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A PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REGIÃO AMAZÔNICA: UM ESTUDO COM BASE NAS PUBLICAÇÕES DO PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGE/UFAM
Samuel Vinente da Silva Junior76 Maria Almerinda de Souza Matos77
Danilo Batista de Souza78 Ketlen Júlia Lima da Silva79
Maria do Socorro Lima da Silva80 Eixo Temático: Práticas de inclusão/exclusão em educação
Categoria: Comunicação Oral INTRODUÇÃO
Este projeto integra as ações da pesquisa documental referente ao projeto “Atendimento
Educacional do aluno com Paralisia Cerebral: a organização pedagógica e física no
contexto inclusivo”, cadastrada sob o código PIB SA 046/2011-2012 por meio do
Programa Institucional de Bolsas para a Iniciação Científica – PIBIC/UFAM. Esta
pesquisa encontra-se protocolada no Departamento de Apoio à Pesquisa - DAP e foi
desenvolvida através do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial –
NEPPD, na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas –
FACED/UFAM.
Este estudo surgiu da necessidade de constituirmos a história da educação especial na
região amazônica, principalmente no estado do Amazonas. Uma das formas para
construção desta história se dá através do contexto da criação do Programa de Pós-
Graduação em Educação – PPGE/UFAM que vem fortalecendo desde 1978 a produção
científica, promovendo a socialização dos resultados das pesquisas desenvolvidas em
76 Acadêmico de Pedagogia pela Universidade Federal do Amazonas. Bolsista de Iniciação Científica da FAPEAM. Pesquisador do Observatório Nacional de Educação Especial - ONEESP e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial – NEPPD. E-mail: [email protected] 77 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial – NEPPD. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE/UFAM. E-mail: [email protected] 78 Acadêmico de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Bolsista da Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização – PROEXTI. Pesquisador do NEPPD. E-mail: [email protected] 79 Acadêmica de Letras (Língua Portuguesa) da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Bolsista da Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização – PROEXTI. Pesquisadora do NEPPD. E-mail: [email protected] 80 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Docente da Secretaria Municipal de Educação – SEMED. E-mail: [email protected]
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diversos eventos regionais, nacionais e internacionais e por meio da revista Amazônida
(periódico qualis CAPES B4).
Segundo Mazotta (2005), a educação especial e os estudos a partir dela vêm crescendo de
forma significativa, e a investigação científica de sua existência enquanto elemento das
políticas educacionais implementam-se a partir de políticas públicas que perpassam as
diretrizes do Ministério da Educação e de outros órgãos governamentais nacionais e
internacionais. Os estudos deste autor basearam-se na análise de textos legais, planos
educacionais e documentos oficiais até 1993 em São Paulo.
Posteriormente, Prietto (2006) e diversos autores (MATOS, 2008; BATISTA; CAIADO;
JESUS, 2011; MAGALHÃES, 2011; VINENTE, 2012) publicam estudos realizados em
São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Amazonas e outras regiões do país. No
Amazonas em 1996, foi publicada no Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFAM, a dissertação intitulada “Educação especial: nem sempre um processo segregador”
(LOPES, 1996), apontando que a escola especial seria o lugar ideal para que os educandos
com deficiências possam desenvolver suas habilidades.
Diversos estudos passaram a ser publicados investigando outros eixos da educação
especial, tais como a educação dos surdos, dos alunos com deficiência visual e altas
habilidades. Em 2007, o Ministério da Educação delibera a Portaria n. 555/2007 para a
composição de técnicos que elaboram a Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), documento este que traz uma nova forma de
atendimento escolar aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
A partir daí, no Amazonas e em outros estados do país, cresce de forma acentuada a
produção científica na área, tendo em vista a educação inclusiva que se consolida a partir
de inúmeros movimentos sociais e necessidades educacionais dos escolares que devem a
partir deste documento passam a ser atendidos nas salas regulares, devendo receber
também o Atendimento Educacional Especializado nas salas de recursos multifuncionais.
