apostila de psicomotricidade

Upload: andreia-cristina-correia

Post on 10-Jul-2015

2.362 views

Category:

Documents


10 download

TRANSCRIPT

APOSTILA DE PSICOMOTRICIDADE

Ementa:

Psicomotricidade: histrico e conceito. Os aspectos instrumentais do

desenvolvimento: aprendizagem, linguagem, o brincar, os processos prticos de socializao. O brincar psicomotor. Os subfatores que interferem na aprendizagem: tnus, lateralidade, estruturao espao-temporal, equilbrio, percepes sensoriais, esquema e imagem corporal, praxias globais e finas. A educao psicomotora e suas implicaes na aprendizagem. Os fundamentos tericos bsicos; observao e avaliao do desenvolvimento psicomotor; distrbios psicomotores; reas de interveno da psicomotricidade; avaliao psicomotora; a prtica psicomotora, articulando o campo psicomotor e psicopedaggico. Os princpios e as prticas da educao psicomotora.

Objetivos especficos: Aprofundar articulaes entre a psicomotricidade e os processos de aprendizagem propiciando experincias prticas neste sentido.

1. Conceitos da psicomotricidade segundos diversos autores:

Ajuriaguerra, mdico psiquiatra, considerado pela comunidade cientfica como o Pai da Psicomotricidade, define assim: Psicomotricidade se conceitua como cincia da sade e da educao, pois indiferentes das diversas escolas, psicolgica, condutista, evolutista, gentica, e etc, ela visa a representao e a expresso motora, atravs da utilizao psquica e mental do indivduo. Dalila M. M. de Costallat, A Psicomotricidade como Cincia de Sntese, que com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os problemas que afetam as inter-relaes harmnicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivncia com os demais. Germaine Rossel, A Educao Psicomotora a educao de controle mental e da expresso motora. Giselle B. Soubiran Psicomotricidade e Relaxao, bases fundamentais da estrutura psico corporal, esttica e em movimento, precedente e condicionante a toda atividade psquica.

Vtor da Fonseca, A psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relao afetiva, a mediatizao, a disponibilidade tnica, a segurana gravitacional e o controle postural, noo do corpo, sua lateralizao e direcionalidade e a planificao prxica, enquanto componentes essenciais e globais da

aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade so abordados como unidade e totalidade do ser. O seu enfoque , portanto, psico somtico, psico cognitivo, psiquitrico, somato-analtico, psico neurolgico e psico teraputico. P. Vayer, a educao da integridade do ser, atravs do seu corpo. Beatriz Loureiro, Psicomotricidade a otimizao corporal dos potenciais neuro, psico- cognitivo funcionais, sujeitos s leis de desenvolvimento e maturao, manifestadas pela dimenso simblica corporal prpria, original e especial do ser humano. Hurtado (1983), diz que a psicomotricidade a educao dos movimentos, ou atravs dos movimentos, visando a melhor utilizao das capacidades psicofsicas da criana. Neste caso utiliza-se o movimento como meio e no como fim a ser atingida. A Psicomotricidade o suporte bsico que auxilia a criana a adquirir tanto sensaes e percepes como conceitos, os quais lhe daro o conhecimento de seu corpo e, atravs desse, do mundo que o rodeia. Coste (1981), define a Psicomotricidade como uma tcnica em que cruzam e se encontram mltiplos pontos de vista, e que utiliza numerosas cincias constitudas, entre a biologia, psicologia, psicanlise, sociologia e lingstica. considerada como uma terapia, a terapia psicomotriz a qual desenvolve a capacidade de expresso do indivduo, fazendo com que haja um novo conhecimento do corpo. Schinca (1992), o controle e conhecimento do prprio corpo so essenciais para o estabelecimento da ligao entre o indivduo e o meio externo. A relao entre cada ser e o exterior se manifesta atravs de atos e comportamentos motores, adaptados e ajustados mediante as sensaes e percepes. Meur e Staes (1984), relatam que o estudo da psicomotricidade recente sendo que s no incio deste sculo abordou-o assunto ainda que superficialmente. Em uma primeira fase, a pesquisa terica fixou-se, sobretudo no desenvolvimento motor da criana. Depois se estudou a relao entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criana. Seguiram-se estudos sobre o

desenvolvimento da habilidade manual e aptides motoras em funo da idade. Hoje em dia os estudos ultrapassam os problemas motores, pesquisando tambm as ligaes com a lateralidade, a estruturao espacial e a orientao temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de crianas com inteligncia normal. Faz tambm com que se tome conscincia das relaes existentes entre o gesto e a afetividade.

Para De Meur (1984), a psicomotricidade quer justamente destacar a relao existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a abordagem global da criana por meio de uma tcnica. A psicomotricidade baseia-se em princpios a partir da vivncia do corpo no espao e no tempo, desenvolvendo a conscincia de si mesmo, como um ser capaz de sentir expressar e o mais importante, ser capaz de partilhar e comunicar-se com os demais. O estudo da psicomotricidade envolve cinco temas distintos: tomada de conscincia do corpo, a formao da personalidade da criana, isto desenvolvimento do esquema corporal, atravs do qual a criana toma conscincia do seu prprio corpo e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo; tomada de conscincia da lateralidade, a criana percebe que seus membros no reagem da mesma forma, percebe uma maior dominncia dos movimentos de um hemicorpo do que no outro (assimetria funcional); tomada de conscincia do espao, tomada de conscincia da situao do seu prprio corpo em um meio ambiente, tomada de conscincia da situao das coisas entre si, possibilidade do sujeito se organizar perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si; tomada de conscincia do tempo, que diz respeito a como a criana se localiza no tempo, capacidade de situar-se em funo da sucesso dos acontecimentos (antes, durante, aps), da durao dos acontecimentos (longo, curto), da seqncia (dias da semana, meses ano), carter irreversvel do tempo (ontem, hoje, amanh) e renovao cclica do tempo (orientao temporal); tomada de conscincia da relao corpo-espao-tempo, como a criana se expressa tambm atravs do desenho, completa com o domnio progressivo do desenho e do grafismo. Sociedade Brasileira de Psicomotricidade - a cincia que tem como objeto de estudo o homem atravs do seu corpo em movimento e em relao ao seu mundo interno e externo, a psicomotricidade um assunto que todos os profissionais de Educao Fsica devem tomar conhecimento. O site da SBP vale uma visita com

calma e ateno. A lista de cursos de formao, especializao e ps-graduao bastante detalhada, assim como a programao de eventos que acontecem em todo o Brasil.

