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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IBRAIM MOHAMAD NASSER A INDUSTRIALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

IBRAIM MOHAMAD NASSER

A INDUSTRIALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL NOS

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

CURITIBA

2016

IBRAIM MOHAMAD NASSER

A INDUSTRIALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL NOS

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

Monografia apresentada ao curso de Direito da

Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito

parcial para obtenção de título de Bacharel.

Orientador Prof. Marcelo Nogueira Artigas

CURITIBA

2016

TERMO DE APROVAÇÃO

IBRAIM MOHAMAD NASSER

A INDUSTRIALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL NOS

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi julgado e aprovado para obtenção do grau de

Bacharel em Direito no Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti

do Paraná.

Curitiba, ____ de __________________ de 2016.

_________________________________________________

Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do

Núcleo de Monografia da Faculdade de Direito da

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador:

________________________________

Prof. Marcelo Nogueira Artigas

Universidade Tuiuti do Paraná

Membros:

________________________________

Professor

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________

Professor

Universidade Tuiuti do Paraná

Ex nihilo nihil fit.

Parménides

Dedico este trabalho de conclusão da

graduação à minha mãe Leila Skandar,

pai Mohamad Said Nasser, à meu

orientador, Marcelo Nogueira Artigas, e

aos demais familiares e amigos que de

muitas formas me incentivaram,

acreditaram e contribuíram, mesmo que

indiretamente, e ajudaram para que fosse

possível a concretização deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor Marcelo Nogueira Artigas, por ter me estendido a

mão e oferecido a mais gratificante orientação deste trabalho, a fim de me

proporcionar a tão sonhada última etapa do curso: concluir o projeto final.

À todos os professores do curso de Direito da Universidade Tuiuti do

Paraná, que me inspiraram muito ao longo desta jornada e sem sombra de dúvidas

me fizeram cada dia mais fascinado pelo mundo jurídico.

E, por fim, a minha família, pelo orgulho e apoio de minha caminhada, pela

compreensão, ajuda e em especial por todo amor incondicional oferecido ao longo

deste percurso, que por muitas vezes pareceu eterno, mas que ao lado dos demais

familiares me fizeram acreditar que era possível.

RESUMO

O presente trabalho teve como ênfase a discussão sobre a utilização dos Juizados

Especiais Cíveis como forma de obtenção de lucro, banalizando um relevante

instituto do Direito Civil, o Dano Moral. Com exemplos de demandas onde se

pleiteiam acima de tudo o dano moral sem justa causa, fica evidente o cunho

meramente lucrativo de suas proposituras que em muitas vezes se tem êxito. O

presente trabalho também abordou a forma como a magistratura paranaense entende

sua aceitação e forma de aplicação.

Palavras-chave: Dano Moral. Responsabilidade Civil. Boa-Fé. Má-Fé.

Industrialização. Banalização. Indenização. Juizado Especial Cível.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8

2 BREVE HISTÓRICO .......................................................................................... 10

3 O DANO MORAL ................................................................................................ 12

3.1 O DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO .................................... 14

3.2 CLASSIFICAÇÃO DO DANO MORAL ........................................................... 15

3.3 CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL E FORMAS DE FIXAÇÃO DO

QUANTUM DEBEATUR .................................................................................... 18

3.4 MÁ-FÉ ................................................................................................................ 22

3.5 MERO ABORRECIMENTO.............................................................................. 24

4 JUIZADO ESPECIAL CÍVEL .......................................................................... 27

4.1 PRINCÍPIOS ....................................................................................................... 27

4.2 A INDÚSTRIA DO DANO MORAL ................................................................. 28

4.3 DA FALTA DE PROCURA DAS VIAS ADMINISTRATIVAS E

MEDIAÇÕES .................................................................................................... 32

4.4 ENTENDIMENTO DAS TURMAS RECURSAIS DO PARANÁ ................... 33

5 COMBATE A INDÚSTRIA DO DANO MORAL ............................................ 35

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 40

8

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa analisar os motivos da banalização do instituto do dano

moral nos Juizados Especiais Cíveis, o que a magistratura tem entendido por dano moral

e sua quantificação, bem como apresentar novas alternativas para barrar as demandas

com cunho meramente lucrativo.

A reparabilidade dos danos morais com o advento da Carta Magna de 1988, sob

o princípio da dignidade da pessoa humana, ganhou espaço em várias leis posteriores que

a admitiram conjuntamente com o dano material, em principal destaque a lei 8.078, de

11.09.1990 (Código de Defesa do Consumidor).

É de se destacar que diferentemente do dano material ou danos patrimoniais os

quais se pode mensurar com exatidão através de prova documental ou pericial, o dano

moral por ter uma característica extrapatrimonial, qual seja, a dor, o sofrimento, a

angustia de cada indivíduo, nos traz uma grande dificuldade de mensurar o valor a ser

indenizado, ainda mais quando constatamos que as leis em diversas situações não versam

sobre a quantia a ser paga, fincando a cargo do Magistrado mensurar esta quantia.

A lei 9.099, de 1995, (Lei dos Juizados Especiais Cíveis) visando desafogar a

justiça comum e tratar as chamadas “pequenas causas” tem como princípios basilares a

informalidade, simplicidade e celeridade. Princípios estes que ao longo do tempo

permitiram que mais e mais ações impertinentes e indevidas aparecessem nos Juizados

Especiais, e a combinação da dificuldade de mensurar o dano moral como mencionado

acima e análises fracas por parte dos Magistrados corroboram para uma enorme

insegurança jurídica, uma vez que os sentimentos indenizáveis vêm sendo banalizados.

Daí se traz a grande relevância do estudo da industrialização dos danos morais nos

Juizados Especiais Cíveis, que nos últimos tempos tem sido vista por muitos como uma

grande loteria onde se aposta unicamente no lucro advindo de uma demanda sem muita

fundamentação e que em muitas vezes se tem êxito.

O que vem ocorrendo é uma crescente certeza na sociedade do lucro fácil que

deve ser combatido imediatamente, caso contrário a prestação jurisdicional se desvirtuará

9

e se converterá em um patrocinador do enriquecimento sem causa, sendo este um ponto

principal do presente trabalho que irá delimitar uma linha tênue do que é ou não

indenizável bem como os critérios do seu cabimento.

10

2 BREVE HISTÓRICO

Para uma maior compreensão do tema, segundo Reis (2010), dano moral é aquele

que atinge o patrimônio ideal das pessoas, ou seja, capaz de ensejar um sentimento

negativo ao espírito da pessoa ofendida, lhe causando sensações desagradáveis

decorrentes das perturbações psíquicas causadas pela agressão.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 que trouxe uma forte noção de

cidadania, foi elencado como um dos direitos fundamentais do Estado a dignidade da

pessoa humana, ou seja, o conjunto de valores ideais que qualificam o ser humano. A

partir de então, passou-se a considerar o dano moral como ofensa a este princípio

fundamental.

A Carta Magna trouxe no seu corpo, expressamente, a possibilidade da reparação

do dano moral. Essa manifestação está prevista no art. 5º, incisos V e X, da Constituição

Federal, que estabelecem: ser assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,

além da indenização por dano material, moral ou à imagem (art. 5º, V) e que são

invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o

direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º, X).

Após dois anos, com o advento do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº.

8.078/90, a ideia de cidadania e reparação de danos é reforçada ao regular os direitos do

consumidor, parte quase sempre mais vulnerável quando se trata de relações de consumo.

O instituto do dano moral foi citado em seu artigo 6º, nos seus incisos VI e VII,

ao prever a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais e o acesso aos

órgãos judiciários e administrativos com vista à prevenção ou reparação de danos

patrimoniais e morais.

A Lei abriu um novo caminho para possibilitar a reversão de inúmeras situações

das quais estavam sendo alvo diversos consumidores, lesados em seus direitos e, até

então, sem perspectiva alguma de reparação dos danos que foram causados. A partir da

nova lei construiu-se um novo conceito sobre a necessidade da reparação, que ocorre

quando houver injustamente um dano na esfera alheia.

11

Atualmente, tanto a doutrina quanto a jurisprudência admitem, de forma unânime

a indenização do dano moral.

12

3 O DANO MORAL

A responsabilidade de reparação do dano moral surgiu em nosso ordenamento

jurídico quando houve a chamada constitucionalização do dano moral.

