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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377 Curso de Educação Física - N. 8, JAN/JUN 2010 ÉTICA NO ESPORTE, NA GUERRA E NA EDUCAÇÃO FÍSICA Christiana Pereira de Barros 1 Luiz Fernando de Sousa Silva 1 Tiago de Souza Costa 1 Sônia Cupertino de Jesus 2 RESUMO O presente trabalho aborda como temática a ética, o esporte e a guerra, e, principalmente, o papel do Educador Físico perante esses temas, expondo a relação intrínseca existente entre eles, as condutas éticas em cada um, além da preparação e intervenção do profissional acerca do assunto, possibilitando ao mesmo atuar com competência, responsabilidade e honestidade na educação de crianças, jovens e adultos. Sua produção está relacionada à necessidade de tornar público, tanto para os profissionais da área de Educação Física e para as pessoas que usufruem dos seus serviços, quanto para toda a sociedade, a importância de nortear o exercício da profissão pela Ética, valorizando a identidade do Educador Físico. Para tornar possível este artigo, e fazê-lo como uma atividade voltada para a solução de problemas, utilizando métodos para investigação e análise de soluções, além de buscar algo “novo” como conhecimento, assim como Padúa (1989) defende ser uma pesquisa. Utilizamos como recurso um Referencial Teórico específico, produzido pelos órgãos reguladores da Educação Física, e estudos dos temas relevantes para a produção deste empreendimento científico, como o esporte e a guerra, para alcançarmos uma análise ideal acerca da relação entre Educação Física e Ética. Observações baseadas em experiências vivenciadas pelos autores, antes e durante o processo de formação acadêmico-profissional, também foram utilizadas. PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Ética. Profissão. Preparação. Intervenção. 1 Acadêmicos dos Cursos de Educação Física da Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora/MG. [email protected] , [email protected] , [email protected] . 2 Professora orientadora, docente dos Cursos de Administração, Educação Física e Pedagogia da Faculdade Metodista Granbery. [email protected] .

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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery

http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377

Curso de Educação Física - N. 8, JAN/JUN 2010

ÉTICA NO ESPORTE, NA GUERRA E NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Christiana Pereira de Barros1 Luiz Fernando de Sousa Silva1

Tiago de Souza Costa1

Sônia Cupertino de Jesus2 RESUMO

O presente trabalho aborda como temática a ética, o esporte e a guerra, e,

principalmente, o papel do Educador Físico perante esses temas, expondo a relação

intrínseca existente entre eles, as condutas éticas em cada um, além da preparação

e intervenção do profissional acerca do assunto, possibilitando ao mesmo atuar com

competência, responsabilidade e honestidade na educação de crianças, jovens e

adultos. Sua produção está relacionada à necessidade de tornar público, tanto para

os profissionais da área de Educação Física e para as pessoas que usufruem dos

seus serviços, quanto para toda a sociedade, a importância de nortear o exercício da

profissão pela Ética, valorizando a identidade do Educador Físico. Para tornar

possível este artigo, e fazê-lo como uma atividade voltada para a solução de

problemas, utilizando métodos para investigação e análise de soluções, além de

buscar algo “novo” como conhecimento, assim como Padúa (1989) defende ser uma

pesquisa. Utilizamos como recurso um Referencial Teórico específico, produzido

pelos órgãos reguladores da Educação Física, e estudos dos temas relevantes para

a produção deste empreendimento científico, como o esporte e a guerra, para

alcançarmos uma análise ideal acerca da relação entre Educação Física e Ética.

Observações baseadas em experiências vivenciadas pelos autores, antes e durante

o processo de formação acadêmico-profissional, também foram utilizadas.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Ética. Profissão. Preparação. Intervenção.

1 Acadêmicos dos Cursos de Educação Física da Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora/MG. [email protected] ,

[email protected] , [email protected] . 2 Professora orientadora, docente dos Cursos de Administração, Educação Física e Pedagogia da Faculdade Metodista

Granbery. [email protected] .

ABSTRACT

This work broaches as thematic the ethics, the sport and the war, and especially the

role of Physical Educator before those issues, exposing the intrinsic relationship

between them, the ethical conduct in each, beyond the professional preparation and

intervention on the subject, providing the same act with competence, honesty and

responsibility in the education of children, youth and adults. Their production is

related to the need to make public, both for professionals and Physical Education for

people who enjoy their services, as for the whole society, the importance of guiding

the profession for Ethics, valuing the identity of Physical Educator. To make this

article possible, and make it as an activity aimed at solving problems, using methods

for investigation and analysis of solutions and searches for something "new" as

knowledge, as well as Padua (1989) argues it is a survey. We used as resource a

Theoretical Reference specific, produced by the regulatory agencies of Physical

Education, and studies of issues relevant to the production of scientific enterprise,

how sport and war, to achieve an ideal analysis on the relationship between Physical

Education and Ethics. Observations based on authors' experience before and during

the process of academic and vocational training were also used.

KEY-WORDS: Physical Education. Ethics. Profession. Preparation. Intervention.

RESUMEN

Esta obra se centra em temas como la ética, el deporte y la guerra, y especialmente

la función del educador físico ante esas cuestiones, exponiendo la relación

intrínseca que existe entre ellos, la conducta ética en cada una, más allá de la

preparación y la intervención profesional sobre el tema, permitiendo que el mismo

acto con competencia, honestidad y responsabilidad en la educación de los niños,

jóvenes y adultos. Su producción está relacionada con la necesidad de hacer

público, tanto para los profesionales de la educación física y para las personas que

disfrutan de sus servicios, como para toda la sociedad, la importancia de guiar la

profesión por la ética, valorando la identidad del educador físico. Para que este

artículo sea posible, y hacerlo como una actividad destinada a resolver problemas,

utilizando métodos de investigación y análisis de soluciones y la búsqueda de algo

"nuevo" como conocimiento, como Padua (1989) argumenta que es una

investigación. El uso de recursos como un marco teórico específico, producido por

las agencias reguladoras de la Educación Física, y los estudios de las cuestiones

pertinentes a la producción de esa empresa científica, como el deporte y la guerra,

para lograr un análisis sobre la relación ideal entre la Educación Física y Ética.

Observaciones basadas en la experiencia de los autores antes y durante el proceso

de formación académica y profesional también fueron utilizaron.