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REVISÃO DE LITERATURA
Um dos primeiros estudos para indicar as tendências da produção em Educação Especial
foi realizado por Dias (1987), ao analisar a produção científica do Programa de Mestrado
em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Posteriormente,
outros pesquisadores também se embrenharam em pesquisas desta natureza, cujos
resultados destes trabalhos foram amplamente divulgados (MATOS, 2008; VINENTE,
2012).
Com o advento da globalização e dos inúmeros movimentos sociais que eclodiram no fim
do século XX, houve a necessidade da superação de algumas práticas tradicionais que
permeavam os sistemas educacionais que vigoraram até aproximadamente a década de
1990 e que ainda insistem em permanecer até os dias atuais (BRASIL, 2008).
Uma de tais práticas é a exclusão, que privou alunos com ou sem deficiência da
possibilidade de desenvolver habilidades e competências para o pleno exercício de sua
cidadania, impedidos de usufruírem da educação como direito previsto na Constituição
Federal (1988) e em outros documentos (CURY, 2008).
Figueira (2011) relata um pouco essas práticas discriminatórias ainda no “descobrimento”
do Brasil contando sobre a exclusão entre os indígenas que matavam as crianças que
nasciam deficientes por supostamente trazerem maldição para a tribo. Para Mazotta (2004)
a expansão do ideário cristão contribuiu para a disseminação da ideia de que o indivíduo
que nascia deficiente não era perfeito, logo não foi criado à imagem e semelhança de Deus.
A escola também teve um papel segregador que afastou crianças, jovens e adultos com
necessidades educacionais especiais deste ambiente de aprendizagem (MATOS, 2008;
MANTOAN, 2011).
Durante muito tempo a deficiência esteve ligada à incapacidade total ou à doença. Segundo
Fávero (2007) a maioria das pessoas sem deficiência não tem ou não teve contato com
pessoas deficientes frequentadoras das salas comuns e das salas com atendimento
educacional especializado, por isso tem-se a ideia de que não é possível a inclusão destes
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alunos, principalmente dos educandos com PC. Desse modo, ainda conforme o que a
autora explicita, um ambiente preparado apenas para esse aluno é restritivo e causador de
exclusões. Neste contexto, a escola deve preparar-se cada vez mais para receber esses
alunos e dar um sentido bem mais amplo à inclusão.
A aprendizagem significativa é possível aos alunos com deficiência à medida que
“professor e aluno são elementos unidos na busca de um objetivo comum: a aprendizagem,
a evolução, o crescimentos como pessoas, onde a superação de estágios menos eficientes
leva a uma situação mais efetiva e com maior poder de funcionamento”. (ZANELLA,
2006, p. 24)
Neste sentido, a convivência e a troca de experiências adquiridas ao longo do tempo
refletem na construção do conhecimento e principalmente na valorização da diversidade na
sala de aula. É partindo disso que evidencia-se a importância do contexto histórico-cultural
para a constituição de sujeitos críticos e reflexivos.
Os estudos de Tabaquim (1996) revelam-nos as possibilidades de aquisição de leitura e de
escrita por escolares com PC e outras deficiências, trazendo novas perspectivas para uma
aprendizagem que supere o olhar que muitos têm da deficiência como doença. A autora
afirma que estes educandos aprendem em um ritmo mais lento com elevado custo de
resposta, porém as dificuldades motoras apresentadas por estes alunos não significam
necessariamente incapacidade para a leitura e para a escrita, pois se os procedimentos
instrucionais forem adotados muitas destas dificuldades desaparecerão. Nesse sentido, em
função de fatores biológicos, fatores ambientais e circunstanciais, certas características
decorrentes da condição física limitadora podem se modificar.
