegar de manhã, vai inicializar a urna, atender os eleitores da seção, liberar a urna, orientar os eleitores

sobre o que po-dem e que não podem fazer e no � nal retiram a mídia onde são salvos todos os votos da urna e levar para o pon-to de transmis-são”. Em relação

de como é feita a escolha das pes-soas que participarão nas eleições, a Chefe de Cartório comenta que há um banco de dados da popu-lação que já havia sido convocada nos últimos anos, outro com dados

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Marcos Cesar Santos Morei-ra, corretor de imóveis, foi con-vocado para a função de mesá-rio pela primeira vez em 1992. “Chamaram-me para ser secre-tário e, a partir da segunda con-vocação pra frente fui presidente da mesa. Participei de todas as eleições depois daquele ano”. Ele conta que nunca tinha pensado em ser voluntário, mas sempre que é requisitado o seu trabalho, está à disposição da Justiça Elei-toral. “Eu vejo que cada pessoa em cada lugar tem uma função e nas eleições não é diferente. Para que ocorram as eleições, para que o processo seja completo é necessário que haja os mesários.

Há a necessidade das pessoas se disponibilizem a ir trabalhar nesse setor. É um trabalho vo-luntário sem uma restituição � -nanceira, mas o retorno você tem na sociedade, eu acho que vale a pena você se dispor um dia para servir ao Estado ou Município”.

M relata que sempre que for convocado participará das elei-ções. “Gosto de trabalhar nas elei-ções e quando você faz aquilo que gosta você faz bem feito e com vontade de fazer mais”.

O estudante Gabriel Brito Kohler, foi chamado para a ati-vidade desde que fez o título de eleitor, em 2006. “Fui convocado para mesário e participei de qua-

Convocação tro eleições. Na última votação para presidente eu � quei doente e não pude ir. Depois que passou a eleição, justi� quei para o juiz e ele liberou a multa. Meu medo de ter faltado era de ter meu CPF marcado, porque daí você não pode fazer concurso, não dá para fazer conta de banco, então esse era meu medo”. Kohler conta que depois de falar o motivo de sua ausência, ele se comprometeu a ir no segundo turno. “È um trabalho importante, mas não acho muito legal trabalhar como mesário. Tem pessoas que tra-balham há muito tempo lá, tem gente que gosta, mas eu preferiria não trabalhar”, conta o estudante.

concursos (quando está previsto no edital do concurso) e, se forem universitários, ganham horas ex-tra-curriculares.

Anualmente, existem pessoas que são convocadas e, por algum motivo, não comparecem às elei-ções. Quem não se apresenta e não expõe a razão da falta é intimado posteriormente às eleições para esclarecer a razão pela qual não apareceu. O juiz eleitoral decidi-rá se aceita o argumento. Caso for

recusada, a pessoa irá receber uma multa administrativa que varia de R$35,00 a R$350,00 dependendo da condição econômica e justi� ca-tiva alegada. “Tem coisas que acon-tecem que a pessoa não pode pre-vê, ela sofre um acidente e quebra a perna, é um motivo. Mulheres que estão grávidas e nos últimos meses também, ou que está amamentan-do, ai o juiz indefere essa dispensa”.

Gelenski também explica como é suprida a ausência de mesários no

dia da eleição. “São quatro funções: presidente, secretário, primeiro mesário e segundo mesário. Com a falta de algum deles, os demais vão subindo de função, por exemplo, se faltou o presidente o primeiro me-sário substitui e assim por diante. O último mesário é escolhido na hora e geralmente são pessoas que aparecem para votar na � la. Então existe essa prerrogativa de ser no-meado na hora, pela necessidade”.

Gosto de trabalhar nas

eleições e quando você faz aquilo que gosta você faz bem feito e com vontade de

fazer mais”

“Marcos Cesar

Santos Moreira,Corretor de Imóveis

Foto: Yarê Protzek

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cidade

No caminho da descentralização: o crescimento dos bairros em GuarapuavaREGIÕES MAIS AFASTADAS DO CENTRO PROGRIDEM E TENDEM A DESAFOGAR A ÁREA CENTRAL DA CIDADE

Matéria e diagramação:Luciana Grande

Foto: Luciana Grande

Nos últimos tempos, o intenso � uxo de veículos e pessoas no cen-tro de Guarapuava tem causado transtorno e incomodado os mo-radores da cidade. A falta de vagas para estacionar, as � las nos bancos e o aumento no número de aci-dentes de trânsito são um re� exo disso. Desde que houve a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os carros zero quilômetro, em maio deste ano, a quantidade de automóveis na área central aumentou e pio-rou ainda mais essa situação. No entanto, a solução para esse problema, ao contrário do que se imagina, não está no aumento no número de vagas de estacio-namento ou no alargamento das ruas do centro, mas sim no de-senvolvimento dos bairros.