Para quem se interessar pelo assunto, antes de ir livraria adquirir as indicaes da seo publicaes deve visitar a seo glossrio, para inteirar-se dos termos tcnicos mais usados.

2. Elementos da psicomotricidade

A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e imagem corporal, coordenao global, equilbrio, dominncia lateral, orientao espacial e lateroespacial, orientao temporal, coordenao dinmica das mos. Estes elementos so considerados bsicos para o desenvolvimento global da criana, so pr-requisitos necessrios para a criana adquirir aprendizagem da leitura e da escrita; vivenciar a percepo do seu corpo com relao aos objetos, saber discriminar partes do seu corpo e ter controle sobre elas e obter organizao de espao e tempo. 2.1. Esquema corporal

um elemento bsica indispensvel para a formao da personalidade da criana. a representao da imagem que a criana tem de seu prprio corpo. A criana se sentir bem na medida em seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que pode utiliza-lo no somente para movimentar-se, mas tambm para agir. Uma criana cujo esquema corporal mal constitudo no coordena bem os movimentos, na escola a grafia feia, e a leitura expressiva, no harmoniosa: a criana no segue o ritmo da leitura ou ento para no meio de uma palavra. Segundo De Meur (1989), uma criana que se sinta vontade significa que ele domina o seu corpo, utiliza-o com desenvoltura e eficcia, proporcionando-lhe bem estar, tornando fceis e equilibrados seus contatos com os outros.

2.2.

A organizao do corpo no espao (organizao espacial)

a capacidade de movimentar o prprio corpo de forma integrada, dentro de um ambiente contendo obstculos, passando por eles. Movimentos com rastejar,

engatinhar, e andar, iro propiciar a criana o desenvolvimento das primeiras noes espaciais: perto, longe, dentro, fora. Para De Meur (1989), os problemas quanto orientao temporal e espacial, como por exemplo, com a noo antes-depois, acarretam principalmente confuso na ordenao dos elementos de uma slaba. A criana sente dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a analise gramatical um quebra-cabea para ela. Uma m organizao espacial ou temporal acarreta fracasso em matemtica. Com efeito, para calcular a criana deve ter pontos de referncia, colocar os nmeros corretamente, possuir noo de fileira, de coluna; deve conseguir combinar as formas para fazer construes geomtricas. Diante de problemas de percepo espacial uma criana no capaz de distinguir um b de um d, um p de um q, 21 de 12, caso no perceba a diferena entre a esquerda e a direita. Se no se distingue bem o alto e o baixo, confunde o b e o p, o n e o u, o ou e o on.

2.3.

A dominncia lateral

refere-se ao esquema do espao interno do indivduo, que o capacita utilizar um lado do corpo com melhor desembarao do que outro, em atividades que requeiram habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. A definio da lateralidade ocorre medida que a criana se desenvolve. A lateralidade na criana no deve ser estimulada at que no tenha sido definida, quando a criana forada a usar um lado do corpo torna-se prejudicial para a lateralidade, devido a fatores culturais os mais antigos acham que no correto a criana escrever com a mo esquerda, forando-a a utilizar a mo direita par tal ao, os pais devem favorecer a escolha feita pelas crianas. Na idade onde ainda prevalece a bilateralidade, se ainda a criana tiver tendncia para o sinestrismo e os pais tentar fazer algo para que impea, pode levar a criana a apresentar danos na motricidade e contribuir para o surgimento de problemas de aprendizagem.

2.4.

O equilbrio

a funo na qual os indivduos mantm sua estabilidade corporal durante os movimentos e quando em estado de imobilidade (Masson,1985). Shinca (1992), relata que o bom equilbrio essencial para a conquista da locomoo assim como a

independncia dos membros superiores. A dificuldade de equilibrar-se produz estados de ansiedade e insegurana, pois a criana no consegue manter um estado esttico ou de movimento e isto atrapalha a relao entre equilbrio fsico e psquico. Picq e Vayer (1985), diz que na presena de algum distrbio do equilbrio pode-se observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilbrio corporal global, marcha no harmoniosa, tenses musculares locais,

desalinhamentos anatmicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a criana pode apresentar tendncia inibio ou desejo de esconder, e falta de confiana em si mesmo. 2.5. A organizao latero-espacial

Desenvolve da seguinte maneira, aos 6 anos a criana tem conhecimento do lado direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos reconhece a posio relativa entre dois objetos, aos 8 anos reconhece o lado direito e esquerdo em outra pessoa, aos 9 anos consegue imitar movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo lado do corpo no qual a pessoa realiza o movimento, isto transpe o lado da pessoa para o seu, aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11 anos consegue identificar a posio relativa entre 3 objetos.

2.6.

A coordenao dinmica

A coordenao dinmica geral da a criana um bom domnio do corpo suprindo a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tenses trazendo um controle satisfatrio e confiana com relao ao prprio corpo. Com relao coordenao dinmica das mos Le Boulch (1982) diz que a habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenao global. Reveste muita importncia nas praxias, no grafismo, pelo que deve dar se muita ateno particular. A criana quando apresenta algum distrbio no

desenvolvimento da coordenao (tanto global como da dinmica das mos), poder apresentar dificuldades escolares com disgrafia, ultrapassa linhas e margens do caderno, pode ter dificuldades na apreenso de dedos e nos gestos. Os potenciais humanos, so apoiados nas reas bsicas da Psicomotricidade, seu estudo e pesquisa constantes do esquema e da imagem corporal, da lateralizao, da tonicidade, da equilibrao e coordenao, so enriquecidos instrumentalmente,

estimulando o sentimento de competncia, de auto-estima, entendendo o ser humano em constantes e complexas adaptaes, fazendo-o concluir que amado e aceito, tornando-o transformador e produtor social.

Sintetizando,

a

Psicomotricidade

subtende

uma

concepo

holstica

de

aprendizagem e de adaptao do ser humano, que tem por finalidade, associar dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto palavra, o smbolo ao conceito.

