a importÂncia da literatura infantil na...
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FACULDADE DE PAR DE MINAS Curso de Pedagogia
Fernanda Cristina de Oliveira Fonseca
A IMPORTNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAO DE ALUNOS LEITORES
Par de Minas - MG 2015
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Fernanda Cristina de Oliveira Fonseca
A IMPORTNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAO DE ALUNOS LEITORES
Monografia apresentada Coordenao de Pedagogia da Faculdade de Par de Minas como
requisito parcial para a concluso do Curso de Pedagogia.
Orientadora: Vanessa Faria Viana
Par de Minas - MG 2015
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Fernanda Cristina de Oliveira Fonseca
A IMPORTNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAO DO ALUNO LEITORES
Monografia apresentada Coordenao de Pedagogia da Faculdade de Par de Minas como requisito parcial para a concluso do Curso de Pedagogia.
Aprovada em: ____/____/____
Orientadora: Prof Ms. Vanessa Faria Viana
Examinador:
Examinador:
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho a Deus, que iluminou
o meu caminho durante esta caminhada,
e, especialmente, a Guilherme Soares de
Almeida (in memorian) pelo amor e
incentivo.
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AGRADECIMENTO
Primeiramente a Deus por no deixar que eu desistisse de concluir meu sonho,
por me dar foras para continuar esta caminhada.
A minha famlia, pela compreenso e capacidade de acreditar em mim. Minha
querida me, pelo amor incondicional; pai, pela presena que me d segurana
e certeza de que no estou sozinha nesta caminhada; meus irmos Leonardo e
Lorena pelo amor, carinho, pacincia.
Em especial a Natlia Scoralick e a Maria Aparecida Duarte Lima, pelo carinho
e por ter me apoiado nas decises mais difceis que precisei tomar.
A minha orientadora Vanessa Faria Viana pela dedicao, pacincia,
disponibilidade e carinho.
Aos meus amigos que de alguma maneira contriburam para meu sucesso,
obrigada por existirem em minha vida.
A todos os professores do CMEI Jos de Queiroz e E.E Ademar de Melo por
contriburem na troca de experincias e agregarem conhecimentos para minha
formao.
Ao meu saudoso marido Guilherme (in memorian) pelo amor, carinho, por ter
me incentivado a lutar pelos meus sonhos, pois sem seu incentivo no teria
chegado at aqui. Sei que de onde estiver estar feliz por eu ter conseguido
esta graduao. Esta vitria dedico a voc, obrigado por tudo, saudades
eternas!
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Ainda acabo fazendo livros onde as nossas
crianas possam morar.
(Monteiro Lobato)
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RESUMO
Atravs de pesquisas bibliogrficas e abordagem qualitativa quantitativa, por meio
de questionrios, este trabalho tem o objetivo de analisar a importncia da
literatura infantil na formao de alunos leitores, averiguando como est sendo
inserida a literatura infantil na formao de leitores. A literatura infantil
fundamental para se formar alunos leitores e, junto com a famlia, professores tm
grandes chances de formar alunos leitores crticos, competentes e que apreciem
o mundo da leitura. Quando se faz um trabalho significativo, percebe-se um fator
construtivo no desenvolvimento do leitor, que estimula e favorece o trabalho
enriquecedor que a literatura infantil propicia. Na anlise dos dados foi feita uma
pesquisa com professores da rede estadual e particular, sendo utilizados
questionrios para a obteno dos resultados.
Palavras chaves: literatura infantil. Formao de leitores
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ABSTRACT
Through bibliographical research and quantitative qualitative approach through
questionnaires this work aims to analyze the importance of children's literature
in the formation of readers students. Ascertaining how it is being inserted into
the children's literature in the formation of readers. Children's literature is
fundamental to graduate students and readers together with the family;
teachers have high chances of graduating critical readers students, competent
that enjoy the world of reading. When doing meaningful work, you can see a
constructive factor in the development of the reader, which encourages and
promotes enriching work that children's literature provides. Data analysis was
done a research with teachers at state and private schools, and used
questionnaires to obtain the results.
Key words: children's literature. Training of readers
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LISTA DE FIGURAS
GRFICO 1: Especificao do cargo
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GRFICO 2: Especificao da rede de ensino
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GRFICO 3: Tempo de atuao como docente
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GRFICO 4: Voc se considera um professor leitor
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GRFICO 5: A escola possui biblioteca
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GRFICO 6: Existe algum projeto que incentive os alunos a ler
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GRFICO 7: A literatura infantil apresentada de maneira prazerosa
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GRFICO 8: Os alunos possuem um ambiente que proporcione o contato com a leitura
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GRFICO 9: As atividades literrias acontecem com participao da famlia
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GRFICO 10: As crianas j trazem algum contato com o mundo da literatura
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GRFICO 11: Voc como professor se apropria da literatura infantil na formao de alunos leitores
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SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................... 9
2. CONTEXTO HISTRICO DA LITERATURA INFANTIL ..............................12
2.1 LITERATURA INFANTIL ........................................................................................... 12
2.2 LITERATURA INFANTIL NO BRASIL.......................................................................... 15
3. PROFESSORES E FAMLIA NO PROCESSO DE FORMAO DE
ALUNOS LEITORES ........................................................................................18
3.1 A IMPORTNCIA DO INCENTIVO LEITURA PARA FORMAO DE ALUNOS LEITORES18
4. METODOLOGIA ...........................................................................................23
5. ANLISE SOBRE A METODOLOGIA APLICADA ......................................25
5.1 A IMPORTNCIA DA FORMAO CONTNUA DOS PROFESSORES ............................. 25
5.2 ANLISE DE DADOS ............................................................................................... 25
5.2.1 A insero da Literatura Infantil e seus ambientes ....................................28
5.2.2 Reflexo sobre as opinies dos professores sobre o tema a importncia
da literatura infantil na formao de alunos leitores. ............................................ 33
6. CONCLUSO ...............................................................................................37
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................39
APNDICE A QUESTIONRIO.....................................................................41
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INTRODUO
O presente estudo tem por finalidade destacar a importncia da literatura
infantil na formao de alunos leitores, levando em considerao a participao de
pais e professores nessa insero da leitura. Objetiva-se mostrar o campo de
possibilidades que a participao desde os primeiros anos da criana em um
ambiente que lhe proporcione o contato com a leitura possa possibilitar capacidades
cognitivas, afetivas, intelectuais que sejam motivadoras para a insero no mundo
da literatura infantil.
Esse despertar nas crianas o fascnio pelo mundo da leitura visa um trabalho
engajado pelos educadores, para que as descobertas sejam significativas. Trabalha-
se a oralidade, a traduo das imagens que cercam a leitura, a capacidade de
escutar entre outros aspectos relevantes para contribuio do processo de
desenvolvimento como leitor.
