temas - literatura infantil

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Literatura Infantil Tema 1 - Nova Mentalidade na Literatura Infantil “Os contos de fadas são assim: uma manhã a gente acorda e diz: “Era só um conto de fadas...” Mas no fundo não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.” (Antoine de Saint Exupéry) O Papel da Escola na Formação do Leitor • A leitura obrigatória – atividades programadas - assimilação de informações e conhecimentos específicos e direcionados. • A leitura prazerosa – atividades livres –estímulo e liberação das potencialidades e gostos específicos de cada aluno-leitor . Projeto de Ensino de Literatura Infantil -conceitos importantes Criança - aprendiz de culturas. Literatura - fenômeno da linguagem. Relação - Literatura/História/Cultura. Diálogo texto+leitor - informa e forma valores. Escrita - ato-fruto da leitura, mediada pela cultura. Meios didáticos - neutros, mas manipuláveis. Escola - espaço privilegiado de formação para toda a vida. Literatura Tradicional x Literatura Inovadora O TRADICIONAL O INOVADOR 1. Espírito individualista 1. Espírito novo 2. Obediência à autoridade 2. Questionamento da autoridade 3. TER e PARECER mais valorizado 3. FAZER e SER mais valorizado 4. Moral dogmática 4. Moral ética 5. Sociedade sexófoba 5. Sociedade sexófila 6. Reverência pelo passado 6. Redescoberta/reinvenção do passado 7. Visão transcendental do homem 7. Visão cósmica do homem 8. Racionalismo 8. Intuicionismo fenomenológico 9. Racismo 9. Antirracismo 10. Criança: adulto em „miniatura‟ 10. Criança: ser em formação A Natureza da Literatura Infantil - O que é literatura? É ARTE • Fenômeno da criatividade • Representação do homem, do mundo, da vida pela palavra. É LINGUAGEM ESPECÍFICA DA EMOÇÃO • da experiência humana • da sociedade que representa Os Estágios da Literatura na Psicologia Infantil a) O Pré-Leitor primeira infância (15/17 meses aos 3 anos). • Reconhecimento da realidade. • Conquista da linguagem. Estímulos: • Gravuras de animais e objetos em material agradável ao tato. • Manipulação do adulto, inventando opções de brincadeiras. • O adulto pode nomear brinquedos e desenhos. O Pré-Leitor – segunda infância (2 aos 3 anos). • Predomínio dos valores vitais e sensoriais. • Fase egocêntrica e interesse pela comunicação verbal. Estímulos:

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Aulas online do curso de Literatura infantojuvenil

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Page 1: Temas - Literatura Infantil

Literatura InfantilTema 1 - Nova Mentalidade na Literatura Infantil“Os contos de fadas são assim: uma manhã a gente acorda e diz: “Era só um conto de fadas...” Mas no fundo não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.” (Antoine de Saint Exupéry)

O Papel da Escola na Formação do Leitor• A leitura obrigatória – atividades programadas - assimilação de informações e conhecimentos específicos e direcionados.• A leitura prazerosa – atividades livres –estímulo e liberação das potencialidades e gostos específicos de cada aluno-leitor .Projeto de Ensino de Literatura Infantil -conceitos importantesCriança - aprendiz de culturas.Literatura - fenômeno da linguagem.Relação - Literatura/História/Cultura.Diálogo texto+leitor - informa e forma valores.Escrita - ato-fruto da leitura, mediada pela cultura.Meios didáticos - neutros, mas manipuláveis.Escola - espaço privilegiado de formação para toda a vida.

Literatura Tradicional x Literatura InovadoraO TRADICIONAL O INOVADOR1. Espírito individualista 1. Espírito novo2. Obediência à autoridade 2. Questionamento da autoridade3. TER e PARECER mais valorizado 3. FAZER e SER mais valorizado4. Moral dogmática 4. Moral ética5. Sociedade sexófoba 5. Sociedade sexófila6. Reverência pelo passado 6. Redescoberta/reinvenção do passado7. Visão transcendental do homem 7. Visão cósmica do homem8. Racionalismo 8. Intuicionismo fenomenológico9. Racismo 9. Antirracismo10. Criança: adulto em „miniatura‟ 10. Criança: ser em formação

A Natureza da Literatura Infantil - O que é literatura?É ARTE • Fenômeno da criatividade

• Representação do homem, do mundo, da vida pela palavra.É LINGUAGEM ESPECÍFICA DA EMOÇÃO • da experiência humana• da sociedade que representa

Os Estágios da Literatura na Psicologia Infantila) O Pré-Leitor – primeira infância (15/17 meses aos 3 anos).• Reconhecimento da realidade.• Conquista da linguagem.Estímulos:• Gravuras de animais e objetos em material agradável ao tato.• Manipulação do adulto, inventando opções de brincadeiras.• O adulto pode nomear brinquedos e desenhos.

O Pré-Leitor – segunda infância (2 aos 3 anos).• Predomínio dos valores vitais e sensoriais.• Fase egocêntrica e interesse pela comunicação verbal.Estímulos:• A imagem supera o texto – relação com o real.• Repetição e recomeço – atenção e interesse.• Desenhos nítidos e de fácil comunicação – colagem.• Humor + riso = mistério, novidade.• Imagens que sugerem situações atraentes.

O Leitor Iniciante (a partir dos 6/7 anos).• Conhecimento: signos linguísticos/silabação.• Necessidade de aplausos – acertar sempre.

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• Organização na leitura – começo, meio e fim.Estímulos:• Predomínio da imagem sobre o texto. • Humor e comicidade: fatores positivos.• Maniqueísmo (homem/bicho): o bem vence o mal.• Linguagem clara e simples.• Fusão = fantástico + real – „Era uma vez... ‟• Atração por histórias bem-humoradas.

O Leitor em Processo (a partir dos 8/9 anos).• Domínio da capacidade de leitura.• Atração pelos desafios e questionamentos.• O adulto é o „provocador‟ das atividades pós-leitura.Estímulos:• Presença de imagens em diálogo com o texto. • Narrativa girando em torno de um assunto central.• Esquema linear da narrativa: 1) começo / 2) meio / 3) fim • Situações engraçadas > fascínio.

O Leitor Fluente (a partir dos 10/11 anos).• Capacidade de concentração e reflexão.• Atração pelo confronto de ideias – abstração.• O adulto é dispensado – fase da pré-adolescência. Estímulos:• As imagens já não são indispensáveis.• Idealismo e procura de „heróis‟ nas narrativas.• Narrativas atraentes: histórias de aventuras.• Mágico, maravilhoso e fantástico = real. • A linguagem pode ser mais elaborada.

O Leitor Crítico (a partir dos 12/13 anos).• Total domínio da leitura e da capacidade de reflexão.• Leitura do mundo e da consciência crítica.• Caos de valores – empatia com alguns gêneros.Estímulos:• Extrapolação da leitura em busca do prazer .• Iniciação à teoria literária – a arte da linguagem.• Necessidade de exploração da criticidade.• Leitura lúdica – jogar e respeitar as regras do „jogo‟ .

O Popular e o Infantil na Literatura• A literatura infantil conquistou primeiro os adultos = formação das opiniões em forma de „histórias‟ .• Relações entre o EU e o OUTRO = despertar da sensibilidade, das emoções e da intuição.• Visão da realidade mágica das histórias – fábulas.

Relações entre História x NaturezaViver uma coisa x conhecer uma coisa (Spengler, 1952).• Literatura – modo de „transmissão de valores‟.• Literatura – mediadora entre a „mente imatura‟ (inculta) e o amadurecimento reflexivo (culta).

Importância da literatura infantil:• Mediação exata entre a idade infantil e a adulta.• Percepção pela imagem dos valores mais abstratos do ser humano.

Literatura e Folclore• Representação da realidade – metaforização• Atualização dos valores contidos nas histórias• Verdades individuais x verdade geral e abrangente

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a.C. = • Narrativas Primordiais Orientaisd.C = • Narrativas Medievais Clássicas

• Literatura FolclóricaLiteratura de Cordel = Literatura Infantil Clássica

Agora é a sua vez!- Você considera que a linguagem literária é descompromissada?Nenhuma literatura é descompromissada, porque leva o leitor a inferir sobre variados assuntos de acordo com as reflexões geradas a partir da leitura do texto. Na literatura engajada, entretanto, há mais propostas sobre questões morais, filosóficas, sociais e políticas que ajudam na formação do caráter do ser humano.

Comente: “Escrever é gravar reações psíquicas. O escritor funciona qual antena - e disso vem o valor da literatura. Pormeio dela, fixam-se aspectos da alma dum povo, ou pelo menos instantes da vida desse povo. ” (Monteiro Lobato)

- A Literatura é criação individual ou social?Todo texto é um processo histórico com uma superposição de camadas que demandam o trabalho de leitura para oferecerem-se plenas. A cada leitura uma nova camada de significações a ele se agrega como um elemento a mais de sua história, adquirindo existência social e especificidade histórica que candidata-se à perenidade, constituindo-se como elemento pertencente a uma determinada cultura.

A Literatura é somente entretenimento?-LITERATURA CRÍTICA: obras literárias cujo objetivo principal é fazer o leitor pensar, por questionamentos diretos ou por meio de uma história que toque em pontos de interesse ao crescimento humano.-LITERATURA DE ENTRENIMENTO: é a que tem, como objetivo principal, divertir o leitor . Os leitores radicais de cada gênero julgam a literatura crítica como chata e arrastada e a de entretenimento como superficial e fútil.

FinalizandoNa Literatura Infantil, quanto mais atraente for o livro, do ponto de vista estético, e até mesmo tecnológico, mais o jovem leitor se sentirá atraído para a leitura. O primeiro pressuposto importante é a noção de que a criança é um ser educável, que não nasce pronto, precisa receber informações que irão ajudá-la a desenvolver-se plenamente.O papel dos livros é fundamental nesse processo. A criança não deve ser treinada, nem doutrinada, ela deve refletir e concluir utilizando seus conhecimentos próprios. A Literatura, como parte relevante da vida de uma criança, é um “fenômeno de linguagem” resultante de uma experiência existencial, social e cultural, entre outros. Os conceitos tidos como “tradicionais, em oposição às ditas ”novas abordagens” da literatura infantil, valorizavam a sociedade patriarcal, a figura da mãe dona de casa dedicada aos afazeres domésticos, e o pai provedor de valores materiais para o sustento da família. Essa abordagem considerava o público infantil como seres não pensantes nem críticos, e entendia a infância como um período curto e no qual deveria haver apenas diversão, passatempos e entretenimento. A Psicologia Infantil classificou as etapas da Literatura Infantil de acordo com o amadurecimento das crianças em:- Pré-Leitor – 1ª e 2ª infâncias; / - Leitor Iniciante; / - Leitor em Processo; / - Leitor Fluente; /- Leitor Crítico. Você viu que a literatura infantil vem evoluindo, para ir ao encontro de um novo leitor, de crianças e jovens críticos e conscientes, que não mais se enquadram nos protótipos do passado. Para o novo leitor, os textos que abordamvalores contemporâneos acabam atuando como ferramentas de auxílio à formação, além de exercerem a função de entretenimento e difusão de conhecimentos. CADERNO EXERCÍCIOSNova mentalidade na literatura infantilQuando se fala de Literatura Infantil, todo mundo tem uma noção mais ou menos formada sobre o tema. Em geral, todo aluno do Ensino Fundamental lê pelo menos um livro por ano, quando não mais. Assim, ao final de oito ou nove anos de curso, toma-se contato com quase uma dezena de livros de leitura. Entre eles, há os mais “clássicos” (aqueles que as avós também leram na infância), e os mais “modernos”, mais coloridos, e em alguns casos há os livros que incorporam avanços tecnológicos (e-books [livros em formato digital, distribuídos pela internet, seja livremente ou mediante o pagamento de valores relacionados à distribuição, autoria e outros], audio-books [livros feitos a partir de exemplares em papel, que são lidos, em geral por atores ou profissionais acostumados com a tarefa, gravados e vendidos atualmente em formato CD. Os audio-books mais antigos eram gravados em fitas K7 – você ainda pode encontrar alguns nos sebos e lojas de livros usados] e até

