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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES ALLISSON BATISTA DA SILVA A RELAÇÃO E O COMPORTAMENTO DAS TRIBOS URBANAS NO CONTEXTO ESCOLAR CAMPINA GRANDE PB 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO FUNDAMENTOS DA

EDUCAÇÃO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

INTERDISCIPLINARES

ALLISSON BATISTA DA SILVA

A RELAÇÃO E O COMPORTAMENTO DAS TRIBOS

URBANAS NO CONTEXTO ESCOLAR

CAMPINA GRANDE – PB

2014

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ALLISSON BATISTA DA SILVA

A RELAÇÃO E O COMPORTAMENTO DAS TRIBOS

URBANAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização Fundamentos da Educação:

Práticas Pedagógicas Interdisciplinares da

Universidade Estadual da Paraíba, em

convênio com a Secretaria Estadual de

Educação do Estado da Paraíba, em

cumprimento à exigência para obtenção do

grau de especialista.

Orientador: Alex da Silva

CAMPINA GRANDE – PB

2014

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Dedico este trabalho ao meu pai Martinho (In Memoriam) e a

minha mãe Maria da Paz.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela esperança que me tocou para seguir em frente quando a batalha

parecia difícil demais e a vida me aprontava mais uma peça.

Ao orientador Alex da Silva, por aceitar o desafio de me acompanhar em um percurso

que lhe era desconhecido; e depositar em mim a confiança necessária que me fez crescer

ainda mais na vida acadêmica.

Aos professores e professoras das disciplinas do curso da especialização.

Agradeço, por tanta coisa que não cabe em palavras, aos meus pais Martinho (In

Memoriam) e Maria da Paz, e também a minhas irmãs Anuska, Alianna, minha família,

sempre presente e muito amada.

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Eu tenho o maior medo desse negócio de ser normal.

John Lennon

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R E S U M O

Tribos urbanas são fenômenos sociais formadas por pequenos grupos sociais estruturados por

indivíduos em sua maioria jovens e adolescentes, que compartilham de comportamentos e

ideologias comuns, caracterizados pela procura de identidade, valorização individual,

aceitação social e novas formas de expressão. O presente trabalho tem como objetivo verificar

se participar de tal tribo pode contribuir para melhorar as notas e a freqüência desses alunos.

O trabalho foi realizado por meio da aplicação de questionários a 22 alunos de uma escola

estadual no município de Campina Grande-PB, caracterizando-se como uma pesquisa

aplicada. No estudo percebeu-se que 59% desses alunos costumam se reunir em grupo para

estudar algum assunto abordado em sala de aula. Desses alunos apenas 36% não se

relacionam com pessoas que não são roqueiros. Um ponto de destaque é a disciplina que eles

mais acham interessante é a de história. Outro dado encontrado foi que as disciplinas que

estes alunos mais se identificam e que faz com se crie um grande elo de ligação entre esses

alunos e a disciplina foram as de filosofia e de história. Como se sabe atualmente todas as

tribos possui a informática como uma forte aliada para permitir ampliar os espaços

geográficos e permitir uma comunicação coletiva mais frequente. Sendo assim não seria

diferente com a tribo roqueira pesquisa com o qual se constatou que 86% dos alunos

pesquisados utilizam tecnologia para favorecer a comunicação quando decidem estudar

determinado assunto abordado em sala de aula. Por fim, constatou-se que 5% desses alunos

costumam faltar à escola por influência de determinados amigos, como também 18%

enfatizam que esta influencia pode também influenciar na falta à escola. Sendo isto um fato

preocupante entre os estudiosos e que deve ser estudado como forma de se criar mecanismos

que evitem tal prática.

PALAVRAS-CHAVE: Roqueiros. Tribos urbanas. Tecnologia.

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A B S T R A C T

Urban tribes are social phenomena formed by small social groups structured by individuals

mostly young people and teenagers, who share common behaviors and ideologies,

characterized by the search for identity, individual development, social acceptance and new

forms of expression. This study aims to determine if participating in such a tribe may

contribute to improve grades and attendance of these students. The study was conducted

through questionnaires to 22 students at a state school in the city of Campina Grande-PB,

characterized as applied research. In the study it was noticed that 59% of these students often

gather in groups to study any subject covered in the classroom. Only 36% of these students do

not relate to people who are not rockers. One highlight is the discipline that they find most

interesting is the history. Another finding was that the subjects that these students most

identify with and that makes it create a great link between these students and discipline were

the philosophy and history. As it currently knows all tribes have the computer as a strong ally

to allow larger geographical spaces and allow more frequent collective communication. So it

would be no different with the rocker tribe research with which it was found that 86% of

students surveyed use technology to promote communication when deciding to study

particular subject addressed in the classroom. Finally, it was found that 5% of these students

often miss school because of the influence of certain friends, as well as 18% emphasize that

this influence can also influence the misses school. Since this is a worrying fact among

scholars and should be studied as a way to create mechanisms that prevent such practice.

