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    [RESUMO ETICA & MORAL]TICA PROFISSIONAL EM EDUCAO FSICA PARTE GERAL

    RESUMOS E EXERCCIOS PARA ESTUDO INDIVIDUAL E DE GRUPO

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    APRESENTAO

    Neste volume, dedicado TICA & MORAL, parte integrante do CURSO DE TICAPROFISSIONAL, esto consideradas de modo autnomo, as principais obras dedicadas ao tema e que

    configuram o que estamos denominando de modelos ticos.

    Em conformidade com o que estabeleceram os gregos, tica designa a meditaoterica que mereceu a moralidade.

    Para os gregos, a virtude no era dada a todos, requerendo conjunto de atributospessoais, como boa sade, a posse de bens materiais e at mesmo dispor de boa aparncia. Como ocristianismo seguiu os princpios estabelecidos no Antigo Testamento, fixando a obrigatoriedade dalei moral, valeram-se apenas do arcabouo terico fixado por Aristteles. Alm disto, enquanto osgregos tinham em vista a felicidade a ser alcanada na cidade, os tericos cristos estabeleceram aprevalncia da vida eterna. Vale dizer: o cumprimento da lei moral tinha em vista assegurar asalvao.

    Com a Reforma Protestante, a Igreja Catlica perdeu o monoplio de que dispunha parafixar as regras de comportamento social que admitia. Assim, nos pases onde os protestantestornaram-se a maioria, logo evidenciou-se que nenhuma das igrejas, em que se subdividiam, tinhacondies de assumir aquele monoplio. A circunstncia deu lugar a um grande debate de queresulta o surgimento da tica social.

    O protestantismo tambm estabeleceu uma interpretao prpria do texto bblico,divergente da que at ento era admitida. Esse fato levou Kant a buscar o estabelecimento defundamentao racional para a moral, apta a ser aceita por ambos, protestantes e catlicos. Ao faz-lo, entretanto, postulou a existncia de homem universal. Max Weber, aceitando os princpiosfundamentais da tica kantiana, tratou de considerar o homem situado, em seu tempo e numanao. A essa investigao denominou de tica de responsabilidade.

    Estudamos tambm uma proposio tica bem sucedida nos pases catlicos europeus(a tica ecltica). E, ainda, indicamos a que corresponderia o cerne da chamada tica totalitria.

    Com o intuito de sistematizar o contedo essencial da anlise precedente, este volumeconclui com a identificao dos principais temas da discusso moral.

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    Sumrio

    OBJETIVO ................................................................................................................................................ 4

    SNTESEDOCONTEDO ........................................................................................................................ 4

    1. PRINCIPAISMODELOSTICOS ........................................................................................................... 5

    RESUMO.................................................................................................................................................... 5

    EXERCCIOS................................................................................................................................................ 6

    2. ATICAGREGA ................................................................................................................................... 7

    RESUMO.................................................................................................................................................... 7

    EXERCCIOS................................................................................................................................................ 8

    3. ATICADESALVAO ....................................................................................................................... 9

    RESUMO.................................................................................................................................................... 9

    EXERCCIOS.............................................................................................................................................. 10

    4. ATICASOCIAL ................................................................................................................................. 11

    RESUMO.................................................................................................................................................. 11

    EXERCCIOS.............................................................................................................................................. 12

    5. ATICAKANTIANA ........................................................................................................................... 13

    RESUMO.................................................................................................................................................. 13

    EXERCCIOS.............................................................................................................................................. 14

    6. ATICADERESPONSABILIDADE ...................................................................................................... 15

    RESUMO.................................................................................................................................................. 15

    EXERCCIOS.............................................................................................................................................. 16

    7. ASTICASECLTICAETOTALITRIA ............................................................................................... 17

    RESUMO.................................................................................................................................................. 17

    EXERCCIOS.............................................................................................................................................. 18

    8. PRINCIPAISTEMASDADISCUSSOMORAL ................................................................................... 19

    RESUMO.................................................................................................................................................. 19

    EXERCCIOS.............................................................................................................................................. 20

    RESPOSTASDOS EXERCCIOS ............................................................................................................... 21

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    OBJETIVO

    Facultar uma primeira aproximao s principais obras dedicadas moral; Proporcionar familiaridade com a evoluo do entendimento da moralidade no Ocidente; Dar conhecimento do processo segundo o qual, na poca Moderna, tornou-se a moral social

    uma questo terica relevante;

    Inteirar-se dos principais temas da discusso moral;

    SNTESEDOCONTEDO Procede-se identificao dos principais modelos ticos; Segue-se a pormenorizada caracterizao de cada um deles; Demonstra-se a atualidade da tica kantiana e do acabamento que lhe proporcionou a tica

    de responsabilidade, devida a Max Weber.