PALABRAS-CLAVES: Educación Física. Ética. Profesión. Preparación.Intervención.

1 APRESENTAÇÃO

Atualmente, fatos históricos, notícias, boas ou ruins, e valores, religiosos

ou éticos, são esquecidos com o passar do tempo, podendo levar anos, no caso

destes, ou apenas dias, como ocorre com algumas notícias. Nesta produção nosso

foco estará voltado para os valores éticos, que estão relacionados com os valores

estimados pela sociedade contemporânea.

A educação hoje é imediatamente ligada à escola, mas antigamente,

principalmente na Grécia, eram em ginásios e através de palestras que os jovens

eram educados, treinando esportes e se preparando para a guerra, ou seja,

aplicavam-se métodos próprios para a formação e o desenvolvimento físico,

intelectual e moral do praticante.

Outros objetivos eram buscados com estas práticas, passar aos alunos

um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de

um grupo social ou de uma sociedade, através da preparação para um combate

entre nações ou etnias, a fim de assumir a supremacia ou de salvaguardar

interesses materiais e ideológicos. Ou ainda fazendo uso de uma prática metódica,

individual ou coletiva, de jogo ou qualquer atividade que demanda exercício físico e

destreza. Se há séculos atrás essas atividades eram geralmente para preparar o

soldado para a guerra, hoje em dia elas podem ser praticadas por recreação, hobby

ou para manutenção do condicionamento corporal e da saúde.

A ética está presente em toda ação humana, e por isso, é de vital

importância na produção da realidade social. Todo ser humano possui um senso

ético, que faz com que constantemente façamos uma avaliação de nossas ações,

para saber se estamos trilhando um caminho certo ou errado. O trabalho realizado

aborda a ética e suas doutrinas existentes no contexto do esporte e guerra, citando

também a relação existente os três, e entre eles e a Educação Física.

Para extrapolarmos o limite entre teoria e prática, o profissional de

Educação Física será abordado quanto à sua preparação e intervenção, expondo

formas que possibilitam prepará-lo para lidar com situações adversas no âmbito

educacional. Utilizaremos como base o Código de Ética para o Profissional de

Educação Física e o Guia de Princípios de Conduta Ética do Estudante de Educação

Física, documentos criados pelo Sistema CONFEF/CREFs (Conselho Federal de

Educação Física e Conselho Regional de Educação Física).

2 ÉTICA

A ética está ligada a valores que a sociedade considera como pertinentes,

gerando, assim, aprovação ou reprovações sobre as ações dos seus integrantes.

Por isso, além de estudar a conduta humana, ela serve com uma de suas diretrizes,

sendo que conduta humana é “a resposta a um estímulo mental, ou seja, uma ação

que segue ao comando do cérebro e que, manifestando-se variável, também pode

ser observada e avaliada.” (SÁ, 2008, p.27). Devido a essa inconstância, ela não

pode ser confundida com comportamento que ocorre sempre da mesma forma.

A educação é a grande formadora de valores éticos - também

influenciados por aspectos ambientais e por fatores genéticos. Por exemplo, uma

criança que estudou sempre em uma escola rígida quanto a comportamentos tende

a ser mais disciplinada do que outra que, vivendo num mesmo ambiente, frequentou

uma instituição de ensino mais liberal. Da mesma forma como o jovem morador de

uma comunidade cercada pela violência também tende a ter comportamentos mais

agressivos se comparado a outro que vive em um ambiente mais pacífico. Vale

ressaltar que não estamos traçando o destino de ninguém, mas expondo as

variáveis que sofrem interferência tanto da educação quanto do ambiente.

Lembrando que a porcentagem de cada interferência não pode ser quantificada,

devido a complexidade do processo.

2.1 Ética Profissional

Através da profissão o indivíduo pode ascender socialmente, e alguns

utilizam subterfúgios para alcançar essa ascensão, podendo ser legais ou não. E

esquecem que, como Cuvillier destaca, a profissão não serve somente para o

homem se elevar e se destacar na sociedade, mas também para ser útil à mesma,

praticando uma solidariedade orgânica. Nela os indivíduos diferentes entre si se

complementam e se unem pela necessidade de troca de serviços entre eles e pela

interdependência. E o documento que indica em qual dos dois o ato se enquadra é o

Código de Ética, que possui princípios e valores idealizados por uma organização.

Quase todas as profissões regulamentadas por lei possuem o seu próprio

Código de Ética, que estabelece a forma de um profissional se conduzir no exercício

da profissão, de maneira a não prejudicar terceiros e a garantir uma qualidade eficaz

de trabalho. E como cada uma se diverge das demais e possui diferentes valores

necessários ao pleno desenvolvimento da carreira profissional, o Código de Ética

também se modifica de acordo com a profissão.

3 ESPORTE

Alguns pensadores, como Xenófanes e Eurípedes, defenderem que só as

pessoas que são educadas para a sobriedade e justiça serão úteis a sociedade e

saberão o que é melhor para esta. No entanto, dentro do esporte muitos aspectos

são desenvolvimentos, como o respeito ao próximo e às regras, a sociabilização, a

auto-estima e a confiança, sem se esquecer de maior consciência com relação às

vitórias e derrotas, que será útil por toda vida. Sabemos também que o esporte,

quando em alto nível, é nocivo à saúde do atleta, mas é de conhecimento de todos

que esta é uma escolha deste, que sabendo dos riscos, faz essa opção por buscar

outros valores, como reconhecimento, felicidade profissional e pessoal, e até mesmo

maior poder aquisitivo, que acarretaria em uma melhora no seu padrão de vida do

atleta e de seus familiares.

Assim como a guerra, o esporte também tem um caráter excludente, que

privilegia o vencedor. Como conseqüência, existe nos dois a eugenia, tentativa de

purificar, selecionar somente os melhores. E com o esporte competitivo na infância,

hoje é possível observar em quase todas as escolinhas de futebol, por exemplo,

crianças que descriminam algum companheiro por este ter um desempenho inferior

aos demais, ocorrendo normalmente segregação da turma em grupos, de acordo

com a qualidade.