As crianas que esto envolvidas com histrias no seu cotidiano, sejam elas
orais ou escritas, sero as que mais tm chances de serem leitores fluentes, que
despertaro o gosto pela leitura. Geralmente os primeiros contatos das crianas com
o universo da literatura so com os adultos, vindo aps o seu contato com os livros
no qual podero reproduzir atravs de suas prprias imagens, fatos que viram de
sua imaginao atravs da histria que escutou do adulto. Esse processo
fundamental para a formao de pequenos leitores.
A relevncia de se ter um ambiente com materiais didticos, variedades de
livros infantis, acessibilidade para que possam explorar toda a magia que a literatura
propicia, tambm elemento fundamental da prtica pedaggica que desenvolve a
fantasia, imaginao, formulao de ideias, estimula a ateno, a observao,
memria, reflexo. Mas todo esse trabalho s realmente significativo quando o
professor se tem entusiasmo e busca maneiras diferentes de englobar literatura
infantil com as crianas, diariamente.
A formao de alunos leitores algo fundamental. A insero da leitura
propicia um melhor desenvolvimento no leitor, seja na oralidade, na escrita, na
formao de leitores crticos, na percepo de mundo, no convvio social e pessoal.
Para Fanny Abramovich (2008), ler, para mim, sempre significou abrir todas as
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portas pra entender o mundo atravs dos olhos dos autores e da vivncia das
personagens..."
O processo de formao de alunos em conjunto com a literatura visa em um
trabalho desafiador, pois necessrio formar alunos leitores fluentes capazes de
interpretar, questionar, analisar e compreender o que est escrito explcitoe ou
implcito no texto.
A literatura infantil em parceria com a leitura na formao de alunos leitores
compartilham do mesmo mundo, pois ambas so mgicas, ldicas, questionadoras e
desafiadoras. Juntas, elas fazem com que o professor englobe-as em uma
aprendizagem significativa, tornando o aluno mais culto, desenvolvendo suas
habilidades, atribuindo fantasia no processo de imaginao, criao e aprendizagem
pela leitura.
Ao professor cabe despertar o adormecido no prazer pela leitura de maneira
que motive seu aluno, deixando de lado que ler uma simples obrigao.
Disso decorre o papel primordial da insero e valorizao da literatura infantil
como uma ferramenta eficaz para que o professor faa um trabalho que leve a
leitura a uma ao significativa na formao do leitor. Implica em todo o
envolvimento que o professor dar a consolidao desse processo, a literatura
exerce uma tarefa a ser cumprida socialmente, num papel transformador, seja na
formao de leitores, no convvio natural entre leitor/livro.
Nessa perspectiva, faz-se necessrio refletir: O professor apropria da
literatura infantil para formar leitores? Existe participao da famlia na insero da
leitura? As crianas j trazem contato com o mundo da literatura infantil?
Diante das consideraes acima, pode-se dizer que o contato com as estrias
infantis um momento oportuno para convidar o pequeno leitor a participar de um
processo interativo, visto que as crianas nessa faixa etria necessitam ser
despertadas para uma aprendizagem mais ldica e prazerosa.
Pensando em vrias possibilidades de como trabalhado a literatura infantil
na formao de alunos leitores e sua importncia surgiu o interesse de estudar esta
temtica. Ressalta-se, que a princpio o que motivou a desenvolver o determinado
estudo foi o contato com alunos de escolas estaduais e particulares, nas quais se
observou algumas prticas de leituras. Com o interesse crescendo gradativamente,
foi desenvolvida uma pesquisa de campo de abordagem quantitativo-qualitativo,
cujos professores das duas redes de ensino responderam aos questionrios.
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Os captulos que compem esta monografia apresentam-se, quanto
distribuio de contedos da seguinte maneira: no segundo captulo apresentado
contextos histricos da literatura infantil at sua chegada ao Brasil, mostrando os
avanos e contribuies dos autores que mais se destacaram do sculo XVII at os
dias atuais.
No terceiro captulo enfatizam-se novos olhares: professores e famlia no
processo de formao de alunos leitores. Esse captulo suma importncia para o
desenvolvimento do trabalho.
No quarto captulo apresenta-se a metodologia aplicada na pesquisa em
forma de questionrio
O quinto captulo destina-se anlise sobre a metodologia aplicada, seguida
de relatos dos professores que participaram da pesquisa.
A concluso seguida das referncias bibliogrficas e apndice.
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2. CONTEXTO HISTRICO DA LITERATURA INFANTIL
2.1 Literatura infantil
Durante o sculo XVIII, a viso de infncia no era concebida. A criana era intercalada no mundo do adulto, ouvia as mesmas estrias que eles ouviam,
participava da literatura na qual o adulto era inserido.
Eram, porm, estrias bem diferentes, pois as crianas nobres ouviam
geralmente grandes clssicos e as crianas da classe popular ouviam as estrias de
aventuras, os contos, as lendas folclricas e a literatura de cordel que despertavam
o interesse da classe popular.
A literatura infantil iniciou sua trajetria com as mudanas da estrutura
familiar, que no focava mais na amplitude de parentesco, mantendo a privacidade
familiar e impedindo que seus parentes distantes participassem dos planos
familiares individuais. Regina Zilberman (1987) salienta:
Antes da constituio deste modelo familiar burgus, inexistia uma considerao especial para com a infncia. Esta faixa etria no era percebida como um tempo diferente, nem o mundo da criana como um espao separado. Pequenos e grandes compartilhavam dos mesmos eventos, porm nenhum lao amoroso especial os aproximava. A nova valorizao da infncia gerou maior unio familiar, mas igualmente os meios de controle do desenvolvimento intelectual da criana e a manipulao de suas emoes. Literatura Infantil e escola, inventada a primeira e reformada a segunda, so convocadas para cumprir esta misso. (ZILBERMAN, 1987, p.13).
Com a decadncia do feudalismo, criou-se um novo modelo de estrutura
familiar voltado a preservar os filhos e o afeto. Desagregam-se os laos familiares e
descentralizam os vnculos de favores, elos de sangue, dvidas ou compadrio. O
Estado Absolutista, seguido do liberalismo burgus, centralizou o poder da poltica
para minimizar a rivalidade que existia na nobreza feudal, gerando grandes valores
familiares, com vises de unio familiar dando-se nfase ao afeto interno,
solidariedade entre seus parentes, formulando uma identidade familiar com
condies de privacidade assim valorizando a nova viso de infncia.
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Essa viso passou a ver a criana de maneira especial, inserida na
organizao familiar que visa responsabilidade no crescimento dos filhos para que
alcanassem a idade adulta de forma saudvel. So novos olhares ao
desenvolvimento intelectual dos filhos e controle de suas emoes. Nessa
perspectiva se une escola e literatura infantil para alcanar xito na nova misso de
propor textos voltados para as crianas.
