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1 Acupuntura como tratamento complementar em migrânea com aura Paulo Adrian Assunção da Silva 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Acupuntura, Instituição do Ensino Superior - FAIPE Resumo A migrânea com aura é considerada uma doença crônica e caracterizada por um conjunto de sintomas que envolvem distúrbios que afetam o sistema neurológico, gastrointestinais e sinais autonômicos. Efetivamente, a dor de cabeça é uma característica comum a todos os tipos de migrânea. A acupuntura faz parte de uma ampla gama de recursos utilizados na Medicina Tradicional Chinesa no tratamento de diversas patologias, e utiliza a inserção de agulhas em pontos localizados ao longo de meridianos, por onde circula a energia vital, para promover o equilíbrio do corpo e da mente. Este trabalho se propôs a realizar uma revisão sobre o tema de maneira a expor o seu contexto científico mais atual, relatando trabalhos publicados a partir de 2010, que abordassem o uso da acupuntura em pacientes com migrânea, especificamente com aura. No entanto, não foram encontrados estudos que versassem este tipo. Logo, foram incluídos trabalhos que analisaram a aplicação desta técnica em migrânea e suas correlações fisiológicas, resultando em informações positivas para o norteamento no tratamento da migrânea, seja com ou sem aura. Neste sentido, pauta-se a importância de promover estudos qualitativos aplicados ao tratamento preventivo e resolutivo na migrânea com aura. Palavras-chave: Acupuntura; Migrânea; Aura. 1. Introdução A migrânea é caracterizada por ataques que consistem em vários distúrbios de dor de cabeça, neurológicos, gastrointestinais e sintomas autonômicos, certamente que envolvem estruturas intracranianas; é também, considerada uma doença crônica, onde os doentes têm no seu sistema neurovascular uma predisposição para reagir demasiadamente a estímulos internos ou externos resultando em hiperatividade do cérebro e do aparelho trigeminovascular. Além disso, fatores genéticos podem estar envolvidos (ANDRADE, 2011). De acordo com o autor Vos et al. (2013), esta doença é considerada pela Organização Mundial de Saúde como a terceira mais prevalente no mundo. Também, é considerada como a sétima entre as causas que resultam em incapacidade do indivíduo acometido, considerando apenas a incapacidade ocasionada durante as fases da migrânea. A migrânea, também chamada de enxaqueca, não afeta o indivíduo apenas fisicamente, mas possui também outras consequências, principalmente um forte impacto socioeconômico. Quando a migrânea surge, compromissos são cancelados e responsabilidades são colocadas em espera, pois o padecente da migrânea foge da sociedade em busca de um quarto escuro livre de ruídos. Esta prática habitual induzida pela natureza cíclica desses ataques podem afligir toda a 1 Pós-graduando em Acupuntura 2 Orientadora, Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestre em Bioética e Direito em Saúde.

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1

Acupuntura como tratamento complementar em migrânea com aura

Paulo Adrian Assunção da Silva1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-graduação em Acupuntura, Instituição do Ensino Superior - FAIPE

Resumo

A migrânea com aura é considerada uma doença crônica e caracterizada por um conjunto de

sintomas que envolvem distúrbios que afetam o sistema neurológico, gastrointestinais e sinais

autonômicos. Efetivamente, a dor de cabeça é uma característica comum a todos os tipos de

migrânea. A acupuntura faz parte de uma ampla gama de recursos utilizados na Medicina

Tradicional Chinesa no tratamento de diversas patologias, e utiliza a inserção de agulhas em

pontos localizados ao longo de meridianos, por onde circula a energia vital, para promover o

equilíbrio do corpo e da mente. Este trabalho se propôs a realizar uma revisão sobre o tema

de maneira a expor o seu contexto científico mais atual, relatando trabalhos publicados a partir

de 2010, que abordassem o uso da acupuntura em pacientes com migrânea, especificamente

com aura. No entanto, não foram encontrados estudos que versassem este tipo. Logo, foram

incluídos trabalhos que analisaram a aplicação desta técnica em migrânea e suas correlações

fisiológicas, resultando em informações positivas para o norteamento no tratamento da

migrânea, seja com ou sem aura. Neste sentido, pauta-se a importância de promover estudos

qualitativos aplicados ao tratamento preventivo e resolutivo na migrânea com aura.

Palavras-chave: Acupuntura; Migrânea; Aura.

1. Introdução

A migrânea é caracterizada por ataques que consistem em vários distúrbios de dor de cabeça,

neurológicos, gastrointestinais e sintomas autonômicos, certamente que envolvem estruturas

intracranianas; é também, considerada uma doença crônica, onde os doentes têm no seu sistema

neurovascular uma predisposição para reagir demasiadamente a estímulos internos ou externos

resultando em hiperatividade do cérebro e do aparelho trigeminovascular. Além disso, fatores

genéticos podem estar envolvidos (ANDRADE, 2011).

