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Internet, a rede que mudou o mundo!
José Teixeira Santos Coimbra, dezembro 2010
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra 2010/2011
Título do trabalho: Internet e liberdade de opinião Internet, a rede que mudou o mundo! Cadeira: Fontes de informação Sociológica 1º Ano da Licenciatura em Sociologia Professor Orientador: Professor Doutor Paulo Peixoto Trabalho Executado: José Domingos Teixeira dos Santos Aluno nº 20072956 Imagem da capa retirada: http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.revistainternet.com.br/wp‐content/uploads/2009/12/internet_1.jpg&imgrefurl=http://www.topgospelwebradio.com.br/index.php%3Fstart%3D200&usg=__nn‐tl3xrQ96S60xt24J9j1t4rr8=&h=319&w=425&sz=26&hl=pt‐pt&start=153&zoom=1&tbnid=F0G_qMFgC4hjAM:&tbnh=125&tbnw=168&ei=R8A4TeLdCNDq4AaeutTvCg&prev=/images%3Fq%3Dnascimento%2Binternet%26hl%3Dpt‐pt%26client%3Dfirefox‐a%26rls%3Dorg.mozilla:pt‐PT:official%26biw%3D1024%26bih%3D551%26gbv%3D2%26tbs%3Disch:10%2C3925&itbs=1&iact=hc&vpx=724&vpy=266&dur=1788&hovh=194&hovw=259&tx=110&ty=146&oei=bb84TYT9A82BswaY‐Z31Bg&esq=9&page=10&ndsp=15&ved=1t:429,r:14,s:153&biw=1024&bih=551
Dezembro 2010
Índice
1. Introdução ............................................ 1
2. Conteúdos ............................................. 4 2.1.Pesquisa das fontes ............................... 4 2.2.Estado das Artes .................................. 7
2.2.1. Enquadramento histórico da Internet ........ 7
2.2.2. Quem tem acesso à Internet ................ 10
2.2.3. Perspetiva idiossincráticas da Internet ... 20 2.2.4. A transformação da sociedade pela Internet; Mito ou verdade ............................. 22
3. Ficha de leitura .................................... 25 4. Avaliação de página da Web ......................... 29 5. Conclusões ........................................... 33 6. Referências bibliográficas ......................... 34 Anexos
Anexo A “Suporte à avaliação da página da Internet Página do Observatório das Desigualdades
Anexo B “Texto de suporte à ficha de leitura
Capítulo – “ O trauma português e o clima atual”, do livro PORTUGAL, HOJE: O Medo de Existir (2007), da autoria do
Professor José Gil
1
1.Introdução
Das quatro propostas disponíveis, Fraude e plágio na
Universidade; Internet e liberdade de opinião; As novas
religiões em Portugal e Cooperação europeia com África, para a
realização do presente trabalho no âmbito da cadeira de fontes
de informação sociológica, da licenciatura em sociologia,
ministrada pela faculdade de economia, da universidade de
Coimbra, a minha escolha recaiu, sobre a temática Internet e
liberdade de opinião.
Dentro desta grande temática, abordei o conceito de
Internet, a rede que mudou o mundo!
Porquê a opção por este tema? Pelo caráter da sua pertinência
e atualidade. Que pertinência e hodiernidade terá o tema? Poder‐
se‐á questionar.
Em primeiro lugar, esta temática é um fato incontornável das
sociedades contemporâneas. Quando refiro este fato, atribuo‐lhe
uma dicotomia de sentido.
O fato como ocorrência constatável, e fato como social na
perspetiva Durkheimiana. Em as regras do método sociológico,
constatamos, que o autor se refere ao fato social como uma
mescla de preceitos, nomeadamente a exterioridade, restrição e
coletivismo, (Durkheim, 2007) tais preposições, estão presentes
também (na minha perspetiva) no tema em abordagem – Internet.
Em segundo lugar, pelo fato de, pessoalmente, não ser um
profundo conhecedor nem tão pouco curioso deste campo.
Uma outra motivação que me levou a abordar este tema é a
diversidade e o caráter difuso e complexo da rede Internet.
