acidificaÇÃo dos oceanos...o ph da água do mar, causado pela formação do ácido carbónico....

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PROJETO PALAVRAS COM CIÊNCIA ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS Introdução: Os oceanos absorvem anualmente cerca de 25% do dióxido de carbono, proveniente de ativi- dades humanas, que é libertado para a atmosfera. Este processo conduz à acidificação dos oceanos, um grave problema para a vida no Planeta. As emissões de dióxido de carbono para a atmosfera têm aumentando bastante desde a Revolução industrial, em particular nas últimas décadas, figura 1. O pH da água do mar diminuiu de 8,16 no início do século XIX para 8,05 no início do século XXI e estima-se que poderá baixar para 7,6 em 2100. Vida Marinha em Risco A alteração do pH dos oceanos, por menor que seja, altera os ecossistemas marinhos. Estudos recentes apontam que o aumento da acidez da afeta diretamente organismos com concha ou esqueleto de carbonato de cálcio. A diminuição da taxa de calcificação, influencia, por exemplo, a vida inicial destes organismos, a sua reprodução, a sua morfologia e até o seu comportamento. Uma equipa de cientistas portugueses estudou vários exemplos do caboz-deduas-pintas, figura 5, e concluiu que se reproduzem duas vezes mais num ambiente acidificado do que num ambiente sem esse efeito. A acidificação e o aquecimento dos oceanos estão a pôr em risco a sobrevivência de muitas espécies, entre elas encontra-se o peixepalhaço. Estas alterações no ambiente marinho podem influenciar o comportamento de decisão do peixepalhaço, figura 6, porque este animal usa o olfacto para encontrar o seu habitat-refúgio, uma anémona, mas está a perder esse sentido devido às águas marinhas mais ácidas. Uma experiência feita por biólogos australianos revelou que o peixe-palhaço começa a exibir sinais de confusão quando colocados em água com pH de 7,8. Além de ficarem desorientados, estes animais perdem a capacidade de reconhecer os próprios pais (habilidade que essa espécie desenvolveu para evitar a reprodução entre membros de uma mesma família). A Química dos Oceanos O dióxido de carbono é um gás muito reativo em meio aquoso, que ao reagir com a água origina ácido carbónico, figura 2. A dissociação do ácido carbónico origina um aumento da concentração do ião hidrogénio, consequentemente, o pH da água diminui. O ião hidrogénio reage facilmente com o ião carbo- nato existente na água do mar, formando o ião hidrogenocarbonato, pelo que passa a existir menor quantidade de ião carbonato disponível para reagir com o ião cálcio e formar o carbona- to de cálcio, substância essencial na constituição das estruturas duras dos organismos mari- nhos com conchas e esqueletos. As estrelas-do-mar (Asterias rubens), figura 7, e os corais, figura 8, possuem esqueletos de carbonato de cálcio, tor- nando-se assim vulneráveis num ambiente acidificado. A diminuição do pH da água enfraquece estes organismos tornan- do-os frágeis. A acidificação dos oceanos já levou à extinção de 50% dos recifes de corais do mundo. Acidificação da água induzida pelo dióxido de carbono Efeito da água acidificada em conchas e algas O carbonato de cálcio, presente nas conchas, é atacado pelo ácido, libertando- se dióxido de carbono, que é evidenciado pela efervescência. Quanto ás algas é notório a sua descoloração, figura 4. O dióxido de carbono ao difundir-se pelo tubo até à garrafa, figura 3, faz baixar o pH da água do mar, causado pela formação do ácido carbónico. Esta alteração é evidenciada pela mudança de cor, do indicador ácido-base, de azul para vermelho. Figura 1: Concentração de dióxido de carbono no inicio do século XIX e no início do século XXI (a vermelho). Figura 5: Caboz-de-duas-pintas (Gobiusculus flavescens) Figura 7: Asterias rubens Figura 8: Corais ameaçados Pólipos de corais num ambiente normal. Pólipos de corais num ambiente acidificado, evidenciando a corrosão dos seus esqueletos. Conchas de lapa num ambiente normal. Dinamizadoras do projeto: Professora Ilda Ribeiro Professora Isabel Cristina Ribeiro Turmas 6/4 e 8/1 Alunas Mariana Costa e Beatriz Mouta (turma 10/2) Apoio: Professoras Almira Pinto, Ana Soares e Noélia Sousa Figura 3: Exemplificação da experiência Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Gomes de Almeida 2017/2018 Figura 2: Reações químicas Figura 4: Resultados experimentais. Comparação entre amostras extraídas da água do mar e amostras extraídas da de água acidificada Conchas de lapa num ambiente acidificado, evidenciado a corrosão da concha. Figura 6: Peixe-palhaço (Amphprion ocellaris)

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Page 1: ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS...o pH da água do mar, causado pela formação do ácido carbónico. Esta alteração é evidenciada pela mudança de cor, do indicador ácido-base, de

PROJETO PALAVRAS COM CIÊNCIA

ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS Introdução:

Os oceanos absorvem anualmente cerca de 25% do dióxido de carbono, proveniente de ativi-

dades humanas, que é libertado para a atmosfera. Este processo conduz à acidificação dos

oceanos, um grave problema para a vida no Planeta. As emissões de dióxido de carbono para a

atmosfera têm aumentando bastante desde a Revolução industrial, em particular nas últimas

décadas, figura 1. O pH da água do mar diminuiu de 8,16 no início do século XIX para 8,05 no

início do século XXI e estima-se que poderá baixar para 7,6 em 2100.