A guerra e o esporte se tornaram fonte de renda, através da mídia

(notícias, jogos, filmes, seriados e documentários) e da internet. Quanto maior a

intensidade e a novidade, mais o “produto” é “vendido”. Porém, enquanto os

soldados têm a necessidade de destruir o inimigo, por uma “simples” questão de

“matar ou morrer”, o atleta, deveria apenas buscar a vitória, mas começa a zombar

do adversário, culpar os outros por suas derrotas e incitar a violência, esquecendo

que eles são vistos por muitos como exemplos a seguir, especialmente crianças, e

por isso os seus comportamentos serão imitados pelos seus fãs.

3.1 Doping

Notícias mundiais acerca de doping no esporte de alto rendimento fizeram

com que o assunto ficasse conhecido por todos. A vontade incessante de buscar a

vitória para si próprio, para seu clube ou país faz com que os atletas ultrapassem

limites em vários aspectos e, por isso, os organizadores do desporto internacional -

Comitê Olímpico Internacional (COI), Federações Internacionais, Comitês Olímpicos

Nacionais e Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos - tiveram de estabelecer

até que ponto seriam aceitos tais limites, baseados em critérios éticos e técnicos.

Por serem pautados desta forma, os critérios sofrem constantes

mudanças ao longo dos anos. Todavia, a realidade que se observa hoje é de

exigências cada vez maiores no que diz respeito ao rendimento, causando grandes

controvérsias no meio esportivo, pois, infelizmente, a má formação e a falta de

valores pessoais fazem com que médicos, pesquisadores, treinadores, ou seja,

vários profissionais envolvidos na área, coloquem em risco a vida dos atletas, muitas

vezes com o consentimento destes. Vale ressaltar que a falta de informação pode

gerar casos de doping sem a intenção de ganhar vantagem nas disputas.

O renome que o esporte ganhou através da divulgação pela mídia

internacional fez com que grandes marcas se interessassem em associar o seu

nome aos “heróis” campeões, o que influencia diretamente o comportamento de

atletas, dirigentes esportivos, treinadores e patrocinadores. Tal situação talvez seja

um fator que influencia os atletas a aceitarem trilhar caminhos ilegais na luta por

conquista, mesmo sabendo que é perigoso utilizar certas doses proibidas de

substâncias. E na contramão deste processo, é possível observar que empresas,

muitas vezes, encerram o patrocínio de determinados atletas ou associações que se

envolvem com casos de doping, por não querer ter sua imagem vinculada a atitudes

antiéticas.

3.2 Fair Play

Dentre os vários códigos destacados, existe também o Código de Ética

Desportiva, documento que indica ser o fair play intrínseco às atividades

desportivas. Ele está centrado tanto nas crianças e adolescentes, que serão os

admiradores e praticantes do esporte amanhã, quanto nas instituições e adultos que

estão envolvidos direta ou indiretamente no desporto, e tem a responsabilidade de

auxiliar o desenvolvimento da consciência do “jogo justo” nesses jovens. O “jogo

limpo” é, portanto, a aliança entre a ética e o esporte. Neste documento é defendido

o direito de prática de desportos por parte dos jovens.

O conceito de fair play não está restrito ao respeito às regras, também

abrange o bom relacionamento entre os companheiros e adversários; não está

centrada no comportamento, mas na forma de pensar. Ele prega a luta contra os

problemas que atualmente assolam o esporte: corrupção, desigualdade de

oportunidades, violência - física e verbal - e as maneiras de tentar ganhar vantagem.

Como já foi dito, o esporte tem um papel de sociabilização, que transpõe

virtudes e valores, e no qual é possível encontrar a capacidade extrema de

superação, do respeito pela dimensão humana e da elevação do caráter. Portanto, é

necessário que o Educador Físico participe incessantemente na tentativa de findar

essas ameaças aos valores do espírito esportivo, cada vez mais frequentes.

4 GUERRA

A grande diferença entre guerra e esporte, quanto à relação entre os

envolvidos no “campo de batalha”, é que, na primeira, o outro é inimigo – adversário

militar, nação, força armada, unidade de combate, adversário político, ideológico,

religioso – e deve ser derrotado, no sentido de destruir, destroçar. E, no segundo,

caso o outro é adversário - competidor, concorrente – e deve ser derrotado no

sentido de superado.

As guerras perderam seus valores éticos; países, nações e comunidades

são atacadas não por “intervenção humanitária”, mas por interesses exclusivos de

quem realiza o ataque. Um órgão regulador, no caso dos países, a Organização das

Nações Unidas (ONU), é quem deve afirmar a legitimidade de um confronto;

nenhum direito concede legitimidade se o confronto for subjetivo ou arbitrário. A

guerra deve respeitar dois princípios básicos: a imunidade da população civil e o

“custo-benefício”, isto é, não pode causar mais danos do que benefícios.

Porém sabemos que nas guerras atuais, seja no Afeganistão ou no

Iraque, no Oriente Médio, seja na guerra urbana vista nas cidades brasileiras, não se

faz distinção entre combatentes e não combatentes, entre bandidos e inocentes.

Portanto, devemos investir na educação e na conscientização, tanto de crianças,

adultos, personalidades públicas e políticos, para que possamos reverter esta

realidade, sabendo que muitas vezes a culpa não é de que executa, mas sim de que

comanda e manipula.

Na educação escolar a criança aprende a ser carinhosa, educada e

atenciosa com os demais. No esporte quanto na guerra ela aprende a ser forte,

destemida e inteligente na luta contra o inimigo e/ou adversário. Portanto, não

adianta desenvolver só a parte educativa de uma pessoa, tem que ser feito algo

mais amplo, utilizando os pontos positivos da educação ética a partir tanto do

esporte e da preparação para a guerra, quanto da escola. Pois assim não teremos

apenas trogloditas sem reflexão ou prudência, nem pessoas ingênuas e inocentes,

que seriam logo derrotadas e destratadas pela sociedade.

5 PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Após falarmos sobre a ética, o esporte e a guerra, chegamos ao clímax

do trabalho desenvolvido, que é a Educação Física, ou melhor, o Educador Físico e

seu papel perante os temas abordados.