Numa época em que é impensável não dispor das “novas
tecnologias” para desenvolver relações interpessoais,
profissionais de negócio ou culturais (…), simultaneamente são
veiculados permanentes alertas, por parte de entidades
2
reguladoras, fiscalizadoras dos perigos que este mecanismo
tecnológico que é a Internet pode representar para as sociedades
contemporâneas, que vivem numa mutação permanente e alucinante.
Ponderando os argumentos anteriormente referidos, decidi
então fazer uma abordagem sintética e generalista ao tema
proposto. A minha abordagem privilegiará o espaço cibernauta da
Internet.
Seguidamente considero os conceitos basilares que dão corpo
ao trabalho que pretendo desenvolver. São eles enquadramento
histórico da Internet; quem tem acesso à Internet; perspetiva
idiossincrática da Internet; a transformação da sociedade pela
Internet mito ou verdade.
Gostaria de referir que a abordagem que faço, ao grande tema
definido como, Internet e liberdade opinião, versará de forma
independente estas duas temáticas. No trabalho de pesquisa e
conteúdo, tratarei os conceitos acima referidos. Assentes
unicamente na Internet.
A liberdade de opinião será tratada também de forma
independente na ficha de leitura (tendo por base um capítulo do
livro de José Gil – Portugal, hoje).
Esta opção repousa na complexidade que os conceitos
encerram. Poder‐se‐á empiricamente afirmar, que estes dois
conceitos se relacionam e se completam, ou seja que o primeiro
(Internet) pode ser a via, que permite expressar o segundo
(liberdade de opinião), contudo poder‐nos‐emos também questionar
sobre que liberdade de opinião será essa!
Achei, que o tema é demasiado complexo, a sua
exequibilidade, não se enquadrava com o tempo disponível para o
levar a cabo.
3
Já quanto à pertinência, é na minha ótica um fator
relevante, porém, esta foi uma opção que tive de assumir, ainda
que ponderando as eventuais consequências, de tal desiderato.
Como nota final, referir que procurei neste trabalho
aplicar as regras do novo acordo ortográfico, recorrendo ao
conversor de ficheiros LINCE.
4
2. Conteúdos
2.1. Pesquisa das fontes
Na realização do presente trabalho recorri a um grande
número de fontes de informação, nomeadamente, fontes
eletrónicas, livros, alguns jornais e revistas, também usei o
recurso a teses de mestrado.
Foi recorrendo sobretudo a livros e teses que elaborei o
meu trabalho.
A escolha por este tipo de fontes foi uma opção, desde logo
porque é mais fiável, uma vez que é também sujeito a um maior
escrutínio e controlo de correção, tornando‐se assim mais
credível a informação recolhida.
A minha primeira abordagem ao tema que me propus
realizar foi através de uma busca eletrónica, recorrendo ao
motor de pesquisa do Google.
Utilizando apenas a palavra <Internet>, os resultados foram
elevadíssimos, indescritíveis diria eu (1.670.000.000
resultados).
Resulta também que para lá da imensa quantidade de
resultados, a busca eletrónica nem sempre é a mais fiável.
Tal como o docente da cadeira foi referindo ao longo das
aulas, no decorrer do semestre.
Assim sendo, e recorrendo ao catálogo Web Millenium da FEUC
(Faculdade Economia Universidade de Coimbra), onde efetuei uma
busca simples, e usando unicamente a palavra Internet, logrei um
produto de 13 registos.
5
Escolhido então um registo, passei a fazer a recolha da
bibliografia, socorrendo‐me da informação que cada registo
disponibiliza.
Refiro‐me aos temas associados que aparecem no catálogo da
Web Millenium, que se encontra abaixo das referências da
publicação (horizontalmente na linha do assunto).
Depois de obter alguns resultados satisfatórios com a minha
pesquisa, recorri às referências bibliográficas dessas
publicações, que me prestaram muita e preciosa informação.
Decidi então socorrer‐me com alguma frequência da biblioteca
da FEUC, onde efetuei algumas leituras.
Foi a partir da publicação de Al Ries e Laura Ries, em “As
11 leis imutáveis da criação das marcas na Internet” (2007), que
procedi ao início do trabalho que agora se apresenta.
Também o fato de conhecer alguns autores referência nestas
temáticas foi uma valia acrescida na busca da informação.
