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_____________________________________________________________________________ A Europa e os migrantes no séc. XXI Sofia Machado Coimbra, 2012

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 _____________________________________________________________________________ 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Europa e os migrantes no séc. XXI  

 

Sofia Machado 

Coimbra, 2012

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Índice  

1.Introdução .........................................................................................................   1 

2.Estado das Artes ................................................................................................   2  

    2.1.Razões que levam as pessoas a emigrar .....................................   2 

    2.2.Portugal: Da emigração à imigração ............................................   4 

    2.3.Políticas Migratórias ....................................................................   9 

    2.4.Integração dos Imigrantes ...........................................................   11 

    2.5.Serviço de Estrangeiros e Fronteiras ...........................................   12 

3.Descrição Detalhada da Pesquisa ......................................................................   13 

4.Ficha de Leitura .................................................................................................   14 

5.Avaliação da Página da Internet ........................................................................   32 

6.Conclusão ..........................................................................................................   34 

7.Referências Bibliográficas ..................................................................................   35 

 

 

 

 

 

 

ANEXO A 

Página da Internet avaliada 

 

 

Anexo B 

Texto de suporte da ficha de leitura 

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1  

1.Introdução   No âmbito do regime da avaliação contínua da unidade curricular de Fontes de 

Informação  Sociológica,  leccionada  pelo  Professor  Doutor  Paulo  Peixoto,  foram 

propostos  por  este  vários  temas  para  serem  desenvolvidos  pelos  alunos  para  o 

trabalho da referida cadeira. 

  A minha escolha  recaiu  sobre o  segundo  tema:  “A Europa e os migrantes no 

séc. XXI”, pois é um assunto bastante actual e preocupante.  

Neste  trabalho  irei  falar  das  razões  que  levam  as  pessoas  a  emigrar,  das 

políticas  de  imigração,  das  políticas  de  integração  dos  imigrantes  no  país  de 

acolhimento, da luta dos migrantes contra a precaridade e de outros pontos mais que 

importam referir. 

  Entre finais dos anos 1970 e 1980 Portugal, “de um país de emigração passou a 

ser cada vez mais um país de imigração, mesmo que convivendo continuamente com a 

saída  de  nacionais  para  o  exterior”  (Machado,  2011).  Esta  mudança  de  perfil 

populacional provocou algumas alterações nas leis de entrada, permanência e saída de 

estrangeiros  por  parte  do  Estado  Português.  São  também  estas mudanças  que  vou 

destacar neste meu trabalho sobre a Migração. 

  Este  tema  “está  nas  primeiras  páginas  dos  jornais,  frequenta  os  cafés  e 

barbearias, aparece nos  telejornais, é assunto de vizinhas nos  subúrbios, vai à praia 

aos domingos, está no nosso ambiente de  trabalho e,  sobretudo, é  tema  fulcral nos 

debates políticos…” (Alvarenga apud AAVV, 2002:21‐22). 

 

 

 

 

 

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2  

2.Estado das Artes  

2.1.Razões que levam as pessoas a emigrar   Num Mundo  cada  vez mais  globalizado  seria de prever uma maior  aceitação 

desta realidade das migrações. Contudo, a verdade, é que tal nem sempre acontece. 

  Talvez  tenham  razão  aqueles  que  acreditam  no  “efeito  perverso”  da 

globalização e que a consideram como um dos principais  factores  responsáveis pelo 

facto de milhões de pessoas estarem dispostos a partir em busca de novas condições 

de vida. 

  Para  analisarmos  este  fenómeno  importa  tomar  como  ponto  de  partida  as 

razões que  levam as pessoas a “abandonar” os seus familiares, a sua comunidade e a 

emigrar, neste caso concreto, para a Europa. 

  É evidente que a principal motivação prende‐se com o facto de tentarem fugir à 

miséria,  indo em busca de melhores  condições de  vida e de  trabalho nos países de 

acolhimento. Contudo, muitas vezes as expectativas criadas saem goradas pois ou não 

conseguem encontrar trabalho, ou, quando encontram, os salários são muito baixos e 

as  condições  muito  precárias.  Por  outro  lado,  há  imigrantes  que  conseguindo 

encontrar  empregos  bem  remunerados  constituem  família  e  conseguem  amealhar 

algum dinheiro para a sua velhice. 

  A velhice de um imigrante é muitas vezes marcada por um dilema: Regressar ou 

ficar?  Após  o  término  da  actividade  profissional,  que,  como  já  referi  é  uma  das 

principais causas de emigração, a decisão racional seria regressar, pois os rendimentos 

de  pensões  que  podem  ser  escassos  para  manter  o  nível  de  vida  no  país  de 

acolhimento permitirão viver confortavelmente no país de origem. No país de origem, 

normalmente, o custo de nível de vida é mais baixo, uma vez que os rendimentos são 

também mais baixos. Mas, por outro  lado,  regressar poderá  ter custos negativos ao 

nível psicológico, pois terão de voltar a habituar‐se a uma nova realidade uma vez que 

estando a sociedade em constante mudança, a comunidade que deixaram para trás à 

décadas estará agora modificada (Machado e Roldão, 2010:27). 

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  Voltando  às  razões  que  levam  as  pessoas  a  emigrar… Uma  outra motivação 

para  este  fenómeno  é  a  guerra.  Hoje  em  dia  verifica‐se  que  uma  fracção  muito 

importante de  imigrantes que vêm anualmente para a Europa provêm de países em 

guerra como é o exemplo do Kosovo e do Afeganistão (Ba e Brito apud AAVV, 2002:3). 

  Estes  factores  que  promovem  os  fluxos  migratórios  demonstram  que  ao 

contrário  do  que muitas  vezes  se  pensa,  a  dinâmica  de  imigrações  não  se  prende 

apenas com diferenças de capital entre países ricos/desenvolvidos e países pobres/em 

vias de desenvolvimento. 

  Os  países  ditos  de  acolhimento  beneficiam  em  larga  escala  da  chegada  de 

imigrantes uma vez que são estes que desempenham os trabalhos menos qualificados, 

logo  menos  remunerados.  São  também  os  imigrantes  que  fazem  aumentar 

gradualmente a taxa de natalidade principalmente em países onde a população está a 

envelhecer (Mesquita apud AAVV, 2002:69‐70). 

     

 

 

 

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4  

 2.2.Portugal: Da emigração à imigração 

   “Em  Portugal  a  emigração  é  um  fenómeno  permanente  desde  há  alguns 

séculos, mas as correntes migratórias que a constituem são temporárias e apresentam 

características específicas” (Baganha, 1994:959). 

Até meados dos anos 60, Portugal era um país marcadamente de emigrantes, 

sobretudo transoceânicos, que elegeram o Brasil, a Venezuela, o Canadá e os EUA para 

refazerem as suas vidas  fugindo à  falta de oportunidades e ao clima de pobreza que 

reinava nos países de origem. 

  Contudo, a partir dos anos 60 os fluxos migratórios começaram a centrar‐se em 

economias em desenvolvimento da Europa Ocidental, como a França, a Alemanha e a 

Suíça, que, dispondo de condições laborais muito superiores às de Portugal, passaram 

a ser os destinos de eleição. 

Foi então neste  contexto que o Estado Português decidiu abrir as portas aos 

imigrantes  vindos  das  colónias  portuguesas,  dando‐se  especial  destaque  aos  Cabo‐

Verdianos, que vinham para Portugal suprir a mão‐de‐obra portuguesa emigrada para 

a Europa e para a América (Cunha apud AAVV, 2002:411). 

 “Durante  este  período  distinguem‐se  claramente  dois  ciclos  migratórios.  O 

primeiro é transatlântico,  iniciara‐se em meados do século XIX,  irá até aos anos 50; o 

segundo é intra‐europeu e vai dos anos 60 a finais dos anos 70” (Baganha, 1994:960). 

            

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6  

O pós 25 de Abril marca a entrada numa nova etapa de organização dos fluxos 

migratórios, tendo esta nova fase como figura central o “retornado”.  

Os “retornados”, correspondendo a 6% da população nacional,  integraram os 

sectores  da  nova  classe  média  pois  apresentavam  qualificações  escolares  e 

profissionais médias ou elevadas (Cunha apud AAVV, 2002:411). Contudo juntaram‐se 

a  este  contingente  os  imigrantes  originários  de  Timor‐Leste  e  de Macau  (Alvarenga 

apud AAVV, 2002:27).  

 

Figura 1 Os portugueses no mundo e o mundo em Portugal Onde estão agora os emigrantes portugueses   

 

             

(Museu das Migrações e das Comunidades Portuguesas, 2010) 

 

Segundo  este  mapa,  de  1886  a  1950,  o  Brasil  foi  o  principal  destino  dos 

emigrantes  portugueses  (1246000  emigrantes),  seguindo‐se  os  EUA  (192600 

emigrantes), a Europa (102000 emigrantes), a África (48800 emigrantes), a Argentina 

(35400 emigrantes). O  fluxo de emigrantes portugueses, a partir de 1950,  voltou‐se 

para a Europa, sobretudo para a França (906700 emigrantes). 

