trabalho tribos urbanas no ambiente escolar

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2 INTRODUÇÃO O presente trabalho apresentado pelo Grupo ao Professor Ddo. Jean Carlos Moreno tem como finalidade um breve estudo para a elaboração do projeto sobre as Tribos Urbanas. Salientando a questão da(s) identidade(s) na nossa sociedade e mais precisamente os grupos presentes no ambiente escolar. Porém é necessário que voltemos a uma discussão de épocas anteriores que permanecem até os nossos dias; a questão da construção das identidades ao longo da formação de nossa nação até o presente século. Para falar em identidade, recorremos à pesquisa do Professor Ddo. Jean Carlos Moreno acima mencionado. A discussão das identidades é uma questão de intensas problemáticas: para MERCER “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõem como fixo, coerente e estável é deslocada pela experiência da dúvida e da incerteza.” (MERCER 1990 p. 43, Apud MORENO, 2011 p. 3) A identidade de cada sujeito segue um reflexo como a cultura e se forma por um sentimento de pertença, sendo assim está atrelada á formas de representações e símbolos de um determinado grupo humano. “Para Hall, a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia.” (MORENO, 2011 p.5). Para alguns pesquisadores como Stuart Hall, as identidades modernas sofreram um deslocamento ou fragmentação. A ideia de identidade fixada no nascimento foi abandonada.

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O presente trabalho foi desenvolvido na disciplina de Didática da História, abordando a temática das tribos urbanas no ambiente escolar. O trabalho apresentou discussões a respeito do conceito de identidade, e como essa discussão se insere em meio à questão das tribos que se formam dentro do ambiente escolar, essas que buscam se autoafirmarem enquanto grupo, reivindicando características próprias que os levam a se diferenciarem dos demais.

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Page 1: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresentado pelo Grupo ao Professor Ddo. Jean Carlos Moreno

tem como finalidade um breve estudo para a elaboração do projeto sobre as Tribos Urbanas.

Salientando a questão da(s) identidade(s) na nossa sociedade e mais precisamente os grupos

presentes no ambiente escolar.

Porém é necessário que voltemos a uma discussão de épocas anteriores que

permanecem até os nossos dias; a questão da construção das identidades ao longo da

formação de nossa nação até o presente século.

Para falar em identidade, recorremos à pesquisa do Professor Ddo. Jean Carlos

Moreno acima mencionado.

A discussão das identidades é uma questão de intensas problemáticas: para

MERCER “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que

se supõem como fixo, coerente e estável é deslocada pela experiência da dúvida e da

incerteza.” (MERCER 1990 p. 43, Apud MORENO, 2011 p. 3)

A identidade de cada sujeito segue um reflexo como a cultura e se forma por um

sentimento de pertença, sendo assim está atrelada á formas de representações e símbolos de

um determinado grupo humano. “Para Hall, a identidade plenamente unificada, completa,

segura e coerente é uma fantasia.” (MORENO, 2011 p.5).

Para alguns pesquisadores como Stuart Hall, as identidades modernas sofreram um

deslocamento ou fragmentação. A ideia de identidade fixada no nascimento foi abandonada.

Elas deixam de ser compreendidas como entidades fixas, congeladas no tempo e no espaço.

Com isso na Contemporaneidade insurge uma percepção de um individuo com uma

identidade mutável em processo e não mais com uma identidade permanente. Bauman

também coloca a identidade como uma discussão permeada de conflitos, desse modo: “O

campo de Batalha é o lar natural da identidade.” (BAUMAN, 2005, p.83. Apud MORENO

2011, p.6).

As discussões sobre as identidades sempre foram alvos também de pensadores

brasileiros, as intensas analises sobre quem somos foram colocadas como pauta desde o

século XIX.

Em relação às identidades em detrimento da formação da nação, seria como

legitimação de um passado em comum a todos os sujeitos, desde a língua até cultura. Por isso

que, para formação das identidades se volta ao passado, visando que os sujeitos se sintam

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pertencentes a um país. Outro fator preeminente para construção das identidades dos

indivíduos são as construções discursivas e o discurso fundador.

