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Faculdade Faserra / Biocursos
Fisioterapia do Trabalho
Nelson Lucas Costa Pinheiro
Benefícios do sistema de pausa e rodízio adotados pela fisioterapia do
trabalho na prevenção de LER/DORT
Manaus
2016
1
Nelson Lucas Costa Pinheiro
Benefícios do sistema de pausa e rodízio adotados pela fisioterapia do
trabalho na prevenção de LER/DORT
Manaus
2016
O objetivo deste trabalho é a aquisição do
título de concluinte da Pós-graduação em
fisioterapia do trabalho, submetendo este à
coordenação do referido curso de
especialização lato sensu.
Orientador: Dayana Priscila Mejia de Sousa
Mestre; Fisioterapeuta
2
Benefícios do sistema de pausa e rodízio adotados pela fisioterapia do trabalho na
prevenção de LER/DORT
Nelson Lucas Costa Pinheiro1
Dayana Priscila Mejia de Sousa2
Pós-graduação em fisioterapia do trabalho – Faculdade Faserra
Resumo
A fisioterapia do trabalho se utiliza de recursos ergonômicos para a promoção da saúde do
trabalhador, necessários para evitar acidentes e doenças adquiridas no processo do sistema
produtivo. No setor de trabalho as posições adotadas de forma indevida por longos períodos
e as atividades repetitivas sem a possibilidade de pausas para a recuperação das estruturas
osteomusculares, levam a ocorrência de distúrbios que podem gerar lesões. Quando são
aplicadas medidas preventivas no âmbito laboral para adequar o meio ao trabalhador esses
distúrbios são amenizados e até mesmo evitados. Este artigo é uma revisão literária que tem
por objetivo mostrar os benefícios do sistema de pausa e rodízio adotados pela fisioterapia
do trabalho através de um comparativo feito entre duas empresas, onde em uma foram
adotadas ferramentas ergonômicas no processo trabalhista enquanto na outra nenhuma
medida foi tomada. Foram obtidos resultados satisfatórios no primeiro caso mostrando a
importância dos recursos ergonômicos e de sua utilização na prevenção da LER/DORT. No
segundo caso o estudo mostrou endemias provenientes dessa negligência.
Palavras-chave: Dort; Fisioterapia; Ergonomia.
1. Introdução
A fisioterapia do trabalho tem atuado em diversas áreas aplicando os recursos da ergonomia
como pausas programadas e rodízio de tarefas a fim de modificar e aprimorar as práticas
cotidianas no ambiente laboral, possibilitando uma melhora na qualidade produtiva e
principalmente a prevenção de lesões1.
De acordo com o Ministério da saúde (2012) quando ocorre a negligência para a utilização
desses recursos ergonômicos o trabalho é prejudicado levando ao surgimento dos casos de
LER (lesão por esforço repetitivo) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao
_________________________
1 Pós-graduando em fisioterapia do trabalho
2 Orientador: Mestre; Fisioterapeuta
3
trabalho) que modificam as relações trabalhistas, interpessoais e até mesmo domésticas,
impossibilitando ou reduzindo as capacidades físico-motoras do indivíduo1, 2.
No Brasil, por exemplo, o setor de produção avícola exige de seus funcionários muita
agilidade e qualidade no corte, levando o colaborador a adotar posturas
inadequadas de forma contínua, desenvolvendo assim distúrbios ósteomusculares em
membros superiores, mais especificamente em suas extremidades como mãos e punhos; As
patologias mais conhecidas são: tendinite, síndrome do túnel do carpo entre outras3.
Assim sendo, este artigo será uma revisão literária que visa apresentar alguns benefícios
metodológicos da fisioterapia do trabalho, que são utilizados para a melhoria da qualidade de
vida do funcionário, tornando eficaz a capacidade produtiva, desenvolvendo interação
satisfatória com o ambiente laboral e preservando sua estrutura morfofisiológica.
Aqui serão abordados dois casos, o primeiro refere-se a uma empresa de abatimento de aves
no estado do Rio Grande do Sul onde foram utilizados os recursos de pausa e rodízio e as
melhorias ergonômicas sugeridas, e neste contexto mostrando os seus benefícios3; A outra
situação trata de um estudo feito em oito supermercados de duas cidades brasileiras onde não
foram adotadas medidas para a adaptação psicofisiológica do colaborador ao setor de
trabalho, bem como as consequências deste4.