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    1.PRINCIPAISMODELOSTICOS

    RESUMO

    Como as sociedades no podem viver sem regras disciplinadoras dos costumes, essaesfera da cultura foi sendo constituda pari passu com a evoluo da sociedade. Contudo, sua

    codificao fenmeno tardio, sendo precedida de larga tradio oral.

    No Ocidente, a moralidade aparece associada religio. O texto bsico que lhe d

    origem o Deuteronmio de Moiss, parte do Pentateuco, que integram a Bblia. Nesta, Moiss

    apresenta os Dez Mandamentos da Lei de Deus. Na tradio crist, o texto fundamental em que se

    retoma a pregao de Moiss o Sermo da Montanha.

    O segundo momento do processo de constituio da moral ocidental representado

    pela meditao grega. Os gregos chamaram tica elaborao terica que se dirige conceituaoda moralidade.

    Caberia ao cristianismo aproximar as duas tradies precedentes, judaica e grega. O

    cristianismo introduzir a noo de pessoa e, ao mesmo tempo, enseja significativa elaborao

    terica acerca da tica.

    Alguns autores iriam denominar de tica da salvao a doutrina moral formulada

    durante a Idade Mdia, levando em conta que, no processo de reelaborao da tica grega de ngulo

    teolgico, deu-se precedncia vida eterna.

    Com o aparecimento da religio protestante, a salvao para a vida eterna dissociadado comportamento terreno. Agora s resta ao homem cumprir a lei moral, no se credenciando

    salvao pela obra que poder, no mximo, servir como indcio.

    O aparecimento na Europa de outra interpretao do texto bblico, conquistando a nova

    religio adeses significativas, fez surgir necessidade de serem adotados parmetros aceitveis

    para a fixao da moralidade social. Tal circunstncia engendrou um grande debate terico que deu

    nascedouro tica social.

    Desse debate emerge tambm a tica kantiana, denominada de tica do dever. Como

    Kant estabeleceu os seus princpios para um ser abstrato - o homem universal --, Max Weber osreelaborou para situar a pessoa humana no contexto concreto em que de fato vive, meditao a que

    denominou de tica de responsabilidade.

    Tais so os principais modelos ticos. A cultura luso-brasileira registra a presena de dois

    outros modelos que se entendeu deveriam ser considerados: as ticas ecltica e totalitria.

    Limitando a anlise experincia ocidental e considerando-a em seu desdobramento

    histrico, o curso abordar estes modelos: a) a tica grega; b) a tica de salvao; c) a tica social; d)a

    tica kantiana; e) a tica de responsabilidade e f) as ticas ecltica e totalitria.

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    EXERCCIOSAponte qual a resposta certa questo adiante.

    1. O cristianismo aproximou a moralidade judaica (obrigatria) da tica grega (onde a virtude no

    era dada a todos) mediante:A. a aceitao do conceito grego de cidado;B. a introduo da noo de pessoa;C. ignorando a meditao de Aristteles;D. dando preferncia ao platonismo.

    2. A tese de que na Idade Mdia predomina a tica de salvao deve-se:A. precedncia atribuda vida eterna;B. aceitao integral da tica a Eudmono, de Aristteles;C. incompatibilidade entre os mtodos socrtico e escolstico;D. prtica de proibir a leitura de determinados livros.

    3. O fato de que, com a poca Moderna, a Igreja Catlica haja perdido o monoplio na fixao dasregras admitidas de comportamento social:A. determinou a transferncia daquele monoplio para a Igreja Anglicana;B. deixou a sociedade entregue prpria sorte;C. fez com que os catlicos passassem a ter moral diferenciada;D. deu surgimento chamada moral social de tipo consensual.