3. A Histria da Psicomotricidade no Brasil

A histria da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola francesa. Era clara e ntida a influncia marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na poca da 1 guerra em todo mundo. O Brasil foi tambm invadido, ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos pases europeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspiraes e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho formal, deixando as crianas em creches. Os franceses se conscientizavam sobre a importncia do gesto e pesquisavam profundamente os temas corporais. Andr Thomas e Saint-Ann Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tnus axial. A maturao, os reflexos tnicos arcaicos do nascimento dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras palavras-chave da Psicomotricidade. No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tnus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguerra combinou s suas pesquisas, a importncia do tnus falada por Wallon em seus escritos sobre o dilogo tnico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prtica de relaxao psicotnica e fez seguidores. Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importncia do tnus no dia a dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a sintomatologia tnica corporal do sculo. No Brasil, Antonio Branco Lefvre buscou junto s obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formao em Paris, a organizao da primeira escala de avaliao neuromotora para crianas brasileiras.

3.1 A evoluo da Psicomotricidade

1790 Maine de Brian, primeiro a valorizar o movimento como componente essencial da estruturao do eu. Para ele, na ao que o EU toma conscincia de si mesmo e do mundo. O eu no pensa, vive-se; 1874 C. Koupernik foi o principal indicador do que poderamos chamar de Psicomotricidade do adulto; 1885 Jean M. Charcot a partir do estudo sobre o membro fantasma, histeria, evidncia as interferncias do psiquismo sobre o corpo e do corpo sobre o psiquismo, encaminhando uma mudana progressiva da viso dualista; 1890 Freud ressalta a noo do inconsciente, do corpo pulso, do corpo relao, ou seja, o corpo passa a desempenhar um papel importante nas formaes inconscientes; 1900 Karl Wernicke usou pela primeira vez o termo psico-motricidade; 1901 Phillipe Tisi falou que por Educao Fsica no se deve entender apenas exerccio muscular do corpo, mas tambm e principalmente o treinamento dos centros psicomotores pelas associaes mltiplas e repetidas entre movimento e pensamento; 1906 Dupr publicou na Revue de Neurologie o resultado dos estudos sobre a Psicomotricidade, nos quais define a sndrome da debilidade motora, para evidenciar o paralelismo psicomotor, ou seja, a associao estreita entre desenvolvimento da motricidade, da inteligncia e da afetividade; 1909 Ajuriaguerra foi considerado o iniciador da psicomotricidade da criana com o relatrio sobre a debilidade motora. A psicomotricidade seria a experincia do corpo, como dilogo tnico, podendo ser lida como uma linguagem. Ajuriaguerra que afirmou que o papel da funo tnica no apenas o de servir de pano de fundo da ao corporal, mas tambm um modo de relao com o outro; 1925 Dupr retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de limagination et de lmotivit, empregado, tambm, na mesma poca, por Wernicke; Henri Wallon apresenta a famosa classificao das sndromes psico-motoras e sustenta um paralelismo das manifestaes motoras e psquicas, impregnado do reducionismo neurolgico, fruto do dualismo corpo-alma; 1930 H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma escala de desenvolvimento da criana, alm de relacionar diretamente o movimento com o desenvolvimento psquico;

1935 E. Guillmain, alm de montar um teste psicomotor, analisou o paralelismo entre o comportamento geral da criana e o teste psicomotor e descobre trs funes essenciais: atividades tnica, relacional e intelectual; 1937 Jean Piaget demonstra a importncia do movimento, com base de toda a estruturao da inteligncia humana. Reafirma que a atividade motora o ponto de partida para o desenvolvimento das inteligncias. A partir da, a funo tnica e a coordenao dos esquemas sero reconhecidos pelas psicologias como objeto de estudo; 1948 Heuyer fala da psicomotricidade como a associao estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligncia e da afetividade; 1960 1 edio da obra Educao Psicomotora e Retardo Mental de Picq e Vayer, que significa o ponto em que a educao psicomotora ganha verdadeiramente uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa original e com objetivos prprios; 1963 No quadro universitrio do Hospital Salptrire, na Frana, expediu-se um certificado de Reeducao da Psicomotricidade; 1963-1973 Institucionalizao e disperso das doutrinas e do mtodo; 1974 Existe, na Frana, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido atravs dos Ministrios da Sade e da Famlia, envolvendo trs anos de estudos, aps o Bacharelado; 1980 Com o incentivo de Franoise Desobeau, foi criada a SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada sociedade Internacional de Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em Araruama, onde estiveram presentes 40 profissionais de oito profisses diferentes e de oito Estados do Brasil. 1982 I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade; Foram iniciadas as primeiras publicaes na rea de Psicomotricidade atravs dos Anais do congresso, dos exemplares IPERA, da prpria Sociedade, alm de revistas como CONTINUIDADE, do CESIR e CORPO E LINGUAGEM, da Editora Jacob, que era dirigida por um dos membros da Sociedade; 1983 Foram criados cursos de Ps-graduao de Psicomotricidade, na Universidade Estcio de S e no Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitao (IBMR), constituindo um passo importante na histria da Psicomotricidade. 1985 Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de Psicomotricidade.

1989 em Julho foi aberto, no IBMR, o curso de formao de Psicomotricidade com durao de 4 anos, a nvel de graduao. Sinopse do Reconhecimento da Psicomotricidade Primeiro com Tissi (1894), com Dupr (1925), depois com Janet (1928), e fundamentalmente com Wallon (1925, 1932 e 1934), a Psicomotricidade ganha definitivamente o reconhecimento institucional.

4 - DESENVOLVIMENTO MOTOR O desenvolvimento motor o resultado da maturao de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central, crescimento dos ossos e msculos. So portanto comportamentos no aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criana tenha condies adequadas para exercitarse. Esses comportamentos no se desenvolvero caso haja algum tipo de distrbio ou doena. Podemos notar que crianas que vivem em creches e que ficam presas em seus beros sem qualquer estimulao no desenvolvero o comportamento de sentar, andar na poca adequada que futuramente apresentaro problemas de coordenao e motricidade. As principais funes psicomotoras um bom desenvolvimento da estruturao do esquema corporal que mostre a evoluo da apresentao da imagem do corpo e o reconhecimento do prprio corpo, evoluo de preenso e da coordenao culomanual que nos proporciona a fixao ocular e prenso e olhar e desenvolvimento da funo tnico e da postura em p e reflexos arcaicos da estruturao espaotemporal (tempo, espao, distncia e retina). Um perfeito desenvolvimento de nosso corpo ocorre no somente mecanicamente, mas sim que so aprendidos e vivenciados junto a famlia, onde a criana aprende a formar a base da noo de seu 'eu corporal'. No podemos esquecer de citar a importncia dos sentimentos da criana na fase do conhecimento de seu prprio corpo, pois um esquema corporal mal estruturado pode determinar na criana um certo desajeitamento e falta de coordenao, se sentindo insegura e isso poder desencadear uma srie de reaes negativas como:

agressividade, mal humor, apatia que s vezes parece ser algo to simples poder originar srios problemas de motricidade que sero manifestados atravs do comportamento.

