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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO Marcos Fernando Machado de Medeiros A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE EM UM APL: O CASO DO APL DA CARCINICULTURA DO RN NATAL 2006

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Page 1: A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FATOR DE … · que compõem o APL da carcinicultura no RN. Os dados coletados foram analisados qualitativamente. Os resultados da pesquisa indicaram

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Marcos Fernando Machado de Medeiros

A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE EM

UM APL: O CASO DO APL DA CARCINICULTURA DO RN

NATAL

2006

Page 2: A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FATOR DE … · que compõem o APL da carcinicultura no RN. Os dados coletados foram analisados qualitativamente. Os resultados da pesquisa indicaram

Marcos Fernando Machado de Medeiros

A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE EM

UM APL: O CASO DO APL DA CARCINICULTURA DO RN

Dissertação de mestrado apresentada aoPrograma de Pós-graduação emAdministração da Universidade Federal doRio Grande do Norte, como requisito parcialpara a obtenção do título de Mestre emAdministração do Mestrado emAdministração, na área de GestãoOrganizacional.

Orientador: Dr. Manoel Veras de Sousa Neto

NATAL

2006

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Marcos Fernando Machado de Medeiros

A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE EM

UM APL: O CASO DO APL DA CARCINICULTURA DO RN

Dissertação de mestrado apresentada e aprovada em ______de________ de

________, pela Banca Examinadora composta dos seguintes membros:

___________________________________Manoel Veras de Sousa Neto, Dr.

UFRN – PPGA

___________________________________Mariana Baldi, Dra.

UFRN – PPGA

___________________________________Benny Kramer Costa, Dr.

USP

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Bernardo e Penha,

pelos ensinamentos de vida.

À Kíssia e Gabriel, minha esposa e filho,

companheiros para todo o sempre.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, por tudo o que Ele tem me

proporcionado.

Aos meus pais, irmãos, esposa e filho, pelo constante apoio e carinho.

Agradeço, em especial, ao professor Dr. Manoel Veras, pela orientação

acadêmica e, principalmente, pelas lições de vida.

Aos demais professores do PPGA pela formação acadêmica ao longo destes

dois anos.

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RESUMO

Este estudo aborda a utilização da tecnologia da informação de forma competitivaem um Arranjo Produtivo Local – APL. Realizou-se no APL da carcinicultura noEstado do Rio Grande do Norte e teve por objetivo buscar a compreensão de comoo uso da tecnologia da informação (TI) contribui para o aumento da competitividadena atividade do APL citado. APL pode ser conceituado como uma aliança entreorganizações que possuem um projeto coletivo, para elevar a sua competitividade eparticipação no mercado. Para atingir este objetivo, foi realizada uma pesquisadescritiva, através da utilização de múltiplos casos selecionados dentre as empresasque compõem o APL da carcinicultura no RN. Os dados coletados foram analisadosqualitativamente. Os resultados da pesquisa indicaram que as empresas percebem aimportância do uso da TI, mas que, na prática, a sua utilização é limitada,principalmente em se tratando de Sistemas Integrados de Gestão e ComércioEletrônico. Outro resultado encontrado foi que as empresas, embora façam parte doAPL, ainda não colaboram entre si, seja através da troca de informações, ou atravésde Sistemas de Informação Interorganizacional. As principais recomendações diantedestes resultados é que as empresas atuem ativamente para o fortalecimento doAPL. No que se refere ao uso da TI faz-se necessário que elas invistam na aquisiçãode sistemas integrados de gestão e sistemas de informação interorganizacional parao melhor gerenciamento das informações ao longo da cadeia.

Palavras-chave: Tecnologia da informação. Competitividade. APL

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ABSTRACT

This work focuses the utilization of the competitive information technology in a LocalProductive Arrangement – LPA. The study was concentrated on the shrimp farming'sLPA of Rio Grande do Norte state and it aims to comprehend how the use of theinformation technology (IT) contributes to the increase of competitiveness on activityof this LPA. The LPA can be described as an alliance between organizations thathave a collective project to increase their competitiveness and their market share.Thus, a descriptive research was done through multiple cases selected from thecompanies that take part of the shrimp farming's LPA on RN state. The collected datawere analyzed qualitatively. The results of the research indicate that the companiesare aware of the importance of the utilization of the IT, but in practice, this utilizationis limited, especially on Managament Integrated Systems and Electronic Commerce.Another result found is that, although the companies take part of the LPA, they stilldo not cooperate with each other, either through information exchange or throughInterorganization Information System. Therefore it is recommended that thecompanies actively actuate for the strengthening of the LPA. It also is necessary thatthe companies invest on the acquisition of management integrated systems andinterorganization information systems for a enhanced information management allover the production chain.

Key-words: Information Technology. Competitiveness. LPA

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11

1.1 Tema ...................................................................................................................131.2 Problema.............................................................................................................141.2 Objetivos .............................................................................................................161.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................171.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................171.3 Justificativa..........................................................................................................17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................19

2. 1 Competitividade..................................................................................................192.1.1 Conceitos .........................................................................................................192.1.2 Fatores determinantes da competitividade.......................................................212.1.3 O Modelo de Diamante de Porter .....................................................................222.1.4 Redes como estratégia de competitividade......................................................242.2 Arranjos Produtivos Locais - APLs ......................................................................252.2.1 Origem..............................................................................................................252.2.2 Tipologias .........................................................................................................262.2.3 Redes horizontais ou flexíveis e redes verticais ou topdown ...........................282.2.4 APLs.................................................................................................................302.2.5 O ciclo de vida de um APL ...............................................................................342.3 Tecnologia da Informação...................................................................................352.3.1 Considerações Iniciais......................................................................................352.3.2 Conceitos .........................................................................................................362.3.3 Evolução dos sistemas integrados ...................................................................382.3.4 Sistemas Integrados de Gestão e ERPs ..........................................................402.3.5 Comércio Eletrônico (CE).................................................................................442.3.5.1 Aplicações Business to Business (B2B) ........................................................472.3.5.2 Aplicações Business to Consumer (B2C)......................................................492.3.5.3 E-government (e-Gov)...................................................................................502.3.5.4 Comércio Colaborativo (C-commerce) ou Sistemas de InformaçãoInterorganizacionais (SII) ..........................................................................................512.3.6 Custumer Relationship Management (CRM)....................................................562.3.7 Suply Chain Management (SCM).....................................................................58

3 METODOLOGIA ....................................................................................................63

3.1 Tipo de pesquisa .................................................................................................633.2 O caso do APL da carcinicultura no RN ..............................................................643.3 População e Amostra ..........................................................................................653.4 Técnica de coleta de dados.................................................................................663.5 Instrumento de coleta dos dados ........................................................................673.6 Análise de dados.................................................................................................68

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................70

4.1 Apresentação das empresas...............................................................................704.2 Questões relativas à competitividade e ao APL ..................................................714.3 Questões relativas ao uso da tecnologia da informação .....................................75

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .............................................80

REFERÊNCIAS.........................................................................................................84

APÊNDICE – QUESTIONÁRIO. ...............................................................................89

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Representação gráfica da pesquisa ................................................... 16

Figura 02 – Fatores determinantes da competitividade ........................................ 22

Figura 03 – O modelo do diamante de Porter ....................................................... 23

Figura 04 – Mapa de orientação conceitual .......................................................... 27

Figura 05 – Estratégias competitivas para as redes de empresas ........................ 30

Figura 06 – Ciclo de vida de um APL ................................................................ 34

Figura 07 – Representação gráfica de um sistema de informação ....................... 37

Figura 08 – Evolução dos sistemas integrados ..................................................... 39

Figura 09 – Tipos de comércio eletrônico B2B ...................................................... 48

Figura 10 – Modelo evolutivo da colaboração interorganizacional ........................ 53

Figura 11 – Visão geral dos sistemas interorganizacionais .................................. 54

Figura 12 – Níveis da cadeia de suprimentos ....................................................... 59

Figura 13 – Componentes da cadeia de suprimentos ........................................... 60

Figura 14 – O arranjo produtivo local da carcinicultura do RN .............................. 65

Figura 15 – Elaboração do instrumento de coleta de dados ................................. 68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Áreas de aplicação dos sistemas ERP ............................................ 41

Quadro 02 – Apresentação das empresas pesquisadas ....................................... 71

Quadro 03 – Percepção da competitividade das empresas .................................. 73

Quadro 04 – Análise da atuação do APL da carcinicultura ................................... 74

Quadro 05 – Análise da utilização da TI pelas empresas ..................................... 77

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1 INTRODUÇÃO

A atividade da carcinicultura surgiu no Estado do Rio Grande do Norte na

década de 70, por meio de um projeto denominado Projeto de Viabilidade do

Criatório de Camarões em Viveiros, sob a responsabilidade do Banco de

Desenvolvimento do Estado e executado pela Secretaria de Agricultura do RN, à

época do governado de Cortez Pereira, conforme afirmado no relatório sobre a

atividade da carcinicultura no Estado do Rio Grande do Norte do SEBRAE (2002).

O então projeto de viabilidade tinha como principal objetivo comprovar a

viabilidade técnica e econômica do cultivo de camarões em cativeiros no Estado.

Outro objetivo era solucionar o problema do desemprego gerado pela decadência da

atividade salineira no RN.

Foram realizadas pesquisas com várias espécies de camarão, mas estes

não resistiam às doenças e tinham baixo índice de reprodução. Foi somente na

década de 90 que a EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN

introduziu com sucesso no Estado, com o auxílio da iniciativa privada, a espécie

Penaeus vannamei, com um potencial produtivo maior devido à sua capacidade de

adaptação.

Mesmo com o sucesso na introdução dessa espécie, a atividade passou

por dificuldades devido à necessidade de recursos financeiros elevados e um aporte

tecnológico necessário à produção de pós-larvas. Os pequenos produtores locais

não tinham condições para iniciar o processo produtivo. Após alguns anos, a

atividade começou a se consolidar no Estado.

Superadas estas dificuldades iniciais, a atividade da carcinicultura passou

a se destacar por alguns anos na pauta das exportações do Estado até o ano de

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2004. No ano de 2005 a atividade começou a entrar em declínio e em 2006 já não é

mais o produto mais exportado no Estado do Rio Grande do Norte. Mesmo assim, o

RN ainda é o maior produtor do país.

A atividade passa por algumas dificuldades em decorrência de aspectos

econômicos, como a taxação do produto nos Estados Unidos, a tentativa do governo

estadual de cobrança de impostos e a grande variação cambial por que passa o país

e o mundo, levando, assim, à instabilidade da atividade.

Além dos fatores relativos ao macro ambiente citados anteriormente,

existem fatores relativos ao ambiente destas empresas que interferem diretamente

na sua competitividade. Dentre estes se pode citar a falta de planejamento e

organização das empresas, a falta de mão-de-obra qualificada e a ausência de

informações ou desconhecimento da utilização das informações existentes pelas

empresas.

A dinâmica do mercado competitivo, o panorama em que a

competitividade está inserida, onde as empresas que não gerenciam suas

informações internas e buscam informações externas ficam à margem da

competição. Isto exige das empresas um posicionamento mais efetivo no que tange

à gestão da informação. E é por meio da tecnologia da informação que a empresa

poderá permanecer competitiva.

Tapscott (2001, p.22) afirma que “a tecnologia da informação também

pode contribuir para modificar a natureza das empresas, a forma de agregar valor ou

de penetrar em novos mercados”.

Considerando esses fatos, esta pesquisa teve como foco principal o tema

tecnologia da informação e competitividade em um arranjo produtivo local de

produção e comercialização de camarão no Estado.

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1.1 Tema

Na literatura encontra-se vários termos que estão relacionados, ou

mesmo possuem o mesmo significado de arranjos produtivos locais. Os principais

são aglomerados, cluster, redes de PME, rede interorganizacionais, entre outros.

Pretende-se, para efeito desta pesquisa utilizar o termo arranjo produtivo local ou

APL.

Porter (1999, p. 209) conceitua um arranjo produtivo local como uma

“concentração geográfica de empresas inter-relacionadas, fornecedores

especializados, prestadores de serviço, empresas em setores correlatos e outras

instituições específicas que competem, mas que também cooperam entre si”.

Este conceito apresenta algumas características importantes relativas ao

APL: a questão territorial, a questão da competitividade e a questão da cooperação.

Com relação à questão territorial, surge o conceito de território integrado,

ou seja, em uma única região pode-se encontrar a maior parte dos insumos e

estruturas necessários à produção (COCCO; GALVÃO; SILVA, 1999).

A questão da competitividade é elucidada por Porter (1999, p. 220)

através da afirmação de que “os aglomerados se constituem uma importante forma

multiorganizacional, uma influência central sobre a competição”.

No que tange à cooperação, Sengenberger e Pike (1999) afirmam que a

cooperação é uma característica importante de um APL. Essa cooperação implica

em um incentivo à concorrência a partir do momento que proporciona uma maior

eficiência e produtividade.