Educadores de vrias partes da Europa comearam a criar obras literrias
mostrando a unio entre a Pedagogia e a Literatura Infantil. Os primeiros textos
seguiam uma linha educacional que pretendia dominar a criana. Surge, assim, na
Europa, uma preocupao em se criar uma literatura adequada para as crianas.
Os textos criados daquela poca eram mais informativos e formativos,
procura de uma literatura adequada para a infncia e juventude, observaram-se
duas tendncias prximas das existentes: dos clssicos com novas adaptaes do
folclore; e dos contos de fadas, ainda no voltados especificamente para a infncia,
segundo Zilberman (1987).
As obras literrias se tornaram universais, e, em cada pas, propostas
diferentes foram voltadas para a literatura infantil. Autores importantes se
destacaram como: Andersen, Carlo Collodi, Amicis, Lewis Carrol, J.M. Barrie, Mark
Twain, Charles Dickens, Ferenc Molnar. Assim muitas obras literrias infantis
ficaram duvidosas, sendo que obras adultas eram lidas para crianas. Andrade
citado por Cunha (1983) ressalta que a origem da literatura infantil foi traada em
uma prtica que leva a muitas dvidas, mas esse universo da literatura existe e traa
suas prprias caractersticas particulares.
O gnero literatura infantil tem a meu ver, existncia duvidosa. Haver msica infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literria deixa de constituir alimento para o esprito da criana ou do jovem e se dirige ao esprito do adulto? Qual o bom livro para crianas, que no seja lido com interesse pelo homem feito? Qual o livro de viagens ou aventuras, destinado a adultos, que no possa ser dado a crianas, desde que vazado em linguagem simples e isento de matria de escndalo? Observados alguns cuidados de linguagem e decncia, a distino preconceituosa se desfaz. Ser a criana um ser parte, estranho ao homem, e reclamando uma literatura tambm parte? Ou ser literatura infantil algo de mutilado, de reduzido, de desvitalizado --- porque coisa primria, fabricada na persuaso de que a imitao a prpria infncia? ( ANDRADE, apud CUNHA, 1983, p.21)
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J no sculo XVII, se percebia um interesse com olhar especial para a
infncia, protestantes ingleses e franceses publicaram seus primeiros livros e no
sculo XVIII passa-se a assistir a passagem completa da infncia ao centro das
consideraes. Stone citado por Zilberman (2003) comenta:
Um quarto sinal era a identificao das crianas como um grupo de status especial, distinto dos adultos, com suas instituies especiais prprias, como as escolas, e seus prprios circuitos de informao, dos quais os adultos tentaram excluir, de modo crescente, o conhecimento sobre o sexo e a morte. (STONE, apud ZILBERMAN, 2003, p.38).
Charles Perrault destacou-se na histria literria no como um poeta clssico,
mas sim como autor de uma literatura popular, em uma poca to menosprezada
pelo ideal que tinha em seu tempo. Perrault se torna um dos autores com maiores
sucessos voltados para o pblico infantil: criou os contos de fadas. Les Contes de
Ma Mre I Oye uma coletnea criada em 1697, traduzidas em vrios idiomas,
marcada por oito contos podendo destacar A Bela Adormecida no Bosque,
Chapeuzinho Vermelho, O Barba Azul, A Gata Borralheira ou Cinderela que
esto inseridos no folclore infantil.
Atribuindo poderes aos seus personagens monstros e animais das estrias
que eram contadas pelos camponeses, Perrault destacava o combate entre o bem e
o mau, os fracos e os fortes, o belo e o feio, caracterizando seus personagens da
classe inferior por vencer a classe nobre pela inteligncia.
Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786-1859), popularmente conhecidos como
Irmos Grimm, no incio do sculo XIX adaptaram algumas fbulas para o estilo da
literatura infantil, surgindo famosos personagens como Rapunzel, Branca de Neve,
Joo e Maria, entre outros. Na primeira coletnea publicaram 86 contos e ao se
passar dois anos, publicaram outra coletnea com 70 contos.
Tal como fizeram os Irmos Grimm, Hans Christian Andersen criou contos
que acabaram o consagrando como um dos escritores mais famosos para a
literatura infantil. Em seus contos predominavam o mundo maravilhoso e, dentre
suas obras mais divulgadas, podemos destacar: O Patinho Feio, O Soldadinho de
Chumbo, O Rouxinol do Imperador. Apesar das exigncias do mundo atual,
Andersen continua com um pblico grande, suas obras foram escritas com ternuras,
sendo realistas e no omitia as relaes que a violncia trazia nas vidas das
pessoas.
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Ao que consta, segundo Nelly Novaes Coelho (2010), as narrativas e
adaptaes que foram recolhidas pelos Irmos Grimm pertenciam variada tradio
oral, com Andersen no aconteceu o mesmo, ele utilizou de duas fontes, sendo que
a primeira pertencia literatura popular que era preservada pela tradio oral ou
sem manuscritos e a segunda vida real que era presenciada atravs de seus
olhos. Suas obras mostram que Andersen teve mais ousadia em inventar do que os
outros autores antecessores.
2.2 Literatura Infantil no Brasil
Final do sculo XIX, no Brasil, surgem as primeiras edies de livros da
literatura infantil, com a implantao da Imprensa Rgia que servia s exigncias da
linha pedaggica e ideolgica. No primeiro momento havia uma ideia fixa de adaptar
ou traduzir os livros que estavam fazendo grande sucesso na Europa. A partir da
Proclamao da Repblica, comeou-se a consolidar os livros infantis, a sociedade
brasileira que passava em momentos de urbanizao, se deparou com a
necessidade de instruir seu pblico com produes culturais modernas.
Com todo o processo de transformao que acontecia na poca, as escolas
passaram a ter papis fundamentais na formao das crianas, os livros escolares e
os infantis acabaram se aproximando. As caractersticas que marcavam as obras
que estavam surgindo eram: modelar um Brasil exuberante e antecipar um futuro
vitorioso. No muito diferente dos outros pases, o Brasil teve seu incio com obras
literrias mais voltadas ao pedaggico, trazendo adaptaes portuguesas que
mostravam a dependncia que existia entre as colnias.