Alguns estudos publicados nos Programas de Pós-Graduação em Educação e Educação
Especial apontam que a inclusão de alunos com deficiência ainda é um desafio no que se
refere às práticas pedagógicas e implementação das ações que são normatizadas nos
documentos. Estas pesquisas contribuem nas áreas de educação e saúde, dialogando sobre
a inclusão escolar de alunos com deficiência física, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades/superdotação em centros de reabilitação, instituições especializadas e
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escolas regulares (RUBISTEIN, 2002; AUDI; MANZINI, 2006; MATOS, 2008;
VINENTE, 2012).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O conhecimento científico propicia condições para a compreensão do mundo, da realidade
a qual estamos inseridos e das relações de produção entre o homem e a natureza
(MARCONI; LAKATOS, 2006). Não se pode pensar em educação especial/inclusiva, sem
levar em consideração o processo de exclusão/segregação de crianças, adultos, negros,
mulheres e pobres ao longo da história da civilização brasileira.
Neste sentido, buscando compreender este processo, esta pesquisa se dará numa
abordagem qualitativa (FAZENDA, 2008; MINAYO, 2011). Como fases deste estudo, será
utilizado o levantamento bibliográfico e documental (GIL, 2010) por considerar-se que há
uma necessidade extrema desta fase para ampliação dos subsídios teórico-metodológicos
servindo como auxilio importantíssimo para a execução das práticas de campo.
Para este autor, “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir
ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela
que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2010, p. 45). Esta fase, permitirá o
aprofundamento da área da pesquisa, sendo desenvolvida a partir de materiais já
elaborados e publicados .
As categorias de análise desenvolvidas neste projeto serão: Educação Especial; Educação
Inclusiva; Formação Docente; Políticas Públicas. Será realizada a identificação e seleção
das publicações (relatórios do PPGE/CAPES e Portal dos Periódicos) do Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade. Além disso, será feita a consulta ao Banco de
Dissertações do PPGE/UFAM e ao Portal Domínio Público.
Inicialmente, foram verificados os resumos publicados para pesquisa exploratória
(LAKATOS, 2010) e posteriormente os trabalhos completos, logo em seguida será traçado
um panorama para análise do referencial teórico, objetivos, lócus da pesquisa,
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procedimentos metodológicos, tipo de deficiência e outros aspectos relevantes publicados
nestes estudos.
Os dados coletados serão organizados em tabelas, diagramas e gráficos, explicitando os
aspectos teóricos encontrados nas publicações do PPGE/UFAM. Será organizado um
banco de dados para registro das publicações do PPGE/UFAM e suas características
(Temática, Título do trabalho, Tipo de Pesquisa, Orientador, Agência de Fomento, Nível,
Ano de Defesa, Local, Tipo de deficiência estudada, Procedimentos Metodológicos, Fonte
de Informação e Análise dos dados.)
Segundo Bardin (2001), a análise dos dados não consiste em apenas um esquema
específico, mas trata-se de um esquema geral no qual pode-se verificar um conjunto de
técnicas que podem ser utilizadas para tratar os dados e analisar o conteúdo dos mesmos.
Neste contexto, uma das melhores formas para analisar os discursos apresentados nos
trabalhos publicados é a análise do conteúdo, tendo em vista que é uma das melhores
ferramentas para pesquisas desta natureza.
Para Lakatos e Marconi (2011), a análise de conteúdo permite a descrição sistemática,
objetiva e quantitativa do conteúdo da comunicação. Sendo assim, tabular os dados em
gráficos, diagramas e tabelas permitiu aos pesquisadores conhecer um pouco a realidade
estudada e mensurar os desafios na prática docentes destes educadores. Os pesquisadores
farão a socialização dos resultados desta pesquisa em eventos científicos e publicações em
periódicos especializados, este congresso é o primeiro evento onde esta pesquisa é
apresentada.
RESULTADOS
O Brasil constituiu-se ao longo dos anos como um país excludente e desigual. Nascimento
(2007) afirma que no Brasil o Estado brasileiro aproveita a “onda” da inclusão,
globalização e expansão do capitalismo para inserir todas as pessoas na escola, com vistas
ao processo de educação formal. O problema central disso é que as escolas não estão até
hoje preparadas para receber estes alunos, os desafios perpassam as questões de estrutura
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física das escolas, formação inicial e continuada dos professores e preparação dos outros
alunos para o respeito e valorização da diversidade dentro e fora da sala de aula.
