2 psicomotricidade onto

ONTOGÊNESE DA MOTRICIDADE

PSICOMOTRICIDADE

Rockson PessoaProf. Esp. Neuropsicologia

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Ontogênese

Ontogenia (ou ontogênese) (ontos "ser", genesis "criação"). Estudo das origens e desenvolvimento de um organismo desde o embrião (ovo fertilizado), dos diferentes estágios até sua plena forma desenvolvida. A ontogenia é estudada em biologia do desenvolvimento.

A ontogênese da motricidade é fruto de um processo embrionário complexo, ou melhor de um desenvolvimento intra-uterino;

As origens do comportamento humano, e por conseguinte da ontogênese da motricidade, encontram-se na embriologia e na neonatologia.

Ontogênese

Para tal é extrema importância os estudos da concepção, fecundação, nidação e gestação do zigoto, por onde um ser humano único e determinado, começa a sua vida;

O nascimento da vida humana dá-se a partir do momento em que duas células sexuais incompletas – óvulo da mãe e o espermatozóide do pai se juntam em uma célula, denominada zigoto.

Embriologia

Embriologia

O zigoto contém a informação genética que determinará o crescimento pré-natal, bem como todo o crescimento morfológico;

Crescimento este que se prolongará preferencialmente até por volta de 15 a 16 anos de idade.

Embriologia

A embriologia permite o estudo sistemático que é minucioso dos estados ontogenéticos do crescimento;

Crescimento este que por definição, deve ser entendido como irregular, assíncrono, diferenciado e hierarquizado.

Embriologia

A embriologia compreende, portanto o estudo do desenvolvimento humano, quer nos aspectos morfológicos, quer nos aspectos químicos e fisiológicos;

Para Darwin, o embrião “é o representante mais ou menos obscuro dos antepassados de quaisquer membros da mesma classe”.

Embriologia

Porque a embriologia empresta uma significativa clarificação ao problema filogênese-ontogênese, tentamos integrá-la neste nosso ensaio psicobiológico;

É esta embriologia que visa o estudo da organização, estruturação e função morfológica somática e da energia dos agentes genéticos de crescimento.

Embriologia

Ela permite-nos o estudo da neurobiologia dos comportamentos, das cartas de motricidade, dos índices de maturidade e das escalas de desenvolvimento;

A embriologia, em outras palavras, procura “inventariar”, passo a passo, os comportamentos que se iniciam na concepção e originam a formação sequencial do zigoto, do embrião, do feto, do prematuro, do recém-nascido, da criança etc.

Período Pré - Embrionário

Período Pré-embrionário

Durante este período pré-embrionário, observa-se a disposição dos folhetos embrionários, que advém da diferenciação-especialização do blastócito;

Que ocupam posições normalmente delimitadas em duas zonas fundamentais: ectoderme (exterior) e endoderme (interior), formando o disco embrionário.


No primeiro mês de desenvolvimento, o embrião possui três camadas de células em especialização:

1 – camada externa – ectoderme - que formará a pele, os pelos, as glandulas sebáceas e sudoríparas, o sistema nervoso periférico, o sistema nervoso central, o esmalte dentário, a retina, a córnea, o cristalino, o nervo ótico, a hipófise etc.


2 – Camada intermediária – mesoderme – que formará músculos, ossos, coluna vertebral, veias, artérias, órgãos genitais, tecido conjuntivo, córtex suprarrenal, rins, miocárdio, gânglios linfátics, baço, sangue etc;

3 – Camada interna – endoderme – que formará o epitélio do tubo digestivo (exceto boca e ânus), o epitélio respiratório (traquéia, brônquios e alvéolos), a trompa de Eustáquio, a bexiga, a tireóide, o timo etc.


A formação do sistema nervoso está mais ou menos estabelecida em três setores primordiais: prosencéfalo, mesencéfalo e robencéfalo;

A ectoderma tende a engrossar e a enrugar-se, formando um tubo – tubo neural – onde vai formar o cérebro (extremidade cefálica), mais tarde a medula (extremidade caudal) e, posteriormente, os nervos e ventrículos.