Na fase inicial, a literatura infantil brasileira foi marcada por Carlos Jansen em
Contos seletos das mil e uma noites, Robinson Cruse em As viagens de Gulliver
a terras desconhecidas, Figueiredo Pimentel com Contos da Carochinha, Contos
ptrios com Coelho Neto e Olavo Bilac. Maria Antonieta Antunes Cunha (1983,
p.20) nos mostra: Com Monteiro Lobato que se tem incio a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gneros e orientao, cria esse autor uma literatura centralizada em alguns personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional. No Stio do Pica-pau Amarelo vivem Dona Benta e Tia Nastcia, as personagens adultas que orientam crianas (Pedrinho e Narizinho), outras criaturas (Emlia e Visconde de Sabugosa) e animais como Quindim e Rabic. (CUNHA, 1983, p.20).
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Monteiro Lobato, no ano de 1921, ao publicar A menina do narizinho
arrebitado deu uma grande virada na literatura. Mostrou-se preocupar em produzir
estrias nas quais tivessem uma linguagem que a criana conseguisse compreender
e fosse atrada por ela. Alcanou o sucesso desejado, pois sua publicao
referncia nos nveis mais alto da literatura infantil no Brasil. Rompendo a
subordinao do padro culto, Lobato inseriu a oralidade nas falas e discursos
narrados pelos personagens de maneira que a linguagem usada fosse criativa.
Ao criar Dona Benta, a personagem narradora que conta histrias, resgata as
antigas narrativas orais. Com os avanos alcanados principalmente por Monteiro
Lobato, a literatura infantil brasileira sofreu regresso no quesito criatividade de 1945
at a dcada de 60. As obras de Lobato na dcada de 50 acabaram sendo
absorvidas e repetidas por novos autores, sem criar ou mesmo se preocupar em
reproduzir as variedades culturais do Brasil na sua prpria linguagem.
A produo brasileira voltada para a infncia iniciou seu novo caminho na final
da agitada dcada de 60, mas s se concretizou na prxima dcada. Os anos 60
haviam iniciado de maneira promitente, com a revoluo militar contendo a
sociedade, que podia de alguma forma colocar em perigo ou mesmo querer
questionar a implantao do regime totalitrio. Muitos escritores incluindo os que
escreviam livros infantis passaram a usar linguagens figurada para traduzir o que
no era permitido. Nesse contexto, grandes obras eram usadas por smbolos e
metforas. Sofrendo alteraes, muitas obras literrias j no eram mais adequadas
ao pblico infantil, passaram a cumprir vozes que eram caladas pelos adultos para
expressar o que a sociedade no podia falar ou manifestar.
Novas apostas e reformas de ensino aconteceram nos anos 70 inserindo
todas as camadas da populao. As portas das escolas foram abertas, passou-se a
privilegiar o livro e a criana passou a ser vista como consumidores em potencial.
Ainda na dcada de 70 surgiram novos autores que seguiam os traos de Lobato e
comearam a estruturar uma nova literatura infantil traando caractersticas com
humor, criatividade, linguagem moderna. Inserindo os problemas que a sociedade
brasileira passava em seus temas, visavam formar crianas capazes de participar e
serem reflexivas em suas prticas de leitura.
A busca por expresso visual nas histrias infantis tambm foi destaque
nessa dcada com Ana Maria Machado, Ruth Rocha e Ziraldo. Surgem tambm
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outros autores renomados como Clarice Lispector, Vincius de Morais, Ceclia
Meireles e Mrio Quintana. Em 1980, as publicaes voltadas para as crianas
ganharam relevncia e muitos escritores mostraram-se interessados em produzir
obras de boa qualidade que representassem o mundo infantil. Com a valorizao
dos livros infantis, cuidados maiores ao produzi-los foram considerados e eles
ganharam mais vida, humor e cor.
As novas caractersticas aplicadas no decorrer desses tempos favoreceu que
a leitura infantil fosse um caminho propcio de diversas linguagens possibilitando
busca de aprendizagens e descobertas para que pudesse dar relevncia literatura
infantil na formao de alunos leitores.
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3. PROFESSORES E FAMLIA NO PROCESSO DE FORMAO DE ALUNOS LEITORES
3.1 A importncia do incentivo leitura para formao de alunos leitores
Para que se possam formar alunos leitores competentes, fluentes, crticos, no
qual possam dominar a leitura e a escrita, atribuindo o uso constante de sua prtica,
se faz necessrio que pais e professores incentivem a leitura durante toda a
infncia. Desde pequena, as crianas j ouvem estrias na forma oral e esse
processo enriquece o contato da criana com o mundo da leitura. Vygotsky citado
em Maurcio (2010, p.63) relata que o adulto o mediador no processo de
desenvolvimento da criana e oferece instrumentos para a apropriao do
conhecimento.
Esse primeiro contato com a literatura primordial no desenvolvimento da
criana, quanto mais estmulos ao mundo da literatura, melhor ser a formao do
pequeno leitor. de grande importncia a criana ser inserida no mundo da leitura
pelos pais leitores, possibilitando o envolvimento, interesse e criando condies
favorveis para a aprendizagem.
Bem antes de a criana entrar na escola, ela j carrega consigo um contato
cultural e social, propiciado pelos pais pela interao com a leitura, a fim de
estimul-la. Vygotsky citado em Maurcio ( 2010, p.64) afirma que quando os pais
ajudam e orientam a criana desde o incio de sua vida, do a ela uma ateno
social mediada, a aprendizagem ganha significado e contribui para o bom
desempenho da criana na sua vida escolar.
Nessa perspectiva, os pais tm papel fundamental de propiciar o contato com
a leitura de forma significativa e rica, facilitando o acesso no qual o professor
desenvolver com a leitura. Abramovich (2008, p.16-17) afirma:
Ah, como importante para a formao de qualquer criana ouvir muitas, muitas histrias... Escut-las o incio da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor ter o caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreenso do mundo... O PRIMEIRO CONTATO DA CRIANA COM UM TEXTO FEITO ORALMENTE, atravs da voz da me, do pai ou dos avs, contando contos
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de fadas, trechos da Bblia, histrias inventadas (tendo a criana ou os pais como personagens), livros atuais e curtinhos, poemas sonoros e outros mais[...] (ABRAMOVICH, 2008, p.16-17).
O contato com os livros propicia criana ter uma compreenso melhor de si
e do mundo que a cerca. O contato com diversas leituras, de forma que fascine e lhe
seja prazerosa, favorece o hbito de leitura, para que as crianas possam criar e
recontar as estrias que ouvem, possam manusear os livros com prazer e
encantamento.
O professor deve ser o mediador entre a leitura e seus alunos. Abramovich
(2008, p.17) ressalta:
atravs duma histria que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra tica, outra tica... ficar sabendo Histria, Geografia, Filosofia, Poltica, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didtica, que outro departamento (no to preocupado em abrir as portas da compreenso do mundo). (ABRAMOVICH, 2008, p.17).