    4. Diz-se que o modelo tico kantiano constitui uma sntese dos princpios enunciados nos DezMandamentos:A. ao formular um ideal de pessoa humana;

    B. devido a que ele prprio facultou tal indicao;C. porque a Igreja Catlica o adotou;D. por achar-se apresentado em forma de Declogo.

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    2.ATICAGREGA

    RESUMOOs gregos chamaram de tica elaborao terica que se ocupa dos costumes (moral),

    denominao que veio a ser consagrada.

    Ao contrrio da moral judaica, na Grcia as regras morais no eram obrigatrias.Tratava-se de um aprendizado difcil, que no era dado a todos. Alm disto, para que a pessoa setornasse virtuosa eram requeridos certos pr-requisitos (boa sade; aparncia; ser dotado de posses;certa idade e maturidade).

    O texto que melhor espelha as concepes gregas a tica a Nicmaco, de Aristteles.Nicmaco era o nome de seu filho.

    Aristteles no separa a poltica da moral. Esta trata da virtude e dos meios de adquiri-la, sendo condio da felicidade que, por sua vez o objetivo (poltico) visado pela cidade. Existemvirtudes intelectuais e virtudes morais.

    So virtudes intelectuais: arte, cincia, sabedoria, filosofia e inteligncia.

    Quanto s virtudes morais, Aristteles elaborou uma tbua das virtudes e dos vcios. Avirtude consiste no justo meio.

    A coragem o justo meio enquanto a covardia seria a falta de virtude e a temeridade oseu excesso.

    A calma o justo meio; a pacatez a sua ausncia e a irascibilidade o excesso.

    Em relao ao dinheiro e aos bens materiais, a liberalidade o justo meio enquanto aavareza a sua falta e a prodigalidade o excesso.

    Entre as virtudes morais, Aristteles enfatiza a posio da Justia, que considera como aprpria virtude.

    A justia uma disposio de carter sendo o justo o respeitador da lei e probo(honrado, reto). No seu exerccio, distingue justia distributiva, que considerar o problema emcausa do ngulo estritamente moral, e a justia comutativa, que leva em conta situaes concretas.O princpio mais geral no seu exerccio a equidade, que define como um corretivo em relao lei,

    na medida em que sua universalidade torna-a incompleta e pode dar lugar injustia.

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    EXERCCIOSAponte a resposta correta.

    1. Na Grcia aceitava-se que, para tornar-se virtuosa, a pessoa:

    A. devia praticar exerccios fsicos;B. precisaria dispor de bens materiais, sade e boa aparncia;C. frequentar os festejos dionisacos;D. abster-se de certas comidas e bebidas.

    2. Na tbua de virtudes e vcios, formulada por Aristteles, o comportamento virtuoso reside:A. no acatamento aos deuses da cidade;B. na observncia dos princpios formulados por Scrates;C. no justo meio;D. no conhecimento das leis adotadas pela cidade.

    3. O comportamento virtuoso encontra-se na coragem enquanto a sua privao (vcio) na covardia

    e o seu excesso:A. na prudncia;B. na tolerncia;C. na magnanimidade;D. na temeridade.

    4. Segundo Aristteles, a equidade o princpio moral geral no exerccio da Justia:A. porque obriga os magistrados a cumprirem a lei;B. por impedir a adoo de leis injustas;C. por facultar corretivo em relao lei;D. por fornecer roteiro para a formao dos juzes.

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    3.ATICADESALVAO

    RESUMOA poca Moderna recebeu a obra de Aristteles na verso que lhe foi atribuda pelos

    eruditos catlicos, a exemplo de So Toms de Aquino. Por essa razo, necessrio conhecer talverso. Para faz-lo tomaremos por base o Curso Conimbricense.

    O curso em apreo destinava-se a nortear o ensino de filosofia no Colgio das Artes daUniversidade de Coimbra.

    O ensino de filosofia consistia no ordenamento das questes disputadas, prescindindodos prprios livros do autor. Assim, o texto intitulado A moral a Nicmaco era uma obra de autoriado padre Manoel de Gis (1543/1597). Em Portugal no se fez qualquer edio do prprio livro.

    So nove as questes denominadas de disputas. Consistem de temas como o bem, ofim, a felicidade, os trs principais atos humanos (vontade, intelecto e apetite sensitivo), bondade emalcia das aes humanas e, finalmente, as virtudes relacionadas por Aristteles.