5.1 Preparação

O ambiente da Educação Física hoje em dia está cada vez mais repleto

de hábitos violentos. Por exemplo, alguns praticantes de artes marciais e de alunos

de academia de musculação (não estamos generalizando, apenas tratando-os como

uma parte do todo) estão praticando esta atividade para melhorar sua condição

física e se sentirem superiores aos demais, utilizando de meios físicos para agredir

pessoas e patrimônios, pessoais ou públicos, quando algo lhes desagrada, o que

muitas vezes acontece entre confrontos de torcidas organizadas de futebol e brigas

de gangues.

A presença da competitividade exacerbada na nossa sociedade é algo

perceptível, pessoas que se deixam levar pela necessidade de superar e derrotar os

demais. No caso das torcidas, são criados símbolos, cantos de guerras e gestos que

incitam a violência e a superioridade, menosprezando as torcidas rivais, e, muitas

vezes, há brigas entre torcidas organizadas de um mesmo clube. Estas ocorrem, na

maioria das vezes, pela conquista do status de “a principal”, “a mais violenta”, “a

melhor”. (SILVA, COSTA, BARROS & BURKOWSK, 2009). Sendo assim, o

profissional que se propuser a trabalhar na educação Física deve ter conhecimento

de que deverá desenvolver nestas pessoas a consciência ética, os valores

competitivos e cooperativos.

O Sistema CONFEF/CREFs (Conselho Federal de Educação Física e

Conselho Regional de Educação Física), buscando auxiliar o Estudante de

Educação Física criou um Guia de Princípios de Conduta Ética para esta classe, que

conta com princípios fundamentais, direitos, deveres e recomendações. Nele é

reforçada a ideia de que o profissional faz o seu próprio marketing, isto é, quanto

melhor a qualidade, o desempenho cultural, profissional, social e, principalmente,

humano, melhor será a repputação que terá frente aos demais.

Para este intuito os dicentes de Educação Física devem buscar uma

excelente capacitação, seja no quesito científico, no tecnológico ou no técnico, e

sempre se atualizar, pois “desconhecer como realizar a tarefa ou apenas saber fazê-

la parcialmente, em face da totalidade do exigível para a eficácia, é conduta que fere

os preceitos da doutrina da moral (ética).” (SÁ, 2001, p.151). A profissão tem como

foco principal desenvolver junto a esta sociedade uma cultura de estilo de vida

suficientemente ativa.

Apesar de distintos, os princípios exigidos para os Estudantes e os

Profissionais de Educação Física seguem a mesma linha de raciocínio, pois aquele

está sendo preparado para executar as funções deste. Segundo os princípios

fundamentais, o estudante de Educação Física deve gostar da sua profissão,

realizando-a com respeito a si e aos outros, e buscar aprimorar suas qualificações,

para auxiliar na valorização do profissional de Educação Física, que passará a ter

uma identidade forte e bem vista junto à sociedade.

Quanto aos direitos, o Estudante de Educação Física pode solicitar

conhecimentos e meios que possibilitem o pleno desenvolvimento de sua formação

acadêmico-profissional, sem sofrer discriminação nem desrespeito por qualquer que

seja o motivo, comunicando as autoridades competentes caso os princípios da ética

não sejam respeitados.

O estudante deve frequentar todas as atividades teóricas e práticas

(aulas, estágios, cursos) que forem indispensáveis para essa formação acadêmico-

profissional, sempre orientado por profissionais habilitados legalmente. Ele não deve

discriminar pessoas, locais ou demais situações e meios existentes, mantendo

relações éticas com quem participa deste processo de formação.

O autorreconhecimento é outro aspecto cobrado, para que não cause

prejuízos aos envolvidos quando fizer alguma intervenção. O estudante deve ter

consciência das suas capacidades e não intervir em atividades nas quais não possui

informações necessárias para fazê-lo. O comportamento ético deve ser posto em

prática naturalmente e não ser encarado como algo obrigatório, imposto por lei.

5.2 Intervenção

Como já foi dito, existe um Código de Ética para Profissionais de

Educação Física criado pelo Sistema CONFEF/CREFs, que é aperfeiçoado

regularmente, e regula a relação entre o profissional e os beneficiários do seu

serviço, indivíduos, grupos, instituições e associações que compõem a sociedade.

Este documento busca assegurar qualidade, competência e atualização

técnica, científica e moral dos Profissionais. Para isso o sistema é bem transparente,

possibilitando o acesso tanto dos beneficiários quanto dos destinatários -

profissionais registrados no Sistema CONFEF/CREFs - pessoas a quem direitos e

deveres são postulados no mesmo, que assegura o respeito aos Direitos Humanos.

Assim como o Código para Estudantes de Educação Física, o dos

Profissionais tem seus princípios e diretrizes pautados no respeito aos beneficiários

e demais profissionais, ao meio ambiente, sem atitudes discriminatórias ou

preconceituosas, e na atuação pautada na competência, responsabilidade e

honestidade, valorizando assim, a identidade do profissional da área.

Também são expostas diretrizes a serem seguidas pelos órgãos

integrados ao Sistema CONFEF/CREFs, que são: execução de atividades

multidisciplinares; transparência nas ações e decisões para possível acesso dos

beneficiários e destinatários; atualização técnica e científica e aperfeiçoamento

moral aos profissionais registrados no Sistema; comprometimento com a

preservação da saúde dos beneficiários e com o desenvolvimento físico, intelectual,

cultural e social dos mesmos e; obviamente, priorizar a ética acima de qualquer

interesse.

A orientação do beneficiário sobre execução de atividades, exercícios

recomendados e possíveis interferências de circunstâncias adversas no

desenvolvimento do trabalho prestado, de preferência por escrito e a promoção de

uma Educação Física que seja um meio efetivo para que este adquira estilo de vida

ativo também fazem parte dos deveres do Profissional de Educação Física. Caso

ocorram fatos que envolvam recusa ou demissão de cargo, função ou emprego,

motivados por atitudes de respeito à lei e a ética da profissão, o profissional deve

comunicar formalmente ao Sistema CONFEF/CREFs.