Contudo, a literatura infantil, seja apresentada por um conto de fadas, fbulas,
gibis, mitos e ou lendas deve estar inserida na rotina de maneira prazerosa e ao
mesmo tempo levada a srio. A literatura infantil uma pea essencial para formar
leitores, alm de divertir, envolver e educar contribui na formao de leitores crticos,
fluentes e pensantes. Avaliando essas contribuies, o professor deve aprimorar e
valorizar suas aulas, envolvendo o aluno com prticas ldicas, prazerosas em sala
de aula para que ele possa despertar na criana quando adulto um leitor
competente, que no veja o momento de leitura como obrigao. Nesse sentido,
Aguiar (2001, p.134) salienta que Formar leitores tarefa complexa que desafia
professores, bibliotecrios e educadores em geral, especialmente nesta poca to
dominada pelos meios de comunicao de massa, sobretudo pela televiso.
O professor deve ser um leitor assduo, mostrar interesse pela leitura,
conhecer as diferentes etapas de desenvolvimento, fazer escolhas apropriadas para
a idade do aluno, disponibilizar livros diferentes, fazer leitura em voz alta, relatar
estrias, apresentar livros, nomes de autores. Bamberger (1988, p.32) enfatiza o
papel do professor como motivador para que ler seja um momento que tenha alegria
para praticar as habilidades, prazer da atividade intelectual e domnio da habilidade
mecnica.
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Se o professor responder a essa motivao com material de leitura fcil, emocionante, apropriado ao grupo de idade especfico, e desenvolver esse primeiro material com livros de dificuldade crescente, as crianas se tornaro bons leitores. Um bom leitor gosta de ler. (BAMBERGER, 1988, p.32).
O professor conhecendo os processos, respeitando as faixas etrias,
desenvolver prticas de leitura que motivar os alunos a ler, despertar interesses
pela leitura. Para que todo esse sucesso almejado acontea, preciso tambm que
nas salas tenham espaos como cantinho de leitura, projetos literrios. O acesso
biblioteca outro fator importante para formao de um leitor e nela deve conter
obras literrias diversas, um acervo rico, diversidade de gneros e suportes. Ao
poder ter contato com os livros de maneira prazerosa, de acordo com sua
curiosidade e desejo, os alunos se sentiro motivados a ler, encontraro muitos
momentos que podero requisitar ao professor obras que despertem interesse e
vontade de conhec-la.
Ler com prazer, desperta no aluno um mundo de possibilidades, de
encantamento, de poder descobrir o mundo enorme de conflitos, de impasses, de
encontrar solues, despertar o imaginrio, ter curiosidades a tantas perguntas,
encontrar novas ideias para solucionar novas questes (como os personagens
fazem), se identificar com os personagens os momentos relatados.
O professor deve ter conhecimento de que criatividade e motivao so
fundamentais, importante enfatizar o ldico para que seja bom o desempenho das
prticas propostas e que consiga alcanar o que se espera da criana. A insero de
leituras possibilitar que se formem alunos leitores crticos. A escola um dos
espaos que se deve oferecer ambiente de leitura em variadas situaes.
As crianas apresentam sentimentos diversos quando esto ouvindo estrias
como, por exemplo, a tristeza, medo, alegria etc. Esse momento de aprendizado
permite que a criana faa suas interpretaes, d suas opinies sobre o que foi lido
e essa vivncia contribua para criar autonomia dos pensamentos. Nessa viso, a
literatura infantil tem papel importante na vida de qualquer criana, pois proporciona
melhor desenvolvimento cognitivo. Abramovic (2008) enfatiza que O ouvir histrias
pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar,
o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma histria ou
outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!
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O contato com o mundo literrio, ao ouvir, manusear o livro pode despertar
um interesse que contribuir com a formao enquanto leitor e dar uma viso mais
ampla do meio em que est inserido. Dessa maneira, o professor deve ter a
literatura infantil como uma ferramenta eficaz na insero do pequeno leitor.
Muitos so os motivos que enfatizam a literatura infantil no processo de
formao de leitores e no basta que a criana oua apenas uma estria, mas que
essa prtica esteja nas suas rotinas, seja em casa com os pais e na escola com os
professores. Abramovich (2008) afirma ouvir histrias viver um momento de
gostosura, de prazer, de divertimento dos melhores... encantamento,
maravilhamento, seduo...
Em entrevista para a Revista Nova Escola (2007), Regina Zilberman enfatiza
o trabalho com a leitura nas escolas e como importante que o professor seja ele
mesmo um leitor, no seja s mais uma pessoa letrada, mas que com frequncia,
seja um leitor que desfrute ler todos os tipos de leituras possveis, como ler jornais,
revistas, bulas de remdio, romances, gibis.
O professor reconhecendo-se como um leitor, poder transmitir aos seus
alunos com prazer, demonstrando gosto e percebendo o que atrai seus alunos para
poder desenvolver uma melhor insero literria. Mesmo sendo difcil essa
percepo pelos gostos do aluno, que muitas vezes rejeita a leitura, como sendo um
momento obrigatrio, vista somente como obrigao a aprender.
Cabe ao professor saber avanar e desconstruir essa viso obrigatria em se
aprender a ler, para que se possa caminhar em frente na obteno de muito mais
que s aprender a ler, construir valores de reconhecimento da literatura, criando
essa valorizao, oportunizando condies favorveis para esse processo para que
se possam construir momentos prazerosos de leitura e vale ressaltar que esse
processo tambm depende das condies que a escola favorece, como acesso
biblioteca, participao ativa da famlia, formao continuada para os professores e
reconhecimento deles mesmos como leitores.
Ainda em entrevista da Revista Nova Escola (2015), Telma Weisz,
especialista em alfabetizao, destaca que para se construir leitores, abrange toda a
comunidade escolar professores, alunos e pais, mostrando a importncia de se
garantir que as bibliotecas das escolas devem estar sempre de portas abertas para
que todos tenham direito de tirar o livro da escola, que a biblioteca seja sempre
circulante para no estar ao contrrio da formao de leitores.
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Sabe-se que os alunos que melhor leem nas escolas, geralmente so os que
tiram livros da biblioteca, que se interessam pela leitura. O professor deve mostrar
que a leitura um momento procedimental que aprender a ler uma competncia
que deve estar inserida em situaes em que a leitura um meio e no como um fim
em si mesmo, o individuo l para alguma coisa e no s para aprender a ler.
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4. METODOLOGIA
A pesquisa realizada tem carter quantitativo-qualitativa, a escolha dessa
metodologia definida atravs do questionrio. Gil (1999) relata:
Pode-se definir questionrio como a tcnica de investigao composta por um nmero mais ou menos elevado de questes apresentadas por escrito s pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opinies, crenas, sentimentos, interesses, expectativas, situaes vivenciadas etc. (GIL, 1999, p.128)
A metodologia utilizada contribuiu para levantar dados sobre o tema, a
importncia da literatura infantil na formao de alunos leitores. Para que se
averiguassem os dados propostos para anlise, foram escolhidos educadores de
escolas particulares e estaduais, situadas em Par de Minas.