O discurso fundador parte das imagens enunciadas dos discursos que transfiguram o

sem-sentido acrescentando-lhe sentido. “Sejam tratadas como mitos, discursos ou

representações, as narrativas da nação são constantemente presentificadas...” (MORENO,

2011 p. 21). Assim as identidades são construídas por meio da ida ao passado em busca de um

projeto. Na construção da nação algumas concepções marcaram os discursos e deixaram

resquícios que são repassados até os dias atuais. Essas representações estão inseridas em

temáticas como: grandezas naturais, democracia racial e uma sociedade harmônica, pacifica e

ordeira ainda fazem parte do imaginário de muitos cidadãos e repercutem na construção da

identidade. Muitos brasileiros tem orgulho da nação, ao serem feitas quaisquer indagações

sobre os temas relacionados às características naturais, ao povo e o país, as respostas são

quase sempre as mesmas. Um país sem discriminação racial, sem conflitos, povo hospitaleiro,

com liberdade de expressão, opinião, de religião, de democracia, desenvolvimento, com um

povo solidário, trabalhador, unido, cordial.

“Para CHAUÍ a crença na unidade, na identidade e na indivisibilidade da nação e do

povo brasileiro está no campo das representações já consolidadas, assim como o

orgulho do país pela natureza exuberante e a ausência de preconceitos de cor, raça,

credo e classe.” (CHAUÍ, 2000 p.8 apud MORENO, 2011 p. 27)

O fato de mencionar a fala discorrida a cima, apresentados muitas vezes pelos

indivíduos é uma maneira de suscitar estes discursos ainda presentes na construção das

identidades do povo brasileiro, herança da formação do Estado- Nação.

A questão das identidades esteve presente desde a constituição da nação perpetuada

pelos discursos ao longo dos tempos. Um fato importante para construção de uma identidade

onde tinha como base a unidade da nação e sua homogeneização, foi à criação em 1838 do

Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), teve como marco inicial a produção

historiográfica a dissertação do médico e botânico alemão Karl Von Martius, publicado em

janeiro de 1845. Em seu trabalho as três raças comporiam a história e a identidade brasileira.

Com o desenraizamento cultural e com rapidez nas transformações sociais e no

século seguinte posteriormente com movimentos sociais que surgiram na década de 60, como

o feminismo, as lutas dos negros, os movimentos de libertação nacional, dentre esses e outros

Page 3: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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episódios a questão das identidades estavam passando por crises e consequentemente por

mudanças nas suas construções. Ainda hoje na Contemporaneidade vemos refletidas as

constantes buscas pela construção das identidades, porém com a globalização e o crescimento

populacional essas identidades são marcadas por transformações.

Em suma a questão das identidades ainda é motivo de intensas discussões. As

mesmas começam a ser construídas nos grupos ao qual o sujeito está inserido, no seu lar, na

rua, na escola (alias a escola sempre contribuiu na construção das identidades dos sujeitos que

dela faziam e fazem parte). Assim as mudanças na constituição das identidades de cada

sujeito se darão de forma gradativa ao longo de sua vida. A escola tem papel fundamental

nesse processo, pois é nela que o individuo ira permear as suas decisões e determinar a sua

identidade, tendo em vista que muito a determinam a fim de se sentir pertencente a algo.

No caso das identidades dentro dos grupos das tribos urbanas foco do presente

trabalho além de sofrerem influencia do meio em que vive, ele vai começar a optar pelas suas

finalidades em um determinado grupo. Dessa maneira a identidade grupal destaca a

homogeneidade, a moda, as maneiras de falar (gírias), os gostos musicais, isso vai

contribuindo para a construção da identidade, está que durante toda a vida do individuo, ainda

passará por mudanças.

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FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Desde a pré-história o homem tem a necessidade de se mantem em grupos, como

uma forma de sobrevivência. Porém varias transformações ocorrem em torno do modo de

vida do ser humano, que levaram a uma adaptação, uma nova forma de se socializar.

As mudanças mais significativas, se tratando do surgimento das tribos urbanas,

ocorrem no século XIX, quando surgem as cidades devido às transformações industriais que

modificavam o cenário mundial. O espaço urbano se caracteriza então como uma

oportunidade de emprego, principalmente para as mulheres que começam o seu processo de

independência, tendo em vista que agora passavam a estar mais ligadas com as finanças

familiares e se organizam em manifestações para se expressarem politicamente em prol de

uma mudança que as beneficia-se.