Manuel Castells e a A Sociedade em Rede (2005) foi um
referencial da minha pesquisa. Também (Cardoso et al., 2005),
com a Sociedade em rede em Portugal e para uma sociologia do
Ciberespaço, fizeram parte válida da recolha de informação
(Cardoso, 1998).
A tese de mestrado de José M. Gouveia, Determinantes da
Adoção de Novas Tecnologias da Informação e Comunicação – o caso
da Internet Móvel (2006), serviu para perceber uma perspetiva do
tema aos olhos de um gestor.
Recorri com alguma frequência a diversos sites, nomeadamente
ao INE (instituto nacional de estatística), ao Observatório das
desigualdades e também ao Internet World Stats, onde procurei
verificar dados estatísticos que corroborem as análises
produzidas.
6
Também fiz uso de leituras, disponibilizadas na biblioteca
da UA (Universidade de Aveiro), ainda que aí estivesse limitado
à consulta bibliográfica, uma vez que me não era autorizado
levar as mesmas para o domicílio.
Alguma informação empírica, que resulta de leitura dos
jornais diários que habitualmente leio, nomeadamente, o Público.
Para terminar apenas afirmar que a execução do presente
trabalho, me requereu um elevado número de horas de
disponibilidade (que não dispunha) para o levar a cabo.
Contudo tenho de admitir que aprendi muita coisa, que
desconhecia, tendo em conta o fato de me encontrar a terminar o
curso.
Percebi que se tivesse passado por este processo de
aprendizagem no primeiro ano, seguramente disporia de outros
argumentos ao longo do curso.
7
2.2. Estado das artes
2.2.1. Nascimento da Internet
É uma rede de redes de computadores
que se comunicam de forma transparente ao usuário
através de um protocolo comum ‐IP
(IP ‐ Internet Protocol). (Anção e Paiva, s.d)
Crê‐se que o princípio daquilo que é hoje a Internet terá tido
origem nos finais dos anos 50 do século XX, em pleno período da
guerra fria. São os militares americanos, num ato preventivo
contra a ameaça nuclear, que dá os primeiros passos da Internet
que hoje dispomos.
ARPA [Advanced Research Projects Agency] é o nome da agência
que vai desenvolver o projeto Internet, com a utilidade, não só
enquanto forma de comunicar entre as várias agências do estado,
mas também como resposta ao lançamento do satélite Sputnik1,
pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Contudo, o grande desenvolvimento iria ocorrer quando alguns
centros de investigação e Universidades Americanas passaram a
utilizar esta rede ‐ ainda muito embrionária comparativamente 1com o que existe no presente ‐ para comunicar e trocar
experiências entre eles.
O registo do primeiro computador ligado em rede (quatro nós)
terá ocorrido em 1 de setembro de 1960.
1 O satélite Sputnik tinha por objetivo analisar a capacidade de lançar cargas para o espaço (…) obter informação sobre a esfera terrestre, tendo em fundo o envio do homem à lua (…), esta é uma descrição muito sucinta das missões do satélite
8
Decorridos alguns anos de parcerias entre o Departamento de
Defesa e as universidades americanas ocorre a separação e o fim
do projeto comum, que viria a culminar na Internet.
A denominada ARPANET – com fins científicos – separa‐se da
MILNET – esta com fins militares. Na origem da separação pode
ter estado o excessivo controlo por parte dos militares – como é
apanágio destas Instituições – e que de alguma forma embaraçava
o trabalho dos investigadores, que encontravam na rede uma nova
e mais eficaz forma de partilhar conhecimento.
Vinton G. Cerf e Robert E. Khan são tidos como os pais da
Internet, é a eles que está ligada a combinação da plataforma
TCP/IP, respetivamente – Transmission Control Protocol/ Internet
Protocol – que resultou no modelo padrão da comunicação
informático nos anos 80, nos USA, (Castells, 2005).
Afirma Castells, que alguma da evolução que foi ocorrendo no
desenvolvimento do projeto Internet foi, por vezes, por obra do
acaso. O e‐mail2 é exemplo desse “ato quase fortuito”. Contudo,
é ainda e nos dias de hoje a variante referencial de entre os
utilizadores da Internet (2005).
Porém, não é um exclusivo dos americanos o desenvolvimento
da Internet. Não! Também na Europa foram dados passos que
merecem ser relevados.