Uma das possíveis formas de se ter a cooperação entre as empresas

(atores do APL) é através da disseminação de informação no arranjo, como por

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exemplo, informações sobre novas tecnologias, produtos, fornecedores, mercado

(SENGENBERGER; PIKE, 1999). A tecnologia da informação pode ser, portanto, o

meio por onde essas informações são disseminadas.

Silveira e Zwicker (2004) afirmam que a TI é importante fonte de

vantagem competitiva para as empresas, principalmente quando esta transcende a

empresa, ou seja, quando a empresa se conecta a clientes, fornecedores e demais

parceiros.

E essa conexão entre empresas é condição básica para o funcionamento

adequado de um APL, ou seja, com a integração da TI aliada à uma maior

cooperação entre os atores tem-se, como resultado, um aumento da competitividade

do APL.

1.2 Problema

A dinâmica do mercado, a busca constante por qualidade na produção, a

necessidade de aumentar a competitividade das empresas envolvidas com a

produção e entrega do camarão e as diversas dificuldades hoje encontradas no

setor, levaram as empresas que atuam neste segmento a se integrarem na busca de

atuação na forma de um arranjo produtivo local (APL).

APLs, segundo Porter (1989), são concentrações geográficas de

empresas inter-relacionadas, fornecedores especializados, prestadores de serviços,

instituições públicas e privadas, empresas de setores correlatos e outras instituições

como universidades, centros de pesquisa, órgãos de normatização, associações

empresariais, que competem e colaboram entre si, com o objetivo de buscar

atividades produtivas e inovadoras de maneira integrada.

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De acordo com dados dos Sebrae (2002), o APL da carcinicultura no

Estado do RN é constituído por 591 empresas, sendo 413 pequenas, 152 médias e

26 grandes. A cadeia produtiva do camarão é formada em termos gerais por

laboratórios reprodutores de larvas, fazendas de engorda de camarão e empresas

de beneficiamento. Além destas, este APL é constituído por: instituições de crédito e

fomento, Instituições de apoio à pesquisa, governo e outras organizações que

englobam principalmente fornecedores de insumos e máquinas e equipamentos.

O fato de existir uma grande quantidade de pequenas empresas ao longo

da cadeia produtiva, aliado ao difícil acesso às tecnologias por parte de algumas

empresas em decorrência dos recursos financeiros escassos, são fatores relevantes

para o desenvolvimento do APL.

Existe uma grande concentração de empresas na segunda etapa da

cadeia, representada por fazendas de engorda de camarão, e são nelas que se

percebe mais a existência desses dois fatores citados anteriormente. Nas outras

etapas, ou seja, nos laboratórios e nas empresas de beneficiamento, se localizam a

maioria das médias e grandes empresas, onde estes fatores que limitam o

desenvolvimento do APL podem ser minimizados pela existência de um aporte

financeiro maior.

A tecnologia da informação (TI) surgiu como ferramenta de apoio à gestão

das empresas a partir da década de 90, sendo entendida como a ferramenta de

“integração das operações da empresa e entre empresas, com ganhos de agilidade

e redução nos custos operacionais” (SILVA, 2003, p. 15-16).

A informação, que compreende um conjunto de dados acrescidos de

algum tratamento, quando utilizada de forma adequada pode gerar uma vantagem

competitiva e tornar a empresa mais competitiva.

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A utilização de tecnologias da informação poderá proporcionar um

aumento da produtividade e agilidade nas atividades das empresas e, por

conseqüência, do APL, possibilitando, com isso, um fluxo de informações contínuo

ao longo da cadeia.

Diante dessas considerações, a questão central desta pesquisa é: De que

forma a Tecnologia da Informação contribui para o aumento da competitividade do

APL da carcinicultura do RN?

A questão de pesquisa pode ser explicada através da figura abaixo:

Fonte: Elaboração própria

Figura 1 – Representação gráfica da pesquisa.

A pesquisa aponta as possíveis respostas ao problema e o resultado é

apresentado no capítulo 4 deste trabalho.

1.2 Objetivos

Para solucionar o problema de pesquisa, este estudo norteou-se pelos

seguintes objetivos:

TECNOLOGIA DAINFORMAÇÃO

COMPETITIVIDADE

APL

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1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do estudo é compreender como o uso da tecnologia da

informação (TI) contribui para o aumento da competitividade na atividade do APL da

carcinicultura no RN.

1.2.2 Objetivos Específicos

Descrever as tecnologias da informação utilizadas pelas empresas que

fazem parte do APL;

Identificar como a tecnologia da informação é utilizada para a

disseminação das informações entre os atores do APL (colaboração

eletrônica);

Conhecer como as empresas cooperam no APL;

Entender como se relacionam os demais stakeholders do APL

(instituições de crédito e fomento, Instituições de apoio à pesquisa,

governo e outras organizações que englobam principalmente

fornecedores de insumos e máquinas e equipamentos).

1.3 Justificativa

A atividade da carcinicultura no Estado do Rio Grande do Norte é de

grande destaque, o que pode ser comprovado pelas sucessivas vezes em que foi

pauta das exportações do Estado. Mas, mesmo assim, a atividade passa por

constantes dificuldades que podem ser minimizadas pela consolidação do APL da

carcinicultura.

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A disseminação dos APLs faz parte da política do Governo nas esferas

Federal e Estadual, o que ratifica a sua importância para o desenvolvimento

econômico do país.

A tecnologia da informação pode garantir uma maior agilidade à empresa,

seja na tomada de decisões, ou na realização das atividades rotineiras internas,

proporcionando uma redução de custos. Com esses benefícios, tem-se um aumento

da competitividade.

Além disso, a organização da atividade em um APL irá fortalecer a

atividade e as empresas relacionadas, pois os produtores terão maior poder de

barganha, o processo produtivo pode ser melhorado, o pequeno produtor tem a

possibilidade de exportar seu produto, o que é praticamente inviável se cada um

atuar isoladamente.

Existem vários estudos que relacionam o APL ao desenvolvimento local,

às políticas públicas, mas ainda não existe um estudo que venha a unir estas duas

variáveis: APL e tecnologia da informação. E, ainda, este estudo pode ser replicado

em outros APLs existentes no Estado e apoiados por órgãos como Serviço Brasileiro

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do RN - SEBRAE e Federação das

Indústrias do RN – FIERN. Apresenta-se aí a possibilidade de esse estudo contribuir

para o desenvolvimento de outros setores da economia do Estado.

Esta pesquisa justifica-se, também, pelo interesse do pesquisador na área

de aplicação da Tecnologia da Informação aos negócios, tanto na área de docência

como na pesquisa científica.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo está dividido em três partes: a primeira aborda a

competitividade, principalmente, os seus fatores determinantes e as redes como

fonte de competitividade; a segunda trata dos arranjos produtivos locais; e a terceira,

da tecnologia da informação, com foco nos sistemas integrados de gestão (ERP) e

comércio eletrônico.

2. 1 Competitividade

2.1.1 Conceitos

Ferraz; Kupfer; Haguenauer (1997, p. 3) conceituam a competitividade

como “a capacidade de a empresa formular e implementar estratégias

concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma

posição sustentável no mercado”.

Ainda conforme o que afirma Ferraz; Kupfer; Haguenauer (1997, p. 07), “a

competitividade é função da adequação das estratégias das empresas ao padrão da

concorrência.”

Rezende (2002, p. 23) afirma que:

A competitividade pode ser entendida como a obtenção de maiorprodutividade que os concorrentes, garantindo a sobrevivência, aperenidade, a lucratividade, a continuidade ao longo do tempo e asatisfação dos clientes internos e externos.

O conceito acima apresentado é o que representa melhor a

competitividade do ponto de vista empresarial. De um lado tem-se a preocupação

com a produtividade, em oferecer produtos/serviços de qualidade a um menor custo,

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o que traduz a eficiência interna da empresa e, de outro lado, o ambiente externo, ou

seja, como a empresa se situa perante seus concorrentes, perante o mercado como

um todo.

É a partir destas duas variáveis – interna e externa – que a empresa

alcançará um melhor padrão de competitividade.

Ainda destacando-se a importância da competitividade, Sjöblom (2001)

afirma que existem quatro forças responsáveis pelo aumento da competitividade

global:

Mudanças nas expectativas dos consumidores: percepção da

qualidade em função do preço, prestação de serviços

complementares;

Mudanças tecnológicas: o acesso cada vez mais rápido a novas

tecnologias e, como conseqüência, a rapidez com que as tecnologias

se tornam obsoletas.

Desregulamentação: menor intervenção dos governos em detrimento

do crescimento econômico dos Estados, principalmente através da

expansão das indústrias;

Forças regionais: criação de blocos regionais de comércio.

Essas quatro forças refletem a importância da competitividade para este

estudo, principalmente no que tange às mudanças tecnológicas, desregulamentação

e forças regionais.

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2.1.2 Fatores determinantes da competitividade

A “capacidade de formular e implementar estratégias” é avaliada de

acordo com os fatores determinantes da competitividade. Esses fatores são divididos

em três grupos: os empresariais, os estruturais e os sistêmicos (figura 2).

Os fatores empresariais são os fatores internos, onde as empresas têm

poder de decisão como a gestão de marketing, financeira; a inovação de produtos,

processos; os recursos humanos nas atividades de qualificação, produtividade e a

produção através da atualização de equipamentos, técnicas organizacionais e

qualidade.

Os fatores estruturais são aqueles sobre os quais a capacidade de

intervenção da empresa é limitada. Os fatores estruturais podem ser divididos em:

Mercado: taxas de crescimento, distribuição geográfica, sistemas de

comercialização, entre outros.

Configuração da indústria: progresso técnico, oportunidades

tecnológicas, P&D, entre outros.

Regime de incentivos e regulação da concorrência: grau de rivalidade

dos concorrentes, política fiscal, entre outros.

Os fatores sistêmicos são constituídos da externalidade da empresa. Esta

detém pouca possibilidade de intervir. São aspectos macroeconômicos, regulatórios,

sociais, internacionais, de infra-estrutura e políticos.

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FATORES SISTÊMICOS

FATORES ESTRUTURAIS

FATORES EMPRESARIAIS

Gestão Gestão

InovaInovaççãoão

RHRH

ProduProduççãoão

Mer

cado

Configuração da Indústria

Incentivose

Regulação

Sociedade

Infr

a-es

trut

ura

Política

Mac

ro-e

ocnô

mic

os

Regulação

Aspecto

s Internacionais

Fonte: Adaptado de Ferraz; Kupfer; Haguenauer (1997, p. 14)

Figura 2 – Fatores determinantes da competitividade

2.1.3 O Modelo de Diamante de Porter

A competitividade pode ser analisada, também, segundo Porter (1999),

através do Modelo de Diamante. Neste modelo, existem quatro tipos de influências

da competitividade, que são o contexto para estratégia e rivalidade da empresa, as

condições da demanda, as condições dos insumos e outros fatores de produção e

os setores correlatos e de apoio, conforme a figura 3 (abaixo).

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CONDIÇÕES DOS INSUMOS

E OUTROS FATORES DE PRODUÇÃO

CONTEXTO PARA A

ESTRATÉGIA E RIVALIDADE DA

EMPRESA

CONDIÇÕES DA DEMANDA

SETORES CORRELATOS E

DE APOIO

Fonte: Porter (1999, p. 224).

Figura 3 – O Modelo de Diamante de Porter

O modelo ainda apresenta alguns fatores de competitividade, que são as

fontes de vantagem competitivas dos quatro tipos de influências acima citados, são

eles:

Contexto local que encoraje o aprimoramento;

Competição vigorosa entre empresas locais;

Quantidade e custo de insumos;

Qualidade dos fatores;

Especialização dos fatores;

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Clientes locais exigentes e sofisticados;

Necessidade dos clientes que antecipem o que acontecerá em outros

locais;

Demanda local pouco comum em segmentos especializados que

possa ser globalmente atendida;

Presença de fornecedores capazes;

Presença de setores correlatos competitivos.

2.1.4 Redes como estratégia de competitividade

O agrupamento das empresas em redes, como forma de se tornar mais

competitivas no mercado é uma afirmação recorrente em toda literatura sobre redes

de empresas. Segundo Ebers; Jarillo (apud BALESTRIN; VARGAS, 2004) uma rede

interorganizacional é o caminho para se alcançar uma vantagem competitiva através

do aprendizado mútuo, co-especialidade, melhor fluxo da informação e economia de

escala.

Marcon; Moinet (apud BALESTRIN; VARGAS, 2004) destacam alguns

benefícios gerados pelas redes que promovem uma maior competitividade,

especialmente às pequenas e médias empresas pela capacidade de competir com

as grandes. São eles:

Flexibilidade e adaptabilidade;

Capacidade de realizar economias;

Agilidade;

Capacidade de aprendizagem.

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25

Outros benefícios são apresentados por Balestrin; Vargas (2004, p. 214):

realização de trocas interfirmas (principalmente informação), credibilidade

organizacional, acesso a recursos e desempenho financeiro.

Para Bianchi et al (apud OLIVEIRA; PORTO, 2004), os fatores de

competitividade de uma rede são: especialização (onde cada empresa tem suas

atividades específicas), cooperação e flexibilidade.