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7  

O  facto  de,  em  1986,  Portugal  ter  passado  a  fazer  parte  da  Comunidade 

Económica  Europeia  (CEE)  tornou‐o  especialmente  atractivo  para  os  imigrantes 

originários dos PALOP, do Brasil e da Europa Central.  

Contudo,  a  verdade  é  que  os  imigrantes  brasileiros  tiveram  por  parte  do 

Portugal um tratamento diferente e que pode ser explicado pelas grandes afinidades 

culturais existentes entre os países. 

   “Segundo  o  SEF,  em  1993,  os  brasileiros  representavam  a  segunda  maior 

comunidade  estrangeira  em  Portugal  com  15.731  autorizações  de  residência” 

(Alvarenga  apud  AAVV,  2002:28).  A  comunidade migrante  nesta  fase  é  constituída 

sobretudo  por  mão‐de‐obra  não  qualificada  e  com  fracos  níveis  de  escolaridade 

(Cunha, 2002:411). 

  O aparecimento de uma outra vaga de imigrantes pode situar‐se em meados da 

década de 90, como resultado dos Acordos de Schengen. Esta vaga de imigrantes era 

maioritariamente constituída por imigrantes oriundos do Brasil.  

  A população  imigrante desta época caracteriza‐se por: “elevada concentração 

residencial na Área Metropolitana de Lisboa; um rácio homem/mulher superior a um; 

peso desproporcional do grupo etário 25‐45 anos”  (Baganha, 2007:2) e mão‐de‐obra 

pouco  qualificada  inserida  no  grupo  de  ocupações  socialmente  pouco  valorizadas 

como  trabalhadores  da  produção  das  indústrias  extractiva  e  transformadora  e 

condutores de máquinas fixas e de transporte (Baganha, 2007:2).  

  Hoje em dia o que melhor  caracteriza os  fluxos migratórios  em Portugal  é  a 

existência  simultânea  de  fluxos  de  entrada  e  de  saída  de  migrantes  com  perfis 

económicos semelhantes (Baganha, 2007:1). 

  Segundo a ONU, “com as migrações garante‐se mais riqueza, maior circulação 

de ideias e troca de culturas e, por isso, mais desenvolvimento humano”. 

 

 

 

 

 

 

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Figura 2 

Principais fluxos migratórios no final do século XX e início do século XXI 

 

  

(Enciclopédia do Estudante: Geografia Geral, 2008) 

 

   Segundo o mapa anteriormente apresentado, no final do século XX e  início do século  XXI,  as  principais  regiões  de  saída  dos  imigrantes  são:  a  África  do  Norte,  a Turquia,  o  Sudão,  a  Somália,  a  África  Central  e  Austral,  o México,  a  Colômbia,  o Equador, o  Peru,  a América Central, o Caribe,  a Bolívia,  a Coreia do  Sul,  a China, o Sudeste Asiático, a Península Indostânica e a Turquia.   As  principais  regiões  de  destino  dos  imigrantes  são:  o  Brasil,  a  Argentina,  a América  Anglo‐Saxónica,  a  África  do  Sul,  a  Europa Ocidental,  os  Países  do Golfo,  o Japão e a Austrália.   

  

        

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9  

2.3.Políticas migratórias   

Maria  Ioannis  Baganha  defende  que  a  política  de  regulação  dos  fluxos 

migratórios nunca  atingiu  os  seus objectivos,  tendo  o  sistema  de  regulação  falhado 

sucessivamente, obrigando a períodos de legalização extraordinária. 

A esmagadora maioria das forças políticas não defende políticas migratórias de 

porta aberta, pois a  livre entrada nos países desenvolvidos de  indivíduos oriundos de 

países em via de desenvolvimento leva a uma queda nos níveis de emprego e consumo 

desses países (Zolberg apud Baganha, 2005:29).  

Os  Estados  exercem  os  seus  direitos  de  soberania  estabelecendo  o  controlo 

sobre quem entra e permanece no seu território, fazendo assim parte do país. 

Assim,  qualquer  política migratória  tem  de  ter  dois  pontos  de  partida,  um 

quantitativo, que corresponde à decisão de quantos imigrantes pode o país receber e 

outro  qualitativo,  que  se  prende  com  decidir  quais  as  características  que  esses 

imigrantes devem  ter. Neste contexto, Portugal  terá de decidir se, seguindo uma via 

geoestratégica,  privilegiará  os  imigrantes  dos  Países  Africanos  de  Língua  Oficial 

Portuguesa  (PALOP) e do Brasil, ou se por outro  lado deverá ter em conta apenas as 

necessidades do mercado de trabalho nacional. 

  O enquadramento jurídico da imigração em Portugal foi criado em 1981, tendo 

este sido considerado o ano de viragem deste fenómeno demográfico e social. 

  No  enquadramento  da  lei  foi  dado  aos  imigrantes  dos  PALOP  uma 

“discriminação positiva”  (Baganha apud Machado, 2011:128), ou seja, após seis anos 

de permanência legal no país os imigrantes dos PALOP e os brasileiros teriam direito à 

autorização de residência permanente (Machado, 2011:128).  

Sendo o estatuto jurídico do imigrante bastante precário e sendo este obrigado 

a escolher entre  ir ou ficar, pois não  lhe é dado o direito de “cá e  lá”, a opção acaba 

por  ser  a  chamada  clandestinidade  cujo  conhecimento  era  tanto  público  como  das 

autoridades competentes.  

Apesar  deste  conhecimento,  até  aos  anos  90  não  houve  qualquer  iniciativa 

legislativa por parte do poder central para  regular o  fluxo migratório ou a crescente 

presença de imigrantes ilegais em território nacional. Segundo Withaker “A política de 

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10  

controle  de  fluxos  migratórios  […]  fabrica  clandestinos”  (Withaker  apud  AAVV, 

2002:65). 

A entrada de Portugal na Comunidade Europeia e adesão ao Acordo Schengen 

obrigou o país a um outro enquadramento jurídico das migrações.  

“Assim, a primeira regulação explícita dos fluxos migratórios após a entrada de Portugal na Comunidade Europeia tinha como objectivo uma política de “imigração zero”, tão restritiva e selectiva nas entradas que, na  prática,  estancasse  o  fluxo  migratório  (excepto  para  efeitos  de reunificação  familiar)  e  impedisse  a  fixação  de  ilegais  em  território nacional. Apesar da  retórica e do novo enquadramento  legal, nada de substancial  foi  alterado  na  concessão de  vistos de  curta  duração  e  os imigrantes, particularmente dos PALOP, continuaram a entrar e a fixar‐se  ilegalmente como haviam  feito no decurso da década de oitenta, só que agora em maior número […]” (Baganha, 2005:32).  

   Importa agora referir os problemas de inserção social e cultural dos imigrantes 

no  país  de  destino.  A  habitação  é  um  dos  mais  agudos  problemas  com  que  os 

imigrantes se defrontam, pois nas sociedades europeias  impera a  lógica do mercado 

imobiliário,  uma  vez  que  os  planos  e  programas  concebidos  para  eliminar,  ou  pelo 

menos amenizar tal problema, obedecem apenas a critérios económicos, descorando 

as  especificidades  socioculturais  e  sociopolíticas  dos  imigrantes.  Esta  situação  de 

desconsideração perante os imigrantes faz com que estes sejam “empurrados” para as 

periferias, zonas mais degradadas das cidades, fazendo assim aumentar os guetos e os 

“bairros de lata” (Ba e Brito apud AAVV, 2002:7). 

  Qualquer política de  imigração e a  sua própria execução devem basear‐se no 

princípio da cidadania. Contudo, infelizmente, a construção da cidadania europeia tem 

deixado de parte muitas pessoas. 

     

  

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2.4. Integração dos Imigrantes  Segundo  a  AMI,  a  integração  dos  imigrantes  divide‐se  em  três  tipos: 

assimilação, “melting pot” e pluralismo cultural. 

A  integração  por  assimilação  acontece  quando  o  imigrante  perde  a  sua 

identidade cultural  inicial adquirindo a  identidade cultural do país de acolhimento; o 

segundo tipo de integração, “melting pot” acontece quando o imigrante cria uma nova 

identidade  cultural  fundindo  a do  país de  origem  com  a  do  país  de  acolhimento;  o 

terceiro e último  tipo acontece quando as culturas, não  se  fundindo, convivem uma 

com a outra equilibradamente, originando um “mosaico multicultural”. 

A  integração,  independentemente  da  forma  como  é  feita,  é  inevitavelmente 

gradual.  É  através  deste  processo  que  o  imigrante  passa  a  participar  na  vida 

económica, social e cultural do país de destino. 