Isso ocorre porque, conforme explica o secretário municipal de

Habitação e Urbanismo da Prefei-tura, Francisco Andriata, quando o bairro oferece uma infraestrutu-ra adequada, o morador não pre-cisa se deslocar até o centro para realizar algumas tarefas básicas, como ir ao banco, fazer compras no mercado, adquirir medicamen-tos na farmácia, dentre outras ati-vidades. Esse crescimento já é no-tório em alguns bairros da cidade.

Meu bairro, minha vidaAo percorrer as ruas de alguns

bairros da cidade, é possível notar a presença de várias construções, novos pontos comerciais, abertu-ra de � liais de empresas e criação de serviços básicos como agências bancárias e farmácias. O cresci-mento é visível a olho nu.

De acordo com dados da prefeitura, o bairro que tem sido modelo de desenvolvimento em

Guarapuava e deu partida a esse processo é o Bonsucesso. “Esse bairro é um exemplo no sentido de descentralização. O desen-volvimento atraiu bancos, far-mácias, mercados... Coisas úteis e necessárias para o cidadão”, comenta Andriata. O secretá-rio explica também que outros bairros que se destacam pelo crescimento são o Trianon, Vila Bela e Vila Primavera.

O fotógrafo Diego Obal, mo-rador do Bonsucesso há mais de 16 anos, conta que gosta muito de residir ali e não trocaria por outro local da cidade. Segundo ele, hoje o bairro possui tudo o que ele pre-cisa. “Eu vou para o centro só por-que trabalho lá mesmo. Mas não preciso mais vir até o centro pra comer, ir à farmácia, no mercado, no banco, na lotérica, no posto de combustível. As empresas estão

vendo a oportunidade de crescer no Bonsucesso e estão deixando de centralizar as coisas”. Ele comenta que a vinda das empresas trouxe o progresso, principalmente depois que a Avenida Sebastião de Ca-margo Ribas foi repavimentada e a iluminação do local reforçada.

Segundo a engenheira civil Valéria Lustosa, que faz parte da equipe do departamento de Apro-vação de Projetos da Prefeitura, o bairro com mais consultas prévias e requerimentos de aprovação de projetos para pontos comerciais é o Bonsucesso. “Há duas agências bancárias novas que foram im-plantadas lá, que são muito uteis pra desafogar um pouco o centro da cidade. Nessa região é onde a gente percebe mais o crescimento do comércio”.

Já no que se refere ao aumento no número de residências, Valé-

AVENIDA SEBASTIÃO DE CAMARGO RIBAS, NO BAIRRO

BONSUCESSO, EXEMPLO DE DESENVOLVIMENTO E

AUTOSSUFICIÊNCIA

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Fotos: Luciana Grande

ria comenta que o bairro com as maiores estatísticas de crescimen-to é o Vila Bela.

Outro bairro que está se de-senvolvendo na questão comercial - de forma mais gradativa que o Bonsucesso, mas ainda assim con-siderável – é o Trianon. Antônio Zago, comerciante e morador do local há quase 40 anos, comenta que de uns 15 anos para cá hou-ve muitas mudanças e desenvol-vimento. Ele, que mora na Rua Vicente Machado (considerada um “centro de célula”), conta que, logo que veio embora para Gua-rapuava, nessa rua só havia casas de madeira. As poucas que ainda persistem até os dias de hoje eram as melhores na época. Hoje, estão a um passo de serem demolidas para a construção de novos pon-tos comerciais. “Eu notei o iní-cio do desenvolvimento por aqui quando vieram mais faculdades e foram implantados novos cursos na cidade, porque isso atraiu mui-tas pessoas de outros municípios e fez com que os moradores daqui não precisassem estudar fora. Na minha opinião, esse foi um dos fa-tores decisivos para o crescimento dos bairros e da cidade de uma maneira geral”.

Recentemente, Zago ampliou o supermercado que possui no local há 39 anos. Segundo ele, a reforma foi feita porque eles senti-ram necessidade em vista ao pro-gresso na região, por isso, era ne-cessário acompanhar. “Eu nunca pensei em abrir � lial ou mudar o mercado para o centro. Para mim, o Trianon é um lugar privilegia-

do, não pretendo nunca deixar de morar e nem de ter comércio por aqui”. Como comerciante, ele vê o desenvolvimento como algo ex-tremamente positivo, já que atrai mais pessoas para o local. No pa-pel de morador também não vê problemas, mesmo com o barulho e a sujeira que as construções oca-sionam na rua em que mora. “Es-sas coisas fazem bem, trazem mo-vimento e melhoram a qualidade de vida. É preciso ter paciência com as construções, porque o pro-gresso sempre vem para o bem”.