A nova forma de vida propôs também uma mudança interna dos ambientes, aonde

houve uma necessidade do individuo tem o seu lugar, quartos individuais e a propagação dos

diários para falar dos segredos se difundiram muito nesse período, como uma forma de ser

como se quer.

As grandes cidades ocasionaram na proliferação de cortiços, tendo em vista que

muitas pessoas não dispunham de condições financeiras para bancar uma residência somente

sua. Os médicos defendiam que essa forma de vivencia era um fator condicionante para a

proliferação de epidemias, sendo que esse grupo de profissionais eram os primeiros a

defender que todas as pessoas deveriam residir em local arejado, o banho com frequência, o

uso do leito individual e o uso de sanitários com saneamento adequado, o qual os cortiços não

poderiam oferecer pelo alto número de pessoas em espaços pequenos.

Nesse período também, surgem os registros instantâneos, que modificam a forma em

que a pessoa olha para si mesmo. Segundo Alain Corbin, “Ascender à representação e posse

de sua própria imagem é algo que instiga o sentimento de autoestima, que democratiza o

desejo do atestado social.” (2012, pág. 397)

Em consonância com a proliferação dos espelhos, que antes eram proibidos as

moças, estas passam a olham mais o seu corpo e se preocupar com a forma em que a

sociedade a olha, passando a se preocupar com a alimentação, como se vestir e até escolher a

forma de cortar os cabelos, conforme o seu jeito e se gosto. Os rapazes também começam a se

preocupar com a aparência, adotando diferentes tipos de barba e bigodes, além de se tornarem

adeptos das águas-de-colônia. O sexo passou a ser motivo de interesse em os jovens solteiros,

que passaram a se reuniram para falar de assuntos como este.

Page 5: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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Outra modificação foi no processo de escolarização das classes baixas que se tornou

necessária, tendo em vista que os operários dependiam de um lugar para deixar as crianças

durante o período em que trabalham. Vilas operárias eram construídas, com creches e escolas.

Essa escolaridade oferecida permitia aos alunos pensar o seu eu, entendiam seu nome e

sobrenome.

A identidade passou a ser fundamental a fim de se evitar que uma pessoa apropria-se

e usa-se da identidade de outra para cometer delitos. Dessa forma, “novas técnicas permitem

que se atribua a cada individuo uma identidade invariável e facilmente passível de

demonstração,” (COBIN, 2012, pág. 403). A identidade e a vida em grupos está presente a

muito tempo na forma de vida do homem, em cada período de uma forma com suas

especificidades e particularidades.

Ao falarmos em tribos urbanas podemos determinar como grupos que tem um

objetivo comum. Geralmente tem os mesmos estilos de roupas, corte e cor de cabelos,

maquiagem, entre outros componentes que distingui cada grupo. Há tribos que são formadas

por pessoas que contestam a ordem social e outras de pessoas com um sentimento ou ideal

semelhante.

A expressão tribos urbanas surge com o sociólogo francês Michel Maffesoli, que

começou a usar o termo em suas pesquisas na década de 80, onde ele estuda o fato de que o

que leva o individuo fazer parte de um determinado grupo é a necessidade ser notado, se

sentir parte de algo, ao pertencer a um grupo, além de não se sentir excluído pela sociedade ou

realmente ser excluído por ela. É a busca do individual dentro do grupo coletivo. As tribos

reforçam um sentimento de proxemia, ou seja, um sentimento de pertença, de se sentir

acolhido por pessoas de um determinado grupo.

José Guilherme Cantor Magnani, em seu artigo “TRIBOS URBANAS: METÁFORA

OU CATEGORIA?”, nos fala o seguinte:

“Como categoria, tribo quer dizer uma coisa; enquanto metáfora, é forçada a dizer

outras até mesmo contra aquele sentido original. Sendo metáfora, “tribo” evoca,

mais do que recorta. E evoca o que ? primitivo, selvagem natural, comunitário –

características que se supõe estarem associadas acertadamente ou não, ao modo de

vida dos povos que apresentam, num certo nível, a organização tribal.”