2. Fundamentação Teórica
O processo produtivo nas empresas sofreu consideráveis modificações com a inclusão de
máquinas e equipamentos decorrentes da revolução industrial ocorrida na Inglaterra em
meados do século XVIII. Em seguida, ocorreu um êxodo rural de forma abrupta e pessoas que
antes trabalhavam com produção têxtil, passaram a operar complexos equipamentos tendo
uma extensa jornada de trabalho semanal. Devido às péssimas condições sanitárias em que se
encontravam as empresas da época, percebeu-se a necessidade de uma intervenção com
intuito de promover a saúde do colaborador e tratar as doenças que foram surgindo com o
passar do tempo5,6,7.
Essas doenças geravam desconfiança nos encarregados da empresa, pois como os médicos
não conseguiam realizar um diagnóstico pela sintomatologia não ser aparente, achavam que
os funcionários apenas fingiam para obter algum benefício.
A quantidade de reclamações de dor e desconforto associadas as LER/DORT no ambiente de
trabalho, tiveram um aumento considerável no século XX por conta da alteração na
velocidade do ritmo de trabalho nas indústrias; Essas afecções acabaram sendo consideradas
4
como uma epidemia industrial e ao longo de 100 anos de pesquisa evidenciaram que as
tendinites foram a maior causa de queixas e indenizações5,7.
Esse quadro de distúrbios ampliou a discussão sobre a inserção do profissional da fisioterapia
em âmbito trabalhista a partir de 1979, sendo uma medida preventiva para a redução de
acidentes de trabalho6.
Em 1998 uma equipe de fisioterapeutas que desenvolviam trabalhos na área da saúde
ocupacional se organizou para regular esse ramo de atuação, e criaram a Associação Nacional
de Fisioterapia do Trabalho no Brasil. Após ser publicada a Resolução 259/03, o Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconheceu em 2003, as
atribuições específicas desse profissional, e regulamentou os parâmetros de atuação.8
A LER (lesão por esforço repetitivo) é o resultado da incapacidade do organismo humano de
atender às demandas laborais provenientes de razões multifatoriais e compreende as
disfunções músculo esqueléticas complexas, e estas lesões desenvolvem-se levando em
consideração a forma como é feita a organização do trabalho e as posturas estáticas
estabelecidas durante períodos prolongados decorrente das exigências da atividade, e que
resultam em sintomas dolorosos por inflamação e/ou compressão de estruturas nervosas,
tendíneas, musculares e fibro cartilaginosas; A falta de momentos para pausa onde o corpo
descansa reestabelecendo as fibras musculares à posição inicial, está diretamente ligada às
reações de desconforto que se manifestam no indivíduo 7,9,10, 11.
O termo DORT surgiu em 19 de Agosto de 1998, após publicação no diário oficial da União
de uma ordem de serviço do Ministério da previdência, o intuito era de modificar o termo
LER lesão por esforço repetitivo, que passa a ideia errada de que se trata apenas de um
machucado causada por movimentos repetitivos, entretanto se assim fosse, o organismo se
reestabeleceria de forma autônoma ou através de intervenção da medicina só que isso não
acontece. A DORT descrita como distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
pressupõe que, mesmo não havendo lesão, há uma deficiência do organismo como, por
exemplo, o estresse e a fadiga dentre outros sintomas que são causados por fatores externos.5,7
É recomendado o descanso pelo período de 10 minutos a cada hora trabalhada para que haja o
relaxamento dos músculos e tendões sendo uma alternativa amplamente utilizada para a
prevenção desses distúrbios.5, 7
Preconizando a organização do trabalho, a NR 17.6.2 considera o ritmo, tempo e conteúdo das
tarefas dentre outros, a NR 17.6.3 que trata das atividades que exigem sobrecarga muscular
estática ou dinâmica determina que devam ser incluídas pausas para descanso.11, 12.
5
O desconforto e a fadiga são sinalizadores de possíveis problemas, a dor tende a aumentar
durante o turno de trabalho, entretanto a diminuição da frequência de trabalho e mudança para
atividades no mesmo ramo que não exijam tanto dos segmentos corpóreos acometidos e
podem auxiliar na melhora ou diminuição do quadro álgico2,5,7,9, 13.
Adaptação do ambiente de trabalho às características antropométricas dos funcionários está
em conformidade com as normas regulamentadoras e podem evitar diversos efeitos
desagradáveis como angulações extremas, torções, dores musculares e articulares12.
