a voz dos consumidores em redes sociais: o impacto das
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A VOZ DOS CONSUMIDORES EM
REDES SOCIAIS: O IMPACTO DAS
RECLAMAÇÕES ONLINE E OS
BENEFÍCIOS DA GESTÃO DE
RECLAMAÇÕES ÀS EMPRESAS
Daniela de Castro Melo (UFTM )
Os canais de comunicação na internet estão sendo utilizados cada vez
mais para publicar reclamações de consumidores às empresas. As
reclamações e as respostas das empresas tornam-se públicas para
todos os presentes virtualmente que podem reeforçar os comentários
negativos. O objetivo deste artigo é identificar o impacto das
reclamações online dos consumidores às organizações e os benefícios
de uma gestão de reclamações eficaz. Para isto, realizou-se uma ampla
revisão da literatura, usando a metodologia da revisão sistemática de
literatura. Os resultados apontam que o maior impacto das
reclamações online é a ameaça que uma organização pode
experimentar de uma publicação visível a milhares de pessoas que
considera a empresa com um comportamento irresponsável e não ético
e que pode prejudicar a sua reputação. Além disso, um sistema eficaz
de gestão de reclamações de clientes deve envolver as abordagens
mecanicista e orgânica, pois permitem um processo de tratamento de
reclamações e a aprendizagem organizacional. A gestão eficaz da
reclamação em websites pode permitir reconquistar o autor da
reclamação, conquistar outros consumidores, melhorar a reputação da
empresa, seus serviços e produtos.
Palavras-chave: Reclamações online, gestão de reclamações, redes
sociais
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
Atualmente os consumidores podem compartilhar suas opiniões e experiências por meio de
avaliações online como forma de divulgação boca a boca, alcançar uma grande audiência e
interagir uns com os outros. Consequentemente, os consumidores têm fácil acesso a
informações sobre produtos e marcas, especialmente nos websites das empresas (JABR;
ZHENG, 2014; KING et al., 2014), nos websites de reservas de hotéis ou avaliações de
viajantes (SPARKS; BROWNING, 2011; SPARKS; PERKINS; BUCKLEY, 2013; YE et al.,
2011), nas redes sociais (DEIGHTON; KORNFELD, 2009; EINWILLER; STEILEN, 2015;
HENNIG-THURAU et al., 2010; KIM; HARDIN, 2010) e, mais recentemente, nos websites
de reclamações de consumidores (reclameaqui.com.br, reclamao.com.br, reclamando.com.br).
Assim, além de serem canais convenientes para os clientes insatisfeitos reclamarem online e
espalharem a avaliação eletrônica boca a boca, os consumidores podem encontrar nestes
canais informações para tomada de decisão de compras que melhor atendam às suas
necessidades e preferências.
Para as organizações, a comunicação eletrônica boca a boca, que é qualquer declaração
positiva ou negativa feita pelos clientes e outras partes interessadas sobre a organização, ou
um de seus produtos ou serviços via a internet (HENNIG-THURAU et al., 2004), pode gerar
impactos positivos ou negativos às organizações. Elogios, recomendações entusiásticas e
avaliações negativas podem ser vistos por milhares de pessoas.
Assim, a avaliação positiva do produto pode ter um efeito significativo no comportamento de
compra do consumidor. Por outro lado, quando os consumidores visualizam uma avaliação
negativa da empresa, isto pode ter um grande impacto nas suas decisões de compra (KING et
al., 2014; SEN; LERMAN, 2007). A avaliação eletrônica dos consumidores afeta os
resultados de vendas da empresa (CUI et al., 2012; HO-DAC et al., 2013; YE et al., 2011),
atitudes dos consumidores (SEN; LERMAN, 2007; DOH; HWANG, 2009), confiança
(SPARKS; BROWNING, 2011) ou intenções de compra (PARK; KIM, 2009).