Independentemente do que possa ser dito acerca da comunidade  imigrante, é 

óbvio que a principal meta desta população é a estabilidade económica e emocional; a 

melhoria das suas condições de vida e de trabalho e a aquisição de plenos direitos de 

cidadania.  

Segundo  a AMI,  “Uma  integração  plena  evita,  pois,  uma  série  de  problemas 

dramáticos e  favorece a coesão social ao mesmo tempo que contribui positivamente 

para a economia e para a contenção do envelhecimento demográfico” (AMI, 2012:11). 

“As medidas  adoptadas  por  Portugal  com  vista  à  integração  dos  imigrantes 

foram premiadas pelas Nações Unidas. É o país com melhor classificação na atribuição 

de direitos e serviços aos estrangeiros residentes” (Viana, 2009). 

  

       

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2.5. Serviço de Estrangeiros e Fronteiras    

  “As  atribuições  de  controlo  de  estrangeiros  e  de  vigilância  e  fiscalização  de 

fronteiras […]” (Ferreira apud AAVV, 2002:191) que até à Revolução de 1974 cabiam à 

Direcção‐Geral  de  Segurança,  passaram,  em  1976,  a  ser  função  do  Serviço  de 

Estrangeiros  que  passou  a  chamar‐se  Serviço  de  Estrangeiros  e  Fronteiras  em  1986 

com o Decreto‐Lei nº 440/86. 

  O  Serviço de  Estrangeiros  e  Fronteiras  (SEF)  é um  serviço de  segurança  com 

autonomia administrativa e que se integra no quadro da política de segurança interna 

do país. 

  A este órgão estão reservadas funções tais como:  

• controlar a  circulação de pessoas além das  fronteiras  impedindo a entrada e 

saída das que não preencham os requisitos exigidos para tal;  

• fiscalizar a actuação dos estrangeiros no território nacional;  

• decidir acerca da expulsão ou não dos estrangeiros do território nacional;  

• emitir  parecer  acerca  dos  pedidos  de  aquisição  se  nacionalidade  através  de 

naturalização;  

• emitir parecer relativamente a pedidos de vistos consulares;  

• reconhecer o direito ao reagrupamento familiar;  

• cooperar com as representações diplomáticas e consulares de outros Estados, 

devidamente acreditadas em Portugal, nomeadamente no  repatriamento dos 

seus nacionais;  

• garantir, por determinação do Governo, a representação do Estado Português, 

no desenvolvimento do Acordo de Schengen no âmbito da União Europeia,  

• … entre muitas outras competências que seria de interesse referir mas que por 

falta de tempo não me é possível fazê‐lo.  

  “Não será pois aqui que se esgota a "História" deste SEF, agora, mais do que 

nunca, com páginas em aberto para novos e importantes procedimentos” (SEF, s.d.). 

    

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3.Descrição Detalhada da Pesquisa 

 

  Para a realização deste trabalho recorri a livros, à internet, à Revista Crítica de 

Ciências  Sociais,  à  Revista  Análise  Social  e  retirei  também  algumas  informações 

importantes do texto de suporte à ficha de leitura.  

  Utilizei um  livro do qual  retirei os motivos principais que  levam as pessoas a 

emigrar,  algumas  pistas  de  políticas migratórias  que  são  praticadas,  assim  como  as 

práticas que são utilizadas para integrar os imigrantes nos países de acolhimento. 

  Utilizei artigos da  Investigadora do Centro de Estudos Sociais e  fundadora do 

Núcleo de Estudos de Migrações, Maria Ioannis Bennis Baganha (entretanto falecida), 

um dos artigos era da Revista Crítica de Ciências Sociais e outro era da Revista Análise 

Social. 

  Da Internet retirei um artigo do Jornal Público que achei bastante interessante 

para  o  tema  deste  trabalho,  algumas  informações  que,  na  minha  opinião  são 

pertinentes e que estavam na página do SEF e consultei também o site da AMI. Para 

encontrar mais rapidamente estes documentos utilizei o motor de busca Google, que 

me foi bastante útil, pois facilitou‐me a localização dos documentos que eu pretendia 

encontrar. 

  Outras das minhas  fontes de pesquisa para  a  realização deste  trabalho  foi o 

nº92 da Revista Crítica de Ciências Sociais que possuo em suporte papel, que me  foi 

oferecida aquando da visita ao CES‐Centro de Estudos Sociais no âmbito da cadeira de 

Metodologia de Pesquisa. 

  Após ter recolhido o material necessário fiz uma leitura atenta aos documentos 

e retirei deles as informações que me eram úteis e de seguida fiz um tratamento, que 

penso ter sido cuidado, da informação recolhida. 

  Inicialmente tinha uma estrutura mais ou menos pensada para o trabalho mas, 

à medida que o fui realizando, a estrutura que eu tinha pensado foi‐se alterando por 

uma questão de lógica e relação entre os subtemas. 

 

 

 

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4.Ficha de Leitura Título  da  Publicação:  Imigrantes  Idosos  –  Uma  Nova  Face  da  Imigração  em 

Portuga: Capítulo 1 – Migrações, Ciclo Migratório e Envelhecimento dos  Imigrantes e 

Capítulo 2 – Perfis Sociais de Imigrantes Idosos em Portugal. 

Autores: Fernando Luís Machado e Cristina Roldão. 

Data de Publicação: Janeiro de 2010 

Edição: Primeira   

Local  de  Edição  e  Editor:  Alto  –  Comissariado  para  a  Imigração  e  Diálogo 

Intercultural (ACIDI, I.P.). Rua Álvaro Coutinho, 14, 1150‐025 LISBOA. 

Páginas: 17‐65  

Palavras‐chave: Idosos; imigração; desigualdades; estatuto social; desenvolvimento 

socioeconómico;  idade  de  reforma;  velhice;  envelhecimento;  sociabilidade;  laços 

sociais;  sistemas  de  segurança  social;  perfil  socioprofissional;  perfil  socioeducativo; 

fluxos migratórios; tipos sociais; perfil familiar; perfil sociodemográfico. 

 

Resumo: Este texto trata‐se de uma pesquisa quantitativa e qualitativa que abrange os 

imigrantes  idosos  em  geral, mas  destaca  os  imigrantes  africanos. Os  autores  desta 

pesquisa recorreram a fontes estatísticas oficiais e a entrevistas semi‐directas. 

Nesta pesquisa é estudada a situação actual dos  imigrantes  idosos em termos 

de condições socioeconómicas, de enquadramentos familiares e sociais, de avaliações 

e expectativas, mas assenta também na reconstituição dos trajectos migratórios e das 

suas vidas profissionais. A pesquisa está dividida em quatro capítulos. Contudo, para 

este trabalho, só me interessa estudar os dois primeiros capítulos. 

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Introdução:  Todos nos habituámos a considerar que o fenómeno da migração é uma forma 

de  rejuvenescimento  da  população,  contudo  esquecemo‐nos  que  os  imigrantes  são 

pessoas de carne e osso tal como qualquer um de nós, logo também envelhecem. 

É esse envelhecimento, as suas causas e consequências que são neste estudo 

tratadas pelos autores. 

Este estudo coloca em comparação os imigrantes idosos dos PALOP, da UE, do 

Brasil  e  da  Índia, mostrando‐nos  quais  os  pontos  comuns  e  quais  as  diferenças  em 

termos  socioeconómicos,  socioeducativos,  socioprofissionais,  sociodemográficos  e 

também em termos de perfil familiar. 

  

Desenvolvimento:  

Capítulo  1  –  Migrações,  Ciclo  Migratório  e Envelhecimento dos Imigrantes. 

 Ponto  1.  Envelhecimento  e  Idosos  nas  Sociedades Contemporâneos.  

O desenvolvimento socioeconómico tanto nos países industrializados como nos 

em  vias  de  desenvolvimento  origina  um  aumento  da  esperança média  da  vida. Os 

autores  dão  como  exemplo  os  países  da OCDE,  onde  a  esperança média  de  vida  à 

nascença  passou  de  68,5  anos  em  1960  para  78,6  em  2005,  o  que  reflecte  uma 

melhoria generalizada das condições materiais e de saúde da população destes países. 

É  importante  focalizar este ponto, pois este aumento da esperança média de 

vida é visto e  tratado em alguns discursos  sobre o envelhecimento  como  sendo um 

problema. Contudo, os autores deste estudo consideram como verdadeiro problema o 

facto de a população estar a envelhecer e não haver rejuvenescimento, uma vez que a 

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taxa de natalidade está a diminuir cada vez mais. Este envelhecimento da população 

leva a uma maior necessidade de pensões, reformas… 

Este duplo envelhecimento caracterizado pelo aumento do número de  idosos, 

por um lado, e pela diminuição do número de crianças e jovens coloca dois problemas.  