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mesmo video-books [que são os livros apresentados em formato audiovisual, com filmes ou documentários que acompanham a leitura do livro].Evidentemente, quando o assunto é Literatura Infantil, quanto mais atraente for o livro, do ponto de vista estético, e até mesmo tecnológico, mais o jovem leitor se sentirá atraído para a leitura. Contudo, um professor, quando está investido da função de educador, deve pensar bem antes de escolher o livro que vai adotar com seus alunos. Nesse momento, a escolha não deve se baseada apenas em critérios estéticos. É importante refletir sobre a abordagem que o livro está adotando. Quais são os pressupostos em que se baseia o autor do livro? O primeiro pressuposto importante é a noção de que a criançaé um ser educável, que não nasce pronto, precisa receber informações que irão ajudá-la a desenvolver-se plenamente. O papel dos livros é fundamental nesse processo. A criança não deve ser treinada, nem doutrinada, ela deve refletir e concluir utilizando seus conhecimentos próprios. A Literatura, como parte relevante da vida de uma criança, é um “fenômeno de linguagem” resultante de uma experiência existencial, social e cultural, entre outros.O aspecto cultural da literatura está relacionado não apenas com a difusão de valores culturais, ou seja, não significa que uma criança precise ler livros folclóricos para poder tomar contato com diferentes culturas. O aspecto cultural da literatura pode firmar-se até mesmo quando o livro a ser lido aborda temas científicos ou técnicos. Um exemplo desse tópico pode ser mais bem-entendido quando se analisa um livro real, em situação real de leitura.Por exemplo, o livro O Museu do Senhor Asdrúbal (Figura 1), que em meio a uma história de amigos curiosos, descobrem uma casa bastante “estranha”, a princípio. Depois, ao conhecerem o dono da casa (Senhor Asdrúbal), descobrem que ele esconde um lindo museu de pedras. Assim, a obra acaba por tratar das formações rochosas, das pedras semipreciosas e dos aspectos geológicos em geral; se analisado isoladamente, pode ser entendido como um material de leitura que estaria privilegiando apenas aspectos científicos do conhecimento. Entretanto, se for bem-trabalhado em sala de aula, poderá levar o jovem leitor a conhecer as regiões brasileiras onde essas formações geológicas se encontram. Poderá ser um ponto de partida para reflexões históricas e sociológicas. Ou seja, o livro ao ser entendido como um ponto de partida para o trabalho em sala, e a criança encarada como um ser em formação, com opinião própria e voz que deve ser ouvida.Além disso, é possível explorar o conceito do “diferente” (alteridade), mostrando que às vezes o que é “estranho” pode ser apenas algo desconhecido.A literatura atual vem semeando valores que ajudarão a construir a nova mentalidade dos jovens e futuros adultos. Mas que valores são esses? Entre outros, o trabalho em equipe (e mais profundamente, a fraternidade e a solidariedade), o respeito pelo meio ambiente (refletido na preservação das matas e rios, economia de água e luz, noções de reciclagem), as novas relações entre homens e mulheres (valorização da figura feminina, princípios de colaboração entre pessoas de diferentes gêneros) e a postura perante a autoridade (sem autoritarismo). Mas a Literatura não foi sempre assim. Os conceitos tidos como “tradicionais, em oposição às ditas ”novas abordagens” da literatura infantil, valorizavam a sociedade patriarcal, a figura da mãe dona de casa dedicada aos afazeres domésticos, e o pai provedor de valores materiais para o sustento da família. Essa abordagem considerava o público infantil como seres não pensantes nem críticos, e entendia a infância como um período curto e no qual deveria haver apenas diversão, passatempos e entretenimento.Histórias contendo lições de moral e conduta, mais voltadas para reafirmar ideias, e não discutir conceitos são comuns nessa fase de abordagem tradicional. As fábulas e lendas que mostram a vitória do bem contra o mal, e do “educado” sobre o “bagunceiro” reforçam esses valores, e contribuem para a reafirmação de que o aluno deve “aceitar” as coisas que lhe são ensinadas pelos “mais velhos”. Muitas histórias antigas mostram que a pessoa que desobedece às tradições acaba sendo punida (seja por autoridades legalmente constituídas ou por forças divinas e sobrenaturais).Como educador, é importante que você conheça essas duas abordagens, e saiba tirar o melhor proveito possível de cada uma delas. Caso seus alunos tomem contato com livros que tenham sido escritos segundo a abordagem tradicionalista, você deve aproveitar para levantar na classe um debate construtivo, em que sejam abordadas as diferenças entre esses textos e os livros que compreendem a criança como ser reflexivo e em formação, em um mundo em constantes mudanças, às quais todos terão que se adaptar e evoluir juntos.

Questão 1: Analisando a pequena sinopse apresentada, procure refletir sobre a visão de mundo (tradicional ou nova) que o autor expressa no livro.Resposta:Por tratar-se de uma história que questiona valores tradicionais como a superioridade masculina, o papel da mulher e a autoridade, além de abordar a criança como ser em formação, o livro apresentado tem uma visão NOVA da literatura infantil

Questão 2: Você acredita que a leitura de um livro como “Foi ela que começou” traria algum tipo de benefício, do ponto de vista social, ao leitor em formação? Qual?Resposta:Sim, pois levaria o leitor a questionar as relações com a autoridade e com seus amigos e colegas do sexo oposto, levando-o a repensar posturas e valores.

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Questão 3: A leitora Heleninha (nome fictício) afirma que vai gostar de ler o livro de Toni Brandão, pois irá aprender como culpar seu irmãozinho de todas as coisas erradas que ela mesma fez. O que você acha que acontecerá com Heleninha após terminar a leitura? Resposta: Provavelmente pensará melhor sobre sua relação com o irmão, procurando um equilíbrio na relação, ou pelo menos repensando certos aspectos.

Questão 4: A diretora de uma escola recebeu reclamações de pais que não querem que o livro “Foi ela que começou” seja adotado, pois consideram que seja um estímulo às brigas entre irmãos. Qual é sua opinião sobre esse e outros textos de Literatura infantil não tradicional?Resposta: Ao mostrar as relações de igualdade entre meninos e meninas, o livro não provoca baderna nem gera discórdia, mas sim desenvolve uma noção de cidadania e responsabilidade familiar.

Questão 5:De acordo com Nelly Coelho, a literatura que defende a igualdade entre meninos e meninas está em harmonia com os conceitos de valorização das minorias e o amor cortês?Resposta:De acordo com Nelly Coelho, a literatura que defende a igualdade entre meninos e meninas está em harmonia com os conceitos de valorização das minorias, por ser este um conceito contemporâneo, mas o amor exaltado nessa literatura é o fraterno, reflexivo e igualitário, e não o amor cortês.

Questão 6:Qual a postura moral dos livros de Literatura Infantil baseados na nova postura? Resposta: Alternativa Ea)Rigidez de conduta. / b)Vício e castigo. / c)Rigidez dogmática./ d)Moral dogmática. / e)Moral da responsabilidade.

Questão 7: Que alternativa apresenta um tema que NÃO pertence à nova postura adotada na Literatura Infantojuvenil?a)A criança é um “adulto em miniatura”. / b)Antirracismo. / c)Desenvolvimento com liberdade. / d)Criança como ser em formação. / e)Preservação da identidade individual. Resposta: Alternativa A

Questão 8: Assinale a alternativa que contém uma afirmação VERDADEIRA Resposta: Alternativa C.a)A literatura infantil atual aborda temas ligados ao individualismo.b)O poder absoluto das minorias sempre é tema nos escritos para crianças.c)Personagens questionadores das verdades são frequentes em textos contemporâneos dirigidos ao público jovem.d)No passado, o sexismo era encarado como algo ruim e que não deveria ser apresentado ao leitor jovem.e)Racismo e revolução sexual são temáticas que há muito povoam os livros infantis.

Questão 9:Qual destas frases contém uma afirmação FALSA? Resposta: Alternativa E.a)O espírito individualista está ligado à noção tradicional de literatura.b)O racionalismo e o racismo são tópicos que entram em maior ou menor proporção na construção de textos infantis da abordagem tradicional.c)A literatura tradicional procurou denunciar a injustiça contra as raças consideradas “inferiores”.d)A concepção de vida como mudança contínua não é característica da visão tradicional de literatura.e)A intertextualidade como processo criador pode ser encontrada nas fábulas e nos textos clássicos dirigidos a crianças.

Questão 10: Transcreve-se a seguir a questão 17 da Avaliação do ENADE de 2008 “Ao lermos, se estamos descobrindo a expressão de outrem, estamos também nos revelando, seja para nós mesmos, seja abertamente. Daí por que a troca de ideias nos acrescenta, permite dimensionarmo-nos melhor, esclarecendo-nos para nós mesmos, lendo nossos interlocutores. Tanto sabia disso Sócrates como o sabe o artista de rua: “conversando também conheço o que é que eu digo”. A partir das reflexões do texto apresentado, assinale a opção correta a respeito da interação texto-leitor. Resposta: Alternativa E.a)A aproximação, no texto, entre o que sabia Sócrates e o que sabe o artista de rua, é incoerente porque os respectivos horizontes de expectativa são diferentes. b)A perspectiva apontada no texto favorece a vivência da leitura como autoconhecimento, em detrimento da leitura como identificação da expressão do outro. c)A leitura como descobrimento pressupõe uma postura pedagógica que reforça a tradição de leitura como confirmação da fala de uma autoridade. d)A interação texto-leitor deve ser evitada, por fugir ao controle do autor e favorecer uma espécie de “vale-tudo interpretativo”. e)Para a leitura como descobrimento ser efetiva, é necessária a troca de ideias sobre a leitura; ler com o outro para nos conhecermos.

Tema 2 - Literatura Infantil: arte ou instrumento pedagógico

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“A Literatura não é, como tantos supõem, uma passatempo. É uma nutrição. A Crítica, se existisse, e em relação aos livros infantis, deveria discriminar as qualidades de formação humana que apresentam os livros em condições de serem manuseados pelas crianças” . (Cecília Meireles)

Dialética da Leitura: Prazer + Aprendizado• Arte e pedagogia se inter-relacionam na Literatura Infantil, modificando consciências.• O trabalho didático do professor de Literatura é favorecer o nascimento da vontade de ler .

Arte e instrumento pedagógico• A arte literária pode ser um instrumento pedagógico, pois diversos psicólogos e estudiosos do comportamento infantil comprovam sua importância.

História da Literatura1) Alternância de objetivos.2) Razão x Emoção.3) Informar e Entreter .- Literatura é manifestação artística - os livros literários são voltados para a estética e a beleza da língua escrita.

Literatura e Consciência de Mundo• Formação da consciência pela representação.• Relações: EU + OUTRO = MUNDO.Padrões e ideais do escritor +circunstâncias do momento presente= criação literária

Pensamento MágicoTão agradável e familiar ao universo infantil, que foi o alicerce em que se fundamentaram as lendas, fábulas e contos fantásticos do início até o séc. XVII- Mitos. / - Lendas. / - Sagas. / - Cantos rituais./ - Contos maravilhosos. / - Fábulas.

Ponto de equilíbrioO arsenal de textos didáticos não deve se limitar a livros de conteúdo científico, mas devem ser incluídas as leituras de histórias descompromissadas, fantásticas e que tenham personagens e eventos que nem sempre sejam plausíveis ou verídicos. O importante é saber determinar o ponto de equilíbrio entre os dois.

Pensamento LógicoObras eminentemente pedagógicas, com caráter didático e meta voltada para a instrução, a difusão de conhecimentos e a sedimentação de informações úteis à provas e atividades escolares. • Romantismo – ideal romântico-burguês (séc. XIX).• Realismo – correntes cientificistas (XIX a 1950).• Modernismo – volta do maravilhoso (desde 1960).

O Maravilhoso e a Formação da Criança• Maravilhoso – do eu para o nós.• Literatura infantil e construção da Identidade. • Maniqueísmo nos contos de fadas.• Identificação com o herói – desejo de ser bom, belo, estar seguro e protegido. • A polarização permite à criança o entendimento da diferença.• Contos de Fadas – preparação para o enfrentamento das dificuldades da vida real.

O ideal: maravilhoso ou realista?• Os dois.• Fantasista: aborda a história com uma “realidade imaginada”, com caráter fantasioso, imaginativo, onde o“desconhecido” pode assumir um papel de real, e a realidade muitas vezes se confunde com a fantasia. • Realista: reproduz a realidade, de modo documental e como se fosse uma reportagem, uma notícia fiel aosacontecimentos.

A Crítica e a Literatura Infantil• A Literatura Infantil NÃO É mero entretenimento.

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• A sociedade científica enxerga a Literatura como veículo de ideias ou padrões de comportamento.• PERIGO: transformar a Literatura em denúncia.

Critérios e Modalidades de Crítica Literária• Qual é a crítica ideal?• Início do séc. XX – desaparecimento dos „modelos‟ literários.

Objetivos da Crítica de Hoje1) Descrição da matéria literária (interpretação).2) Formalismo – nada mais do que o texto (discurso).a) O que a obra transmite?b) Como isso é colocado na literatura?c) Qual a consciência de mundo presente?d) Qual a intenção do autor e da obra?

O que é valor literário?Adequação entre a consciência de mundo (intenção implícita) e a natureza do discurso literário (linguagem que corporifica a consciência de mundo).

Vamos praticar- Assista ao vídeo da entrevista com a autora do seu Livro- Texto Nelly Novaes Coelho e comente: Qual a importância da Literatura Infantil na formação do professor de Letras?- Diferencie caráter lúdico de caráter pedagógico da literatura.- Intuitivamente, a criança compreende que tais histórias, embora reais ou inventadas, não são falsas, pois ocorrem de maneira semelhante no plano de suas próprias experiências pessoais. (Coelho, p. 57) Você concorda com isso? Como isso pode ocorrer?