KEYWORDS: Rockers. Urban tribes. Technology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Características gerais dos roqueiros .......................................................................17

Figura 2 – Características dos roqueiros ..................................................................................19

Figura 3 – Metodologia ............................................................................................................26

Figura 4 – Estudo em grupo .....................................................................................................27

Figura 5 – Estudo em grupo com pessoas não roqueiras .........................................................27

Figura 6 – Falta à escola por influência de amigos ..................................................................29

Figura 7 – A tecnologia nos estudos ........................................................................................30

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Disciplinas Interessantes .......................................................................................28

Quadro 2 – Identificação dos alunos com as disciplinas .........................................................28

Quadro 3 – Disciplina e as práticas dos roqueiros ...................................................................29

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LISTA DE SIGLAS

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14

2 TRIBOS URBANAS E SUAS CARACTERÍSTICAS .............................................. 16

2.1 Roqueiros e suas Características..................................................................................... 18

2.2 As tribos urbanas roqueiras e a tecnologia ..................................................................... 20

3 A EDUCAÇÃO E AS TRIBOS URBANAS ROQUEIRAS ...................................... 23

3.1 Perspectivas históricas dos roqueiros na escola pública ................................................. 24

4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 26

5 UM ESTUDO EM UMA ESCOLA ESTADUAL NO MUNICIPIO DE CAMPINA

GRANDE-PB ......................................................................................................................... 27

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 31

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 32

APÊNDICES ......................................................................................................................... 34

APÊNDICE A – Questionário ................................................................................................ 34

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1. INTRODUÇÃO

Durante o século XX foi desencadeado ainda mais o processo de urbanização no

Brasil. Ao verificar os censos de 2000 e o de 2010 é possível verificar que este processo de

urbanização está cada vez mais intenso (BROTTO, 2013). No censo de 2000, 81% dos

brasileiros viviam em áreas urbanizadas, já no censo realizado em 2010 subiu para 84%.

Ainda de acordo com Brotto (2013) em meio a estas pessoas, encontram-se aquelas,

que ao buscarem se diferenciar das demais, identificam-se com seus pares, reunindo-se em

grupos que partilham peculiaridades comportamentais e estéticas. O sociólogo Michel

Maffesoli utilizou a metáfora “tribos urbanas” para identificar essas formas de associação

entre indivíduos na sociedade denominada pós-moderna.

Essas tribos urbanas são fenômenos sociais formadas por pequenos grupos sociais

estruturados por indivíduos em sua maioria jovens e adolescentes, que compartilham de

comportamentos e ideologias comuns, caracterizados pela procura de identidade, valorização

individual, aceitação social e novas formas de expressão (SANTOS, 2011).

Nesse contexto ao realizar uma análise sociológica sobre o caso permite-nos observar

e destacar a importância da sociabilidade juvenil a partir de instituições tradicionais como

escola, igreja, família, etc., mas também de formas contemporâneas de agrupamentos como as

torcidas organizadas, os punks, darks, nerds, os roqueiros, entre outros. Como em qualquer

outro agrupamento, também os grupos de jovens se formam por adesão a ideais artísticos,

políticos, religiosos, etc. Essa adesão ocorre no esforço de se diferenciar de outras gerações,

mas também de expressar individualidades (DIAS; MARCHI, 2012). O problema neste

contexto é verificar como é possível averiguar os comportamentos dos alunos que fazem parte

de alguma destas tribos e verificar se isso contribui ou não para o andamento deles no

ambiente escolar.

Atualmente essas tribos possuem a informática como uma forte aliada para permitir

ampliar os espaços geográficos e permitir uma comunicação coletiva mais frequente

(SCHLEMMER, 2010). Sendo esta utilizada para os mais diversos fins, podendo ser utilizada

tanto para facilitar a comunicação entre os indivíduos de uma tribo urbana ou entre as diversas

tribos. Além disso, pode-se utilizar o ambiente virtual proporcionado pelo uso efetivo da

informática para ampliar os horizontes da sala de aula tanto com atividades culturais para

difundir a importância da diversidade cultural no ambiente escolar, mostrando de tal forma os

comportamentos e as ideologias de cada tribo presente no ambiente escolar.

Outro ponto de destaque para estudarmos os comportamentos de tribos urbanas no

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ambiente escolar e proporcionar meios de difundir essas culturas para toda a comunidade

escolar é cumprir o que é sugerido pelos PCN.

De acordo com PCN (2014) é primordial debater nos ambientes escolares o tema

pluralidade cultural, como forma de valorizar as diversas culturas presentes no Brasil e

propiciar ao aluno a compreensão de seu próprio valor, como também promover sua auto-

estima como ser humano pleno de dignidade, cooperando na formação de autodefesas a

expectativas indevidas que lhe poderiam ser prejudiciais.