Assim leciona Clayton Reis:

A Constituição Federal do Brasil de 1988, em seus incisos V e X, introduziu

uma nova realidade jurídica, no Brasil, na esfera dos danos extrapatrimoniais.

Neste momento, ocorreu a constitucionalização dos danos morais no

ordenamento jurídico brasileiro. A importância do dispositivo pode ser aferida a

partir da consagração do instituto, quando se iniciaram as indenizações por

danos morais nos tribunais brasileiros. (REIS, 2010, p. 117)

O dano moral como já mencionado, corresponde ao dano extrapatrimonial, onde a

conduta ilícita de outrem não pode atingir o indivíduo em seu patrimônio como bem

material, mas sim naquilo que mais se preza, que é a honra do homem perante a

sociedade. O dano moral fere valores íntimos e configura-se pela alteração do bem-estar

psicofísico do ser humano.

O dano extrapatrimonial atinge sempre os direitos subjetivos dos indivíduos, ou

juridicamente relevantes, direitos estes que devem ser respeitados e preservados pela

sociedade, para que esta possa alcançar seus fins, nos três planos: individual, familiar e

social.

Para a configuração do dano moral, faz-se necessária a demonstração dos

seguintes pressupostos: a) ação ou omissão do agente; b) ocorrência de dano; c) culpa; e

d) nexo de causalidade, nos casos de responsabilidade subjetiva, sendo desnecessária a

demonstração de culpa, quando presente a responsabilidade objetiva, como adiante será

analisado.

Existem controvérsias quanto à natureza jurídica da reparação do dano moral.

Uma parte da doutrina discute apenas o caráter compensatório do dano moral, sendo o

caráter punitivo-pedagógico da indenização por dano moral incompatível com o

ordenamento jurídico pátrio sob a linha de raciocínio de que o legislador separou a

responsabilidade civil da penal.

13

É o entendimento de Humberto Theodoro Júnior:

Com equidade haverá de ser arbitrada a indenização, que tem institucionalmente

o propósito de compensar a lesão e nunca de castigar o causador do dano e de

premiar o ofendido com enriquecimento sem causa. (JÚNIOR, 2003, p.85)

Outra parte da doutrina entende juntamente com a jurisprudência de que ele tem o

duplo caráter, compensatório para a vítima e punitivo-pedagógico para o ofensor.

Os defensores do caráter punitivo-pedagógico da indenização por danos morais

invocam a chamada teoria do valor do desestímulo, segundo a qual, na fixação da

indenização pelos danos morais sofridos, deve o Magistrado estabelecer um valor capaz

de impedir práticas semelhantes. Assim entende Rizzatto Nunes:

(...). Então, a indenização nesse campo possui outro significado. Seu objetivo é

duplo: Satisfatório-punitivo. Por um lado, a paga em pecúnia deverá

proporcionar ao ofendido uma satisfação, uma sensação de compensação capaz

de amenizar a dor sentida. Em contrapartida, deverá também a indenização

servir como punição ao ofensor, causador do dano, incutindo-lhe um impacto tal,

suficiente para dissuadi-lo de um novo atentado. (NUNES, 2015, p. 373)

Nesse mesmo sentido, admitindo o duplo caráter da reparação por dano moral, o

Colendo Superior Tribunal de Justiça ao julgar o Recurso Especial de nº 839923, proferiu

o seguinte acórdão:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE

TRÂNSITO. AGRESSÃO FÍSICA AO CONDUTOR DO VEÍCULO QUE

COLIDIU COM O DOS RÉUS. REPARAÇÃO DOS DANOS MORAIS.

ELEVAÇÃO. ATO DOLOSO. CARÁTER PUNITIVO-PEDAGÓGICO E

COMPENSATÓRIO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.

RECURSO PROVIDO. 1. Na fixação do valor da reparação do dano moral por

ato doloso, atentando-se para o princípio da razoabilidade e para os critérios da

proporcionalidade, deve-se levar em consideração o bem jurídico lesado e as

condições econômico-financeiras do ofensor e do ofendido, sem se perder de

vista o grau de reprovabilidade da conduta do causador do dano no meio social e

a gravidade do ato ilícito. 2. Sendo a conduta dolosa do agente dirigida ao fim

14

ilícito de causar dano à vítima, mediante emprego de reprovável violência física,

o arbitramento da reparação por dano moral deve alicerçar-se também no caráter

punitivo e pedagógico da compensação, sem perder de vista a vedação do

enriquecimento sem causa da vítima. 3. Na hipótese dos autos, os réus

espancaram o autor da ação indenizatória, motorista do carro que colidira com a

traseira do veículo que ocupavam. Essa reprovável atitude não se justifica pela

simples culpa do causador do acidente de trânsito. Esse tipo de acidente é

comum na vida diária, estando todos suscetíveis ao evento, o que demonstra,

ainda mais, a reprovabilidade da atitude extrema, agressiva e perigosa dos réus

de, por meio de força física desproporcional e excessiva, buscarem vingar a

involuntária ofensa patrimonial sofrida. 4. Nesse contexto, o montante de R$

13.000,00, fixado pela colenda Corte a quo, para os dois réus, mostra-se irrisório

e incompatível com a gravidade dos fatos narrados e apurados pelas instâncias

ordinárias, o que autoriza a intervenção deste Tribunal Superior para a revisão

do valor arbitrado a título de danos morais. 5. Considerando o comportamento

altamente reprovável dos ofensores, deve o valor de reparação de o dano moral

ser majorado para R$ 50.000,00, para cada um dos réus, com a devida incidência

de correção monetária e juros moratórios. 6. Recurso especial provido.

(STJ - REsp: 839923 MG 2006/0038486-2, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO,

Data de Julgamento: 15/05/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:

DJe 21/05/2012)

Desta forma verificamos que o duplo caráter da indenização está presente nos

julgamentos destas ações, sempre com a devida atenção ao principio da razoabilidade e

critérios de proporcionalidade.

3.1 O DANO MORAL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1.990) trouxe ao consumidor a

proteção de direitos extrapatrimoniais, tais como proteção à vida, à saúde e à segurança,

bem como, à reparação integral dos danos, o que engloba os danos morais e materiais

(artigo 6º, incisos I e VI). E, ainda, o artigo 17 protege, inclusive, aquele que foi exposto

aos efeitos do acidente.

Importante acrescentar que o Código de Defesa do Consumidor é norteado pelo

Princípio da Responsabilidade Objetiva do Fornecedor, traduzindo a ideia da Teoria do

Risco da Atividade, estampada nos artigos 12 a 14, do diploma em questão.

Com a adoção da Teoria Objetiva, o risco é do fornecedor do produto ou serviço,

bastando ao consumidor provar a existência do dano e a relação de causalidade, não se

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discutindo, pois, a culpa ou o dolo daquele que tem o dever de indenizar. Sendo assim,

verifica-se que não é mais o consumidor quem arca com os riscos do negócio.

Outro aspecto significante do CDC é a indenização devida por aquele que efetua

a cobrança de dívida já quitada, bem como, nos casos em que a cobrança da dívida passa

a ser exercida de maneira vexatória ao consumidor. Preocupado com isso, o legislador

pátrio se encarregou de disciplinar, minuciosamente, todos os passos que antecedem o

envio do nome do consumidor ao cadastro de inadimplentes. Nesse sentido, qualquer

irregularidade pode ensejar a devida indenização por danos morais.

Ainda, cumpre estabelecer, que a indenização nas relações de consumo pode ter

origem contratual (nesse caso exige-se que o produto ou serviço contratado pelo

consumidor esteja mancomunado de algum vício), ou extracontratual (considera-se como

consumidor toda a coletividade, bastando que o produto ou serviço colocado à disposição

possa ocasionar risco à vida, saúde ou segurança do consumidor, não se exige, portanto,

uma relação de consumo direta, protege-se a coletividade, enquanto pessoas

consumidoras).

Isso é explicável, pois ao colocar um produto/serviço no mercado de consumo, o

fornecedor está obrigado ao dever de qualidade.