Pesquisas mostram que os leitores são mais propensos a confiar nas respostas negativas dos
consumidores (JABR; ZHENG, 2014; CUI et al., 2012). Os leitores de avaliações de
consumidores tendem a acreditar que as informações de outros consumidores são mais úteis e
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melhor atendem suas preferências para encontrar um produto apropriado do que o de um
especialista ou da própria marca (LI et al., 2013).
Estudos sobre as reclamações na mídia tradicional (formulário online da empresa, e-mail) são
bastante numerosas na literatura de marketing. Recentemente, os pesquisadores estão dando
atenção às reclamações em websites das empresas (JABR; ZHENG, 2014; KING et al., 2014),
em websites de reservas de hotéis ou avaliações de viajantes (SPARKS; BROWNING, 2011;
SPARKS; PERKINS; BUCKLEY, 2013; YE et al., 2011), em redes sociais (DEIGHTON;
KORNFELD, 2009; EINWILLER; STEILEN, 2015; HENNIG-THURAU et al., 2010; KIM;
HARDIN, 2010).
As empresas enfrentam desafios para gerenciar as avaliações online negativas de
consumidores insatisfeitos uma vez que a avaliação eletrônica boca a boca é universal,
altamente descritiva e persuasiva, e disponível a qualquer hora (SPARKS; BROWNING,
2010). Alguns autores constataram que a gestão eficiente e eficaz de reclamações dos
consumidores gera mais satisfação e lealdade dos clientes do que se o processo tivesse
ocorrido inicialmente com sucesso (MCCOLLOUGH, 2000; OH, 2003). Assim, o objetivo
deste artigo é identificar o impacto das reclamações online dos consumidores às organizações
e os benefícios de uma gestão de reclamações eficaz. Para isto, foi realizada uma ampla
revisão da literatura.
2. Revisão Sistemática da Literatura
A revisão sistemática é uma metodologia que utiliza como fonte de dados a literatura sobre
determinado tema, seleciona e avalia contribuições, analisa e sintetiza dados. Descreve as
evidências de forma a permitir conclusões claras a serem alcançadas sobre o que já se conhece
e sobre o que não se conhece sobre o assunto em questão (DENYER; TRANFIELD, 2009).
Um protocolo de pesquisa foi elaborado contendo como os estudos seriam encontrados e os
critérios de inclusão dos artigos. Durante a seleção dos estudos, foram avaliados os resumos
dos artigos que contemplassem reclamações online dos consumidores. As bases de dados
eletrônicas Science Direct, Emerald e Wiley-Blackwell foram consultadas retrospectivamente
até o ano de 2016. Efetuou-se uma busca avançada utilizando os termos „online customer
complaints’, „complaints on social network sites’, „negative online consumer reviews’,
„benefits from customer complaints‟ no título do artigo ou nas palavras chave.
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As pesquisas nacionais englobaram o acervo de bibliotecas digitais de teses e dissertações,
publicações em periódicos e anais de eventos (encontros e simpósios) nas áreas de Engenharia
de Produção e de Administração. Assim, foram avaliados cerca de 240 artigos. Destes, foram
selecionados 52 que tratavam dos impactos e benefícios da gestão das reclamações online.
3. Revisão da Literatura
Este tópico inicia com a contextualização das reclamações online, depois aborda a gestão da
reclamação das empresas e descreve como as empresas se beneficiam com as reclamações dos
consumidores.
3.1 Reclamações online dos consumidores
Segundo Namkung et al. (2011), mais de 70% dos consumidores insatisfeitos decidem por
não reclamar diretamente à empresa. A propensão dos consumidores a reclamar é associada a
vários fatores, tais como personalidade, emoção, demografia, atitudes em relação à
reclamação, força do vínculo com a empresa, e local de atribuição da falha (GURSOY et al.,
2007; KIM, WANG, MATTILA, 2010; MATTILA; RO, 2008; MITTAL; HUPPERTZ;
KHARE, 2008).