O CERN (Centre Européen pour Recherche Nucleaire) com sede
em Genebra – Suíça, e sob a coordenação do Engº Timothy Jonh
Berners‐Lee, teve um contributo de elevado valor para o
desenvolvimento e crescimento da plataforma Internet.
A World Wide Web, comummente conhecida como www ou Web
instrumento de navegação na rede, é um dos desenvolvimentos que
estão atribuídos ao projeto CERN, tal como o HTML (hipertext
markup language), com o objetivo de adaptar a linguagem própria 2 Apoia a sua plataforma no protocolo SMTP (Simple Mail Tranfer Protocol) basicamente, permite a troca de textos.
9
ao protocolo TCP/IP, bem ainda como o http (Hipertext Transfer
Protocol), que permitia transferência de a informação através da
Web browsers – navegador – entre muitos outros desenvolvimentos
(Castells, 2005).
10
2.2.2. Quem tem Acesso à Internet
Da mesma forma que outros avanços, acontecimentos e
ocorrências históricas, não foi nunca consensual nem transversal
às sociedades, tal como diz o provérbio popular (Deus que foi
Deus não agradou a todos) também a Internet não terá sido
exceção que confirma a regra.
Reportando‐me ao caso Português, empiricamente ou pelo
recurso do senso comum, poder‐se‐ia afirmar que o acesso às
novas tecnologias, e nomeadamente à Internet está massificado.
Contudo a realidade não é de todo precisa. Tendo como base
os dados do portal, <http://observatorio‐das‐
desigualdades.cies.iscte.pt/>, que por sua vez remete para o
link do INE, podemos constatar alguns indicadores que nos
mostram que os Portugueses não dispõem todos das mesmas
oportunidades no acesso e utilização da Internet.
Um primeiro indicador pode ser avaliado pela consulta do
gráfico nº1.
Realidade do risco de pobreza em que se encontra a população
Portuguesa, nos vários grupos etários.
11
Gráfico nº1
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2008)
Tendo em conta os demonstrativos do gráfico nº1, podemos
concluir que, desta forma a Internet não poderá ser uma
prioridade na vida dos portugueses. Logo, o que parecia ser um
caso de sucesso e massificação poder‐se‐á revelar um dado
empírico errado.
A informação que pretendo reportar é a de que com um tão
elevado número de indivíduos no risco de pobreza, irá
seguramente reduzir proporcionalmente o número de utilizadores.
Alguns dos que aparecem em risco podem fazer uso da Internet
em espaços livres. Contudo o que ressalta da leitura do gráfico
nº1, é um elevado número de indivíduos em risco de pobreza, que,
em princípio, não puderam dispor de tal mecanismo tecnológico.
12
Quadro nº1. Evolução da utilização diária ou quase diária de Internet em
Portugal, por sexo, idade e nível de escolaridade (%)
Fonte: Observatório das Desigualdades (2010)
Outro indicador que nos permite avaliar das possibilidades
que os Portugueses dispõem para acederem às novas tecnologias –
Internet – pode ser lida em função das idades, nível de
escolaridade e o sexo, expresso no quadro nº1, onde se constata
a evolução de utilização da Internet por grau de escolaridade,
sexo e idade, segundo a utilização diária ou quase diária.
Uma vez mais se conclui da fraca utilização da Internet, por
parte dos portugueses.
Dentro dos valores expostos, podemos reter que apenas os
escalões etários entre 16‐24 (anos) e 25‐34 (anos) ultrapassam
os 50% de utilizadores diários ou quase diários da internet.
São também os indivíduos com maior grau de escolaridade,
[ensino superior] aqueles que mais utilizam a Internet,
ultrapassando os 80%, para o ano de 2009 referenciado pelo
quadronº1.
13
Também a variável sexo, expressa diferenças entre os
utilizadores. Ou seja, são os indivíduos de sexo Masculino,
aqueles que mais usam este meio tecnológico dentro da população
Portuguesa.
Ainda que, e como se pode observar no quadronº1, a diferença
entre as variáveis dicotómicas não seja muito elevada.
O que o quadro revela é que as variáveis, no seu conjunto,
apenas representam para o ano de 2009 uma população de 33% de
utilizadores.
Contudo, pode observar‐se um crescimento de utilizadores
tendo em conta os anos em referência.