De acordo com o autor Vos et al. (2013), esta doença é considerada pela Organização Mundial

de Saúde como a terceira mais prevalente no mundo. Também, é considerada como a sétima

entre as causas que resultam em incapacidade do indivíduo acometido, considerando apenas a

incapacidade ocasionada durante as fases da migrânea.

A migrânea, também chamada de enxaqueca, não afeta o indivíduo apenas fisicamente, mas

possui também outras consequências, principalmente um forte impacto socioeconômico.

Quando a migrânea surge, compromissos são cancelados e responsabilidades são colocadas em

espera, pois o padecente da migrânea foge da sociedade em busca de um quarto escuro livre de

ruídos. Esta prática habitual induzida pela natureza cíclica desses ataques podem afligir toda a

1 Pós-graduando em Acupuntura 2 Orientadora, Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestre em Bioética e Direito em

Saúde.

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vida de uma pessoa, impactando drasticamente as relações interpessoais, qualidade de vida e

estado emocional (LEONARDI et al., 2010).

Os ataques de migrânea são geralmente desencadeados por um fator peculiar, que pode ser pelo

estresse, seja físico ou emocional, hábitos alimentares nocivos ou certos alimentos, distúrbios

do sono, álcool, luzes fortes, ruídos altos, menstruação e uso de contraceptivos orais. Após

iniciada, a crise de migrânea se desenvolve lentamente, mas demonstra grande resistência, e

pode persistir por várias horas (WHITNEY, 2011).

Antes ou durante uma crise de migrânea pode ocorrer uma experiência sensorial, denominada

aura, e esta sensação acomete um entre quatro de todos os acometidos pela enxaqueca. Tal

experiência pode ser descrita como sensitiva, visual ou em sinais de afasia (TEPPER;

VALENÇA, 2014).

O tratamento precoce e preventivo são chaves fundamentais para o êxito no combate de crises

de migrânea. Há uma variedade de medicamentos disponíveis, porém, para alguns indivíduos,

um analgésico simples pode aliviar, se tomada no início, assim que surgirem os primeiros

sintomas. No entanto, para muitos, uma medicação mais forte pode ser necessária (WHITNEY,

2011). Entretanto, diversos pacientes abandonam o tratamento profilático da migrânea por

causa dos efeitos colaterais relacionados à maioria dos medicamentos utilizados (ANDRADE,

2011).

A acupuntura, considerada uma das mais antigas técnicas de cura, tem sido praticada na China

e outros países asiáticos por milhares de anos. Segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC),

para que a saúde seja mantida dentro do corpo deve haver equilíbrio entre o yin e yang, duas

forças opostas internas e indivisíveis. A doença surge quando há um desequilíbrio entre estas

forças, resultando na obstrução do fluxo de qi (energia vital) ao longo de caminhos no corpo

denominado meridianos. A MTC atua diretamente nesses meridianos usando acupuntura em

certos pontos do corpo para liberar o qi, restaurando assim o equilíbrio (ANDRADE, 2011).

Ante o exposto, o presente estudo se justifica pela relevância e atualidade da temática. Além

disso, tem por objetivo verificar, através de uma revisão bibliográfica, a possibilidade da

acupuntura como tratamento complementar da migrânea, especificamente a do tipo com aura,

para que seja viável ultrapassar algumas das limitações associadas com drogas terapêuticas

estabelecidas no tratamento desta doença, tendo em vista que seus efeitos adversos podem

influenciar na adesão ineficaz do tratamento por parte do paciente.

2. Revisão de Literatura

2.1 Migrânea com aura

A migrânea, ou enxaqueca, é uma das condições mais comuns na procura por um atendimento

neurológico. No entanto, a dor de cabeça é um sintoma subjetivo, que pode fazer parte de um

distúrbio mais complexo. Os acometidos pela migrânea sofrem de dor intermitente ou crônica,

sem alterações físicas ou nos exames laboratoriais. Sendo assim, a ausência de marcadores

objetivos para as migrânea, permitiu criar um sistema de classificação para melhor classificar

as queixas. A International Headache Society (IHS), através do comitê de classificação da dor

de cabeça, em 1988, desenvolveu uma primeira classificação com a finalidade de facilitar a

investigação epidemiológica, os ensaios clínicos em campo, fazer o diagnóstico e o tratamento

da migrânea de forma mais precisa e adequada (ANDRADE, 2011).