Os principais fatores que desencorajam consumidores a reclamarem são o tempo e o esforço
percebidos no processo de reclamação (HUPPERTZ et al., 2003). Ao invés de reclamarem
diretamente às empresas, os consumidores compartilham suas insatisfações com amigos,
parentes ou terceiros (MATTILA; RO, 2008). No entanto, consumidores que reclamam
tendem a ser mais leais a aqueles que não reclamam, e a lealdade aumenta após a gestão
eficiente das reclamações dos consumidores (OH, 2003).
Huppertz et al. (2003) constataram que ao reduzir o esforço do processo de reclamação do
consumidor, o número de reclamações diretamente às empresas aumenta significativamente.
Os consumidores são mais propensos a perceber o processo de recuperação da falha como
favorável quando investem pouco tempo e esforço no processo de reclamação.
Lu et al. (2015) constataram que quando os consumidores gastam uma quantidade
significativa de esforço físico, cognitivo, afetivo e de tempo, que são considerados custos, no
processo de reclamação, eles são menos propensos a comportamentos positivos futuros, como
recomendar a empresa para a família e amigos, espalhar uma avaliação positiva boca a boca,
voltar a efetuar a compra do produto ou serviço, encorajar outros a comprar, manter um bom
relacionamento com a empresa e não buscar outras alternativas.
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Os canais de comunicação por meio da internet oferecem uma infinidade de possibilidades
aos consumidores e a outros stakeholders para expressar suas opiniões e trocar informações
sobre as organizações e seus produtos (DEIGHTON; KORNFELD, 2009; EINWILLER;
STEILEN, 2015; HENNIG-THURAU et al., 2010). Os acessos aos websites das empresas,
aos de avaliações de consumidores e às redes sociais são públicos e, consequentemente,
acessíveis a todos os usuários da internet. Esta é uma diferença principal entre o reclamar
tradicional via telefone ou e-mail cuja interação geralmente ocorre apenas entre o reclamante
e outras poucas pessoas da organização.
Jiang e Srinivasan (2015) defendem que as avaliações online se tornaram uma das principais
fontes para o consumidor consultar informações do produto e reduzir incertezas relacionadas
a preço, qualidade e frete.
Segundo Einwiller e Steilen (2015), a maioria dos reclamantes nas mídias sociais transfere a
responsabilidade do problema para a empresa e respostas defensivas elevam a insatisfação do
reclamante. Os resultados mostram que os reclamantes não se preocupam com as explicações
das empresas, como também não querem saber as razões que levaram às reclamações. Os
autores destacam que as empresas não estão aproveitando as oportunidades da mídia social
para demonstrar suas vontades em interagir, ajudar e assistir a seus stakeholders. Eles
sugerem às empresas que estas perguntem menos e assistem mais para ajudar a reconquistar o
reclamante e potencialmente conquistar aqueles que observam a interação entre o reclamente
e a organização na mídia social.
3.2 A gestão da reclamação e seus benefícios às empresas
Tax et al. (1998, p. 61) definem a gestão de reclamações como “as estratégias que as empresas
usam para resolver e aprender com as falhas de serviço, a fim de (re)estabelecer a
confiabilidade da organização aos olhos do cliente”. Por meio da natureza pública da
reclamação na internet, o reclamante pode espalhar a sua insatisfação e potencialmente obter
apoio de outras partes interessadas insatisfeitas. Se estas se unem à reclamação postada, a
consequência pode ser uma tempestade online (PFEFFER; ZORBACH; CARLEY, 2014).
Isto torna-se um risco à empresa uma vez que a reclamação é frequentemente contagiosa
(KOWALSKI, 1996).
Homburg e Furst (2005) oferecem um modelo teórico para a gestão de reclamações de
clientes no qual duas abordagens de tratamento de reclamações afetam a avaliação de justiça
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do consumidor no que se refere à gestão de reclamações da empresa, que por sua vez prediz a
satisfação da reclamação e as intenções de recompra: a abordagem orgânica e a abordagem
mecanicista. A primeira refere-se à cultura organizacional que apoia a gestão eficaz das
reclamações, enquanto que a segunda trata das diretrizes formais para regular e facilitar o
tratamento das reclamações.