Para Porter (1999, p. 225) os APLs:

Influenciam a competição de três maneiras amplas: primeiro, pelo aumentoda produtividade das empresas ou setores componentes; segundo, pelofortalecimento da capacidade de inovação e, em conseqüência, pelaelevação da produtividade; terceiro, pelo estímulo à formação de novasempresas, que reforçam a inovação e ampliam o aglomerado.

Analisando-se as observações sobre redes citadas, pode-se perceber que

as empresas que fazem parte de um APL buscam aumento da produtividade,

redução de custos, inserção em novos mercados, ou seja, visam aumentar a sua

competitividade através da cooperação entre empresas, através da formação da

rede.

2.2 Arranjos Produtivos Locais - APLs

2.2.1 Origem

Diversos autores abordam o surgimento dos APLs. Fleury (2005, p. 08)

afirma que estes surgiram a partir da experiência japonesa na década de 80 com a

formação das redes e cadeias produtivas e através da experiência italiana com os

chamados distritos industriais na década de 90.

Com relação à experiência japonesa, destacam-se três tipos de arranjos:

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26

Kijo shudam ou zaibatsu: agrupamento horizontal de diferentes

indústrias e setores.

Keiretsu: agrupamentos verticais, com uma empresa e seus

fornecedores.

Agrupamentos ad hoc: arranjo temporário ligado à realização de

projetos.

No que tange ao modelo italiano (distritos Industriais), o seu surgimento

se deu a partir da década de 60, mas este modelo que é largamente estudado

obteve maior projeção na década de 90. Enquanto o modelo japonês retrata o

surgimento de redes e cadeias produtivas, o modelo italiano dos distritos industriais

retrata o surgimento e formação das redes entre pequenas e médias empresas

(PME’s), ou arranjos produtivos locais – APLs.

2.2.2 Tipologias

Balestrin; Vargas (2004, p. 207) apresentam um modelo adaptado de

Marcon; Moinet que apresenta os principais tipos de redes entre empresas, dentre

eles os APLs.

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27

Fonte: Balestrin; Vargas (2004, p. 207).

Figura 4 – Tipologia das redes entre empresas

Esse mapa conceitual está divido em eixos verticais e horizontais que

formam os quadrantes. O eixo vertical está relacionado à natureza dos elos

gerenciais estabelecidos entre os componentes da rede. O eixo horizontal

representa o grau de formalização das relações estabelecido entre os componentes.

Redes verticais: está relacionada à hierarquia. Há sempre uma

relação hierárquica entre as empresas que fazem parte desta rede.

Redes horizontais: tem como principal característica a cooperação.

Relação independente, mas com atuação em conjunto com vistas à

atuar de forma mais competitiva no mercado. Neste sentido, pode-se

considerar como exemplo de redes horizontais os APLs.

CONTRATO(rede formal)

HIERARQUIA(rede vertical)

COOPERAÇÃO(rede horizontal)

CONIVÊNCIA(rede informal)

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Redes formais: diz respeito à dimensão contratual das redes. A sua

formalização se dá por meio de contratos. Tem-se como exemplo as

alianças estratégicas, consórcios de exportação e as joint-ventures.

Redes informais: são as redes de conivência. Diz respeito às relações

informais entre os atores. Normalmente está relacionado à troca de

experiências e informações. Baseada em interesses mútuos de

cooperação e confiança entre os atores.

Dentre estas redes, destacam-se as verticais, as formais e as horizontais.

Diversos estudos abordam as joint-ventures, as alianças estratégicas entre grandes

empresas que são as redes formais. Há, porém, uma necessidade de se diferenciar

redes verticais de redes horizontais, que é o objeto deste estudo.

2.2.3 Redes horizontais ou flexíveis e redes verticais ou topdown

Com base nas estratégias competitivas propostas por Porter (1986),

normalmente pode-se adotar a estratégia de diferenciação de produto para

empresas pequenas ou liderança de custos para as empresas grandes, podendo

ainda centrar-se ou não o foco no mercado. Ou seja, enquanto as pequenas

empresas, cada vez mais, produziriam produtos sob encomenda ou personalizados,

as grandes dariam ênfase na produção em larga escala, os produtos seriam

padronizados e os custos baixos.

Com o surgimento das redes, as pequenas empresas passaram também

a atuar com a estratégia de liderança de custo, desde que vinculadas a uma rede

topdown (figura 5), onde várias pequenas empresas dependem diretamente de uma

grande empresa. É o caso das grandes montadoras de automóveis. Esse tipo de

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29

rede não pode ser considerado um APL por, neste caso, existir a dependência de

uma grande empresa e também por esse tipo de rede existir somente pelo fato da

existência desta grande empresa.

Além das redes topdown, existe outro tipo de rede de empresa, as redes

flexíveis, no qual podem-se enquadrar os clusters, que conseguem atingir um

elevado grau de competitividade por obterem uma boa relação entre flexibilidade e

custo conforme a figura 5.

Para Cocco; Galvão; Silva (1999),

[..]não se trata de uma grande fábrica verticalmente integrada, mas de umterritório integrado, ou integrador, dos diferentes aspectos da produção. [..]Oterritório, nos distritos industriais italianos, apresenta-se como um fator deintegração versátil.

Ainda conforme o que Cocco; Galvão; Silva (1999, p. 22) afirmam, o que

vai diferenciar uma rede flexível de uma rede topdown não é somente a presença de

uma grande empresa ou indústria. No caso das redes flexíveis a grande indústria

pode fazer parte do arranjo, mas deixa de ser a referência produtiva e tem-se como

referência o território.

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30

Redes Flexíveis

Redes topdown

Ênfase no produto

FlexibilidadeDiferenciação

Produtos Padronizados

Ênfase no processoLiderança de custo

Fatia de Mercado

Ren

tabi

lidad

e

Fonte: Casarotto Filho; Pires (2001, p. 31).

Figura 5 – Estratégias competitivas para as redes de empresas

2.2.4 APLs

O surgimento e formação de um APL parte da necessidade de um

conjunto de empresas de se organizarem para atuar de forma mais competitiva no

mercado. Tem como característica a formação de redes de cooperação entre micro,

pequenas e grandes empresas.

Souza (2005, p. 43) traz um conceito mais amplo, onde um arranjo

produtivo local poderia ser entendido como uma aliança interorganizacional que

possui um projeto coletivo para o aumento da competitividade das empresas.

Os APLs são constituídos de empresas que se articulam com outros

sistemas produtivos e facilitam a associação entre pequenos negócios, para

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viabilizar ganhos de escala, racionalizar transporte, aquisição de matérias-primas,

entre outros.

Segundo Porter (1999, p. 210), “[...] A presença de aglomerados sugere

que boa parte da vantagem competitiva se situa fora de determinada empresa ou

mesmo do setor, residindo, ao contrário, na localização das unidades de negócios”.

Para Sengenberger e Pike (1999, p. 103) um APL

[...] não é apenas um conglomerado de firmas essencialmente isoladas eindividualmente competitivas que por acaso estão situadas no mesmo lugar,mas não vinculadas entre si. Ao contrário, as empresas [...] estão reunidaspor uma organização que obedece a princípios definidos.

A questão territorial é de grande importância para o sucesso de um

arranjo produtivo, mas isto não significa que somente o território venha a ser um

fator determinante para este sucesso. O acesso às infra-estruturas, sejam elas

sociais, institucionais, físicos e econômicos, são essenciais para a consolidação do

mesmo.

A partir disto, pode-se verificar um forte componente de estratégia e

competitividade presente nos arranjos produtivos. Com relação à competitividade, é

possível encontrar três tipos de competição em um APL: a competição entre

empresas da aglomeração, a competição dessas empresas com empresas externas

e a competição entre dois ou mais arranjos produtivos (ZACCARELLI, 2000, p. 212).

Para Morelli (2003, p. 11),

Arranjo produtivo local consiste na aglomeração de empresas, localizadasem um mesmo território que apresentam especialização produtiva e mantêmvínculos de articulação, integração, cooperação e aprendizagem entre si ecom outros atores locais.

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Ainda segundo Morelli (2003, p. 14), “aglomeração de empresas

representa o número significativo de empresas que atuam em torno de uma

atividade produtiva principal”.

Para Sengenberger; Pike (1999) essa aglomeração de empresas

representa um aumento da eficácia no que tange aos seguintes aspectos:

Difusão de idéias e inovação técnica;

Vários tipos de colaboração;

Coesão social e consciência coletiva;

Facilidade e velocidade das transações entre empresas.

Além da questão da competitividade, um arranjo produtivo depende

diretamente da cooperação e confiança mútua entre os atores. Através das redes

de cooperação, as PME’s adquirem maior confiabilidade junto a clientes e aumentam

o seu poder de barganha e negociação junto aos fornecedores. (AMATO NETO,

2005).

Balestrin; Vargas (2004) destacam algumas características necessárias

para a geração de confiança mútua entre as empresas. São elas:

Compartilhamento de informações sobre o mercado, tecnologias e

lucratividade;

Relações de longo prazo;

Processos e técnicas similares entre as firmas;

Pouca diferença entre tamanho, poder ou posição estratégica das

firmas;

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33

Rotação de lideranças para representar o conjunto das firmas;

Recompensa financeira similar para as firmas e seus empregados;

Vantagem econômica pela experiência coletiva, pelo aumento das

vendas e pelos ganhos marginais.

Conforme os conceitos apresentados, um arranjo produtivo local pode ser

entendido como um aglomerado de empresas que colaboram e competem entre si

em busca de um objetivo único: a sustentabilidade no mercado. As diversas

conceituações de APL apresentam alguns pontos em comum: a proximidade

geográfica (embora esta varie muito), as empresas são consideradas partes de um

sistema maior e o APL como importante ferramenta promotora do desenvolvimento

local.

Haddad (1999) afirma que o desenvolvimento de um APL é baseado na

“criação de capacidades produtivas especializadas dentro de regiões para promoção

de seu desenvolvimento econômico, ambiental e social”.

Além disso, o sucesso no desenvolvimento de um APL está na

disseminação da metodologia, já que a troca de experiências e a difusão das

informações são fundamentais para a sua constituição. (SALEJ, 2001)

Para Humphrey; Schimitz (apud AMATO NETO, 2000, p. 54) somente a

concentração geográfica e setorial não são suficientes para gerar benefícios diretos

a todos os membros do APL, existindo, portanto, uma série de fatores como: divisão

do trabalho e da especialização entre produtores, estipulação da especialidade de

cada produtor, surgimento de fornecedores de matéria-prima e de máquinas,

agentes que vendam para mercados distantes, aparecimento de empresas

especialistas em serviços tecnológicos, financeiros e contábeis, desenvolvimento de

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34

uma classe de trabalhadores assalariados com qualificação e habilidades

específicas, formação de associações para a realização de lobby e de tarefas

específicas para o conjunto de seus membros. Esse conjunto de fatores é que

determina a eficiência coletiva do arranjo produtivo local.

2.2.5 O ciclo de vida de um APL

Segundo Casarotto Filho e Pires (2001) a formação de um APL se dá por

meio de um ciclo. A etapa inicial é a de pré-APL, onde se inicia o processo de

integração, com poucas empresas isoladas voltadas a um mesmo produto.

Posteriormente ocorre o nascimento do APL, etapa pela qual há uma maior

concentração de empresas e um fortalecimento das relações comerciais. A terceira

etapa é a de desenvolvimento do APL, caracterizado pelo aumento da concentração

com verticalização e formação de consórcios. A quarta etapa é a de APL

estruturado, etapa em que os consórcios são formalizados, o sistema local é

estruturado e se estabelece uma grande parceria público-privada (figura 6).

Fonte: Casarotto Filho; Pires (2001, p.70).

Figura 6 – Ciclo de vida de um APL

Nascimento do

APL

Desenvolvimento

do APL

APL

estruturadoPré-APL

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35

São esses estágios que determinam o grau de evolução do APL. O

principal objetivo de todo arranjo é chegar à fase de cluster estruturado, onde se tem

um alto grau de cooperação entre as empresas.

2.3 Tecnologia da Informação

2.3.1 Considerações Iniciais

Diversos autores como Drucker, Schaff, Castells abordam que durante a

década de 90 a sociedade passou, e ainda vem passando, por algumas

transformações.

Schaff (1993) considera essas transformações como a terceira revolução

técnico-científica. Nesta, as principais mudanças ocorreram nos campos da

microeletrônica, microbiologia e energia nuclear (tríade revolucionária).

Drucker (1994) afirma que a sociedade está mudando do capitalismo para

a sociedade do conhecimento, onde “o principal recurso é o conhecimento”. Ainda

segundo Drucker (1994) o conhecimento é o novo fator de produção, o que é

corroborado por Rifkin (2000) quando ele afirma que o capital intelectual é a força

propulsora da nova era.

De acordo com Castells (2000, p. 49), neste mesmo período estava

ocorrendo uma transformação na “cultura material”, o que ele chamou de Revolução

da Tecnologia da Informação. Surge daí a economia informacional, onde a

produtividade e competitividade dependem basicamente da capacidade de as

empresas gerarem, processarem e aplicarem de forma eficiente a informação

baseada em conhecimento.