(MAGNANI, pág. 50)

Page 6: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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O termo tribo é utilizado então como semelhança ao conceito de tribo que

conhecemos como uma tribo de índios, neste caso o termo é usado para dar ideia de grupo de

pessoas, que possuem o mesmo objetivo. Diversos grupos se encontram em prol de algo, e são

denominados então tribos, elas estão presentes em todos os lugares, no trabalho, na escola, na

igreja, em musicas, entre tantos outros.

José Magnani fala sobre o significado destas tribos na sociedade e o que elas

representam.

“um primeiro significado mais geral, de tribo urbana, tem como referente

determinada escala que serve para designar uma tendência oposta ao gigantismo das

instituições e do Estado nas sociedade modernas: diante da impessoalidade e

anonimato destas ultimas, tribo permitiria agrupar os iguais, possibilitando-lhes

intensas vivencias comuns, o estabelecimentos de laços pessoais e lealdade, a

criação de códigos de comunicação e comportamento particulares”. (MAGNANI,

pág. 50)

Podemos observar que existem grupos, que lutam contra a estrutura do governo ou

sociedade, por uma ideal em comum, que são leais entre si e se preocupam com o bem social

de alguém. Alguns grupos criam gírias para se comunicar, além de particularidades citadas

anteriormente, tudo com o intuito de caracterizar a qual grupo determinada pessoa participa,

ou seja, que leva a construção de uma identidade, da tribo. Essas modificações são vistas para

alguns como um “refugio” na procura de uma identidade que lhes satisfaçam. Segundo

Magnani:

“‘tribos urbanas’: sob esta denominação costuma-se designar grupos cujos

integrantes vivem simultânea ou alternadamente muitas realidades e papéis,

assumindo sua tribo apenas em determinados períodos ou lugares.”(MAGUANANI,

pág.51)

Os integrantes dessas tribos a vivem em seu dia-a-dia ou apenas fazem parte dela no

momento que saem para reunir-se com os demais integrantes da sua tribo. Tratando então uma

espécie de pacto de lealdade entre os participantes.

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Com o intuito de se sentir mais a vontade, a escola, assim como as igrejas, bares,

entre outros locais de agrupamentos populacionais, promovendo um ambiente de socialização

de indivíduos, que se relacionam e interagem uns com os outros, onde se formam grupos de

estudantes, ou mesmo de outros sujeitos que fazem parte do meio escolar, a partir de diversos

fatores como sexo, idade, status, interesses em comum, etc.

É na busca por identificação que os jovens participam de determinados grupos, como

meio de serem percebidos pela sociedade, sendo um mecanismo utilizado para evitar a

sensação de exclusão. Esses agrupamentos são perceptíveis nas escolas, principalmente dentro

da sala de aula, onde se começam a formam algumas tribos.

No artigo “TRIBOS NA SALA DE AULA: UM ESTUDO SOBRE “CULTURAS

JUVENIS” NA ESCOLA”, de parceria entre Darlan Carlos Dias e Rita de Cássia Marchi, eles

trazem definições abordadas pelo sociólogo Antônio Cândido, o qual determina que os

agrupamentos no ambiente escolar se organizam de acordo com os padrões ideais de

comportamento. De acordo com o autor existem cinco tipos de grupo: Grupos de idade,

formados pelos adultos e crianças ou jovens; Grupos de sexo, onde as relações entre gêneros

opostos variam de acordo com a idade; Grupos associativos, socialização propiciada por

atividades realizadas em comum; Grupos de status, hierarquia entre os membros da escola;

Grupos de ensino, estabelecidos pela própria organização escolar na sala de aula.

Os grupos denominados “associativos” são os que se aproximam ao que Michel

Maffesoli entende como tribo. Segundo Cândido, os grupos associativos se dividem em três

tipos: os recreativos, ligados às práticas lúdicas (brincadeiras, jogos); os intelectuais,

formados por indivíduos que buscam o aperfeiçoamento do ensino escolar (grêmios

estudantis, grupos de estudo); os cooperativos, que buscam através do auxílio mútuo algo em

comum (prazer, prestígio, arruaça, etc).

