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Page 1: A importancia-da-psicomotricidade seminario

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ana Claudia Silva6º semestre de pedagogia na Finan

Danila Aparecida ferreira Souza6º semestre de pedagogia na Finan

1. Apresentação

O desenvolvimento da criança é um aspecto que deve ser

constantemente observado pelos professores. Dessa maneira, é de extrema

relevância as pesquisas que discorram sobre a prática pedagógica e suas

implicações para o desenvolvimento pleno da criança. Nesse sentido, a

Psicomotricidade representa uma importante contribuição para o processo de

ensino-aprendizagem, pois se dá por meio de ações educativas de movimentos

espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do

corpo, contribuindo para a formação de sua personalidade.

2. Introdução

De acordo com Alves (2007, p. 15), a Psicomotricidade envolve tudo que

é realizado pelo ser humano. A integração psiquismo-motricidade e as ações do ser

humano e possibilitam a relação das pessoas.

Segundo a Sociedade de Psicomotricidade Brasileira, (apud Alves, 2007,

p. 15), a psicomotricidade pode ser entendida como “uma ciência que tem por objeto

o estudo do homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu

mundo interno e externo". A Psicomotricidade reflete um estado da vontade, que

corresponde à execução de movimentos voluntários ou involuntários.

Sendo assim, a Psicomotricidade vem sendo desenvolvida na prática

pedagógica com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento integral da criança

no processo ensino aprendizagem.

Nesse sentido, a Psicomotricidade se dá através de ações educativas dos

movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma

imagem do corpo e contribuindo para a formação de sua personalidade.

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Por isso, algumas crianças não aprendem certos conteúdos porque o

desenvolvimento das habilidades psicomotoras não foi adequado. Exige-se então,

uma análise minuciosa das características dessa criança, por parte dos profissionais

especializados.

Portanto, a não aprendizagem está diretamente relacionada com o

trabalho psicomotor no início escolar, trazendo, então, prejuízos na aprendizagem

futura.

A metodologia da presente pesquisa é um estudo dos teóricos que

abordam a questão da Psicomotricidade.

3. Conceito de Psicomotricidade

O dicionário brasileiro da Língua Portuguesa - Mirador (1976, p. 1416)

define Psicomotricidade como "autocontrole muscular". Já o dicionário Houaiss da

Língua Portuguesa (2001, p. 2326) define Psicomotricidade como "integração das

funções motoras e psíquicas em conseqüência da maturidade do sistema nervoso".

Chazaud (apud Alves, 2007, p. 15) postula que "a Psicomotricidade

consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e postura,

enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do "ser-em-ação" e da

"coexistência" com outrem". Ainda afirma que "É uma ciência que tem por objeto o

estudo do homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu

mundo interno e externo". (SPB, 1984, apud Alves, 2007, p. 15).

Portanto, os conceitos acima sobre Psicomotricidade deixam claro que a

integração psiquismo-motricidade e as ações do ser humano, representam suas

necessidades e possibilitam sua relação com outras pessoas. A motricidade é uma

resposta a um estímulo sensorial, resultante de uma ação do sistema nervoso sobre

a musculatura e o psiquismo, um conjunto de sensações, percepções, imagens,

pensamentos, afeto, etc. (ALVES, 2007).

Nesse sentido, Fonseca (1995, p.12) postula que a Psicomotricidade

traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade psíquica e a atividade

motora. O movimento é equacionado como parte integrante do comportamento. A

Psicomotricidade é hoje concebida como a integração superior da motricidade,

produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio, e instrumento

privilegiado através do qual a consciência se forma e materializa-se.

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Para Oliveira (1997, p. 15) existem alunos que, devido a um atraso na

maturação, o desenvolvimento das funções neuropsicológicas é lento e isso pode

interferir em seu aprendizado. A autora ainda afirma que deve "levar os recursos da

Psicomotricidade para serem desenvolvidos em classe, tanto no âmbito da

educação quanto da reeducação dos alunos."

De acordo com os vários autores, trabalhando com a Psicomotricidade,

na prática pedagógica concomitantemente com os conteúdos, o desenvolvimento

integral do aluno acontece de forma natural.

Lourenço Filho (apud Oliveira, 1997, p. 20) declara que a maturidade é

um fator essencial para esse desenvolvimento. Segundo o autor:

A aprendizagem supõe um mínimo de maturidade de onde possa partir qualquer que seja o comportamento considerado. Para que o exercício de uma atividade complexa como a leitura possa integrar-se, exigir-se-á a priori, determinado nível de maturidade anterior. Sem ele, será inútil iniciar a aprendizagem.