Ademais, insta salientar, que o dever de reparação do dano pelo fornecedor é

integral, abrange não apenas os danos materiais, mas também os danos morais que, nesse

diapasão, são os danos reflexos, tais como, a morte ou a invalidez do consumidor.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DO DANO MORAL

Existe uma classificação doutrinaria do dano moral, podendo ser ele direto ou

indireto. O dano é direto quando ocorre uma lesão específica a um bem jurídico

extrapatrimonial, nesse diapasão explica Maria Helena Diniz:

O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a satisfação ou o

gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade

(como a vida, a integridade corporal e psíquica, a liberdade, a honra, o decoro, a

16

intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da

pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família). Abrange, ainda, a

lesão à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III). (DINIZ, 2008, p. 93)

Um exemplo claro do dano moral direto é a inscrição indevida do nome de

alguém nos órgãos de proteção ao crédito sem um justo motivo. Neste caso foi violada

diretamente a honra e à imagem do individuo.

Quanto ao dano indireto, ele ocorre quando houver primeiramente um dano de

natureza patrimonial, mas que, de modo reflexo, gera um dano de natureza

extrapatrimonial.

Existe uma terceira espécie chamada de dano moral por ricochete. Nesta

modalidade que é muito confundida com o dano moral indireto, uma conduta ilícita

praticada contra uma pessoa acaba de modo reflexo sendo sentida por um terceiro.

É o entendimento do professor Yussef Said Cahali:

Embora o dano deva ser direto, tendo como titulares da ação aqueles que sofrem,

de frente, os reflexos danosos, acolhe-se também o dano derivado ou reflexo, “le

dammage par ricochet”, de que são os titulares que sofrem, por consequência,

aqueles efeitos, como no caso do dano moral sofrido pelo filho diante da morte

de seus genitores e vice-versa. (CAHALI, 2005, p.116)

A diferença entre ambos é no indireto existe uma violação a um direito

extrapatrimonial de alguém, em função de um dano material. No reflexo, tem-se um dano

moral sofrido por um sujeito, em função de um dano de que foi vítima outra pessoa ligada

a ele, pouco importando se esse dano era de natureza material ou moral.

Uma decisão interessante e que ilustra bem a configuração do dano moral por

ricochete foi emanada da Turma recursal dos Juizados Especiais do Amapá.

Segue a ementa do julgado mencionado:

CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. PRELIMINARES DE

ILEGITIMIDADE ATIVA, PASSIVA E INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS

ESPECIAIS AFASTADAS. NEGATIVA DE ATENDIMENTO DE

EMERGÊNCIA EM HOSPITAL CREDENCIADO. RESPONSABILIDADE

SOLIDÁRIA. ART. 7º, PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC. FALHA NA

PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. DANO MORAL "RICOCHETE"

17

CONFIGURADO. Q UANTUM MANTIDO. RECURSO NÃO PROVIDO. 1)

O contratante é parte legítima a postular em relação a contrato de plano de saúde

firmado em favor de filho menor. Preliminar afastada. 2) Não há que se falar em

incompetência dos Juizados Especiais, eis que a matéria em questão refere-se a

dano moral ricochete, porquanto o autor, por ser genitor do menor, experimentou

os efeitos lesivos de forma indireta e reflexa do inadimplemento contratual da

recorrente. Preliminar afastada. 3) Patente a legitimidade passiva da recorrente,

pois é responsável solidária por eventual falha na prestação do serviço de seus

credenciados, na forma do art. 7º, parágrafo único, e artigo 25, § 1º, ambos do

Código de Defesa do Consumidor. Preliminar de ilegitimidade passiva ad

causam rejeitada. 4) É dever da ré, por meio de seus credenciados, prestar

atendimento de qualidade aos usuários, sobretudo quando é caso de emergência.

Ao negar o atendimento por problemas administrativos entre o hospital e o plano

de saúde, a operadora e seus credenciados contrariam o disposto na Lei

9656/1998 (dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde),

praticando ato contrário a boa-fé que deve reger os contratos submetidos à

norma consumerista. 5) Resta configurado o dano moral passível de indenização,

a negativa de atendimento de emergência em criança acometida de febre alta,

colocando em risco a saúde do menor, obrigando o autor a buscar atendimento

em rede pública, mesmo com plano de saúde regular. Tal ato afronta gravemente

a dignidade do consumidor, dispensando a prova do prejuízo, que se presume e

deve ser indenizado. 6) O dano moral restou configurado e na situação presente

o quantum arbitrado, no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais), encontra esteio

nos critérios da razoabilidade e proporcionalidade, em consonância com

jurisprudência desta Turma Recursal em casos semelhantes. 7) Recurso

conhecido e não provido. Sentença mantida.

(TJ-AP - RI: 00024093120138030002 AP, Relator: Rommel Araújo de Oliveira,

Data de Julgamento: 09/07/2013, Turma Recursal dos Juizados Especiais)

Embora o dano moral por ricochete seja de difícil caracterização pelos Tribunais,

diante de sua subjetividade, é certo que ele enseja a responsabilidade civil do infrator,

desde que demonstrado o prejuízo da vítima indireta, como ocorreu no caso acima

mencionado, o genitor sofreu de forma reflexa pelo fato de seu filho não receber o

atendimento do plano de saúde em situação regular quando acometido por febre alta,

obrigando-o a leva-lo na rede pública de saúde.

18

3.3 CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL E FORMAS DE FIXAÇÃO DO

QUANTUM DEBEATUR

O dano moral estará configurado sempre que a vítima experimentar uma dor

(física ou moral) passar por situações humilhantes, vexatórias, desgostosas, bem como

quando for privada de seu bem-estar.

Entretanto, a respeito da caracterização do dano moral, Sérgio Cavalieri Filho

afirma que:

(...). Ultrapassadas as fases da irreparabilidade do dano moral e da sua

inacumulabilidade com o dano material, corremos, agora, o risco de entrar na

fase da sua industrialização, onde o aborrecimento banal ou mera sensibilidade

são apresentados como dano moral, em busca de indenizações milionárias.

(FILHO, 2003, p. 97)

Assim, impõe-se a conclusão de que não é qualquer dissabor que levará à

indenização. É preciso tomar como referência os sentimentos de um homem médio. Não

se pode considerar o psiquismo daquele que é exageradamente sensível, e que é capaz de

se aborrecer com acontecimentos cotidianos irrelevantes. Também, não se deve

considerar o mais rude dos homens, que não é capaz de se aborrecer com quaisquer

acontecimentos.

Assim, sob o prisma da proporcionalidade é que se avalia ser ou não devida a

indenização pelos danos morais.

De outro modo, a dor, seja ela física ou moral, é um dos elementos que orientam

a caracterização do dano moral. A gravidade desse dano deve ser medida através de

padrões objetivos, especialmente em função do bem tutelado pelo direito. Portanto, o

dano experimentado pela vítima há de ser de tal modo grave, que justifique a imposição

ao agressor uma sanção de ordem pecuniária, com a finalidade de compensar o sofrimento

do lesado e, de realizar no infrator o caráter pedagógico que a medida visa.

De tal sorte, o dano moral estará caracterizado sempre que a agressão tiver como

causa o ataque à dignidade de alguém.

19

Aliás, é exatamente no princípio da dignidade da pessoa humana, um dos pilares

de sustentação do Estado Democrático de Direito, que reside o fundamento da reparação

do dano moral.

Assim, estando os direitos extrapatrimoniais relacionados aos direitos da

personalidade, estampados no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, é imperioso

afirmar que a afronta a tais direitos é também uma violação ao princípio da dignidade da

pessoa humana e, de forma reflexa, um ataque ao Estado Democrático de Direito. Por

isso, quando a Constituição prevê a plena reparação dos danos morais, demonstra total

harmonia com o princípio balizador do Estado Democrático de Direito.

A esse contexto soma-se o ideal de justiça, presente em cada indivíduo, que faz

nascer a ânsia pela devida reparação do dano, porque é evidente que se fosse dada escolha

à vítima, ela jamais optaria por ser lesada. Desta forma, é também fundamento da

reparação do dano moral, a ideia de que a todo evento que provoque um dano injusto, há

de coexistir o dever de indenização.

Nada obstante, essa reparação, não pode, jamais, servir como forma de

enriquecimento ilícito para a vítima. Nesse diapasão, estão os institutos da vitimização no

dano moral e da culpa exclusiva da vítima, sendo necessário que os cuidados sejam

redobrados para evitar condenações de pessoas que foram vítimas de supostos ofendidos

por danos morais.

Essas situações são vivenciadas pelo Poder Judiciário Norte Americano, por

exemplo, que por razões inócuas, de pessoas que se colocam como vítimas de

determinadas situações, condena ao pagamento de grandes quantias em dinheiro.