Visualizando o gráfico nº2, podemos ter uma noção mais
“terra a terra” da realidade portuguesa. Constata‐se que por
cada mil (1000) indivíduos, a título de exemplo para o ano de
2009 apenas 513 indivíduos utilizavam este meio tecnológico.
Gráfico nº2
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2010)
14
Quadro nº2. Evolução da utilização de Internet em Portugal, por sexo, idade e
nível de escolaridade (%)
Fonte: Observatório das Desigualdades (2010)
Através do quadro nº2, podemos também avaliar a evolução em
Portugal, das variáveis, sexo, idade e nível de escolaridade.
A variável sexo estabelece desde logo diferenças. São os
homens que mais utilizam a Internet. A este fato não será alheia
a chamada dupla tarefa da mulher no agregado familiar. Enquanto
as mulheres desenvolvem as tarefas domésticas, os homens,
dispõem de mais tempo livre para fazer uso das Tic. Também a
variável idade é reveladora da evolução.
Esta evolução é mais elevada entre aqueles que têm idades
compreendidas entre 16 e os 24 anos, bem como entre os 25 e 34
anos, sendo estes os que mais evoluíram no período reportado.
Podemos mesmo observar que estes dois escalões juntos
representam um valor superior aos restantes escalões somados e
em conjunto.
15
Para continuar, os que possuem maior grau de ensino também
se assumem como aqueles que mais alta percentagem de evolução
apresenta (92,6% em 2009).
Muitos outros indicadores poderiam ter sido referidos nesta
pequena abordagem sobre o acesso dos portugueses e a relação que
têm com a Internet.
Tradicionalmente, a sociedade portuguesa é bastante
conservadora e reservada. O lento crescimento na adoção pelas
novas tecnologia é bem sintomático disso.
Contudo, a razão pela qual a difusão da Internet ainda está
um tanto aquém do desejado pode passar por um múltiplo conjunto
de móbiles.
Seguidamente e efetuando uma leitura sucinta do quadro nº3,
podemos observar uma, de entre muitas outras, das razões, pelas
quais os Portugueses têm com a Internet uma relação bem aquém do
ambicionado ou mesmo desejado.
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Quadro nº3. Despesa em investigação e desenvolvimento, em % do PIB e por
habitante, nos países da EU‐27 em 2008
Fonte: Observatório das Desigualdades (2010a)
Observando o quadro nº3, podemos notar que Portugal ocupa
uma posição intermédia no pelotão europeu no tocante à despesa
em I&D, com 1,5% do PIB (produto interno bruto), o que pode
parecer bastante surpreendente, tendo em conta que surge à
frente de países como Espanha, Itália ou Irlanda.
De referir apenas, que o PIB é um valor através do qual não
se pode fazer uma comparação quantitativa, quando se procura
estabelecer um paralelo entre amostras. Neste caso entre países.
O PIB corresponde à riqueza que cada país produz.
17
Ou se seja, 1% do PIB português não é igual aos mesmos 1% do
PIB alemão, francês ou sueco…
Contudo, se observarmos o índice do quadro nº3, verificamos
que o investimento estimado per capita português é de 233,2
euros/ano, muito inferior à média dos UE‐27 (399,8€) e
muitíssimo baixo quando se estabelece uma comparação com a
Suécia, que ocupa a primeira posição, e que retira 3,8 do seu
PIB, o equivalente a 1059,2 euros por habitante em I&D.
Todavia a questão não se prende unicamente com a falta de
investimento por parte do estado.
Questões sócio‐económicas dos indivíduos, fundamentos
culturais muito enraizados, nível de escolarização ainda não
consentâneo com os patamares europeus, entre outras razões,
levam os portugueses a ter alguma abstração perante as novas
tecnologias, nomeadamente a Internet.
Não obstante as condicionantes associadas, é observável o
esforço que o estado português tem feito, no sentido de
recuperar algum do tempo perdido.
Adotando várias políticas no âmbito da I&D, com o profuso
objetivo de tornar a economia do país virada mais para a
produção de valor inteletual e tecnológico, em detrimento dos
setores tradicionais.
Esta realidade equidistante da população portuguesa perante
a Internet, parece hoje querer esfumar‐se. Observando os dados
da Internet World Stats no quadro nº4, verificamos a evolução da
realidade nacional.