    Tomemos a questo chave, a da felicidade. So trs as questes, por sua vezsubdivididas em muitas outras. Vejamos alguns exemplos:

    1. Se a felicidade do homem consiste nas riquezas;

    2. Se nas honras;

    3. Se na fama e na glria;

    4. Se no poder;

    5. Se nalgum bem do corpo;

    6. Se no prazer;

    7. Se nalgum bem da alma.

    O tema comporta ainda outros desdobramentos destinados a conduzir resposta aceitapelo pensamento oficial da Igreja. No caso, trata-se de substituir o tema de Aristteles que afelicidade a ser alcanada em sociedade que, como vimos, associa virtude pela bem-aventurana,isto , a felicidade eterna.

    O primeiro passo consistir em contestar que a felicidade possa provir dos bensexternos (riqueza, poder, honra, glria) ou dos bens do corpo (prazeres dos sentidos, formosura efora). Assim, por excluso, a felicidade consistir nos bens da alma. Entre estas, a argumentaoestar voltada para provar que no pode reduzir-se ao simples amor da divindade. O bem supremose alcana na outra vida e reside na contemplao de Deus.

    Como se v o ambiente plenamente distinto daquele em que viveu e meditouAristteles. Agora se trata de salvar a alma, conquistar a vida eterna. Da que pode legitimamente serdenominada de tica de salvao.

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    EXERCCIOSIndique qual a resposta certa questo apresentada a seguir.

    1. Na Idade Mdia, o estudo da tica de Aristteles, sendo obrigatrio,

    A. tinha lugar diretamente nos seus textos;B. devia ser realizado na Sorbonne em Paris;C. era privilgio da nobreza;D. efetivava-se segundo a verso escolstica.

    2. A verso oficial da tica de Aristteles, na Idade Mdia,A. obedecia forma de disputas;B. resumia com fidelidade o seu pensamento;C. baseava-se numa primorosa traduo ao latim;D. no seguia uma nica hiptese.

    3. As disputas escolsticas baseavam-se no mtodo, elaborado por Abelardo,

    A. completamente obsoleto;B. que foi logo abandonado;C. eficaz para a elaborao de conceitos;D. que representava um plgio.

    4. A mudana fundamental na tica aristotlica proporcionada pela tica de salvao consistia:A. no abandono da ideia de Deus;B. na sua identificao com doutrinas herticas;C. na eliminao do confronto entre vcio e virtude;D. na substituio da felicidade terrena pela felicidade eterna

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    4.ATICASOCIAL

    RESUMOSeria na Inglaterra da primeira metade do sculo XVIII onde o fim do monoplio da

    Igreja Catlica, no estabelecimento das regras admitidas para a moralidade social, iria suscitar umgrande debate terico.

    Precedendo-o, criou-se em Londres uma Sociedade para a Reforma dos Costumesque,a partir de 1699, publica uma espcie de manual para orientao de seus seguidores contendo todasas leis que puniam atos atentatrios moral. Em 1720 essa Sociedade levou aos tribunais cerca deduas mil denncias contra atos imorais. No perodo precedente, desde que se fundara, o nmero detais aes superava 75 mil. Na dcada de trinta, a Sociedade no mais desfruta do relevo que contaraat ento. O interesse pela questo muda de plano e transfere-se ao debate terico.

    Esquematicamente o debate terico segue esta trajetria: Anthony Ashley Cooper, 3Conde de Shafsterbury (1671/1713), destaca o carter social da moral e desenvolve uma pregao nosentido de exaltar o "gentlemen", o homem cultivado e de bom gosto. O desenvolvimento de taisqualidades ser mais eficaz que a insistncia em definir o que certo ou errado.

    A hiptese de Shafsterbury foi acerbamente criticada por Bernard Mandeville(1670/1733). Afirma taxativamente que a exaltao das virtudes da piedade e da abnegao no temnenhum papel a desempenhar na vida social, onde o principal consiste na conquista do progresso.

    Ainda que Mandeville no haja conseguido circunscrever os limites precisos da discussode carter terico para separa-la do propsito de reformar a sociedade , teve o mrito dedestacar que a moral social, como a individual, estrutura-se em torno de valores que as pessoas

    aceitam e procuram seguir livremente. E apontou tambm, um critrio segundo o qual devem serincorporados vida social, ao exaltar o trabalho e a tenacidade, colocados ao servio do progressomaterial.