O Judiciário Brasileiro não pode jamais seguir esse modelo, pois foge à ideia

positivada de dano moral indenizável. O dano deverá ser sempre indenizável e não

proporcionar o enriquecimento da vítima, que se caracteriza como enriquecimento sem

causa. O valor deverá estar de acordo com cada caso e cada situação.

Justamente, por essa razão, é que o legislador do Código Civil de 2002 criou o

artigo 945, que impõe à vítima um encargo pela ação comissiva ou omissiva no

pretendido evento danoso. No caso específico do dano moral, a atuação da vítima, na

20

maioria esmagadora das vezes, será sempre omissiva, mas note-se que essa omissão

poderá ser consciente, já pretendendo a indenização, que lhe beneficiará.

De acordo com essa ideia, quanto maior for a ação da vítima, menor será a

indenização por ela merecida, ou até mesmo total será a isenção de indenização. Esse

dispositivo é uma arma, colocada à disposição do magistrado, para coibir a indústria ou o

modismo do dano moral, que se alastrou pelo Judiciário Brasileiro. Ademais, permite ao

demandado dessas ações fazer prova no sentido de que a vítima poderia ter evitado o

evento que lhe causou o dano, mas, que ao contrário, contribuiu de maneira consciente

para a sua concretização.

Assim, como não é possível ao juiz proibir o manuseio do pleito indenizatório por

dano moral, esse artigo, juntamente com a prova carreada pelo requerido, o auxilia a

averiguar quem a usa de má-fé, configurando, portanto, a litigância de má-fé da parte

requerente.

Cumpre, ainda, salientar que verificada a culpa exclusiva da vítima no evento

danoso, há uma ruptura no liame de causalidade, de maneira que o agressor se exime de

qualquer responsabilidade, fica, portanto, isento de pagar qualquer indenização.

Entretanto, para que isso ocorra, alguns requisitos devem ser preenchidos.

Inicialmente, há de ser detectada a culpa da vítima. Segundo, é que essa culpa

deve ser exclusiva da vítima e excludente, ou seja, o agressor não pode ter praticado

qualquer ato negligente. Terceiro, exige-se que o infrator tenha atuado de forma a evitar,

ou no mínimo, diminuir as consequências do enfado. Último requisito, é que se o

demandado ou ‘agressor’, alegar como defesa a culpa exclusiva da vítima, incumbe-lhe

provar.

Assim, consoante se verifica, ao magistrado, diante do caso concreto, caberá a

árdua tarefa de decidir quem detém, ou não, o direito à compensação dos danos,

analisando, para tanto, a gravidade do dano sofrido, de acordo com os padrões da

proporcionalidade, bem como se a vítima concorreu ou não para a concretização do dano.

De extrema importância também é falar a respeito do dano moral in re ipsa.

Trata-se do dano moral presumido. Em regra, para a configuração do dano moral é

21

necessário provar a conduta, o dano e o nexo causal. Excepcionalmente o dano moral é

presumido, ou seja, independe da comprovação do grande abalo psicológico sofrido pela

vítima.

O que ocorre nestes casos é que a própria gravidade da conduta ilícita evidencia

que houve um dano extrapatrimonial, é o que ensina Anderson Schreiber:

Assim, por exemplo, provada a perda de um filho, do cônjuge, ou de outro ente

querido, não há que se exigir a prova do sofrimento, porque ele decorre do

próprio fato, de acordo com as regras da experiência comum; provado que a

vítima teve o seu nome aviltado, ou a sua imagem vilipendiada, nada mais ser-

lhe— exigido provar; por isso que o dano moral está in re ipsa; decorre

inexoravelmente da gravidade do próprio fato ofensivo, de sorte que, provado

o fato, provado está o dano moral. (SCHREIBER, 2012, p. 203)

O que vem ocorrendo atualmente é um erro quanto a interpretação do dano

moral in re ipsa. Muitas são as alegações de que houve um dano moral presumido, mas

o próprio fato narrado não se mostra tão grave ao ponto de haver um abalo indenizável.

Tome-se, por exemplo, o seguinte acordão emanado da 3ª Turma Recursal do

TJ/PR:

RECURSO INOMINADO - INDENIZATÓRIA - RELAÇÃO DE CONSUMO

EVIDENCIADA - PARTE REQUERIDA QUE NÃO COMPROVOU A

EXISTÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DOS SERVIÇOS COBRADOS -

DANO MORAL IN RE IPSA - VALOR DA INDENIZAÇÃO (R$ 3.000,00)

QUE NÃO COMPORTA REDUÇÃO A FIM DE ATENDER AS FUNÇÕES

REPARATÓRIA E PREVENTIVA. SENTENÇA MANTIDA. Recurso

conhecido e desprovido. Ante o exposto, esta 3ª Turma Recursal - DM92

resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de TIM

CELULAR.

(TJPR - 3ª Turma Recursal - DM92 - 0001227-02.2015.8.16.0156/0 - São João

do Ivaí - Rel.: Siderlei Ostrufka Cordeiro - J. 10.10.2016)

Fica evidente no caso em comento que o simples fato de haver uma cobrança

indevida nos créditos da linha telefônica do autor, não se faz presumir que houve um

abalo psíquico capaz de gerar indenização por danos morais. Correto é o entendimento

da 3ª Turma Recursal em Regime de Exceção que ao tratar a mesma matéria emanou o

seguinte acórdão:

22

RECURSO INOMINADO. INDENIZATÓRIA. TELEFONIA. SUPOSTO

PEDIDO DE CANCELAMENTO NÃO ATENDIDO. COBRANÇA

INDEVIDA. DANO MORAL NÃO DEMONSTRADO. ATUAL

ENTENDIMENTO DESTA TURMA RECURSAL, A FIM DE ADEQUAR-

SE À JURISPRUDÊNCIA DO TJPR E DO STJ. SENTENÇA MANTIDA. 1.

No caso dos autos, não há que se falar em danos morais. Revendo

posicionamento anterior e com o intuito de adequação à jurisprudência

dominante do STJ e do TJ/PR, modifica-se posicionamento anterior e passa-se

a entender que, a mera cobrança indevida por serviço de telefonia não

contratado, sem outros reflexos, não causa dano moral, uma vez que este não é

in re ipsa, no caso. 2. Neste sentido: PROCESSUAL CIVIL E

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.

DISSIDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. DANO MORAL.

CARACTERIZAÇÃO DEPENDENTE DE REEXAME DE PROVAS.

SÚMULA 7/STJ. 1. A falta de demonstração da similitude fática entre os

julgados confrontados, mediante o devido cotejo analítico, descaracteriza a

existência da divergência jurisprudencial na forma dos arts. 255 do RISTJ e

541 do CPC. 2. A configuração do dano moral advindo de cobrança indevida

de serviço de telefonia, sem corte do fornecimento ou inscrição em cadastro de

inadimplentes, depende de comprovação, providência inadmitida em sede de

recurso especial. Incidência da Súmula 7/STJ. 3. Agravo regimental a que se

nega provimento. (AgRg no REsp 1352544/SC, Rel. Ministro OG

FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe

06/02/2015) (sem destaques no original), esta Turma Recursal resolve, por

unanimidade de votos, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao recurso,

nos exatos termos do voto.

(TJPR - 3ª Turma Recursal em Regime de Exceção - 0003074-

04.2015.8.16.0103/0 - Lapa - Rel.: Giani Maria Moreschi - J. 28.09.2016)

3.4 MÁ-FÉ

A má-fé na terminologia jurídica é empregada para exprimir tudo que se faz com

entendimento da maldade ou do mal que nele se contém. Decorre do conhecimento do

mal que se encerra no ato executado, ou do vício contido nas coisas, que se quer mostrar

como perfeita, sabendo-se que não o é. Se pelas circunstâncias que cercam o fato ou a

coisa se verifica que a pessoa tinha conhecimento do mal, estava ciente do engano ou da

fraude contido no ato e, mesmo assim praticou o ato ou recebeu a coisa, agiu com má fé,

o que importa dizer que agiu com fraude ou dolo.

A má-fé abordada neste tópico é aquela dos litigantes que enxergam esse instituto

como forma de ganho extra que, não poucas vezes, propõe ação de danos morais, ciente

de que ele não existe. Esse tipo de atitude abarrota o judiciário com inúmeras demandas

23

frívolas e inconsequentes, surgindo, pode-se dizer, como principal responsável pela

banalização do instituto do dano moral.