Na sala de aula, o jovem age em função do grupo em que ele está inserido, trazendo a

ideia de persona que Maffesoli aborda, onde fala sobre a existência de “máscaras” mutáveis

que permitem integração a diferentes ambientes e tribos, ou seja, o individuo assume padrões

de comportamento distintos de acordo com o local e as pessoas com que este se relaciona.

O tempo que os jovens se relacionam no espaço escolar determina suas atividades e

formas de perceber o mundo, criando-se um ethos (visão de mundo coletiva), que caracteriza

o grupo, permitindo diferenciá-lo de outros grupos.

As tribos estão presentes dentro das escolas, com mais ou menos intensidade. Muitos

alunos não se reconhecem talvez como pertencentes a uma, principalmente como é o caso de

escolas mais afastadas de grandes centros urbanos. Nesses locais, a presença de tribos está

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limitada a grupos de amigos que se dividem devido à condição social em comum, religião em

comum, devido as reuniões em suas igrejas e/ou grupos de jovens que participam, opções

culturais limitadas, que fazem muitos frequentarem os mesmos locais, moda, e estilo musical.

Em cidades onde à presença de apenas uma escola em nível básico e outra em nível

fundamental/médio, é inevitável que todos se relacionem com todos.

As tribos, que vivem nos grandes centros urbanos estão sempre em busca de que a

sociedade volte os olhos para eles e para os problemas que eles buscam resolver, nas cidades

menores, apesar de existirem problemas na sociedade, a presença desses grupos é bem menor

e, quando existem, não são tão engajados, tem pouca força e consequentemente, eles não

sofrem tanta repressão, como acontece com alguns grupos que vivem nas grandes cidades.

Essa fase de escolarização em que os jovens se encontram é um período em que eles

ainda estão firmando a identidade pessoal, o estar em grupo, se relacionar e viver entre e

dentro deles faz parte desse processo de autoafirmação. A escola é palco onde esses grupos se

encontram, muitos veem a escola como ponto de encontro, como evento social, não é só o

local pra onde vão aprender ou buscar o conhecimento, vão também para se conhecer, se

mostrar e conhecer a outras pessoas.

“O universo escolar é vivenciado pelos jovens por uma multiplicidade de

sentidos: ao mesmo tempo que valorizam o estudo como uma promessa de

inserção social ou uma forma de garantir um lugar no mercado de trabalho

por meio do acesso ao diploma, a escola também significa a construção de

um círculo de amizades e de experimentação de afetividades. A escola

assume, nas projeções desses jovens, um valor referencial, dado que

muitos afirmam que a escolarização é uma possibilidade de situar-se melhor

no mundo.” (Raggi Nathalia, 109.)

É na escola também, longe de casa e dos pais, o espaço que muitos encontram para

serem subversivos. E o método de ensinar, as regras definidas pela escola acaba sendo

encarada pelos alunos como uma forma de reprimi-los e a forma como os alunos encontram

para se manifestar é criando resistência, sendo avessos a certas aulas e professores, não

colaborando com a aula. Assim como as tribos se manifestam nos grandes centros urbanos,

dentro da escola não é diferente, os alunos encontram sua própria maneira de se manifestarem

contra uma regra imposta, vista por eles como injusta. A escola e os professores tem que

Page 9: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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aprender também a lidar com essas situações, e com como agem certos grupos de alunos

dentro da escola, sem rotula-los. Os grupos que mais ouvimos falar dentro das escolas,

principalmente de escolas pequenas são os apontados como playboys, patricinhas, nerds, etc,

rotulados pelos colegas de sala e também pelos próprios professores.

Os grupos dentro de escolas pequenas geralmente têm linhas tênues e maleáveis. Não

são grupos fechados à aproximação de outros, e convivem entre um grupo e outro, agregando

características de vários e sem ver isso como um problema. O que todas essas tribos têm em

comum, sejam as tribos que vivem nas ruas, ou os grupos as que estão dentro das escolas, é

que todas elas buscam se identificar, entender e mostrar qual é o seu lugar na sociedade. O

objetivo de estar em grupos não é só o interesse e preferencias em comum, é isso, mas

também é mais; Os ser humano, assim como os animais, entendem que o estar em grupo é ser

menos frágil perante os outros. Estar em grupo, significa ter força, ter voz, com isso atingir

seus interesses e objetivos, que são não só pessoais, mas de todo o grupo.