Atualmente, a migrânea é classificada em dois subtipos principais: migrânea sem aura,

síndrome caracterizada por dor de cabeça com particularidades específicas e sintomas

associados; e a migrânea com aura, caracterizada, principalmente, pelos sintomas neurológicos

focais transitórios que antecedem ou acompanham a dor de cabeça. Todavia, possuem sintomas

comuns que incluem hipo ou hiperatividade, depressão, vontade de comer certos alimentos,

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fadiga, dor e rigidez na nuca (HEADACHE CLASSIFICATION COMMITTEE OF THE

INTERNATIONAL HEADACHE SOCIETY (IHS), 2013).

As crises de migrânea podem se apresentar em quatro fases: a fase prodrômica, que ocorre horas

ou dias antes da dor de cabeça; a fase da aura, que antecede imediatamente a dor de cabeça; a

própria fase da dor de cabeça; e por último, a fase de resolução da dor de cabeça. A dor de

cabeça ocorre geralmente unilateralmente, de caráter latejante, com intensidade de moderada a

grave e agravada por estímulos internos ou externos. No entanto, a migrânea varia muito em

sua frequência, duração e gravidade, mesmo nas crises que ocorrem em um mesmo paciente.

Para o diagnóstico, nem todas as fases precisam acontecer. Às vezes, apenas uma fase ocorre,

como a da aura (ANDRADE, 2011; SPECIALI, 2011).

A migrânea pode ocorrer como comorbidade de um acidente vascular encefálico isquêmico,

dissecção da artéria carótida ou da artéria vertebral, malformações arteriovenosas,

leucoencefalopatia, arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais ou

distúrbios de plaquetas, além de outros distúrbios. Embora seja difícil identificar uma hipótese

única que liga esses transtornos a patogênese da migrânea, uma perturbação dentro dos vasos

do cérebro pode ser comum a um subgrupo de pacientes que têm enxaqueca com aura

(DALKARA; NOZARI; MOSKOWITZ, 2010).

Cerca de 58% de mulheres com malformação arteriovenosa são diagnosticadas com migrânea

com aura. Ademais, argumenta-se que exista uma forte correlação entre o lado que é acometido

pela dor de cabeça e o lado afetado pela malformação arteriovenosa, sugerindo que este

distúrbio possa causar crises de migrânea com aura (HEADACHE CLASSIFICATION

COMMITTEE OF THE INTERNATIONAL HEADACHE SOCIETY (IHS), 2013).

A migrânea com aura tem sido identificada como um fator de risco para acidente vascular

encefálico isquêmico e possivelmente para hiperintensidades da substância branca, sugerindo

mecanismos fisiopatológicos comuns que implicam a unidade neurovascular (DALKARA;

NOZARI; MOSKOWITZ, 2010).

Segundo Tepper e Valença (2014), os sintomas da aura, representados graficamente na figura

(1), são ocasionados por um aumento nas ativações de neurônios cerebrais que desempenham

uma função específica; e para as pessoas acometidas, são usados como uma advertência para o

início do tratamento eficaz para a dor de cabeça que virá a surgir. Tais tratamentos buscam a

redução da intensidade ou da frequência da aura, na maioria das vezes ocorre a melhora da dor

ao tratar a aura.

Figura 1 - Representação gráfica da aura (SPECIALI, 2011)

De acordo com Charles (2013), antes ou concomitantemente ao início dos sintomas da aura, o

fluxo sanguíneo cerebral é diminuído na região do córtex correspondente à área afetada

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clinicamente. Esta redução, geralmente, inicia posteriormente e se alastra anteriormente, na

maioria das vezes acima do limiar isquêmico.

Nos sintomas da migrânea com aura, como vistos na figura (1), as alterações visuais são os

mais comuns, recorrente e completamente reversíveis, que podem marcar o início de uma crise,

além disso ocorrem em cerca de 90% dos pacientes diagnosticados e possuem uma duração que

varia de cinco a sessenta minutos. Tais alterações surgem como manchas, perturbações visuais

em ziguezague perto de um ponto de fixação à direita ou à esquerda com bordas cintilantes

anguladas, resultando em graus absolutos e variáveis de escotoma parcial ou total, sensibilidade

à luz ou som, e visão turva (HEADACHE CLASSIFICATION COMMITTEE OF THE

INTERNATIONAL HEADACHE SOCIETY (IHS), 2013; TEPPER; VALENÇA, 2014).

A aura de caráter visual é provocada por neurônios que são disparados no córtex visual do

cérebro, e está associado ao aumento no fluxo sanguíneo para nutrição destes neurônios. Após

essa estimulação, os neurônios ficam inativos, diminuindo, consequentemente, o aporte

sanguíneo. Esse período em que ocorre a redução do fluxo de sangue é descrito como

“depressão alastrante cortical”, e isto só ocorre ao final da ativação neuronal, com uma

velocidade aproximada de 3mm/min. Sendo assim, a aura é o efeito da dispersão dessa ativação

neuronal sobre o córtex cerebral (SPECIALI, 2011; TEPPER; VALENÇA, 2014).