Ainda de acordo com os PCN (2014) a escola deve criar formas de relação social e

interpessoal entre as diversas culturas existentes nestes ambientes, por meio da interação,

posicionando-se de forma crítica e responsável diante da situação.

Ao verificar-se a importância de se discutir sobre a pluralidade cultural no ambiente

escolar e ao constatar a presença forte de tribos urbanas nos diversos ambientes escolares

realizou-se uma pesquisa com os envolvidos em uma tribo urbana de roqueiros presentes em

uma escola estadual localizada em Campina Grande-PB objetivando verificar se participar de

tal tribo pode contribuir para melhorar as notas e a frequência desses alunos.

Dentro deste contexto, o presente trabalho tem como objetivos específicos:

a) Estudar os conceitos e as características das tribos urbanas, com destaque para os

roqueiros;

b) Verificar as redes sociais que possibilita a comunicação entre os envolvidos desta tribo;

c) Realizar uma pesquisa prática em uma Escola Estadual em Campina Grande-PB.

Por fim, o trabalho organiza-se da seguinte forma: No 2º capítulo abordam-se os

conceitos e as características das tribos urbanas, mas especificamente as dos roqueiros. No 3º

capítulo a participação das tribos urbanas roqueiras na Educação e suas perspectivas

históricas. No 4º capítulo discute-se a metodologia. No 5º capítulo apresenta-se o estudo

realizado em uma escola estadual localizada no município de Campina Grande-PB. No 6º e

último capítulo as considerações finais da pesquisa.

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2. TRIBOS URBANAS E SUAS CARACTERÍSTICAS

O termo “tribo” é aplicado para caracterizar formações sociais detentoras de uma forte

identidade cultural, organizadas a partir de corporações de pessoas que compartilham, de

forma biológica ou simbólica, uma ligação de parentesco advinda de um ancestral comum,

podendo este ser natural ou estipulado simbolicamente (SANTOS, 2011).

Nos últimos anos a denominação de tribos urbanas termo de fácil circulação na mídia

foi proferida ao termo gangue, considerado com uma carga negativa e de difícil aceitação

devido ao estereótipo negativo ligado a ele. O jovem que pertence a uma gangue é

normalmente tido como adepto da violência, ligado em atividades ilícitas, drogado, etc. Já a

denominação tribos urbanas, de uso corrente na mídia, em geral, acentua ideologicamente o

aspecto estético, grupal e o fato de seus membros identificarem entre si e se diferenciarem das

demais tribos pela adoção de um determinado tipo de musica, estilo de vida, roupas, corte de

cabelo, tatuagens, entre outras (PAIS; BLASS, 2004).

De acordo com Pais e Blass (ibdem) tribos urbanas traduzem uma notável capacidade

de criar etiquetas. Este processo de etiquetagem origina realidades representacionais,

discursivas, mitificadas (idem), como é o caso dos roqueiros que são os objetos de estudo

deste trabalho.

É primordial ressaltar que a noção de tribalismo urbano está para a condição de

metáfora e não de categoria, visando compreender todas as características constitutivas dessas

novas formas de cooptações entre indivíduos dentro da sociedade. Frente a um contexto social

complexo e de crescente impessoalidade, as tribos urbanas representam a materialização do

anseio essencial dos sujeitos pela vivência e a experiência do estar em coletividade, mesmo

que não esteja fundamentada historicamente pelo tempo ou possua um mito particular sobre a

sua criação. O tribalismo como fenômeno social, não compreende unicamente a uma nova ou

diferente forma de agrupamento de indivíduos na sociedade (SANTOS, 2011).

Se os indivíduos que integram tribos urbanas se distanciam de determinados padrões

sociais, não é propriamente com o objetivo de se isolarem de tudo o que os rodeia, mas para

se reencontrarem com grupos de referencia mais próximos dos seus ideais. O que a metáfora

da tribo sugere é a emergência de novas formações sociais que decorrem de algum tipo de

reagrupamento entre quem, não obstante as suas diferenças, procura uma proximidade com

outros que, de alguma forma, lhe são semelhantes de acordo com o principio (PAIS; BLASS,

2004).

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Na tribo urbana dos roqueiros, por exemplo, eles se distanciam de determinadas

pessoas por não se unirem aos seus padrões sociais que são vários dentre eles: vestir roupas

pretas, utilizar de maquiagem forte, escutar músicas pesadas como o heave metal.

Figura 1 – Características gerais dos roqueiros

Fonte: O autor (2014).

É nas formas de sociabilidade que devemos pensar quando falamos de tribos urbanas,

sociabilidades que se orientam por normas auto-referenciais de natureza estética e ética e que

assentam na produção de vínculos identitarios (PAIS; BLASS, 2004).