Fazendo uma análise entre os anos de 2000 e 2010, observamos
um aumento crescente de utilizadores, entre 2000 e 2007, com
cerca de 74%, (o equivalente a 7,782,760 indivíduos), do total
da população residente (10,539,564 indivíduos).
18
Mas no decurso temporal entre 2008 e 2010 ocorre uma inversão
no processo que vinha em crescendo.
Muito provavelmente pela conjuntura internacional (bolha
especulativa financeira) e que se fez sentir de sobremaneira em
Portugal.
Quadro nº4. Estatísticas de utilizadores de Internet, da população
Portuguesa
EAR Users Population % Pop. Usage Source
2000 2,500,000 10,318,084 24.2 % ITU
2004 3,600,000 10,463,170 34.4 % CIA
2006 6,090,000 10,501,051 58.0 % Comp. Ind. Almanac
2007 7,782,760 10,539,564 73.8 % IWS
2010 5,168,800 10,735,765 48.1 % ITU
Fonte: Internet World Stats (2010)
Legenda: ITU information and communication technology
CIA Computer Industry Almanac Inc.
No quadro nº4, podemos observar, e segundo as várias fontes
a evolução do “rating” nacional. Os dados expostos permitem
comparar durante alguns anos o processo de crescimento dos
utilizadores da Internet em Portugal.
Assim sendo, podemos observar que desde o ano 2000 até 2007,
sem alterações significativas no aumento da população, a
evolução dos portugueses na relação com a Internet foi sempre
aumentando. Chegando neste ano (2007) a atingir um valor
significativo de 73.8%, da população total. Segundo dados da IWS
(Internet World Stats, 2010).
Mas olhando para o ano de 2010 (Não sabemos se os dados
foram calculados no final do ano civil, ou em ordem pré
estabelecida pela entidade que efetuou as estatísticas),
observamos uma queda súbita do número de utilizadores da
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Internet em Portugal, que passou de 73.8%, em 2007, para, em
2010, apresentar valores abaixo dos 50%, mais precisamente de
48.1% (Internet World Stats, 2010).
Tendo em conta os elementos exposto anteriormente, podemos
afirmar que o universo de utilizadores em Portugal é ainda
baixo, comparativamente com os dados registados em outros países
europeus e de algumas outras regiões do globo.
Quem acede à Internet em Portugal oscila de forma não
uniforme. Ou seja, o acesso à Internet está longe de ser
uniformizado na população portuguesa (Cardoso et al., 2005).
Já a forma como os portugueses se relacionam com este
instrumento, em Portugal, é algo diversificada. Se, por um lado
a penetração da Internet é uma realidade inequívoca, por outro
lado há um setor mais resistente, que teima em não aderir às
novas tecnologias.
Quem é quem? Tal como referimos anteriormente, são os mais
jovens, e que possuem mais instrução, que melhor se relacionam
com a Internet.
Por outro lado, os mais idosos são algo céticos, quanto ao
uso e detenção da Internet.
O motivo pelo qual a penetração é maior entre os jovens
passa por uma série de fatores, como, como por exemplo, maior
predisposição para as tecnologias, o fato de nas escolas ser
potencializado o uso das ditas…
Contudo, e segundo Cardoso et al.,"… a Internet se venha a
estender a uma ampla maioria da população, indicando então a
plena afirmação da sociedade em rede” (Cardoso et al.,
2005:139).
20
2.2.3. Perspetivas idiossincráticas do “fenómeno”social
Internet
Quando se procura entender a opção que os indivíduos tomam
pelas mais diversas inovações tecnológicas que se lhes expõem
quotidianamente, vão‐se cometendo alguns erros (Gouveia, 2006).
O fato de muitos investigadores estudarem de forma
independente a penetração das inovações nos indivíduos, e
ignorarem a forma como o indivíduo se vai relacionar com a
inovação não deve ser desligada da relação anterior. Jorge
Gouveia sugere que este processo deve mesmo ser tratado como um
Cluster tecnológico, com observância do todo evolutivo (Rogers
apud Gouveia, 2006).
Ou seja, é sugerido que se deva ter sempre em linha de conta
a relação que o indivíduo detinha e ainda tem com o objeto
“agora obsoleto”. Penso que, tendo presente este congregado
histórico, se pode perceber o porquê da escolha ou não escolha
do instrumento tecnológico.