Fonseca (1995, p. 6) coloca que a psiconeurologia estuda as relações

entre o comportamento humano e as funções do seu sistema nervoso, ramo de

conhecimento fundamental para o desenvolvimento não só da Psicomotricidade,

mas da aprendizagem e da educação. A Psiconeurologia vai estudar, portanto, as

"disfunções de comportamento e de aprendizagem que têm uma base neurológica,

isto é, desordens, dificuldades ou desvios de comportamento que encerram um

problema de aprendizagem, como diagnosia, dispraxias, dislexia etc."

4. Etapas do Desenvolvimento Psicomotor

De acordo com Oliveira (2002, p.101) o desenvolvimento psicomotor

acontece do nascimento e progride lentamente ao longo da vida. Para a autora o ser

humano passa por três etapas em seu desenvolvimento. São elas: o corpo vivido

(até 3 anos de idade); corpo percebido (de 3 a 7 anos de idade) e o corpo

representado (de 7 a 12 anos). Como o foco é a Educação Infantil o trabalho

destaca apenas as duas primeiras etapas.

A etapa referente ao corpo vivido vai do nascimento até os três anos de

idade. Essa fase é marcada pela inteligência sensório-motora, cuja atividade é

incessante e espontânea. Segundo Oliveira (2002, p.102), a criança aprende a

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manipular objetos e a andar. Ela se movimenta, mas não percebe esse movimento,

utilizando a imitação para se mover no seu meio.

Já a segunda etapa, conforme Oliveira (2002., p.102) corresponde-se ao

corpo percebido ou descoberto. Nessa fase a criança passa a ter um maior domínio

sobre seu corpo, desenvolvendo uma percepção mais centrada, denominado as

partes de seu corpo, associando-os os objetos de sua vida cotidiana. Essas etapas

do desenvolvimento, de acordo com Oliveira (2002, p.107), podem ser percebidas

conforme o quadro:]

Quadro 1: Principais conhecimentos e habilidades psicomotorasHabilidades Coordenação e

EquilíbrioEsquemacorporal

Lateralidade Estruturação espacial

Estruturação temporal

Até 3 anos

A criança sobe e desce escadas, alternando os pés. Ela é capaz de parar um gesto rápido. Consegue andar por obstáculos.

Conhecimento das partes do corpo: mãos, pés, nariz, cabelos, orelhas, olhos, boca, língua, pernas, cabeça, barriga. A criança representa seu corpo por Le bonhome rudimentar.

Não se pode ainda falar em dominância: a criança se utiliza ora da mão ou pé direito ora do esquerdo. Dominância ocular fixa.

Frente, atrás, sobre, sob, dentro, fora, grande, pequeno, no alto, embaixo (em relação a si mesmo)

Agora, depressa, rápido, lentamente, hoje, amanhã, pára, espera.

Até 4 anos

A criança pode ficar sobre um pé só durante alguns segundos.Pode saltar a uma distância de 2m e uma altura de 10cm com o pé dominante.

Dentes, ombros, costas, joelhos, unhas, umbigo, pescoço. 4 anos e meio começa a aparecer um corpo mais correto.

Continua a experienciação dos dois lados do corpo.

Ao lado, longe, em torno de, perto, em redor de, médio, deitar, de pé, redondo, quadrado,pouco, muito, progressão de tamanho.

Noite, dia, mais velho, antes, depois, maior, manhã, tarde, sua idade, reprodução de estrutura rítmicas de 2 ou 3 movimentos.

Até 5 anos

A criança tem condições de executar exercícios simples de dissociação de movimentos.Os exercícios de coordenação global vão poder ser realizados por imitação de forma mais ou menos correta.

Lábios, queixos, peito, bochecha, testa. 5 anos e meio: desenho dinâmico, começam os detalhes das roupas.

Instabilidade no domínio manual.

Em frente, em toda parte, direito, inteiro, retângulo, entrar, sair, voltar.

Estações do ano, sequência lógica do tempo, num nível mais elementar, noções de 1º e último, noções de ordem e sucessão.

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Ainda sobre as fases do desenvolvimento psicomotor, Alves (2007, p. 31)

destaca que "não devem ser consideradas apenas segundo um quadro de

maturação neurológica, mas como resultado de um processo reacional e relacional

complexo”. Ou seja, ao enfocarmos o desenvolvimento psicomotor, levamos em

conta as reações do ser no ambiente que o cerca e as relações com os demais.