A preferncia por escolher as duas redes de ensino ocorreu por intermdio do
estgio realizado no ensino estadual. Observando como o trabalho sobre a insero
da literatura infantil, surgiu interesse em se pesquisar como desenvolvido esse
trabalho nas duas redes de ensino e como est o papel do professor e da famlia.
O presente estudo se d pelo levantamento bibliogrfico e que possibilitou
abordagem didtica e histrica do tema proposto. Um dos conceitos de uma
pesquisa bibliogrfica, Gil (1999) explica que:
A pesquisa bibliogrfica desenvolvida a partir de material j elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, h pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliogrficas. Parte dos estudos exploratrios podem ser definidos como pesquisas bibliogrficas, assim como certo nmero de pesquisas desenvolvidas a partir da tcnica de anlise de contedo. (GIL, 1999, p.65)
Atravs dos dados bibliogrficos temos contato com outros trabalhos
desenvolvidos nessa mesma linha de estudo que j se tornaram pblicos, atravs de
publicaes em jornais, peridicos, monografias, teses etc. A pesquisa bibliogrfica
tem por finalidade propor ao pesquisador contato direto com tudo que j foi escrito,
dito, filmado sobre o tema proposto.
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No primeiro passo para a pesquisa bibliogrfica buscou-se adquirir
embasamento terico para correlacion-lo com os dados que foram obtidos na
pesquisa.
O embasamento terico possibilita saber em que estado est atualmente o
problema, as pesquisas que j foram realizadas e opinies diversas sobre o assunto,
permitindo estabelecer um modelo terico inicial como referncia, auxiliando na
elaborao das ideias geral da pesquisa.
Nesta pesquisa foi utilizada a coleta de dados por meio de um questionrio.
Lakatos (2010) explica sobre como deve se direcionar uma pesquisa por um
questionrio.
Questionrio um instrumento de coleta de dados, constitudo por uma srie ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presena do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionrio ao informante, pelo correio ou um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o questionrio deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importncia e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionrio dentro de um prazo razovel. (LAKATOS, 2010, p.184)
Pelo questionrio, podem-se obter respostas precisas, pois atravs desse
mtodo de coleta de dados, o entrevistado se sente livre para responder em razo
do anonimato. Foram dez educadores que participaram de maneira tranquila sendo
cinco da rede estadual e cinco da rede particular. Aps ficarem prontos, os
questionrios foram recolhidos para serem feitas as anlises dos dados.
Atravs dos dados obtidos e observaes sobre a pesquisa, apresentam-se
algumas contribuies para que novos olhares sejam voltados para a formao de
alunos leitores atravs da literatura infantil.
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5. ANLISE SOBRE A METODOLOGIA APLICADA
5.1 A importncia da formao contnua dos professores
A formao de professores deve estar em contnua capacitao, principalmente no quesito formao de alunos leitores, para que se possa estar
sempre em busca de novas prticas e informaes que agreguem valor para se ter
uma aprendizagem significativa.
O aperfeioamento na formao do professor possibilita que ele forme leitores
crticos, fluentes, conscientes.
Quando se tem seriamente convencido a importncia da leitura e dos livros
para a formao de seus alunos, seja ela individual, social e cultural, melhor ser a
contribuio do professor.
O professor em constante busca de aprendizado sabe como primordial a
leitura tanto para sua formao de qualidade, quanto em desenvolver prticas que
estimulem o hbito de ler e criar estmulos para que se construam atitudes comuns
para que o aluno possa gostar de ler e desenvolva comportamentos leitores.
5.2 Anlise de dados
GRFICO 1: Especificao do cargo
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Fonte: Elaborado pela autora
GRFICO 2: Especificao da rede de ensino
Fonte: Elaborado pela autora
GRFICO 3: Tempo de atuao como docente
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Fonte: Elaborado pela autora
GRFICO 4: Voc se considera um professor leitor
Fonte: Elaborado pela autora
Atravs dos dados estatsticos, conforme nos GRFS. 1 e 2, fica evidenciado
que a pesquisa foi feita na rede particular e estadual, com professores regentes. No
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GRF. 3 dentre os docentes entrevistados 10% dos entrevistados atuam na rea h
menos de 5 anos, 30% atuam de 5 a 10 anos e 60% atuam h mais de 10 anos
como docente.
No GRF. 4 foi evidenciado 100% que os professores se consideram
professores leitores, levando em considerao que professores leitores podem fazer
com que os alunos experimentem na leitura um prazer idntico ao seu. A mediao
desses professores leitores facilitar seu trabalho, pois conhecem a importncia de
se ler e de ter propsitos claros, especficos, fazendo com que o aluno usufrua das
obras literrias, da capa at o posfcio, no qual so procedimentos que leitores
devem aprender estimulando atitudes comuns de pessoas que gostam de ler, fazer
indicaes literrias, seguir autores, fazendo assim que seus alunos desenvolvam os
comportamentos leitores.
5.2.1 A insero da Literatura Infantil e seus ambientes
sabido que para a formao de alunos leitores deve acontecer diariamente
nas escolas momentos favorveis para a insero da literatura infantil, pois sabemos
que l que podemos identificar a mola motora do crescimento do aluno leitor.
Um dos fatores importantes que possibilita essa insero a biblioteca, mas
para que isso acontea deve-se ser garantida uma biblioteca digna, aberta para seu
pblico para que todos tenham acesso a ela e possam retirar livros, encontrar um
acervo rico e diversificado. A escola que oferece a retirada do livro da escola a
favor da formao de leitores, pois possibilita que ela seja uma biblioteca circulante
e no uma simples biblioteca com livros na prateleira.
Desencadear os projetos de leitura tambm de suma importncia nas
escolas, pois desenvolve vrias prticas significativas para a formao do aluno
leitor, oportuniza o trabalho com a oralidade, estimula a criatividade.
GRFICO 5: A escola possui biblioteca
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Fonte: Elaborado pela autora
GRFICO 6: Existe algum projeto que incentive os alunos a ler
Fonte: Elaborado pela autora
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GRFICO 7: A literatura infantil apresentada de maneira
prazerosa
Fonte: Elaborado pela autora
GRFICO 8: Os alunos possuem um ambiente que proporcione o contato com a
leitura
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Fonte: Elaborado pela autora
Atravs do GRF. 5, percebe-se que 100% das duas escolas entrevistadas
possuem bibliotecas, que um fator importante para concluir se a insero da
literatura infantil feita em ambientes prprios e adequados.