Os centros de célula Com o intuito de incentivar

a instalação de pontos comerciais nos bairros, Andriata explica que em 2006 foi criado o plano diretor do município, época em que o pla-nejamento criou o que foi chamado de “centro de célula”. “Esses centros são regiões onde a prefeitura diag-nosticou que havia a tendência da instalação de aglomerados comer-ciais. Por isso, existe uma política de incentivo a instalação de comér-cio nesses pontos. No Bonsucesso, por exemplo, o centro de célula é na

Avenida Sebastião de Camargo Ri-bas e na Rua Antônio Losso”.

O secretário explica que o po-der municipal incentiva a instala-ção de comércio, além dos centros de célula, também nas vias arteriais (as chamadas avenidas rápidas e com alto � uxo de pessoas e veícu-los) como a Avenida Manoel Ribas, Moacir Júlio Silvestre e a XV de No-vembro, por exemplo.

Nestes centros de célula, por-tanto, os parâmetros de ocupação são diferenciados, para que o co-mércio possa se instalar em locais

estratégicos e atrair os consumi-dores. Conforme enumera a enge-nheira Valéria Lustosa, alguns dos incentivos oferecidos para o comér-cio nesses centros são: recuo frontal menor (para que a construção pos-sa � car mais próxima da rua); taxa de ocupação maior (esse critério corresponde à porcentagem máxi-ma de construção, na horizontal, permitida dentro de um lote, o que permite um controle do crescimen-to urbano ou de proteção de áreas ambientais); coe� ciente de apro-veitamento maior (número que,

multiplicado pela área de um lote, indica o total de metros quadrados que podem ser construídos).

Além disso, Valéria explica que na legislação existem exigências para construções de comércio em centros de célula. “Nesses locais a gente exige que sejam feitas calça-das com piso tátil e paver, que são aqueles bloquinhos intertravados. Isso tudo para facilitar a circulação de pessoas. São esses alguns crité-rios que usamos pra incentivar”.

Segundo a engenheira, a ideia do plano diretor com as células era criar pequenos centros em cada bairro para fazer com que os bairros fossem quase que autossus-tentáveis, com tudo que as pessoas precisam. No entanto, ressalta que esse projeto ainda não foi total-mente desenvolvido. “A ideia dos engenheiros para os gestores públi-cos era que fosse feito um passeio diferenciado, iluminação especial e mobiliários urbanos que dessem ao local uma cara de centro mes-mo, para atrair o comércio. Eu até defendo que nesse centro de célula não poderiam mais ser construídas residências, mas como é algo com-plicado, ainda é permitido”.

Por tais motivos, Valéria acre-dita que a ideia dos centros de cé-lula pode gerar uma descentraliza-ção e, assim, melhorar a qualidade de vida da população. Entretanto, para isso, é necessário que haja um incentivo mais efetivo por parte do poder público. “Se nos próximos anos o poder público incentivar esse planejamento urbanístico es-pecial nesses centros, com certeza vai melhorar a questão do � uxo no

NO CENTRO DE CÉLULA DO TRIANON, RUA VICENTE MACHADO, HÁ UMA SÉRIE DE CONSTRUÇÕES EM ANDAMENTO

CADA BAIRRO POSSUI UM CENTRO DE CÉLULA. NO MAPA, ESSES CENTROS ESTÃO DEMARCADOS EM BRANCO.

“Notei o início do desenvolvimento quando vieram mais faculdades e foram implantados novos cursos na cidade, isso atraiu pessoas de

outros municípios e fez com que os moradores daqui não precisassem

estudar fora”.

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centro e melhorar a qualidade de vida da população. Até porque as pessoas não conhecem essa ideia, então, às vezes, os comerciantes não querem se instalar num local que não é atrativo”.

Consequências e expectativas futuras

Na opinião de Andriata, as principais consequências do de-senvolvimento dos bairros em Guarapuava são a descentraliza-ção das atividades, a melhoria na qualidade de vida e de renda, a geração de empregos e a concor-rência de qualidade. “Eu vejo o desenvolvimento como algo mui-to positivo. O planejamento exis-te para que haja incentivo para o comércio em determinadas regi-ões do bairro, enquanto outras permanecem apenas como áreas residenciais. Há locais onde não são permitidas determinadas ati-vidades para não causar impacto de vizinhança e para que o pro-gresso não seja prejudicial para os moradores”.