O primeiro problema é o do  financiamento dos  sistemas de protecção  social, 

pois ao mesmo tempo que aumenta o número de idosos diminui e número da adultos 

activos  a  descontar  parte  dos  seus  rendimentos  para  estes  sistemas.  Temos  neste 

estudo  o  seguinte  exemplo:  estima‐se  que  em  2020  em  países  como  a  Finlândia,  a 

Itália e o Japão o índice de dependência de pessoas com mais de 65 anos será de 50%. 

O  segundo  problema  prende‐se  com  o  facto  de  que,  embora  cada  vez mais 

tarde,  as  pessoas  acabam  por  ficar  dependentes  e  precisam  de  continuar  a  ter 

condições de vida minimamente aceitáveis, contudo as  respostas sociais e  familiares 

são cada vez mais escassas. 

Hoje em dia é muito difícil delimitar a  idade em que se  inicia a terceira  idade 

porque  se  à  três ou quatro décadas o declínio das  capacidades mentais e  físicas  se 

iniciava entre os 60 e os 70 anos, idade em que, normalmente, se dava a passagem à 

reforma, actualmente há cada vez mais pessoas que chegados os 65 anos ainda estão 

longe  desse  declínio.  Citando  Fernandes  (2001),  autor  referenciado  pelos  autores 

deste estudo, “as condições de reformado e de idoso vão‐se dissociando” (Machado e 

Roldão, 2010:22).  

Esta dissociação foi agravada pelo facto de a idade média de reforma nos países 

mais  ricos  ter  estado  em  queda  a  partir  dos  anos  70  do  século  passado  devido  ás 

políticas de reforma antecipadas. 

O  estatuto  social  de  idoso  continua  a  ser  caracterizado  pelo  fim  do 

desempenho da actividade profissional e pela consequente passagem à reforma. Existe 

pois uma definição social que diz que se entra na velhice quando se deixa de trabalhar. 

O facto de deixar de se ter um papel económico e profissionalmente activo leva 

ao menor reconhecimento por parte da sociedade, o que pode levar à desvalorização 

pessoal. Por outro  lado, ao deixarmos de exercer um papel profissionalmente activo, 

deixamos de estar inseridos no circulo de relações profissionais, o que pode potenciar 

o  isolamento e a solidão. Contudo esta perda poderá ser compensada se estivermos 

inseridos noutros círculos de relacionamento social. 

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Após  a  reforma  é  possível  continuar  activo  na  esfera  familiar,  embora  tal 

aconteça mais com as mulheres do que com os homens. Contudo também nesta esfera 

se dão acontecimentos como a diminuição do contacto com os filhos e os netos ou o 

falecimento do cônjuge, que podem, como muitas vezes acontece, contribuir para que 

o idoso fique mais vulnerável. 

O quadro de velhice negativa atinge um elevado grau de gravidade quando os 

idosos  são  internados  em  instituições  sem  as  mínimas  condições  e  quando  são 

agredidos pelos familiares de quem estão ao cuidado, dos quais dependem. 

Matilda Riley e John Riley falam de um certo desfasamento entre um número 

crescente  de  indivíduos  capazes  e  a  inexistência  de  papéis  activos  que  possam  ser 

desempenhados por estes indivíduos. 

Ao  mesmo  tempo  que  existem  parâmetros  comuns  no  envelhecimento, 

existem também variações muito significativas nos meios sociais, no seio familiar, nas 

redes de sociabilidade, entre outros. 

Os  idosos não têm todos as mesmas condições sociais. Diferem em termos da 

actividade  profissional  que  exercem  ou  exerceram,  no  nível  de  escolaridade,  no 

rendimento, entre outros. 

Segundo os autores, na  investigação  sobre os  idosos é possível  falar de duas 

perspectivas de análise: a perspectiva geracional e a perspectiva classista.  A primeira 

focaliza os efeitos da  idade como  tal, a segunda acentua a diversidade de condições 

sociais dos idosos. 

A vivência da velhice pode ser feita nas circunstâncias mais diversas: se por um 

lado pode acontecer na pobreza e exclusão social, por outro  lado pode ser vivida no 

mais alto status material e simbólico. 

Existem  ainda desigualdades  sociais entre  as diferentes  categorias de  idosos. 

Há aqueles que passam os dias num banco de jardim a ler o jornal; outros que passam 

o  tempo a  jogar  cartas  com os amigos, muitas vezes da mesma  faixa etária; os que 

viajam pelo mundo  a  lazer; os que querendo  aumentar o  seu nível de  escolaridade 

frequentam  universidades  de  terceira  idade;  os  que  tendo  um  bocado  de  terra 

trabalham  nela  de modo  a  dela  retirarem  alguns  rendimentos,  entre muitos  outros 

exemplos que seriam pertinentes embora não tenham sido referidos pelos autores. 

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Um exemplo claro de desigualdade extrema são os idosos pobres, em Portugal, 

pois mais de metade dos nossos idosos vive em situação de pobreza e miséria. Para tal 

contribuíram as fracas remunerações durante a vida profissional activa; a imperfeição 

do sistema de protecção estatal entre outros que importaria referenciar. 

  

Ponto 2. Envelhecimento das Migrações e Imigrantes Idosos.      O envelhecimento das populações de migrantes laborais segue um ciclo: inicia‐se com a chegada ao país de acolhimento, segue‐se a entrada imediata no mercado da 

trabalho,  passa  pelo  surgimento  de  uma  geração  de  descendentes  que  nascem  e 

crescem nesse país e culmina com a chegada dos imigrantes à velhice após o término 

da sua vida profissionalmente activa. 

  A  composição  demográfica  das migrações  laborais  é,  em  geral,  duplamente 

desequilibrada, pois, para além de ser maioritariamente composta por elementos do 

sexo masculino, inclui, sobretudo, jovens adultos. Embora este desequilíbrio vá sendo 

amenizado com o passar dos anos. 

  O  envelhecimento  das  populações  migrantes  deve‐se  sobretudo  à  sua 

sedentarização,  pois,  segundo  os  autores,  a  história  das  migrações  do  século  XX 

evidencia que muitos migrantes acabam por se fixar e constituir família nos países de 

destino, embora a sua ideia inicial fosse regressar ao país de origem. 

  Existe,  pois,  uma  relação  inversa  entre  o  envelhecimento  das migrações  e  o 

número de migrantes que regressa ao seu país de origem: quanto menor é o número 

dos que após entrarem na  idade de reforma regressam ao país de origem, maior é o 

envelhecimento das migrações. 

  Contudo  após  a  idade  de  reforma muitos  viverão  um  dilema:  regressar  ou 

permanecer? 

  Se, por um lado, devem voltar por causa dos familiares que deixaram e porque 

terão  uma  maior  qualidade  de  vida  com  os  rendimentos  conseguidos  no  país  de 

acolhimento,  por  outro  lado,  regressar  terá  custos  negativos  ao  nível  psicológico  e 

afectivo, pois levaram algum tempo a habituar‐se a um novo sítio, a uma nova cultura 

e  agora  terão  de  deixar  tudo  isso  para  regressar  ao  local  de  onde  partiram  e  que 

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depois de tanto tempo com certeza que não estará igual, o que vai implicar uma nova 

integração.  

  O  regresso  pode  torna‐se  ainda  mais  difícil  se  a  emigração  não  tiver  tido 

sucesso, ou  seja,  se  regressar ao país de origem  com uma  situação económica mais 

frágil ainda do que a que tinha quando decidiu emigrar. 

  Por  todas estas  razões há autores como Bolzman, citado pelos autores deste 

estudo, que ao estudarem este tema afirmam que “à medida que se prolonga o tempo 

de  imigração,  os  projectos  de  muitos  imigrantes  vão‐se  deslocando  da  ideia  de 

regresso para a de permanência” (Machado e Roldão, 2010:28), ou seja, quanto mais 

prolongado for o período de imigração menor é a probabilidade de regresso ao país de 

partida. 

  Não se sabe ao certo quantos  imigrantes regressam ao país de origem após a 

reforma,  mas  existem  dados  empíricos  sobre  os  que  permanecem  nos  países  de 

acolhimento. Citando White os autores do estudo dão o exemplo da Alemanha onde o 

número de estrangeiros com  idade igual ou superior a 60 anos passou de 100 mil em 

1970 para mais de 700 mil em 2002 (Machado e Roldão, 2010:28). 

  Além  dos  imigrantes  que  envelhecem  no  país  de  destino  importa  também 

salientar aqueles que migram já com idade avançada. Este tipo de migração, segundo 

os  autores,  é  bastante  comum  dentro  da  Europa,  onde  os  países  do Norte  são  os 

países de origem e os do Sul os países de acolhimento. 