    O amadurecimento terico da tica social seria obra de Joseph Butler (1692/1752) eDavid Hume (1711/1776).

    Butler estabelece uma distino fundamental entre o plano da relao com os objetos eo plano (moral) das relaes entre pessoas. Neste ltimo caso, emerge a ideia de perfeio, a partirda qual elabora-se um ideal de pessoa humana. Ordenou as diversas paixes do homem e destacou apresena do que denominou de princpio da conscincia, que atua como uma verdadeira autoridade

    ao direcionar-nos no sentido do cumprimento da lei moral.Finalmente, David Hume mostrou que as regras de conduta sedimentadas pela

    humanidade resultam de que comprovaram ser eficazes no que se refere ao fim visado, isto , aconvivncia social. Ainda mais, na vida social, do que chamou de princpio da simpatia, isto , danecessidade de aprovao pela comunidade em que vive, o que leva os homens a preferir ocomportamento virtuoso.

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    EXERCCIOSIndique qual a resposta certa.

    1. A perda do monoplio, por uma nica igreja, no estabelecimento das regras admitidas de

    comportamento social, comprova-se:A. pela impossibilidade de substituir a Igreja Catlica por qualquer das igrejas protestantes;B. em face da complexidade assumida pela vida moderna;C. porque as pessoas estavam interessadas no bem estar pessoal;D. em decorrncia da preponderncia do Estado na vida social.

    2. Percebendo em carter pioneiro a necessidade de regras de moral social, Anthony AshleyCooper props:A. que o consenso fosse apurado por plebiscito;B. a adoo da moral do homem cultivado e de bom gosto (gentlemen);C. o simples respeito aos ditames da conscincia;

    D. que a atribuio fosse distribuda democraticamente.3. O principal argumento de Mandeville contra o ponto de vista de Ashley Cooper reside:A. na tese de que seu autor no tinha formao teolgicaB. na convico de que a consolidada Igreja Anglicana resolveria o problema;C. no seu descompasso em relao aos valores aceitos pela sociedade inglesa de seu tempo,interessada no progresso e na riqueza;D. no fato de que pertencia Cmara dos Lordes.

    4. No entendimento de Hume, as pessoas conformam-se com o cumprimento de regras moraisconsensuais por que:A. temem a represso do Estado;

    B. so condicionadas pela educao familiar;C. acham-se enquadradas desde os primeiros anos de vida;D. carecem da simpatia dos outros para sobreviver.

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    5.ATICAKANTIANA

    RESUMOImmanuel Kant (1724/1804) considerado como o maior filsofo da poca Moderna,

    que encontrou um objeto prprio para a filosofia, distinguindo-a nitidamente da cincia. Destemodo, estabeleceu as bases para a superao da crise criada pelo sistema filosfico at entoestabelecido, a Escolstica, ao recusar-se a reconhecer a legitimidade da cincia moderna, aferrando-se antiga. O marco desse processo na obra de Kant a Crtica da Razo Pura, publicada em 1781.

    No que respeita moral, o contexto de sua meditao toma como referncia oambiente protestante em que formou seu esprito.

    vista da multiplicidade de interpretaes do texto bblico, Kant entendeu que afundamentao da moral no devia ficar na exclusiva dependncia da religio. No empenho de

    encontrar-lhe fundamentos racionais, inspira-se nos ingleses que intervieram no debate acerca damoralidade na primeira metade do sculo.

    Os textos fundamentais que Kant dedicou moral denominam-se Fundamentao dametafsica dos costumes (1785) e Doutrina da virtude(1797).

    Kant parte da convico de que todas as pessoas so capazes de emitir juzos morais,isto , todos estamos habilitados a ter uma opinio acerca da moralidade das pessoas e de seus atos.

    Examinando os diversos tipos de aes morais, Kant ir estabelecer diferenciao entreas razes pelas quais as pessoas agem moralmente. Muitos o fazem por interesse. A legtima aomoral baseia-se no puro respeito lei, vale dizer, na conscincia do dever.

    Para saber se uma ao de fato moral, Kant diz que basta verificar se a mximaque acontm pode ser transformada em lei.

    Mxima a formulao que atribuo minha ao, isto , o seu enunciado. Exemplo: seme encontro em dificuldade, posso fazer uma promessa sem a inteno de cumprir.