Na fase premonitória da migrânea com aura, a depressão alastrante cortical pode provocar a

ativação de vias nociceptivas, e está relacionada à noradrenalina, desequilíbrios dos canais de

cálcio, deficiência de magnésio ou aumento dos aminoácidos excitatórios, conduzindo a uma

hipótese de ser uma causa direta da dor de cabeça (SPECIALI, 2011; CHARLES, 2013).

Em seguida, na frequência de sintomas, os distúrbios sensoriais são caracterizados por

formigamento ou dormência movendo-se lentamente a partir de um ponto de origem,

geralmente nos dedos das mãos direcionando-se para o braço, face e língua. Já os distúrbios da

fala e os motores ocorrem em menor frequência (HEADACHE CLASSIFICATION

COMMITTEE OF THE INTERNATIONAL HEADACHE SOCIETY (IHS), 2013; TEPPER;

VALENÇA, 2014).

Em Charles (2013) encontramos o relato de estudos que indicam os sintomas na fase após a

resolução da dor de cabeça, na maioria dos acometidos, que são dor residual, fadiga, fraqueza

muscular, tontura, dificuldades cognitivas e, o mais comum, alterações do humor. Certamente,

existem alterações persistentes na atividade cerebral em várias regiões, durante horas após o

fim da crise.

Segundo Speciali (2011), o tratamento da migrânea consiste no tratamento da crise, quando elas

forem esporádicas, e é realizado com medicamentos específicos denominados triptanos, por

possuírem menores efeitos adversos, e também, anti-inflamatórios não esteroidais e

analgésicos; e o tratamento profilático, quando as crises são frequentes, incapacitantes ou muito

prolongada, possui como principal objetivo a diminuição da hiperexcitabilidade neuronal.

Os autores Tepper e Valença (2014) citam alguns medicamentos que podem tratar o sintoma da

aura, tais como: o Magnésio, que pode ser utilizado no início da aura e como profilaxia para

evitar tal sintoma; a riboflavina ou vitamina B2, que pode ser usada como forma preventiva;

medicamentos como topiramato, lamotrigina, verapamil, memantina e certos antidepressivos

parecem ser eficazes na diminuição da aura (TEPPER; VALENÇA, 2014).

Como descrito, também, por Andrade (2011), o tratamento preventivo inclui variadas classes

de medicamentos, compreendendo betabloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio,

anticonvulsivos, antidepressivos e antagonistas da serotonina. Além destes, Speciali (2011) cita

antiserotonínicos, antidepressivos tricíclicos, antiepiléticos e neuromoduladores.

No entanto, em Abrams (2013) vamos encontrar o esclarecimento de que a utilização excessiva

de qualquer categoria de medicamentos mesmo sozinhos ou combinados usados no tratamento

agudo de migrânea, pode desencadear crises por uso excessivo de medicação. Neste caso, a

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medida inicial exige a remoção do medicamento, iniciando um tratamento preventivo que inclui

a educação dos pacientes.

Segundo a OMS (2011), técnicas não farmacológicas, destacando-se a acupuntura, estão sendo

utilizadas tanto no tratamento da migrânea, seja preventivo ou abortivo, devido aos efeitos

adversos descritos no uso da terapia medicamentosa. A acupuntura vem se caracterizando como

uma boa opção para os migranosos que, devido às crises, necessitam de tratamento profilático

(FOROUGHIPOUR et al., 2014).

2.2 Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura

A acupuntura faz parte de uma ampla gama de recursos utilizados para a MTC no tratamento

de diversas patologias. Desde o período Neolítico, compreendido entre 10.000 a.C. e 3.500 a.C.,

provavelmente, foi usada empiricamente em diversas culturas pelo mundo. Certamente, a

acupuntura foi incorporada à MTC no período entre 5 a.C. e 3 a.C., através do Huang Di Nei

Jing, o livro clássico de medicina interna do imperador amarelo (ANDRADE, 2011).

A base filosófica da MTC foi a Escola Naturalista, que decifra a natureza de uma forma positiva

e defende que os seres humanos não têm como controlar e subjugar a natureza, todavia age de

acordo com as suas leis (ANDRADE, 2011).

A acupuntura versa no tratamento de alguns sintomas, sinais e doenças através da inserção de

agulhas em vários pontos do corpo, que estão localizados ao longo dos meridianos, com a

finalidade de promover um meio de equilibrar o fluxo de Qi, pois é dessa forma que é melhorado

o estado de saúde (ANDRADE, 2011). O principal objetivo da MTC é o equilíbrio, tanto no

que se faz referência às funções orgânicas quanto nas relações entre o corpo e o meio externo.