O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais no Amazonas tem seu
início por intermédio da iniciativa privada, onde implantou-se aqui no Estado o Instituto
Montessoriano aproximadamente na década de 1970. Os primeiros professores da rede
estadual foram especializados no Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Estadual de
Educação e do Ministério da Educação. Em 1972 organizou-se o atendimento educacional
aos alunos com deficiência visual, auditiva e mental nas classes especiais implantadas nas
escolas regulares da cidade de Manaus (NASCIMENTO, 2007).
Segundo Oliveira e Marinho (2007), essas classes marcaram o início da escolarização de
pessoas que estavam longe da escola. Em 1975, a SEDUC implanta a Coordenação de
Programa de Assistência ao Educando Especial, com uma equipe multidisciplinar
especializada, posteriormente este trabalho foi estendido ao interior. A educação especial
cresceu também devido à organização de serviços especializados que atenderam mais
alunos com diferentes deficiências.
Na década de 1980 foram criadas as escolas públicas de Educação Especial por intermédio
do Decreto n. 6.331, de 13 de maio de 1982. Tais escolas existem até hoje como a Escola
Estadual Augusto Carneiro dos Santos para surdos, a Escola Estadual Joana Rodrigues
Vieira para atendimento aos alunos com deficiência visual e a Oficina Pedagógica
Diofanto Monteiro para alunos com deficiência mental. No mesmo ano, o Instituto Felippo
Smaldone instala-se na capital para atender os educandos surdos. Atualmente a esfera
estadual mantém a Gerência de Atendimento Educacional Específico na SEDUC com
vistas à valorização da diversidade no Estado e atendimento aos educandos com
necessidades educacionais especiais.
O Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação (FACED) da
UFAM foi criado em 1986, pela Resolução 018/86 do CONSUNI e credenciado pela
Portaria nº 39/95 da CAPES/MEC, com Mestrado em Educação, tendo funcionado nessa
modalidade até 2009. Tem como objetivo promover a competência científica no campo da
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educação, contribuindo para a formação de docentes e pesquisadores de alto nível. Na
última avaliação do triênio realizada pela CAPES/MEC, o curso obteve nota 4 (quatro) e
em 2009, o Projeto de Doutorado em Educação do PPGE/FACED, foi aprovado pela
CAPES/MEC.
De 1991 até o final de 2011 foram publicadas 349 dissertações de Mestrado em Educação,
disponíveis em livros, CDs e no Portal Domínio Público. As temáticas são as mais variadas
envolvendo Educação Indígena, Educação Profissional, Educação de Jovens e Adultos,
Educação Especial, Gestão Escolar, Dificuldades de Aprendizagem, Ensino de Português e
Matemática, Educação Infantil, Filosofia e História da Educação no Brasil e na Região
Amazônica. Neste trabalho foram selecionados 10 trabalhos publicados no PPGE/UFAM
sobre a temática de Educação Especial, elencados abaixo:
N Autor Tipo de Publicação Ano Assunto
01 D. F. L. Dissertação 1993 Deficiência Auditiva
02 M. A. M. L. Dissertação 1996 Necessidades Educacionais Especiais
03 J. M. A. Dissertação 1997 Síndrome de Down
04 L. M. S. Dissertação 1998 Necessidades Educacionais Especiais
05 R. C. M. Dissertação 2002 Dificuldades de Aprendizagem
06 M. S. L. G. Dissertação 2002 Pedagogia Hospitalar (Leucemia)
07 K. C. S. S. Dissertação 2003 Pedagogia Hospitalar (Câncer)
08 J. L. B. Dissertação 2004 Surdez
09 A. C. C. P. Dissertação 2004 Necessidades Educacionais Especiais
10 R. M. F Dissertação 2005 Teatro Surdo 11 M. R. G. M. Dissertação 2005 Educação Especial 12 M. M. S. Dissertação 2006 Letramento e Surdez
13 J. G. R. Dissertação 2006 Surdez e Mercado de Trabalho
14 C. S. R. M. Dissertação 2006 Altas Habilidades/Superdotação