Já no que se refere às expec-tativas futuras, o secretário conta que, nos últimos seis meses, in-

vestidores de shoppings passaram a nutrir um interesse por Gua-rapuava. Segundo ele, há, pelo menos, quatro grandes grupos de investidores que estão anali-sando as possibilidades que a ci-dade oferece. Eles já vieram para cá, � zeram contato, conheceram áreas e demonstraram muito in-teresse. Agora, estão fazendo o plano de viabilidade dos projetos. “Shoppings precisam de terrenos grandes para serem implantados e áreas assim só estão disponíveis em regiões mais afastadas do centro, nos bairros mesmo. Isso tende a desenvolver ainda mais esses locais”.

Outro sinal do desenvolvi-mento é a chegada de grandes redes de empresas na cidade. Isso incentiva a concorrência, o que re� ete em crescimento e aprimo-ramento do comércio. “Com a instalação de um shopping, por exemplo, muitas pessoas de fora serão atraídas pelas oportunidades e Guarapuava poderá, � nalmente, se consolidar como polo regional. Porque hoje ainda carece de de-terminadas estruturas pra que se torne mesmo um polo forte”.

Foto: Luciana Grande

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Matéria e diagramação: Bárbara Brandão

Na editoria “há tempos”, a equipe do Ágora irá encontrar pessoas que apareceram nas linhas dos jornais guarapuanos há pelo menos 5 anos. Nesse espaço, daremos voz novamente a essas fontes e personagens do passado, e contaremos o que o estão fazendo hoje.

SAIBA QUAIS MUDANÇAS OCORRERAM PARA QUE ISSO SE TORNASSE REALIDADE E ATRAÍSSE DIVERSOS INVESTIDORES PARA A CIDADE.

O Diário de Guarapuava noticiou no jornal do final de semana de 17 e 18 de julho de 2004, o crescimento comercial da cidade naquele ano. Na maté-ria, o Presidente da Acig ( Asso-ciação Comercial e Empresarial de Guarapuava), Júlio Agner, informou que até o mês de julho daquele ano foram abertas 136 novas empresas, sendo que 52 delas haviam sido inauguradas até o mês de maio.

O Jornal informou ainda, que segundo Júlio, havia um grande incentivo comercia no setor primário, sendo benéfico para o comércio de Guarapua-va. Além disso, os empresários estavam investindo em infra-es-trutura para que houvesse que o comércio de Guarapuava torna--se referência na região.

Oito anos após essa matéria, Eloi Mamcasz, atual Presiden-te da Acig informou que muita coisa mudou. As primeiras ini-ciativas que mudaram o contex-to comercial está relacionado ao movimento educação da cida-de. “Nesses últimos anos houve uma consolidação de Guarapu-ava como pólo acadêmico. O re-conhecimento de alguns cursos pelo MEC, as três faculdades

Comércio de Guarapuava se consolida como pólo regional

particulares instaladas aqui e a vinda da UTFPR, fizeram gran-de diferença para o comércio”. Com o crescente número de universitários mudando pra a ci-dade houve uma movimentação dos próprios empresariados para que pudessem atender essa par-cela da população.

Referente uma mobilização no setor da região de Guarapuava, localizada a uma distância de 60 quilômetros das cidades mais pró-ximas, todas com um número me-nor de habitantes fez de Guarapu-ava também referencia em outro ponto. De acordo com o Eloi isso foi bené� co. “Aproximadamente, 40 ônibus chegam a cidade todos os dias com pessoa que vem bus-car tratamentos na área da saúde e o comercio acaba sendo condutor. As pessoas vem ao médico, mas se alimentam aqui e aproveitam para comprar presentes”.

Com o intenso movimento no comércio e consequentemente na economia da cidade. Guarapuava também se tornou uma macro re-gião, com isso cresceu o número de empresas investindo na cida-de. O Presidente da Acig lembrou que não houve um planejamento para esse avanço. “ Nós tivemos que nos adequar essas mudanças

há tempos

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da população sem programação. Algumas coisas precisavam ter sido planejadas com mais calma, as pessoas que vem pra cá também buscam atrativos, intretenimento. Hoje nós precisamos explorar isso em conjunto através de entidade e órgãos públicos”.