O funcionamento do organismo todo depende da harmonia funcional que existe entre seus

componentes, através de uma relação lógica entre morfologia e função, estímulo e controle, e

particular e universal, ou seja, uma parte não pode ser compreendida se não for relacionada com

o todo, isto é, uma concepção filosófica holística baseada no taoísmo (GERVÁSIO;

BECHARAII, 2010).

Na MTC, O diagnóstico é realizado através de alguns parâmetros distintos, por exemplo, a

língua, pulso e outros sinais e sintomas geralmente não muito importantes para o diagnóstico

da medicina ocidental, porque eles não estão relacionados com o processo da doença real. O

modelo ocidental de doenças não existe na MTC (ANDRADE, 2011).

Segundo Gervásio e Becharaii (2010), na concepção da MTC, a doença é resultado entre o

agente causador e o indivíduo em desarmonia com as forças Yin e Yang do corpo. Este

desequilíbrio está relacionado à oposição de tais forças mediante às energias corretas (Zhen Qi),

que são fatores intrínsecos que manifestam a resistência à doença, e às energias perversas, que

são os fatores patogênicos propriamente dito.

Para a MTC, os aspectos psicológicos e as emoções, consideradas de origem interna,

configuram-se como uma das principais causas de doenças físicas, mentais e emocionais,

devido a uma má distribuição de energia nos órgãos, vísceras e nos meridianos por onde circula

o Qi (LU; JIA; LU, 2004).

2.2.1 A migrânea na visão da Medicina Tradicional Chinesa

Pouco se sabe sobre os mecanismos fisiológicos neurais que a acupuntura pode atuar. No

entanto, técnicas recentes como a tomografia por emissão de pósitrons e a ressonância

magnética surgiram como um modo de estudar os efeitos da acupuntura no cérebro, e mostrar

os mecanismos de ação no tratamento das doenças (YANG et al., 2012).

Nos países ocidentais, a acupuntura tem sido utilizada amplamente em pessoas que sofrem de

migrânea. Na MTC, a migrânea não é reconhecida com uma doença específica, pois o modelo

chinês adota como diagnóstico padrões de desarmonia. Sendo assim, pacientes acometidos por

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migrânea podem ter diagnósticos diferentes na MTC, e consequentemente, a abordagem

terapêutica será diferente (ANDRADE, 2011).

De acordo com Maciocia (1996), a constituição do corpo herdada dos pais depende da saúde

geral dos pais antes e no momento da concepção, além das condições da gravidez da mãe. Tais

fatores afetam o estado do organismo e, posteriormente, tornam-se uma causa de cefaleias.

Quando as dores de cabeça são constantes desde a infância, isto significa a presença de um fator

constitucional da doença, pois se o Qi e a Essência dos pais forem fracos ou conceberem com

idade mais avançada, a Essência do Céu Anterior na criança também será fraca, e

consequentemente, irá ocorrer dores de cabeça que se iniciam durante a infância, resultados da

deficiência do Rim ou do Fígado.

Na MTC, a migrânea é chamada de “dor de cabeça da vesícula biliar”, pois está fortemente

associada à estagnação de energia, cálculos biliares e dores intermitentes ao longo do meridiano

da vesícula biliar (MACIOCIA, 1996; GROSSINGER, 2013). Conforme esta etiologia, a

migrânea é causada pela saída lenta da bile do fígado para os ductos biliares e vesícula biliar,

seguindo para corrente sanguínea, resultando em uma inflamação que emite um calor úmido,

subindo a partir destas estruturas até a região da escápula e da cabeça. Sendo assim, caracteriza-

se por uma doença circulatória que afeta energeticamente o meridiano da vesícula biliar

(GROSSINGER, 2013).

Todavia, os autores Jirui e Wang (2007) descrevem que a migrânea pode ser causada por fatores

de origem externa, tais como vento-frio, vento-calor ou vento-umidade, pois o vento patogênico

tende, naturalmente, a dirigir-se para cima, logo a parte superior do corpo é a mais acometida,

e quando o indivíduo é surpreendido por qualquer destes fatores há uma rápida instalação da

dor de cabeça; e fatores de origem interna, que podem ser o Yang ascendente do Fígado,

umidade-fleuma e estagnação de sangue, onde a instalação da dor é caracterizada por ser lenta

e de longa duração.

Em relação à localização da dor causada por vento patogênico, Jirui e Wang (2007) utilizam-se

da argumentação de que a região frontal da cabeça é atravessada por uma ramificação do canal

Yang Ming do pé, ou seja, estômago; já as regiões laterais da cabeça são atravessadas pelos

canais Shao Yang da mão e do pé, ou seja, triplo aquecedor e vesícula biliar. Logo, quando este

fator patogênico instala-se nestes canais, ocorrerá dor nas regiões correspondentes.