Como exemplo de formas de trabalhar a ética nas aulas de educação

física nas escolas, os professores de Educação Física poderiam desenvolver

durante os períodos competitivos de interclasse ou intercolegial, trabalhos sobre

este contexto, delegando aos alunos a criação de uma torcida organizada, com

símbolos, canto e gestos, além de um estatuto próprio, que regerá a associação. Ele

servirá para regular questões essenciais como: comportamentos e atitudes dos

membros; seus direitos e obrigações; as formas de funcionamento da associação;

sua sede; a composição da diretoria; quem representa a entidade; a quem cabem as

decisões; e de que forma podem ser tomadas. (SILVA, COSTA, BARROS &

BURKOWSK, 2009).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os temas abordados são de grande relevância para a formação do

cidadão, não apenas profissional, mas também individual. O homem só realiza sua

existência no encontro com outros homens, sendo que suas ações afetam as

pessoas à sua volta. Nesta convivência, naturalmente, devem existir regras que

estabilizem esta relação, que são os códigos éticos, que nos instruem e, ao mesmo

tempo, nos protegem.

Com esta obra é possível compartilharmos a idéia de que a ética é de

extrema importância em todas as atividades de uma sociedade e, principalmente,

deve estar presente no âmbito escolar, começando pelo educador, para que este

possa transmitir a seus alunos a noção de que a ética nos dá a chance de sermos

pessoas melhores, e harmoniza as relações interpessoais. Sendo assim, para a

ética se fazer eficaz deve trabalhar tanto a formação física quanto a formação dos

valores morais.

REFERÊNCIAS

BOFF, L. Guerra e Ética. 2003. Disponível em:

<http://www.cuidardoser.com.br/guerra-e-etica.htm>. Acessado em: 14 de Novembro

de 2009.

CONFEF. Código de Ética para o Profissional de Educação Física. 1998.

CONFEF. Guia de Princípios de Conduta Ética do Estudante de Educação Física.

2005.

HOUAISS, A.; VILLAR, M; de S.; FRANCO, F. M. de M. Dicionário Houaiss da língua

portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2009, ed. 1.

PÁDUA, E. M. M. O Trabalho Monográfico como Iniciação à Pesquisa Científica. In:

Metodologia Científica – Fundamentos e Técnicas: Construindo o Saber.

CARVALHO, M. C. M. (org). Campinas: Papirus, 2ª Ed, 1989.

SÁ, A. L. de. Ética Profissional. São Paulo: Editora Atlas S.A., 8ª edição, 2007.

SILVA, L. F. de S.; COSTA, T. de S.; BARROS, C. P. de; BURKOWSKI, A. A. M.

Torcidas Organizadas, Sinônimos de Violência?. Revista Eletrônica da Faculdade

Metodista Granbery, n.6, 2009.

SILVA, R. R. Ética, esporte, guerra. Algumas Perguntas. In: João Batista Tojal;

Alberto Puga Barbosa. (Org.). A Ética e a Bioética na Preparação e na

Intervenção do Profissional de Educação Física. Belo Horizonte: Casa da

Educação Física/CONFEF, 2006, p. 71 – 80.

ANEXOS

ANEXO A – Código de Ética para o Profissional de Educação Física

I - O Código de Ética dos Profissionais de Educação Física, instrumento regulador

do exercício da Profissão, formalmente vinculado às Diretrizes Regulamentares do

Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, define-se como um instrumento

legitimador do exercício da Profissão, sujeito, portanto, a um aperfeiçoamento

contínuo que lhe permita estabelecer os sentidos educacionais, a partir de nexos de

deveres e direitos.

II - O Profissional de Educação Física registrado no CONFEF e, conseqüentemente,

aderente ao presente Código de Ética, é conceituado como um interventor social,

que age na promoção da saúde, e como tal deve assumir compromisso ético para

com a sociedade, colocando-se a seu serviço primordialmente, independentemente

de qualquer outro interesse, sobretudo de natureza corporativista.

III - Este Código de Ética define, no âmbito de toda e qualquer atividade física, como

beneficiários das ações os indivíduos, grupos, associações e instituições que

compõem a sociedade, e como destinatário das intervenções, o Profissional de

Educação Física, quando vinculado ao CONFEF. Esta última é a instituição que, no

processo, aparece como mediadora, por exercer uma função educacional, além de

atuar como reguladora e codificadora das relações e ações entre beneficiários e

destinatários.

IV - A referência básica deste Código de Ética, em termos de operacionalização, é a

necessidade em se caracterizar o Profissional de Educação Física diante das

diretrizes de direitos e deveres estabelecidos regimentalmente pelo Sistema

CONFEF/CREFs. Tal Sistema deve visar assegurar por definição: qualidade,

competência e atualização técnica, científica e moral dos Profissionais nele incluídos

através de inscrição legal e competente registro.

V - O Sistema CONFEF/CREFs deve pautar-se pela transparência em suas

operações e decisões, devidamente complementada por acesso de direito e de fato

dos beneficiários e destinatários à informação gerada nas relações de mediação e

do pleno exercício legal. Considera-se pertinente e fundamental, nestas

circunstâncias, a viabilização da transparência e do acesso ao Sistema

CONFEF/CREFs, através dos meios possíveis de informação e de outros

instrumentos que favoreçam a exposição pública.

VI - Em termos de fundamentação filosófica o Código de Ética visa assumir a

postura de referência quanto a direitos e deveres de beneficiários e destinatários, de

modo a assegurar o princípio da consecução aos Direitos Universais. Buscando o

aperfeiçoamento contínuo deste Código, deve ser implementado um enfoque

científico, que proceda sistematicamente à reanálise de definições e indicações nele

contidas. Tal procedimento objetiva proporcionar conhecimentos sistemáticos,

metódicos e, na medida do possível, comprováveis.

VII - As perspectivas filosóficas, científicas e educacionais do Sistema

CONFEF/CREFs se tornam complementares a este Código, ao se avaliarem fatos

na instância do comportamento moral, tendo como referência um princípio ético que

possa ser generalizável e universalizado. Em síntese, diante da força de lei ou de

mandamento moral (costumes) de beneficiários e destinatários, a mediação do

Sistema produz-se por meio de posturas éticas (ciência do comportamento moral),

símiles à coerência e fundamentação das proposições científicas.

VIII - O ponto de partida do processo sistemático de implantação e aperfeiçoamento

do Código de Ética dos Profissionais de Educação Física delimita-se pelas

Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura, como também pela

Agenda 21, que situa a proteção do meio ambiente em termos de relações entre os

homens e mulheres em sociedade e ainda, através das indicações referidas na

Carta Brasileira de Educação Física (2000), editada pelo CONFEF. Estes

documentos de aceitação universal, elaborados pelas Nações Unidas, e o

Documento de Referência da qualidade de atuação dos Profissionais de Educação

Física, juntamente com a legislação pertinente à Educação Física e seus

Profissionais nas esferas federal, estadual e municipal, constituem a base para a

aplicação da função mediadora do Sistema CONFEF/CREFs no que concerne ao

Código de Ética.