Para os próximos anos, as perspectivas são ainda melho-res, mas precisam ser planejadas. “Esse crescimento comercial é

um movimento é autônomo, mas depende de nós pra que as coi-sas continuem avança.Nós não queremos declínio, mas para isso precisamos de planejamento, pre-cisamos pensar na cidade. Nunca se houve um tão grande incenti-vo para o empreendedor, a lei da pequena empresa tem favorecido para isso, para que todas as em-presas se formalizem. Isso sempre terá re� exo no setor comercial”.

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UM RESUMO DO MELHOR E DO PIOR DASÚLTIMAS SEMANAS

A mulher nas eleições

Panfletos no chão

O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran)divulgou que o maior grupo de envolvido em acidentes de trânsito em Guarapuava são jovens. As ocorrências registradas entre janeiro e julho de 2012, somam um total de 1.113, sendo que 48% delas possuem entre 18 a 29 anos. O Detran-Pr informou ainda, que os homens estão em maior número quando se refere a vítimas pelo trânsito. Foram 184 homens e mulheres 60.

Internet livreA Prefeitura Municipal disponibilizou internet gratuita para todos os bairros de Guarapuava, incluindo os distritos de Entre Rios e Palmeirinha. A ação faz parte do programa “Acesso Livre”, e antenas foram instaladas em pontos da cidade para alcançar toda a população.

Você é a favor ou contra a greve nas universidades federais?

Enquete:Gabriela Titon

Eu acho a greve legítima. Contudo, os acadêmicos devem ser compensados de alguma maneira, seja repondo as aulas perdidas ou

através de outras atividades.

Thomas Morgado

Acidentes de trânsito têm mais jovens envolvidos

Em relação a campanha de 2008, a participação de mulheres nas eleições deste ano para cargos de legislativo e executivo somam uma crescimento de 40%. Também se destacam quando o tema é o eleitorado em Guarapuava, 52,2% dos títulos pertencem ao gênero feminino. Os homens resumem-se a 47,7% de eleitores.

Como nas eleições anteriores, as ruas da cidade � cam tomadas pela grande quantidade de material sobre os candidatos à eleição. Além disso, os cavaletes tomam os lugares dos pedestres no meio da calçada, di� cultando o tráfego.

Priscila Koteski Ferreira

Acredito que cada luta deve ser reconhecida. A greve tem um embasamento e não deve ser

tratada como bagunça. Entretanto, não se deve esquecer que os alunos dependem dos professores, mas eles forem assistidos de acordo com a grade

curricular sem extrapolar o período do curso, não há razão para não se apoiar a paralisação,

pois é uma luta digna!

enquete foi bem, foi mal

Em maio, teve início uma gre-ve que chegou a contar com a ade-são de 57 universidades federais. Por um lado, há quem concorde com as reivindicações salariais dos docentes. No entanto, milhares de alunos que � caram sem aula por

meses foram prejudicados pelo movimento, causando diversos transtornos. Con� ra os comentá-rios sobre a greve em instituições federais de ensino superior deixa-dos na página do Jornal Ágora no Facebook.

JanainaNunes

Se eu pensar somente como acadêmica, eu não iria querer a greve, iria atrasar as aulas e

sairia prejudicada. Porém como uma professora comentou a alguns dias, é direito deles, assim

como tantas outras categorias querem. Aluno que acha que o professor está errado em reivindicar seus direitos, deveria realmente deixar o meio acadêmico. Cansa ver a galera que só pensa

em si mesmo. Chegamos até ao ensino superior, sim tivemos alguém que nós pegou pela mão e

apontou o caminho. O mundo está com opiniões dividas, mas quando dizem que os professores não querem trabalhar por isso fazem greve deveriam lembrar, que não é somente o salário que está em

voga, temos a estrutura da universidade.

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perfi l

Simpatia pelas ruasHÁ 20 ANOS, MARLENE PERCORRE QUILÔMETROS PARA LEVAR SEUS PASSAGEIROS AOS DESTINOS DESEJADOS. SEMPRE SORRINDO, ELA DEIXA TRANSPARECER COM ORGULHO O AMOR PELA PROFISSÃO

Matéria e diagramação:Gabriela Titon

Fotos: Gabriela Titon

Unhas compridas vermelhas e cabe-lo pintado de loiro são as marcas regis-tradas da primeira

mulher a se aventurar na pro� ssão de taxista em Guarapuava: Marle-ne Galvan. Com 20 anos de expe-riência, ela tem clientela � el, for-mada principalmente pelo público feminino. As mães também con-� am nela para levar os � lhos à es-cola ou buscá-los em festas. “Sen-do mãe e avó, cuido deles como se fossem meus próprios � lhos”.