Este  tipo  de  migração  tem  motivações  muito  diferentes.  O  idosos  após  a 

reforma migram  sobretudo  em  busca  de  amenidades  climáticas,  de  custos  de  vida 

mais baixos, de maneira a poderem sobreviver com as suas curtas reformas. 

Warnes  e Williams,  autores  citados  neste  estudo,  aplicaram  o  conceito  de 

“estilos de vida transnacionais” (Machado e Roldão, 2010:29) a este tipo de migrantes, 

pois  tal  como  uma  parte  dos  migrantes  laborais  estes  podem  manter  alguma 

circulação entre origem e destino. 

Os migrantes reformados diferem dos imigrantes laborais nas implicações para 

o  sistema de  segurança  social, pois as  reformas que os primeiros  recebem vêm dos 

países de origem e não do país de destino. 

Os  imigrantes  reformados  vêm  normalmente  de  países  ricos  e  dispõem  de 

pensões  que  lhes  permitem  um  nível  de  vida  bastante  acima  da  média  da  dos 

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autóctones.  Já  as  condições  de  vida  dos  imigrantes  laborais  são,  regra  geral, 

desfavorecidas o que é originado pelo  seu perfil profissional que é muitas  vezes de 

trabalhador assalariado industrial, da construção civil, de pequeno comerciante ou até 

mesmo de prestador de serviços domésticos. 

Os  rendimentos disponíveis na  idade de  reforma dependerão da estabilidade 

ou não no emprego; da regularidade das contribuições para a segurança social, ou da 

falta dela, mas também dos regimes de mobilidade social dos imigrantes idosos. 

Daí  existirem  dois  estatutos  socioeconómicos  diferentes.  O  primeiro  é 

constituído por aqueles que têm pensões de reforma que proporcionem um nível de 

vida aceitável e o segundo estatuto é o daqueles que tendo uma reforma muito baixa 

vivem abaixo da linha de pobreza. 

Citando Warnes  e Williams,  autores  referenciados  pelos  autores  do  estudo: 

“Hoje  é  seguro  afirmar  que  muitos  imigrantes  reformados  fazem  parte  do  sector 

materialmente desprivilegiado e socialmente excluído dos idosos europeus” (Machado 

e Roldão, 2010:31). 

Portanto  a  situação  de  pobreza  torna‐se  incontornável  para  os  imigrantes 

laborais  idosos.  Em  Portugal,  os  imigrantes  idosos  estão  na  faixa  de  intersecção  de 

duas categorias profundamente vulneráveis, a dos imigrantes e a dos idosos. 

Segundo Capucha, no caso português, os  imigrantes embora sejam um grupo 

minoritário entre os pobres, têm uma alta taxa de  incidência da pobreza (Machado e 

Roldão, 2010:32). Assim, se esta maior incidência se mantiver podemos afirmar que ao 

envelhecerem muitos imigrantes serão pobres. 

Além do estatuto  socioeconómico, outro aspecto  fundamental  relativo à vida 

dos  imigrantes  idosos é o das sociabilidades e dos  laços sociais.  Importa, pois, saber 

quais  os  apoios  que  estes  poderão  ter  das  famílias  quando  deixarem  de  ter 

capacidades  de  serem  independentes;  se  o  factor  comunitário  desempenha  algum 

papel. Em, termos familiares existirão quadros de isolamento e, em casos extremos, de 

abandono. Existem ainda dois aspectos que podem distinguir os imigrantes idosos, um 

que lhes é favorável e outro desfavorável. 

O aspecto favorável assenta na dimensão das famílias, ou seja, uma família com 

um agregado familiar maior tem, em princípio, mais pessoas disponíveis para auxiliar 

os idosos quando estes perderem autonomia. O aspecto desfavorável prende‐se com a 

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maior  dispersão  geográfica  que  as  famílias  podem  ter,  fruto  dos  seus  trajectos 

migratórios. Neste caso os autores fazem referência às famílias em que os filhos vivem 

noutros países, o que os impossibilita de cuidarem dos pais na sua velhice. 

Em  suma,  quer  seja  devido  a  condições  socioeconómicas  ou  a  relações  de 

sociabilidade,  os  imigrantes  idosos  podem  envelhecer  mais  integrados  ou  mais  à 

margem da sociedade de acolhimento.  

  

Capítulo  2  –  Perfis  Sociais  de  Imigrantes  Idosos  em Portugal.  Ponto 1. Clarificações Metodológicas    Devido ao  facto de este tema do envelhecimento dos  imigrantes ter sido 

até agora pouco tratado da perspectiva sociológica  foi necessário para os autores do 

estudo  fazerem  um mapeamento. Neste  capítulo  são  apresentadas  e  clarificadas  as 

três linhas centrais desse mapeamento. 

  A primeira  linha prende‐se com uma caracterização dos imigrantes  idosos 

em Portugal em termos demográficos, familiares, profissionais; a segunda linha remete 

para a  identificação de diferentes grupos de  idosos, o que conduziu á construção de 

uma  tipologia  geral;  a  terceira  e  última  linha  debruça‐se  sob  as  desigualdades  de 

género entre os  imigrantes  idosos. Os autores consideram  importante o  trabalho de 

“reconstrução”  dos  dados,  para  que  a  informação  empírica  seja  tão  fiel  quanto 

possível à realidade. 

  A  exploração  analítica  de  estatísticas  oficiais  em  termos  de  imigração 

defronta‐se  com  inúmeras  restrições  que,  segundo  os  autores,  se  encontram 

pormenorizadamente tratadas em Peixoto (2008) (Machado e Roldão, 2010:35). 

  Em  estudos  acerca  da  imigração  é  habitual  utilizarem‐se  os  dados 

estatísticos  do  SEF  (Serviços  de  Estrangeiros  e  Fronteiras), pois  têm  a  vantagem  de 

serem  actualizados  anualmente  o  que  não  acontece  com  os  dados  dos 

Recenseamentos  Gerais  da  População,  contudo  esses  dados  do  SEF  não  abrangem 

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tantos  temas  como  os  Recenseamentos  Gerais  da  População,  para  além  de  se 

referirem apenas a cidadãos estrangeiros. 

  O  indicador  “nacionalidade”  é  insuficiente  para  sinalizar  os  imigrantes 

idosos dentro das estatísticas oficiais uma vez que alguns  imigrantes, em especial os 

africanos,  pois  são  aqueles  que  importam  para  este  estudo,  vieram  para  Portugal 

durante a era colonial o que lhes permitiu o acesso directo à nacionalidade. Face a esta 

insuficiência  do  indicador  “nacionalidade”  considerou‐se  que  o  indicador 

“naturalidade” se adequava mais. 

  Mas  a  opção  pela  “naturalidade”  provoca  uma  confusão  entre  os 

chamados “retornados” – portugueses nascidos em África durante a  longa ocupação 

portuguesa  do  continente  e  que  regressaram  a  Portugal  após  o  processo  de 

descolonização – e os imigrantes africanos oriundos dos mesmos países. 

  Para  evitar  tal  confusão,  os  autores  optaram  por  considerar  apenas  os 

indivíduos  sem  nacionalidade  portuguesa.  Os  autores  identificaram  o  mesmo 

problema em relação aos imigrantes naturais do Brasil e dizem ter optado pela mesma 

solução. Tendo sido o Brasil o destino por excelência dos emigrantes portugueses no 

século XIX e na primeira metade do  século XX, muitos dos  idosos naturais do Brasil 

serão emigrantes regressados ou os seus descendentes. 

  Esta hipótese ganha força ao constatar‐se que boa parte desse contingente 

residia  no  Norte  e  Centro  de  Portugal,  regiões  das  quais  partia  grande  parte  da 

emigração  portuguesa  para  o  Brasil.  Por  outro  lado,  importa  ter  também  em 

consideração a composição etária destes  idosos. Em comparação com outros grupos 

de  idosos os nascidos no Brasil apresentam uma maior proporção de  indivíduos com 

75 ou mais anos de idade. 

  Por todos estes motivos os autores decidiram considerar como imigrantes 

brasileiros  apenas os  indivíduos que não  têm nacionalidade portuguesa assim  como 

fizeram para os imigrantes idosos naturais de Angola e Moçambique. 

  Uma última  clarificação metodológica prede‐se  com o  conceito de  idoso 

utilizado neste estudo. Optaram por  incluir neste estudo os  indivíduos que, aquando 

dos Censos 2001 tinham entre 55 e 64 anos, embora os 65 anos sejam definidos como 

a idade de entrada na velhice por ser normalmente a idade de entrada na reforma. 

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Ponto 2. Stocks e Fluxos Recentes    Nos Censos 2001  foram  recenseados 10356117  indivíduos. Os  imigrantes 

idosos representam apenas 1,4% deste valor. Analisando a Tabela 1  (ver anexo B) os 

grupos mais numerosos são originários de Cabo Verde (20,4%), de Espanha (12,6%), do 

Reino Unido (7,7%), da Índia (7,2%), da França (6,6%), da Alemanha (6,0%), de Angola 

(4,9%) e do Brasil (4,5%). 