Período Embrionário(Do primeiro ao segundo mês)


Neste período, o desenvolvimento embrionário adquire proporções importantes. A coluna vertebral começa por se desenvolver a partir dos mesoblastos, dos quais vão surgir os ligamentos, os tendões, as aponevroses, os músculos e os ossos;

No 24º dia, surge o prosencéfalo, no 30º, formam-se os olhos; no 33º, as retinas pigmentadas acabam de se formar; no 38º, aparece a córnea e a íris; no 40º, surgem as orelhas etc.


Durante esta fase, a cabeça ocupa metade de todo o tamanho do corpo, daí a sua importância e sua prioridade embrionária e evolutiva;

Os dois hemisférios cerebrais estão já formados, e as suas três grandes divisões (anterior, média e posterior) já se reconhecem.


A pia e dura máter desenvolvem-se, protegendo o cérebro, e os nervos cranianos começam a despontar;

No fim do segundo mês, o cérebro já controla os primeiros movimentos. À medida que o cérebro se desenvolve, os pontos de ossificação do crânio iniciam a sua maturação


Ao fim de oito semanas os membros superiores e inferiores cresceram suficientemente e ao fim do segundo mês, esboçam as primeiras pedaladas;

Os músculos começam a sua atividade motora. Os órgãos interiores, estômago e fígado, iniciam as suas funções. Os órgãos sexuais primitivos passam a formar-se e diferenciar-se.

Período Fetal (Dos dois aos nove meses)


No terceiro mês:

O feto tem 17 cm. Nesse período surgem os movimentos de flutuação com fixação na “âncora” do cordão umbilical, à semelhança de um “astronauta” no espaço amniótico: o bebê é um “intranauta”;

A atividade neuromuscular inicial surge e a ontogênese da motricidade inicia seus passos.


A neurogênese sofre a seguinte a evolução:

Atividade espontânea, estimulada e evocada;Inputs sensoriais;Padrões de comportamentos pré-natais;Generalização e especificação do

desenvolvimento intrauterino.


A atividade neuromotora é a base da ontogênese da motricidade. A motricidade começa por ser global e espontânea e tende a uma motricidade localizada e selecionada;

Vai do simples ao complexo, do menos organizado ao mais organizado. Os movimentos espontâneos de “pontepear”, de “nadar”, de “torcer”, de “pivotar” etc. São características desta fase.


Quinto e sexto meses:

Controle muscular dos olhos é evidente;O feto explora a “piscina uterina” por meio de

movimentos simétricos;Se observam posturas de hipotonia global e uma

hiperextensibilidade;Extensões e as flexões bruscas e esperádicas são

frequentes;Comportamento de chupar o polegar pode surgir

também.


Sétimo, oitavo e nono meses:

A motricidade fetal pode ser detectada por uma simples palpação da parede abdominal, na medida em que o espaço uterino disponível se encontra quase totalmente ocupado, a motricidade é viva e a mais localizada e eficaz;

A “cambalhota” final, com colocação cefálica, vai preparando o terreno para a ultrapassagem que culmina no parto.


A postura predominante é caracterizada pela flexão da coluna e pela flexão dos membros – há de se ocupar o mínimo espaço uterino possível;

Persiste uma postura de flexão característica, mesmo do recém-nascido, em que se verifica a hipertonia das extremidades;

Por outro lado, subsiste uma hipotonia da coluna, o que favorece de novo a postura fetal de flexão.


Por volta do oitavo mês:

Movimentos espontâneos amplos;Automatismos primários prestes a funcionar;Recepções auditivas manifestam-se;Sinergia entre os olhos e a cabeça;A motricidade fetal vai diminuindo pela falta

de espaço no útero.


Entre o oitavo e nono meses:

O desenvolvimento do sistema nervoso envolve a extensão dos axônios e a arborização dendrítica, bem como a modificação das sinapses e a aquisição das bainhas protetoras de mielina, refletindo uma produção de efeitos químicos mais ativada e adequada;


Ao final dos nove meses...

O corpo ajusta-se a forte compressão uterina;A adaptação à vida aérea acelera-se e

consolida-se;O córtex ainda não é excitável, mas o feto

está maduro;

Por fim, temos o nascimento e todas as suas repercussões na vida do então agora bebê.

Referências

Fonseca, V. (2009). Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e Retrogênese. – 3.ed. - Rio de Janeiro: Wak editora.

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