Alves (2007, p. 17) considera que, para que haja um bom

desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança é necessário que se faça

movimentos e exercícios, pois estimula a respiração, a circulação e os músculos e

os ossos são fortalecidos. Através de movimentos as crianças exploram o mundo

exterior e têm grandes experiências que contribuirão no seu desenvolvimento

intelectual.

Segundo Alves (2007, p.87) o desenvolvimento da criança é um

"processo ordenado, regular e contínuo que envolve todas as áreas do organismo e

da personalidade". A criança se desenvolve desde o seu primeiro dia de vida e suas

capacidades futuras podem ser prejudicadas, caso não se perceba a dificuldade a

tempo de ser tratada, podendo ainda, afetar a aprendizagem da leitura e da escrita.

Por isso é de suma importância se atentar para o desenvolvimento psicomotor, nos

primeiros anos de vida.

Dessa forma, Le Boulch (1982, p. 37) pontua que o recém-nascido

desenvolve o seu comportamento como uma unidade e suas reações são

organizadas em torno de um conjunto de ações. A unidade do ser recém-nascido

depende da evolução harmônica das principais funções.

Le Boulch também apresenta sua teoria sobre a evolução psicomotora

até os 3 anos de idade e dos 3 aos 6 anos: na etapa da vida intra-uterina: O primeiro

modo de expressão do embrião é traduzido pela função muscular. Sem necessitar

de um estímulo sensorial, o sistema motor pode manter sua atividade e o tono

caracteriza o dinamismo do organismo.

Assim, durante a vida fetal, as necessidades do organismo da criança é

garantido pelo organismo da mãe. A partir do momento em que nasce, a criança tem

a sensação de perda, pois ela se separa da circulação materna. Assim o recém-

nascido oscila entre um estado de necessidade, que é transmitido através da

elevação do tono e de gritos.

Durante as primeiras semanas (até os 7 meses): estágio pré-objetal em

que o comportamento se organiza sob a influência de estímulos sensoriais. É de

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suma importância os estímulos externos para a organização do equilíbrio tônico-

emocional da criança, uma vez que na vida uterina o feto vivia todas as sensações

cutâneas, sonoras e proprioceptivas e ao nascer sente a carência desse estímulo.

Estágio objetal (8° mês): importante etapa na evolução do "eu". Antes

desse período, a criança só tem da mãe um conhecimento vivido, adquirido através

do "diálogo tônico". E neste estágio que ela vai adquirir uma verdadeira identificação

da figura materna, a criança sentirá o prazer da presença da mãe e sua ausência

provoca uma frustração que explica "a angústia do 8° mês".

A organização do eu, a partir do 2° ano: vai girar em torno da relação da

criança com o objeto material, ou seja, os interesses da criança que recaíam apenas

nas pessoas, vão agora incidir sobre as coisas. Com a ação sobre o objeto, a

criança experimentar o peso e a resistência do real. O adulto deverá contribuir com

essa situação e valorizar os êxitos da criança.

Nesse sentido, para Le Bouch:

Na medida em que o meio ajuda a criança a afirmar-se como uma unidade afetiva e expressiva, favorece o equilíbrio entre o espontâneo e o controlado, sua motricidade global coordenada e rítmica traduz o bom desenvolvimento de sua função de ajustamento. (1982, p. 85)

Conforme Le Boulch (1982), dos 3 aos 6 anos a criança entra no estágio

da personalidade que tem como característica, a busca da independência e do

enriquecimento de seu Ego. O estágio dos 3 aos 6 anos é um período transitório

tanto na estruturação espaço temporal quanto na estruturação do esquema corporal.

Nessa fase a educação psicomotora é importante, pois a criança, com a emergência

da função de interiorização para conhecer o seu próprio "eu", passa a perceber o

seu corpo e suas características corporais, começa a importante etapa na evolução

da imagem do corpo, a estruturação do esquema corporal, sendo este o instrumento

de inserção na realidade.

Alves (2007, p. 35) afirma que um sujeito passa a ser confiante em si

mesmo, quando conhece bem o funcionamento do seu corpo e sabe se expressar

através dele. Esse conhecimento corporal se dá através de suas vivências, a

harmonia do seu corpo com o seu meio será traduzida na sua expressão corporal.

Para se trabalhar com a Psicomotricidade, é de fundamental importância

que se conheça sobre o esquema corporal. "O esquema corporal não é um conceito

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inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa

relação entre o indivíduo e o próprio ambiente." (Wallon, apud Alves, 2007, p. 47)

Já para Le Boulch (apud Alves, 2007, p. 48),

o esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam.