Vida Marinha em Risco

A alteração do pH dos oceanos, por menor que seja, altera os ecossistemas marinhos. Estudos recentes apontam que

o aumento da acidez da afeta diretamente organismos com concha ou esqueleto de carbonato de cálcio. A diminuição

da taxa de calcificação, influencia, por exemplo, a vida inicial destes organismos, a sua reprodução, a sua morfologia e

até o seu comportamento.

Uma equipa de cientistas portugueses estudou vários exemplos do caboz-de–duas-pintas, figura 5, e concluiu que se

reproduzem duas vezes mais num ambiente acidificado do que num ambiente sem esse efeito.

A acidificação e o aquecimento dos oceanos estão a pôr em risco a sobrevivência de muitas espécies, entre elas

encontra-se o peixe–palhaço. Estas alterações no ambiente marinho podem influenciar o comportamento de decisão do

peixe–palhaço, figura 6, porque este animal usa o olfacto para encontrar o seu habitat-refúgio, uma anémona, mas

está a perder esse sentido devido às águas marinhas mais ácidas.

Uma experiência feita por biólogos australianos revelou que o peixe-palhaço começa a exibir sinais de confusão

quando colocados em água com pH de 7,8. Além de ficarem desorientados, estes animais perdem a capacidade de

reconhecer os próprios pais (habilidade que essa espécie desenvolveu para evitar a reprodução entre membros de uma

mesma família).

A Química dos Oceanos

O dióxido de carbono é um gás muito reativo em meio aquoso, que ao reagir com a água

origina ácido carbónico, figura 2.

A dissociação do ácido carbónico origina um aumento da concentração do ião hidrogénio,

consequentemente, o pH da água diminui. O ião hidrogénio reage facilmente com o ião carbo-

nato existente na água do mar, formando o ião hidrogenocarbonato, pelo que passa a existir

menor quantidade de ião carbonato disponível para reagir com o ião cálcio e formar o carbona-

to de cálcio, substância essencial na constituição das estruturas duras dos organismos mari-

nhos com conchas e esqueletos.

As estrelas-do-mar (Asterias rubens), figura 7, e os corais, figura 8, possuem esqueletos de carbonato de cálcio, tor-

nando-se assim vulneráveis num ambiente acidificado. A diminuição do pH da água enfraquece estes organismos tornan-

do-os frágeis. A acidificação dos oceanos já levou à extinção de 50% dos recifes de corais do mundo.

Acidificação da água induzida pelo dióxido de carbono

Efeito da água acidificada em conchas e algas

O carbonato de cálcio, presente nas conchas, é atacado pelo ácido, libertando-

se dióxido de carbono, que é evidenciado pela efervescência. Quanto ás algas é

notório a sua descoloração, figura 4.

O dióxido de carbono ao difundir-se pelo tubo até à garrafa, figura 3, faz baixar

o pH da água do mar, causado pela formação do ácido carbónico. Esta alteração

é evidenciada pela mudança de cor, do indicador ácido-base, de azul para

vermelho.

Figura 1: Concentração de dióxido de carbono no inicio do século XIX e no início do século XXI (a vermelho).

Figura 5: Caboz-de-duas-pintas (Gobiusculus flavescens)

Figura 7: Asterias rubens Figura 8: Corais ameaçados

Pólipos de corais num ambiente normal. Pólipos de corais num ambiente acidificado,

evidenciando a corrosão dos seus esqueletos.

Conchas de lapa num ambiente normal.

Dinamizadoras do projeto:

Professora Ilda Ribeiro

Professora Isabel Cristina Ribeiro

Turmas 6/4 e 8/1

Alunas Mariana Costa e Beatriz Mouta (turma 10/2)

Apoio: Professoras Almira Pinto, Ana Soares e Noélia Sousa

Figura 3: Exemplificação da experiência

Agrupamento de Escolas Dr.

Manuel Gomes de Almeida

2017/2018

Figura 2: Reações químicas

Figura 4: Resultados experimentais.

Comparação entre amostras extraídas da água do mar e amostras

extraídas da de água acidificada

Conchas de lapa num ambiente

acidificado, evidenciado a corrosão da

concha.

Figura 6: Peixe-palhaço (Amphprion ocellaris)