No início, a gaúcha que se mu-dou para o Paraná ainda jovem encontrou quilômetros de pre-conceito a ser superado pelas ruas. Ela lembra que passou por situa-ções desagradáveis no trabalho – e não foram poucas. “Uma vez, um casal abriu a porta e a mulher dis-se ao marido ‘não, não vamos pe-gar esse táxi’”. Hoje, ela incentiva quem está começando e acha que mais mulheres deveriam seguir seu exemplo. Aos principiantes,

um conselho de veterana: nessa área, é preciso ter cautela e andar no caminho certo.

Marlene, que � ca no ponto da Lagoa das Lágrimas todos os dias, fez muitos amigos em duas déca-das de corridas, já que os clientes são tratados com simpatia e con-sideração. “Sempre falo alguma palavra de conforto, porque chega mais gente triste do que alegre”. Também há quem pense que ela é detetive, mas Marlene prefere carregar em silêncio tudo que pre-sencia. “Tenho que � ngir que não vejo nada”.

A sensibilidade da taxista faz com que ela consiga algo difícil: conquistar a con� ança e o carinho dos passageiros, ao invés de sim-plesmente realizar uma prestação de serviço. “Não considero meu cliente só um usuário de táxi, con-sidero pessoas que falam coisas boas para mim, e eu sempre tenho uma palavra boa para eles. Eu me preocupo muito”.

Apesar do salto alto, a vaidosa

taxista também sabe fazer força quando é necessário. Trocar um pneu, por exemplo, tornou-se ta-refa fácil para Marlene. Ela reco-nhece que a pro� ssão é arriscada, mas nunca teve problemas – talvez por sua fé, perceptível pelo terço pendurado no espelho interno do automóvel. Dentro do carro, seja com alguma emissora de rádio sintonizada ou um CD tocando,

o repertório é focado em música sertaneja e gauchesca, seus estilos favoritos. “É isso que o guarapua-vano curte também”.

Sua jornada principal é du-rante o dia, mas os passageiros podem ligar em seu celular a qual-quer horário. “O cliente não gosta

que você diga não. Tem que estar disponível”. Seja para distâncias curtas ou longas, ela está sempre “na área” – e prefere viajar a dirigir no perímetro urbano.

O marido de Marlene, que já faleceu, era taxista e apoiou-a para começar no ramo. Sua família também a incentiva, embora às ve-zes ache que ela trabalha em exces-so. Esse possível exagero, contudo, tem justi� cativa: a companhia das ruas e estradas é o jeito encontra-do para afastar a solidão – sua � -lha, seu neto e os demais familiares moram em outras cidades. “En-quanto � co no táxi está tudo bem. De noite, a solidão pega”.

Ela conta que vai se aposentar em breve, no entanto, batalhadora que é, não abandonará a pro� ssão. O amor pelo trabalho é tamanho que quando Marlene ouve a per-gunta “o táxi é a sua segunda casa?”, pensa alguns segundos e responde com ar de quem está grata pelo que conquistou: “não, é mais o táxi mesmo do que a própria casa”.

Na editoria Perfil, as reportagens buscam mostrar as facetas guara-puavanas. Em cada edição, conversaremos com alguém da população, para saber sua história, sua rotina, suas ideias... Afinal, para conhecer nossa cidade, é importante conhecer as pessoas que a movimentam.

APESAR DO PRECONCEITO ENFRENTADO NO INÍCIO, HOJE A TAXISTA TEM UMA BOA CLIENTELA, FORMADA PRINCIPALMENTE POR MULHERES

“Sempre falo alguma palavra de conforto,

porque chega mais gente triste do que alegre”

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xUma comédia sem graça: por mais absurdo que soe, essa é a consta-tação inicial sobre a nova série protagonizada por Charlie Sheen, Anger Management. As piadas e o humor fácil de Two and a Half Men continuam, a diferença é que dessa vez o progra-ma não consegue captar a atenção do espectador. Por sor-te, cada episódio dura cerca de 20 minutos. Quando vi o primeiro, percebi que nada de surpreendente acon-teceria nos próximos... E a previsão foi concretiza-da: nada instiga o público a perder tempo com a

super� cialidade da atração. Na mesma linha do riso, ao ser comparado com os consagrados � e Big Bang � eory e Modern Family, por exemplo, o seriado em questão perde nos quesitos inteligência, criatividade e atu-ação. Apesar de se classi� car como humorístico, Anger Management é entediante, já que não tem nada de inovador. Ao contrá-rio: tudo nele é mesmice.