A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu

corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas

possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive.

Para Alves, 2007, p.48, o corpo expressa emoções e possuem

significados que são adquiridos pela criança através do seu contato com o meio em

que vive, portanto o corpo não é somente biológico e orgânico. Através do corpo a

criança descobre o mundo, se interage com ele. Como se pode perceber, as etapas

de desenvolvimento são de extrema importância para que o educador trabalhe

adequadamente os aspectos relacionados à Psicomotricidade.

5. A Psicomotricidade e o trabalho pedagógico

Quanto ao trabalho pedagógico, Alves (2007, p. 18) afirma que a

educação deve ser pensada em função da criança, preocupando-se com sua idade,

necessidades e interesses. A determinação do estágio de desenvolvimento da

criança implicará na adaptação da mesma ao meio em que vive, pois se

estabelecerá as condutas educativas que poderão favorecer os diversos aspectos

de desenvolvimento e conhecimento.

Para a autora, é importante a função do professor da Educação Infantil,

pois ele vai lidar com o processo inicial de desenvolvimento da criança e nessa fase,

a sua personalidade está em formação, além dos aspectos inerentes à

Psicomotricidade.

O RCNEI (1998, p. 25) destaca que "a aquisição da consciência dos

limites do próprio corpo é um aspecto importante do processo de diferenciação do

eu e do outro e da construção da identidade”. Por meio do contato físico com outras

pessoas e ao observar o outro, a criança irá aprender sobre o mundo e sobre si

mesma, colocando em prática a comunicação através da linguagem corporal.

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Portanto, é necessário que o professor proporcione aos alunos atividades

de interação, respeitando as diferenças e em espaços adequados, pois, a atividade

é uma das formas de ajudar a criança a desenvolver sua capacidade de se

relacionar com o outro.

Segundo o RCNEI (1998, p. 27-28) deve-se oferecer à criança uma

diversidade de atividades, tanto de brincadeiras quanto de aprendizagens. "Toda

brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de

uma realidade anteriormente vivenciada”. Ao brincar, a criança cria sua

independência, quando se deixa que ela escolha seus companheiros de brincadeira

e os papéis que cada um irá desempenhar. Através da brincadeira a criança

experimenta o mundo, passa a compreender melhor o outro, seus próprios

sentimentos e amplia seus conhecimentos.

Nesse sentido, conforme o RCNEI:

O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. (1998, p.63)

Ainda de acordo com o RCNEI (1998, p. 28) os professores têm a

possibilidade de observar o processo de desenvolvimento de cada criança ou de um

grupo de crianças, por meio das brincadeiras, verificando, assim, suas capacidades

de uso das linguagens, capacidades sociais e os recursos dos quais elas se

dispõem, como o afetivo e o emocional. A brincadeira é uma atividade espontânea e

imaginativa, nela as crianças recriam e estabilizam o que sabem sobre os mais

diversos assuntos.

Nesse contexto, Alves (2007, p. 127-128) destaca: "A Psicomotricidade

existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade

da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo”.

A mesma autora postula que, por esse motivo é dito que a

Psicomotricidade é indispensável para o desenvolvimento da criança. A educação

psicomotora é a base para o processo de desenvolvimento intelectual da criança e

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também para que ocorra a aprendizagem. Se a criança apresenta problemas na

base de desenvolvimento psicomotor, é bem provável que esta apresentará

dificuldades de aprendizagem, como por exemplo, na escrita, na leitura, na direção

gráfica, na distinção de letras (Ex.: b/d), na ordenação de sílabas, na abstração

(matemática), na análise gramatical, entre outras.

Nesse sentido, Le Boulch (1982, p. 13) postula que:

A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano.

Para Loureiro (apud Alves, 2007, p. 129) a psicomotricidade não é vista

usada isoladamente, mas dentro de uma rede interdisciplinar, com estudos de outras

áreas, juntamente com profissionais da educação.

A autora considera que ainda existem escolas com o caráter mecanicista

na Educação Infantil. Muitos alunos apresentam dificuldades e são taxados como

portadores de distúrbios de aprendizagem, porém isso poderia ser facilmente

resolvido se a escola não desprezasse a Psicomotricidade nas séries iniciais do

Ensino Fundamental e trabalhasse com atividades enriquecedoras.

Na Educação Infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma

percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações

reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior

liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras. (ALVES,

2007, p. 131).