Ainda a respeito do ajuizamento de ações com abuso, desvio de finalidade, o seja

com mero intuito de alcançar outras consequências e utilidades “má-fé”, entende Anne

Joyce Angher que:

Com isso, temos que a litigância de má-fé tem natureza jurídica de abuso do

direito de ação ou de defesa, nestes incluídos todos os atos dos litigantes que

ocupam os pólos ativo e passivo do processo. (ANGHER, 2005, p. 79)

Assim como os consumidores são amplamente resguardados de abusos cometidos

por grandes empresas, estas também devem ser protegidas de demandas irresponsáveis,

cometidas por pessoas que ingressam no Judiciário visando, única e exclusivamente ao

enriquecimento fácil e ilícito.

Para tanto o próprio Código de Processo Civil estabelece em seu artigo 79 que

autor, réu ou interveniente que pleitear de má-fé responde por perdas e danos. Também

define no seu artigo 80 o que seria a um litigante de má-fé com atenção especial ao inciso

III do referido artigo:

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato

incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Portanto o autor tendo como único objetivo o enriquecimento sem causa alegando

um dano moral inexistente pode-se entender que o mesmo é litigante de má-fé conforme

reza o inciso III do referido artigo.

24

3.5 MERO ABORRECIMENTO

Uma tarefa árdua é a distinção do que é dano moral e um mero aborrecimento. A

avaliação depende inevitavelmente da análise do caso concreto.

Mesmo sendo de difícil conceituação, pode-se entender o mero aborrecimento

como tudo aquilo que não ultrapasse a normalidade do dia-a-dia do homem médio e não

venha a lhe causar ruptura em seu equilíbrio emocional interferindo intensamente em seu

bem-estar diferente disto estamos falando em dano moral.

Nesta linha de raciocínio explica Sérgio Cavalieri Filho:

(...) só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou

humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no

comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e

desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação

ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além

de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito,

entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e

duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim

não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações

judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos. (FILHO,

2010, p. 78)

O STJ através das súmulas 370, 385 e 388 no intuito de dirimir algumas questões

estabelece o que é passível ou não de indenização, mas é certa a impossibilidade de

estabelecer diferenças entre dano moral e mero aborrecimento por meio de súmulas ou

leis para todas as situações práticas.

Nossos tribunais têm enfrentado a questão e aplicado o entendimento de que se

não for evidenciado que a parte autora tenha sofrido um infortúnio maior, estamos diante

do mero aborrecimento conforme se vê abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE

DÍVIDA CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS

MORAIS. TELEFONIA. IMPLANTAÇÃO DE - FALHA NA PRESTAÇÃO

DOSERVIÇO DE INTERNET BANDA LARGA NÃO SOLICITADO

SERVIÇO - VALORES COBRADOS A MAIOR, QUE DEVEM SER

RESTITUÍDOS AO CONSUMIDOR EM DOBRO. COBRANÇA INDEVIDA

25

QUE NÃO ENSEJA O DANO MORAL. PARCIAL PROVIMENTO.

RECURSO ADESIVO - PREJUDICADO QUANTO PEDIDO DE

ELEVAÇÃO DO DANO MORAL - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS -

NECESSIDADE DE READEQUAÇÃO. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA -

REDISTRIBUIÇÃO. 1. "A cobrança excessiva, de per si, não provoca danos

morais ao consumidor, mas sim meros dissabores e " (TJPR, Apelação Cível nº

841819-1, 11ªarrependimentos que não são indenizáveis Câmara Cível, Rel. Ruy

Muggiati, julg. 18/04/2012).2. Recurso de apelação e recurso adesivo

conhecidos e parcialmente providos. (TJPR, AC 1080943-5 Umuarama, 11ª

CCível, Rel, Ruy Muggiati, j. 07.05.2014) (grifei). CIVIL. REPARAÇÃO DE

DANOS MATERAIS E MORAIS. SERVIÇO DE TELEFONIA. COBRANÇA

INDEVIDA. SERVIÇO NÃO CONTRATO. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. -

ABUSIVIDADE QUE COMPROVA A MÁ-FÉ. DANOS MORAIS. MERO

ABORRECIMENTO. Disponibilizar e cobrar por serviços não solicitados pelo

consumidor, mesmo após este solicitar a cessação do serviço, já evidencia a má-

fé e afasta qualquer alegação de engano justificável. - O caso dos autos retrata

mero aborrecimento, uma vez que a ora recorrente, não acostou aos autos provas

suficientes que evidenciem haver sofrido qualquer infortúnio maior, senão

aqueles cotidianos. A situação reportada nos autos, a meu sentir, não passa de

um mero dissabor, uma chateação comum nas relações negociais, não sendo

apto a gerar qualquer tipo de indenização (TJ-MG, Relator Alberto Henrique,

13ª Câmara Cível, j. 09/10/2014) (grifei). APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO

DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TELEFONIA. INCLUSÃO, NAS

FATURAS MENSAIS, DE VALORES POR SERVIÇOS NÃO SOLICITADOS

PELO CONSUMIDOR. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA DE PROVAS DE

QUE O AUTOR TENHA SOFRIDO INCÔMODOS INSUPORTÁVEIS EM

VIRTUDE DO EQUÍVOCO. AUSÊNCIA DE INSCRIÇÃO NO CADASTRO

DE INADIMPLENTES. MERO ABORRECIMENTO. ATO QUE NÃO GERA

O. SENTENÇA MANTIDA INCÓLUME. PREQUESTIONAMENTO. DEVER

DE INDENIZAR RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. "O simples fato

de ter a empresa de telefonia incluído, em faturas mensais, valores de serviços

excedentes aos contratados, com o consumidor os pagando e tendo que acorrer

ao Judiciário para obstaculizar a continuidade da prática, evidencia mero

incômodo e dissabor, não rendendo direito à indenização por danos morais,

quando não há a inscrição do nome do usuário em "cadastros de inadimplentes e

nem é tomada, contra ele, qualquer providência drástica (TJSC, AC

20140173368 SC, Relator Stanley da Silva Braga, Terceira Câmara de Direito

Público, j. 14/07/2014) (grifei). Priorizou-se anteriormente com a concessão de

danos morais a necessidade de punir condutas ilícitas, totalmente contrárias à

boa-fé contratual, a fim de que se cumpra a finalidade punitiva do instituto do

dano moral. Entretanto, mesmo com a ciência da existência de um número

absurdo e crescente de demandas no mesmo sentido perante nosso Estado,

entendo que a concessão de danos morais individuais não representa a melhor e

mais técnica maneira de resolução desta questão. Existentes mecanismos de

tutela coletiva, bem como necessária a atuação dos órgãos fiscalizadores e

reguladores, no caso, a ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações, já

provocados por esta Turma Recursal. Já no que tange à, levando em

consideração o que dispõe o art. 42, repetição do indébito parágrafo único do

Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade da empresa de telefonia é

incontroversa quanto aos danos materiais suportados pelo consumidor, tendo em

26

vista que este viu-se compelido a pagar por serviços não solicitados para

continuar com a relação contratual, fato este que caracteriza abuso por parte da

reclamada. Nesta senda, a devolução em dobro dos valores pagos a maior é

medida que se impõe. Com relação ao valor exato a ser restituído à parte autora,

o mesmo deverá ser apurado na fase de cumprimento de sentença, eis que

possível a aplicação do art. 509, § 2º do novo CPC ao caso, bastando para tanto

que a ré apresente as faturas da parte autora em que houve a cobrança indevida e

mesmo assim foi paga, salvo aquelas parcelas atingidas pela prescrição,

conforme requerido pela parte autora na inicial quinquenal Portanto, conheço em

parte e na parte conhecida dou parcial provimento ao recurso , determinando a

devolução em dobro dos valores indevidamente cobrados, apresentado

mantendo-se a sentença nos demais termos. Restando parcialmente provido o

Recurso interposto pela parte autora, condeno-a ao pagamento de 50%

(cinquenta por cento) das custas processuais e honorários advocatícios à razão

de 15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55 da

Lei nº. 9.099/95, observada a suspensão na cobrança pela Lei 1.060/1950, caso a

recorrente seja beneficiária da assistência judiciária gratuita. 3. DISPOSITIVO

Diante do exposto, resolvo monocraticamente com base na Súmula 568 e artigo

932 do Novo CPC, ao CONHECER EM PARTE E DAR PARCIAL

PROVIMENTO NA PARTE CONHECIDA recurso, nos exatos termos da

fundamentação. Curitiba, 07 de outubro de 2016.