IX - Além da ordem universalista internacional e da equivalente legal brasileira, o

Código de Ética deverá levar em consideração valores que lhe conferem o sentido

educacional almejado. Em princípio tais valores como liberdade, igualdade,

fraternidade e sustentabilidade com relação ao meio ambiente, são definidos nos

documentos já referidos. Em particular, o valor da identidade profissional no campo

da atividade física – definido historicamente durante séculos – deve estar presente,

associado aos valores universais de homens e mulheres em suas relações

sócioculturais.

X - Tendo como referências a experiência histórica e internacional dos Profissionais

de Educação Física no trato com questões técnicas, científicas e educacionais,

típicas de sua Profissão e de seu preparo intelectual, condições que lhes conferem

qualidade, competência e responsabilidade, entendidas como o mais elevado e

atualizado nível de conhecimento que possa legitimar o seu exercício, é fundamental

que desenvolvam suas atuações visando sempre preservar a saúde de seus

beneficiários nas diferentes intervenções ou abordagens conceituais.

XI - A preservação da saúde dos beneficiários implica sempre responsabilidade

social dos Profissionais de Educação Física, em todas as suas intervenções. Tal

responsabilidade não deve nem pode ser compartilhada com pessoas não

credenciadas, seja de modo formal, institucional ou legal.

XII - Levando-se em consideração os preceitos estabelecidos pela Bioética, quando

de seu exercício, os Profissionais de Educação Física estarão sujeitos sempre a

assumirem as responsabilidades que lhes cabem.

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 1º - A atividade do Profissional de Educação Física, respeitado o disposto na Lei

nº 9.696, de 1º de Setembro de 1998, e no Estatuto do Conselho Federal de

Educação Física - CONFEF, rege-se por este Código de Ética.

Parágrafo único - Este Código de Ética constitui-se em documento de referência

para os Profissionais de Educação Física, no que se refere aos princípios e

diretrizes para o exercício da profissão e aos direitos e deveres dos beneficiários das

ações e dos destinatários das intervenções.

Art. 2º - Para os efeitos deste Código, considera-se:

I - beneficiário das ações, o indivíduo ou instituição que utilize os serviços do

Profissional de Educação Física;

II - destinatário das intervenções, o Profissional de Educação Física registrado no

Sistema CONFEF/CREFs.

Art. 3º - O Sistema CONFEF/CREFs reconhece como Profissional de Educação

Física, o profissional identificado, conforme as características da atividade que

desempenha, pelas seguintes denominações: Professor de Educação Física,

Técnico Desportivo, Treinador Esportivo, Preparador Físico, Personal Trainer,

Técnico de Esportes; Treinador de Esportes; Preparador Físico-corporal; Professor

de Educação Corporal; Orientador de Exercícios Corporais; Monitor de Atividades

Corporais; Motricista e Cinesiólogo.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e Diretrizes

Art. 4º - O exercício profissional em Educação Física pautar-se-á pelos seguintes

princípios:

I - o respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos direitos do indivíduo;

II - a responsabilidade social;

III - a ausência de discriminação ou preconceito de qualquer natureza;

IV - o respeito à ética nas diversas atividades profissionais;

V - a valorização da identidade profissional no campo da atividade física;

VI - a sustentabilidade do meio ambiente;

VII - a prestação, sempre, do melhor serviço, a um número cada vez maior de

pessoas, com competência, responsabilidade e honestidade;

VIII - a atuação dentro das especificidades do seu campo e área do conhecimento,

no sentido da educação e desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles

aos quais presta serviços.

Art. 5º - São diretrizes para a atuação dos órgãos integrantes do Sistema

CONFEF/CREFs e para o desempenho da atividade Profissional em Educação

Física:

I - comprometimento com a preservação da saúde do indivíduo e da coletividade, e

com o desenvolvimento físico, intelectual, cultural e social do beneficiário de sua

ação;

II - atualização técnica e científica, e aperfeiçoamento moral dos profissionais

registrados no Sistema CONFEF/CREFs;

III - transparência em suas ações e decisões, garantida por meio do pleno acesso

dos beneficiários e destinatários às informações relacionadas ao exercício de sua

competência legal e regimental;

IV - autonomia no exercício da Profissão, respeitados os preceitos legais e éticos e

os princípios da bioética;

V - priorização do compromisso ético para com a sociedade, cujo interesse será

colocado acima de qualquer outro, sobretudo do de natureza corporativista;

VI - integração com o trabalho de profissionais de outras áreas, baseada no respeito,

na liberdade e independência profissional de cada um e na defesa do interesse e do

bem-estar dos seus beneficiários.

CAPÍTULO III

Das Responsabilidades e Deveres

Art. 6º - São responsabilidades e deveres do Profissional de Educação Física:

I - promover uma Educação Física no sentido de que a mesma se constitua em meio

efetivo para a conquista de um estilo de vida ativo dos seus beneficiários, através de

uma educação efetiva, para promoção da saúde e ocupação saudável do tempo de

lazer;

II - zelar pelo prestígio da Profissão, pela dignidade do Profissional e pelo

aperfeiçoamento de suas instituições;

III - assegurar a seus beneficiários um serviço profissional seguro, competente e

atualizado, prestado com o máximo de seu conhecimento, habilidade e experiência;

IV - elaborar o programa de atividades do beneficiário em função de suas condições

gerais de saúde;

V - oferecer a seu beneficiário, de preferência por escrito, uma orientação segura

sobre a execução das atividades e dos exercícios recomendados;

VI - manter o beneficiário informado sobre eventuais circunstâncias adversas que

possam influenciar o desenvolvimento do trabalho que lhe será prestado;

VII - renunciar às suas funções, tão logo se verifique falta de confiança por parte do

beneficiário, zelando para que os interesses do mesmo não sejam prejudicados e

evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia;