15 A. B. L. M. Dissertação 2007 Altas Habilidades/Superdotação
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16 M. F. B. M. Dissertação 2007 Formação de Professores 17 K. B. O. Dissertação 2007 Formação de Professores 18 E. D. P. Dissertação 2008 Altas Habilidades
19 C. L. Dissertação 2008 Formação do Educador Cego/Baixa Visão
20 M. A. S. G. Dissertação 2009 Educação Rural
21 A. O. G. C. Dissertação 2009 Altas Habilidades/Superdotação
22 J. B. P. B. Dissertação 2009 Atos Infracionais e Adolescência
23 G. B. B Dissertação 2009 Novas Tecnologias e Surdez 24 I. C. S. Dissertação 2010 Educação de Surdos
25 L. M. S. Dissertação 2011 Política pública e organização escolar
26 N. P. S. Dissertação 2011 Escola de Surdos
27 C. M. B. L. Dissertação 2011 Inclusão e Exclusão em sala de aula
28 F. B. B. Dissertação 2011 Formação de Professores e Deficiência Visual
Quadro 1 - Panorama das publicações sobre Educação Especial do PPGE/UFAM entre 1978 e 2012.
Verificou-se que desde 1991 até 2011, foram publicados 28 trabalhos resultantes de
pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação –
PPGE/UFAM. Muitas destas publicações são de docentes que hoje atuam no PPGE/UFAM
como docentes e no curso de Pedagogia como professores dos Departamentos de Teorias e
Fundamentos – DTF, Administração e Planejamento – DAP e Métodos e Técnicas – DMT.
N. Título das Publicações Orientador Ano de Ingresso
Ano de Defesa
01 A influência das leves alterações
auditivas no processo ensino-aprendizagem
P. R. G. S. 1987 1993
02 Escola Especial: nem sempre um processo segregador L. F. S. 1993 1996
03
O despertar do portador da Síndrome de Down: uma questão de estimulação e interação com os
pais
M. T. G. 1992 1997
04 As percepções dos usuários e
usuárias da classe especial sobre esse serviço educacional
R. M. B. 1996 1998
506
05 Representações das dificuldades de aprendizagem nos processos
educativos V. A. C. M. W. 2000 2002
06 Um olhar sobre a exclusão escolar das crianças e adolescentes com
leucemia no Amazonas A. C. A. N. 2000 2002
07
Uma ação pedagógica entre a vida e a morte: o caso da escolaridade
emergencial das crianças do câncer em Manaus/AM
R. M. F. 2001 2003
08 Alunos surdos na escola regular:
questionando o paradigma da integração
N. R. L. S. 2002 2004
09
A formação de professores que atuam com alunos portadores de necessidades especiais na sala
especial
J. G. B. R 2002 2004
10 Teatro Surdo: uma construção identitária do fazer educativo C. G. R. N. 2003 2005
11 A produção de sentidos sobre
Educação Especial: reflexos na sua área de atuação
A. C. A. N. 2003 2005
12 O surdo e o mercado de trabalho na cidade de Manaus A. R. B. M. 2004 2006
13
A identificação do aluno com potencial de altas
habilidades/superdotação do sistema educacional Adventista
em Manaus
M. A. D. B. 2005 2006
14
Realidade e perspectiva para a educação de alunos com potencial para habilidades/superdotação na
cidade de Manaus
M. A. D. B. 2005 2007
15 Educação inclusiva e formação de
professores no município de Iranduba
A. C. A. N 2005 2007
16 Educação inclusiva e formação de professores no Alto Juruá A. C. A. N. 2005 2007
17 Investindo potencial para altas
habilidades em jovens autores de ato infracional
M. A. D. B. 2006 2008
18 Formação e práxis do educador cego ou com baixa de visão de
Manaus A. C. A. N. 2006 2008
19 Educação rural na Amazônia:
turmas multisseriadas na perspectiva de inclusão no
A. C. A. N. 2006 2009
507
município de Manacapuru
20 Identificado os adolescentes em
situação de rua com potencial para altas habilidades/superdotação
M. A. D. B 2007 2009
21 Práticas educativas inclusivas
voltadas para adolescentes autores de ato infracional
I. R. S. 2006 2009
22
As novas tecnologias digitais e o processo educativo e de
integração dos sujeitos surdos na cidade de Manaus