    Pode entretanto uma ao desse tipo ser transformada em lei universal, isto ,considerar lcito que todos possam proceder da mesma forma?

    Se tal se desse, no mais haveria qualquer espcie de promessa.

    Segundo esse mtodo, torna-se fcil verificar se a minha ao pode ser consideradamoral.

    O princpio segundo o qual as pessoas sero instadas a cumprir a lei moral, formuladopor Kant, consiste em considerar a pessoa humana como um fim que no pode ser usada como meio.A isto denominou de imperativo categrico.

    A tradio crist proporcionou-nos um ideal de pessoa humana. Inspirado nesse ideal,que est contido no Declogo de Moiss e no Sermo da Montanha, posso exercitar a minhaliberdade, escolhendo a lei moral ao invs de ceder s inclinaes.

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    EXERCCIOSIndique qual a resposta correta.

    1. Kant entendeu que o fundamento da moral no deveria ficar na exclusiva dependncia da

    religio:A. em razo do contexto protestante em que formou seu esprito;B. devido ao fato de ter aderido ao pietismo;C. dando sequncia ao entendimento da filosofia alem;D. em decorrncia da multiplicidade de interpretaes do texto bblico.

    2. Examinando o conjunto das aes morais, Kant concluiu que, embora de acordo com as regrasestabelecidas:A. o autor da ao pode estar agindo por interesse;B. as pessoas so dissimuladas e hipcritas;C. s vezes as prprias regras morais so falhas;

    D. essa concordncia pode ser apenas ilusria.3. Em consequncia da verificao anterior, Kant concebeu um princpio para testa-las, queconsistia:A. na simples confrontao com o texto bblico;B. em verificar se a mxima que a contm pode ser transformada em lei;C. em coteja-la com as tradies da respectiva comunidade;D. no seu cotejo com a pregao das principais igrejas.

    4. Na viso de Kant, as pessoas so instadas a cumprir a lei moral:A. se todo o sistema educacional estiver a servio de tal objetivo;B. desde que as famlias a tanto as obriguem;

    C. atendo-se observncia do imperativo categrico;D. se houver um acordo entre as igrejas mais importantes.

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    6.ATICADERESPONSABILIDADE

    RESUMOA tica de responsabilidade uma doutrina sugerida por Max Weber (1864/1920). Diz

    respeito moral individual. Na sociedade contempornea dos pases ocidentais desenvolvidos vigoramoral social de tipo consensual. A doutrina correspondente foi fixada pelos ingleses, no sculo XVIII,como foi referido, que ento se desinteressaram do estabelecimento de qualquer teoria geral acercada moralidade individual, cujo desenvolvimento seria obra de Kant. Este, contudo, pretende fundarracionalmente moralidade para o homem universal. nesse ponto que Weber retoma a questo.

    Weber incorpora de Kant a sua doutrina do imperativo categrico, comeando porestabelecer que nada tem de formal, isto , de distanciado da vida como se chegou a afirmar. Aocontrrio, corresponde, como diz, a "uma formulao absolutamente genial para caracterizar umainfinidade de situaes ticas".

    Assim, preservando o legado kantiano, Max Weber acrescenta-lhe os seguintesprincpios:

    1) A vida humana comporta muitas esferas que escapam moralidade em seu sentidoprprio. Alm disto, h concomitantemente outras em que se d um conflito claro entre a moral e osoutros valores.

    2) necessria uma atitude compreensiva e tolerante em relao aos valores ltimosem que o outro faa repousar suas convices. Salvo o dogmatismo proveniente da tica deconvico que no fundo propicia sobretudo atitudes cnicas as avaliaes ltimas do indivduonunca podem ser refutadas.

    3) No devemos nos valer de circunstncias que nos colocam numa posio desuperioridade para impor nossas convices.

    4) Devemos responder pelas consequncias possveis de nossos atos.

    5) Os meios devem ser adequados ao fim. No h fins altrusticos que justifiquem orecurso a meios que no sejam compatveis com aqueles objetivos.

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    EXERCCIOSIndique qual a resposta correta.

    1. Na sociedade ocidental contempornea, que busca o enriquecimento e a prosperidade, tornam-

    se valores sociais relevantes:A. a tenacidade e o trabalho;B. o Estado de Bem Estar Social;C. a existncia de reas de lazer;D. o florescimento das artes.