Diante deste contexto, as tribos urbanas não podem ser caracterizadas como fenômeno

exclusivamente vinculado a juventude, pois é comum a presença ativa de indivíduos que já

estão na fase adulta. Este fenômeno das tribos pode não apenas ser de um todo observado no

universo jovem, porém é neste universo que ele mais se perpetua (SANTOS, 2011).

O autor supracitado relata ainda que o surgimento de novas formações tribais não

cessa devido à volatilidade desse fenômeno que é apenas uma questão de tempo que, em

determinados espaços urbanos, novas tribos venha surgir, geradas a partir de novos ideários e

expressões sociais, ou ainda como resultado da mutação de uma tribo urbana já existente. Que

impulsionadas pelo atual e crescente avanço das tecnologias da comunicação e informação, no

que se refere também à acessibilidade a estes, rapidamente poderiam ser encontradas em

outros centros urbanos (ibdem).

Com a internet, essa aproximação é significativamente maior. Qualquer informação

divulgada na rede normalmente tem espaço na mesma página para opinião e que pode ser

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publicada, mesmo sem a permissão do autor. Esse é o caso de fotos ou posts publicados em

redes sociais, vídeos, blogs, fotoblogs... E quando não há espaço na mesma página para a

participação, os leitores utilizam outros meios dentro da mesma rede para se expressar. Por

exemplo, páginas de empresas, instituições etc. que não possuem espaço em suas páginas na

rede para a expressão pública de seus leitores, esses buscam outras páginas para expressarem

suas opiniões. Estamos diante de uma diversidade de signos que nos solicita capacidades

múltiplas e diferentes de leituras (SANTOS et al., 2014).

Com esse grande avanço da informática nos últimos anos é possível notar o

surgimento de novas formações tribais.

2.1 Roqueiros e suas características

A música, para algumas tribos tais como as dos roqueiros, é o elo entre os indivíduos e a

sociedade em que vivem (TARTARI; BAHR, 2014).

Ainda de acordo com Tartari e Bahr (2014) o rock sempre esteve associado

diretamente com a juventude (fase da vida em que os conflitos são constantes) e com a noção

de transgressão. O rock pressupõe a troca, ou melhor, a integração do conjunto ou do

vocalista com o público, procurando estimulá-lo a sair de sua convencional passividade

perante os fatos.

Estes fatos explicam o motivo de ser cada vez mais freqüente nos depararmos com

essa tribo no ambiente escolar, já que grande parte dos estudantes são jovens que buscam cada

vez se unirem a sociedade.

De acordo com Rochedo (2013) os principais marcos identificáveis da história do rock

internacional são divididos em cinco momentos, a saber:

a) 1940-1950 surge o gênero musical de origem negra;

b) 1954-1955, com a explosão de rock and roll clássico;

c) 1963-1964 com a invasão inglesa;

d) 1967-1972, conhecido como a era de ouro (o amadurecimento sincrônico de artistas de

vários gêneros, incluindo a primeira invasão inglesa e a ascensão dos reis da guitarra);

e) 1968-1969 com a explosão hard rock;

f) e por último de 1975-1977 com a explosão punk.

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A expansão desse gênero não cessou e segue percorrendo o mundo desde a década de

60 do século passado, utilizando o riso e as representações grotescas como meio de oposição

às forças mantenedoras da ordem pública. Hoje, o Brasil constitui-se em um dos principais

mercados dessa atitude musical (FIORI, CONTANI; 2014).

No mundo contemporâneo os temas mais discutidos nas músicas desse tipo de gênero

musical são infinitos, dentre eles, aborto, suicídio, morte, religiosidade, guerras

(MARCHIORO, 2014).

Nos dias atuais o roqueiro, de maneira generalista, trata-se de um indivíduo com

ampla capacidade de análise crítica, possuem conhecimento nas mais diversas áreas de estudo

e costuma manter-se atualizado com os acontecimentos da sociedade em que vive. A postura

de transgressão herdada das primeiras gerações da música em questão manteve-se no grupo

analisado, mas de maneira simbólica: roupas pretas, com bandas estampadas, all-star e

coturnos, cabelos compridos e com visual despojado (TARTARI; BAHR, 2014). Além disso,

Albuquerque (2013) relata que eles também utilizam botas, sobretudos, maquiagem pesada e

adornos metálicos (pulseiras, anéis, crucifixos enormes, alargadores e piercings), grande parte

destas características podem serem visualizadas na Figura 2.

Figura 2 – Características dos roqueiros

Fonte: O autor (2014).

Outra característica importante destes grupos é que eles são formados em média por

pessoas de 15 a 35 anos e em sua maioria são homens (NESS; VOLKEMA, 2001).

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De acordo com Marchioro (2014) alguns desses alunos que comumente no colégio são

classificados como “roqueiros”, demonstram, de forma geral, extremo apreço de ostentação

por símbolos ligados a morte. Segundo ele isso acontece, pois o Rock é uma música que

manifesta em sua essência a vontade de mudar a ordem do mundo.