Diante do exposto, resolvo monocraticamente com base na Súmula 568 e artigo

932 do Novo CPC, ao CONHECER EM PARTE E DAR PARCIAL

PROVIMENTO NA PARTE CONHECIDA recurso, nos exatos termos da

fundamentação.

(TJPR - 3ª Turma Recursal em Regime de Exceção - 0050048-

75.2015.8.16.0014/0 - Londrina - Rel.: Fernanda Bernert Michelin - J.

07.10.2016).

O correto é que no caso concreto deverá o magistrado dentro dos parâmetros da

boa-fé objetiva estar mais atento não somente às agruras pelas quais passam os

consumidores diuturnamente, mas principalmente pelas situações absurdas e abusivas

deduzidas pelos consumidores, perante o judiciário, exigindo danos morais, para

delimitar se ocorreu ou não um dano.

27

4 JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

O Juizado Especial Cível ou JEC foi criado em 1995 com a Lei 9099. Ele é

destinado ao julgamento de causas de pequeno valor, ou seja, até 40 salários mínimos e de

menor complexidade, na forma do artigo 3º, I, da lei 9099/95.

Surgiu no intuito de resolver os problemas de acesso à justiça, como os que estão

correlacionados com os custos e a demora dos processos, e também os obstáculos entre o

cidadão que clama por justiça e os procedimentos para concedê-lo.

Nesse diapasão Ricardo Cunha Chimenti explica que:

Trata-se de um sistema ágil e simplificado de distribuição da Justiça pelo

Estado. Cuidando das causas do cotidiano de todas as pessoas (relações de

consumo, cobranças em geral, direito de vizinhança etc.), independentemente da

condição econômica de cada uma delas, os Juizados Especiais Cíveis

aproximam a Justiça e o cidadão comum, combatendo o clima de impunidade e

descontrole que hoje a todos preocupa. (CHIMENTI, 2005, p. 05)

4.1 PRINCÍPIOS

O artigo 2º da Lei 9.099/95 elucida os princípios norteadores dos Juizados

Especiais Cíveis, que são da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual

e celeridade.

Pelo princípio da oralidade entende-se que o juiz vai colher diretamente as

provas, compreendendo assim um conjunto de princípios integrativos como o da

imediação, da concentração dos atos processuais, da irrecorribilidade e o da identidade

física do juiz.

A oralidade faz gerar a compressão procedimental do processo perante os

Juizados Especiais, e reduz o procedimento em uma só audiência, ou poderá ocorrer outra

que será designada em curto prazo, visando assim à preservação dos fatos na memória do

magistrado.

28

O princípio da simplicidade e informalidade possui uma finalidade especifica que

esta prevista no artigo 13 da Lei dos Juizados Especiais, que vem estabelecer a validade

dos atos processuais por mais simples que sejam no âmbito processual.

Diferentemente do que ocorre na justiça comum, o princípio da simplicidade

proporciona a aplicação da Justiça de maneira simples e objetiva nos juizados, onde desta

forma, estes atos processuais por mais simples que sejam terão validade quando

alcançarem seu objetivo. Revelam assim a nova face desburocratizadora da Justiça

Especial.

Os princípios da economia e celeridade processual visam à obtenção do máximo

rendimento da lei com o mínimo de atos processuais. O objetivo principal destes

supramencionados princípios é compactar os atos processuais para alcançar a celeridade

da prestação jurisdicional.

Pelo princípio da economia processual entende-se que, entre duas alternativas, se

deve escolher a menos onerosa às partes e ao próprio Estado. Sendo evitada a repetição

inconsequente e inútil de atos procedimentais. A concentração de atos em uma mesma

oportunidade é critério de economia processual.

4.2 A INDÚSTRIA DO DANO MORAL

Antigamente o acesso à justiça e informação da população eram mínimos, porém,

com o decorrer do tempo o acesso ao Judiciário ficou mais viável, por meio dos Juizados

Especiais, tendo em vista a não obrigatoriedade do pagamento de custas processuais,

honorários advocatícios em primeira instância, e aproveitando-se do principio da

informalidade presente na lei 9.099/95, que não há necessidade de o litigante estar

assistido por advogado nas demandas de até 20 salários mínimos.

Ocorre que fatos corriqueiros da vida cotidiana estão levando os cidadãos a

litigarem junto aos Juizados Especiais Cíveis, pleiteando o Dano Moral, sem

fundamentação jurídica. A combinação desta procura sem freio do Poder Judiciário

juntamente com vários casos com sentenças incoerentes tem consequências catastróficas

29

ao próprio Poder Judiciário. O primeiro deles é o abarrotamento do judiciário de uma

forma irresponsável, segundo é a visualização dos juizados especiais e do dano moral

como uma fonte de renda extra por parte da população.

Grande parte destas ações são geradas por descontentamentos da população junto

às empresas de telefonia.

Um exemplo claro de uma sentença que deferiu um pedido de indenização por

dano moral verdadeiramente absurdo foi proferida pela Excelentíssima Juíza de Direito

Ana Cristina Cremonezi, em 11/08/2016, que foge da realidade pecuniária imposta, bem

como o motivo ensejador da demanda é infundada.

Processo: 0000999-67.2015.8.16.0175

JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DE URAÍ

Partes: Laurisvaldo Paulino da Silva e Tim Celular S.A.

(...)

III – DISPOSITIVO

Ante tudo o que fora exposto, com fundamento no art. 487, inciso I do CPC,

JULGO PROCEDENTE a pretensão exposta nos presentes autos para

DECLARAR a nulidade de cobrança descrita na inicial (VO - INFINITY

RECADO) e CONDENAR a requerida ao pagamento de indenização por

DANOS MORAIS devidos a parte autora no importe total de R$ 3.000,00 (três

mil reais) e à devolução dos valores cobrados indevidamente, em dobro, na

forma do art. 42 do CDC.

CONDENO, ainda, à exibição das faturas no período trienal ao ajuizamento da

demanda, na forma do art. 206, § 3º IV do Código Civil.

Fica a requerida advertida de que os documentos deverão ser apresentados no

prazo de cumprimento espontâneo do julgado, juntamente com memória de

cálculo, sob pena de homologação do cálculo da parte adversa, na forma do

art.509, § 2º do CPC.

Sobre a devolução dos valores cobrados indevidamente, deve incidir correção

monetária (INPC) desde a data do ilícito e juros moratórios de 1% desde a

citação.

As verbas devidas a título de danos morais devem sofrer correção monetária a

partir do arbitramento e os juros legais a partir da citação.

Deixo de condenar em custas e honorários, tendo em vista não serem devidos no

âmbito do Juizado Especial Cível.

Eventual pedido de assistência judiciária gratuita será analisado apenas se

houver interposição de recurso inominado pelo interessado e deverá estar

30

instruído com comprovante de rendimentos, salvo se colacionados no curso do

processo.

P.R.I. Oportunamente, arquivem-se.

Uraí, (data da assinatura digital).

Ana Cristina Cremonezi

Juiz de Direito

Por óbvio que a condenação ao pagamento de indenização por danos morais é

descabida e houve uma banalização do dano. O caso versa sobre um único desconto de R$

0,75 (setenta e cinco centavos) nos créditos da linha telefônica do autor conforme as

provas juntadas pelo mesmo nos autos.

Ao fundamentar a quantificação e o cabimento do dano moral há um

entendimento equivocado da magistrada. A MM Juíza explana que no caso não é

necessário fazer prova do efetivo prejuízo. Ocorre que este entendimento vai de encontro

com o princípio da proporcionalidade e razoabilidade, independente da condição

financeira de ré, uma vez que uma única cobrança num valor ínfimo não é um fato que

gera um abalo psíquico capaz de atingir o intimo da pessoa, sendo completamente

desproporcional uma pena pecuniária de R$ 3.000,00 (três mil reais).