FinalizandoNesta aula você viu que a literatura infantil baseia-se fundamentalmente em uma postura fantasista (em que o pensamento mágico é a nota mais marcante). Nesta aula você viu que a escrita literária infantil também pode assumir um caráter realista (documental, cujo pensamento lógico orienta os escritos baseados na ciência e nas leis da natureza). Você percebeu que é importante fazer a criança tomar contato com textos cuja história seja real ou plausível, mas também entendeu o quanto é maravilhoso atuar como elemento formador do caráter, criatividade e espírito dojovem leitor . É papel do educador, levar essas duas realidades ao encontro das crianças e dos jovens estudantes, entendendo sempre a importância e o cuidado em compreender a literatura infantil sempre como arte e nunca como denúncia.“A ideia convencional é de que a literatura eleva e edifica segundo os padrões oficiais, mas essa entra em conflito com a de que a literatura possui uma força indiscriminada, e que nem sempre é desejada por alguns educadores, porque foge ao controle. ” (Antônio Cândido)

CADERNO DE EXERCÍCIOSLiteratura infantil: arte ou instrumento pedagógicoA literatura é um conjunto de textos escritos que se caracterizam por ser uma manifestação artística. Entretanto, nem todos os livros literários são voltados para a estética e a beleza da língua escrita. Alguns se caracterizam por descrever com fidelidade alguns conceitos, fatos históricos ou verdades científicas. Isso também é verdade quando se referem a textos escritos para crianças. Em seus primórdios, a Literatura Infantil era principalmente constituída por textos que valorizavam o pensamento mágico. Esse pensamento, tão agradável e familiar ao universo infantil, foi o alicerce em que se fundamentaram as lendas, fábulas e contos fantásticos. A arte literária, diferentemente do que muitos pensam, pode ser encarada como instrumento pedagógico, pois diversos psicólogos e estudiosos do comportamento infantil comprovam sua importância. Ou seja, o arsenal de textos didáticos não deve se limitar a livros de conteúdo científico, mas devem ser incluídas as leituras de histórias descompromissadas, fantásticas e que tenham personagens e eventos que nem sempre sejam plausíveis ou verídicos. O importante é saber determinar o ponto de equilíbrio entre os dois.Como se pode perceber, existem basicamente duas vertentes na literatura infantil. Em um extremo de um continuumencontram-se os textos voltados a instruir as crianças e jovens. Nesse extremo, estão as obras eminentemente

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pedagógicas, com caráter didático e meta voltada para a instrução, a difusão de conhecimentos e a sedimentação de informações que serão úteis para a realização de provas e atividades escolares. Na outra extremidade, os livros voltados a divertir e alegrar o leitor. Nesse subgrupo, há textos humorísticos, cômicos, as histórias “leves” e descompromissadas. Evidentemente, há toda uma gama de obras mais voltadas para um ou outro extremo, e muitas valiosas, por conseguirem concretizar ambas as vocações em um único texto, independentemente da idade-alvo de seus leitores.Mas qual seria a literatura ideal para um estudante, fantasista ou realista? A resposta é simples: as duas. Na literatura realista, o texto procura reproduzir a realidade, de modo documental e como se fosse uma reportagem, uma notícia fiel aos acontecimentos. O texto com caráter fantasista, por sua vez, aborda a história com uma “realidade imaginada”, com caráter onírico, fantasioso, imaginativo, onde o “desconhecido” pode muito facilmente assumir um papel de real, e a realidade muitas vezes se confunde com a fantasia. O educador deve saber ponderar e mesclar as duas vertentes, pois elas têm sua importância.O pensamento mágico e o pensamento lógicosão importantes constitutivos da formação do jovem leitor, de sua capacidade crítica, criativa e construtiva. O “pensamento mágico” ou fantasioso caracterizou em grande parte as obras dos primeiros tempos da literatura infantil, enquanto o “pensamento lógico” ou racional foi fruto do desenvolvimento tecnológico e científico do ser humano. Claro que o acúmulo de informações ditas “sérias” é uma característica do processo de aprendizado daquilo que se espera em uma escola, mas não se pode esquecer a importância do “maravilhoso” na formação do espírito infantil e no amadurecimento emocional do ser em formação. A Editora Scipione, por exemplo, tem uma coleção de seis livros intitulada “Viajando através da História” (Figura 1) criados especialmente para jovens leitores, com ilustrações bastante atraentes e histórias que procuram refletir a arquitetura e o modo de vida das pessoas de cada época relatada. Os títulos são traduzidos do espanhol e adaptados por Nicolau Sevcenko. Embora os livros da coleção sejam bastante fieis aos fatos históricos e procurem preservar o caráter documental e técnico da obra, a cada página existem (sempre em itálico) intervenções de personagens fictícios, que dialogam entre si como se fossem saídos das páginas do livro de história para a realidade do leitor. Ao adotar um livro assim, o educador estará reunindo o pensamento lógico e o pensamento fantasista em uma só obra.Mas também podem ser usados textos mais voltados para a fantasia, como é o caso de “O Super Tênis”, de Ivan Jaf (Figura 2). A história de Pedro, que se vê ameaçado por bandidos, pois seu tio havia inventado um calçado fantástico, capaz de fazer que a calça voar e pular a distâncias inimagináveis. Para lutar contra os bandidos, Pedro e seus amigos usam equações matemáticas, vírus de computador e um “rádio pipoqueira”. Evidentemente que esse livro, diferentemente dos da série “Viajando através da História”, entra fundo no pensamento fantástico, deixando de lado diversas leis da natureza e a realidade, mas este livro também pode ser considerado didático, e certamente irá contribuir para o desenvolvimento intelectual e cognitivo dos leitores.Questão 1: Analisando o excerto acima, compare a situação anterior ao século XVIII e os tempos atuais, no que tange o acesso à escrita e à literatura no Brasil.Questão 2:Você considera que o contato com a literatura “oral”, citada, era benéfico ou maléfico às crianças?Questão 3:Quando o autor fala do caráter lúdico e da prática pedagógica, está referindo-se, respectivamente, a que tipos de pensamentos?Questão 4:Um livro que seja lúdico e divertido, mas que não tenha nenhum tipo de “ensinamento formal” deveria ser adotado para uso em sala de aula?Questão 5:De acordo com Nelly Coelho, existe alguma relação entre o cientificismo e o realismo na literatura? Questão 6:Qual dos itens abaixo NÃO é relacionado à Literatura Infantil em seus primórdios?a)Essencialmente fantástica. / b)Punição aos maus e lições de moral. / c)Conhecimento científico do mundo. / d)Fábulas e contos fantásticos. /e)Fenômenos de vida natural. Questão 7: Que alternativa apresenta um tema que NÃO descreve características do pensamento mágico?a)Encontrado em contos de fada e lendas. / b)Baseado nas leis que regem o universo. / c)Também chamado de pensamento mítico. / d)O sonho e a fantasia são molas propulsoras desse tipo de pensamento. / e) Parte integrante da formação da criatividade das crianças.Questão 8: Assinale a alternativa que contém uma afirmação VERDADEIRA.a)A literatura infantil sempre deve tratar de temas reais./ b)O caráter maravilhoso de algumas histórias infantis pode criar adultos fracos e sonhadores. /c)Personagens imaginários e que não seguem as leis gerais do universo podem provocar distúrbios de conduta no jovem leitor. /d)No passado, a literatura fantasista nem era conhecida./ e)Os estudiosos de psicologia apontam a importância benéfica do pensamento mágico na formação do espírito infantil.Questão 9: Qual destas frases contém uma afirmação VERDADEIRA?“a)Desde o final do século XV a literatura infantil vem se aproximando do maravilhoso e fantástico./ b)Pensamento lógico, também chamado de mítico, refere-se ao lado científico e técnico do conhecimento. / c)Literariamente, a realidade imaginada, por ser mais criativa, é superior à literatura mais voltada para a transmissão de conhecimentos básicos./ d)Testemunhar a realidade é a meta dos escritores fantasistas / e)É importante que as crianças estabeleçam, lentamente, relações entre o universo literário e seu eu interior.Questão 10: Transcrevemos a seguir a questão 26 da Avaliação do ENADE de 2008 “Não, não é fácil escrever. É duro como

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quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espalhados. Ah que medo de começar e ainda nem sequer sei o nome da moça. Sem falar que a história me desespera por ser simples demais. O que me proponho contar parece fácil e à mão de todos. Mas a sua elaboração é muito difícil. Pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. Com mãos de dedos duros enlameados apalpar o invisível na própria lama.” No trecho do romance “A hora da Estrela”, de Clarice Lispector, apresenta-se uma concepção do fazer literário, segundo a qual a literatura é a)Uma forma de resolver os problemas sociais abordados pelo escritor ao escrever suas histórias. b)Uma forma de, pelo trabalho do escritor, tornar sensível o que não está claramente disponível na realidade. c)Um dom do escritor, que, de forma espontânea e fácil, alcança o indizível e o mistério graças a sua genialidade. d)O resultado do trabalho árduo do escritor, que transforma histórias complexas em textos simples e interessantes. e)Um modo mágico de expressão, por meio do qual se de abandona a realidade histórica em favor da pura beleza estética graças à sensibilidade do escritor

GABARITOQuestão 1 Resposta:Atualmente, graças ao ensino público e gratuito, a maioria das crianças de classe baixa tem acesso à escrita. Por conta dos projetos de distribuição de livros didáticos, e das bibliotecas públicas, a leitura também se tornou mais acessível.Questão 2 Resposta:Em termos de desenvolvimento da criatividade e da imaginação, o contato era provavelmente benéfico. Entretanto, ao deixarem de ter acesso aos livros, essas crianças perdiam parte da capacidade de expressão escrita e de compreensão leitora.Questão 3Resposta: Quando o autor fala do caráter lúdico refere-se ao pensamento mágico ou mítico. Já ao referir-se à prática pedagógica, está fazendo menção ao pensamento lógico, aos textos mais voltados para o ensino puro de conhecimentos científicos, e à abordagem conteudista do ensino.Questão 4Resposta: Sim, desde que bem trabalhado, e balanceado com outros tipos de livros, sempre valorizando o conhecimento prévio do aluno, sua faixa etária e condições sociais, os livros lúdicos e de conteúdo leve podem e devem ser adotados.Questão 5Resposta:Sim, de acordo com Nelly Coelho, à medida que o cientificismo se impõe como possibilidade preponderante de conhecimento, o Realismo passa a dominar na literatura, e com ele surge o predomínio do pensamento lógico sobre o pensamento mágico.Questão 6Resposta: Alternativa C. Conhecimento científico do mundo. Questão 7Resposta: Alternativa B.Baseado nas leis que regem o universo. Questão 8Resposta: Alternativa E. Os estudiosos de psicologia apontam a importância benéfica do pensamento mágico na formação do espírito infantil.Questão 9Resposta: Alternativa E. É importante que as crianças estabeleçam, lentamente, relações entre o universo literário e seu eu interior.Questão 10Resposta: Alternativa B. Clarice Lispector mostra nesse texto o quanto a Literatura opera com uma dificuldade quase transcendente, quase intransponível.

Tema 3 – A matéria literária e sua estruturaEstrutura da Matéria Literáriaa) Narrador – entidade fictícia que conduz a história. (De fora Para dentro)1. Contador de histórias – testemunha os fatos narrados. 2. Onisciente – conhece os fatos e recria a história.3. Intimista – eu-narrador, expõe suas próprias experiências.4. Dialético – dirige-se a alguém que não se encontra na história.5. Insciente – não conhece o que está à sua volta.6. In off – fala através das vozes das personagens.

b) Foco narrativo – posição de quem narra – 3ª pes.Memorialista - 3ª pessoa – fora dos fatos.Onisciente – 3ª pessoa conhece o interior e o exterior das personagens.a) Consciência total – plena visão de todos os fatos.b) Consciência parcial – visão da personagem.

b) Foco narrativo – posição de quem narra – 1ª pes.Dialético – dirige-se sempre a alguém sem, contudo, dialogar.Intimista – observa de dentro dos fatos narrados.Dialógico – deduzido pelas respostas das personagens.

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c) A história – enredo, narrativa em si.- Criação de um problema.- Resolução de um problema – grand finale.

d) A efabulação – estrutura da narrativa.- Linear = começo, meio, fim.- Retrospecto = flashback.

e) O gênero narrativo – como contar a história?ROMANCE - Extensão = > personagem < tramaNOVELA - Acontecimento = > trama < personagemCONTO - Concisão = fragmento de vida recorte

f) A personagem – representação do ser (teatro grego)1. Plana – simples, não mudam, estereótipos.2. Redonda – complexa, boa > má ou má > boa.3. Individualista – ambígua, reflexiva (moderna). (Dom Quixote e Emília sítio picapau amarelo)

g) O espaço – ONDE a(s) ação(ões) acontece(m)1. Natural – paisagem (ambiente aberto -natureza).2. Social – cenário modificado pelo homem (ambiente fechado).3. Trans-real – fictício, criação da mente humana.

h) O tempo – QUANDO a(s) ação(ões) acontece(m)1. EXTERIOR – natural e cronológico. 2. INTERIOR – registro das emoções (eu) das personagens.3. MÍTICO – imutável, eterno (Era uma vez...).

i) A linguagem – intencionalidade na narrativa1. Realista OU Mimética – reproduz o cotidiano possível.- Mais próxima da realidade.- Trabalha com a verossimilhança. Ex.: Capitães da Areia2. Simbólica OU Metafórica – linguagem figurada, que fala por imagens, com o uso de:- animais (fábula).- seres inanimados (apólogo).- analogias (parábola).- troca de sentidos (alegoria). Ex.: A agulha e a linha

Técnicas ou Processos Narrativosa) Descrição:- Observação e análise de um dado momento.- Visão ‘de fora’ de um objeto ou cena.- Ensina a ver através da representação. b) Narração:- Representação sob a ótica do narrador .- Expressão de quem ‘conta’ uma história. - Elucidativo: revela peculiaridades das personagens.- Funcional: informa o que ainda vai acontecer .- Funcional: esclarece fatos e faz avançar a narrativa.- Direto: revela o mundo interior da personagem.- Indireto: expressão da personagem pela voz do narrador . c) O Diálogo – estilo direto de comunicação orald) O Monólogo – discurso de autorrevelação de uma personagem

O Leitor ou o Ouvinte- Escreve-se para ser lido.

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- Apelo ao ouvinte/leitor – finalidades:a) Levar o leitor à determinadas atitudes.b)Convencer o leitor de alguma ideia.c) Apelar para a aquisição de certos valores.d) Incentivar maior familiaridade com o leitor .