Page 10: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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PESQUISA NA ESCOLA

Visando saber o nível de conhecimento dos alunos da rede básica de ensino acerca

do tema proposto pelo grupo, realizou uma pesquisa com 18 alunos da turma do 3º ano B do

ensino Médio do Colégio Estadual “João Marques da Silveira” – EFEM, localizado na Praça

Expedicionário Eurides do Nascimento, nº 214 – centro, na cidade de Quatiguá, no Paraná.

Em sua maioria os alunos conseguem identificar a termo tribo urbana como um

agrupamento de pessoas e são capazes até de citar exemplos de algumas tribos urbanas, porém

eles não se consideram pertencentes a nenhuma tribo e muito também não identificam a

presença desses grupos no ambiente escolar em que estão inseridos.

O colégio é seriado e atende uma população de classe média e média baixa e teve

médio 4,7 no ultimo IDEB, realizado em 2011, aumento 9% em relação ao de 2009. É uma

das cinco escolas do Estado que possui piscina, e está em condições a apresentar uma boa

qualidade de ensino, tendo um novo pavimento com oito salas ainda em processo de

inauguração para atender as turmas que estão acomodadas em um pavimento ao lado do

colégio, onde funciona aos sábados o centro catequético da Igreja Católica do município, no

qual o Governo está pagando aluguel à igreja até o as salas estejam prontas.

O mesmo foi contemplado com o projeto “mais educação”, oferecido pelo MEC, no

qual deverá oferecer a partir do ano de 2014, atividades em período integral para os alunos

que tiverem necessidade de permanecer na escola.

O histórico da instituição também apresenta varias mudanças, começando em 1935

quando foi criada pelo decreto nº 2743 de 31 de maio de 1935, com o nome de Grupo escolar

de Quatiguá, funcionando apenas com o ensino fundamental.

Pela Resolução nº 6104 de 01 de junho de 1970, o Grupo escolar de Quatiguá,

passou a denominar-se Grupo Escolar “Silvio Zanini”, mantendo apenas o ensino

fundamental.

Em paralelo, de 1935 a 1954, existia o Curso Normal Regional, que em 1954 passou

a se denominar Escola Normal Ginasial Dr. Rui Barbosa. Tendo uma necessidade de

reorganização no ensino, a Escola Normal Ginasial Dr. Rui Barbosa, passou a designar-se

Colégio João Volpato – Ensino de 2º grau pelo decreto nº 5125/78 de 14 de junho de 1978 (há

pouca informação sobre essa instituição).

Sendo o Grupo Escolar “Silvio Zanini” de 1º grau e o Colégio João Volpato de 2º

grau, passaram a constituir uma única instituição pela Resolução nº 699/81 de 10 de abril de

1981, com o nome de Colégio Estadual João Marques da Silveira – Ensino de 1º e 2º grau.

Page 11: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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Pela Resolução nº 5724/93 de 21 de março de 1993 foram suspensas as atividades de

1ª a 4ª série passando a ser responsabilidade da Escola Municipal Bom Pastor – Ensino

Infantil e Fundamental, e as atividades de 5ª a 8ª série ficando com o Escola Estadual Pedro

Gonçalves Lopes – Ensino Fundamental, devido ao baixo numero de alunos que atende-se

duas escolas. Passando a denominar-se Colégio Estadual João Marques da Silveira – ensino

de 2º grau.

A instituição continuou a funcionar no prédio cedido pela prefeitura junto com escola

Municipal Bom Pastor até o ano de 2008. No inicio de 2009, por determinação da SEED –

Secretaria Estadual de Educação, passou a funcionar nas dependências da Escola Estadual

Pedro Gonçalves Lopes e em 2010, pelo decreto nº 321/10 houve a cessação da Escola

Estadual Pedro Gonçalves Lopes – Ensino Fundamental que passou a denominar-se Colégio

Estadual “João Marques da Silveira” – Ensino Fundamental e Médio.