5 . AS REAS DA PSICOMOTRICIDADE Para fins didticos subdividiremos a psicomotricidade em reas que, embora citadas isoladamente, agiro quase sempre vinculadas umas s outras; entenderemos por "Prtica Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as vrias reas que mencionaremos a seguir: 5.1. REAS PSICOMOTORAS 5.1.1. COMUNICAO E EXPRESSO A linguagem funo de expresso e comunicao do pensamento e funo de socializao. Permite ao indivduo trocar experincias e atuar - verbal e gestualmente - no mundo. Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulao e da respirao, incluem-se nesta rea os exerccios fono articulatrios e respiratrios.

5.1.2. PERCEPO Percepo a capacidade de reconhecer e compreender estmulos recebidos. A percepo est ligada ateno, conscincia e a memria.

Os estmulos que chegam at ns provocam uma sensao que possibilita a percepo e a discriminao. Primeiramente sentimos, atravs dos sentidos: tato, viso, audio, olfato e degustao. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediao entre o sentir e o pensar. E, por fim, discriminamos - reconhecemos as diferenas e semelhanas entre estmulos e percepes. A discriminao que nos permite saber, por exemplo, o que verde e o que azul, e a diferena entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta rea devem auxiliar o desenvolvimento da percepo e da discriminao.

5.1.3. COORDENAO A coordenao motora mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento fsico. Entendida como a unio harmoniosa de movimentos, a coordenao supe

integridade

e

maturao

do

sistema

nervoso.

Subdividiremos a coordenao motora em coordenao dinmica global ou geral, visomanual ou fina e visual.

A coordenao dinmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabea, ombros, braos, pernas, ps, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares diferentes em ao simultnea, com vistas execuo de movimentos voluntrios mais ou menos complexos".

A coordenao visomanual engloba movimentos dos pequenos msculos em harmonia, na execuo de atividades utilizando dedos, mos e pulsos.

A coordenao visual refere-se a movimentos especficos com os olhos nas mais variadas direes.

As atividades psicomotoras propostas para a rea de coordenao esto subdivididas nessas trs reas.

5.1.4. ORIENTAO A orientao ou estruturao espacial/temporal importante no processo de adaptao do indivduo ao ambiente, j que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa necessariamente um espao em um dado momento.

A orientao espacial e temporal corresponde organizao intelectual do meio e est ligada conscincia, memria a s experincias vivenciadas pelo indivduo.

5.1.5. CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE A criana percebe seu prprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo ocupa um espao no ambiente em funo do tempo, capta imagens, recebe sons, sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo centro, o referencial. A noo do corpo est no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e adaptao que temos de nosso corpo e est no centro da relao entre o vivido e o universo. nosso espelho afetivo-somtico ante uma imagem de ns mesmos, do outro e dos objetos.

O esquema corporal, da maneira como se constri e se elabora no decorrer da evoluo da criana, no tem nada a ver com uma tomada de conscincia sucessiva de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabea, iriam pouco a pouco encaixar-se uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente criana da mesma

forma que uma fotografia revelada na cmara escura mostra-se pouco a pouco para o observador, tomando contorno, forma e colorao cada vez mais ntidos. A elaborao e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a evoluo est praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto , ao lado da construo de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto fsico, cujos limites podem ser traados a qualquer momento, existe uma experincia precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvolvimento ulterior da imagem e da representao de si.

O conceito corporal, que o conhecimento intelectual sobre partes e funes; e o esquema corporal, que em nossa mente regula a posio dos msculos e partes do corpo. O esquema corporal inconsciente e se modifica com o tempo. Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, j que a bssola de nosso corpo e assim possibilita nossa situao no ambiente. A lateralidade diz respeito percepo dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada um desses lados visto que sua distino ser manifestada ao longo do desenvolvimento da experincia.

Perceber que o corpo possui dois lados e que um mais utilizado do que o outro o incio da discriminao entre a esquerda e direita. De incio, a criana no distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que os dois braos encontram-se um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mo da outra e um p do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a criana tem noo de suas extremidades direita e esquerda e noo dos rgos pares, apontando sua localizao em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos, etc.). Aos sete anos, sabe com preciso quais so as partes direita e esquerda de seu corpo.

As atividades psicomotoras auxiliam a criana a adquirir boa noo de espao e lateralidade e boa orientao com relao a seu corpo, aos objetos, s pessoas e aos sinais grficos.

Alguns estudiosos preferem tratar a questo da lateralidade como parte da orientao espacial e no como parte do conhecimento corporal.

5.1.6. HABILIDADES CONCEITUAIS

A matemtica pode ser considerada uma linguagem cuja funo expressar relaes de quantidade, espao, tamanho, ordem, distncia, etc.

A medida em que brinca com formas, quebra-cabeas, caixas ou panelas, a criana adquire uma viso dos conceitos pr-simblicos de tamanho, nmero e forma. Ela enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre seqncia e ordem; aprende frases: acabou, no mais, muito, o que amplia suas idias de quantidade. A criana progride na medida do conhecimento lgico-matemtico, pela

coordenao das relaes que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se construa o conhecimento fsico (referente a cor, peso, etc.), a criana necessita ter um sistema de referncia lgico-matemtico que lhe possibilite relacionar novas observaes com o conhecimento j existente; por exemplo: para perceber que um peixe vermelho, ela necessita um esquema classificatrio para distinguir o vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatrio para distinguir o peixe de todos os demais objetos que conhece.

5.1.7. HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAO

As habilidades psicomotoras so essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetizao. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como: dominncia manual j estabelecida (rea de lateralidade); conhecimento numrico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas existem nas letras m e n, ou quantas slabas formam uma palavra (rea de habilidades conceituais); movimentao dos olhos da esquerda para a direita, domnio de movimentos delicados adequados escrita, acompanhamento das linhas de uma pgina com os olhos ou os dedos, preenso adequada para segurar lpis e papel e para folhear (rea de coordenao visual e manual); discriminao de sons (rea de percepo auditiva); adequao da escrita s dimenses do papel, reconhecimento das diferenas dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientao da leitura e da escrita da esquerda para a direita, manuteno da proporo de altura e largura das letras, manuteno de espao entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (reas de percepo visual, orientao espacial, lateralidade, habilidades conceituais);

pronncia adequada de vogais, consoantes, slabas, palavras (rea de comunicao e expresso); noo de linearidade da disposio sucessiva de letras, slabas e palavras (rea de orientao tmporo-espacial); capacidade de decompor palavras em slabas e letras (anlise); possibilidade de reunir letras e slabas para formar novas palavras (sntese).