CADERNO DE EXERCÍCIOSA matéria literária e sua estruturaA “matéria literária”, ou seja, “a invenção transformada em palavras”, como você pôde ver, constitui uma obra literária. Para Novaes Coelho, dez fatores estruturantes entram na composição da obra literária. Os dois primeiros fatores são o narrador e ofoco narrativo. O foco narrativo pode ser foco memorialista ou externo objetivo; foco onisciente ou externo subjetivo (o narrador esclarece totalmente o que acontece); foco confessional ou intimista (ou interno subjetivo, em que o narrador está dentro dos fatos narrados); foco dialético (com narrador dialogante, ou seja, o narrador dialoga com uma segunda pessoa, que se mantém silenciosa); dialógico (narrador in off) ou foco memorialista (o narrador é um mediador).A história propriamente dita, ou seja, o desenrolar dos fatos que compõem a narrativa é o terceiro fator estruturante e a efabulação(aqui entendida com a sequência dos fatos, com suas idas e vindas, problematizações e o desfecho final da trama) é considerada como o quarto fator estruturante.O gênero narrativo(quinto fator) pode assumir três aspectos, a saber, conto, romance e novela. A definição do gênero depende da natureza do conhecimento de mundo que permeia a história e se concretiza na efabulação. O sexto elemento importante para a determinação da matéria literária constitui-se dos personagens. Estes são os atores que vivenciam a ação e em geral assumem características físicas de seres humanos ou, principalmente nos textos voltados a crianças menores, de animais. Entretanto, mesmo nas histórias em que os personagens são animais e/ou plantas, eles possuem a capacidade de falar, se locomoverem e sentirem com se fossem seres humanos. Ou seja, são animais ou plantas apenas em sua aparência física.Veja, por exemplo, a clássica história infantil “Os Gatinhos Pintores” (BROWN, 1963). Nela, Pimpim e Pompom são dois gatinhos que “gostavam de misturar tintas”, segundo as primeiras linhas do livro. Evidentemente, “gostar de misturar tintas” é uma atitude de seres humanos e não de gatos. Os gatinhos não só aprendem sobre as cores, como também acabam misturando tons e criando novos matizes (Figura 1). Por essa razão, os personagens dessa história, apesar de serem gatos, vestem-se como seres humanos e se portam como tais.Figura 1. Os gatinhos pintores derramam as latas e criam “todas as cores do mundo” Os dois próximos fatores estruturantes são o espaço (lugar onde se ambientam a trama, as paisagens e o cenário) e o tempo (período de tempo em que ocorre a história, seja ele explícito na fala dos personagens e/ou do narrador ou subentendido a partir da análise do entorno e da descrição do espaço). As narrativas com sequência linear dos fatos seguem o fluxo natural dos acontecimentos, já as narrativas com sequência temporal fragmentada podem gerar uma complexidade da sequência temporal que provoca uma complexidade na trama dramática.Por fim, a linguagem ou o discurso narrativo é o elemento que faz com que a “invenção literária”, a “ideia” se concretize em “obra literária”, que será apreciada pelo o leitor ou ouvinte. Esse último, mas não menos importante, é o público alvo de uma obra, que pode se pré-estabelecido (principalmente no caso de obras didáticas) ou imaginado/previsto/idealizado/esperado pelo autor, pela editora ou por ambos. Para que todos esses conceitos fiquem mais claros, vamos procurar fazer uma análise de uma obra. Tomemos por exemplo o livro citado - “Os Gatinhos Pintores”. Quanto aos dois primeiros fatores (o narrador e o foco narrativo), o narrador inicia a história dizendo “Era uma vez dois gatinhos de olhos verdes” e segue ao longo da narrativa esclarecendo totalmente o que acontece, ou seja, o narrador é onisciente, e o foco é externo subjetivo. A história propriamente dita refere-se a dois gatinhos que gostam de pintar e vão misturando as tinta para descobrirem novas tonalidades. Em relação à efabulação, as problematizações principais são que os gatinhos não sabem como fazer a tinta de cor verde, e o fato de que eles acabam esbarrando nas latas e misturam todas as cores. No desfecho final, depois de terem lindos sonhos coloridos, os gatinhos acabam criando “todas as cores do mundo”. Quanto ao gênero narrativo, a história é um conto, pois registra um momento significativo da história das personagens (e não é uma longa narrativa - como a novela- e nem o universo organizado em relação a um tema - como no romance). O sexto elemento importante para a determinação da matéria literária (os personagens) já foi abordado anteriormente. Em relação ao espaço, a trama se ambienta basicamente em um espaço natural (de campos e gramados) e em algumas poucas cenas em um espaço social (dentro do ambiente doméstico) e também no espaço transreal, ou seja, em lugares inventados pelo autor (“uma terra de cor púrpurea, com um manso e róseo mar”). Quanto ao tempo, ele não é explícito na fala do narrador (“era uma vez”), mas fica subentendido a partir da análise do entorno e da descrição do espaço. A narrativa tem sequência linear dos fatos, seguindo o fluxo natural dos acontecimentos.Quanto à linguagem ou o discurso narrativo, ela é simples e de fácil entendimento. O livro foi traduzido do original em inglês, e a autora estadunidense (Margaret Wise Brown), que faleceu em 1952, deixou uma série de outros livros infantis.

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Evidentemente, o público-alvo de “Os Gatinhos Pintores” são crianças em idade de alfabetização, já que o livro traz frases curtas e no máximo três a quatro linhas por página, acompanhadas de ilustrações coloridas que ocupam praticamente o restante das páginas.Questão 1: Em sua opinião algum dos fatores estruturantes estudados é mais importante que os demais? Por quê?Questão 2:Pode existir uma obra literária sem que estejam presentes todos os fatores estruturantes?Questão 3:Qual a relação entre a sequência temporal dos fatos em uma história e sua complexidade?Questão 4:Em uma história em que os personagens moram em uma caverna habitada por formas alienígenas e por seres disformes, pode-se dizer que o espaço da narrativa é natural. Certo ou errado, e por quê?Questão 5:De acordo com Nelly Coelho, qual seria o fator estruturante mais importante para concretizar a ideia ou invenção literária em uma obra literária?Questão 6: Qual dos seguintes itens apresenta informações que NÃO condizem com uma posição adotada pelo narrador?a)Foco memorialista: o narrador é um mediador.b)Foco onisciente: narrador esclarece totalmente o que acontece.c)Foco confessional ou intimista: o narrador está dentro dos fatos narrados.d)Foco dialético: o narrador dialoga com os personagens.e)Foco dialógico: narrador in off.Questão 7:Assinale a alternativa que apresenta os termos que completam corretamente a frase a seguir:“Em relação ao espaço, ele pode ser _________ (paisagem, gruta, a natureza livre), _________ (casa, castelo, foguete, entre outros, ou seja, ambientes modificados pela técnica) ou espaço ________ (criados pela imaginação do homem).”a)social -natural - trans-real /b)real - surreal– irreal /c)natural - social -trans-real / d)natural - tecnológico –míticoe)natural - social -míticoQuestão 8:Assinale a alternativa que contém uma afirmação FALSA em relação à matéria literária:a)A história propriamente dita refere-se ao desenrolar dos fatos que compõem a narrativab)A efabulação em seu PLD é entendida com a sequência dos fatos, com suas idas e vindas, problematizações e o desfecho final da trama.c)O gênero narrativo pode assumir três aspectos, a saber, conto, romance e novela.d)Os personagens são os atores que vivenciam a ação e são seres humanos ou, se forem animais, serão sempre capazes de falar.e)A linguagem ou o discurso narrativo é, sem dúvida, o elemento que faz com que a “invenção literária”, a “ideia” se concretize em “obra literária”.Questão 9:Qual das seguintes frases contém uma afirmação FALSA?a)As narrativas com sequência linear dos fatos seguem o fluxo natural dos acontecimentos.b)O tempo da narrativa é contemporâneo ao tempo em que o autor está escrevendo.c)As narrativas podem ter um ritmo lento ou acelerado, dependendo da intenção do autor.d)Em narrativas com sequência temporal fragmentada, isso ocorre pois o autor tem alguma intenção e utiliza esse recurso para alcançá-la.e)A complexidade da sequência temporal provoca uma complexidade na trama dramática.Questão 10:Transcrevemos a seguir a questão 26 da Avaliação do ENADE de 2008“A literariedade, conceito que remete à especificidade da linguagem literária, vem sendo discutida por teóricos e críticos, tal como se verifica nos textos a seguir. Texto 1 A literariedade, como toda definição de literatura, compromete-se, na realidade, com uma preferência extraliterária. Uma avaliação (um valor, uma norma) está inevitavelmente incluída em toda definição de literatura e, consequentemente, em todo estudo literário. Os formalistas russos preferiam, evidentemente, os textos aos quais melhor se adequava sua noção de literariedade, pois essa noção resultava de um raciocínio indutivo: eles estavam ligados à vanguarda da poesia futurista. Uma definição de literatura é sempre uma preferência (um preconceito) erigida em universal. Texto 2 Literariedade: termo do formalismo russo (1915-1930), que significa observar em uma obra literária o que ela tem de especificamente literário: estruturas narrativas, rítmicas, estilísticas, sonoras etc. Foi a tentativa de especificar o ser da literatura, propondo um procedimento próprio diante do material literário. Os formalistas trabalharam, portanto, um novo conceito de história literária, e foram, digamos assim, a base para o comportamento estruturalista surgido na França.

A partir da interpretação dos textos acima, assinale a opção correta.a)Para os dois autores, a literariedade revela o ser da literatura, algo que a diferencia da linguagem cotidiana. b)Os dois autores afirmam que o conceito de literariedade é histórico, marcado pelo momento em que foi formulado. c)Compangnon questiona a concepção dos formalistas russos de que há especificidade universal na linguagem literária. d)Chalub, em seu texto, discute o conceito de literariedade, seu alcance e seus possíveis limites. e)Infere-se dos dois fragmentos que literariedade é um conceito que está acima de escolhas subjetivas, culturais ou sociais.

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GA BARITOQuestão 1 Resposta:A linguagem ou o discurso narrativo é o elemento que faz com que a “invenção literária”, a “ideia” se concretize em “obra literária”, que será apreciada pelo o leitor ou ouvinte.Questão 2 Resposta:Não, todos os fatores estruturantes se unem e se mesclam para formar a matéria literária. O que pode acontecer é que alguns fatores podem desempenhar papéis menos importantes, mas todos sempre estão presentes.Questão 3 Resposta: A complexidade da obra está relacionada diretamente com a falta de linearidade na sequência temporal dos fatos narrados. Embora esse aspecto seja determinado propositalmente pelo autor, para poder contar sua história, e não com o objetivo de dificultar sua leitura ou entendimento.Questão 4 Resposta: Errado, pois embora a caverna possa ser citada, à primeira vista, como um espaço natural, o fato de nela habitarem criaturas inventadas pela criatividade do autor faz com que esse espaço seja classificado como trans-real.Questão 5 Resposta:De acordo com Nelly Coelho, a linguagem ou o discurso narrativo é sem dúvida o elemento que faz com que a “invenção literária”, a “ideia” se concretize em “obra literária”.Questão 6 Resposta: Alternativa D.Foco dialético: o narrador dialoga com os personagens. Questão 7 Resposta: Alternativa C. Natural - social -trans-real. Questão 8 Resposta: Alternativa D. Os personagens são os atores que vivenciam a ação e são seres humanos ou, se forem animais, serão sempre capazes de falar.Questão 9 Resposta: Alternativa B.O tempo da narrativa é contemporâneo ao tempo em que o autor está escrevendo.Questão 10 Resposta: Alternativa C.Compangnon questiona a concepção dos formalistas russos de que há especificidade universal na linguagem literária.

Tema 4 – Contos de Fadas e Contos MaravilhososDa Teoria à Análise do TextoNARRATIVA - VOZ QUE NARRA – FOCO (LEITOR OUVINTE) SEQUÊNCIA DOS FATOS AÇÃO - PERSONAGENS LUGAR DOS FATOS - ESPAÇO DURAÇÃO DO FATO - TEMPO APRESENTAÇÃO DOS FATOS LINGUAGEM

Da Narrativa Primordial ao Estilo Literário para Crianças- Há formas específicas de literatura para os pequenos?- Na literatura de adultos, há livros mais adequados aos pequenos?- Quais os temas considerados ideais para esse tipo de público?

Há três tipos de representação de mundo nas narrativas:1) Mundo real – cotidiano: utilização do simbolismo animal início das fábulas.2) Mundo de metamorfoses – mágico: representação simbólica dos valores e estruturas sociais arcaicas contos de fadase contos maravilhosos.3) Mundo religioso cristão – céu x inferno: maniqueísmo religioso a Virtude é exaltada e o Vício condenado.

Textos Representativos da Narrativa Primordial- Calila e Dimna – coleção de histórias em forma de ‘encaixe’.- Fábulas de Esopo – atualizadas por outros autores.- Fábulas de La Fontaine – recriação a partir de outros contos.- Contos de Charles Perrault –histórias de valores morais.- Contos dos Irmãos Grimm –ideais cristãos.- Contos de Andersen – textos lúdico-didáticos.

Características Estilísticas e Estruturais da Narrativa Primordial Novelesca1. Da centralização da história para os acontecimentos periféricos.2. Trabalho/casamento/mistérios – as narrativas tendem a explicar a vida através da representação ao longo dos tempos.3. O tempo é indeterminado, a-histórico – repetição dos motivos e temas, sem perda da essência do texto.4. O ato de contar recupera as narrativas orais, daí a utilização dos tempos pretéritos e indeterminados.5. Estrutura narrativa em forma de conto. 6. Estrutura narrativa simples, sem muitas peripécias – em que sempre vencem os heróis.7. Representação simbólica / mimética da realidade.