Diante deste contexto resta-nos aceitar essa cultura e valoriza-la mesmo que não

sejamos adeptos dela. Afinal cada ser segue e participa da cultura que desejar e que achar

mais conveniente.

2.2 As tribos urbanas roqueiras e a tecnologia

O ser humano tem a tendência de agrupar-se, ou seja, viver em comunidade,

constituindo, desse modo, uma convivência que possibilita o compartilhamento de

informações e experiências, as quais se tornam essenciais ao indivíduo. Tal prática fortalece

os mesmos (BALANCIERI, 2010) como também permite a criação das mais variadas tribos

urbanas.

O surgimento da Web 2.0 na década de 80 possibilitou que essa interação entre os

indivíduos ocorresse de forma simultânea, envolvendo os mais diversos tipos de pessoas e

estabelecendo entre eles uma ligação que permitiu criar valores comuns, identificando-os

como uma equipe (SCHONS; RIBEIRO; BATTISTI, 2008), este fato possibilitou ainda mais

a criação de tribos urbanas, dentre elas as dos roqueiros.

Atualmente a Web 2.0, com suas possibilidades de interação entre os indivíduos, está

sendo utilizada para os mais diversos fins, dentre eles, como iniciativa para potencializar a

prática pedagógica e propiciar à formação de redes de ensino e de aprendizagem (BRITO et

al, 2010) facilitando o debate sobre pluralidade cultural no ambiente escolar, que é primordial

nos ambientes escolares segundo o PCN (2014).

Segundo o PCN (2014) este debate é importante como forma de valorizar as diversas

culturas presentes no Brasil e propiciar ao aluno a compreensão de seu próprio valor, como

também promover sua auto-estima como ser humano pleno de dignidade, cooperando na

formação de autodefesas a expectativas indevidas que lhe poderiam ser prejudiciais.

Ainda de acordo com os PCN (2014) a escola deve criar formas de relação social e

interpessoal entre as diversas culturas existentes nestes ambientes, por meio da interação,

posicionando-se de forma crítica e responsável diante da situação.

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Diante deste acontecimento podemos observar como foi primordial o surgimento da

Web 2.0 e junto com este fato a criação de redes sociais online devido ao avanço da

tecnologia nas últimas décadas.

A sociedade está mudando em um ritmo cada vez mais acelerado por causa dos

avanços dessas novas tecnologias (SANTOS; SANTOS, 2014).

Diante do contexto de transformações que envolvem a globalização, como o

surgimento das novas tecnologias e à intensificação de desigualdades sociais e econômicas, a

sociedade naturalmente é chamada a reestruturar-se, (JUNIOR; FERREIRA, 2008)

descobrindo novas formas de se relacionarem.

Dentre estes fatos a convivência em uma tribo urbana deve permitir aos integrantes

compartilhar experiências, visões e opiniões semelhantes, como também partilhar sentimentos

e sensação de pertencimento, possibilitando, então, um processo de crescimento ao indivíduo

(SERRÃO, 2013).

Além disso, fica evidente que não restam dúvidas de que dada a facilidade da

portabilidade das mídias eletrônicas (telefone celular, Ipods, etc.) os jovens pertencentes às

diversas tribos urbanas existentes atualmente e com destaque para as roqueiras, que é objeto

de estudo deste trabalho, escutam música (quase o tempo todo) e essa escuta é mediada pela

tecnologia, independentemente da classe social ao qual pertencem (SILVA, 2014).

Sendo então indiscutivelmente, concordar com Barreto (2014) que as tecnologias da

rede apresentam-se cada vez mais como aliadas do processo ensino-aprendizagem e de

comunicação entre os seres.

Outro ponto importante a ser considerado neste contexto é que existência social no

mundo pós-moderno depende de nossa conexão em uma rede que, ao se relacionar com outra

rede, constitua uma teia, resultando em outras redes de relações. Sendo estas redes são

estruturas comunicativas na vida social (COGO; BERNARDES, 2014).

Ainda de acordo com os autores supracitados, a virtualidade é, no mundo juvenil, parte

indissociável das vivências de sociabilidade e de construção de identidades, e o lugar onde

podem afirmar a sua existência para o outro (idem).

Assim sendo, explica-se o fato dos jovens estarem cada vez mais conectados a este

mundo virtual. De acordo com Magro (2003) as culturas desses jovens têm-se constituído

como um fenômeno globalizado sobre o qual as avançadas tecnologias de comunicação têm

exercido o papel de aumentar a sua complexidade e acelerar o seu processo.

No entanto, o autor ainda afirma que embora concordando com a premissa de que a

mídia cria uma identidade transnacional em nível simbólico, isso não quer dizer que cada

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cultura juvenil se manifeste da mesma forma em todo o mundo. O uso da mídia está em

função também das diferenças culturais e individuais, das oportunidades econômicas, do

contexto sociopolítico, promovendo diferenças locais e regionais das culturas juvenis.