6. Distrbios Psicomotores "O que no percebeu, negais que exista; o que no calculastes, mentira; o que vs no pensastes, no tem peso, metal que no cunhais, dizeis que falso." (Goethe) Que h com ela? O que acontece com essa criana desajeitada? Porque, apesar de sua aparncia cheia de torpor e inabilidade, quando consegue aproximar-se, mostrase com encanto e interesse? O que h com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se pelas escadas ao invs de desce-las, ou morria de medo como se fosse um grande empreendimento... escal-las e no apenas subi-las. E vestir-se... O que seria a manga, onde estariam os braos, as pernas das calas? Enfiam-se pela cabea? Por que existem laos de sapato? Para atormentar crianas? Ou talvez, a sua me que, desoladamente, contempla sua dificuldade? E um caderno? Comea-se de que lado? Por que as coisas so assim? Que estranho este mundo de lados que no tem lados... O que h com esta criana? Seus movimentos so desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apoiam duramente o calcanhar no solo. Quando crianas custam a aprender a subir e descer escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais geralmente so ridicularizadas e afastadas: t-las como parceiras perder na certa. Tal ser uma questo e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres, para todos ns. Como entend-lo. Como ajud-lo? DEFINIO DE DISTRBIO PSICOMOTOR A criana descrita na histria acima apresenta um distrbio de motricidade: uma dispraxia. Praxias: So sistemas de movimentos coordenados em funo de um resultado ou

de uma inteno. No so nem reflexos, nem automatismos, nem movimentos involuntrios. O estudo sobre os distrbios das praxias foram primeiramente, sistematizados em adultos. Estas perturbaes consistiam em perda ou alteraes do ato voluntrio, como de leso no sistema nervoso central. So as apraxias. Pesquisas foram desenvolvidas com crianas que mostraram serem algumas delas portadoras de um determinado distrbio cujos sintomas assemelhavam-se aos adultos. Por outro lado mesmo existindo a leso, ela incidia sobre um crebro ainda em desenvolvimento e portanto em condies diferentes a dos adultos. A partir destas consideraes e da preocupao em estabelecer-se uma psicopatologia diferencial da criana e do adulto passa-se a encontrar, na literatura, a denominao de dispraxia ou apraxia de evoluo quando se trata de distrbios das praxias na criana. Apraxia aparece referindo-se ao distrbio infantil. Classificao das apraxias. Distinguem trs variedades: a) Apraxia sensrio-cintica - que se caracteriza pela alterao da sntese sensriomotora como a desautomatizao do gesto. No h nela distrbios de representao do ato. b) Apracto-somato-gnosia espacial - caracterizada por uma desorganizao do esquema corporal e do espao. c) Apraxia de formulao simblica que se caracteriza por uma desorganizao da atividade simblica e da compreenso da linguagem. A finalidade de estabelecer os diferentes tipos de distrbios. ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTRBIO PSICOMOTOR Debilidade Motora uma condio patolgica da mobilidade, s vezes hereditria e familiar, caracterizada pela exagerao dos reflexos tendinosos, uma perturbao do reflexo plantar, um desajeito dos movimentos voluntrios intencionais que levam a impossibilidade de realizar voluntariamente a ao muscular. Distrbio Psicomotor: significa um transtorno que atinge a unidade indissocivel, formada pela inteligncia, pela afetividade e pela motricidade. Paratonia: a possibilidade que apresentam certas crianas de relaxar voluntariamente um msculo. Sincinesias: So fenmenos normais em crianas. Catalepsia: uma aptido anormal para a conservao de uma atitude.

Outros sinais so marcados como certas epilepsias, espasmos dos msculos lisos, alguns estados de excitao e de agitao e a instabilidade. Assim muitos anos, os distrbios de psicomotricidade e portanto, as dispraxias, foram vistos sob o nome de debilidade motora que uma insuficincia de imperfeio das funes motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptao. Os distrbios da Psicomotricidade definido sob o nome de Disfunes Psicomotoras. Pesquisas feitas com crianas deficientes mentais focalizando os processos que estariam na base das deficincias da aprendizagem. Adotaram a classificao das deficincias mentais, proposta por Straus (1933) em endgenas aquelas crianas com antecedentes familiares de distrbios mentais; em exgenas as crianas portadoras de leso cerebral.

LEVIN,

Esteban.

A

infncia

em

cena.

Petrpolis:

Vozes,

1997.

FONSECA, Victor da. Psicomotricidade: perspectivas multidisciplinares. Porto Alegre: Artmed, 2004. FONSECA, Vitor. Manual de Observao Psicomotora. Porto Alegre: Artmed, 1995. GALVO, Isabel. Henri Wallon: Uma concepo dialtica do desenvolvimento infantil. Petrpolis, Rio de Janeiro: Vozes,2004.

LE BOULCH, O desenvolvimento psicomotor. Porto Alegre: Artmed, 1992 LEVIN, Esteban. A clnica psicomotora: o corpo na linguagem. Petrpolis: Vozes, 1995. WALLON, H. A evoluo psicolgica da criana. Lisboa: Edies 70, 1981. BIBLIOGRAFIA: Ajuriaguerra, Julian de / Geraldes, Paulo Cesar / Alves, Sonia Regina Pacheco. Manual de psiquiatria infantil. Masson do Brasil. (1983) Sao Paulo. Cdu: 616.89-053.2 Cutter: A312m.

Bueno,

Jocian

Machado.

Psicomotricidade:

teoria

e

pratica:

estimulacao, educacao e reeducacao psicomotora com atividades aquaticas. Lovise. (1998) Sao Paulo. Cdu: 159.9:612.7 Cutter: B928p.

Figueiredo, Luis Claudio. Modos de subjetivacao no Brasil e outros escritos. Escuta. (1995) Sao Paulo. Cdu: 165.42 Cutter: F475m.