O GRF. 6 deixou ntido que os projetos desenvolvidos nas escolas so
ferramentas eficazes no trabalho para desenvolver hbitos leitores que possam
envolver os alunos, a comunidade escolar e pais visando a formao de alunos
leitores e oportunizando trocas de experincias.
No GRF. 7, conforme apresentado, mostra que 100% dos professores
trabalham de maneira prazerosa a insero da literatura infantil, fazem que a leitura
de textos literrios sejam atividades dirias e que professores tm se dedicado
significativamente para desenvolver melhor envolvimento na leitura de seus alunos.
O GRF. 8 evidenciou que os alunos possuem ambientes adequados que
proporcionam o contato com a leitura, seja na sala de aula ou na biblioteca. A
diversidade que se pode apresentar uma leitura seja na roda de leitura, em uma
contao de estrias ou em uma narrao envolvendo os alunos, a imaginao de
se criar algo atrativo em seus ambientes favorece a interao da leitura.
GRFICO 9: As atividades literrias acontecem com participao da famlia
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Fonte: Elaborado pela autora
GRFICO 10: As crianas j trazem algum contato com o mundo da literatura
Fonte: Elaborado pela autora
Conforme estabelecido no GRF. 9, as famlias participam ativamente na
formao de seus filhos, seja na participao de contao de estrias, estimulando a
ler, recontando-as.
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Sabe-se que de fundamental importncia a participao da famlia nas
atividades literrias. O GRF. 10 revela que 100% das crianas esto chegando s
escolas j inseridas no mundo da leitura e, com essa realidade, fica mais fcil fazer
com que todos tenham oportunidades iguais de vivenciar as leituras e ter uma boa
formao de alunos leitores fluentes, crticos capazes de ler e compreender o que se
est sendo lido e o mais importante: de se ter o gosto de ler livros.
5.2.2 Reflexo sobre as opinies dos professores sobre o tema a importncia da
literatura infantil na formao de alunos leitores.
GRFICO 11: Voc como professor se apropria da literatura infantil na formao de
alunos leitores
Fonte: Elaborado pela autora
Todos os professores responderam que se apropriam da literatura infantil na
formao de seus alunos.
Nos questionrios aplicados foi pedido que se comentasse qual a viso sobre
a importncia da literatura infantil na formao de alunos leitores, seguem as
respostas dadas pelos professores participantes e classificados pela numerao 1 a
10.
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01-A literatura infantil abre portas para o mundo da imaginao. Ao competir
com o rdio, cinema, televiso, celular e outros, o livro acaba perdendo seu
espao principalmente entre as crianas. Em casa muitas vezes a criana no
v ningum lendo, portanto, provvel que no adquira este hbito. Quando
est na escola o momento de conhecer informaes que a levem a
desenvolver conhecimentos sobre si e o mundo a sua volta. A literatura
infantil viabiliza a compreenso de valores bsicos da conduta humana e
convvio social. Alm de abrir portas para o encantamento, estimula a leitura,
reconto e forma leitores pensantes, crticos e autnomos.
02- A literatura infantil proporciona a criana a desenvolver a imaginao,
emoo e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Alm de contribuir
na capacidade de expressar melhor suas ideias. Criando no aluno o gosto
pela leitura. de grande importncia interao do aluno com a literatura
infantil, pois contribui na sua aprendizagem e alfabetizao.
03- A literatura, dentro das instituies de ensino, pode ir alm da simples
transmisso de conceitos, regras e ajudar os alunos a obterem o gosto pela
leitura e a construir sua viso de mundo. A literatura insere a criana no
contato com o que diferente dela, pela existncia de pessoas e de
pensamentos diferentes do seu, possibilitando relaes interdisciplinares e
transversais do conhecimento sistematizado pela escola, garantindo o dilogo
entre o mundo da leitura e a leitura do mundo.
04- A literatura infantil um instrumento de suma importncia na construo de
conhecimentos para a criana. Atravs da literatura, tornamos as crianas
mais atentas, criativas, fazendo com que ela desperte para o mundo da leitura
no s como um ato de aprendizagem significativa, mas tambm como uma
atividade prazerosa.
05- O desenvolvimento da leitura depende das estratgias que o professor
utiliza, preciso colocar o aluno em contato com diferentes gneros literrios
e lev-los compreenso, possibilitando que o aluno aflore a imaginao,
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tenha gosto. Pois o bom da leitura o prazer. A criana que tem o prazer de
ler nunca mais para, aprende a expressar.
06- Na minha opinio, a literatura infantil o mundo do faz de conta na
imaginao da criana. Percebo que o hbito de leitura difcil at para ser
inserido juntamente com a famlia, mas atravs do incentivo dos projetos
literrios que tentemos implantar essa sementinha nas crianas. O despertar
pela leitura, quando alcanado com xito desperta na criana o gosto, o
prazer de ler. Percebo que as crianas amam as histrias e no podemos
deixar o encanto morrer.
07- Projetos que chamem a ateno do aluno e faa que ele tenha gosto pelo
livro e pela leitura.
08- A bagagem de conhecimento que o aluno vai buscar a cada livro lido.
09- Na minha opinio quanto mais cedo a criana comear a ter contato com os
livros infantis, mais ela se desenvolve e toma gosto pela leitura.
10- Atravs da leitura na educao infantil, a criana comea a ter hbito e gosto
pela leitura, para ser futuramente um bom escritor. de pequeno que se
aprende a ser grande.
As respostas dadas pelos professores participantes relatam que de suma
importncia a literatura infantil na formao de alunos leitores. Os entrevistados
conhecem bem como se trabalha a leitura, consideram-se professores leitores, se
apropriam da leitura como fator construtivo na formao de seus alunos.
Observando a resposta 01 podemos perceber a preocupao que o professor
tem com meios tecnolgicos que vm cada dia mais afastando o contato com os
livros.
Outro fator que podemos destacar a importncia do estmulo literrio em
casa, atravs da famlia. Na resposta 06, o professor relata a dificuldade encontrada
de inserir o hbito da leitura junto com a famlia. Na resposta 09 e 10 enfatizam que
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quanto mais cedo o contato com a leitura, melhor ser o desenvolvimento do aluno
pelo universo literrio.
As respostas 05 e 07 nos revelam a importncia de se ter projetos que
atraiam os alunos, que o papel do professor buscar estratgias para levar
diferentes gneros literrios, trabalhando e despertando em seus alunos o senso
crtico, fluncia e gosto pela leitura.
As demais respostas 02, 03, 04 e 08 destacam a importncia da literatura
infantil no desenvolvimento da criana e a importncia de ser um momento
prazeroso para que se torne significativo para o aluno o ato de ler. Tambm para
esses professores, os livros so bagagens de conhecimentos acessveis a cada
livro lido.