Page 12: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

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ROTEIRO

O roteiro tem por finalidade apresentar uma prévia do vídeo que será elaborado para a

o evento da Semana de História de 2013, que ocorrerá em Outubro na Universidade Estadual

do Norte do Paraná – UENP, campus de Jacarezinho.

Para confecção desde trabalho será utilizado a música “Independência” interpretada

pelo grupo Capital Inicial.

Independência – Capital Inicial

Toda essa curiosidadeQue você tem pelo que eu façoEu não gosto de me explicarEu não gosto de me explicar...

Toda essa intensidadeBuscamos identidadeMas não sabemos explicarMas não sabemos explicar...

Se paro e me perguntoSerá que existe alguma razãoPrá viver assimSe não estamosDe verdade juntos...

Procuramos independênciaAcreditamos na distância entre nósProcuramos independênciaAcreditamos na distância entre nós...

Toda essa meia verdadeA qual temos nos conformado

Só conseguimos nos afastarNós aprendemos a aceitar...

Tantas coisas pela metadeComo essa imensa vontadeQue não sabemos explicarQue não sabemos saciar...

Se paro e me perguntoSerá que existe alguma razãoPrá viver assimSe não estamosDe verdade juntos...

Procuramos independênciaAcreditamos na distância entre nósProcuramos independênciaAcreditamos na distância entre nós...(2x)

Toda essa curiosidadeToda essa intensidadeToda essa meia verdadeTantas coisas pela metadeToda essa curiosidadeToda essa intensidade...

Disponível em: http://letras.mus.br/capital-inicial/44846/ acesso em: 11/06/2013.

Também serão utilizadas as imagens e as frases que estão listadas abaixo:

http://casaquieta.blogspot.com.br/2009/09/sou-um-mundo-sozinho.html acesso em 05/06/2013

Page 13: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

14

http://www.sadia.com.br/vidasaudavel/76_seja%2Bmais

%2Bativo/161_saia%2Bdo%2Bsedentarismo

%2Bcaminhando/167_saia%2Bdo%2Bsedentarismo

%2Bcaminhando acesso em : 06/05/2013.

http://jornalocal.com.br/site/educacao/ee-francisco-barreto-

leme-recebe-o-programa-escola-da-familia/

acesso em: 06/05/2013.

http://mdemulher.abril.com.br/familia/reportagem/

filhos/como-escolher-melhor-escola-meu-filho-641625.shtml

http://gapyearpixel.weebly.com/grupos-sociais.html

http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/especiais_indice.asp?

EditeCodigoDaPagina=5151

Page 16: Trabalho Tribos Urbanas No Ambiente Escolar

17

http://www-nt.ufms.br/events/view/id/799

http://abcdaindentidade.blogspot.com.br/2009/11/

multiculturalismo.html

REFERÊNCIAS

CORBIN, Alain; BASTIDORES: O segredo do individuo. In: História da Vida Privada I: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra – Versão de Bolso. 2ª impressão. São Paulo. Editora Schwarcz S.A – Companhia de Bolso. 2012.

DIAS, Darlan Carlos; MARCHI, Rita de Cássia; Tribos na sala de aula: um estudo sobre “culturas juvenis” na escola. Acesso em: 28/04/2013. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/1353/708

MAGNANI, José Guilherme Cantor; Tribos urbanas: metáfora ou categoria?. Acesso em: 02/05/2013. Disponível em: http://revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/40303

MORENO, Jean Carlos; O problema das identidades. In: QUEM SOMOS NÓS? Apropriações e representações sobre a(s) identidade(s) brasileira(s) em manuais didáticos de História (1971-2008). Assis – SP. 2011

MORENO, Jean Carlos; VIEIRA, Sandro; História: Cultura e sociedade – Ensino Médio Volume 3 - O contemporâneo: mundo das rupturas. Curitiba – PR. Editora Positivo. 2010.

RAGGI, Nathália; Identidades nômades: as “tribos urbanas” e o contexto escolar. São Paulo. 2010. Acesso em: 02/05/2013 Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000778717