  A Tabela 2 (ver anexo B) agrega estes países em grupos maiores: a Europa 

a 15, os PALOP e  foram  considerados  também os  imigrantes naturais do Brasil e da 

Índia,  devido  ao  significado  histórico  e  sociológico  que  estes  dois  países  têm  em 

Portugal. 

  Ao  longo  da  década  em  que  este  estudo  foi  feito,  o  contingente  de 

imigrantes idosos aumentou devido a novas entradas de imigrantes. 

  Ao  stock  registado  nos  Censos  2001  temos  de  acrescentar  os  dados  da 

Tabela  3  (ver  anexo  B)  que  representa  os  estrangeiros  com  55  ou mais  anos  que 

chegaram  posteriormente  a  esta  data.  Devido  à  insuficiência  de  dados  estatísticos 

oficiais, os autores apenas conseguiram ir até 2005.  

  Concluíram  que  entre  2001  e  2005  deram  entrada  no  país  6380  novos 

imigrantes com  idade  igual ou superior a 55 anos, 55% deste contingente proveio de 

países da Europa a 15 e 21% dos PALOP, 6% são originários do Brasil e os provenientes 

da Índia não têm quase expressão nenhuma. 

  Os  fluxos  de  imigrantes  provenientes  dos  PALOP  e  da UE  distinguem‐se 

pela  composição  sexual,  pois  o  fluxo  de  imigrantes  originários  da  Europa  é 

maioritariamente composto por homens (59%) e os imigrantes provenientes de África 

são  maioritariamente mulheres  (69%).  Esta  entrada  de  mulheres  africanas  poderá 

estar relacionada com reagrupamentos conjugais tardios. 

  A maior  esperança média  de  vida  das mulheres  faz  com  que  depois  de 

terem  passado  tantos  anos  no  papel  de  “cuidadora”,  passem  agora  ao  papel  de 

“cuidada”, ou seja, depois de  terem cuidado dos  filhos e netos durante  tantos anos, 

passam agora a ser cuidadas por estes.  

  O fluxo de novas entradas de imigrantes idosos tem vindo a crescer. 

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  Estando  a  analisar  imigrantes  idosos  importa  considerar o  fenómeno  da 

mortalidade.  Para  tal  os  autores  recolheram  os  dados  do  período  de  2000  a  2007, 

Estando estes dados representados e devidamente tratados na Tabela 4 (ver anexo B). 

  Pode  constatar‐se  que,  em  média,  o  falecimento  de  imigrantes  idosos 

tende a ocorrer mais cedo do que na população homóloga portuguesa. 

  Os  imigrantes  originários  dos  PALOP  são  entre  todos  os  outros,  os  que 

morrem mais  cedo,  sendo  a  faixa  etária  dos  55  aos  64  anos  que  regista  um maior 

número de óbitos (27%). Contudo são os imigrantes africanos que registam um menor 

número de óbitos na faixa dos 84 anos. 

  Os brasileiros  têm o  segundo maior número  registado de óbitos precoce 

(18%)  entre  os  55  e  os  64  anos  e  também  o maior  valor  registado  de  óbitos  de 

imigrantes com idade igual ou superior a 85 anos (32%). 

  O  padrão  polarizado  da  mortalidade  dos  imigrantes  idosos  brasileiros 

deve‐se à existência, entre eles, de dois perfis socioeconómicos diferentes. Em perfil 

mais  qualificado  e  economicamente  desafogado,  e  outro  mais  proletarizado  e 

desfavorecido. 

  A Tabela 5 (ver anexo B) trata a distribuição da mortalidade dos imigrantes 

idosos  em  função  do  sexo  e  pode  concluir‐se  que  em  qualquer  que  seja  o  grupo 

considerado as mulheres, em média, morrem mais  tarde. As  idosas europeias são as 

que  têm uma maior esperança média de  vida,  seguidas pelas  indianas, brasileiras e 

africanas. 

 

Ponto 3. Perfil Sociodemográfico      Assim  como  nos  idosos  portugueses,  também  nos  idosos  estrangeiros 

existe uma maior proporção de mulheres, 57% e 56%, respectivamente. 

    Contudo a composição sexual varia de grupo para grupo. A população de 

mulheres é bastante elevada em Angola, Espanha, Moçambique e no Brasil, 75%, 69%, 

67% e 66%, respectivamente. O mesmo não acontece na Itália, Holanda, Reino Unido e 

Alemanha, países onde a população feminina corresponde a metade ou até menos da 

população total.  

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    No que diz respeito à composição etária, predominam os indivíduos entre 

os 55 e os 64 anos. 

    Nos PALOP e na  Índia encontram‐se proporções mais elevadas de  idosos 

na camada mais jovem. 

    Num padrão  inverso está o Brasil, onde é maior a  faixa etária dos 70 ou 

mais anos de idade. No que diz respeito à posse de nacionalidade, os imigrantes idosos 

da Europa a 15 são os que menos têm nacionalidade portuguesa (36%). 

    Os provenientes do Reino Unido e da Alemanha têm‐na muito raramente. 

Numa situação  intermédia estão os PALOP sendo que o predomínio de nacionalidade 

portuguesa acontece com os imigrantes originários da Índia. 

    As  idosas  imigrantes  têm  mais  frequentemente  a  nacionalidade 

portuguesa (56%) do que os idosos imigrantes (45%), dando‐se um enfoque especial às 

originárias  da  Europa  a  15.  A  explicação  da  forte  prevalência  feminina  entre  os 

imigrantes europeus prende‐se  com o  facto de muitas mulheres  estrangeiras  terem 

adquirido  a  nacionalidade  portuguesa  através  do  casamento  com  cidadãos 

portugueses. 

    Na  Tabela  9  (ver  anexo  B)  os  autores  utilizam  o  indicador  “local  de 

residência  em  1995”  para  fazer  a  caracterização  sociodemográfica  dos  imigrantes 

idosos. 

    Após a análise desta tabela pode concluir‐se, tal como fizeram os autores 

do estudo, que 84% dos idosos nascidos no estrangeiro já residiam em Portugal nesta 

data. Relativamente a este indicador a diferença entre os sexos não se coloca. 

    As percentagens de idosos e idosas dos PALOP que já residiam em Portugal 

antes de 1995 são inversas das dos europeus. 

    A análise de distribuição  territorial é  também de  facto  importante: é na 

Grande Lisboa que residem 44% dos imigrantes idosos, seguindo‐se o Algarve (15%), a 

região Centro (11%) e Setúbal (10%). 

    Os  idosos  naturais  da  Índia  e  dos  PALOP  são  os  que mais  se  fixam  na 

Grande  Lisboa e em Setúbal; os  idosos naturais do Brasil optam pela  região Centro, 

região Norte e pelo Grande Porto; os imigrantes idosos oriundos dos países da Europa 

a 15 tendem a fixar‐se no Algarve e, ainda que em menor escala, no Alentejo. 

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Ponto 4. Perfil Familiar       A dimensão familiar é  importante no estudo acerca dos  imigrantes idosos 

porque,  segundo  os  autores  deste  estudo,  nos  dá  indicações  dos  contextos  de 

relacionamento quotidiano em que estão situados.  

    A maioria dos  imigrantes  idosos é casada  (64%), sendo da Europa a 15 a 

maioria dos que  se  encontram nesta  situação  civil  (70%),  seguem‐se os naturais da 

Índia  (65%),  os  dos  PALOP  (58%)  e  do  Brasil  (54%),  estes  dois  últimos,  segundo  a 

Tabela 11 (ver anexo B) são os que apresentam maior percentagem de solteiros. 

    A seguir aos casados o estado civil mais frequente é a viuvez (19%), sendo 

o  Brasil  e  a  Índia  os  locais  onde  tal  se  verifica  em  maior  escala  (26%  e  22%, 

respectivamente) pois são os dois grupos mais envelhecidos. 

    Neste ponto verificam‐se novamente assimetrias de género, uma vez que 

tendo as mulheres uma maior esperança média de vida, a viuvez e um estado mais 

feminino  do  que  masculino.  Esta  variação  de  género  na  percentagem  de  viúvas 

verifica‐se em especial nos brasileiros e nos indianos. 

    Os separados e divorciados têm comparativamente pouca expressão (6%). 

    Na Tabela 12 (ver anexo B), relativa ao tipo de coabitação familiar, verifica‐

se que 35% dos  imigrantes  idosos vivem apenas na companhia do cônjuge, 20% vive 

com o  cônjuge e os  filhos, 16% deste  imigrantes  idosos  vivem  sozinhos. Em  termos 

gerais este tipo de coabitação é semelhante à dos idosos portugueses. 