Anger Management, que proporcionou a volta do polêmico Charlie Sheen à telinha, não agradou. Apesar de primeira cena promis-sora, na qual o protagonista traz a � cção um episódio passado, variados fatores resultaram em tal status. Primeiro, a relação entre as personagens é caracterizada pelo atual estágio das sitcoms, ou seja, um humor fraco, forçado e que não foge do lugar comum. E nessa forçassão de barra que reside o segundo defeito do seriado. Muitas vezes, algumas atuações se confundem. Atores designados aos pa-péis dos pacientes se parecem com palhaços de circo, causando certo constrangimento. Por � m, vemos em Sheen (preso a sua identida-de de Two and a Half Man e de sua pró-pria vida) um protagonista que apostou

em seu carisma e peculiaridades a fórmula errônea do sucesso. Por-tanto, assistam pela curiosidade, mas com pouca esperança de uma eventual simpatia.

GABRIELA TITON YORRAN BARONE

GABRIELA

YORRAN

A série Anger Management (Tratamento de Choque) é uma adaptação do � lme homônimo, de 2003. Protagonizado por Charlie Sheen (que atuou em Two and a Half Men por oito temporadas), o seriado mostra o ator como um terapeuta de mesmo nome, especializado em controle de raiva. Ele atende um grupo de pacientes em sua casa, e realiza um trabalho com prisioneiros. Charlie era jogador de baseball, mas deixou a carreira devido aos seus próprios problemas de raiva. Agora, ele supera as di� culdades do atual trabalho, além de lidar com a ex-esposa, a terapeuta e a � lha de 13 anos.

versus

indicações

LIVRO: A SEGUNDA VEZ QUE TE CONHECIAUTOR: MARCELO RUBENS PAIVAUm jornalista bem sucedido se torna, quase sem querer, um “cafetão” após o término de seu segundo casamento. Porém, vê sua nova rotina abalada com o reapareci-mento da primeira mulher.

ÁLBUM: BORN TO DIE- PARADISE EDITIONARTISTA: LANA DEL REYO novo álbum de Lana chegará às lojas em 12 de novembro. A nova versão de “Born To Die”, que já está em pré-venda no iTunes, trará nove músicas novas, além das que já fazem parte de seu primeiro álbum.

ÁLBUM: EL CAMINOBANDA: THE BLACK KEYSA dupla americana de blues--rock lança seu novo projeto, sem grandes mudanças ou inovações. Mas isso não quer dizer que seja ruim. “El Camino” matém o padrão dos outros álbuns da banda e traz ótimas canções.

LIVRO: CONTOS PLAUSÍVEISAUTOR: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADENum misto de histórias, contos, fábulas e pensamen-tos cotidianos, esse livro se estrutura a partir de uma combinação de obras em prosa de um dos principais autores brasileiros de todos os tempos.

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Matéria:Yorran Barone

entrevista

ENVOLVIDOS NO PROJETO REALIZAM PESQUISAS, GRUPOS DE ESTUDOS, DENTRE OUTRAS ATIVIDADES LIGADAS AS TEMATIVAS.

Foto: arquivo pessoal

Laboratório de História Ambiental eGênero desenvolve ações junto a Unicentro

Desde abril, a Unicentro conta com o LHAG, o Labora-tório de História Ambiental e Gênero. Este espaço surgiu com o interesse de congregar pesqui-sa, ensino e extensão nas áreas de História Ambiental e Gênero, tanto de maneira isolada como convergente.

Entre as atividades desenvol-vidas, figuram pesquisas de Ini-ciação Científica, Trabalhos de Conclusão de Curso de História, pesquisas em nível de Pós-Gra-duação (mestrado) da Unicen-tro, além de estudos individuais, encontros de discussão de textos ligados aos respectivos temas de interesse do LHAG, interações com especialistas, exibição de filmes e dentre outras ações.

Para detalharmos o trabalho dos 14 envolvidos (divididos entre coordenadores, mestran-dos e acadêmicos), a equipe Ágora convidou a coordenadora do projeto, professora Luciana Rosar Fornazari Klanovicz, que atua nesta função junto ao pro-fessor Jó Klanovicz.

O LHAG trabalha com três linhas de pesquisa. História Ambiental, Ciência e Natureza; História Ambiental e Desas-tres; História Ambiental Gêne-ro e Ciência. Quais os motivos para a escolha destes temas?“Buscamos esta variedade de temáticas para aumentar os espaços de pesquisas acadêmi-

cas. Apenas uma linha torna a maioria das pesquisas pareci-das, um estudo fechado. Cada aluno tem esta possibilidade, dentro da história ambiental ou do gênero, de aumentar a possibilidade de análise teórica, fugindo de um único nicho. Até o momento, houve mais eventos relacionados à história ambien-tal, portanto houve maior divul-gação de ações desta área. Mas os estudos em gênero, em nosso grupo, se equiparam a primeira linha citada”.