A aceitação pelas inovações tem uma relação direta com a
estrutura social e cultural. A disseminação, mais ou menos
acelerada do seu uso será condicionada tendo em conta as
dimensões referidas (Rogers apud Gouveia, 2006:33).
Alguma resistência vem, segundo Cardoso et al., do fato de
os indivíduos, não possuírem disponibilidade para aprender a
utilizar tal ferramenta e não tanto pelo desinteresse ou
desconfiança para com o instrumento tecnológico (Cardoso et al.,
2005:175).
Outros há ainda, que justificam a não utilização da Internet
pelo fato de a abrangência das redes não alcançar a sua região
ou habitação.
É com alguma frequência que se aborda o tema das novas
tecnologias associado a um propulsor negativista, aviltador e
hediondo.
21
Numa primeira via (sem qualquer ordem de importância ou
grandeza), observamos a utilidade e a relevância que este
instrumento tecnológico representa para as sociedades atuais nas
suas múltiplas vertentes.
Uma segunda via, opositora da anterior, situa‐se a
preponderância do tradicional e onde os valores são a divisa de
uma corrente mais humanista.
Na Perspetiva de Wolton “…não há nada mais perigoso que ver
na presença de uma tecnologia [Internet] cada vez mais
desenvolvida a condição de aproximação entre os homens”
(2000:9), esta pequena transcrição pode ser o mote de abertura
para alguma discussão.
Será que aproximando os homens tal desiderato os torna mais
iguais? Será que fazendo‐o crer (homem) que dispõem de
mecanismos similares ao seu semelhante, torna o homem mais igual
nas oportunidades perante os outros singulares na “selva”
social?
Bom, tendo em conta as Perspetivas de Wolton, “aproximar os
indivíduos vai ter um efeito perverso, que é permitir tornar
visíveis as diferenças entre eles” (2000).
22
2.2.4. A transformação da sociedade pela Internet
Mito ou verdade
Segundo Ries e Ries a Internet não é mais que o
continuar da história. O que a história nos revela é uma mudança
cíclica dos paradigmas (2007).
Assim sendo, serve‐nos como exemplo o nascimento da TV nos
anos 50, o computador mainframe (computador de grande dimensão
capaz de armazenar quantidades ínfimas de informação) nos anos
60, o chip eletrónico na década seguinte, o PC nos anos 80 e a
Internet, que surge nos anos 90 e que vem até hoje (Ries e Ries,
2007).
Será que a Internet transforma a sociedade? Bem, uma coisa
será certa. As comunidades, as sociedades, o mundo no seu geral,
não mais será o mesmo depois da Internet.
Em termos económicos seguramente sim. Uns dirão que para
melhor outros talvez dirão o contrário.
Tal como afirma Castells, “… uma nova economia, um novo
sistema de meios de comunicação, uma nova forma de gestão, tanto
nos serviços públicos…” bem como “… nem só de tecnologia vivem
as pessoas: a modernidade informática não elimina os problemas
sociais e políticos, e nalguns casos e em determinadas condições
até os acentua” (Castells apud Cardoso et al., 2005:21).
Esta é uma perspetiva válida. Contudo, existem outras que de
algum modo vão recobrir estas.
As visões em torno da Internet, e no tocante às suas
alterações no quadro social, são as mais variadas.
23
Uma vez mais Cardoso (1998:25) afirma “os utilizadores da
Internet e do ciberespaço não se limitam a ser processadores
solitários de informação, são também seres sociais” e “não
procuram apenas a informação, também buscam a pertença, apoio e
afirmação, são também atores sociais”.
Naturalmente que as visões sobre o efeito da Internet nas
sociedades varia com a mesma quantidade, quanto as perspetivas
de cada um sobre esta abordagem.
Este novo instrumento – Internet ‐ faz, e voltando à questão
económica novamente, uma alteração quase completa da forma como
os indivíduos se relacionam com os mercados e as suas lógicas
contemporâneas.
Acontece que de repente as lógicas passaram da
oferta/procura para um posicionamento oposto. Ou seja,
procura/oferta. São os indivíduos que, utilizando o instrumento
tecnológico procuram retirar do mercado o melhor proveito para
satisfação das necessidades imediatas.