    Os imigrantes da UE vivem, na maioria dos casos, com o cônjuge (51%), no 

caso dos PALOP 16% dos imigrantes vivem com o cônjuge e 27% vivem com o cônjuge 

e os filhos. Em contrapartida os africanos e os  indianos são os que menos vivem sós, 

sendo  esta  situação  mais  comum  nos  europeus  e  brasileiros  (18%  e  19%, 

respectivamente). As diferenças de género impõem‐se no caso da coabitação. 

    Viver só com o cônjuge é mais usual nos homens do que nas mulheres, tal 

como acontece em viver com o cônjuge e os filhos. 

    Nas  mulheres  é  mais  comum  viverem  sós  ou  numa  modalidade  de 

coabitação atípica. 

    Os idosos brasileiros são os que mais vivem sozinhos. 

 

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Ponto 5. Perfil Socioeducativo      A  análise  dos  níveis  de  qualificação  dos  imigrantes  tem  sempre  muita 

relevância, sendo esta relevância maior quando se trata de imigrantes em idade activa. 

    Um vez que neste estudo o objecto de estudo são os imigrantes idosos não 

é  crucial  conhecer‐se  o  seu  perfil  socioeducativo,  contudo  ao  conhecê‐lo  podemos 

retirar informações úteis. 

    Segundo os autores, perto de metade (48%) dos imigrantes idosos tem no 

máximo o 1º  ciclo do ensino básico e pouco mais de um  terço destes  tem o ensino 

secundário ou superior (35%). Mesmo não sendo um grau de escolaridade de topo, é 

superior ao dos  imigrantes portugueses que na esmagadora maioria  (82%)  tem o 1º 

ciclo do ensino básico ou até menos. 

    Os  imigrantes dos PALOP e da UE situam‐se em  lados opostos. Os PALOP 

registam a percentagem máxima ao nível da escolaridade mínima  (69%),  já a UE é a 

que tem uma maior percentagem ao nível secundário e superior (47%). 

    Os  imigrantes naturais do Brasil e da  Índia encontram‐se numa  situação 

intermédia, pois estão acima dos imigrantes dos PALOP e abaixo dos da UE, em termos 

de nível de escolaridade.  

    A diferença de género é notória, pois os homens  são mais escolarizados 

em  todos  os  grupos  de  imigrantes.  A maior  diferença  a  este  nível  entre  homens  e 

mulheres verifica‐se na  Índia: 51% dos homens  têm o nível  secundário ou até mais, 

fenómeno que acontece apenas com 29% das mulheres. 

 Ponto 6. Perfil Socioprofissional      O último  conjunto  de  indicadores  em  análise neste  estudo  remete mais 

directamente  para  a  condição  socioeconómica  dos  imigrantes  idosos.  São  cinco  os 

indicadores  que  fazem  parte  deste  conjunto:  meio  de  vida;  condição  perante  o 

trabalho; profissão; situação na profissão e categoria socioprofissional. 

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    Os principais meios de  rendimento dos  imigrantes  idosos  são  a  reforma 

(54%), o  trabalho  (23%)  e o  apoio  familiar  (13%). Os  idosos portugueses, por outro 

lado, dependem mais frequentemente das reformas (68%). 

    Existem, uma vez mais, diferenças significantes entre os vários grupos de 

imigrantes. Mais uma  vez  os  imigrantes  dos  PALOP  e os da UE  aparecem  em  lados 

opostos. No caso dos imigrantes da UE as pensões de reforma atingem uma expressão 

máxima  e  o  trabalho  atinge  uma  expressão  mínima.  Nos  PALOP  acontece 

precisamente o contrário, o trabalho é o meio de rendimento que regista uma maior 

valor e as pensões o que registam o menor valor. 

    Trabalhar  sendo  idoso  pode  ser  visto  em  duas  perspectivas  totalmente 

distintas: se por um lado é considerado envelhecimento activo, por outro lado leva‐nos 

a  pensar  em  vulnerabilidade  socioeconómica.  Tal  como  acontece  em  relação  aos 

outros  indicadores  de  caracterização  social,  registam‐se  variações  de  género.  As 

imigrantes  idosas encontram‐se muito mais em  situação de dependência  familiar do 

que os homens (22% contra 3%), já os imigrantes idosos dependem mais do trabalho. 

    No que se refere à condição perante o trabalho existem dois subconjuntos: 

a  “população  doméstica”  (10%)  e  a  população  incapacitada  (3%).  No  caso  da 

“população doméstica” não existem diferenças dignas entre os grupos de imigrantes. 

    Já relativamente à população incapacitada deve notar‐se que nos PALOP a 

expressão estatística  triplica  a dos países  europeus  (6%  contra 2%) o que  configura 

mais  um  sinal  de  vulnerabilidade  dos  primeiros.  Como  seria  previsível,  segundo  os 

autores, a diferença de género aparece muito acentuada na condição doméstica, uma 

vez  que  esta  é  quase  um  exclusivo  feminino  (18%  de  mulheres  contra  0,2%  de 

homens). 

    Os três últimos indicadores identificados pelos autores deste estudo dizem 

respeito apenas aos  imigrantes  idosos, que exercem uma profissão (26%). Os autores 

consideram que seria de ter em conta a profissão, a situação profissional e a categoria 

socioprofissional dos reformados, contudo a fonte de estatística disponível que neste 

caso foi os Censos 2001 não inclui essas informações. 

    Relativamente à situação profissional verifica‐se que os  imigrantes  idosos 

activos  que  são  trabalhadores  por  conta  de  outrem  correspondem  a  76%;  15%  são 

empregadores e apenas 9% são trabalhadores por conta própria. 

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    88%  dos  imigrantes  originários  dos  PALOP  correspondem  ao  perfil 

assalariado:  a UE  apresenta  o  perfil mais  proletário,  quer  seja  como  empregadores 

(24%), quer seja como trabalhador com conta própria (14%). 

    As  categorias  de  topo  da  hierarquia  profissional  são  maioritariamente 

ocupadas  por  imigrantes  (40%),  sendo  que  aos  portugueses  correspondem  apenas 

24%. A composição profissional dos idosos indianos e brasileiros está claramente mais 

próxima da dos  europeus do que da dos  africanos. Os  imigrantes  idosos  indianos  e 

brasileiros  correspondem,  respectivamente a 47% e 43% dos  trabalhadores nas  três 

categorias mais qualificadas. 

    A  estrutura  socioprofissional  dos  imigrantes  idosos  é,  em  parte, 

semelhante à dos idosos de origem portuguesa. As diferenças residem no peso que os 

profissionais  técnicos  e  de  enquadramento  e  os  trabalhadores  independentes 

assumem. 

    A  primeira  categoria,  associada  a  qualificações  escolares  e  profissionais 

elevadas  é  muito  superior  entre  os  imigrantes:  a  segunda  categoria  tem 

aproximadamente o triplo do peso entre os idosos portugueses. 

    Em  termos  socioprofissionais  a  posição  dominante  é  ocupada  pelos 

imigrantes  idosos  naturais  da  UE;  na  posição mais  subalterna  estão  os  imigrantes 

idosos naturais dos PALOP. Os naturais da  Índia e do Brasil assumem mais uma vez 

uma posição intermédia. 

 

 

Ponto 7. Tipos Sociais de Imigrantes Idosos: Uma Síntese      Os  autores  do  estudo  afirmam  ter  estimado  o  número  de  imigrantes 

idosos em Portugal em 35 mil. Embora sejam relativamente poucos este número tem 

tendência e crescer. Crescerão, primeiro, se os  imigrantes que compuseram os fluxos 

de  imigração nas décadas de 80 e 90, e que ainda não são  idosos, envelhecerem em 

Portugal; segundo, se o fenómeno de imigração de reformados do Norte para o Sul da 

Europa, e neste caso de Portugal, continuar. 

    Para  os  autores  a  conclusão  fundamental  deste  capítulo  é  que  existem 

vários  tipos  sociais  de  imigrantes  idosos  em  Portugal.  Os  que  chegam  com  bons 

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recursos  socioeconómicos de outros países da UE,  alguns  acumularão  a  reforma de 

uma vida profissionalmente activa, há ainda o grupo daqueles que ao casarem com um 

cidadão português acabam por se fixar cá. 

    O  segundo  tipo  é  o  dos  imigrantes  oriundos  dos  PALOP,  aqueles  que 

envelheceram no país de destino; o terceiro tipo social é o dos  indianos que como  já 

foi referenciado atrás se dividem em dois subgrupos. Nos dois subgrupos há pessoas já 

reformadas e outras no activo. 