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36

2.3.2 Conceitos

Castells (2000, p. 49), afirma que a tecnologia da informação

compreende: “o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica,

computação, telecomunicações/radiodifusão, e optoeletrônica”, incluindo também a

engenharia genética.

Em um conceito mais amplo, Foina (2001, p. 31) afirma que a TI “é o

conjunto de métodos e ferramentas, mecanizadas ou não, que se propõe a garantir

a qualidade e pontualidade das informações dentro da malha empresarial”.

Foina (2001, p. 34), complementa: “a Tecnologia da Informação não faz

outra coisa a não ser coletar, tratar e distribuir informações pela empresa”.

Para Turban; McClean; Wetherbe (2004, p.40), tecnologia da informação

“diz respeito ao aspecto tecnológico de um sistema de informação. Ela inclui

hardware, banco de dados, software, redes e outros dispositivos.”

Na verdade, o conceito de tecnologia da informação se confunde e,

muitas vezes, é utilizado como sistema de informação. Segundo Stair; Reynolds

(1998, p. 11), “sistemas de informação são uma série de elementos ou componentes

inter-relacionados que coletam, manipulam, armazenam e disseminam os dados e

informações e fornecem um mecanismo de feedback”.

Turban; McClean; Wetherbe (2004, p. 39) acrescentam que o sistema de

informação “coleta, processa, armazena e dissemina informações com um

determinado objetivo.”

Prates (apud CORDENONSI, 2005) afirma que um sistema de informação

é uma estrutura combinada de informação, recursos humanos, TI e práticas de

trabalho, organizados de modo a atingirem os objetivos organizacionais (figura 7).

Onde as práticas de trabalho representam a forma como os recursos humanos

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37

desempenham suas tarefas, a informação são textos, imagens e sons e a tecnologia

da informação é composta por hardware e software utilizados para processar dados.

OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS

PR

ÁT

ICA

S D

E T

RA

BA

LHO

INFORMAÇÃOINFORMAÇÃO

RECURSOS HUMANOSRECURSOS HUMANOS

TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

SIS

TE

MA

S D

E I

NF

OR

MA

ÇÃ

O

Fonte: Prates (apud CORDENONSI, 2005, p.51)

Figura 7 – Representação gráfica de um Sistema de Informação.

Com relação ao objetivo do sistema de informação, ou seja, o fim, o

motivo para que se utiliza um sistema de informação, estes podem ser classificados

conforme a função que executam:

Sistemas de processamento das transações (SPT): dá suporte às

atividades repetitivas e operacionais;

Sistemas de informação gerencial (SIG): auxilia os gestores na tomada

de decisão com relação às atividades operacionais;

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38

Sistemas de apoio à decisão (SAD): auxilia na tomada de decisões

pelos administradores;

Sistemas de informação empresarial (EIS): dá apoio a todos os

administradores da empresa.

2.3.3 Evolução dos sistemas integrados

A necessidade de uma maior organização das informações, aliado à

constante busca por uma vantagem competitiva e sustentabilidade no mercado

contribuíram para transformar os sistemas funcionais em sistemas integrados, pois

se percebeu que as atividades das empresas estavam inter-relacionadas.

Turban; Ranier; Potter (2005) apresentam os seguintes benefícios da

integração dos sistemas:

Benefícios tangíveis: redução de estoques, redução de pessoal,

aumento da produtividade, melhor gerenciamento de pedidos, redução

de custos de TI, aumento da receita, entre outros;

Benefícios intangíveis: visibilidade das informações, processos novos e

aprimorados, melhor reação do consumidor, padronização,

flexibilidade, globalização e desempenho do negócio.

O processo evolutivo iniciou-se com a ligação do estoque às compras e

produção resultou em um sistema chamado MRP – planejamento das necessidades

de materiais. Esse sistema evoluiu, onde foi acrescentado recursos de trabalho

(mão-de-obra) e planejamento financeiro e resultou no MRP II – planejamento de

recursos de produção. A próxima evolução dos sistemas é o ERP - Enterprise

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39

Resource Planning, que “integra as atividades de processamento das transações

das áreas funcionais de toda empresa” (TURBAN; MCCLEAN; WETHERBE, 2004,

p. 222).

Fonte: Turban (2004, p. 222).

Figura 8 – A evolução dos sistemas integrados.

A partir do ERP com a inclusão de clientes e fornecedores internos, surge,

na década de 90, a Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM) Interna que evolui

para uma SCM Externa com a inclusão de fornecedores e clientes externos

(conforme figura 8).

Estoque

Compras

MRP

ERP/SCMInterna

Cronograma deProdução

Finanças e Mão-de-obra

RecursosTotalmente Internos

Clientes eFornecedores

Internos

Fornecedores eClientes Externos

MRP II

ERP

+

+

+

+

+

MRP

MRP II

ERP

SCM Interna

SCMAmpliada

Gestão deProdução

Principaisrecursos deprodução

Transaçõescoordenadas deprodução e serviço

ERP/SCMInterna

ERP/SCMAmpliada

Tempo

2000

1990

1980

1970

1960

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40

2.3.4 Sistemas Integrados de Gestão e ERPs

Os sistemas integrados de gestão são sistemas que conseguem agrupar

todos os processos da empresa em uma única arquitetura de software. Mais

conhecido como ERP (Enterprise Resourse Planning) quando adquirido sob a forma

de pacote comercial pelas empresas, os sistemas integrados objetivam integrar

todos os departamentos e funções da empresa (TURBAN; MCCLEAN; WETHERBE,

2004).

Colangelo Filho (2001) considera o ERP como um software que permite

às empresas: automatizar e integrar alguns processos que abrange as áreas de

finanças, logística e recursos humanos, compartilhar dados, uniformizar processos e

produzir informações em tempo real.

Os ERP’s têm como ponto chave a integração. Esta integração pode ser

entendida como a comunicação entre alguns sistemas proporciona à empresa uma

maior agilidade nas transações e informações, além de uma uniformização dos

dados.

Os principais benefícios da integração de sistemas são: redução de

custos operacionais, melhoria na gestão, melhoria na qualidade da informação,

padronização, entre outros. Pode proporcionar uma redução de estoques e

desperdícios, além de promover agilidade nas ações, inclusive no atendimento aos

pedidos dos clientes.

O que é corroborado por Stair; Reynolds (2006) quando afirmam: “[...] o

monitoramento em tempo real das funções comerciais, [...] permite a análise

eficiente de questões cruciais, como qualidade, disponibilidade, satisfação do

cliente, desempenho e rentabilidade”.

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41

Os sistemas ERP’s são responsáveis pela área de back-office das

empresas (quadro 1), ou seja, as atividades de finanças e controles,

operações/logísiticas e recursos humanos. (COLANGELO FILHO, 2001).

Quadro 1 – Áreas de aplicação dos sistemas ERP’s.

FINANÇAS E CONTROLE OPERAÇÕES/LOGÍSITICA RECURSOS HUMANOS

Contabilidade financeira Suprimentos Recrutamento Contas a pagar Administração de materiais Seleção de pessoal Contas a receber Gestão da qualidade Treinamento Tesouraria Planejamento e controle da

produção Medicina e segurança do

trabalho Ativo imobilizado Custos de produção Desenvolvimento de pessoal Orçamentos Previsão de vendas Benefícios Contabilidade gerencial Entrada de pedidos Remuneração (salários) Custos Faturamento Folha de pagamentos Análise da rentabilidade Fiscal

Gestão de projetosFonte: Colangelo Filho (2001, p. 19).

Segundo De Sordi (2003), as principais características dos ERPs são:

Melhoria da consistência e integridade dos dados: através do

gerenciamento da base de dados;

Atendimento dos diferentes segmentos de indústrias: o sistema pode

ser ajustado de acordo com a necessidade da empresa;

Atendimento de empresas de diferentes portes e nacionalidades: o

sistema trabalha com várias moedas, idiomas e legislações, podendo

ser utilizado por empresas que se situam em diversos países

(multinacionais);

Homogeneização da plataforma computacional: utilização de uma

mesma arquitetura de software.

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42

O processo de implantação de um sistema ERP deve ser planejado, pois

irá provocar mudanças em toda a organização. Para tanto, deve-se conhecer os

fatores favoráveis e os fatores desfavoráveis à implantação.

Os fatores favoráveis, segundo Colangelo Filho (2001), podem ser

divididos em estratégicos, operacionais, de legislação e de tecnologia.

Os fatores considerados estratégicos são:

Diferenciação da concorrência, através da utilização de melhores

práticas de negócios;

Busca por maior competitividade global: por meio da uniformização dos

processos e de sistemas;

Preparação para o crescimento: considerando o aumento do volume

das operações;

Flexibilidade: capacidade de mudar processos de negócios e estrutura

operacional.

Os fatores favoráveis no plano operacional estão relacionados à melhoria

de processos que impactam na lucratividade da empresa. Esses fatores são: a falta

de integração dos sistemas existentes e a grande quantidade de fornecedores de

sistemas, o que dificulta o suporte e até mesmo a integração.

A legislação também pode contribuir para a implantação de um sistema

ERP. Casos como a implantação do Sistema de Pagamentos do Brasil (SPB) e da

unificação da moeda européia (Euro) fizeram com que as empresas substituíssem

os sistemas existentes por ERPs.

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43

Com relação à tecnologia, os fatores favoráveis são os avanços da

tecnologia que torna sistemas e equipamentos obsoletos, e as exigências

tecnológicas de parceiros de negócios e a tendência por organização em rede de

empresas.

Já os fatores desfavoráveis se concentram em três:

Alto custo de aquisição e implantação;

Tempo muito longo de implantação dos sistemas ERP;

Não oferecem vantagem competitiva, visto que é um pacote comercial

disponível para todas as empresas.

Colangelo Filho (2001) apresenta algumas perspectivas de evolução dos

sistemas ERP. Dentre elas destacam-se:

O aumento das funcionalidades;

Expansão dos setores de aplicação (não só indústrias);

Acesso pela internet;

Capacitação para o comércio colaborativo;

Conexão externa com fornecedores e clientes;

Arquitetura centrada na internet.

Turban; Ranier; Potter (2005) dividem a evolução dos sistemas ERP’s em

dois estágios denominados de primeira e segunda geração do ERP. A primeira

geração inicialmente tinha foco nas atividades operacionais, rotineiras da empresa.

Com o passar do tempo sentiu-se a necessidade de se expandir ao longo da cadeia

de fornecimento, envolvendo fornecedores e clientes. A segunda geração tem como

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principal objetivo aumentar a eficiência das transações, melhorar a tomada de

decisões e adaptar-se ao comércio eletrônico.

Percebe-se que a segunda geração do ERP vem de encontro às

perspectivas propostas por Colangelo Filho (acima), ou seja, a utilização destes

sistemas por meio da Internet.

2.3.5 Comércio Eletrônico (CE)

O comércio eletrônico (CE) ou e-commerce compreende a realização de

transações empresariais, compra e venda de produtos e serviços pela Internet

(FRANCO JR, 2003).

Turban; Ranier; Potter (2005) define o comércio eletrônico como o

“processo de comprar, vender, transferir ou trocar produtos, serviços ou informações

por redes de computador, incluindo a Internet”.

Há, nestes dois conceitos apresentados, uma diferença. O primeiro refere-

se ao processo de compra e venda e o segundo é mais abrangente, se referindo aos

negócios eletrônicos . Na verdade, alguns autores diferenciam o e-commerce do e-

business. Franco Jr. (2003, p. 16) afirma que o comércio eletrônico pode ser

considerado a “ponta do iceberg”, ou seja, é a parte visível do e-business. Para

Turban; McClean; Wetherbe (2004, p. 158):

{...} e-business é uma definição mais ampla do que CE, não restrita acomprar e vender, mas abrangendo também serviços aos consumidores,colaboração com parceiros de negócios, e a realização de transaçõeseletrônicas no âmbito de uma organização.

Embora existam essas diferenças, para efeito deste estudo, considera-se comércio

eletrônico o conceito apresentado acima.

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45

Kalakota; Whinston (apud TURBAN; KING, 2004) conceituam o comércio

eletrônico em quatro perspectivas:

Perspectiva de comunicação: distribuição de produtos, serviços,

informação ou pagamentos por meio de redes de computadores ou

outros meios eletrônicos;

Perspectiva de processo comercial: aplicação de tecnologia visando a

automação de transações e do fluxo do trabalho;

Perspectiva de serviços: diminuição de custos, elevação dos níveis de

qualidade e agilidade no atendimento;

Perspectiva on line: compra e venda de produtos e informações pela

internet e por outros serviços on line.

Turban; King (2004) acrescentam duas perspectivas:

Perspectiva de cooperação: instrumento de mediação inter e

intracooperativa dentro de uma organização;

Perspectiva comunitária: local onde a comunidade pode aprender,

realizar negócios e cooperar um com os outros.

Para De Sordi (2003) existem diversas modalidades de comercialização,

ou seja, compra e venda, pela internet. As principais são: loja virtual, marketplace,

leilão, leilão reverso, e-procurement.