Fonseca, Vitor da. Manual de observacao psicomotora; significacao psiconeurologica dos fatores psicomotores. Artes Medicas. (1995) Porto Alegre. Cdu: 159.9:612.7 Cutter: F676m.

Jerusalinsky, Alfredo. Psicanalise e desenvolvimento infantil. Artes Medicas. (1984) . Cdu: 159.964.2-053.2 Cutter: P974p.

Le Camus, Jean. O Corpo em discussao; da reeducacao psicomotora as terapias de mediacao corporal. Artes Medicas. (1986) Porto Alegre. Cdu: 159.9:612.7 Cutter: L455c.

Levin, Esteban / Jerusalinsky, Julieta. A Clinica psicomotora: o corpo na linguagem. Vozes. 4a ed. (2001) Petropolis. Cdu: 159.9:612.7 Cutter: L665c.

Levin, Esteban / Orth, Lucia Endlich / Alves, Ephraim Ferreira. A Infancia em cena: construcao do sujeito e desenvolvimento psicomotor. Vozes. 2a ed. (1998) Petropolis. Cdu: 159.9:612.7 Cutter: L665i.

Levin, Esteban / Rosenbusch, Ricardo. A funcao do filho : espelhos e labirintos da infancia. Vozes. (2001) Petropolis. Cdu: 159.922.7 Cutter: L665f.

ANEXOS

ASSOCIAO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE CDIGO DE TICA DO PSICOMOTRICISTA

Introduo Os princpios ticos que orientam nossa atuao, tambm, fundamentam nossa imagem. O presente Cdigo de tica rene as diretrizes que devem ser observadas em nossa ao profissional, para atingirmos padres ticos cada vez mais elevados no exerccio de nossas atividades.Reflete nossa identidade cultural e os compromissos que assumimos no mercado em que atuamos. Abrangncia Este Cdigo de tica um instrumento norteador das prticas psicomotoras, e, pertence e aplica-se a todos os scios desta Associao, at que a profisso seja regulamentada, estando o mesmo j anexado ao Projeto de Lei. CAPTULO I Dos Princpios Art 1 - A Psicomotricidade uma cincia que tem como objetivo, o estudo do homem atravs do seu corpo em movimento, em relao ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Est relacionada ao processo de maturao, onde o corpo a origem das aquisies cognitivas, afetivas e orgnicas. Psicomotricidade, portanto, um termo empregado para uma concepo de movimento organizado e integrado, em funo das experincias vividas pelo sujeito, cuja ao resultante de sua individualidade e sua socializao. Art 2 - Podem intitular-se Psicomotricistas e, nesta qualidade, exercer profissionalmente essa atividade em todo territrio Nacional, os seguintes profissionais: Graduados na rea de Sade e/ou Educao, os Titulados que se enquadrem no Estatuto regulamentador da A.B.P. - Associao Brasileira de Psicomotricidade, e / ou assemelhados. Art 3 - Os Psicomotricistas devem ter como objetivo bsico, promover o desenvolvimento das pessoas sob seu atendimento profissional devendo utilizar

todos os recursos tcnicos teraputicos disponveis (principalmente a interdisciplinaridade) e proporcionar o melhor servio possvel. Art 4 - O Psicomotricista deve exercer a Psicomotricidade com exata compreenso de sua responsabilidade, atendendo a nvel educativo e clnico, sem distino de ordem poltica, nacionalidade, cor ou credo e tendo o direito de receber remunerao pelo prprio trabalho. Art 5 - O trabalho do Psicomotricista prestado s Instituies, comprovadamente filantrpicas e sem fins lucrativos, poder ser gratuito. CAPTULO II Das responsabilidades Gerais do Psicomotricista Art 6 - So deveres Gerais do Psicomotricista a) Esforar-se por obter eficincia mxima em seus servios, mantendo-se atualizado quanto aos conhecimentos cientficos e tcnicos, necessrios ao pleno desempenho da atividade; b) Assumir, por responsabilidade, somente as tarefas para as quais esteja habilitado;

c) Recorrer a outros especialistas, sempre que for necessrio; d) Colaborar para o progresso da Psicomotricidade como cincia e como futura profisso; e) Colaborar sempre que possvel, e desinteressadamente, em campanhas de Educao e Sade, que visem difundir princpios da Psicomotricidade, teis ao bem estar da coletividade; f) Resguardar a privacidade do cliente. Art 7 - Ao Psicomotricista Vedado:

a) Usar ttulos que no possua, ou, anunciar especialidades para as quais no esteja habilitado; b) Fornecer diagnstico em Psicomotricidade, sem conhecimento prvio do paciente, atravs de qualquer meio de comunicao. c) Realizar atendimento em Psicomotricidade, atravs de qualquer veculo de comunicao; d) Praticar atos que impliquem na mercantilizao da Psicomotricidade; e) Acumpliciar-se, por qualquer forma, com pessoas que exeram ilegalmente esta atividade; f) Avaliar ou tratar distrbios da Psicomotricidade, a no ser no relacionamento profissional; g) Usar pessoas no habilitadas para a realizao de prticas em substituio sua prpria atividade; CAPTULO III cliente Das responsabilidades para com o cliente Art 8 - Define-se como cliente, a pessoa, entidade ou organizao a quem o Psicomotricista preste servios profissionais e em benefcio do qual, dever agir com o mximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.

Art 9 - So deveres dos Psicomotricistas nas suas relaes com os seus clientes: a) Informar ao cliente e ou a seu representante legal, sobre resultados obtidos na avaliao de Psicomotricidade: objetivos do tratamento previsto e sua orientao, a fim de que o cliente possa decidir-se pela aceitao ou no do tratamento indicado;

b) Informar Instituio Educacional, sobre o projeto a ser desenvolvido, seus objetivos gerais e especficos, dar orientao equipe educacional, a serem seguidas, e sobre os resultados obtidos aps interveno teraputica; c) Limitar o n de seus clientes, respeitando as normas da tcnica e prtica da Psicomotricidade, visando a eficcia do atendimento; d) Esclarecer ao cliente, sobre os possveis prejuzos de uma interrupo do tratamento que vem recebendo, ficando isento de qualquer responsabilidade; e) Certificar-se da realizao do diagnstico de outras especialidades ao assumir compromisso teraputico com seu cliente, e, encaminh-lo, quando se fizer necessrio, para os especialistas adequados; f) Garantir a privacidade do atendimento realizado, impedindo a presena de elementos alheios na sala de atendimento, a no ser com autorizao prvia documentada. Art 10 - Ao Psicomotricista, em sua relao com o cliente, vedado: a) Prolongar desnecessariamente o tratamento ou prestao de servio; b) Garantir resultados de qualquer procedimento teraputico ou interveno institucional, atravs de mtodos infalveis sensacionalistas, ou de contedo inverdico; c) Emitir parecer, laudo ou relatrio, que no correspondam a veracidade dos fatos;