Então, Alves (2007, p. 132) defende que o trabalho, fora de sala de aula,

envolvendo atividades corporais, proporciona aos alunos experiências que resultam

no desenvolvimento da motricidade. Essas atividades auxiliam os alunos de ritmo

normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor, os desafios da leitura e da

escrita. O objetivo da educação psicomotora é um desenvolvimento adequado do

indivíduo nas várias etapas de crescimento. "O ideal seria que todos os educadores

tivessem como respaldo para as suas atividades a Psicomotricidade, pois fariam

com que nossas crianças realizassem experiência com o corpo, sendo indispensável

no desenvolvimento das funções mentais e sociais”.

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Conforme Alves (2007, p. 136), no trabalho do professor com a

Psicomotricidade ele deve assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da

capacidade de aprender e não somente transmitir conhecimentos já existentes. É

necessário que o professor permita que a criança faça suas próprias descobertas,

estimulando-os e utilizando atividades em que se trabalhe plenamente, com todo o

corpo. O material de trabalho do professor é o aluno, ele nunca poderá se esquecer

disso, portanto, não se deve preocupar em preparar apenas o ambiente escolar,

mas também a si mesmo. É necessário que ele conheça seu aluno.

Para a mesma autora, a Psicomotricidade é uma grande ferramenta que

pode ser utilizada em todas as áreas de estudo sobre a organização afetiva, motora,

social e intelectual do aluno, considerando que ele é um ser ativo que pode se

conhecer cada dia mais e se adaptar a situações e ambientes. Valoriza o toque

como forma de aproximação das pessoas e auxilia para que a criança conheça o

seu corpo em diferentes situações, com diferentes sensações.

Assim, quando o professor conscientizar-se de que a educação pelo

movimento é uma peça mestra da área pedagógica, que permite à criança resolver,

mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade e a prepara, por outro

lado, para a sua existência futura de adulto, essa atividade não ficará mais para

segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material

educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um meio

insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver formas de atenção, pondo

em jogo certos aspectos da inteligência.

Portanto, o pedagogo tem a função de orientar o professor da importância

da utilidade da Psicomotricidade na escola, motivando-o e despertando o interesse

do mesmo, para que ajudem aos que estão no processo ensino-aprendizagem a

alcançar o sucesso. Essa conscientização não serve apenas para o pedagogo, mas

também para o sistema do qual ele participa, pois o pedagogo precisa desejar o

trabalho e o sistema deixar que ele o faça.

6. Considerações finais

Ao empreender um estudo acerca da importância da Psicomotricidade

percebe-se que preocupação com a individualidade dos alunos, preocupa-se

principalmente com a formação de sujeitos autônomos. Nesse sentido, é importante

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trabalhar, na maioria das vezes através de brincadeiras e situações de

aprendizagens prazerosas, diversas atividades psicomotoras que englobam desde o

esquema corporal, cuja a lateralidade, a proprioceptividade e o conhecimento do

corpo se aliam às formas de organização e de expressão, até à motricidade,

percepção sensorial, figura de fundo, entre outras.

Dessa maneira, conclui-se que a Psicomotricidade é de grande

importância no trabalho com a Educação Infantil, pois, a partir do estudo do próprio

corpo, a criança se situa em relação ao mundo em que vive, orienta-se e, aos

poucos, vai conhecendo-se para desenvolver sua própria personalidade.

Pode-se afirmar que a Psicomotricidade tem realmente grande relevância

no âmbito da Educação Infantil, devendo, porém, ser discutida em outras

dimensões.

Contudo, conforme a pesquisa realizada pode-se constatar a importância

da Psicomotricidade para o desenvolvimento cognitivo e todos os outros aspectos. O

resultado dessa investigação aponta que os educadores infantis têm conhecimento

sobre a importância da Psicomotricidade para o trabalho pedagógico. Mas, os

educadores, ainda estão reticentes quanto ao trabalho consistente e diário com os

alunos na faixa etária de 4 meses a 5 anos.

Espera-se que esta pesquisa colabore na conscientização dos

educadores infantis sobre a Psicomotricidade para o desenvolvimento integral do

aluno.

7. Referências

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 38 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007. 164 p.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

FONSECA, Vítor da. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 2001. 2925 p.

LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. 78 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982. 220 p.

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OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

__________________________. Avaliação psicomotora à luz da psicologia e da psicopedagogia. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

PSICOMOTRICIDADE In: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa - Mirador Internacional. 28 ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1976.

SÁNCHEZ, Pilar Amaiz; MARTINEZ, Marta Rabadán; PENAL VER, Iolanda Vives. A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa, Porto Alegre: Artmed, 2003. 128 p.