Para entender melhor estas modalidades ou segmentos, se faz

necessário conhecer os principais tipos de comércio eletrônico.

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46

O comércio eletrônico, segundo Turban e King (2004), pode ser

classificado pela natureza da transação e pelo relacionamento entre os

participantes. Dentre vários se pode destacar:

Business-to-business (B2B): todos os participantes do comércio

eletrônico são empresas ou outros tipos de organização;

Business-to-consumer (B2C): neste tipo, uma empresa oferece

produtos e os compradores são individuais;

E-government: neste, uma entidade governamental adquire produtos,

serviços ou informações de empresas ou de cidadãos ou, ainda,

oferece esses bens a tais empresas e cidadãos;

C-commerce ou comércio colaborativo: ocorre quando indivíduos ou

grupos se comunicam ou colaboram entre si on line.

Turban; McClean; Wetherbe (2004) dividem o comércio eletrônico em dois

segmentos: mercados eletrônicos e sistemas de informação interorganizacionais. O

mercado eletrônico objetiva tornar mais ágil a relação entre compradores e

vendedores, facilitar as transações comerciais e de informações com uma

significativa redução de custos de transação e de distribuição.

Os principais tipos de mercado eletrônico são:

Lojas virtuais: corresponde a um site de uma única empresa que

comercializa produtos/serviços.

Shopping center virtual: concentração de várias lojas em um único site.

Marketplaces: podem ser privados, públicos ou consórcios. O termo

está associado ao comércio eletrônico B2B e compreende as ações de

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compra ou venda de produtos. Quando essa compra ou venda é

realizada por uma única empresa, é considerado privado. O mercado

eletrônico público engloba vários compradores e vários vendedores. O

consórcio é formado por um pequeno grupo de compradores para tratar

com seus fornecedores.

O sistema de informação interorganizacional ou o comércio colaborativo

compreendem a relação de troca de informações entre duas ou mais empresas. Os

sistemas de informação interorganizacionais são aplicações exclusivas do comércio

eletrônico B2B enquanto que o mercado eletrônico pode ser utilizado tanto para

aplicações B2B e B2C.

2.3.5.1 Aplicações Business to Business (B2B)

A principal característica deste tipo de aplicação é a realização de

transações entre empresas, ou seja, tanto os compradores como os vendedores são

empresas. Turban; Ranier; Potter (2005) afirmam que este tipo de aplicação engloba

cerca de 85% do volume de comércio eletrônico.

Os modelos de negócio para aplicações B2B são: modelo vendedor,

modelo comprador, bolsas de mercadorias e comércio colaborativo (Figura 09).

O modelo vendedor é caracterizado quando uma empresa vende

eletronicamente para muitas empresas, é comumente conhecido como um-para

muitos, ou seja, um vendedor para muitos compradores. Também chamado

marketplace de venda. A venda, neste caso pode ser realizada por meio de

catálogos ou por meio de leilões realizados no próprio site da empresa.

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48

O modelo comprador é o inverso do modelo vendedor. Neste modelo,

uma empresa compra de vários fornecedores. É também denominado muitos-para-

um ou marketplace de compra. A compra pode ser realizada por meio de um leilão

reverso, onde o comprador é quem determina o preço, por catálogos ou por meio de

cooperativas de compras.

As bolsas de mercadorias, terceiro modelo, são mercados de muitos-para-

muitos, ou seja, muitos compradores e muitos vendedores. Uma característica que a

diferencia dos modelos anteriores é que normalmente são operadas por uma terceira

empresa.

Vendedor

Comprador 1

Comprador 2

Comprador 3

Comprador N

Comprador

Vendedor 1

Vendedor 2

Vendedor 3

Vendedor N

Bolsas Eletrônicas

Comprador 1

Comprador 2

Comprador 3

Comprador N

Vendedor 1

Vendedor 2

Vendedor 3

Vendedor N

Distribuidor

GovernoComunidade

CompradoresVendedores

Fonte: Elaboração própria.

Figura 09 – Tipos de Comércio Eletrônico B2B.

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49

O ultimo modelo, o comércio colaborativo será abordado posteriormente.

2.3.5.2 Aplicações Business to Consumer (B2C)

No comércio eletrônico B2C, as trocas comerciais são realizadas entre

empresas e consumidores finais. Tem-se como exemplo os grandes portais de

venda de diversos produtos, como Lojas Americanas (www.americanas.com),

Submarino (www.submarino.com.br). Ou ainda sites de editoras de livros

(www.editoraatlas.com.br).

Esta aplicação, também conhecida como varejo eletrônico, deve levar em

consideração alguns fatores para que obtenha sucesso (O’BRIEN, 2003, p. 194-

195). São eles:

Desempenho e serviço: agilidade nos processos de modo a promover

maior comodidade aos clientes.

Personalização: adaptar-se às necessidades específicas de cada

cliente, através de seu perfil.

Socialização: agrupar clientes com necessidades e pensamentos

semelhantes, são as comunidades virtuais.

Aparência e impressão: forma como o site é desenvolvido, objetivando

atrair e reter os clientes.

Incentivos: promoções, programas de fidelidade, fazem com que os

clientes voltem a utilizar o site.

Segurança e confiabilidade: dar condições ao cliente de inserir os seus

dados com a segurança que estes não vão ser utilizados

posteriormente para outros fins, como o número do cartão de crédito.

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O varejo eletrônico, para Stair e Reynolds (2006, p. 298), pode ser

entendido como a “venda direta de empresas para consumidores usando lojas

eletrônicas, tipicamente projetadas usando um catálogo eletrônico e um modelo de

carrinho de compras”.

Outro ponto importante de se destacar é a possibilidade de se vender

direto ao consumidor, evitando, assim, o uso de empresas intermediárias no

processo de compra e venda. É também denominado de desintermediação. Que traz

benefícios como redução do preço do produto para o consumidor final, aproximação

da empresa com o cliente, o que possibilita a realização de uma ação de marketing

melhor estruturada.

2.3.5.3 E-government (e-Gov)

E-government ou governo eletrônico (e-Gov) segundo Turban; Ranier;

Potter (2005, p. 177) é “o uso de comércio eletrônico para oferecer informações e

serviços públicos aos cidadãos, parceiros de negócios e fornecedores de entidades

do governo, e às pessoas que trabalham no setor público”.

Para Fernandes (2002, p. 01) o governo eletrônico abrange as transações

inter e intra-governos (G2G), entre governo e fornecedores (G2B) e entre governo e

cidadãos (G2C). Fernandes destaca, ainda as principais funções do governo

eletrônico:

Prestação eletrônica de informações e serviços;

Regulamentação das redes de informação, envolvendo principalmente

governança, certificação e tributação;

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51

Prestação de contas públicas, transparência e monitoramento da

execução orçamentária;

Ensino à distância, alfabetização digital e manutenção de bibliotecas

virtuais;

Difusão cultural com ênfase nas identidades locais, fomento e

preservação de culturas locais;

E-procurement, isto é, aquisição de bens e serviços por meio da

Internet, como licitações públicas eletrônicas, pregões eletrônicos,

bolsas de compras públicas virtuais e outros tipos de mercados digitais

para os bens adquiridos pelo governo;

Estímulo aos e-negócios, através da criação de ambientes de

transações seguras, especialmente para pequenas e médias

empresas.

Turban; McClean; Wetherbe (2004) destacam que o governo eletrônico

pode gerar os seguintes benefícios: melhora a eficiência das funções executivas do

governo, torna o governo mais transparente, melhora o relacionamento entre

cidadãos e o governo e provê acesso facilitado às informações do governo.

2.3.5.4 Comércio Colaborativo (C-commerce) ou Sistemas de Informação

Interorganizacionais (SII)

Para Turban; King (2004, p. 184) o termo comércio colaborativo trata da

utilização de tecnologias digitais que habilitam as empresas a planejar,projetar, desenvolver, pesquisar e gerenciar produtos, serviços e aplicaçõesinovadoras de CE colaborativamente.

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Turban; McClean; Wetherbe (2004) afirmam que o sistema de informação

interorganizacional - SII têm como principal objetivo a troca eficiente informações, ou

seja, o processamento de algumas transações, como emissão de pedidos, contas e

pagamentos. O surgimento deste sistema se deu pela crescente necessidade de

algumas empresas se interconectarem, se associarem eletronicamente como forma

de racionalizar processos econômicos.

De Sordi (2003, p. 33), apresenta outra denominação. O SII pode ser

também nominado como sistemas colaborativos. Estes objetivam atender “à

necessidade de comunicação de grande comunidade de usuários, [...] internos e

externos à organização.” Os sistemas colaborativos integram todo o ambiente

colaborativo da empresa com a comunidade colaborativa. Esses sistemas funcionam

com grande facilidade pela Internet, daí o nome comércio eletrônico colaborativo.

A colaboração diferencia-se da simples compra e venda de mercadorias,

pois o seu alvo principal é o compartilhamento de informações, por meio eletrônico.

Normalmente, este tipo de CE ocorre entre parceiros de uma cadeia de suprimentos.

A colaboração pode ser entendida como “esforços mútuos de dois ou

mais indivíduos no desempenho de atividades tendentes à execução de tarefas

específicas” (TURBAN; MCCLEAN; WETHERBE, 2004, p. 135).

Hills (apud O’BRIEN, 2003, p. 229) afirma que

Colaboração quer dizer trabalhar juntos para gerar um produto que é muitomaior do que a soma de suas partes. [...] Esse poderoso fenômeno está setornando um requisito para competir eficazmente no mercado atual.

Castilho Jr.; Diniz (2005) complementam o conceito anterior afirmando

que “comportamentos competitivo e colaborativo são compatíveis e

complementares, e ainda auxiliam as empresas na luta por uma posição de

vantagem competitiva sustentável”.

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As tecnologias utilizadas atualmente possibilitam o desenvolvimento de

novas estruturas colaborativas que gerenciam processos complexos, aumentam a

troca de informações e possibilitam melhores decisões (CASTILHO JR; DINIZ 2005,

p. 105). Para tanto, deve-se levar em consideração o gerenciamento da estratégia

do negócio, estrutura organizacional e características da tecnologia da informação.

A combinação desses fatores forma o modelo evolutivo da colaboração

interorganizacional apoiada pela tecnologia da informação e comunicação (Figura

10).

Fonte: Castilho Jr.; Diniz (2005, p. 108).

Figura 10 - Modelo evolutivo da colaboração interorganizacional.

O modelo acima que é dividido em três camadas onde cada uma, de

dentro para fora, representa um nível de complexidade. O anel interno abrange a

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eficiência, comunicação e confiança. O anel intermediário recursos,

interdependência e interoperabilidade. O anel externo compreende valor, redefinição

e conhecimento.

No tocante à tecnologia utilizada nestes níveis pode-se destacar e-mail

para o anel interno, EDI, GroupWare e Workflow no anel intermediário e XML para o

anel externo.

Turban; Ranier; Potter (2005, p. 325) apresenta os principais tipos de

sistemas interorganizacionais e suas tecnologias de suporte (Figura 11).

SISTEMAS INTERORGANIZACIONAISSISTEMAS INTERORGANIZACIONAIS

Sistemas de Negociação B2B, globais, EFT, mensagens, corporações virtuais

Suporte de Infra-estrutura

EDI EDI/Internet Extranet XML, Web Services

Gerenciamento e ImplementaGerenciamento e Implementaççãoão

Fonte: Turban; Ranier; Potter (2005, p. 325).

Figura 11 – Visão geral dos Sistemas Interorganizacionais

Os principais sistemas são:

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Sistemas de negociação B2B: visam facilitar a negociação entre

parceiros comerciais.

Sistemas globais: sistema que conecta duas ou mais empresas em

países distintos.

Transferência eletrônica de fundos (EFT): transferência de dinheiro

entre instituições financeiras por meio das redes.

Groupware: facilita a comunicação e a colaboração entre organizações.

Envio integrado de mensagens: remessa de correio eletrônico entre

organizações.

E as principais tecnologias:

Intercâmbio eletrônico de dados (EDI): movimentação eletrônica de

documentos entre parceiros. Pode ser baseado na Internet.

Extranet: são intranets estendidas que ligam parceiros comerciais.

XML: tecnologia substituta para o EDI, usada para melhorar a

compatibilidade entre sistemas diferentes dos parceiros comerciais.

Web services: integra aplicações B2B através do compartilhamento de

dados e serviços.

Como os sistemas colaborativos ou comércio colaborativo visam integrar

duas ou mais empresas, estes se aplicam diretamente a um APL, trazendo alguns

benefícios como: melhoria da qualidade do fluxo de informações, redução de erros e

encurtamento das distâncias geográficas.

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2.3.6 Custumer Relationship Management (CRM)

A gestão do relacionamento com o cliente (CRM) pode ser definida como

“um esforço em nível empresarial para conquistar e manter clientes, normalmente

apoiado pela TI” (TURBAN; RANIER; POTTER, 2005, p. 310).

Jenkins (apud DE SORDI, 2003, p. 53) afirma que CRM é o “processo de

prever como se comporta o cliente e determinar ações da empresa, visando

influenciar comportamentos que beneficiem a empresa”.