Na abordagem mecanicista, as empresas podem influenciar o comportamento dos
funcionários por meio do desenvolvimento e implementação de políticas organizacionais para
o processo de tratamento das reclamações. Homburg e Furst (2005) agrupam estas políticas
em três categorias: 1) processo para registrar e processar a reclamação do consumidor; 2)
resultados desenhados como soluções e compensações, e 3) diretrizes comportamentais que
lidam com as atitudes e comportamentos dos funcionários para com os reclamantes. A
qualidade das três categorias, baseada no grau de orientação ao cliente, clareza e simplicidade,
prevê uma avaliação justa do reclamante.
Homburg e Furst (2005) sugerem que ao adotar a abordagem orgânica, as empresas podem
influenciar o comportamento dos funcionários com relação ao tratamento de reclamações com
a criação de um ambiente de suporte interno, principalmente por meio de processos
motivacionais, como também pela criação de valores e normas compartilhadas.
Yilmaz, Varnali e Kasnakoglu (2015) defendem a importância da implementação de diretrizes
formais para o tratamento de reclamações (registrar, processar, disseminar e utilizar o
conteúdo das reclamações). Os autores também enfatizam a necessidade das empresas
reconhecerem as reclamações como uma impolsura da inovação, dando ênfase à abordagem
orgânica para o tratamento de reclamações. Assim, ambas as abordagens devem facilitar a
aprendizagem organizacional, promovendo os resultados de melhoria de desempenho da
empresa.
A aprendizagem organizacional refere-se à capacidade de uma organização de adquirir,
compartilhar, acumular e utilizar conhecimentos, resultando em processos contínuos de
transferência de conhecimento entre os indivíduos, grupos e empresas (HULT; FERRELL,
1997). A aprendizagem organizacional é vital para a inovação (AKGÜN; LYNN; YILMAZ,
2006), porque esta se baseia na integração de novas e diferentes informações, conhecimentos
e recursos que podem incentivar a criatividade e evitar que empresas fiquem estagnadas num
conhecimento já existente (IANSITI; WEST, 1997).
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Uma organização de aprendizagem pode adquirir informações de uma variedade de fontes
internas e externas. As reclamações dos clientes constituem uma fonte externa para a
aquisição de informações de mercado, pois fornecem uma variedade de informações na
mensagem de reclamação do consumidor. Assim, as empresas aprendem com as reclamações
não somente sobre as questões de insatisfação com relação às práticas de negócios, mas
também acerca do mercado concorrente, consumo e expectativas dos clientes. Estas
informações podem ser combinadas para facilitar a aprendizagem organizacional na busca de
desenvolvimento e lançamento de novos produtos, serviços e mercados (RUBERA; KIRCA,
2012).
Verifica-se que as reclamações em websites podem beneficiar às organizações
além de controle de risco e prevenção de crises. A gestão efetiva da reclamação que resulta no
restabelecimento da satisfação do cliente mostra um resultado positivo na comunicação boca a
boca e no comportamento de recompra dos reclamantes (HOMBURG; FURST, 2005; KAU;
LOH, 2006). Outra razão para atender efetivamente às reclamações dos clientes é que é mais
barato manter um cliente atual do que conseguir um novo (FORNELL;
WERNERFELT,1987).
Diversas pesquisas sobre gestão de reclamações focaram na resolução da reclamação do
consumidor e como esta resolução se relaciona com a lealdade e satisfação do cliente
(HOMBURG; FURST, 2005; HOMBURG; FURST; KOSCHATE, 2010; HUI; ORSINGER;
VALENTINI; ANGELIS, 2010; TAX et al., 1998). Nestas pesquisas, percebe-se que as
empresas utilizaram estratégias reativas com o objetivo de diminuir as taxas de reclamações e
prevenir os danos da avaliação boca a boca. Assim, as aplicações da gestão de reclamações de
clientes são de alguma forma limitadas, pois incluem os processos nos quais a firma registra e
gerencia a reclamação do cliente para gerar ações imediatas com o objetivo de resolver a
questão levantada.