Percebe-se que todas as respostas so conscientes do papel importante de
se fazer um trabalho eficiente, prazeroso e que os professores se apropriam da
literatura infantil para formar alunos leitores.
A formao de alunos leitores no tarefa fcil, mas estratgias ajudam na
formao de bons leitores como: valorizar a leitura de maneira prazerosa,
disponibilizar a leitura de textos diversos.
Os professores participantes mostraram saber como importante
proporcionar aos seus alunos prticas e ambientes que envolvam, criem situaes
para que o aluno tenha oportunidade de interagir com textos literrios.
Em entrevista a Revista Nova Escola (2003) Tereza Colomer enfatiza a
importncia de que professores tambm sejam frequentadores dos espaos de
leitura, se convencendo da necessidade de se conhecer as obras voltadas ao
pblico infantil e jovem, ampliando o universo literrio.
Assim se faz necessrio que tambm a escola oferea a seus professores
recursos, materiais, ambientes que desenvolvam um trabalho significativo que
provoque nos leitores o prazer e envolva todo o corpo docente, discente e famlia
para que juntos se construam alunos leitores competentes e possam formar um
mundo repleto de leitores eficientes e crticos e que se encantem com o mundo da
literatura infantil aproveitando o que os livros proporcionam de melhor.
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6. CONCLUSO
Este trabalho permitiu fazer uma reflexo sobre a importncia da literatura
infantil na formao de alunos leitores.
As pesquisas possibilitaram compreender como surgiu a literatura infantil
desde seu incio at sua chegada ao Brasil, destacando-se Monteiro Lobato que
pde proporcionar e ainda possibilita uma literatura de qualidade.
O papel da famlia e professores de suma importncia para que se possam
juntos formar alunos leitores competentes. A famlia com seu papel de apresentar
desde cedo aos seus filhos o contato com os livros, com as estrias, possibilitando
que esses leitores sejam mais desinibidos, estimulando e sendo parceiras com os
professores para que juntos desenvolvam alunos leitores fluentes e que apreciem
uma boa leitura.
O papel do professor de grande importncia em desenvolver projetos
estimulantes para despertar o gosto pela leitura. necessrio ser um professor
leitor, que saiba dar importncia para o que a literatura infantil possa proporcionar
em seus alunos.
Atravs das pesquisas realizadas, em uma escola particular e em uma escola
estadual, pde-se perceber que ambas desenvolvem trabalhos voltados para a
insero da literatura infantil na formao de alunos leitores, dispem de ambientes
que proporcionam o contato com a leitura. Nelas, as crianas j trazem consigo
algum contato com o mundo da leitura e muitas vezes h participao da famlia.
Analisando as respostas dos questionrios, evidenciou-se que todos os
professores se apropriam da literatura infantil, se consideram professores leitores, e
apresentam de maneira significativa e prazerosa a literatura infantil.
Pde-se constatar, nas respostas dos professores, que a literatura infantil
valorizada e aplicada, vem como instrumento primordial e eficaz para uma boa
formao de leitores e que tanto a famlia como os professores so peas
fundamentais para mediar a insero da literatura infantil na formao de leitores.
Por isso novos olhares devem ser sempre adquiridos com novas prticas em sala de
aula sendo estabelecidas e praticadas.
Um livro brinquedo feito de letras...
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Ler brincar Rubens Alves
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5 .ed. So Paulo: Scipicione,1997. 174p. AGUIAR, Vera Teixeira de (coord)et alli. Era uma vez... na escola: formando educadores para formar leitores. 4. ed. Belo Horizonte: Formato Editorial, 2001. 161p. ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. So Paulo: Melhoramentos. 1968. 248p. BALDI, Elizabeth. Leitura nas sries iniciais: uma proposta para formao de leitores de literatura. Porto Alegre: Projeto, 2009. 176p. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hbito de leitura. 4. ed. So Paulo: tica, 1988. 109p. CARVALHO, Brbara Vasconcelos. A literatura infantil: viso histrica e crtica. 5. ed. So Paulo: Global, 1989. COELHO, Nelly Novaes. Panorama histrico da literatura infantil/juvenil: das origens indo-europeias ao Brasil contemporneo. 5. ed. So Paulo: Manoele, 2010. 308p. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prtica. So Paulo: tica, 1983. 143p. GESTO ESCOLAR. Formao/duas-perguntas-leitura-escola-telma-Weisz. Acesso em: 04 jun.2015. GIL, Antonio Carlos. Mtodos e tcnicas de pesquisa social. 5. Ed. So Paulo: Atlas,1999. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientfica. 7. ed . So Paulo: Atlas, 2010. MAURICIO, Aline Cristina Lofrese. Psicologia da aprendizagem. 1. ed. So Paulo: Know Know, 2010. 122p. REVISTA ESCOLA. Palavra de especialista- lngua portuguesa-desafios- formao de leitores-escola. Acesso em: 04 jun.2015. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 6. ed. So Paulo: Global, 1987. 118p.
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ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 11. ed. So Paulo: Global, 2003. 235p.
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APNDICE A Questionrio
Questionrios para professores da rede estadual e particular do municpio de Par de Minas.
Prezado (a) professor (a)
Como graduanda do Curso de Pedagogia da Fapam Faculdade de Par de
Minas, venho solicitar o preenchimento do questionrio para obter resultados para
monografia cujo tema : A importncia da Literatura Infantil na formao de alunos leitores, sob a orientao da Prof: Vanessa Faria Viana.
Antecipo desde j os meus agradecimentos pela ateno e disponibilidade.
1. O cargo que ocupa:
( ) professor regente ( ) professor substituto
Da rede:
( ) Pblica Municipal ( ) Pblica Estadual ( ) Particular
2. Tempo de atuao como docente:
( ) Menos de 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) Mais de 10 anos
3. Voc se considera um professor leitor?
( ) Sim ( ) No
4. Na escola em que trabalha possui biblioteca?
( ) Sim ( ) No
5. Existe algum projeto que incentive os alunos a ler?
( ) Sim ( ) No
6. A Literatura Infantil inserida de maneira prazerosa?
( ) Sim ( ) No
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7. Os alunos possuem um ambiente que proporcione o contato com a leitura?
( ) Sim ( ) No
8. As atividades literrias acontecem com participao da famlia?
( ) s vezes ( ) Sempre ( ) Nunca
9. As crianas j trazem algum contato com o mundo da Literatura Infantil?
( ) Sim ( ) No ( ) s vezes
10. Voc como professor se apropria da literatura infantil para formar alunos
leitores?
( ) Sim ( ) No
11. Comente, qual sua viso sobre a importncia da literatura infantil na formao
de alunos leitores.
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Par de Minas,___ de____________ de 2015.