Outro caso em que houve uma situação semelhante com a citada acima, o autor

requer indenização por danos morais por descontos em seus créditos da linha telefônica

que totalizam R$ 7,50 (sete reais e cinquenta centavos). Neste caso o Juiz Leigo William

Bonfim dos Santos com homologação da Juíza de Direito Aneiza Vanessa Costa do

Nascimento em 01/06/2016 foram mais longe na quantificação do dano moral. Vejamos:

Processo: 0001220-19.2016.8.16.0077

JUÍZADO ESPECIAL CÍVEL DE CRUZEIRO DO OESTE

Partes: Silvana Maria Pless e Tim Celular S.A.

(...)

III. DISPOSITIVO

31

ANTE O EXPOSTO, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE os pedidos

formulados pela Autora SILVANA MARIA PLESS contra a Ré TIM

CELULAR S/A, conforme fundamentação anterior, para o fim de: a) Declarar

nula a cobrança dos serviços não contratados pela Autora e que estão sendo

descontados em sua fatura, determinando que a Ré encerre tais cobranças nas

referidas linhas telefônicas; b) Reconhecer os danos morais em favor da Autora

ante a culpa da conduta da Ré na cobrança indevida, eis que não houve a

solicitação do serviço pelo consumidor; c) Condenar a Ré ao pagamento da

quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais) a título de danos morais, cujo valor

deverá ser corrigido monetariamente pelo índice INPC a partir do trânsito em

julgado desta decisão, com juros moratórios de 1% ao mês a partir da citação; d)

Condenar a Ré a restituir em dobro à Autora os valores por ela pagos

indevidamente e demonstrados nos autos, o que perfez o total de R$ 15,00

(quinze reais), atualizados desde o dia da efetiva cobrança; e) Por fim, extinguir

o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 269, inciso I (primeira

parte) do Código de Processo Civil. Deixo de condenar a parte vencida em

custas processuais e honorários de advogado, tendo em vista o disposto no art.

55 da Lei nº 9.099/95, por não serem devidas no primeiro grau de jurisdição,

ressalvado o caso de litigância de má-fé, nã o evidenciado nestes autos. É o

parecer em cumprimento ao art. 40 da Lei nº 9.099/95. Remetam-se os autos

conclusos para deliberação da Juíza Supervisora.

Cruzeiro do Oeste/PR, 24 de maio de 2016.

Assinado digitalmente

WILLIAM BONFIM DOS SANTOS

Juiz Leigo – Matricula 222804

Chega-se a conclusão que sentenças como estas acabam por estimular pessoas a

requerem a reparação civil por Dano Moral quando essa é incabível.

Atualmente o STJ avalia o cabimento de dano moral em falhas de telefonia,

cobranças indevidas e internet. De acordo com o sistema de recursos repetitivos do STJ,

estão suspensas em todo o País pelo menos 17.839 ações com temas idênticos aos dos

processos acima citados, o que mostra a forma irresponsável e apenas com vistas nos

lucros com que se procura o judiciário.

32

4.3 DA FALTA DE PROCURA DAS VIAS ADMINISTRATIVAS E MEDIAÇÕES

É muito comum o ajuizamento de alguns tipos de ações diretamente no judiciário,

antes da tentativa de solução pela via administrativa.

O judiciário encontra-se abarrotado de ações que poderiam ter uma solução mais

célere e pacífica nas vias extrajudiciais. Esse abarrotamento por muitas das vezes é

causado pela falta de integridade moral de quem demanda nos juizados especiais cíveis

com o único intuito de obter uma renda extra.

Estão consagrados no direito brasileiro os princípios da inafastabilidade do

controle judicial e do direito de petição, encontrados nos incisos XXXIV e XXXV do art.

5º da Constituição Federal, assegurando que em muitos casos seja desnecessário que se

esgote a via administrativa para a propositura de demanda judicial, tendo como exceção

os casos em se tem um impeditivo processual que exija tal pressuposto para que não

incorra em falta de interesse de agir.

É de conhecimento geral que a via judiciária sofre por não ser célere mesmo em

se tratando de juizados especiais que tem a celeridade como um de seus princípios.

A via administrativa não implica em tantas formalidades e não compete com

tantos outros processos para serem tratados como ocorre no judiciário, o que o torna uma

maneira mais célere de resolver algum descontentamento com a outra parte. Ainda mais

segura que a via administrativa é a via da mediação que possibilita a ambas as partes

chegarem a um consenso solucionando os conflitos de maneira pacífica e com

homologação de um juiz.

Ocorre que estas etapas mais céleres são propositalmente ignoradas pelos

demandantes, pois o real intuito da propositura das demandas não é solucionar o

descontentamento que por muitas vezes são meros aborrecimentos do cotidiano como já

demonstrado no item anterior, e sim de ter a sua pretensão de indenização por danos

morais infundada atendida.

33

4.4 ENTENDIMENTO DAS TURMAS RECURSAIS DO PARANÁ

Muitas das sentenças proferidas nos juizados especiais que deferem o pleito de

indenização por danos morais acabam sendo reformadas nas Turmas Recursais.

As Turmas Recursais se manifestam com cautela a respeito da condenação ao

pagamento de indenização por Dano Moral, com o intuito de proteger o instituto,

evitando-se sua banalização.

Nesta linha de raciocínio, segue o acórdão emanado da 1ª Turma Recursal dos

Juizados Especiais:

Recurso inominado – Ação de indenização por danos morais – Envio de

correspondência religiosa – ausência de ato ilícito – não se desincumbiu do ônus

disposto no artigo 373, inciso i, do CPC – banalização do instituto do dano

moral – ausência do dever de indenizar – sentença reformada. Recurso

conhecido e provido.

(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0015331-86.2013.8.16.0182/0 - Curitiba - Rel.:

Figueiredo Monteiro Neto - J. 15.07.2016)

De grande importância também ressaltar o entendimento da 3ª Turma Recursal

em regime de exceção que negou o pedido de indenização por dano moral, em uma

demanda contra uma empresa de telefonia em que houve cobranças de serviços não

contratados pelo autor com descontos ínfimos em seus créditos.

O entendimento do relator no caso foi de que não se constatou grave ofensa à

honra, acompanhada de dor, frustração ou humilhação, em que pese o flagrante

aborrecimento ao consumidor. Ainda salientou fato de o autor não ter demonstrado

primeiramente uma tentativa de solução administrativa para o caso. Confira-se:

CÍVEL. RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS

MORAIS E MATERIAIS. RELAÇÃO DE CONSUMO. COBRANÇAS A

MAIOR POR SERVIÇO NÃO SOLICITADO. DANO MORAL NÃO

DEMONSTRADO. ADEQUAÇÃO AO ENTENDIMENTO DO E. STJ. E

TJ/PR. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE SOLUÇÃO

ADMINISTRATIVA FRUSTRADA. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS

PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

Colhe-se dos autos que a parte autora restou cobrada por serviço não solicitado,

posto que, nos termos do artigo 373, inciso II, do Novo CPC e diante da inversão

34

o ônus da prova conferida pela relação consumerista, a empresa ré não se

desincumbiu de demonstrar a correspondente contratação. Destarte, configurada

está a cobrança indevida. Nesse ponto, há que se destacar que a tarifação dos

serviços denominados VO INFINITY RECADO SEMANA, VO INFINITY

RECADO e VO TIM PROTECT FAMÍLIA não restou comprovada dos autos,

de modo que incabível a declaração de nulidade de tais serviços. Não vislumbro

a ocorrência de danos morais no caso em debate. Conforme posicionamento

firmado pelo Tribunal de Justiça de nosso Estado e jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça, não há como se reconhecer o dano moral subjetivo

individual, uma vez que não se constata grave ofensa à honra, acompanhada de

dor, em que pese o flagrante aborrecimento ao consumidor. E frustração ou

humilhação, no feito sob análise, não há prova efetiva da tentativa administrativa

de resolução do problema, interrupção de serviços ou a inclusão do nome do

consumidor em cadastro restritivo de crédito. Cite-se: STJ, RESP 1352544 SC,

Relator Ministro OG FERNANDES, DJ 04/12/2014 e TJPR, AC 1080943-5

Umuarama, 11ª CCível, Rel, Ruy Muggiati, j. 07.05.2014. Veja-se que muito

embora a parte a parte autora tenha indicado número de protocolo, esclarecendo

a data em que realizou a reclamação, deixou de juntar faturas 5. 6. 7. 1. 1.

posteriores à ocorrência impugnada, a partir do que seria possível verificar a

continuidade da cobrança indevida e, portanto, o descaso com o consumidor, que

justificaria o dano moral pleiteado. Portanto, voto pelo desprovimento do

recurso, a fim de manter a sentença, por seus próprios fundamentos, com base no

artigo 46 da Lei n.º 9.099/1995. Condeno a reclamante ao pagamento dos

honorários advocatícios, estes arbitrados em 15% do valor da condenação.