d) Usar para fins meramente promocionais e/ou comerciais, pessoas ou instituies a quem prestar servios profissionais; e) Usar pessoas ou instituies para fins de ensino ou pesquisa, sem seu consentimento expresso e documentado, ou de seu representante legal;

f) Dar diagnstico clnico de qualquer patologia que no seja da rea da psicomotricidade, assim como, promover qualquer interveno, tambm, fora da rea da psicomotricidade; CAPTULO IV Das relaes com outros Psicomotricistas: Art 11 - O Psicomotricista deve ter para com seus colegas, a considerao, o apreo e a solidariedade, que refletem a harmonia da classe e lhe aumentem o conceito pblico. Art 12 - O Psicomotricista, quando solicitado, dever colaborar com seus colegas e apresentar-lhes servios profissionais, salvo impossibilidade de motivo relevante. Art 13 - O esprito de solidariedade, no pode levar o Psicomotricista a ser conivente com ato ilcito praticado por colega. Art 14 - O Psicomotricista atender o cliente que esteja sendo assistido por um colega, somente nas seguintes situaes: a) A pedido do prprio colega; b) Se for procurado, espontaneamente pelo cliente, dando cincia ao colega e atuando em comum acordo. Art 15 O Psicomotricista, em relao ao colega, vedado: a) Emitir julgamento depreciativo sobre o exerccio da profisso, ressalvadas as comunicaes de irregularidade, transmitidas ao rgo competente; b) Explor-lo profissionalmente e financeiramente; c) Avaliar os servios prestados pelo colega, para determinar sua eficcia. CAPTULO V Das responsabilidades e relaes com as instituies empregatcias e outras

Art 16 - O Psicomotricista funcionrio de uma organizao, deve sujeitar-se aos padres gerais da instituio, salvo quando o regulamento ou costumes ali vigentes contrarie sua conscincia profissional e os princpios e normas deste Cdigo. Art 17 - O Psicomotricista poder formular junto s autoridades competentes, crticas aos servios pblicos ou privados, com o fim de preservar o bom atendimento da psicomotricidade e o bem estar do cliente. Art 18 - O Psicomotricista no cargo de direo ou chefia, dever preservar normas bsicas eficcia do exerccio da Psicomotricidade, respeitando os interesses da classe. CAPTULO VI Das relaes com outros profissionais Art 19 - O Psicomotricista procurar desenvolver boas relaes com os componentes de outras reas, observando para esse fim o seguinte: a) Trabalhar nos restritos limites das suas atividades; b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especializao profissional, encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento. Art 20 - O Psicomotricista, nas suas relaes com outros profissionais, dever manter elevado conceito e padres de seu prprio trabalho; Art 21 - O Psicomotricista dever estabelecer e manter o relacionamento harmonioso com os colegas de outras profisses, informando-os: a) A respeito de servio de psicomotricidade; b) Emitindo parecer em Psicomotricidade sobre seus clientes, a fim de contribuir para a ao teraputica da outra profisso.

CAPTULO VII Das relaes com as Associaes congregantes, representativas dos Psicomotricistas. Art 22 - O Psicomotricista procurar filiar-se s Associaes que tenham como finalidade, a difuso e o aprimoramento da Psicomotricidade como cincia, bem como os interesses da classe. Art 23 - O Psicomotricista dever apoiar as iniciativas e os movimentos de defesa dos interesses morais e materiais da classe, atravs dos seus rgos representativos. CAPTULO VIII Do sigilo profissional Art 24 - O Psicomotricista est obrigado a guardar segredo sobre fatos que tenha conhecido, em decorrncia do exerccio de sua atividade. Pargrafo nico - no se constitui quebra de sigilo, informaes a outro profissional envolvido com o caso, ou, no cumprimento de determinao do poder Judicirio. Art.25 - O psicomotricista no poder, em anncios, inserir fotografias, nomes, iniciais de nomes, endereos, ou qualquer outro elemento que identifique o cliente, devendo adotar o mesmo critrio nos relatos ou publicaes, em sociedades cientificas e jornais.Salvo com autorizao livre e esclarecida, devidamente documentada. CAPTULO IX vedado ao Psicomotricista: a) Apresentar, como original, qualquer idia descoberta, ou ilustraes, que, na realidade, no o sejam;

b) Anunciar na recuperao de clientes, sobretudo em casos considerados impossveis o emprego de mtodos infalveis ou secretos, de tratamento.

CAPTULO XI Dos honorrios profissionais Art.26 Art.26 - O piso dos honorrios devero ser estabelecidos pelo Conselho profissional, logo que a profisso for regulamentada. CAPTULO XII Das disposies gerais Art.27 - As dvidas na observncia deste Cdigo e os casos omissos encaminhados pelos Captulos Regionais da A.B.P.- Associao Brasileira de Psicomotricidade, sero apreciados pela A.B.P. - Colgio Nacional. Art.28 - Compete a A.B.P.- Associao Brasileira de Psicomotricidade, firmar jurisprudncia nos casos omissos e faz-los incorporarem-se neste Cdigo. Art.28 - O presente Cdigo de tica, elaborado pela A.B.P. -Associao Brasileira de Psicomotricidade, entrar em vigor na data de sua substituio, no Registro de Pessoas Jurdicas e/ou de sua publicao no Dirio Oficial da Unio. Art.34 - Cumprir e fazer cumprir este Cdigo, dever de todo Psicomotricista. Bibliografia: Cdigo de tica Mdica Cdigo de tica da Fonoaudiologia Cdigo de tica Profissional de Psicologia