Portanto, ao considerarmos como objeto de estudo os jovens roqueiros devemos levar

em consideração não só nosso objeto de estudo como também o espaço físico que ocupam

pois, determinadas características podem mudar de região para região. Um fato que é presente

na região Nordeste pode não ser presente na região Sul e assim sucessivamente.

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3. A EDUCAÇÃO E AS TRIBOS URBANAS ROQUEIRAS

As culturas juvenis são formações que se desenvolvem a partir da necessidade de

adolescentes e jovens de se posicionarem no mundo e colocarem suas questões diante da

realidade com a qual se depara (MAGRO, 2003), isto acontece principalmente no ambiente

escolar, onde existem grupos bastante variados e de diversas classes sociais.

Todavia, com todos os limites dados pelo lugar social que ocupam, não podemos

esquecer o aparente óbvio: eles são jovens, amam, sofrem, divertem-se, pensam a respeito das

suas condições e de suas experiências de vida, posicionam-se diante dela, possuem desejos e

propostas de melhorias de vida. Na trajetória de vida desses jovens, a dimensão simbólica e

expressiva tem sido cada vez mais utilizada como forma de comunicação e de um

posicionamento diante de si mesmos e da sociedade (DAYRELL, 2007).

Neste contexto, as culturas juvenis, criadas do intercruzamento de lazer, consumo,

arte, cultura e mídia, delimitam espaços onde grupos de jovens constroem estilos próprios e

específicos para diversão e ação social, por meio de linguagens, roupas, música, símbolos,

que os distinguem um dos outros e de diferentes grupos etários (MAGRO, 2003).

Diante deste cenário, Cogo e Bernardes (2014) acreditam que os jovens se expressam

culturalmente de diversas formas como consumidores dos bens culturais, mas também como

(re)criadores das próprias expressões, hábitos e atitudes.

Ainda no mundo contemporâneo o entendimento destas culturas juvenis é perpassado

pela premissa de que os adolescentes e jovens que dela participam estão inseridos numa fase

de transição, caracterizada por “tempestades e tormentas”, como um período de “crise de

identidade” e “moratória psicossocial”, na qual há intensos conflitos emocionais, lutos e

perdas relativas à infância (MAGRO, 2003).

Diante destes fatos explica-se o porquê da existência de diversas tribos na atualidade,

como também que o pertencer a uma determinada também estar relacionado à sua vida

durante a infância.

Portanto, a tendência para formação de grupos na adolescência é analisada, como uma

crise relacionada à procura por novas identificações, diferentes daquelas acontecidas durante a

infância, que transmitiriam ao ego uma vivência de poder através do grupo, por meio da

criação de atitudes, símbolos, modas, atividades, estilos, linguagens; que os

instrumentalizariam para a formação de sua identidade pessoal e sua chegada à idade madura

(MAGRO, 2003).

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Com isso parece que o mundo da cultura aparece como um espaço privilegiado de

práticas, representações, símbolos e rituais, no qual os jovens buscam demarcar uma

identidade juvenil. Longe dos olhares dos pais, educadores ou patrões, mas sempre os tendo

como referência, os jovens constituem culturas juvenis que lhes dão uma identidade como

jovens. Estas culturas, como expressões simbólicas da sua condição, manifestam-se na

diversidade em que esta se constitui, ganhando visibilidade por meio dos mais diferentes

estilos, que têm no corpo e seu visual uma das suas marcas distintivas. Jovens ostentam os

seus corpos e, neles, as roupas, as tatuagens, os piercings, os brincos, dizendo da adesão a um

determinado estilo, demarcando identidades individuais e coletivas, além de sinalizar um

status social almejado. Ganha relevância também a ostentação dos aparelhos eletrônicos,

principalmente o MP3 e o celular, cujo impacto no cotidiano juvenil precisa ser mais

pesquisado (DAYRELL, 2007).

Ficando então cada vez mais evidente a busca dos jovens para conseguirem limitar sua

identidade.

3.1 Perspectivas históricas dos roqueiros na escola pública

No período dos anos 60 até meados da década de 70 surgem diversos grupos juvenis

que se reúnem em torno de lazer, consumo, violência e criação de novas alternativas de vida,

sexualidade e política. Uma grande complexidade, fundada em diferentes manifestações e

estilos de cada um desses grupos, cria um grande mosaico de culturas juvenis, formado por

gangues, que se envolviam com a criminalidade e disputas territoriais, e também por

roqueiros, que construíam um estilo baseado no lazer e diversão em torno da música; e

também pelos hippies, punks e skinheads, que constituíam estilos artísticos e culturais com

postura política e reivindicatória própria no espaço social (MAGRO, 2003).