VIII - manter-se informado sobre pesquisas e descobertas técnicas, científicas e

culturais com o objetivo de prestar melhores serviços e contribuir para o

desenvolvimento da profissão;

IX - avaliar criteriosamente sua competência técnica e legal, e somente aceitar

encargos quando se julgar capaz de apresentar desempenho seguro para si e para

seus beneficiários;

X - zelar pela sua competência exclusiva na prestação dos serviços a seu encargo;

XI - promover e facilitar o aperfeiçoamento técnico, científico e cultural das pessoas

sob sua orientação profissional;

XII - manter-se atualizado quanto aos conhecimentos técnicos, científicos e culturais,

no sentido de prestar o melhor serviço e contribuir para o desenvolvimento da

profissão;

XIII - guardar sigilo sobre fato ou informação de que tiver conhecimento em

decorrência do exercício da profissão;

XIV - responsabilizar-se por falta cometida no exercício de suas atividades

profissionais, independentemente de ter sido praticada individualmente ou em

equipe;

XV - cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da Profissão;

XVI - emitir parecer técnico sobre questões pertinentes a seu campo profissional,

respeitando os princípios deste Código, os preceitos legais e o interesse público;

XVII - comunicar formalmente ao Sistema CONFEF/CREFs fatos que envolvam

recusa ou demissão de cargo, função ou emprego motivadas pelo respeito à lei e à

ética no exercício da profissão;

XVIII - apresentar-se adequadamente trajado para o exercício profissional, conforme

o local de atuação e a atividade a ser desempenhada;

XVIX - respeitar e fazer respeitar o ambiente de trabalho;

XX - promover o uso adequado dos materiais e equipamentos específicos para a

prática da Educação Física;

XXI - manter-se em dia com as obrigações estabelecidas no Estatuto do CONFEF.

Art. 7º - No desempenho das suas funções, é vedado ao Profissional de Educação

Física:

I - contratar, direta ou indiretamente, serviços que possam acarretar danos morais

para si próprio ou para seu beneficiário, ou desprestígio para a categoria

profissional;

II - auferir proventos que não decorram exclusivamente da prática correta e honesta

de sua atividade profissional;

III - assinar documento ou relatório elaborado por terceiros, sem sua orientação,

supervisão ou fiscalização;

IV - exercer a Profissão quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu

exercício por pessoa não habilitada ou impedida;

V - concorrer, no exercício da Profissão, para a realização de ato contrário à lei ou

destinado a fraudá-la;

VI - prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse a ele confiado;

VII - interromper a prestação de serviços sem justa causa e sem notificação prévia

ao beneficiário;

VIII - transferir, para pessoa não habilitada ou impedida, a responsabilidade por ele

assumida pela prestação de serviços profissionais;

IX - aproveitar-se das situações decorrentes do relacionamento com seus

beneficiários para obter, indevidamente, vantagem de natureza física, emocional,

financeira ou qualquer outra.

Art. 8º - No relacionamento com os colegas de profissão, a conduta do Profissional

de Educação Física será pautada pelos princípios de consideração, apreço e

solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia da categoria

profissional, sendo-lhe vedado:

I - fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras a colegas de

profissão;

II - aceitar encargo profissional em substituição a colega que dele tenha desistido

para preservar a dignidade ou os interesses da profissão, desde que permaneçam

as mesmas condições originais;

III - apropriar-se de trabalho, iniciativa ou solução encontrados por colega,

apresentando-os como próprios;

IV - provocar desentendimento com colega que venha a substituir no exercício

profissional;

V - pactuar, em nome do espírito de solidariedade, com erro ou atos infringentes das

normas éticas ou legais que regem a Profissão.

Art. 9º - No relacionamento com os órgãos e entidades representativos da classe, o

Profissional de Educação Física observará as seguintes normas de conduta:

I - emprestar seu apoio moral, intelectual e material;

II - exercer com interesse e dedicação o cargo de dirigente de entidades de classe

que lhe seja oferecido, podendo escusar-se de fazê-lo mediante justificação

fundamentada;

III - jamais se utilizar de posição ocupada na direção de entidade de classe em

benefício próprio, diretamente ou através de outra pessoa;

IV - denunciar aos órgãos competentes as irregularidades no exercício da profissão

ou na administração das entidades de classe de que tomar conhecimento;

V - auxiliar a fiscalização do exercício Profissional;

VI - zelar pelo cumprimento deste Código;

VII - não formular, junto a beneficiários e estranhos, mau juízo das entidades de

classe ou de profissionais não presentes, nem atribuir seus erros ou as dificuldades

que encontrar no exercício da Profissão à incompetência e desacertos daqueles;

VIII - acatar as deliberações emanadas do Sistema CONFEF/CREFs;

IX - manter-se em dia com o pagamento da anuidade devida ao Conselho Regional

de Educação Física - CREF.

CAPÍTULO IV

Dos Direitos e Benefícios

Art. 10 - São direitos do Profissional de Educação Física:

I - exercer a Profissão sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo,

idade, opinião política, cor, orientação sexual ou de qualquer outra natureza;

II - recorrer ao Conselho Regional de Educação Física, quando impedido de cumprir

a lei ou este Código, no exercício da Profissão;

III - requerer desagravo público ao Conselho Regional de Educação Física sempre

que se sentir atingido em sua dignidade profissional;

IV - recusar a adoção de medida ou o exercício de atividade profissional contrários

aos ditames de sua consciência ética, ainda que permitidos por lei;

V - participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, principalmente na

busca de aprimoramento técnico, científico e ético;

VI - apontar falhas nos regulamentos e normas de eventos e de instituições que

oferecem serviços no campo da Educação Física quando os julgar tecnicamente

incompatíveis com a dignidade da Profissão e com este Código ou prejudiciais aos

beneficiários;

VII - receber salários ou honorários pelo seu trabalho profissional.

Parágrafo único - As denúncias a que se refere o inciso VI deste artigo serão

formuladas ao CREF, por escrito.