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8. As personagens são tipos (o rei, o filósofo, o sábio, o louco) ou caracteres (o mentiroso, o generoso, a beata).9. Realidade = Imaginação, principalmente na visão das crianças (magia de antigamente à atualidade).10. O espaço, apesar de ser pano de fundo, cria os climas para o desenrolar das histórias.11. A exemplaridade é um dos principais recursos desde os tempos antigos.12. O narrador “conta” exatamente aquilo que ouviu.

A Análise Estrutural dos Contos de Fada e Contos MaravilhososDesígnio • Levar o herói à ação.Viagem • Deslocamento do herói para um lugar estranho, não-familiar .Obstáculos • Desafios que se opõem à ação do herói.Mediação • Surgimento de um auxiliar mágico que ajuda o herói a vencer os perigos.Conquista do objetivo • É quando o herói, finalmente, conquista os seus objetivos.

Elos entre a Literatura e a Vida1. Ideal a ser alcançado.2. Afastamento do aconchego familiar.3. Encontro com obstáculos a serem vencidos.4. Encontro com auxiliares que o ajudam nas dificuldades.5. Final feliz – chegada ao objetivo.

“ (…) Verdade é uma espécie de mentira bem pregada, das que ninguém desconfia. Só isso.” Memórias da Emília, Monteiro Lobato.

Vamos praticarEnfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No Meio dela, Capituolhou alguns instantes para ver o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumaslágrimas poucas e caladas… Trecho do romance de Machado de Assis: Dom CasmurroQue tipo de narrador temos nesse texto?

As personagens antagonistas são a designação atual para o antigo vilão. Cabe a elas impedir, dificultar, atormentar a "vida" das personagens protagonistas, que não necessita ser uma pessoa. Suponhamos que você tenha uma históriaonde dois indivíduos do mesmo sexo se amem e queiram casar . Quem seria o antagonista?As narrativas mais longas podem explorar mais detalhadamente as noções de tempo – cronológico (marcado pelas horas, por datas) ou psicológico (marcado pelo fluxo do inconsciente das personagens) – e de espaço (cenário,paisagem, ambiente). Cite alguns exemplos de obras em que haja esses elementos da narrativa.

A narrativa deve tentar elucidar os acontecimentos, respondendo às seguintes perguntas essenciais:O QUÊ? o(s) fato(s) que determina(m) a história;QUEM? a personagem ou personagensCOMO? o enredo, o modo como tecem os fatos;ONDE? o lugar ou lugares da ocorrência;QUANDO? o momento em que acontece os fatos;POR QUÊ? a causa do acontecimento.- Pense na fábula A Cigarra e a Formiga e elenque cada um desses elementos.

FinalizandoNo tema 3 você viu que a literatura infantil, assim como qualquer criação literária, segue determinados preceitos, de modo a formar uma matéria narrativa que sofre influência de dez fatores estruturantes. A partir das diferentes influências desses fatores, surgem os infinitos textos literários (sejam escritos ou orais). É importante que o educador conheça esses fatores, saber identificá-los e analisar a influência de cada um deles sobre as obras que irá adotar .Conhecer estes fatores também permite que, em uma etapa posterior, leitores tornem-se escritores, passando a produzir eles mesmos novos textos literários.

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No tema 4 você aprendeu sobre as narrativas primordiais e analisou os principais fatores estruturantes comuns a muitas delas. De posse desses conhecimentos, você é capaz de perceber novas histórias e contos que se formam a partir de antigas experiências humanas. Existe um momento na vida das crianças em que elas gostam de utilizar fantasias, brincar com situações imaginárias e ouvir as mesmas histórias. As crianças não se cansam de ouvir histórias de contos de fadas que começam “Erauma vez... ” e terminam com “viveram felizes para sempre” . Essa idéia cria a esperança de que as coisas na vida podem dar certo e elas podem ter sucesso em suas dificuldades.A história dos contos de fadas a ajuda a lidar com as dificuldades do seu dia-a-dia, como: rivalidade entre irmãos, inveja, medo, relação com os pais, inferioridade, vingança, etc. , e por isso elas pedem para ler diversas vezes amesma história. Os alunos, jovens leitores e aprendizes em geral poderão se beneficiar muito com o contato com essas narrativas primordiais, que além de abordarem tópicos importantes para seu desenvolvimento moral e intelectual, poderão serfontes de referência de textos literários, contos de fadas e contos maravilhosos.

CADERNO DE EXERCICIOSContos de fada e contos maravilhososA partir dos fatores estruturantes, vistos no tema anterior, que entram na composição da obra literária (ou seja, narrador; foco narrativo; história propriamente dita; efabulação; gênero narrativo; personagens; espaço; tempo; linguagem ou discurso narrativo; leitor ou ouvinte), agora serão abordadas as variações existentes entre alguns deles. É evidente que dessas variações surge a grande diversidade de obras literárias que se conhece. Afinal, por mais que, em alguns casos, certas obras lembrem, ou sejam até mesmo parecidas com, algumas outras, existem diferenças que as tornam únicas. Por outro lado, você já deve ter notado que algumas histórias se repetem (como pequenas variações) ao longo do tempo, e em diferentes lugares do mundo. São as chamadas “narrativas primordiais”, as obras cujo tempo consagrou como ideais para crianças, tornando-se clássicas e conhecidas em diferentes países do mundo, mesmo que com pequenas variações, mas mantendo um núcleo comum que possibilita que sejam entendidas com variações de uma mesma história, e não como histórias diferentes que tenham pontos em comum. Entre essas diversas narrativas, podem se distinguir representantes de mundos diferentes. O “mundo real”, quando imperava a força bruta; o simbolismo animal, que deu origem às fábulas; o mundo das metamorfoses, representado por uma realidade mágica; a convivência de seres maravilhosos, superiores e inferiores e o mundo religioso cristão, onde as virtudes são exaltadas.Entre as características estruturais da narrativa primordial, segundo Novaes Coelho: a efabulação inicia-se de imediato, juntamente com o tópico central da história. Essa abordagem rápida e direta é uma das principais características que faz com que as narrativas primordiais sejam tão apreciadas por crianças e jovens. Esse tipo de narração direta também facilita sua compreensão quando as histórias são lidas em voz alta ou contadas por contadores de história em ambientes públicos.O motivo da efabulação resulta das três necessidades básicas do ser humano: o sexo, opoder e a fome. Em geral, nas histórias infantis, o principal elemento salientado é o poder. O sexo aparece apenas veladamente, sempre sem ser referido diretamente, ou seja, o personagem principal que se casar ou beijar ou dançar com a mocinha ou a princesa ou a filha do lavrador, sem referências claras às intenções posteriores. Para satisfazer as necessidades básicas, as narrativas se desenvolvem em situações de trabalho, casamento e exploração. O trabalho surge claramente para que as personagens saiam da condição de miséria em que vivem. O casamento em geral acontece em três situações: o pai se casa com uma megera, que irá tratar mal a doce filha órfã de mãe, ou o homem poderoso oferece a mão se sua filha linda para aquele que vencer as provas que ele estipular, ou ainda, como ponto final da narrativa, com a famosa e consagrada frase final “e viveram felizes para sempre”. A exploração de um ser humano por outro, uma situação muito comum nas narrativas primordiais, mostra o mais fraco explorado pelo mais forte ou tentando escapar dele.Com outras características importantes das narrativas primordiais, tem-se o fato de o tempo e o lugar serem indeterminados. Muitas delas começam com frases como “há muito tempo, em lugar onde a felicidade reinava” ou “era uma vez, em um reino muito distante”. Além disso, o espaço está em segundo plano, em geral sendo apenas o cenário onde a trama se desenrola. Outro aspecto característico é que o “ato de contar” se dá por uma “voz familiar”, fazendo a mediação entre a história e o leitor ou ouvinte – mais uma vez, um aspecto que as torna tão adequadas a serem lidas, por exemplo, na hora de dormir, contadas pelos pais ou por alguma pessoa que esteja colocando a criança na cama. O narrador é o “contador de histórias”, que representa a memória dos tempos, sendo fiel a fatos vividos, testemunhas ou ouvidos e reproduzidos com fidelidade aos leitores ou novos ouvintes.A forma literária básica é a do conto, por causa de sua estrutura enxuta, núcleo central único, narrativa linear e facilidade de entendimento. O texto voltado para o público infantil em geral usa a estratégia de repetição, tanto para reafirmar conceitos quanto para assegurar o entendimento. E as crianças costumam gostar muito dessas repetições, haja vista que é comum ouvir pais dizendo eu seus filhos assistiram a um determinado desenho ou filme incontáveis vezes, sempre querendo assistir de novo.

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A narrativa primordial, em termos de linguagem, utilizametáforase simbolismos que representam o real, mas com um toque desurrealismoealegorias– existem seres que voam, monstros de formas e tipos variados, por exemplo, As personagens seguem basicamente duas vertentes. Algumas representam “tipos”, ou seja, desempenham papéis bem-definidos nos grupos sociais a que pertencem. Entre elas podemos destacar “o rei”, “o bobo”, ou “a bruxa”, enquanto outros são “caracteres” que representam princípios éticos e de conduta ou ainda elementos espirituais, como “o mentiroso” ou “a invejosa”. Como é possível observar, real e imaginário convivem harmoniosamente na trama. A “exemplaridade” é um dos objetivos mais claros e facilmente detectáveis de uma narrativa primordial, e esta pode assumir diferentes caráteres, como os concretizados nas fábulas - com final moral ou lições de vida, apólogos ou parábolas. Nas fábulas, essa exemplaridade é explícita, pois muitas delas apresentam a expressão “moral da história” seguida por dois pontos, e então uma afirmação que resume e define qual a moral a ser tirada da narrativa.QUESTÕESO texto a seguir é fonte de informações para as questões 1 a 3“O Centro de Europeu de Contos de Fadas (nome original European Fairy Tale Centre) foi inaugurado em 4 de março de 2010 na cidade de Pakanów, na Polônia. Produzido com fundo doado pela União Europeia, o Centro procura estimular a reflexão e o hábito da leitura em crianças bem pequenas. À inauguração compareceram muitos representantes da sociedade europeia, autoridades, instituições culturais e representantes da mídia impressa e falada – aspectos que salientam a importância do evento.” (Fonte: European Tale Centre Opened in Poland, EEA Grants. Disponível m: <http://www.eeagrants.org/id/1533>. Acesso em: 02 jan. 2014).Questão 1: Analisando a pequena sinopse apresentada, procure refletir sobre qual seria a importância da criação de uma iniciativa semelhante em nosso país.Questão 2: Segundo o texto, quais seriam os objetivos desse Centro?Questão 3: Como um educador que não disponha de um Centro como esse poderia obter resultados semelhantes?Questão 4: A diretora de uma escola recebeu reclamações de pais que consideram “perda de tempo” seus filhos ficarem lendo contos de fadas, ao invés de lerem livros “literários”. O que você diria a eles?Questão 5:De acordo com Nelly Coelho, fazer uma análise comparativa entre diferentes fábulas que são variações de uma mesma história pode ser benéfico para um pesquisador. Qual seria o motivo? Questão 6:Assinale a alternativa que NÃO apresenta aspectos relacionados à representação simbólica que caracteriza as narrativas primordiais.a)Limita-se a fixar o específico do real a ser transfigurado.b)Cada época tem seu tipo predominante de representação.c)Também chamada de representação metafórica.d)Compreende a utilização de imagens e metáforas.e)É um recurso estilístico mais rico do que a representação realista.Questão 7:Que alternativa contém um tema que NÃO apresenta uma representação do mundo nas narrativas primordiais?a)O “mundo real”, quando imperava a força bruta.b)O simbolismo animal, que deu origem às fábulas.c)O mundo das metamorfoses, representado por uma realidade mágica.d)A convivência de seres maravilhosos, superiores e inferiores.e)O mundo religioso cristão, onde as virtudes são motivo de penas e sofrimento.Questão 8:Assinale a alternativa que contém uma afirmação FALSAa)As fábulas de Esopo são exemplos de narrativas primordiais.b)As narrativas se desenvolvem em situações de trabalho, casamento, provas escolares e exploração do mais fraco pelo mais forte.c)O fato de a efabulação iniciar-se de imediato com o motivo central da história faz com que o texto seja adequado ao público infantil.d)O motivo da efabulação resulta geralmente das três necessidades básicas do ser humano (alimentação, sexo e vontade de poder).e)As atitudes das personagens derivam, em uma narrativa primordial, das necessidades básicas do ser humano.Questão 9: Leia atentamente as afirmações abaixo e depois assinale a alternativa que melhor descreve a série de afirmações.a) A repetição, embora seja uma técnica narrativa muito explorada na literatura infantil, faz com que o texto seja cansativo e desagradável.b) As narrativas primordiais nascem do reconto oral.c) Iniciar uma narrativa com “era uma vez” é um modo de situar o tempo da história em um passado histórico determinado.d) A presença de uma estrutura comum às diversas narrativas primordiais faz com que elas, assim como as narrativas bíblicas, tenham características bastante definidas.e) As narrativas primordiais situam-se em um tempo mítico e eterno.a)As afirmações A e C são falsas.