Segundo Maciocia (1996), os fatores emocionais são causas bastante frequentes da migrânea,

dentre elas destacam-se a raiva, resultando em dores provenientes da ascensão do Yang ou do

Fogo do Fígado; a preocupação, resultando em estagnação de energia no Pulmão e Coração, de

fato quando há desarmonia de Qi no Pulmão, como deficiência, permite a ascensão do Yang do

Fígado; a ansiedade e o medo, que afeta o rim, e consequentemente a cabeça toda.

Além disso, o autor supracitado também destaca o excesso de trabalho, que enfraquece o Qi do

Baço-Pâncreas e o Yin do Rim, permitindo a ascensão do Yang do Fígado; a atividade sexual

excessiva, resultando em deficiência da energia do Rim, levando a dores tanto na região

occipital quanto na cabeça toda; além de irregularidades alimentares, acidentes graves e quedas

que afetem a cabeça e partos contínuos, que afetam direta e principalmente o Fígado e os Rins.

Os autores Flaws e Sionneau (2001) citam os principais sintomas causados pela ascensão do

Yang do fígado, tais como a dor de cabeça, localizada muitas vezes na região dos olhos e

temporal, tontura, escotoma cintilantes e fotofobia; percebe-se nesta descrição a relação íntima

com os sintomas da migrânea com aura. Além disso, podem ocorrer sensação de zumbido, de

boca seca, com um gosto amargo, língua vermelha com finas, pele amarela, e o pulso forte em

corda.

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3. Metodologia

Para realização deste estudo foram consultadas publicações nacionais e internacionais, através

de bases de dados eletrônicos: Wiley Online Library (http://onlinelibrary.wiley.com), PubMed,

Web of Science, EMBASE, CINAHL (Cumulative Index to Nursing and Allied Heath

Literature) e LILACS. Para a abordagem do tema, o limite de tempo não foi utilizado como

critério de inclusão, no entanto, foram selecionados aqueles que possuíam acesso gratuito e que

estavam disponíveis na língua inglesa, espanhola e portuguesa. Para a discussão, foram

selecionados artigos originais publicados a partir de 2010, escritos em inglês e português, além

de autores renomados de livros escritos acerca da temática não obedecendo a limites de tempo.

Devido às diferenças nos processos de indexação nas bases de dados, foram utilizados termos

livres durante a pesquisa, sem uso de vocabulário controlado, pois para alcançar trabalhos

publicados que utilizaram acupuntura na migrânea com aura e, também, nos sintomas, foram

necessários combinar termos pré-estabelecidos para recuperar um número maior de referências,

tais como: em português, acupuntura, migrânea, migrânea com aura, enxaqueca, cefaleia,

tratamento com medicina tradicional chinesa; os mesmos termos foram traduzidos e

pesquisados em inglês e espanhol.

4. Resultados e Discussão

As crises de migrânea com aura são por vezes associada a doenças cerebrovasculares,

hereditárias ou adquiridas subjacentes. A explicação fisiopatológica unificadora que liga

enxaqueca a essas condições tem sido difícil de identificar. Com base na evidência genética e

epidemiológica, os autores Dalkara, Nozari e Moskowitz (2010) sugerem que a correlação de

alterações nos vasos sanguíneos, distúrbios de hipoperfusão e microembolia podem causar

disfunção neurovascular e evocar a depressão alastrante cortical, um evento que é amplamente

ligado aos sintomas da aura.

De acordo com Sudhakaran (2012), a deficiência de Yin ou do sangue do fígado é a principal

causa da migrânea, tal desarmonia gera ascensão do Yang neste órgão. Assim, qualquer

tratamento deve ser orientado para o fígado. É comum usar pontos para redução do excesso de

energia no fígado, porém o autor indica desviar esse excesso para o órgão filho, ou seja, o

coração, por meio da relação de geração mãe-filho, conforme o sistema dos cinco elementos.

Dessa forma, quando o excesso é desviado, a energia do fígado não é reduzida e a recorrência

na migrânea pode ser controlada de forma eficaz na maioria dos casos.

Segundo os autores Flaws e Sionneau (2001), para o tratamento da ascensão do Yang do fígado,

são indicados os pontos Xing Jian (F2), ponto de fogo do meridiano do fígado; e TaiXi (R3),

para nutrir o yin do rim e, consequentemente, regularizar o yang do fígado. E durante as crises,

agulhar os pontos Tai Yang na direção de Quan Liao (ID18), He Gu (IG4) perpendicularmente,

e Tai Chong (F3) na direção de Yong Quan (R1).

Segundo estudos clínicos citados pelo autor Yang et al. (2012), a acupuntura no tratamento da

migrânea, em comparação ao tratamento convencional, é bastante benéfica, reduzindo o

consumo de medicamentos. O mesmo autor realizou um estudo com trinta pacientes

diagnosticados com migrânea sem aura, dividindo-os em três grupos: o primeiro recebeu

estimulação nos pontos Waiguan (TA5), Yang Lingquan (VB34) e Fengchi (VB20); o segundo,

nos pontos Touwei (E8), Pianli (IG6) e Zusanli (E36); o terceiro grupo não recebeu nenhum

tratamento. E assim, observou que no primeiro grupo a redução da dor foi mais eficaz, além de

induzir diferentes níveis de metabolismo da glicose cerebral em regiões neurais relacionadas à

dor.