As condições de trabalho incluem diversos fatores que incidem sobre o trabalhador que vão
desde o ambiente até fatores externos como a serviços de saúde, transporte, alimentação bem
como carga horária e salário. Por isso é indispensável atender minimamente a adaptação
ergonômica dos postos de trabalho e controle de questões adversas como climatização,
iluminação, ruídos etc. 13
NR 17, Anexo I, art. 2.1 no que trata de operadores de checkout, em relação a mobiliário,
dimensões, distância e altura.
a) atender às características antropométricas de 90% dos
trabalhadores, respeitando os alcances dos membros e da visão, ou
seja, compatibilizando as áreas de visão com a manipulação; b)
assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé, e as
posições confortáveis dos membros superiores e inferiores, nessas
duas situações; c) respeitar os ângulos limites e trajetórias naturais dos
movimentos, durante a execução das tarefas, evitando a flexão e a
torção do tronco12.
Existe um protocolo de complexidade diferenciado desenvolvido pelo Ministério da Saúde,
embasado nos direitos do cidadão que é expresso pela constituição federal sendo
regulamentado pela lei orgânica da saúde (LOA) e criado para profissionais que atuam na área
da saúde, foi criado com a finalidade ser um recurso auxiliar no correto diagnóstico de
doenças relacionadas ao trabalho buscando as melhores formas de tratamento e prevenção,
resultando na promoção da saúde com qualidade de vida do trabalhador2.
Atualmente tem sido bem comum os funcionários de empresas em vários ramos de serviço,
padecerem em detrimento de suas atividades laborais e fatores intrínsecos a estes, as
reclamações na maioria dos casos estão diretamente associadas às doenças das estruturas
músculo esqueléticas denominadas a seguir conforme sinônimos reconhecidos pelo ministério
da saúde, como lesão por esforço repetitivo (LER), síndrome cervicobraquial ocupacional
(SCO), Afecções músculo esqueléticas relacionadas ao trabalho (AMERT), lesões por
traumas cumulativos (LTC), distúrbios osteo musculares relacionados ao trabalho (DORT)
6
essas são as terminologias catalogadas no livro de protocolos de complexidade diferenciada
com o título dor relacionada ao trabalho no âmbito da saúde do trabalhador do ministério da
saúde ano de 2012. A situação é tão relevante que o dia 28 de fevereiro foi separado como o
dia internacional para conscientização da LER e DORT 2,5, 7, 9.
O reconhecimento dessas afecções perante a lei é diferente das doenças comuns, pois são
regidas por normas específicas, portaria GM nº777/04 (Brasil, 2004) do ministério da saúde,
para garantir a saúde e o direito amparado do trabalhador 2.
Geralmente os fatores etiológicos que levam ao desenvolvimento ou agravam a lesão são
multifatoriais e comumente de origem organizacional e psicossocial, dentre os quais estão
exercer atividades com alta taxa de repetição sem a possibilidade de pausa para recuperação
das estruturas orgânicas e reestabelecimento da situação de fadiga, exposição à vibração,
ruído, altas e baixas temperaturas por longos períodos, posturas inadequadas, longas jornadas
de trabalho sem adoção de pausa e troca de atividades, permanência em posição estática,
pressão para o cumprimento de metas, competitividade, preocupação com a manutenção do
emprego, melhora nos padrões de qualidade e maior produtividade em menor período de
tempo. 11,15,16.
Os sintomas se desenvolvem gradativamente e tornam-se perceptíveis com o passar do tempo,
e manifesta-se a dor, muitas vezes desencadeada pelo aumento da quantidade de trabalho,
nesse momento as tarefas simples passam a ser difíceis reduzindo o desempenho no trabalho e
a vida cotidiana fica afetada podendo resultar na perda parcial das capacidades8, 17.
Entre as queixas estão, diferentes níveis de dor que podem ser locais ou irradiadas para outros
segmentos do corpo, fadiga, sensações adversas, perda da força, rigidez muscular, diminuição
da amplitude de movimento, e nos casos graves as mãos apresentam sudorese2, 15, 17.
Existem muitos fatores posturais de risco e que dentro das atividades exercidas por períodos
elevados predispõem algumas síndromes em diferentes membros do corpo humano, exemplo,
mãos no nível do ombro ou abaixo dele, ocasiona tendinite entre outros problemas de ombro,
elevação dos membros superiores, leva a dor2, 17.