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b)As afirmações B e C são falsas.c)As afirmações C e D são falsas.d)As afirmações D e A são falsas.Questão 10:A seguir, é transcrita a questão 35 da Avaliação do ENADE de 2008.“Fabiano, Sinha Vitória e os meninos, em cena do filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. Texto 1 A vida na fazenda se tornara difícil. Sinha Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. [...]. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre. Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo.” Graciliano Ramos. Vidas secas. 106. ed. São Paulo: Record, 1985. p. 117. Texto 2Veio a seca, maior, até o brejo ameaçava de se estorricar. Experimentaram pedir a Nhinhinha: que quisesse a chuva. — “Mas, não pode, ué...” [...]. Daí a duas manhãs quis: queria o arco-íris. Choveu. E logo aparecia o arco-da-velha, sobressaído em verde com vermelho — era mais um vivo cor-de-rosa. Nhinhinha se alegrou, fora do sério, à tarde do dia com a refrescação. Fez o que nunca lhe vira, pular e correr por casa e quintal. — “Adivinhou passarinho verde?” João Guimarães Rosa. Primeiras estórias. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.) Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 403-490. v. 2.Levando em conta a inter-relação entre a literatura e outros sistemas culturais, assinale a opção correta. a)O espaço representado por Guimarães Rosa reproduz o cenário de seca construído por Graciliano Ramos. b)A religiosidade de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos está representada nas crenças populares, nas rezas dos personagens bem como na esperança de intervenção divina.c)A resistência de Fabiano a ficar na fazenda, “pedindo a Deus um milagre”, é quebrada pela realidade dura da seca, evidenciada pelo despovoamento da fazenda. d)Ao tratar do milagre, a linguagem dos dois fragmentos se aproxima, sobretudo quanto ao caráter lírico da abordagem religiosa. e)As adversidades vividas pelos personagens revelam as condições de pobreza dos grupos sociais representados, mas são superadas mediante intervenção divinaGABARITOQuestão 1 Resposta:A criação de um centro que estimulasse a leitura e o conhecimento de contos de fadas seria bastante interessante e proveitoso. Entretanto, mesmo sem ter um local com esta denominação, dispomos no país de diversas bibliotecas (tanto em escolas particulares e da rede pública quanto em bibliotecas públicas municipais) onde costumam haver iniciativas de estímulo à leitura.Questão 2 Resposta:O Centro oferece muita diversão, mas também se preocupa em educar e passar conceitos de segurança e cidadania por meio dos contos de fadas.Questão 3 Resposta: O educador pode criar um mini centro de contos de fada em sua escola (como um projeto interdisciplinar, incluindo professores de artes, português, educação física, estudos sociais (geografia e história), entre outros.Questão 4 Resposta: O contato com os contos de fadas, além de estimular o hábito de leitura, pode trazer oportunidades para a discussão e reflexão de conceitos importantes como o bem e o mal, a noção de família, os valores morais, entre outros.Questão 5 Resposta:De acordo com Nelly Coelho, uma análise comparativa entre diferentes textos que surgem de uma mesma narrativa primordial pode ser bastante elucidativa para o conhecimento da evolução das ideias e transformação dos valores literários (COELHO, 2000, p. 99).Questão 6 Resposta: Alternativa A. Limita-se a fixar o específico do real a ser transfigurado.Questão 7 Resposta: Alternativa E. O mundo religioso cristão, em que as virtudes são motivo de penas e sofrimento.Questão 8 Resposta: Alternativa B. As narrativas se desenvolvem em situações de trabalho, casamento, provas escolares e exploração do mais fraco pelo mais forte.Questão 9 Resposta: Alternativa A. As afirmações A e C são falsas.Questão 10 Resposta: Alternativa C. A resistência de Fabiano a ficar na fazenda, “pedindo a Deus um milagre”, é quebrada pela realidade dura da seca, evidenciada pelo despovoamento da fazenda.

Tema 5 – Gêneros e subgêneros literáriosOs Gêneros e os Subgêneros

Gêneros literários – expressão estética da experiência humana.1) Vivência lírica – o EU + emoções = POESIA.2) Vivência épica – o EU + o MUNDO = PROSA.3) Vivência dramática – o EU + a vida = TEATRO.

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Subgêneros literários – formas básicas que compõem os gêneros Subgêneros da POESIA – Textos cujas composições se dão em versos = Ode, Hino, Madrigal etc. Subgêneros da PROSA – Textos cujas composições se dão em forma de narrativas = Conto, Romance, Novela, Literatura Infantil etc. Subgêneros do DRAMA – Textos cujas composições se dão em forma de diálogos, voltados para a representação = Farsa, Tragédia, Ópera, Comédia, Tragicomédia etc.

Formas Simples A Literatura Infantil pertence ao gênero ficção. Está destinada a um público em formação – caráter pedagógico. Tem a proposta de divertir e interessar – caráter lúdico. FORMAS SIMPLES – originadas da tradição popular, com o intuito de transmitir experiências de forma fecunda e duradoura.

Fábulas Narrativa de natureza simbólica. Tem por objetivo a transmissão da moral elevada, pela exemplificação. Nasceu no Oriente e chegou ao Ocidente em VI a.C. (Esopo). Enriquecida em I a.C. (Fedro) e Séc. XVI (Leonardo da Vinci). Reinventada no Séc. XVII (La Fontaine). Presença de animais em situações humanas.

Apólogos Narrativa breve vivida por seres inanimados. Vivência de uma situação exemplar para os homens. As personagens tem valor metafórico.

Parábolas Narrativa breve vivida por seres humanos que traduz um ensinamento moral. Muito utilizada pelos povos semitas. Muito cultivada na escritura da Bíblia.

Alegorias Sentido completo – como narrativa. Sentido figurado – depende da leitura do leitor . Usa a mitologia, personagens sobrenaturais. Adão, Eva, Moisés, Caim, Abel etc.

Mitos Ligados a fenômenos inaugurais: o princípio de tudo. Tentativa de explicar o mundo e a natureza. Ulisses, Prometeu, Pandora, Orfeu, Prosérpina etc.

Lendas Narrativa breve, geralmente tirada da tradição regional. Mescla de realidade e fantasia. Transmitidas e conservadas pela tradição oral. Curupira, Boto cor de rosa, Mula-sem-cabeça, Saci-pererê, Boi da cara preta etc.

O Conto e seus caminhos Conto Maravilhoso1) Forma de explicar os fenômenos naturais e humanos.2) Personagens que possuem poderes que desafiam a lógica.3) Tem origem oriental, a coletânea mais completa: As Mil e Uma Noites;4) Ex.: Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, O Gato de Botas etc.

Conto de Fadas

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1) Deriva de fatum, do latim – destino.2) Originou-se entre os celtas – busca de heróis e heroínas.3) Ocupa um lugar privilegiado no imaginário infantil.4) Surgidas dentro das novelas de cavalaria.5) Personificam faculdades mágicas de bondade.6)A fada que se esquece dessas faculdades, ou não as exercita transforma-se em bruxa.7) Eterno feminino – simbologia que representa a figura da mulher como a personificação da força que dispõe a vida econtém o futuro (oráculos).

As Constantes das Narrativas Maravilhosas Metamorfoses – ligadas à ideia de evolução da humanidade. Numerologia – simbologia numérica (principalmente com os números 3 e o 7). Destino – determinismo e fatalidades nas vidas das personagens. Mistério – enigmas e dificuldades que desafiam os poderes dos heróis. Talismãs – resolução de problemas de maneira mágica (poções e varinhas mágicas). Magia e divindade – surge o milagre (passagem para a era cristã). Valoração ética:1) Valores humanistas – palavra de honra.2) Maniqueísmo x relativismo.3) Utilização da esperteza como moral prática.4) Ordem natural das coisas.5) Mais velhos = tradição / mais novos = futuro.6) Casamento como forma de ascensão social.7) A mulher é submissa ao homem, é causa de tudo.

CADERNO DE EXERCICIOSGêneros e subgêneros literáriosEm relação à conceituação dos gêneros literários, neste tema você irá estudar os gêneros classificados como poesia, ficção e teatro. Entende-se como gênero a expressão estética de caráter universal. A partir dessa primeira classificação, videntemente, surgem as subdivisões. Para o caso da poesia, temos os subgêneros elegias, sonetos, odes, hinos, madrigais e mais uma série de outros textos poéticos. O ideal seria que o educador colocasse seus alunos em contato com todos esses subgêneros, e não apenas os mais “populares”. Claro que trabalhar sonetos é uma atividade interessante, mas esse não deveria ser o único subgênero poético estudado em sala, com o risco de os alunos acabarem achando que o único tipo de poesia que existe é o soneto. Os textos de ficção, por sua vez, são subdivididos em contos, romances, novelas, e, muito importante, nesta disciplina, a literatura infantil. Não se deve confundir as novelas televisivas com o subgênero literário novela (e sempre é conveniente verificar se todos os alunos entenderam bem essa diferença. Por mais que possa parecer óbvia aos olhos do professor). Mesmo para crianças, é importante abordar o maior número possível de subgêneros de ficção, escolhendo com critério os temas e a linguagem dos textos, mas procurando diversificar e tornar o aprendizado o mais rico possível. Por fim, os textos dramáticos que se classificam no gênero teatro podem ser subdivididos em farsas, tragédias, óperas, comédias, entre outros. Os textos dramáticos (ou seja, aqueles que pertencem ao gênero teatro) prestam-se a trabalhos interdisciplinares ou a temas transversais: unir professores de diferentes áreas em um projeto maior, que inclua análises da situação geográfica e histórica dos personagens, professores de artes e educação física desenvolvendo coreografias, figurino e cenários, todos associados ao estudo linguístico e literário do texto. Evidentemente, essa classificação não pretende englobar todos os tipos de textos existentes, mesmo por que existem muitos textos híbridos, ou seja, que contem elementos de diferentes gêneros. A criação de jornais murais em sala de aula pode ser uma boa maneira de trazer muitos desses gêneros e subgêneros para a prática didática. Outra opção interessante é a montagem de saraus ou encontros poéticos, em que cada aluno ou grupo prepare a apresentação de um tipo diferente de texto poético, mesmo que me uma primeira etapa do processo não sejam dados nomes a cada um dos subgêneros. Desse modo, parte-se da prática, do concreto, para depois chegar à teoria, às formas de classificação e subclassificação.Como o enfoque maior desta disciplina é dado ao público infanto-juvenil, serão abordadas em maiores detalhes algumas formas narrativas que mais comumente são utilizadas para expressar histórias dirigidas a crianças e jovens. Entre elas, serão estudadas as fábulas, as lendas e os contos. As fábulas são narrativas cujos personagens são animais, mas que vivenciam situações características da condição humana. As fábulas sempre são concluídas com uma lição de moral, uma frase de efeito ou uma reflexão de fundo ético ou relacionada aos bons hábitos, fraternidade, amizade, ou mesmo às mazelas da condição humana e do convívio entre as pessoas.

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Existem diversas fábulas bastante conhecidas, entre as quais as mais conceituadas são as fábulas de Esopo. Nos dias atuais, os estúdios Disney e diversos outros conglomerados cinematográficos vêm fazendo adaptações e releituras dessas e de outras fábulas. Algumas crianças, inclusive, conhecem diversas fábulas, mas não sabem que elas são muito mais antigas, datando de alguns séculos atrás.As lendas são narrativas cuja origem em geral se perde nos tempos, de autoria desconhecida, geralmente com texto curto, cuja história costuma remontar às tradições de um determinado povo ou nação.Existem diversas lendas brasileiras (Lenda do guaraná, do palmito, Tamba Tajá, açaí, entre outras). Evidentemente, as lendas brasileiras são também rica fonte de conhecimentos e reflexão sobre o passado do povo brasileiro, seus costumes, crenças e tradições. Tomar contato com esse subgênero literário é uma tarefa agradável, enriquecedora e que pode ser ponto de partida para pesquisas mais abrangentes e interdisciplinares.Os contos, principalmente os contos de fadas e os contos maravilhosos, também são subgêneros bastante atraentes para crianças e jovens leitores. Os contos maravilhosos estão entre os primeiros textos literários que se tem notícia e têm suas raízes nas narrativas orientais. Eles caracterizam-se por possuírem personagens que contrariam as leis da física (lei da gravidade, por exemplo, já que muitos deles voam ou carregam pesos muitas vezes maiores do que o de seu próprio peso) e por poderem sofrer metamorfoses contínuas (tornando-se animais, plantas e até mesmo chamas de fogo ou ondas do mar, e depois voltando a seu estado original). Por todas essas características, nesses contos ocorrem fenômenos que desafiam as leis da lógica.Existem algumas características constantes nas narrativas maravilhosas, entre elas a onipresença da metamorfose (príncipes e princesas podem ser encantados e transformados em animais ou plantas, depois voltam ou não a sua condição original); os talismãs e objetos mágicos são constantes assim como os seres prodigiosos, o fado ou destino está presente nas narrativas, há sempre um mistério, um interdito ou um enigma a ser desvendado ou superado. Outro aspecto bastante evidente nos contos maravilhosos é a repetição de números (principalmente 3 e 7).