A linha de pesquisa voltada para a História Ambiental e Desastres é única em todo o cenário nacional. O que lhes representa este ineditismo?Primeiro que é um desafio muito grande, devido à baixa quantidade de interlocutores. Contudo, há uma vantagem em ser pioneiro, pois inicia-mos com pesquisas desta linha. Atualmente, buscamos agre-gar o conhecimento de outras áreas, como Geografia e Biolo-gia, para maior conhecimento do assunto. No ano passado, trouxemos um professor dos Estados Unidos para apren-dermos mais com esse nível de pesquisa. É um campo pequeno, mas percebemos que os estu-dos caminham nesta direção. Deste modo, o desenvolvimento teórico é de suma importân-cia para a Unicentro”.

COORDENADORA DO LHAG, PROF. ª LUCIANA KLANOVICZ

Quais as ações do LHAG no que tange o tripé-universitário: ensino, pesquisa e extensão?“Realizaremos um projeto no distrito na Palmeirinha, na qual serão ofertadas oficinas sobre questões relacionadas ao gênero, como violência contra a mulher. Enxergamos um desenvolvimen-to do laboratório, visando esta atuação junto à comunidade. O projeto na Palmeirinha será o ponto de partida. Portanto, não nos limitaremos aos grupos de estudos e produção de artigos, mas neste trabalho focado, tam-bém, no ensino e na extensão”.

No mês de Setembro, ocorreu o 2º Simpósio Internacio-nal de História Ambiental e Migrações, realizado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Qual foi a participa-ção do LHAG neste evento? E os pontos positivos aos acadê-micos participantes?“Trabalhei na primeira edição, em 2010, atuando na organiza-ção e o contato com eles ainda é muito grande. Desde a criação do laboratório, pensamos em le-var os alunos para participarem e exporem seus trabalhos. Por ser um evento de tamanha mag-

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nitude, na qual os acadêmicos encaram perguntas bem especí-ficas, o crescimento foi enorme. Houve, ainda, mesa redonda entre os coordenadores de labo-ratórios de história ambiental do Brasil e cada representante detalhou os estudos da área. A Unicentro fora citada como um pólo regional do Paraná, pelo professor da UEL, Gilmar Arru-da, um dos grandes pesquisado-res deste nicho no país”

Como a comunidade acadêmica e interessados podem participar do LHAG?“As reuniões são semanais, sempre às 14 horas, em nossa sala, lotada no Departamento de História. Sempre realizamos discussões de textos relacionados à história ambiental e gênero. Em seguida, disponibilizamos os materiais em nosso blog (http://historiaambien-talegenero.blogspot.com.br/) e para impressão na casa vermelha. Todos estão convidados”

Ao longo destes cinco meses, como você avalia a im-portância do laboratório para o desenvolvimento do corpo discente e da Unicentro?

“Primeiro, abre um espaço físico para o aluno interessado em aquisição de conhecimento. Possuímos uma boa gama de materiais, como livros, revistas e artigos, que colaboram para este desenvolvimento intelectu-al. Temos, ainda, as interações entre os participantes. Essas relações proporcionam um de-senvolvimento acadêmico como um todo, devido à melhora na escrita, aumento de publicações e oralidade. Quanto a Unicen-tro, todas as ações do grupo são divulgadas em sites e redes sociais, levando o nome do laboratório e da Universidade. Devido a esta movimentação, nos ofertaram o convite para ministrarmos uma palestra em Passo Fundo/RS”

“É um campo pequeno, mas percebemos que os estudos caminham nesta direção. Deste modo, o desenvolvimento teórico é de suma importância para a Unicentro”.

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ensaio fotográfi co

Na companhia das ruasTema bastante discutido nos últimos tempos, o descaso com os cachorros de rua

tem sensibilizado a população e suscitado diversas ações em prol de sua proteção.

Nesta edição, a equipe elaborou um ensaio especial para mostrar a rotina desses

animais que vivem uma liberdade paradoxal.

Foto: Luciana Grande

Foto: Luciana GrandeFoto: Luciana Grande

Foto: Yarê ProtzekFoto: Yarê Protzek

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Foto: Yorran Barone

Foto: Luciana Grande

Foto: Gabriela Titon

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Foto: Luciana Grande

Foto: Luciana Grande

Foto: Yorran Barone

Foto: Yarê Protzek

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Foto: Gabriela Titon Foto: Gabriela Titon

Foto: Gabriela Titon

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