Para Cardoso; Gonçalves Filho (2001, p. 40) CRM é a

Combinação de processos de negócios e tecnologia, que busca entender osclientes das empresas mediante várias perspectivas: quem eles são, o queeles fazem, do que eles gostam.

Ou ainda:

Planejamento, gerenciamento e operacionalização da experiência docliente, aplicando-se as mais avançadas tecnologias da informação visandoà fidelização e criação de valor.

As atividades de CRM são baseadas no marketing de relacionamento,

mas, diante dos conceitos apresentados, percebe-se que CRM é mais amplo, pois,

através dele a empresa pode aumentar, proteger e reter relacionamentos com os

clientes atuais, ex-clientes e clientes em potencial.

Para alcançar estes objetivos a gestão do relacionamento com o cliente

divide-se em três fases inter-relacionadas, são elas: aquisição, intensificação e

retenção.

Na fase de aquisição o principal objetivo é adquirir novos clientes. O foco

é nos produtos e serviços, onde se busca oferecer um produto de melhor qualidade,

agregando-se a ele um serviço de excelência.

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A segunda fase, de intensificação, compreende a busca pelo aumento da

lucratividade do cliente. Através do relacionamento com o cliente e utilizando as

técnicas de cross-selling e up-selling. Tem-se como foco a conveniência e o baixo

custo.

Na fase de retenção o foco é a fidelização do cliente, ou seja, fazer com

que o cliente volte sempre a comprar na empresa. Para tanto se faz necessário ouvir

o que o cliente deseja e, se possível, oferecer novos produtos ou personalizar os já

existentes.

De acordo com Cardoso; Gonçalves Filho (2001) existem quatro formas

de utilização do CRM para atender às fases acima apresentadas.

A primeira forma – recuperação de clientes – é o processo onde se busca

fazer com que os clientes escolham a organização ou retorne a comprar na mesma.

Faz-se necessário que anterior à etapa de busca se realize uma seleção de clientes

com base em critérios como índice de inadimplência, potencial de lucratividade,

entre outros.

Transformar prospects em clientes é a segunda forma de se utilizar o

CRM. Nesta, deve-se destacar características como segmentação e seletividade. A

segmentação deve ser direcionada de acordo com as necessidades dos clientes. A

seletividade deve definir o grau de lucratividade do cliente, ou seja, quanto ele vale

para a empresa.

A terceira, é a de conquistar a lealdade. Está relacionada à fase de reter

clientes. As empresas normalmente tentam medir um grau de deslealdade do cliente

como forma de determinar se deve ou não investir na busca deste cliente.

Cross-sell e up-sell é a quarta forma de utilização do CRM e se

caracteriza pela preocupação em aumentar o valor que o cliente gasta na empresa.

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Cross-sell é a oferta de um produto acrescida de um produto complementar e up-sell

é a oferta de um produto mais avançado.

Essas quatro formas tendem a proporcionar os seguintes benefícios:

melhor retenção e fidelidade do cliente, maior lucratividades dos clientes e custo

reduzido de vendas (STONE; WOODCOCK; MACHYNGER, 2001).

2.3.7 Suply Chain Management (SCM)

Antes de conhecer o conceito de gerenciamento da cadeia de

suprimentos (SCM), faz-se necessário entender o que é uma cadeia de suprimentos.

Scavarda; Hmacher (2001, p. 202) conceitua a cadeia de suprimentos como a

rede que engloba todas as empresas que participam das etapas deformação e comercialização de determinado produto ou serviço, que seráentregue a um cliente final.

De Sordi (2003) afirma que a cadeia de suprimentos pode ser

considerada uma cadeia de facilidades para compra de materiais, transformação

destes insumos em produtos e distribuição dos produtos acabados para os clientes.

Slack (apud SCAVARDA; HMACHER, 2001) classifica essa cadeia em

três níveis (figura 12): rede interna, rede imediata e rede total.

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Rede Imediata

Rede Interna

Rede Total

Cliente Final

DistribuiçãoFornecimento

Fonte: Slack (apud SCAVARDA e HMACHER, 2001, p. 203).

Figura 12 – Níveis da cadeia de suprimentos.

A rede interna diz respeito aos fluxos de informações e materiais entre os

departamentos da empresa. Já a rede imediata engloba os fornecedores e clientes

imediatos da empresa. A rede total é formada por todas as redes imediatas

existentes para a fabricação de um produto ou serviço.

Com relação aos componentes da cadeia, Turban; McClean; Wetherbe

(2004) apresentam uma classificação semelhante com três componentes: upstream,

interno, downstream. Essa classificação difere um pouco da acima apresentada

(Slack), onde o upstream envolve os fornecedores de primeiro e segundo nível; o

nível interno diz respeito às operações realizadas dentro da empresa e o

downstream engloba os distribuidores, varejistas e clientes (figura 13).

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Fo

rnec

edor

es d

e 2°

Nív

el Montagem, Fabricação e Embalagem

(Processo Produtivo)

Informações

Materiais

Financeiro

Fo

rnec

edor

es d

e 1°

Nív

el

Upstream

Distribuidores

Varejistas

Cliente

Interno

Dow

nstr

eam

Fonte: Turban; McClean; Wetherbe (2004, p. 216)

Figura 13 – Componentes da cadeia de suprimentos.

A partir do conceito de cadeia de suprimentos, pode-se afirmar que o

gerenciamento dessa cadeia envolve a coordenação de todas as atividades, fluxos

de informação, fluxos de controle e fluxos de material que envolve compras,

operação e movimentação de produtos (DE SORDI, 2003).

Simchi-Levi;.Kaminsky; Simchi-Levi (2003) corroboram com este conceito

quando diz que a gestão da cadeia de suprimentos envolve toda a empresa e, além

disso, envolve, ainda, fornecedores de um lado e clientes do outro.

A característica importante do SCM é o gerenciamento não só de

materiais, mas também informações. E como as informações são melhor

aproveitadas com uso da TI, surge a necessidade de sua utilização.

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Para Chopra; Meindl (2003, p. 342) a “informação é crucial para o

desempenho da cadeia de suprimentos porque disponibiliza os fatos que os

gerentes precisam para tomar suas decisões”. As principais informações utilizadas

em uma cadeia de suprimentos são: informações de fornecedor, informações de

fabricação, informações de distribuição e varejo e informações sobre a demanda.

Ainda com relação à utilização das informações por uma cadeia de

suprimentos, Simchi-Levi;.Kaminsky; Simchi-Levi (2003) afirmam que é preciso

coletar, acessar e analisar estas informações.

Turban; McClean; Wetherbe (2004) destacam a redução de incertezas e

riscos como os principais benefícios da utilização do SCM.

No que tange ao nível de desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos

Simchi-Levi;.Kaminsky; Simchi-Levi (2003) apresentam um modelo com cinco

estágios:

Estágio 1 – Fundamentos: foco na qualidade e na produção com custos

reduzidos. A organização funciona com departamentos independentes.

Tem como tecnologia o MRP.

Estágio 2 – Equipes interfuncionais: a meta principal é a prestação de

serviço ao cliente. Algumas operações da cadeia já são consolidadas.

Utiliza o MRP II.

Estágio 3 – Empresa integrada: busca pela eficiência é o principal

objetivo. O componente interno da cadeia de suprimentos é integrado e

tem como solução de TI o ERP.

Estágio 4 – Cadeia de suprimentos estendida: busca pelo aumento do

valor no mercado e participação no mercado. A parte externa da cadeia

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é integrada e utiliza-se de sistemas de gestão inter operáveis com os

clientes.

Estágio 5 – Comunidades de cadeias de suprimentos: o foco, neste

estágio, é a liderança no mercado. TI integrada externamente aos

parceiros. Utiliza a Internet para realizar esta integração e agilizar os

processos.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo são abordados os aspectos metodológicos referentes ao

trabalho, sendo assim, o tipo de pesquisa, o caso da carcinicultura, a população e

amostra, a técnica de coleta de dados, instrumento de coleta de dados e análise dos

dados.

3.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa utilizou como meio um estudo de múltiplos casos, realizados

em empresas que fazem parte do APL da carcinicultura do Estado do Rio Grande do

Norte.

De acordo com Yin (2001, p. 32), o estudo de caso “investiga um

fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, quando os limites

entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

Lakatos e Marconi (1991, p. 108) afirmam que o estudo de caso “consiste

no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou

comunidades, com a finalidade de obter generalizações”.

Collis e Hussey (2005) afirmam que um estudo de caso é estudo

fenomenológico, ou seja, estuda os fenômenos. Allen (apud COLLIS; HUSSEY,

2005, p. 59) entende um fenômeno como um “fato ou uma ocorrência que aparece

ou é percebido, especialmente um cuja causa está em questão”.

Yin (apud COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 73) caracteriza um estudo de caso

como uma pesquisa que objetiva não só conhecer os fenômenos, mas também

entendê-los, utilizando métodos quantitativos ou qualitativos.

Com relação aos fins, o estudo é descritivo por expor características de

determinada população ou fenômeno.

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64

Jóia (2004) afirma que o estudo de caso descritivo pode ser utilizado

quando o objetivo da pesquisa é descrever uma situação ou fenômeno com

profundidade. Ou ainda tem como objetivo descrever a prática corrente

(COLLIS;HUSSEY, 2005).

Diante disso, ao se realizar um estudo de múltiplos casos, pretende-se

conhecer e entender como o APL utiliza a tecnologia da informação em favor de sua

competitividade.

3.2 O caso do APL da carcinicultura no RN

A atividade da carcinicultura para o Estado do Rio Grande do Norte, hoje,

é de grande representatividade. Essa representatividade se deve à destinação de

grande parte da produção ao mercado externo, principalmente Estado Unidos e

Europa. A atividade da carcinicultura foi pauta da exportação no Estado até o ano de

2004. No ano de 2005 a atividade começou a entrar em declínio, o que pode ser

explicado por alguns problemas como baixa do dólar, taxação do produto no

mercado externo, entre outros. Em função disto, muitas empresas que atuavam na

atividade fecharam.

O APL da carcinicultura, conforme mostra a figura 14, é composto por

empresas de larvicultura ou laboratórios reprodutores de larvas, fazendas de

engorda e empresas de beneficiamento, instituições de crédito e fomento, órgãos do

governo, instituições de apoio à pesquisa como FIERN, SEBRAE e outras

organizações como fornecedores de equipamentos, rações e outras empresas. Com

isso se faz necessário uma organização eficiente das informações ao longo da

cadeia para que o APL obtenha ganhos de produtividade e por conseqüência maior

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65

competitividade em relação aos diversos competidores existentes no mercado

internacional.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 14 – O Arranjo Produtivo da Carcinicultura no RN

A pesquisa será realizada em etapas, onde se pretende analisar os

laboratórios reprodutores de larvas (1ª etapa), as fazendas de engorda (2ª etapa) e

as empresas de beneficiamento (3ª etapa).

3.3 População e Amostra

No que se refere às empresas pesquisadas, o estudos de caso múltiplo

não requer uma amostragem que estatisticamente represente a população.

Conforme Yin (2001, p. 69),

Cada caso deve ser cuidadosamente selecionado de forma a: a) preverresultados semelhantes (uma replicação literal); ou b) produzir resultadoscontrastantes apenas por razões previsíveis (uma replicação teórica).

O que é corroborado por Collis; Hussey (2005, p. 74):

CADEIA PRODUTIVA

Laboratórios

Reprodutores

de Larvas

Fazendas de

Engorda de

Camarão

Empresas de

Beneficiamento

Instituições de

Crédito e

Fomento

Instituições de

Apoio à Pesquisa

Governo

Outras

Organizações

Cliente

Final

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66

[...] você não estará tentando fazer generalizações estatísticas para mostrarque pode generalizar sua amostra para uma população maior. Mas vocêpode estar tentando generalizações teóricas nas quais propõe que a teoriaaplicada a um grupo de circunstâncias possa ser generalizada para outro.[...] Você pode decidir se precisa de mais de um caso. Casos semelhantesajudarão a mostrar se sua teoria pode ser generalizada e casos diferentesajudarão a entender ou modificar qualquer teoria.

Yin (2001, p. 71) defende que os estudos de casos múltiplos devem ser

realizados através da lógica da replicação e não da lógica de amostragem, pois os

estudos de caso “não devem ser utilizados para avaliar a incidência dos fenômenos”.

Por outro lado, emerge a seguinte questão: quantos casos são

necessários para este estudo?

De acordo com Yin (2001, p. 72-73), analogamente aos estudos

estatísticos, a seleção de critérios de significância, mesmo não obedecendo a

nenhuma fórmula, deve ser discricionária e judiciosa, ou seja, o número de

replicações vai depender do grau de certeza que se deseja ter sobre os resultados

obtidos.

Em função da maior concentração de empresas situadas na segunda

etapa, ou seja, nas fazendas, seguidas pelos laboratórios e empresas de

beneficiamento, nesta pesquisa, selecionou-se 02 laboratórios, 03 fazendas e 01

empresa de beneficiamento.