Um estudo randomizado controlado realizado por Ying et al. (2012), em 476 pacientes (56

diagnosticados com migrânea do tipo com aura), subdivididos em quatro grupos: três grupos

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de acupuntura (acupuntura Shaoyang específicos – pontos Waiguan (TA5), Yanglingquan

(VB34), Qiuxu (VB40) e Fengchi (VB20); Shaoyang inespecíficos – pontos Luxi (TA19),

Sanyangluo (TA8), Xiyangquan (VB33) e Diwuhui (VB42); e Yangming específica – pontos

Touwei (E8), Pianli (IG6), Zusanli (E36) e Chongyang (E42); e um grupo de controle,

verificou-se que houve uma significativa melhora para quase todos os desfechos secundários

nos três grupos de acupuntura em relação ao grupo controle, porém não foi relevante

clinicamente. Neste estudo, concluiu-se que a acupuntura parece ter um efeito clínico menor

quando utilizada em tratamento profilático. A mesma conclusão foi obtida pelo autor Diener

(2013), ao verificar que a frequência de crises de migrânea no grupo testado com acupuntura

não foi menor no grupo controle.

Já Rezvani et al. (2014) comparou o efeito terapêutico, em 80 pacientes divididos em dois

grupos, da acupuntura tradicional com um microssistema recentemente desenvolvido, a

craniopuntura, também denominada como nova acupuntura de Yamamoto; para a profilaxia e

tratamento da enxaqueca; Os pontos utilizados na acupuntura foram Hegu (IG4), Touwei (E8),

Zusanli (E36), Zanzhu (B2), YangBai (VB14), Wai Guan (TA5), Shuai Gu (VB8), Tai Yang,

Houxi (ID3), Tian Zhu (B10), Kun Lun (B60), Fengchi (VB20), Thai Chong (F3), Yongquan

(R1), Baihui (VG20), Si Shen Cong, Lieque (P7), Sanyinjiao (BP6), XingJian (F2) e Qihai

(VC6); e na craniopuntura, os pontos A1-7, M1-3, e pontos Y. Foi constatado que a acupuntura

tradicional e a craniopuntura são igualmente eficazes na profilaxia e no tratamento da migrânea,

podendo ser considerada como alternativa ao tratamento medicamentoso.

Deveras, a depressão alastrante cortical ocorre na fase premonitória, que antecede a migrânea.

Sendo assim, Shi et al. (2010) realizaram um estudo para observar o efeito da eletroacupuntura

na depressão alastrante cortical na migrânea induzida em ratos, onde aplicaram

eletroacupuntura (1 mA, 2 Hz / 100Hz), bilateralmente, nos pontos Yanglingquan (VB 34) e

Taichong (F3) durante 30 minutos, e concluíram que a estimulação nestes pontos eliminou o

cloreto de potássio que utilizaram para provocar a depressão alastrante cortical, sendo assim,

estes pontos podem influenciar no alívio da enxaqueca clínica.

Segundo os autores Speciali (2011) e Tepper e Valença (2014), na aura de caráter visual há um

aumento no fluxo sanguíneo para nutrir neurônios que são ativados, e logo em seguida são

desestimulados pelo efeito da depressão alastrante cortical, diminuindo o fluxo de sangue. Por

outro lado, Zhang et al. (2010) realizaram um estudo para investigar a relação entre a

temperatura e o fluxo sanguíneo microvascular do córtex cerebral e a influência da

eletroacupuntura sobre esta microcirculação em 20 gatos, no ponto Zusanli (E36). Em síntese,

foi constatado que a eletroacupuntura neste ponto induziu um aumento significativo do fluxo

sanguíneo nos pontos de alta temperatura do córtex. Porventura, é um fato a ser considerado na

fase premonitória da migrânea, no momento que ocorre a depressão alastrante cortical.

Um estudo de Toriumi et al. (2011) revelou a redução na gênese da depressão alastrante cortical,

apontado como o gatilho da crise de migrânea, durante a acupuntura e estimulação do nervo

trigêmeo. Este resultado sugere que, a estimulação somatosensorial pode influenciar na

ocorrência e gravidade da patogênese da migrânea. No entanto, o referido autor não revelou os

pontos de acupuntura utilizados.