Ainda de acordo com Magro (2003) o surgimento de uma multiplicidade de culturas

juvenis foi progressivamente acelerado na década de 80 e 90, especialmente devido ao papel

dos meios de comunicação de massa, tornando a sociedade contemporânea em um território

globalizado onde “tribos” de adolescentes e jovens ainda se multiplicam e outras se mantêm,

com estilos, ideologias, objetivos às vezes comuns, às vezes divergentes (MAGRO, 2003).

De acordo com Dayrell (2007) apartir da década de 90, as escolas públicas passam

então a receber um contingente cada vez mais heterogêneo de alunos, marcados pelo contexto

de uma sociedade desigual, com altos índices de pobreza e violência, que delimitam os

horizontes possíveis de ação dos jovens na sua relação com a escola. Esses jovens trazem

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consigo para o interior da escola os conflitos e contradições de uma estrutura social

excludente, interferindo nas suas trajetórias escolares e colocando novos desafios à escola.

Permitindo então no ambiente escolar a criação de diversas tribos dentre elas as dos roqueiros.

Embora o tema do desvio e delinqüência não sejam tão centrais se relacionados

a estes ambientes escolares, em muitos estudos esses grupos são avaliados como um problema

social, como um reflexo da “revolta adolescente”, imaturidade, e mal-estar próprio da idade;

outras análises os vêem de forma positiva, como uma juventude utópica, inovadora e idealista,

especialmente quando o foco são os movimentos estudantis (MAGRO, 2003).

Assim sendo, foi nos anos da década de 90 que alavancou a criação das diversas tribos

urbanas no contexto escolar.

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4. METODOLOGIA

A partir do momento em que se observou a relação de identidade das tribos urbanas

roqueiras no ambiente escolar. Pensou-se então em estudar este tipo de tribo em uma escola

estadual no município de Campina Grande-PB.

Além disso, outro ponto que motivou esta pesquisa foi verificar que muitas vezes as

pessoas que fazem parte deste tipo de tribo são vítimas de bullying e de discriminação.

Dentro deste contexto, o presente trabalho trata-se de uma pesquisa aplicada. A figura

03 mostra esta relação entre os conteúdos.

Figura 3 – Metodologia

Fonte: O autor (2014).

Após esse estudo foi realizada uma pesquisa aplicada em uma escola estadual no

município de Campina Grande-PB.

Esta pesquisa será realizada por meio da aplicação de questionários a 22 alunos desta

tribo.

Esta pesquisa se classifica mediante os seguintes aspectos:

a) quanto ao método de abordagem: dedutivo, tendo em vista que será necessário averiguar as

respostas dos alunos;

b) quanto as técnicas metodológicas: estudo de caso, pois a pesquisa envolve um estudo

profundo e exaustivo aplicado a um ambiente escolar especifico.

Os

roqueiros

Tecnologia

Tribos

urbanas

Escola

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5. UM ESTUDO EM UMA ESCOLA ESTADUAL NO MUNICIPIO DE CAMPINA

GRANDE-PB

O estudo consistiu na aplicação de 22 questionários a alguns alunos de uma Escola

Estadual localizada no município de Campina Grande-PB. O questionário aplicado encontra-

se no Apêndice A.

Ao aplicar os questionários aos alunos, constatou-se que 59% desses alunos costumam

se reunir em grupo para estudar algum assunto abordado em sala de aula, conforme

visualizado na Figura 4.

Figura 4 – Estudo em grupo

Fonte: O autor (2014).

Desses alunos apenas 36% não se relacionam com pessoas que não são roqueiros,

estando de acordo com o que é mostrado na Figura 5.

Figura 5 – Estudo em grupo com pessoas não roqueiras

Fonte: O autor (2014).

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O quadro 1 sintetiza as disciplinas que esses alunos mais sentem prazer em estudar.

Sendo a disciplina de história a que eles mais acham interessante.

Quadro 1 – Disciplinas Interessantes

Disciplinas Interessantes Informática 2

Filosofia 4

História 7

Sociologia 1

Química 1

Geografia 5

Música 3

Nenhuma 1

Álcool e Drogas 1

Matemática 1

Literatura 1

Direito e Ética 2 Fonte: O autor (2014).

O quadro 2 apresenta as disciplinas que estes alunos mais se identificam e que faz com

se crie um grande elo de ligação entre esses alunos e a disciplina. Sendo a disciplina de

filosofia e de história as mais citadas.

Quadro 2 – Identificação dos alunos com as disciplinas

Identificação com as Disciplinas Português 1

História 11

Filosofia 11

Sociologia 4

Biologia 2

Física 3

Geografia 8

Química 3

Direito 3

Inglês 6

Matemática 4

Artes 3 Fonte: O autor (2014).

O quadro 3 exibe as disciplinas que os alunos relacionam a alguma prática deles

enquanto roqueiros.