    2. A tica de responsabilidade, aceitando as premissas da tica kantiana, distingue-se desta:A. ao revogar o imperativo categrico;B. ao negar a distino entre mxima e lei;C. ao admitir o seu carter formal;D. ao fundar a moralidade para o homem situado em seu tempo e numa nao.

    3. O fato de que a vida humana comporta esferas que escapam moralidade:A. deixa o homem entregue exclusivamente aos princpios religiosos;B. no torna impeditiva a existncia de princpios morais vlidos absolutamente;C. constitui uma fonte perene de conflito entre as naes;D. priva as famlias de regras morais estveis.

    4. Indique qual a circunstncia de superioridade que Weber toma por exemplo para estabelecer oterceiro princpio da tica de responsabilidade:A. o plpito;B. a tribuna parlamentar;C. a ctedra;

    D. o empregador.

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    7.ASTICASECLTICAETOTALITRIA

    RESUMOO surgimento da tica ecltica d-se em meio a uma intensa discusso filosfica

    ocorrida na Frana, na primeira metade do sculo XIX, com ampla repercusso nos pases europeuscatlicos, inclusive em Portugal e tambm no Brasil. Entretanto, o encontro de uma soluoapaziguadora somente ocorreria na segunda metade do sculo, sendo obra de Paul Janet(1823/1899).

    Janet concorda em que a lei moral, pela circunstncia de que o homem acha-se ligado animalidade, assume a forma de um constrangimento, de uma ordem, de uma necessidade. Oconstrangimento de que se trata no entretanto fsico mas puramente moral. Impe-se nossarazo, sem violentar a liberdade, isto , preservando a pessoa a possibilidade de escolha.

    Nesse ponto de partida concorda inteiramente com Kant.

    Mas objeta o seguinte: o fato de que o sentimento seja um princpio insuficiente parafundar a lei moral no deve levar-nos a trata-lo como inimigo.

    Acha que Kant o fez devido ao protestantismo, doutrina da predestinao. A Janet,contudo, repugna a ideia de que existam eleitos e rprobos. Os eleitos seriam os viciosos porquantovm na lei moral o seu lado repressor e inibidor.

    Conclui: o fim chegarmos a ser bons. Se Deus comeou por nos fazer tais, seria umamoral imperfeita aquela que comeasse por queixar-se desse fato.

    O sentimento no , pois, inimigo da virtude. O homem virtuoso aquele que se aprazem praticar atos de virtude. No basta ser virtuoso, preciso tambm que o corao ache prazer emo ser.

    Os neokantianos recusaram a soluo de Janet, que tornaria desnecessria a existnciada obrigao moral. Se os homens tendem naturalmente para a felicidade, no faz o menor sentidopretender a tanto obrig-los.

    A defesa da proposta de Janet seria efetivada pelos neotomistas.

    O fato de que a tica totalitria consista em aceitar que os fins justificam os meiosretira-lhe qualquer carter de moralidade.

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    EXERCCIOSIndique qual a resposta acertada.

    1. A razo pela qual a meditao inglesa e kantiana, relativa moralidade, no penetrou nos pases

    catlicos:A. resulta da no aceitao do conceito de tica;B. proveio da simples barreira lingustica;C. de veto do Vaticano;D. pode ter consistido na ausncia do primado da avaliao pessoal.

    2. Paul Janet concorda com Kant que:A. o sentimento no pode ser o fundamento da moral;B. em que os homens no podem ser considerados bons por natureza;C. quando diz que o constrangimento da lei moral de natureza fsica;D que existem escolhidos por Deus para a salvao.

    3. A proposta de Janet de flexibilizar a moral kantiana do dever:A. encontrou aceitao universal;B. aceita em pases catlicos, foi referendada pelos filsofos neotomistas;C. penetrou amplamente nos pases protestantes;D. teve sua aceitao condicionada s simpatias pela cultura francesa.

    4. Os meios devem ser compatveis com os fins:A. dependendo da especificidade do fim;B. porque no h fins altrusticos que justifiquem o contrrio;C. segundo sejam as circunstncias;D sempre que as circunstncias o exijam

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    8.PRINCIPAISTEMASDADISCUSSOMORAL

    RESUMOA moral corresponde ao conjunto das regras de conduta admitidas em determinadas

    pocas, podendo ser, de igual modo, consideradas como absolutamente vlidas.