Art. 11 - As condições para a prestação de serviços do Profissional de Educação

Física serão definidas previamente à execução, de preferência por meio de contrato

escrito, e sua remuneração será estabelecida em função dos seguintes aspectos:

I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade do serviço a ser prestado;

II - o tempo que será consumido na prestação do serviço;

III - a possibilidade de o Profissional ficar impedido ou proibido de prestar outros

serviços no mesmo período;

IV - o fato de se tratar de serviço eventual, temporário ou permanente;

V - a necessidade de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado

ou do País;

VI - a competência e o renome do Profissional;

VII - os equipamentos e instalações necessários à prestação do serviço;

VIII - a oferta de trabalho no mercado onde estiver inserido;

IX - os valores médios praticados pelo mercado em trabalhos semelhantes.

§ 1º - O Profissional de Educação Física poderá transferir a prestação dos serviços a

seu encargo a outro Profissional de Educação Física, com a anuência do

beneficiário.

§ 2º - É vedado ao Profissional de Educação Física oferecer ou disputar serviços

profissionais mediante aviltamento de honorários ou concorrência desleal.

CAPÍTULO V

Das Infrações e Penalidades

Art. 12 - O descumprimento do disposto neste Código constitui infração disciplinar,

ficando o infrator sujeito a uma das seguintes penalidades, a ser aplicada conforme

a gravidade da infração:

I - advertência escrita, com ou sem aplicação de multa;

II - censura pública;

III - suspensão do exercício da Profissão;

IV - cancelamento do registro profissional e divulgação do fato.

Art. 13 - Incorre em infração disciplinar o Profissional que tiver conhecimento de

transgressão deste Código e omitir-se de denunciá-la ao respectivo Conselho

Regional de Educação Física.

Art. 14 - Compete ao Tribunal Regional de Ética - TRE - julgar as infrações a este

Código, cabendo recurso de sua decisão ao Tribunal Superior de Ética - TSE.

Parágrafo único - Atuarão como Tribunais Regionais de Ética e Tribunal Superior de

Ética, respectivamente, os Conselhos Regionais de Educação Física e o Conselho

Federal de Educação Física.

CAPÍTULO VI

Disposições Finais

Art. 15 - O disposto neste Código atinge e obriga igualmente pessoas físicas e

jurídicas, no que couber.

Art. 16 - O registro no Sistema CONFEF/CREFs implica, por parte de profissionais e

instituições e/ou pessoas jurídicas prestadoras de serviços em Educação Física,

total aceitação e submissão às normas e princípios contidos neste Código.

Art. 17 - Com vistas ao contínuo aperfeiçoamento deste Código, serão

desenvolvidos procedimentos metódicos e sistematizados que possibilitem a

reavaliação constante dos comandos nele contidos.

Art. 18 - Os casos omissos serão analisados e deliberados pelo Conselho Federal

de Educação Física.

ANEXO B – Guia de Princípios de Conduta Ética

do Estudante de Educação Física

I – Dos Princípios Fundamentais

Os princípios fundamentais exigíveis a todo estudante do Curso de Educação Física

são os mesmos constantes do Código de Ética do Profissional de Educação Física,

por razões óbvias, uma vez que o Estudante está sendo preparado para exercer

todas as funções inerentes à área e que são os seguintes:

A – Amor à profissão;

B – O respeito à vida, à igualdade, à integridade e aos direitos do indivíduo;

C – Responsabilidade social;

D – A ausência de discriminação ou preconceito da qualquer natureza;

E – Respeito à ética nas diversas atividades de aprendizagem acadêmico-

profissional;

F – Valorização do significado e da identidade profissional no campo da atividade

física;

G – Diligência com os que participam de seus momentos de aprendizado

acadêmico-profissional;

H – Envolvimento nas diferentes especificidades da área do conhecimento e do seu

futuro campo de atuação, no sentido de adequação de suas capacidades às

necessidades de desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles aos

quais deverá prestar serviços.

II – Dos Direitos

São direitos do Estudante de Educação Física:

01 – Participar de todas as atividades práticas e teóricas da sua formação sem que

sofra discriminação de qualquer natureza;

02 – Exigir sempre o maior respeito às suas limitações de qualquer natureza;

03 – Solicitar o pleno desenvolvimento dos conhecimentos que julgar necessários ao

seu futuro exercício profissional;

04 – Receber explicações coerentes com a ética profissional a ser adotada, sem que

isso implique em trocas e definições prévias de sua intencionalidade;

05 – Gerir pela melhoria da qualidade dos meios – recursos humanos, tecnológicos,

físicos, de equipamentos e materiais, necessários ao desenvolvimento das suas

atividades de formação acadêmico-profissional;

06 – Participar da elaboração e execução de projetos e demais trabalhos científicos

sob orientação de docentes do curso ou de profissionais qualificados e habilitados,

no intuito da melhoria da sua formação acadêmico-profissional;

07 – Comunicar às autoridades competentes fatos relativos à práticas inadequadas

e demais procedimentos contrários aos princípios da ética.

III – Dos Deveres

São Deveres do Estudante de Educação Física:

01 – Participar de todas as atividades teóricas e práticas indispensáveis para sua

formação acadêmico-profissional, desde que sob orientação permanente;

02- Participar de atividades teóricas e práticas da sua formação acadêmico-

profissional, tutelado por profissional habilitado legalmente, sem proceder a qualquer

ato ou atitude de discriminação a pessoas, locais e demais situações e meios

existentes;

03 – Participar de ações desenvolvidas pelos docentes e pela Instituição onde é

discente ou outra congênere, que tenham como objetivo principal o desenvolvimento

de suas qualidade e capacidades;

04 – Apurar-se no desenvolvimento de estudos e participações em atividades

práticas e teóricas desenvolvidas no ambiente do Curso ou em outros locais, desde

que tenha a intencionalidade de preparação para o futuro exercício;

05 – Manter relações éticas no trato com indivíduos que estejam participando de

atividade de formação acadêmico-profissional, sejam eles docentes, beneficiários,

participantes ou outros profissionais e estudantes envolvidos;

06 – Reconhecer os seus limites e suas possibilidades de modo que sua ação não

interfira negativamente na qualidade de vida das pessoas envolvidas;

07 – Participar em atividades de aulas ou de estágios, sob orientação presencial de

profissional qualificado e habilitado;

08 – Cumprir e fazer cumprir todos os preceitos éticos e legais de sua futura

profissão.

IV – Recomendação Ética

O comprimento dos preceitos Éticos deve ser assumido como ação natural,

essencial, acima do formal ou compulsório, que por leis ou obrigações possa ser

coercitivamente importo.