3. Metodologia
O presente artigo caracteriza-se como uma revisão de literatura, realizada com o objetivo de
discorrer sobre os recursos ergonômicos de pausa e rodízio de atividades implantado pela
fisioterapia na prevenção de distúrbios relacionados ao trabalho (LER/ DORT). Foram
utilizados como fontes de referências periódicos, livros de áreas afins ao tema abordado e
7
artigos do banco de dados científicos do Scielo e Lilacs. A literatura consultada foi publicada
no período de 2000 a 2014, em língua portuguesa. Para a elaboração deste trabalho observou-
se 20 referências bibliográficas. A pesquisa foi realizada nos meses de Maio e Junho de 2016.
4. Resultados e Discussão.
Para ilustrar esta discussão, foram pesquisadas duas empresas de diferentes ramos de atuação,
entretanto com dificuldades em comum, por exemplo, trabalhar em pé por longos períodos
sem adoção de rodízio ou pausa, a velocidade do processo, necessidade da implantação de
recursos da ergonomia, e queixas de desconforto/dor. 17
Empresa 1: (Desossa de frango no Vale de Taquari no Rio Grande do Sul), onde o sistema
de trabalho era o de Taylor/Ford (uma tarefa para cada trabalhador tendo ao final o produto
pronto), em se tratando de distúrbios músculo esqueléticos e motivada pela quantidade de
consultas médicas da empresa em questão, foi realizado um estudo com vinte e duas
funcionárias voluntárias, observando as condições do setor de trabalho e fatores de queixa
apontados no estudo anterior de Delwing (2007) que identificou problemas de organização no
mesmo setor, como posturas adotadas em posição bipodálica estática sem possibilidade de
mudança, temperatura da sala (frio), velocidade das nóreas (sistema de esteiras suspensas),
altura das mesas de corte, vibração, ruído dos ventiladores. As funcionárias receberam
orientação prévia quanto à relevância da participação no projeto e após o acordo deram início
às atividades. Buscando as melhorias ergonômicas com resultados sistematicamente precisos
e visando a implantação de um projeto de rodízio das tarefas, foram utilizadas as ferramentas
de avaliação abaixo3, 14, 18,19.
Captura de vídeo no método de Rodgers 2006 verificando o grau de esforço exercido pelos
segmentos do corpo durante a atividade classificando-a como de risco baixo ou alto3.
Diagrama de análise psicofísica de dor/desconforto adaptado por Guimarães et al (2004) e
criado por Corlett e Bishop (1976) , onde é apresentada uma escala que vai de 0 a 9 que
significa respectivamente nenhuma e muita dor/desconforto e o participante ainda marca no
diagrama o segmento corpóreo mais acometido ao término da jornada de trabalho3 .
Do início ao fim dos trabalhos foi utilizado questionário de satisfação sobre a implantação das
melhorias ergonômicas e do rodízio de atividades levando em consideração a análise dos dias
trabalhados, turnos, segmentos do corpo comprometidos3.
O rodízio foi planejado baseado no tipo de movimento, tempo da atividade e a forma de
sobrecarga, se mental ou física e foram alternadas entre as cinco atividades mais desgastantes
8
em quatro etapas diárias durante seis dias da semana. E teve por objetivo propiciar a
multifuncionalidade fazendo com que os trabalhadores alternassem entre setores e tarefas,
estando aptos para operações diversas, resultando no balanceamento da carga de trabalho, e
diminuição dos esforços repetitivos. 3, 18
Resultados na empresa 1.O questionário teve 100% de participação e na sua maioria
aprovaram as melhorias adotadas principalmente o sistema de rodízio que afetou
positivamente na melhora da organização do trabalho proporcionando maior alternância nas
posturas durante o turno. Resultou na diminuição das queixas de dor nos segmentos mais
acometidos como punhos, braços, ombros, coluna cervical e pernas. Houve a aquisição de
cadeiras, estrados para os pés para resolver questão da altura da bancada atendendo a
necessidade antropométrica, ajuste da altura 93cm e profundidade da bancada fazendo um
corte em formato de semi círculo possibilitando menor ângulo de extensão de braços e
evitando curvatura demasiada da coluna cervical e lombar3, .
Empresa 2 (Supermercados) o trabalho de operador de caixa teve a situação bem diferente
como mostra BATIZ E.C 2009 em estudo feito em oito redes de supermercados em duas
cidades brasileiras com a finalidade de avaliar os riscos dessa profissão, foram elencados
fatores como a não adequação do posto de trabalho, falta de revezamento e pausa nas
atividades como agravantes de dificuldades físicas e mentais enfrentadas pelos
colaboradores4, 20.