    Dizendo respeito s relaes entre pessoas, a moral deve encontrar fundamentos laicos,validos para todos, inclusive para os que no acreditam em Deus. Sem dvida que os crentes iroinseri-la num contexto mais amplo. Mas esta ser uma circunstncia individual enquanto a moraltem obrigatoriamente dimenso social.

    A discusso moral envolve todo um conjunto de questes que se acham abordadas notexto e cujo estudo recomendamos.

    Aqui vamos nos limitar ao essencial.

    Quando se diz que a moral insere regras absolutamente vlidas, isto , que soimutveis, estamos querendo dizer que a moral contm um ncleo (permanente e estvel) e umaperiferia (mutvel).

    No Ocidente, o ncleo imutvel constitudo pelo ideal de pessoa humana, que vemsendo enriquecido desde o Declogo.

    As ideias que constituem o ideal ocidental de pessoa humana so: perfeio;responsabilidade; amor do prximo e liberdade.

    A aproximao da ideia de Deus do ideal de perfeio considera o primeiromandamento do ngulo da moral. Valendo para todos, aponta no sentido da busca da virtude. Essepostulado no interfere no sentido religioso do texto bblico.

    A elaborao terica da ideia de responsabilidade no se deu isoladamente masvinculada de responsabilidade civil, penal e moral. Esta, que obriga a reparar independente da lei emantm uma atitude consciente em relao aos prprios atos, sustenta a responsabilidade civil epenal. No plano da meditao de cunho religioso, a ideia de responsabilidade est associada depecado.

    O mandamento religioso de amar o prximo central no processo civilizatrio. Graas atal princpio desenvolveram-se comportamentos altrusticos, que vieram a ser o contrapeso

    fundamental ao egosmo.

    Os grandes tericos do catolicismo, na esteira de Santo Agostinho, proclamaram que opecado original no eliminou a livre arbtrio do homem. Kant coroou essa meditao ao indicar que ohomem livre aquele que no cede s inclinaes e escolhe seguir a lei moral.

    Na moral judaica crist, a periferia (mutvel) constituda pelo posicionamento em facedas relaes sexuais e da famlia, de um lado, e de outro, pela propriedade.

    Estes ltimos temas, basilares na fixao da moralidade social, tm sido amplamentealterados ao longo da histria. A novidade da poca Moderna que essa mudana se processa porconsenso e no mais por imposio de um grupo social isolado.

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    EXERCCIOSIndique a resposta certa.

    1. Dentre os princpios bblicos do Antigo Testamento, adiante apontados, no constituem

    clusulas ptreas:A. respeitar pai e me;B. no levantar falso testemunho;C. admisso do concubinato e da poligamia;D. guardar domingos e festas.

    2. O ideal cristo de pessoa humana foi suplantado por uma acepo aviltante:A. na obra de Inocncio III e na prtica da Inquisio;B. no Conclio Vaticano II;C.com a transferncia do Papado para Avignon;D. nas encclicas do papa Joo XXIII.

    3. O princpio cristo do amor do prximo cimentou o processo civilizatrio no Ocidente:A. ao permitir o exerccio da Autoridade;B. ao desenvolver comportamentos altrusticos e contrapor-se ao egosmo;C. ao justificar o poder dos monarcas;D. ao propiciar o conceito de "guerra justa".

    4. Diz-se que a liberdade parte integrante do ideal cristo de pessoa humana:A. por achar-se referido expressamente no Declogo;B. desde que o tema central do Sermo da Montanha;C. por se ter constitudo no supremo ideal da Idade Mdia;D. graas meditao de Santo Agostinho.

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    RESPOSTASDOSEXERCCIOS1. Principais modelos ticos1. B2. A

    3. D4. A

    2. A tica grega1. B2. C3. D4. C

    3. A tica de salvao1. D2. A3. C4. D

    4. A tica social1. A2. B3. C4. D

    5. A tica kantiana1. D

    2. A3. B4. C

    6. A tica de responsabilidade1. A2. D3. B4.C

    7. As ticas ecltica e totalitria1. D2. A3. B4. B

    8. Principais temas da discusso moral1. C2. A3. B4. D