Custas na forma da Lei Estadual n.º 18.413/2014. Exigibilidade suspensa em

razão dos benefícios da assistência judiciária gratuita.

Ante o exposto, esta 3ª Turma Recursal em Regime de Exceção resolve, por

unanimidade dos votos, em relação ao recurso de ADRIANA REQUILDE

GALAFASSI, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito-Não-Provimento nos

exatos termos do voto.

(TJPR - 3ª Turma Recursal em Regime de Exceção - 0063038-

98.2015.8.16.0014/0 - Londrina - Rel.: Renata Ribeiro Bau - J. 19.09.2016)

Fica claro nos casos citados, o desejo de transformar um mero dissabor cotidiano

em uma oportunidade de rendimento pecuniário por excesso de intolerância ou má-fé.

Com isso, o instituto do dano moral fica desgastado por sentenças que diferem da

realidade, causando um enorme prejuízo social.

De toda sorte extrai-se dos acórdãos juntados acima que as Turmas Recursais do

Paraná vêm agindo com cautela para desestimular cada vez mais pleitos desta estirpe.

35

5 COMBATE A INDÚSTRIA DO DANO MORAL

A lei não definiu os parâmetros objetivos para a fixação das indenizações por

danos morais, cabendo ao juiz a tarefa de decidir caso a caso, de acordo com o seu

prudente arbítrio.

Como já verificado, as Turmas Recursais vêm se empenhando na tarefa de

desencorajar a propositura de demandas que não tenham um fundamento razoável para

caracterização do dano moral.

O Código de Processo Civil de 1973 e a jurisprudência que se formou à luz do

mesmo de certa forma corroboraram para que os pedidos de dano moral fossem

formulados de forma irresponsável, pois o pedido poderia ser feito de forma genérica,

sem especificar um valor a ser indenizado. Como consequência de um pedido genérico,

no caso de uma sentença em que o valor arbitrado não fosse satisfatório, haveria

interesse recursal por parte do autor para majorar o valor da condenação.

Também nos casos de parcial procedência dos pleitos não haveria sucumbência

do autor.

Diante do exposto fica evidente a facilidade com que se podia pleitear

indenização por dano moral, pois o panorama era extremamente favorável, o pedido

genérico poderia ser elevado indiscriminadamente em recurso e não havia perigo algum

de sucumbência.

O novo Código de Processo Civil trouxe mecanismos para ajudar a combater os

pedidos genéricos.

O primeiro deles é a impossibilidade de pedidos genéricos de dano moral. O

artigo 292, V, CPC, reza que o autor deverá especificar a quantia pretendida a título de

danos morais, e ainda que o valor da causa na ação indenizatória será o valor

pretendido. Como consequência no caso de o magistrado deferir seu pedido, não haverá

interesse recursal para majorar o valor.

O segundo mecanismo diz respeito à sucumbência. O artigo 85, §6º, CPC, fixa

os honorários sucumbenciais com base no valor da causa. Sendo assim em um caso em

36

que a parte autora pede R$ 35.200,00 (atual teto dos Juizados Especiais) a título de

danos morais, e o pedido for julgado improcedente, a condenação sucumbencial será de

no mínimo R$ 3.520,00, caso haja recurso da parte sucumbente.

E por fim passa a ser vedada a compensação nos termos do artigo 85, §14, CPC,

ou seja, em situações em que o pedido é julgado parcialmente procedente, haverá

sucumbência recíproca, fazendo com que não subsista mais a súmula 326 do STJ:

Súmula 326 STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em

montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.

Estas inovações do novo Código de Processo Civil são de extrema importância

no combate a demandas infundadas, uma vez que forçam os advogados a estudarem a

jurisprudência para pleitear o dano moral de forma responsável, com os parâmetros

fixados pelos tribunais, e não buscar indiscriminadamente o enriquecimento da parte

através de ação de indenização por dano moral.

Outra solução que no meu entendimento é a mais importante de todas diz

respeito à resolução de conflitos extrajudicialmente.

Ao palestrar no I seminário ombudsman como forma de desjudicialização dos

conflitos na relação de consumo, o ministro Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe

Salomão, ressaltou que primeiramente a solução extrajudicial de conflitos exige mudança

cultural por parte dos operadores do direito.

Segundo o ministro o poder judiciário deve seguir o rumo da solução extrajudicial

de conflitos ou irá partir para o colapso. Segundo ele o momento exige uma modificação

da mentalidade tradicional, que enxerga no processo judicial a única forma de resolver os

conflitos, em direção à utilização de ferramentas de desjudicialização previstas na Lei de

Arbitragem, na Lei de Mediação e no novo Código de Processo Civil.

Neste seminário foi defendida a criação de novos programas de solução de

disputas de consumo.

Dentre estes programas se incluí a I Jornada sobre Prevenção e Solução

Extrajudicial de Litígios que aconteceu nos dias 22 e 23 de agosto de 2016, na sede do

37

CJF, em Brasília, em que foram aprovados 87 enunciados para orientar a solução

extrajudicial de litígios.

Dois enunciados se destacam dentre os 87 aprovados, são eles:

- Recomenda-se o desenvolvimento de programas de fomento de habilidades

para o diálogo e para gestão de conflitos nas escolas, como elemento formativo-

educativo, objetivando estimular a formação de pessoas com maior competência

para o diálogo, a negociação de diferenças e a gestão de controvérsias.

- Propõe-se a implementação da cultura de resolução de conflitos por meio da

mediação, como política pública, nos diversos segmentos do sistema

educacional, visando auxiliar na resolução extrajudicial de conflitos de qualquer

natureza, utilizando mediadores externos ou capacitando alunos e professores

para atuarem como facilitadores de diálogo na resolução e prevenção dos

conflitos surgidos nesses ambientes.

O que se extrai destes dispositivos é que existe um esforço para combater o mal

pela raiz, ou seja, implementar a educação, cidadania e resolução de conflitos de forma

pacífica desde o ensino base do cidadão, pois de nada adianta implementar medidas sem

antes realizar uma mudança cultural dos cidadãos desde a base.

38

6 CONCLUSÃO

Diante do exposto no presente trabalho, pode-se concluir que a procura dos

Juizados Especiais Cíveis para pleitear a compensação pecuniária de indenização por

Danos Morais está cada vez maior, uma vez que este é enxergado por muitos como uma

forma de enriquecimento.

Os Tribunais vêm tentando frear esta frequente banalização, uniformizando

entendimentos, mesmo a legislação sendo tímida neste sentido. Ocorre que ainda existem

várias decisões na contramão do combate à banalização, talvez pela interpretação de

forma divergente, acumulo de demandas e julgamentos em lote ou até mesmo por mero

desrespeito às decisões dos Tribunais Superiores, prejudicando cada vez mais a prestação

jurisdicional.

O Estado é o primeiro e principal prejudicado com estas demandas infundadas,

pois cada vez mais os Juizados Especiais são procurados gerando-lhe custos adicionais, já

que em regra nos Juizados não há condenação aos custos processuais e honorários.

Neste sentido também o abuso da máquina do Judiciário vem gerando

morosidade na prestação jurisdicional, o que prejudica aqueles que efetivamente têm

direitos devidos a serem apreciados, e desgastes psicológicos dos envolvidos na lide,

incluindo também o magistrado, que deverá fazer uma análise subjetiva do fato a ser

examinado.

Neste contexto deve-se cada vez mais investir na educação de base dos cidadãos

para criação de uma conscientização coletiva para resolução de conflitos de forma

pacífica nos meios extrajudiciais, como são os modelos europeus atualmente.

As soluções extrajudiciais são um avanço da humanidade, que, de maneira

consciente, busca mecanismos de pacificação social eficientes e que devem cada vez mais

ser incentivadas.

E por fim cabe a nós que temos o verdadeiro conhecimento do direito e sua

aplicabilidade combater e não deixar que este nobre instituto venha a se tornar uma forma

39

de obtenção de lucro fácil e ilegal, para aquele em que o direito não assiste, fazendo com

que seja indenizado.

40

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