Os autores Gao et al. (2014) levantaram dois questionamentos, o primeiro refere-se a

biomarcadores neurológicos ou metabólicos que possam apresentar provas de que a acupuntura

alivie a migrânea; o outro, se existem, de fato, diferenças neurológicas ou metabólicas entre

acupuntura realizada em pontos verdadeiros e falsos. Usando eletroacupuntura nos pontos

Waiguan (TA5) e Yanglingquan (VB34), citados como mais frequentes em casos de migrânea,

além de pontos aleatórios que não fazem parte de nenhum meridiano; concluíram que a

eletroacupuntura nestes pontos verdadeiros pode aliviar a enxaqueca aguda, restaurando o perfil

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metabólico do plasma e glutamato plasmático, enquanto que nos outros pode aliviar

modestamente, e em relação ao perfil metabólico, percebe-se a diminuição apenas no glutamato

plasmático.

A propósito, na investigação das alterações metabólicas cerebrais ocasionadas pela

eletroacupuntura, de modo a induzir analgesia em pacientes com migrânea, os autores Yang et

al. (2014) concluíram, através de análise por tomografia computadorizada, que a acupuntura

realizada em pontos falsos e específicos, tais como Luxi (TA19), San Yangluo (TA8) e Xi

Yangguan (VB33) melhoram a dor da crise de migrânea, com a diferença de que nos pontos

verdadeiros, a mudança do padrão do metabolismo da glicose cerebral era pertinente e

direcionada. No entanto, o referido estudo não descreveu em sua metodologia se os acometidos

possuíam diagnósticos de migrânea com ou sem aura.

A mesma conclusão foi obtida por Zhao et al. (2014) ao comparar as atividades cerebrais

ocasionadas pela ativação e desativação de acupontos e investigar a possível correlação entre

as variáveis clínicas e respostas do cérebro, de oitenta paciente com migrânea sem aura. Na

opinião de Zhao et al. (2014) a acupuntura pode ter um potencial efeito regulador para algumas

regiões específicas afetadas pela doença, promovendo o homeostase dos aspectos psicofísicos

que envolvem a dor.

Do mesmo modo, vale salientar o estudo de Fofi et al. (2014) em pacientes diagnosticados com

um tipo específico de cefaleia, denominadas “em salvas”, que ocorre em frequentemente em

curtos períodos; os autores submeteram quatro pacientes ao tratamento por acupuntura, nos

pontos Tai Yang, Yangbai (VB14), ambos apenas no lado afetado; Fengchi (VB20), nos dois

lados; Hegu (IG4), Xingjian (F2), Sanyinjiao (BP6), Zusanli (E36), todos em ambos os lados;

e obtiveram como resultado a interrupção dos ataques frequentes nestes pacientes, o que pode

fornecer a oportunidade de discutir o papel emergente da acupuntura na terapia deste tipo

específico. Tal estudo pode mostrar um caminho a novas pesquisas que permitam, ao menos,

utilizar a acupuntura no tratamento agudo da migrânea com e sem aura, tendo em vista o

sintoma comum que é a dor de cabeça.

5. Considerações Finais

O presente trabalho aborda a possibilidade da utilização da acupuntura como uma técnica

oriental a ser considerada no tratamento alternativo para pacientes acometidos pela migrânea,

especificamente com aura.

Embora a acupuntura seja reconhecida e descrita pela maioria dos autores como um potencial

modo eficaz para o alívio sintomático de crises de dores de cabeça, é fato que esta eficácia se

dá a longo prazo.

Com base na literatura levantada acerca da migrânea, observou-se que não houve nenhum

estudo que englobe especificamente pacientes diagnosticados com migrânea com aura. No

entanto, baseado na sintomatologia em comum, foram incluídos trabalhos que permitam

elucidar possíveis correlações entre os resultados obtidos e aplicação futura em pesquisas

específicas na migrânea com aura.

Ao passo que, diversos estudos demonstraram não haver uma diferença significativa,

estatisticamente falando, entre a acupuntura baseada nos pilares da medicina tradicional chinesa

e grupos testes que receberam acupuntura placebo em pontos ditos “falsos”.

No entanto, a acupuntura vem ganhando credibilidade no tratamento para alívio de dores

crônicas e agudas, além dos problemas relacionados. Apesar dos resultados não se apresentarem

um tanto satisfatórios, é mais provável que a acupuntura possa contribuir para controlar os

sintomas comumente associados às crises da migrânea, como as dores, náuseas e vômitos. E

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por não haver interações medicamentosas e possuir o mínimo de contraindicações, é aplicável

a quase todos os pacientes acometidos.

Neste contexto, vale salientar que estudos clínicos qualitativos devem ser realizados para que

se possa recomendar, baseado em resultados científicos, a incorporação da acupuntura em

tratamentos complementares e alternativos para a migrânea com aura, especificamente, que é

pouco abordada no meio científico; tanto no aspecto preventivo quanto no aspecto resolutivo

de uma crise.

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