 

Conclusão:      Com  a  análise  e  reflexão  acerca  deste  estudo  posso  concluir  que  os 

imigrantes  idosos,  independentemente  da  sua  localização  demográfica  enfrentam 

diversas dificuldades que muitas vezes se agravam se estivermos a falar de imigrantes 

do  sexo  feminino. Os  imigrantes dos  PALOP  são  em quase  todos os  aspectos desta 

análise os mais desfavorecidos. Há, de facto, muitas razões para que os imigrantes 

que envelheceram em Portugal não regressem aos países de origem. No que respeita 

aos  imigrantes  laborais, em particular, é bastante provável que a grande maioria dos 

que hoje são idosos não regressem, e que o mesmo aconteça no futuro com os actuais 

adultos maduros, ainda longe da terceira idade. 

    A principal conclusão desta pesquisa é a de que há não uma, mas várias 

velhices imigrantes, como há, seguramente, várias velhices em geral. 

           

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Autores Citados:    Atmane  Aggoun;  João  Ferreira  Almeida;  António  Firmino  da  Costa;  Fernado  Luís 

Machado;  Dragana  Avramov;  Miroslava  Maskova;  Myriam  Moraes  Lins  de  Barros; 

Cláudio Bolzman; Pierre Bourdieu; Luís Capucha; José Luís Casanova; Filipa Alvarenga, 

Gisela Matos; Joana Lucas; Alfredo Bruto da Costa; Isabel Baptista; Pedro Perista; Paula 

Carrilho; Isabel Dias; Ana Alexandre Fernandes; António Teixeira Fernandes; Maria das 

Dores  Guerreiro;  Pedro  Abrantes,  Fernando  Luís Machado; Maria  Abranches;  Jorge 

Macaísta Malheiros; Rosário Mauritti; Paulo Filipe Monteiro; José Machado Pais; Luisa 

Pimentel;  Alejandro  Portes;  Anthony  M.  Warnes;  Allan  Williams;  Paul  White; 

Emmanuel Jovelin; Émile Temime; Matilda Riley e John Riley. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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    5.Avaliação da Página da Internet     Para  a  avaliação  da  página  da  internet  escolhi  o  site  da  AMI.  A minha 

escolha  deveu‐se  sobretudo  ao  facto  de  o  ter  utilizado  como  referência  no  meu 

trabalho uma vez que contém  informação bastante  importante e pertinente sobre o 

meu tema. 

  Este site fornece‐nos  informações acerca de variadíssimos temas, como o 

ambiente,  a  pobreza  e  exclusão  social,  as  migrações  e  também  sobre  doenças 

infecciosas a parasitárias, como é o caso da malária. Esta página aparece dividida em 

oito secções, o que facilita imenso a procura por parte do utilizador. 

  O  site  em  avaliação  pode  ser  consultado  em  duas  línguas:  o  inglês  e  o 

português, o que penso ser uma mais valia, pois o  inglês é uma  língua universal que 

muitos países utilizam como segunda língua para contactar com outros países que não 

conheçam a língua materna do primeiro.   

  Relativamente  ao meu  tema,  este  site  é  bastante  amplo,  pois  faz  uma 

abordagem do  tema  a  várias dimensões. A nível quantitativo, pois  apresenta dados 

estatísticos dos  fluxos migratórios e a nível qualitativo, pois caracteriza os mesmos e 

situa‐os no tempo e no espaço. 

  Considera também as políticas de integração dos imigrantes nos países de 

acolhimento;  a  imigração  clandestina;  a  origem  e  o  destino  dos  principais  fluxos 

migratórios; apresenta os casos particulares de Portugal, do Brasil e dos PALOP, etc. 

  Posso  afirmar,  pelo  que  li,  que  este  site  apresenta  uma  tratamento 

bastante profundo do tema que tratei no meu trabalho mas também dos outros temas 

que já referi. A página é bastante abrangente no que diz respeito ao período de tempo 

que considera, pois trata do tema das migrações desde que o fenómeno se começou a 

verificar até à actualidade,  chegando muitas vezes a estabelecer  comparações entre 

diferentes  fluxos migratórios e os distintos períodos da História da Humanidade em 

que eles se verificaram. 

  No que diz  respeito á  fiabilidade, parece  ser uma página bastante  fiável, 

pois tem autor institucional, no caso a AMI. É uma página esteticamente apelativa que 

aposta nos vermelhos, no branco e no preto como paleta cromática e é um site que 

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não  implica  nenhum  custo monetário  e  que  não  necessita  que  o  utilizador  adquira 

qualquer tipo de software específico para ter acesso a ele.  

  Esta  página  está  disponível  no  endereço: 

http://www.ami.org.pt/default.asp?id=p1p211p215p341&l=1. 

  Concluindo, este site para além de estar bastante bem organizado e ser de fácil 

acesso,  contem  informação  de  bastante  interesse,  tendo‐me  ajudado  a  perceber 

alguns pontos que me levantaram dúvidas na realização deste trabalho. 

 

             

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  6. Conclusão 

   A  realização  deste  trabalho  permitiu‐me  adquirir  novos  e  importantíssimos 

conhecimentos  acerca  dos  fluxos  migratórios,  do  que  leva  as  pessoas  a  tomar  a 

decisão de emigrar e principalmente acerca da forma como os imigrantes são tratados 

nos países de acolhimento.  

  Muitas vezes pensamos que emigrar na  conjuntura actual é a melhor opção, 

contudo esquecemo‐nos que ao sairmos do nosso país estamos a contribuir para que 

este  se  veja  cada  vez mais  fragilizado, pois passa  a  ter menos  contribuintes, menos 

pessoas a fazer girar a economia. 

  Uma  outra  conclusão  que  pude  retirar  da  realização  deste  trabalho  foi  a  da 

existência  de  cada  vez  mais  gente  jovem  a  emigrar,  pois  terminam  os  estudos  e 

precisam de ingressar no mercado de trabalho para poderem ter a sua independência 

a sair de casa dos pais para poderem, assim, constituir família. 

  A tendência que se verificava de regresso aos países de origem dos imigrantes 

após a entrada na idade de reforma tem vindo a verificar‐se cada vez menos, pois ao 

regressarem  teriam  de  enfrentar  um  novo  período  de  integração.  Embora  com 

tendência  a  verificar‐se  cada  vez  menos  o  regresso  ainda  acontece,  muitas  vezes 

porque a pensão que recebem no país de acolhimento devido à entrada na  idade de 

reforma não permite ter ali uma qualidade de vida aceitável mas tal já pode acontecer 

se regressarem ao país de origem pois, normalmente o custo do nível de vida no pais 

de acolhimento é superior ao do país de origem, uma vez que também os rendimentos 

no primeiro são mais elevados. 

           

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7. Referências Bibliográficas  

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Baganha, Maria  Ioannis (1994) “ As correntes emigratórias portuguesas no século XX e o seu 

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Baganha, Maria  Ioannis  (2007), “Dinâmicas Migratórias em Portugal”. Colóquio Globalização, 

Pobreza  e  Migrações  ‐  Ciclo  “África  Começou  Mal,  África  Está  Mal:  A  Tragédia  Africana: 

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. 

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Ferreira, André (2002), “O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras” in AAVV (orgs), A imigração em 

Portugal – os movimentos humanos  e  culturais  em Portugal.  Lisboa:  SOS Racismo, 190‐199.

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http://www.igeo.pt/atlas/Cap2/Cap2c_1.html&docid=r‐

MV6gTnosMdLM&imgurl=http://www.igeo.pt/atlas/Images/Cap2/cap2c_p99_a_mini.jpg&w=

300&h=283&ei=ty‐

hUNiTDsS3hAe73IGICA&zoom=1&iact=rc&dur=172&sig=104556669133552562085&page=1&t

bnh=91&tbnw=95&start=0&ndsp=14&ved=1t:429,r:2,s:0,i:76&tx=44&ty=46 

 

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37  

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novo.html&docid=aECOei_kOK3wcM&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/‐

7qq6DhHfN8o/T4tGToo5GxI/AAAAAAAABMQ/tICkMM7Qcxc/s1600/http___www.simonsen.jp

g&w=761&h=473&ei=fDChUILaEsiYhQebwoHgBA&zoom=1&iact=hc&vpx=600&vpy=79&dur=4

332&hovh=177&hovw=285&tx=135&ty=128&sig=104556669133552562085&page=3&tbnh=9

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os.html&docid=cNZTV2H8xiGFXM&imgurl=http://2.bp.blogspot.com/_v_r7C1X_D3s/TNvDYD1

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Page 41: A Europa e os migrantes no séc. XXI - fe.uc.pt · Este tema “está nas primeiras páginas dos jornais ... Os portugueses no mundo e o mundo ... (Museu das Migrações e das Comunidades

 

 

 Anexo A Página da Internet Avaliada   

           

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Anexo B Texto de suporte á Ficha de Leitura  Machado, Fernando Luís e Roldão, Cristina (2010), Imigrantes idosos: uma nova 

face da imigração em Portugal.