3.4 Técnica de coleta de dados

Os dados necessários ao desenvolvimento desta pesquisa serão

coletados por meio de questionário, além da observação direta do pesquisador.

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67

Lakatos; Marconi (1982, p. 77-78) classificam as perguntas em abertas,

fechadas e de múltipla escolha. Neste questionário foram utilizadas perguntas

fechadas, fechadas com final aberto e abertas.

3.5 Instrumento de coleta dos dados

O instrumento de coleta de dados foi elaborado levando-se em

consideração três enfoques: competitividade, APL e tecnologia da informação.

Com relação às questões sobre competitividade, procurou-se identificar

como a tecnologia da informação contribui para o aumento dessa competitividade do

APL da carcinicultura.

As questões sobre arranjo produtivo local – APL foram baseadas na

metodologia de desenvolvimento de APLs, de Capolari e Volker (2004).

No que tange à tecnologia da informação, esta pesquisa tem como foco

os seguintes temas: comércio eletrônico, ERP, SCM e sistemas de colaboração inter

empresas.

Ainda com relação ao instrumento de coleta de dados, esta pesquisa

pode ser assim representada:

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68

COMPETITIVIDADECOMPETITIVIDADE

APL

Metodologia para Desenvolvimento de APLs

APL

Metodologia para Desenvolvimento de APLs

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

ERPComércio Eletrônico

Supply ChainSistemas interempresariais

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

ERPComércio Eletrônico

Supply ChainSistemas interempresariais

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 15 – Elaboração do Instrumento de coleta de dados

3.6 Análise de dados

Cooper; Schidler (2003) afirmam que o estudo qualitativo se refere ao

significado, à definição, à analogia, ao modelo ou à metáfora caracterizando alguma

coisa.

Para Vieira (2004, p. 15) o estudo qualitativo

atribui importância fundamental à descrição detalhada dos fenômenos e doselementos que o envolvem, aos depoimentos dos atores sociais envolvidos,aos discursos, aos significados e aos contextos.

De acordo com Malhotra (2001, p. 155) a pesquisa qualitativa é a que

proporciona uma melhor visão e compreensão do contexto do problema estudado.

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69

Vieira (2004, p. 17) afirma que a pesquisa qualitativa se caracteriza pela

não utilização de instrumental estatístico na análise de dados, sendo essencialmente

descritivas, onde se pode utilizar transcrições de textos das entrevistas.

Pretende-se, na interpretação dos dados, escrever um relatório de dados

cruzados, analisando, assim, se o APL da carcinicultura do RN comprova ou não a

teoria.

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70

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo aborda a análise e discussão dos resultados da pesquisa e

está organizado em três partes: apresentação das empresas pesquisadas, análise

das questões relativas à competitividade e ao APL da carcinicultura e análise das

questões referentes ao uso da tecnologia da informação.

4.1 Apresentação das empresas

Foi realizada a análise de 6 (seis) empresas, conforme quadro 2 (abaixo),

assim distribuídas:

02 laboratórios de larvicultura;

03 fazendas de engorda de camarão; e

01 empresa de beneficiamento.

Nos laboratórios, verificou-se que uma empresa está em fase de

implantação de certificação da qualidade, de porte médio e com área de atuação

além do Estado do RN. Como estão situadas na ponta da cadeia produtiva e pelo

tipo de produto comercializado (larva em vida), estes não exportam seus produtos.

As fazendas de engorda de camarão se situam no meio da cadeia

produtiva e são responsáveis pela transformação da larva em camarão, ou seja, são

os criatórios de camarão. São pequenas e médias empresas que não possuem

certificação de qualidade, mas que parte de sua produção se destina a outros

Estados. O que na prática representa que o Estado do Rio Grande do Norte produz,

mas outros Estados como Paraíba, Pernambuco e Ceará levam estes produtos ao

mercado externo.

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71

Isso pode ocorrer pela oferta de um preço melhor aos produtores em

relação às empresas de beneficiamento locais. Foi pesquisada apenas uma

empresa de beneficiamento de porte médio com seu produto destinado ao mercado

interno e externo sem certificação de qualidade.

As seis empresas são compostas, em sua administração, por profissionais

graduados e pós-graduados.

Quadro 02 – Apresentação das empresas pesquisadas

ASPECTOSEMPRESA

AEMPRESA

BEMPRESA

CEMPRESA

DEMPRESA

EEMPRESA

F

Área deAtuação

Laborató-rio

Laborató-rio

Fazenda Fazenda FazendaBenefi-

ciamento

Tamanho daEmpresa

Médio Pequeno Médio Pequeno Médio Médio

Destinaçãodas Vendas

RN eoutros

EstadosInterno

RN eoutros

EstadosRN

RN eoutros

Estados

Interno eexterno

Certificaçãode

Qualidade

Emimplanta-

ção

Nãopossui

Nãopossui

Nãopossui

Nãopossui

Nãopossui

Fonte: dados da pesquisa.

As próximas etapas da análise de dados serão realizadas considerando

os tipos de empresas (laboratórios, fazendas, empresa de beneficiamento) no que

se refere à competitividade, ao APL da carcinicultura e, finalmente, no que tange à

utilização da tecnologia da informação.

4.2 Questões relativas à competitividade e ao APL

Ao analisar a questão da competitividade, a organização das empresas

em um arranjo produtivo local pode ser percebida como um fator que aumenta a

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competitividade por parte da Empresa A e a Empresa B não considera que um APL

aumenta a sua competitividade.

Nas fazendas de engorda de camarão (Empresas C, D e E), apenas a

Empresa E (conforme Quadro 03) considera a formação de um APL como elemento

que pode contribuir para a competitividade de sua empresa, embora afirme que essa

competitividade só poder ser percebida com a evolução dos relacionamentos entre

empresas.

Com relação à empresa de beneficiamento (Empresa F) esta afirma que a

formação do APL apenas favorece às pequenas empresas, que teriam poucas

possibilidades de sobreviver no mercado por muito tempo.

O segundo aspecto pesquisado tratou dos fatores determinantes da

competitividade das empresas. As opções eram: cooperação entre empresas,

redução nos custos dos insumos, presença de fornecedores capazes, abertura do

mercado e acesso a clientes externos, maior proximidade das mudanças no

mercado ou o respondente poderia elencar outro fator.

A Empresa A respondeu que deveria estar atenta às mudanças no

mercado, para continuar competitiva. As Empresas B e D afirmaram que a redução

nos custos dos insumos facilitariam um melhor posicionamento da empresa,

enquanto que as Empresas C e F acreditam que a abertura no mercado e acesso a

clientes externos sejam fatores determinantes. O que convém destacar é que

apenas a Empresa E afirmou que a cooperação entre as empresas é um fator

determinante da competitividade.

Outro ponto de destaque é que embora a Empresa A tenha afirmado que

o APL favorece a competitividade, a mesma ainda não percebe a cooperação como

um fator chave para o crescimento de sua empresa.

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Quadro 03 – Percepção da competitividade das empresas

ASPECTOSEMPRESA

AEMPRESA

BEMPRESA

CEMPRESA

DEMPRESA

EEMPRESA

F

AP

L f

avo

rece

aco

mp

etit

ivid

ad

e

Sim Não Não Não Sim Não

De

term

ina

nte

da

com

pe

titiv

ida

de

Atençãoàs

mudançasno

mercado

Reduçãonos custos

Aberturado

mercado

Reduçãonos custos

Coopera-ção

Acesso aclientesexternos

Fonte: dados da pesquisa.

No tocante à participação das empresas dentro do APL da carcinicultura

procurou-se identificar se estas empresas atuam ou já atuaram em conjunto, que

tipo de ação foi realizada e se as empresas buscam ter acesso às outras empresas

do APL.

Com relação à atuação do APL, ou se estas empresas pesquisadas já

atuaram em conjunto com outras empresas, apenas a Empresa E afirmou que tinha

realizado uma ação em conjunto. Esta ação foi para a melhor qualificação

profissional das empresas (quadro 04).

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Quadro 04 – Análise da atuação do APL da Carcinicultura

ASPECTOSEMPRESA

AEMPRESA

BEMPRESA

CEMPRESA

DEMPRESA

EEMPRESA

F

Já atuouem

conjuntoNão Não Não Não Sim Não

Jáprocurou

algummembro do

APL

Não Não Não Não Não Não

Jáexecutoualguma

atividadefora do

APL

Não Não Não Não Não Não

Fonte: dados da pesquisa.

Com relação ao acesso aos outros membros do APL, como institutos de

pesquisa, órgãos do governo, instituições de crédito, nenhuma das empresas

pesquisadas realizou alguma operação com esses membros, como parte integrante

do APL, bem como também não procurou como empresa isolada, o que pode refletir

uma característica comum das empresas deste segmento de não buscar

informações e subsídios técnicos e financeiros em outras empresas e institutos

financeiros.

Com base nestes aspectos levantados, percebe-se que, embora já exista

um APL, algumas empresas ainda não perceberam a importância do mesmo para o

crescimento da atividade da carcinicultura no Estado. Uma melhor utilização do APL

poderia refletir em um crescimento sólido da atividade, ao contrário do que acontece

na prática. Espera-se que, superada a fase em que ser empresário da atividade da

carcinicultura significava status na sociedade, os empresários comecem a despertar

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75

para a necessidade de trabalharem em conjunto para que possam, também, chegar

a crescimento de todos.

4.3 Questões relativas ao uso da tecnologia da informação

A tecnologia da informação foi analisada principalmente sob o aspecto da

utilização de sistemas de informação pelas empresas pesquisadas (conforme quadro

05).

Antes de se chegar à utilização da TI, procurou-se identificar a percepção

das empresas sobre o uso da TI como recurso de competitividade, ou seja, se a

tecnologia da informação contribui de alguma forma para o aumento da

competitividade.

As empresas B, D e F entendem que o alto custo da tecnologia associado

ao fato de apenas organizar as atividades internas não favorece o seu uso. Com

isso, pode-se afirmar que estas empresas ainda não sabem quantificar o retorno

sobre o investimento em TI, questão esta bastante recorrente, principalmente

quando se trata de ERPs.

A empresa A afirmou que a TI melhora a sua competitividade partindo da

melhoria dos seus processos internos, ou seja, através de um melhor

acompanhamento de suas atividades diárias.

Para a Empresa C, a tecnologia da informação facilita o acesso à

informação por parte de seus funcionários, gerando, por conseqüência, uma melhor

coordenação e organização das atividades.

Já a Empresa E acredita que a tecnologia da informação – TI pode ser

utilizada para melhorar o processo de tomada de decisão, através do rápido acesso

e controle das informações de sua empresa.

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Com relação à utilização da TI, a empresa A utiliza TI nos seus processos

internos (controles financeiros, produção, administrativo e vendas) e a empresa B

não utiliza a TI. A justificativa dada pela empresa B foi o alto custo de implantação

da tecnologia.

Nas empresas C, D e E, apenas a empresa D não utiliza TI. O proprietário

afirmou que a empresa ainda era de pequeno porte, e que, portanto, ainda não

sentia a necessidade de investir em TI. As empresas C e E utilizam a TI para os

processos de controle financeiro, produção, administrativo. Na empresa E, parte

destes processos são controlados por meio de planilhas eletrônicas.

A empresa F utiliza a TI para os processos de controle financeiro,

produção e administrativo. Esses processos são controlados em planilhas à exceção

do controle financeiro.

Fazendo uma junção desta análise com o porte da empresa, tem-se que

as empresas D e B são as únicas (dentre as analisadas) de pequeno porte. A não

utilização da TI pode ser justificada pela carência de recursos financeiros. Essa

carência de recursos financeiros pode ser minimizada, no APL, pelos financiamentos

oferecidos pelo Governo Federal na aquisição de equipamentos de TI.

Com relação ao investimento em TI, as Empresas A, E e F investiram nos

últimos meses. Destaque para a empresa A que investiu em uma rede Wireless para

que os funcionários tenham acesso aos dados da empresa. As empresas E e F

investiram na aquisição de computadores.

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77

Quadro 05 – Análise da utilização da TI pelas empresas

ASPECTOSEMPRESA

AEMPRESA

BEMPRESA

CEMPRESA

DEMPRESA

EEMPRESA

F

Processosinternos

utilizam TISim Não Sim Não Sim Sim

Investiu emtecnologia

Sim Não Não Não Sim Sim

Utilizasistemas

integradosde gestão

Sim Não Não Não Não Não

Utilizasistemasinterem-

presariais

Não Não Não Não Não Não

Realizacomuni-

cação comoutras

empresas

Não Não Não Não Sim Sim

PossuiWebsite

Sim Não Sim Não Sim Sim

Compra/Vende pela

InternetNão Não Não Não Não Não

Fonte: dados da pesquisa.

Outro fator de destaque nesta pesquisa é com relação à utilização de

sistemas integrados de gestão, ou mesmo os ERPs. Apenas a empresa A utiliza um

ERP do fabricante Microsiga. Este fato pode refletir também à importância dada ao

uso da TI como fator de competitividade por esta empresa.