Questão 1:Analisando a pequena sinopse apresentada, comente a inclusão do termo “mania” e procure levantar hipóteses sobre sua utilização para referir-se à classificação em gêneros.Questão 2: A frase “Ao dividir tudo em compartimentos, têm a ilusão de que podem controlar a natureza” revela a preocupação dos teóricos e pesquisadores sobre as diferentes classificações. Você considera que essas subdivisões são ilusórias ou tem utilidade para o leitor, o educador e o pesquisador?Questão 3: A diretora da escola onde você trabalha quer que você forneça a ela uma lista dos romances que os alunos lerão durante o ano. Você nota que as expectativas dela são de que você trabalhe apenas e tão somente esse gênero literário. Que argumentos usar para mostrar que existem outros gêneros e subgêneros importantes?Questão 4:Entre todos os que você estudou, quais seriam mais indicados para crianças pequenas, em fase de alfabetização?Questão 5:De acordo com Nelly Coelho, que aspecto da presença das fadas nos contos infantis deveria ser mais valorizado, além do fato de alguns historiadores ligarem esses personagens a divindades de cultos primitivos? Questão 6:Assinale a alternativa que NÃO apresenta aspectos relacionados aos contos maravilhosos.a)A literatura nasceu da fonte misteriosa e privilegiada do assim chamado “maravilhoso”.b)Nesse tipo de contos encontramos personagens que contrariam as leis e as regras sociais.c)Os personagens podem sofrer metamorfoses contínuas.d)Ocorrem fenômenos que desafiam as leis da lógica.e)Tem suas raízes nas narrativas orientais.Questão 7: Que alternativa contém SOMENTE subgêneros que pertencem à literatura de ficção?a)conto, teatro e literatura infantil.b)elegia, comédia e literatura infantil.c)madrigal, conto e novela.d)conto, romance e literatura infantil.e)madrigal, literatura infantil e novela.Questão 8: Assinale a alternativa que contém uma afirmação FALSA.a)Fábula é uma narrativa de uma situação vivida por animais, mas que alude a uma situação humana.b)No século XVII, La Fontaine reinventou a fábula.c)O inventor italiano Leonardo da Vinci também foi autor de algumas fábulas.d)A fábula nasceu no Oriente.e)Segundo um levantamento histórico, as fábulas, embora formas de expressão recentes, são muito populares em diversas culturas.Questão 9: Leia atentamente as seguintes afirmações e depois assinale a alternativa que melhor descreve a série de afirmações sobre as constantes nas narrativas maravilhosas.a) A onipresença da metamorfose (príncipes e princesas podem ser encantados e transformados em animais ou plantas, depois voltando ou não a sua condição original).b) Talismãs e objetos mágicos são raros assim como os seres prodigiosos.

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c) O fado, como gênero musical, está presente nas narrativas dos contos portugueses que tratam do destino.d) Há sempre um mistério, um interdito ou um enigma a ser desvendado ou superado. A repetição de números (principalmente 3 e 7) nos contos maravilhosos é bastante evidente.a)As afirmações A e C são falsas.b)As afirmações B e C são falsas.c)As afirmações C e D são falsas.d)As afirmações D e A são falsas.e)As afirmações A e B são falsas.Questão 10: A seguir, é transcrita a questão 30 da Avaliação do ENADE de 2008 Texto“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas uma infinidade de portas e janelas alinhadas. [...]. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham o pé na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante sensação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas, fazendo compras. Aluísio Azevedo. O cortiço. São Paulo: Ática, 1989, p. 28-9. “Aliás, o cortiço andava no ar, excitado pela festa, alvoroçado pelo jantar, que eles apressavam para se dirigirem a Montsou. Grupos de crianças corriam, homens em mangas de camisa arrastavam chinelos com o gingar dos dias de repouso. As janelas e as portas escancaradas por causa do tempo quente deixavam ver a correnteza das salas, transbordando em gesticulações e em gritos o formigueiro das famílias. Émile Zola. Germinal. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 136. “Aluísio Azevedo certamente se inspirou em L’Assommoir (A Taberna), de Émile Zola, para escrever O Cortiço (1890), e por muitos aspectos seu texto é um texto segundo, que tomou de empréstimo não apenas a idéia de descrever a vida do trabalhador pobre no quadro de um cortiço, mas um bom número de pormenores, mais ou menos importantes. Mas, ao mesmo tempo, Aluísio quis reproduzir e interpretar a realidade que o cercava e sob esse aspecto elaborou um texto primeiro. Texto primeiro na medida em que filtra o meio; texto segundo na medida em que vê o meio com lentes de empréstimo. Se pudermos marcar alguns aspectos dessa interação, talvez possamos esclarecer como, em um país subdesenvolvido, a elaboração de um mundo ficcional coerente sofre de maneira acentuada o impacto dos textos feitos nos países centrais e, ao mesmo tempo, a solicitação imperiosa da realidade natural e social imediata.” Antonio Candido. De cortiço a cortiço. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.) O discurso e a cidade. São Paulo/Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004. p.106-107; 128-129 (com adaptações).Assinale a opção em que a relação intertextual entre O Cortiço e Germinal é interpretada pelos parâmetros críticos apresentados no texto de Antonio Candido acerca da relação entre a obra de Aluísio Azevedo e a de Émile Zola. a)O texto de Aluísio Azevedo é um texto primeiro em relação ao de Zola porque foi escrito anteriormente e influenciou a produção naturalista do escritor francês. b)A relação de proximidade entre o texto de Azevedo e o de Zola evidencia que o diálogo entre os textos desassocia-os da realidade social em que foram produzidos. c)O texto de Aluísio Azevedo, por suas condições de produção, está submetido ao modelo naturalista europeu, ao mesmo tempo em que atende a demandas da realidade nacional. d) O Cortiço é um texto segundo em relação ao texto de Zola porque é, sobretudo, a duplicação do modelo literário francês e da realidade social das classes operárias européias. e)A presença de elementos do naturalismo francês em O Cortiço é indicativo da troca cultural que ocorre no espaço do intertexto, independentemente das realidades locais de produção.GABARITOQuestão 1 Resposta:O termo “mania” foi usado em sentido humorístico, para procurar salientar o fato de que muitos autores têm a tendência de criar diferentes classificações para os gêneros literários, o que gera a falta de consenso entre eles.Questão 2 Resposta:As classificações são úteis, pois facilitam a comunicação, ajudam a entender os diferentes tipos de textos e a encontrar elementos comuns entre eles.Questão 3 Resposta: Diria à diretora que existem outros gêneros e subgêneros que, embora nem sempre sejam lembrados de imediato, tem bastante importância na formação literária e leitora dos alunos.Questão 4 Resposta: Para crianças pequenas, em fase de alfabetização, dentro da literatura infantil, certamente as fábulas e contos de fadas são os subgêneros mais adequados para introduzir a criança no mundo da literatura.Questão 5 Resposta: Para a autora, mais importante do que questionar a hipótese de uma relação entre as fadas e os cultos primitivos, está a possível ligação das fadas com a imagem da mulher em seu significado “primitivo e secreto”.Questão 6 Resposta: Alternativa B. Nesse tipo de contos encontramos personagens que contrariam as leis e as regras sociais.Questão 7 Resposta: Alternativa D. Conto, romance e literatura infantil.Questão 8 Resposta: Alternativa E. Segundo um levantamento histórico, as fábulas, embora formas de expressão recente, são muito populares em diversas culturas.Questão 9 Resposta: Alternativa B. As afirmações B e C são falsas.

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Questão 10 Resposta: Alternativa C. O texto de Aluísio Azevedo, por suas condições de produção, está submetido ao modelo naturalista europeu, ao mesmo tempo em que atende a demandas da realidade nacional.

Tema 6 - Linguagem iconográfica à verbalValores da linguagem iconográfica Sensibiliza pelas impressões que provoca e aproxima o leitor do texto. Estimula e enriquece a imaginação, potencializando a criatividade.

Ideia-eixo x Construção formalAUTOR = Ideia-eixo - mensagem subliminar . - intencionalidade.ILUSTRADOR= Construção formal - design, traços. - escolha de caminhos. Valorização das relações EU + OUTRO (despertar do amor e do carinho). Enfrentamento das dificuldades (mitos do medo e da curiosidade).Entrevista com Michele Iacocca - ILUSTRADOREntrevista com Marina Colasanti - ESCRITORA e ILUSTRADORA

História em quadrinhos Tipo de literatura que ‘fala’ à mente das crianças. Atende ao processo de percepção pela imagem e pela palavra. Como processo = riqueza que pode ser explorada. Como conteúdo = necessidade de seleção e orientação do adulto. Maurício de Souza - divertir através das mensagens de otimismo. Do ponto de vista de letramento, como processo, a leitura de quadrinhos é extremamente rica em propostas a seremexploradas didaticamente. Seu uso pode ser incluído em projetos transdisciplinares e interdisciplinares, que incluam outros professores e turmas dediferentes séries. “Não há fórmulas mágicas que substituam o engajamento entusiasmado do professor ou orientador...” (Nelly Novaes Coelho, p. 269)Vamos praticarNamorados (Manuel Bandeira)O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.A moça olhou de lado e esperou.-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?A moça se lembrava:-A gente fica olhando...A meninice brincou de novo nos olhos dela. O rapaz prosseguiu com muita doçura:-Antônia, você parece uma lagarta listrada.A moça arregalou os olhos, fez exclamações. O rapaz concluiu:-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

- Explique como o poeta prenuncia a beleza de Antônia dali a algum tempo.- Por que é tão importante despertar a sensibilidade da criança pela imagem no texto?- Assista agora um vídeo que foi organizado por mim, com imagens da Internet e que utiliza a letra e a música de autoria deSivuca, com interpretação de Chico Buarque de Holanda.- Reconheça, juntamente com seus colagas de sala, quais as obras infantis presentes no vídeo de acordo com as imagens .

FinalizandoNo tema 5 desta aula, você ficou sabendo da existência de diferentes gêneros e subgêneros literários e compreendeu suaimportância para o ensino de Literatura Infantil.Percebeu que nem todos os pesquisadores têm a mesma postura ao classificar as obras, e entendeu a relevância deadotarmos uma classificação para que possamos estudar mais ordenadamente a imensa quantidade de textos literáriosdisponíveis e que ainda serão criados.Como futuro professor de literatura infantil, compreendeu que seu papel será sempre difundir conhecimentos atuais, e mostrar ao aluno que a reflexão embasa a prática docente.Você também estudou sobre as fábulas e os contos, suas origens, tipos e exemplos e percebeu que as especificdades de cadaum desses subgêneros são muito importantes para a formação de vários valores no pequeno leitor .

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No tema 6, você conheceu as características dos textos iconográficos e sua importância para os jovens leitores, pelo constanteexercício da imaginação em contato com a fantasia da imagem, que desperta para a riqueza do texto.Compreendeu também o valor psicológico, pedagógico, estético e emocional da linguagem imagem/texto e tomou conhecimento de como se dá o processo de criação da imagem dentro do texto pelas entrevistas com autores e ilustradores .De posse desses conhecimentos, você viu a relevância das histórias em quadrinho para o desenvolvimento infantil, tornando-se capaz de refletir criticamente sobre o uso de ilustrações, linguagem iconográfica e revistas em quadrinhos em sala de aula e fora dela. “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original” (Albert Eistein).

CADERNO DE EXERCICIOSLinguagem iconográfica à verbalOs textos iconográficos, ou seja, aqueles que apresentam elementos não verbais (desenhos, figuras, fotografias, gráficos) são de grande importância para os jovens leitores. Todo educador consciente deve compreender o valor psicológico, pedagógico, estético e emocional da linguagem imagem/texto. Esse tipo de textos serve para estimular o “olhar” como principal agente na estruturação do mundo da criança, desenvolvendo sua capacidade de percepção e a atenção visual.Muita gente se lembra dos primeiros livros com que tomou contato na infância, seja pela leitura feita pelos pais ou irmãos mais velhos, seja nas primeiras aulas de Língua Portuguesa. Isso acontece, pois as imagens permitem que se fixem sensações e emoções na mente infantil. No livro infantil, as ilustrações desempenham papéis ao estimularem o olhar como “principal agente na estruturação do mundo interior da criança”, estimularem a atenção visual; facilitarem a comunicação entre a criança e a situação apresentada na narrativa. Mas não é só isso, os livros ilustrados trazem um benefício social para os jovens leitores, pois facilitam a comunicação entre a criança e a história da narrativa, e entre o leitor e seus amigos, professores e familiares.Embora extremamente criticados por alguns estudiosos, compreender a relevância das histórias em quadrinho para o desenvolvimento infantil fará com que você reflita criticamente sobre o uso de ilustrações, linguagem iconográficae revistas em quadrinhos em sala de aula e fora dela.O imaginário das crianças se desenvolve e fundamenta nas imagens que a criança cria em sua mente, a partir da estimulação dada pelos textos verbais e não verbais que ela toma contato durante sua vida escolar, social e familiar. Isso ocorre por que o conhecimento infantil se processa pelo contato direto da criança com o objeto, já que o cérebro infantil é pobre em experiências e desse modo falta à criança o repertório necessário para decodificar todos os textos escritos.As ilustrações agem concretizando relações abstratas que, ao estarem apenas escritas, provavelmente seriam de mais difícil compreensão para as crianças que estão ainda em um processo de aquisição da linguagem escrita. Essa dificuldade advém principalmente do fato de a palavra escrita ser abstrata e simbólica. Desse modo, um texto que pode parecer simples para um adulto, pode ser complexo para uma criança que começa a ler. Nesse contexto, é inevitável que os livros ilustrados, com figuras e fotografias, assim como as histórias em quadrinhos, desempenhem um papel fundamental na formação do leitor, do aluno e da criança como um ser pensante e reflexivo. As ilustrações acabam desempenhando o papel de “pontes” entre o mundo imaginológico em que a criança normalmente vive, e o mundo concreto, apresentado verbalmente grafado nos livros impressos.Assim, é importante para o educador conhecer as características dos livros infantis adequadas às categorias de leitor. Mas quais são essas características? Para facilitar o trabalho dos futuros professores, este aspecto será abordado seguindo-se as diversas faixas etárias, desde a criança em etapa pré-alfabetização. Dada a sua grande importância tanto como ferramenta de atração de novos leitores, quanto como elemento literário independente, as histórias em quadrinhos não podem mais ser consideradas como elementos estranhos ao ambiente escolar. Atualmente, até mesmo obras clássicas têm sido recontadas em quadrinhos, e muitos livros publicados originalmente em quadrinhos vêm ganhando as telas do cinema, da televisão e dos computadores. As histórias em quadrinhos são tão válidas quanto os livros de figuras como processo de leitura adequado a crianças pequenas, pois mais do que apenas divertir, as histórias em quadrinhos ajudam no crescimento cognitivo de crianças pequenas.Os quadrinhos agradam também os adolescentes, pois o gênero quadrinhos não serve apenas para contar histórias rápidas, com temas simples e personagens esteticamente atraentes. Esse mito já se desfez há muito tempo. Hoje se encontram em quadrinhos temas como a preservação do meio ambiente, a violência contra a criança, a exploração do trabalho infantil, entre outros.Do ponto de vista de letramento, como processo, a leitura de quadrinhos é extremamente rica em propostas a serem exploradas didaticamente. Seu uso pode ser incluído em projetos transdisciplinares e interdisciplinares, que incluam outros professores e turmas de diferentes séries. Além disso, no momento em que o leitor torna-se autor, as obras feitas pelos alunos podem acabar ganhando as bibliotecas do bairro, as lojas do comércio local (como elementos de divulgação ou mesmo como produtos cuja venda reverta fundos para uma viagem da classe, ou uma festa beneficente, por exemplo).