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Quadro 3 – Disciplina e as práticas dos roqueiros

Disciplinas X Práticas dos roqueiros

Nenhuma 9

História 1

Artes 1

Inglês 6

Filosofia 4

Sociologia 2

Não respondeu 2 Fonte: O autor (2014).

Além disso, pode se confirmar com essa pesquisa que 5% desses alunos costumam

faltar à escola por influência de determinados amigos, como também 18% enfatizam que esta

influencia pode também influenciar na falta à escola. Sendo isto um fato preocupante e que

deve ser estudado como forma de se criar mecanismos que evitem tal prática.

Figura 6 – Falta à escola por influência de amigos

Fonte: O autor (2014).

Outro ponto de destaque que foi evidenciado com esta pesquisa é a tecnologia é uma

forte aliada dessa tribo. Um montante de 86% afirmam categoricamente que utilizam

tecnologia para favorecer a comunicação quando decidem estudar determinado assunto

abordado em sala de aula.

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Figura 7 – A tecnologia nos estudos

Fonte: O autor (2014).

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O termo “tribo” é aplicado por diversos teóricos para caracterizar formações sociais

detentoras de uma forte identidade cultural. Sendo assim, na presente pesquisa, realizou-se um

estudo com uma tribo roqueira que frequenta uma escola estadual no município de Campina

Grande-PB a fim de verificar a relação e o comportamento desta tribo no ambiente escolar.

No estudo percebeu-se que 59% desses alunos costumam se reunir em grupo para

estudar algum assunto abordado em sala de aula. Desses alunos apenas 36% não se

relacionam com pessoas que não são roqueiros.

Um ponto de destaque é a disciplina que eles mais acham interessante é a de história.

Outro dado encontrado foi que as disciplinas que estes alunos mais se identificam e

que faz com se crie um grande elo de ligação entre esses alunos e a disciplina foram as de

filosofia e de história.

Como se sabe atualmente todas as tribos possui a informática como uma forte aliada

para permitir ampliar os espaços geográficos e permitir uma comunicação coletiva mais

frequente. Sendo assim não seria diferente com a tribo roqueira pesquisa com o qual se

constatou que 86% dos alunos pesquisados utilizam tecnologia para favorecer a comunicação

quando decidem estudar determinado assunto abordado em sala de aula.

Por fim, constatou-se que 5% desses alunos costumam faltar à escola por influência de

determinados amigos, como também 18% enfatizam que esta influencia pode também

influenciar na falta à escola. Sendo isto um fato preocupante entre os estudiosos e que deve

ser estudado como forma de se criar mecanismos que evitem tal prática.

Como trabalho complementar é sugerido realizar esta pesquisa também no ambiente

das escolar particulares e municipais.

Seria interessante também adequar o ambiente escolar o mais próximo possível do

proposto nesta pesquisa e posteriormente realizar esta pesquisa a fim de verificar a mudança

no comportamento desta tribo.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário

Caro(a) estudante, este questionário faz parte de uma pesquisa intitulada “A relação e o

comportamento das tribos urbanas no contexto escolar” de conclusão do Curso de

Especialização em “Fundamentos da Educação: Práticas Pedagógicas Interdisciplinares” da

Universidade Estadual da Paraíba, em convênio com Escola de Serviço Público do Estado da

Paraíba, que tem como objetivo verificar se participar de uma tribo roqueira pode contribuir

para melhorar as notas e a frequência no ambiente escolar. O êxito desta pesquisa permitirá a

obtenção do grau de especialista para Allisson Batista da Silva.

Questionário

1 – É comum se reunir em grupo para estudar algum assunto que foi estudado em sala de

aula?

Sim Não

2 – Ao se deparar com alguma dúvida em determinado assunto você costuma procurar ajuda

de algum colega que não faça parte do grupo de roqueiro que você participa?

Sim Não

3 – Se os demais integrantes do grupo ao qual você faz parte faltar à escola, você também

mesmo sem motivo segue o mesmo exemplo?

Sim Não Talvez

4 – A tecnologia favorece a comunicação entre vocês quando decidem estudar determinado

assunto oferecido em sala de aula?

Sim Não Talvez

5 – Qual (is) disciplinas oferecidas vocês se simpatizam mais e sentem prazer em estudar?

Cite-as.

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6 – Dentre as disciplinas citadas na questão anterior alguma delas faz adesão a alguma prática

de vocês como roqueiros, existindo então um grande elo de ligação entre vocês e a disciplina?

Se sim, e se possível citar as características em comum entre vocês dois.

7 – Qual (is) o (s) conteúdo (s) que você considera mais pertinente abordar no ambiente

escolar e que você sentiriam prazer em estudar e se aprofundar cada vez mais no conteúdo de

tal forma que lhe aproxime cada vez mais do ambiente escolar, permitindo então uma maior

presença sua na escola?

Obrigado por sua

colaboração!