O estudo teve a participação de 80 operadores de caixa (checkout) com idade entre 18 a 41
anos, onde 67 do sexo feminino, os métodos de avaliação foram: Análise documental para
saber o funcionamento da atividade a ser estudada que consiste basicamente em pegar
produtos da bancada, utilizar o leitor óptico, digitar os valores de produtos, empacotamento,
cobrança, higienização da bancada4.
Questionário sobre o mobiliário do setor, organização do trabalho, horários e turnos4.
A captura de imagens e vídeos das atividades com a utilização da ferramenta ergonômica
R.U.L.A. (Rapid Upper Limb Assessment) que analisa os padrões posturais e os movimentos
biomecânicos que contribuem para o surgimento de lesões, foi uma ferramenta utilizada para
coleta de informações detalhadas e precisas4.
Foi destacada a alta exigência psicológica que se faz ao colaborador que atende em média
trezentos clientes por dia e muitas vezes tem que lidar com problemas alheios às suas
atribuições, exemplo, não atender às expectativas do cliente, produtos em falta ou sem preço,
9
demora na contabilidade dos itens e do pagamento nas máquinas de cartão de crédito/ débito,
mesmo que estes fatores não sejam da competência dos operadores de caixa, muitas vezes,
acabam recebendo diretamente as reclamações e tentando prestar um bom serviço com poucos
recursos a seu favor, o que demanda um grande desgaste para o operador. 4, 20
As queixas mais comuns segundo questionário aplicado aos trabalhadores foram dores nos
ombros 54%, coluna cervical 49%, região lombar 81% e 50% tiveram dores na coluna dorsal,
e ainda na questão psicológica, descreveram a atividade de operador de caixa como
monótona, cansativa e em sua totalidade estressante. Ao todo 1.235 posturas foram
evidenciadas, das quais 272 encontram-se na categoria 3 do método R.U.L.A. o que significa
uma necessidade de intervenção breve, 128 posições precisavam de alterações imediatas e
obtiveram a categoria 4, 592 posturas incluíram-se na categoria 2 com necessidade de
mudanças futuras e 243 movimentos com categoria 1, não eram passíveis de intervenção4.
Resultado da empresa 2. Em mais de 80% dos movimentos executados com membros
superiores, foi destacada a real necessidade de implantação de ações ergonômicas para
viabilizar o trabalho na empresa. Sem contar a situação das horas extras que geralmente
ocorrem após o encerramento das atividades do mercado, sendo para atender clientes que
estavam na fila, contar e organizar tickets e cheques somente isto faz exceder mais de uma a
duas horas no turno de trabalho, resultando em menos horas de descanso em casa para
recuperação da fatigante tarefa. E nesse caso a falta do sistema de pausa e rodízio das
atividades no setor, incluindo o mobiliário que é padronizado de forma geral e totalmente
desconexo da realidade antropométrica do colaborador, influi prejudicialmente na qualidade
do serviço. O fato das medidas acima não serem adotadas ocasionaram problemas de saúde
em 60,5% dos entrevistados e como exemplos estão os distúrbios músculo esqueléticos, sendo
responsáveis no mínimo uma vez pelo afastamento de funcionários do setor de trabalho de
checkout. Essas doenças osteomusculares têm sido graves no cenário da saúde brasileira4.
5. Conclusão
Os distúrbios no âmbito do trabalho apesar de terem causas complexas, podem ser
amenizados sem ônus para a empresa e o colaborador, desde que haja o comprometimento do
empregador e funcionário, na adoção dos projetos ergonômicos implantados pela fisioterapia
do trabalho para a melhoria do ambiente.
10
O Estudo mostrou que melhores condições de organização do trabalho promovem a saúde, a
eficiência, aumento de produtividade e a diminuição do número de absenteísmos por doenças
relacionadas ao trabalho (DORT).
Essa mudança para adequação do ambiente ao colaborador, somada ao sistema de pausa e
rodízio preconizado pelas normas regulamentadoras (Nr. 17) trouxeram benefícios que
resultaram na satisfação por parte dos funcionários, melhorou a qualidade dos serviços e com
isso alcançou positivamente o cliente.
A falta dessas medidas resultou em agravos da saúde dos trabalhadores por meio de doenças,
perda da qualidade no serviço e até afastamentos.
Dessa forma é fundamental a atuação do fisioterapeuta no setor do trabalho utilizando os
recursos ergonômicos como auxilio para a prevenção de LER/DORT.
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