Z. R. C. T. 2007 2009
23
Educação de surdos: um estudo sobre as implicações da utilização
de mediadores tecnológicos na formação de professores
Z. R. C. T. 2007 2010
24
A política pública de educação do município de Manaus: a organização escolar na perspectiva inclusiva
M. A. S. M. 2009 2011
25 Escola de surdos: avanços, retrocessos e realidades A. C. A. N. 2009 2011
26 Inclusão e Exclusão em sala de aula: um olhar reflexivo sobre o
lidar com as diferenças A. C. A. N. 2009 2011
27
O professor do ensino regular: seu processo de formação,
qualificação e sua atuação com educandos com deficiência na
visão
A. C. A. N. 2009 2011
Quadro 2 – Publicações do PPGE/UFAM por títulos, ano de ingresso e ano de defesa.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde - OMS que datam de 1995, 10% da
população dos países desenvolvidos são constituídos de pessoas com algum tipo de
deficiência. Nos países em desenvolvimento esses dados variam de 12 a 15%. Desses, 20%
possuem deficiência física. Godói (2006) afirma que as causas da deficiência física são a
paralisia cerebral, as hemiplegias, a lesão medular, as malformações congênitas e as
artropatias.
Há também outros fatores de risco tais como a violência urbana, acidentes de trânsito,
tabagismo, uso de drogas, agentes tóxicos, endemias e falta de saneamento básico. No
Amazonas elementos como a falta de saneamento básico e outras necessidades tem
508
contribuído para o crescimento do número de deficientes na região e portadores de doenças
crônicas. A escola não está à margem disso, e deve favorecer a aprendizagem e inclusão
desses alunos, preparando-os para uma sociedade plena, usufruindo uma vida digna e
saudável.
Nos resultados das pesquisas explicitadas acima é possível observar que os desafios para a
inclusão escolar do aluno com necessidades educacionais especiais são os mais variados,
porém as possibilidades de escolarização também são evidentes, principalmente no que
tange à matrícula em escolas regulares e avaliação da aprendizagem. Portanto, a prática
pedagógica na diversidade requer mudanças de concepção e novas práticas que sejam
coerentes com o paradigma da inclusão escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história da Educação Especial no Amazonas ainda é recente, principalmente no que se
refere à produção científica nesta temática. Atualmente os estudos propostos pelo Núcleo
de Estudos e Pesquisas em Psicopedagogia Diferencial – NEPPD, coordenados pela Dra.
Maria Almerinda de Souza Matos e pelo bolsista de Iniciação Científica Samuel Vinente,
buscam identificar a produção científica em Educação Especial de 1988 a 2012, publicada
em periódicos da Região Amazônica e no Programa de Pós-Graduação em Educação –
PPGE/UFAM.
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na Educação Básica traz a
rediscussão das práticas de docentes que atuam nas salas regulares e salas de recursos
multifuncionais. Os estudos apontam a necessidade de investimento das esferas
municipais, estaduais e federais no que tange ao atendimento escolar de alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Esta investigação permitiu a verificação das publicações do PPGE/UFAM na Biblioteca
Central da Universidade Federal do Amazonas e no Portal de Periódicos da CAPES,
trazendo um panorama dos momentos históricos da educação especial no estado do
Amazonas e seu processo de operacionalização na divulgação destes trabalhos durante o
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período entre 1978 e 2012. Espera-se que este estudo fomente outras pesquisas na área e
reconstitua mais que análise dos estudos publicados, servindo como um elemento
norteador da constituição da história da educação especial no Amazonas.
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