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Pela força com que as ilustrações acabam tocando a sensibilidade infantil e juvenil, as imagens presentes juntos aos textos escritos são capazes de tornar mais duradouras e, em alguns casos, até mesmo inesquecíveis certas obras literárias. Todas essas manifestações culturais e literárias podem e devem ser objeto de leitura em sala de aula e, mais que isso, podem ser usadas como ferramentas didáticas, de estímulo à leitura e ao conhecimento de novos mundos e novas formas de expressão literária.Questão 1: Analisando o primeiro excerto, você acha que o texto trata de um problema já superado nas escolas brasileiras?Questão 2: No segundo excerto, o autor fala de uma “atitude solitária”, o que exatamente ele quer dizer com essa expressão?Questão 3: Qual seria, na opinião de ALVES (2001), a importância de a linguagem ser “fácil”?Questão 4: A diretora de uma escola recebeu reclamações de pais que não querem que as revistas em quadrinhos sejam usadas em sala de aula, pois consideram que seja um estímulo à “preguiça da leitura”. Qual é sua opinião sobre esse e outros textos iconográficos?Questão 5: De acordo com Nelly Coelho, conhecer as imagens leva as crianças a realmente “verem” os seres e objetos com os quais irão interagir. A qual aspecto do ensino a autora está aludindo? Questão 6: Assinale a alternativa que NÃO apresenta aspectos relacionados à importância das ilustrações e quadrinhos no desenvolvimento infantil.a)O conhecimento infantil se processa pelo contato direto da criança com o objeto.b)O cérebro infantil é pobre em experiências.c)Falta à criança o repertório necessário para decodificar todos os textos escritos.d)A palavra escrita nos textos literários é abstrata e simbólica, diferentemente do que ocorre nos demais textos escritos não literários.e)Um texto que pode parecer simples para um adulto, pode ser complexo para uma criança que começa a ler.Questão 7: Que alternativa contém um aspecto que NÃO se relaciona ao valor psicológico, pedagógico, estético e emocional da linguagem imagem/texto nos livros infantis?a)Estimula o desenvolvimento da capacidade de percepção.b)Estimula a atenção visual.c)Permita que se fixem sensações e emoções na mente infantild)Estimula a “leitura” como principal agente na estruturação do mundo da criança.e)Facilita a comunicação entre a criança e a história da narrativa.Questão 8: Assinale a alternativa que contém uma afirmação FALSAa)A criança na fase de 2/3 anos começa a elaborar a linguagem organizada.b)Entre 4 e 5 anos de idade ocorre a ampliação dos conhecimentos de mundo.c)O leitor iniciante (6 a 7 anos de idade) precisa ser seduzido pelo mundo complexo e fascinante da linguagem escrita.d)Para o leitor em processo (8/9 anos de idade), texto e ilustração começam a interagir.e)Todo livro literário é adequado para alunos de qualquer idade, desde que bem-trabalhado.Questão 9: Leia atentamente as seguintes afirmações e depois assinale a alternativa que melhor descreve a série de afirmações.a) As histórias em quadrinhos são tão válidas quanto os livros de figuras como processo de leitura adequado a crianças pequenas.b) Mais do que apenas divertir, as histórias em quadrinhos ajudam no crescimento cognitivo de crianças pequenas.c) A fascinação que os livros ilustrados exercem é relacionada à facilidade de leitura e às cores bonitas e desenhos de animaizinhos.d) Os quadrinhos agradam também os adolescentes, pois são histórias rápidas, com temas simples e personagens esteticamente atraentes.e) Como processo, a leitura de quadrinhos é extremamente rica em propostas a serem exploradas didaticamente.a)As afirmações A e C são falsas.b)As afirmações B e C são falsas.c)As afirmações C e D são falsas.d)As afirmações D e A são falsas.e)As afirmações A e B são falsas.Questão 10: Transcrevemos a seguir a questão 19 da Avaliação do ENADE de 2008. Folheto de divulgação do 7º Festival Internacional de Bonecos de Brasília de 2008. Para a interpretação do conjunto de informações do folheto de divulgação ao lado, que utiliza tecnologias diversificadas ao explorar texto visual e verbal, é necessário considerar que:a)o uso de dois códigos ilustra uma representação fiel de mundo que constitui o significado dos signos verbais e visuais. b)o interlocutor que não domine o código linguístico não recebe informações suficientes para compreender as informações visuais. c)a comunicação plena nesse gênero textual depende da estruturação prévia de significados não ambíguos em diferentes códigos.

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d)o uso adequado de signos verbais e visuais permite que se elimine um dos códigos porque as informações são fornecidas pelo outro. e)a coerência do texto se constrói na integração das informações constituídas em linguagem verbal e em linguagem visual.GABARITOQuestão 1 Resposta:Na realidade, não totalmente, as revistas em quadrinho, quando não estão sendo usadas como material didático, costumam ser mal vistas se encontradas em mãos de alunos em período de aula.Questão 2 Resposta:Ele refere-se à introspecção e ao silêncio necessário para que a criança leia. Nesse momento de leitura a criança entra em contato com seus pensamentos, seu raciocínio e organiza ideias e pensamentos.Questão 3 Resposta: Tendo uma linguagem mais acessível, estando mais próximas da forma de raciocinar das crianças, estas podem mais facilmente lê-las, no sentido de retirar delas significados, o que seria menos provável com outros tipos de leitura.Questão 4 Resposta: Ao utilizar revistas em quadrinhos, o educador que tenha preparado atividades adequadas estará estimulando o hábito da leitura, proporcionando um momento de criatividade e criando uma ponte de união entre os livros com ilustrações grandes e aqueles praticamente apenas com texto verbal.Questão 5 Resposta:Nelly Coelho refere-se ao ensino a partir do concreto, à necessidade que a criança tem de, em uma primeira fase, “ver”, para depois conseguir imaginar, e em uma fase posterior, passar a criar por si só novas imagens.Questão 6 Resposta: Alternativa D. A palavra escrita nos textos literários é abstrata e simbólica, diferentemente do que ocorrem nos demais textos escritos não literários.Questão 7 Resposta: Alternativa D. estimula a leitura como principal agente na estruturação do mundo da criança.Questão 8 Resposta: Alternativa E. Todo livro literário é adequado para alunos de qualquer idade, desde que bem trabalhado.Questão 9 Resposta: Alternativa C. As afirmações C e D são falsas.Questão 10 Resposta: Alternativa E. A coerência do texto se constrói na integração das informações constituídas em linguagem verbal e em linguagem visual.

REVISÃO Tema 1 O que é literatura?É ARTE • Fenômeno da criatividade • Representação do homem, do mundo, da vida pela palavra. É LINGUAGEM ESPECÍFICA DA EMOÇÃO • da experiência humana • da sociedade que representa Você viu também que a literatura infantil vem evoluindo para ir ao encontro de um novo leitor, de crianças e jovens críticos e conscientes, que não mais se enquadram nos protótipos do passado. Para o novo leitor, os textos que abordam valores contemporâneos acabam atuando como ferramentas de auxílio à formação, além de exercerem a função de entretenimento e difusão de conhecimentos. Observou que a leitura na escola dá-se de duas formas: •  A leitura obrigatória – atividades programadas -- conhecimentos específicos e direcionados. •  A leitura prazerosa – atividades livres – estímulo e liberação das potencialidades e gostos específicos de cada aluno-leitor.Nessa aula você viu que a Psicologia Infantil classificou as etapas da Literatura Infantil de acordo com o amadurecimento das crianças em: - Pré-Leitor – 1ª e 2ª infâncias; - Leitor Iniciante; - Leitor em Processo; - Leitor Fluente; - Leitor Crítico.

Tema 2 Nesta aula você viu que a literatura infantil baseia-se fundamentalmente em uma postura fantasista (em que o pensamento mágico é a nota mais marcante). E que a escrita literária infantil também pode assumir um caráter realista (documental, cujo pensamento lógico orienta os escritos baseados na ciência e nas leis da natureza). É papel do educador, levar essas duas realidades ao encontro das crianças e dos jovens estudantes, entendendo sempre a importância e o cuidado em compreender a literatura infantil sempre como arte e nunca como denúncia. •  Você também verificou que a arte literária pode ser um instrumento pedagógico, pois diversos psicólogos e estudiosos do comportamento infantil comprovam sua importância.

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Tema 3 No tema 3 você viu que a literatura infantil, assim como qualquer criação literária, segue determinados preceitos, de modo a formar uma matéria narrativa que sofre influência de fatores estruturantes. A partir das diferentes influências desses fatores, surgem os infinitos textos literários (sejam escritos ou orais). Você estudou que os contos de fadas e contos maravilhosos mantêm certas constantes, a saber: Desígnio) •  Levar o herói à ação. Viagem)•  Deslocamento do herói para um lugar estranho, não-familiar. Obstáculos) •  Desafios que se opõem à ação do herói. Mediação)•  Surgimento de um auxiliar mágico que ajuda o herói a vencer os perigos. Conquista)do)obje;vo)•  É quando o herói, finalmente, conquista os seus objetivos.

Tema 4 No tema 4 você aprendeu sobre as narrativas primordiais e analisou os principais fatores estruturantes comuns a muitas delas. De posse desses conhecimentos, você é capaz de perceber novas histórias e contos que se formam a partir de antigas experiências humanas. A história dos contos de fadas a ajuda a lidar com as dificuldades do seu dia-a-dia, como: rivalidade entre irmãos, inveja, medo, relação com os pais, inferioridade, vingança, etc., e por isso elas pedem para ler diversas vezes a mesma história. Aprendeu sobre os elos entre a Literatura e a Vida: 1. Ideal a ser alcançado. / 2. Afastamento do aconchego familiar. / 3. Encontro com obstáculos a serem vencidos. /4. Encontro com auxiliares que o ajudam nas dificuldades. / 5. Final feliz – chegada ao objetivo. Tema 5 Nesse tema, você ficou sabendo da existência de diferentes gêneros e subgêneros literários e compreendeu sua importância para o ensino de Literatura Infantil. Ficou sabendo que essa classificação é somente para que possamos estudar mais ordenadamente a imensa quantidade de textos literários disponíveis e que ainda serão criados.

Tema 6 Nesse tema você compreendeu as características dos textos iconográficos e sua importância para os jovens leitores, pelo constante exercício da imaginação em contato com a fantasia da imagem, que desperta para a riqueza do texto. A imagem, sobretudo a das histórias em quadrinhos em sala de aula, ganha sentido amplo, pois possibilita a compreensão da linguagem escrita e falada ao mesmo tempo em que remete o leitor a representações mentais. Você também viu que a compreensão da linguagem da poesia e das histórias em quadrinhos favorece e contribui para o estímulo da capacidade de imaginação de forma lúdica e divertida. Isso é essencial para o desenvolvimento das potencialidades criativas e, posteriormente, para o amadurecimento da consciência crítica.

Vamos praticar -  A Literatura é criação individual ou social? •  Texto: processo histórico. •  Cada leitura: novas significações. •  Adquire existência social. •  Elege-se perene: pertencente a determinada cultura.-  Intuitivamente, a criança compreende que as histórias infantis, embora reais ou inventadas, não são falsas, pois ocorrem de maneira semelhante no plano de suas próprias experiências pessoais. (Coelho, p. 57) Você concorda com isso? Como isso pode ocorrer?

- O que é valor literário?Adequação entre a consciência de mundo(intenção implícita) e a natureza do discurso literário(linguagem que corporifica a consciência de mundo). -  Por que é tão importante despertar a sensibilidade da criança pela imagem no texto? !  Do ponto de vista de letramento, como processo, a leitura de quadrinhos é extremamente rica em propostas a serem exploradas didaticamente. !  Como podemos utilizar a história em quadrinhos em sala de aula? - Seu uso pode ser incluído em projetos interdisciplinares, que incluam outros professores e turmas de diferentes séries.

! Explique por que é tão importante a imagem estar atrelada ao texto nas histórias infantis