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78

Ao analisarmos isoladamente, o que se poderia afirmar é que apenas a

empresa acima (A) teve recursos financeiros para adquirir este tipo de sistema. Mas

o que se deixou transparecer nas entrevistas, em alguns casos, foi o

desconhecimento acerca da tecnologia em si.

Com relação à utilização de sistemas integrados interorganizacionais

(SII), as Empresas A, C e E afirmaram que utilizam, mas o sistema utilizado é o

gerenciador financeiro, ou seja, a utilização da Internet para o gerenciamento das

contas da empresa. Destas, apenas a empresa A está totalmente integrada

internamente (através do ERP), as outras duas já partiram para uma integração

externa antes de se integrar internamente.

O que ocorre é que o eficiente gerenciamento dos recursos financeiros é

vital para todas as empresas, não só neste segmento. Como os bancos oferecem

esta forma de agilizar as transações e reduzir os custos desta operações muitas

empresas já se encontram utilizando este tipo de recurso.

Como não há comunicação via SII entre as empresas pesquisadas, é

interessante saber como elas se comunicam, ou seja, como elas interagem e trocam

informações. Todas afirmaram que se comunicam por meio de telefone, as

empresas A, C, E e F afirmaram que se comunicam ainda por meio de e-mail e as

empresas A e C utilizam o MSN Messenger.

Já sobre a comunicação entre as empresas como parte do APL, apenas a

empresa E afirmou que realiza essa comunicação por meio de telefone e e-mail

como outras empresas que fazem parte do APL da carcinicultura.

Isto reflete em um baixo nível de cooperação dentro do APL, o que

compromete o seu funcionamento e, principalmente, acaba minando o fator

competitivo de um APL.

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79

Em se tratando de meios de comunicação, a Internet representa hoje um

forte canal de acesso a fornecedores, clientes e parceiros devido à capilaridade e

redução dos custos de comunicação. Esta pesquisa procurou identificar como estas

empresas utilizam a internet nos seus negócios.

O primeiro aspecto questionado foi se estas empresas possuem website.

As empresas A, C, E e F afirmaram que possuem e utilizam como mais um recurso

de divulgação de sua empresa.

Voltando para as empresas B e D, empresas de pequeno porte, que não

utilizam TI, e que também não possuem website, e considerando que o APL é

composto eminentemente por empresas de pequeno porte, pode-se aí encontrar a

maior dificuldade na consolidação do APL e na utilização da tecnologia da

informação. Ou ainda, que estas duas empresas representem de forma mais

próxima a realidade das empresas que atuam no ramo da carcinicultura no Estado

do RN.

Ainda com relação ao uso da Internet, procurou-se identificar quais destas

empresas realizavam transações (compra e venda), ou seja, comércio eletrônico.

Nenhuma das empresas afirmaram que compravam ou vendiam pela Internet, mas

as empresas A, C e E realizam transferência eletrônica de dados (EDI) por meio de

seus gerenciadores financeiros.

O que deixa transparecer que o uso da Internet por essas empresas é

limitado, pois utilizam estes recursos apenas para divulgar as suas empresas.

Por fim, tem-se que, das empresas pesquisadas apenas as empresas B e

D se encontram em um estágio bem diferente das demais, e que com relação ao uso

da TI as outras empresas caminham para uma evolução. O próximo passo seria a

utilização de sistemas integrados de gestão e do comércio eletrônico.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho teve como principal objetivo compreender como as

empresas que fazem parte do APL da carcinicultura do Estado do Rio Grande do

Norte utilizam a tecnologia da informação em favor de sua competitividade.

Para tanto se realizou um estudo de múltiplos casos com seis empresas

que atuam em diferentes etapas do ciclo produtivo do camarão.

A idéia inicial era que ao se estudar um APL, mesmo que ainda não

totalmente desenvolvido, fosse possível encontrar evidências da importância da

utilização da TI como fonte de competitividade para as empresas que compõe o

APL.

O que ocorreu em parte. Foram encontradas essas evidências,

principalmente da percepção da TI como recurso competitivo e também na utilização

da TI pelas empresas. O que realmente não se identificou foi a utilização da TI de

forma compartilhada dentro do APL, ou pelos seus membros.

Ao resgatar-se o conceito de Rezende (2002, p. 23):

A competitividade pode ser entendida como a obtenção de maiorprodutividade que os concorrentes, garantindo a sobrevivência, aperenidade, a lucratividade, a continuidade ao longo do tempo e asatisfação dos clientes internos e externos.

Percebe-se que a relação interna-externa ainda não é percebida. Ou

ainda Marcon e Moinet (apud BALESTRIN; VARGAS, 2004, p. 213) afirmam que o

APL promove uma maior competitividade, especialmente às pequenas e médias

empresas pela capacidade de competir com as grandes. Apenas uma empresa

afirmou que a cooperação é fator de competitividade.

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Com relação à utilização da TI, apenas uma das seis empresas utilizam

sistemas integrados de gestão, nenhuma das seis utilizam o comércio eletrônico,

embora parte já utilize a internet como mais um canal para o marketing, ou seja,

utilizam apenas como forma de divulgar a empresa.

O que foi evidenciado é que as empresas utilizam TI ainda de forma

inadequada, ou a utilizam parcialmente, como uma ferramenta de suporte às suas

atividades rotineiras, mas não perceberam a importância destes recursos para o

desenvolvimento do APL.

Para as empresas situadas na ponta da cadeia, em contato direto com o

cliente final, ou seja, as empresas de beneficiamento, a utilização do comércio

eletrônico seria um diferencial competitivo muito forte junto aos seus clientes de

outros países.

Já para as demais empresas e também para as empresas de

beneficiamento um sistema de gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM) viria

a otimizar e agilizar as transações entre estas empresas.

Com a competitividade também ocorreu da mesma forma. As empresas

pesquisadas ainda percebem a competitividade com foco totalmente interno, ou

seja, voltada ainda para a redução de custos ou melhoria nos processos de cada

empresa.

O ponto chave deste trabalho é a cooperação como fator de

competitividade. Seja através do agrupamento de empresas em um APL, seja

através da utilização de sistemas colaborativos interorganizacionais.

Não foi evidenciado nenhum tipo de colaboração entre as empresas

pesquisadas. O APL também não possui um SII, apenas algumas empresas o

utilizam interligando-se às instituições financeiras.

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No que tange ao estágio de evolução do APL, percebe-se que os

relacionamentos ainda estão começando a se consolidar, o que enquadra o APL da

carcinicultura no estágio de Pré-APL.

Como conclusão final tem-se que a questão da pesquisa e os objetivos

foram atingidos. A questão desta pesquisa pode respondida da seguinte forma: a

tecnologia da informação ainda não pode ser considerada como fator de

competitividade para as empresas que compõem o APL da carcinicultura.

Ficam então as seguintes questões: será que é realmente necessário

para as empresas locais fazerem uso destes recursos tecnológicos e de gestão? Ou

ainda: Será que a classe empresarial e as empresas locais estão tão defasadas se

comparando a outros Estados do Brasil? Para finalizar: se este estudo fosse

realizado em APLs do Sul ou Sudeste teria o mesmo resultado?

Na verdade estes questionamentos são resultantes das principais

limitações encontradas ao longo do desenvolvimento desta pesquisa. Outras

limitações encontradas foram: a inexistência de estudos com este mesmo fim, a

dificuldade de coletar dados junto às empresas e a defasagem das empresas locais

em termos de utilização da tecnologia da informação.

Para finalizar, este estudo deixa algumas recomendações:

Inicialmente, recomenda-se que sejam realizados outros estudos com

este mesmo corte, ou seja, com esta mesma temática e enfoque, até como forma de

comprovar as indagações anteriores. Os APLs estão sendo cada vez mais

pesquisados, mas estes estudos também devem ser realizados aqui no Estado,

onde encontram-se APLs em estágio de desenvolvimento mais avançado que o APL

da carcinicultura.

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83

No que tange às empresas pesquisadas, recomenda-se que estas

participem ativamente do APL como forma de alavancar as suas transações

comerciais, especialmente as pequenas que parecem situar-se à margem das

demais empresas estudadas.

Sobre a utilização da TI, recomenda-se que as empresas se estruturem

inicialmente internamente, com a utilização de softwares, ERPs, internet e comércio

eletrônico, considerando estas etapas, ou seja, as empresas que utilizam planilhas

ou não utilizam TI adquiram softwares, se possível integrados até as empresas que

já utilizam TI e internet que elas possam se inserir no comércio eletrônico.

O APL deve também buscar a sua integração via sistema através de um

SII. Recomenda-se a utilização de um sistema de gerenciamento da cadeia de

suprimentos.

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APÊNDICE – QUESTIONÁRIO.

Pesquisa aplicada ao cluster da carcinicultura no Rio Grande do Norte

A EMPRESA

Nome:

Endereço: Tamanho daEmpresa: Pequena Média GrandeA quantidade produzida corresponde ao queestá sendo vendido? Sim Não

A Venda é: Totalmente destinada ao mercado

local Em parte local, mas também destinada a outros

Estados

Parte da Produção é exportada Outro:

Existe alguma certificação de qualidade? Não Sim. Qual? O ENTREVISTADO

Nome: Cargo:

Grau de Instrução:

Segundo Grau Incompleto Superior Completo

Segundo Grau Completo Pós-Graduação

Superior Incompleto Outro: QUESTÕES GERAIS RELATIVAS À COMPETITIVIDADE E AO APL

A sua empresa percebe o APL (um aglomerado de empresas que colaboram e competem entre si embusca de um objetivo único: a sustentabilidade no mercado) da carcinicultura como um elemento quemelhora a competitividade da sua empresa?

Essa competitividade é percebida em função da:

Cooperação entre empresas Abertura do mercado e acesso a clientes externos

Redução nos custos dos insumos Maior proximidade das mudanças no mercado Presença de fornecedores capazes Outro:

A sua empresa realizou alguma atividade em conjunto com outrasempresas do APL nos últimos seis meses? Sim NãoCaso afirmativo, em que área?

Fabricação (exceto terceirização) Ações para melhoria do produto ou processo

produtivo

Compra de matéria-prima e insumos Ações para a melhoria da gestão

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Uso de máquinas e equipamentos Ações para o desenvolvimento local Comercialização Nacional e

Internacional Acesso a créditos

Outro: Alguma entidade pertencente ao APL foi procurada por esta empresarecentemente? Sim Não.

Qual? Instituto de pesquisa e centros de

tecnologia Órgãos do Governo

Bancos Outro: A empresa teve acesso a algum desses serviços acima mencionados fora do APL? Por quê?

QUESTÕES RELATIVAS AO USO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃOA tecnologia da informação (entendida como conjunto de métodos e ferramentas utilizadas paramelhor gerenciar e utilizar as informações dentro da empresa) existente contribui para o aumento dacompetitividade nesta empresa? De que forma?

As atividades abaixo citadas são manuais ou utilizam TI nesta empresa?Controles financeiros (contas apagar/receber, etc.) Manual Utilizam TIProdução (estoque de matéria-prima, produtoacabado, etc.) Manual Utilizam TI

Administrativos (compras, pessoal, etc.) Manual Utilizam TI

Vendas (emissão de pedidos, etc.) Manual Utilizam TICaso haja alguma atividade que utiliza TI, são utilizados alguns softwares específicos ou essecontrole é realizado em planilhas? Se existe software, qual (is)?

A empresa teve acesso a algum recurso tecnológico nos últimos meses (máquinas, hardware,software, etc.)?

Não Sim. QuaI(is)?

Os sistemas internos são integrados (diversas atividades em um mesmo banco de dados e software)dentro da empresa?

Não Sim. QuaI(is)?

Nos sistemas, existe alguma integração para outras empresas ou outros elos da cadeia comoinstituições de crédito, instituições de apoio a pesquisa, governo ou outras organizações?

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Caso afirmativo como é ocorre essa integração?

Se não existir integração nos sistemas, como se dá o processo de troca de informações?

Telefone/Fax Correspondências

E-mail Encontros periódicos

Outro: Como a empresa se comunica com as outras empresas que fazem parte do APL? Existe algum meioeletrônico de troca de informações?

Quais recursos de divulgação que a empresa utiliza? Website Feiras e exposições Mídia Impressa Catálogo Impresso TV Outro:

A empresa possui website? Sim Não.Realiza alguma operação de compra e venda, ou de transferência eletrônica de dados pela Internet?

Não Sim. QuaI(is)?

Quais destas ações não utilizam TI na sua empresa?

Gerenciamento da Produção Controles Financeiros

Controle de Estoques Compras

Gestão de Pessoal Vendas e Marketing

Logística Outro: _____________________________________Caso algum processo já esteja utilizando a TI, você percebe algum benefício?

Existe cooperação entre as empresas que fazem parte do APL? Como é feito esse processo?

Existe alguma forma de integração dos sistemas de sua empresa com as demais empresas quefazem parte do APL?

Como se dá o acesso às demais empresas que fazem parte do APL: fornecedores, bancos, órgãosdo governo? Existe alguma forma de comunicação via sistema integrado, e-mail ou esse acesso sedá por meio de encontros presenciais/telefônicos?