Teorias e Exerccios em Psicomotricidade ESQUEMA CORPORAL Conhecimento intuitivo imediato que a criana tem do prprio corpo, conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuao da criana sobre as partes do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam. Exerccio 1 : Reconhecendo as partes essenciais do corpo - O profissional diz os nomes das seguintes partes do corpo: cabea, peito, barriga, braos, pernas, ps, explorando uma parte por vez. A criana mostra em si mesma a parte mencionada pelo profissional, respeitando o nome que designa. Primeiramente o

trabalho dever ser realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados. Olhos abertos: Aprendizado. Olhos fechados: Quando dominar as partes do corpo. Exerccio 2: A criana dever reconhecer tambm as partes do rosto: nariz, olhos, boca, queixo, sombrancelhas, clios, trabalhar tambm com os dedos com a mo apoiada sobre a mesa a criana dever apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor, os nomes dos dedos so ensinados a criana pedindo que ela levante um a um dizendo os respectivos nomes dos dedos. Exerccio 3: Trabalhar com os olhos - Em p ou sentado a criana acompanha com os olhos sem mexer a cabea, a trajetria de um objeto que se desloca no espao. Exerccio 4: Sentir os rins - Deitada com as pernas estendidas e as mos sobre os rins a criana dobra os joelhos e encosta-os no peito. Comentar com a criana que a parte do corpo que se apoia com fora sobre suas mos chama-se rins. Exerccio 5: Automatizando a noo de direita e esquerda Conhecendo a direita e a esquerda do prprio corpo mostrar a criana qual a sua mo direita e qual a sua mo esquerda. Dominando este conceito, realizar o exerccio em etapas: - fechar com fora a mo direita; - depois a esquerda; - Levantar o brao direito; - depois o esquerdo; - bater o p esquerdo; - depois o direito; - mostrar o olho direito; - depois o esquerdo; - mostrar a orelha direita; - depois a esquerda; - levantar a perna esquerda; - depois a direita. Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criana estiver dominando o exerccio trabalhar com os olhos fechados. Exerccio 6: Localizando elementos na sala de aula. A criana dever dizer de que lado est a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relao a si mesma. Durante a realizao do exerccio, no deixar a criana cruzar os braos, pois isso dificulta sua orientao espacial.COORDENAO CULO-MANUAL

A finalidade dos exerccios de coordenao culo-manual tm como finalidade o domnio do campo visual, associada a motricidade fina das mos. Exerccio - Realizar este jogo em duas etapas: A criana bate a bola no cho, apanhando-a inicialmente com as duas mos, e depois ora com a mo direita, ora com a mo esquerda. No incio a criana dever trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor determinar

previamente com qual das mos a criana dever apanhar a bola. A criana joga a bola para o alto com as duas mos, apanhando-a com as duas mos tambm. Em seguida, joga a bola para o alto com uma s mo, apanhandoa com uma s mo tambm. Variar o uso das mos. Ora com a direita ora com a esquerda. Jogo de Pontaria no Cho - Desenhar um crculo no cho ou utilizar um arco. As crianas devero jogar a bola dentro do crculo. Aumentar gradativametne a distncia. Variar jogando a bola na frente, atrs, do lado esquerdo, do lado direito do crculo. COORDENAO DINMICA GERAL Estes exerccios possuem a funo de equilbrio que a base essencial da coordenao dinmica geral que possuem a finalidade de melhorar o comando nervoso, a preciso motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo e no espao. Constituem-se de exerccios de marchas e saltos. Apresentamos exerccios em que a criana a nvel de experincias vividas, manipula conceitos espaciais importantes para o seu preparo para a alfabetizao. Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrs, na frente, entre, perto, longe, maior, menor; so vivenciados atravs de movimentos especficos. A partir da propomos exerccios com maior intensidade. Se coloca a medio de um raciocnio, de uma reflexo sobre os dados vivenciados no primeiro nvel. Dessa forma permite a criana passar para a etapa de estruturao temporal requerida para o aprendizado da leitura e da escrita. Exerccio: Andando, saltando e equilibrando-se. 1. Andando de cabea erguida A criana anda com um objeto sobre a cabea ( pode ser um livro de capa dura). Dominada esta etapa a criana para, levanta uma perna formando um angulo de noventa graus e coloca-se lentamente no cho. O mesmo trabalho dever ser feito com a outra perna. 2. Quem alcana ? O professor segura um objeto a uma determinada altura (pode ser um lpis, uma bola ) a criana dever saltar para alcana-lo . Inicialmente fazer o exerccio em p, depois de ccoras.MOTRICIDADE FINA DAS MOS E DOS DEDOS

Os exerccios de motricidade fina so muito importantes para a criana, na medida em que educam gesto requerido para a escrita, evitando a apreenso e a priso inadequados que tanto prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma experincia aversiva a criana. CUIDANDO DAS MOS Exerccio de Motricidade Fina : Trabalhando s com os braos - Este exerccio tem como objetivo desenvolver a independncia segmentar do brao em relao ao tronco, o que beneficia e facilita o trabalho da mo no ato de escrever. Apresentamos uma srie de

grficos (traados) que o professor dever reproduzir em tamanho grande no quadro de giz ou program-los em cartes. As crianas por sua vez devero reproduz-los com gestos executados no ar. AMASSANDO A MASSA Fazendo Bolas de Massa - O professor distribui a classe bolas de massa de tamanhos variados (usar massa para modelar) sentada, com o cotovelo apoiado sobre a carteira, a mo para o alto, a criana aperta as bolas de massa com fora, amassando-as. Orientar a criana para que trabalhe com dois dedos por vez. Trabalhar primeiro uma das mos, depois com a outra e, finalmente, com as duas juntas. Fazendo as bolas de massa - Realizar o mesmo trabalho do exerccio anterior, neste caso, porm a massa apresentada em forma de disco, com a qual a criana dever fazer uma bola. ORGANIZAO E ESTRUTURAO TEMPORAL Esse mediador trabalha com noes importantes para o aprendizado da escrita e particularmente da leitura, favorecem o desenvolvimento da atuao da memria. A estruturao temporal fornecer as possibilidades de alfabetizar-se. Exerccio: Reproduzindo ritmos com as mos. O professor executa um determinado ritmo, seguindo algumas estruturas rtmicas (.. ... ...) por exemplo, batendo a mo sobre a carteira, durante um certo tempo, a criana apenas escuta, depois reproduz o rtmico executado pelo professor, batendo a mo sobre a carteira tambm. Variar o ritmo. Lento, normal e rpido. Fazer o exerccio inicialmente com os olhos abertos e em seguida, de olhos fechados. EXERCCIO DE ORGANIZAO E ESTRUTURAO ESPACIAL Deslocando um objeto no espao, a criana coloca um objeto qualquer ora a sua frente, ora atrs, ora a direita, ora a esquerda, segundo o comando do professor.