A compreensão das causas dos problemas dos clientes e a melhoria dos processos baseados na
reclamação do cliente facilita o sucesso competitivo (JOHNSTON, 2001). Homburg e Furst
(2007) afirmam que muitas empresas não usam as informações inerentes às reclamações dos
clientes para direcionar melhorias sistemáticas.
Alguns autores (HOMBURG; FURST, 2007; TAX et al., 1998) destacam que as empresas
podem se beneficiar por meio de efetivas práticas de gestão de reclamações de clientes como
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a criação de clientes satisfeitos e a melhoria dos processos organizacionais baseados nos
ensinamentos das reclamações dos clientes. Alguns estudos mostram que o retorno sobre os
investimentos sobre um efetivo sistema de gestão de reclamações de clientes pode ser
substancial (GUPTA; LEHMANN; STUART, 2004; LUO, 2007).
Portanto, os canais de reclamações de consumidores na internet permitem que estes registrem
publicamente suas insatisfações sobre as organizações. Embora isso possa prejudicar a
reputação da organização (COOMBS; HOLLADAY, 2012), o tratamento de reclamações de
forma eficaz pode permitir que as empresas reconquistem aqueles que estão reclamando,
como também ganhem a simpatia dos observadores da interação.
4. Conclusões
Os canais de comunicação na internet estão sendo utilizados cada vez mais para publicar
reclamações de consumidores às empresas. As reclamações e as respostas das empresas
tornam-se públicas para todos os presentes virtualmente que podem reforçar os comentários
negativos. As empresas estão diante de reclamações visíveis para centenas, milhares e até
mesmo milhões de consumidores. O objetivo deste artigo foi identificar o impacto das
reclamações online dos consumidores às organizações e os benefícios de uma gestão de
reclamações eficaz.
Constata-se que o maior impacto das reclamações online é a ameaça que uma organização
pode experimentar de uma publicação visível a milhares de pessoas que considera a empresa
com um comportamento irresponsável e não ético e que pode prejudicar a sua reputação.
Desta forma, as reclamações servem como primeiros sinais de alerta que permitem à
organização a tomar rapidamente ações corretivas antes que as situações se agravem.
Verificou-se que as organizações precisam focar seus esforços com a gestão de reclamações
por meio das abordagens orgânica e mecanicista. Assim, um sistema eficaz de gestão de
reclamações de clientes deve envolver mais do que um processo de tratamento de reclamações
(diretrizes formais de alta qualidade e um ambiente interno favorável para tratamento das
reclamações), e ainda incorporar sistemas que facilitem a gestão na perspectiva do cliente (ou
seja, percepções de justiça e satisfação) e os resultados advindos do tratamento de
reclamações (ou seja, a aprendizagem).
Quando o processo de gestão da reclamação ocorre em um website, visível a diversos
usuários, a reação positiva do reclamante pode ter um efeito favorável sobre os
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outros que observam a interação entre a organização e o autor da reclamação.
Assim, a gestão eficaz da reclamação em websites pode permitir reconquistar o autor da
reclamação, como também conquistar outros consumidores e melhorar a reputação da
empresa.
A importância e a contribuição desta pesquisa estão justificadas pelo fato de que as
reclamações dos consumidores servem como lentes para inspecionar a qualidade dos serviços
prestados e ajudam as empresas a melhorar seus serviços, produtos e o foco de marketing
(GURSOY et al., 2007). Elas representam oportunidades de obter informações estratégicas de
mercado em como melhorar os processos internos e focar a atenção gerencial em áreas com
problemas específicos (HOMBURG; FURST, 2005). A recuperação da falha do serviço por
meio da gestão bem sucedida da reclamação do cliente pode gerar aumento da satisfação do
consumidor e da confiança nas empresas, melhorar tanto a retenção de clientes quanto a
divulgação positiva boca a boca (GELBRICH; ROSCHK, 2011; ORSINGHER et al., 2010;
WEN; CHI, 2013).
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