Em relação ao risco de a internet apagar por completo todas
as lógicas de comunicação/informação existentes, tendo em conta
que as outras lógicas parecerem obsoletas, as opiniões dividem‐
se.
Tal como afirma Ries e Ries, é um ciclo normal da evolução,
tal qual os que ocorreram ao longo da história. Mas com este
caráter de ubiquidade, será que não é um risco vaticinar para a
Internet o mesmo que se fez com os jornais, telefone a televisão
(etc.)?
Observando o quadro nº5, fará sentido pensar‐se que os
países emergentes se afirmem, como tal, pelo fato de estarem na
primeira linha enquanto utilizadores da Internet?
24
Quadro nº5. Dados estatísticos de utilizadores de Internet, por regiões do
mundo.
Fonte: Internet World Stats (2010a)
Examinando o quadro nº5, assim parece. Observa‐se uma elevada
percentagem de utilizadores (42,0%) na região Asiática, sucede‐
se a Europa, com (24,2%). Teremos de considerar também que este
valor é inflacionado pela dimensão da população.
Um dado que também merece ser destacado é o crescimento
verificado em 10 anos para a região Africana.
Neste continente registou‐se uma taxa de crescimento em 10
anos verdadeiramente assombrosa (2,357,3%). Ainda que, no seu
conjunto o número de utilizadores seja bastante baixo, tendo em
conta a população (fatores económicos e de infraestruturas
estarão na origem deste atraso).
25
3. Ficha de Leitura
FICHA DE LEITURA
TÍTULO DA PUBLICAÇÃO: Portugal, Hoje: O medo de existir
AUTOR(ES): José Gil
ISBN: 978‐972‐708‐936‐9 DATA DE PUBLICAÇÃO: maio 2007 EDIÇÃO: 11ª
LOCAL DE EDIÇÃO E EDITORA: Relógio D’Água: Lisboa
TÍTULO DO ASSUNTO: O trauma Português e o clima atual, 115‐125
Nº DE PÁGINAS: 206 ASSUNTO: Ensaio; Sobre os medos e as causas desses medos dos “Portugueses”
PALAVRAS‐CHAVE: Não inscrição; Medo; Democracia;Espaço público;Comunicação social
DATA DE LEITURA:13/12/2010
ÁREA CIENTÍFICA: Filosofia/Sociologia
SUB‐ÁREA CIENTÍFICA:Filosofia/Sociologia Política
OBSERVAÇÕES: Este ensaio é parte integrante de uma coleção de outras obras, da
qual faz parte o Livro "Portugal, Hoje: o medo de Existir" com o nº21. O
Livro é composto nesta edicção por 11 Capítulos. A presente edição(11ª),é
acrescentado um comentário do autor sobre "O medo de existir", onde é
abordada a evolução do País e onde são também expostos comentários/criticas à
obra.
NOTAS SOBRE O AUTOR:
José Gil, nascido a 15 de junho de 1939, em Muecate, província de Nampula
– Moçambique.
É doutorado em Filosofia pela universidade de Paris em (1982), com o
estudo “ O corpo como Campo de Poder”. Lecionou no Colégio Internacional de
Filosofia em Paris; partilhou da companhia de penalidades como Gilles
Deleuse.
Lecionou nos últimos anos na Faculdade de ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, tendo dado a última aula a 10 de março de 2010.
Podendo ouvir‐se no endereço que se segue um exerto da sessão.
<http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1516053>
26
Foi considerado em 2005, pelo “ Le Nouvel Observateur”, como um dos 25
grandes pensadores do Mundo. Apreciador de Fernando Pessoa, não conhece
Mourinho e não é grande admirador de fado. Referir que José Gil viveu grande
parte da sua vida fora de Portugal.
Tem escritas cerca de 20 obras, de onde se destaca “Portugal, Hoje” e o
ensaio sobre “O Principezinho de Antoine de Saint‐Exupéry”. A religião é um
tabu, que pretende um dia abordar.
RESUMO / ARGUMENTO
Imobilismo, Apatia, Anestesia generalizada, Estado de torpor
interminável…, assim definiria este capítulo, visando as palavras do autor.
Tece um retrato muito estéril da sociedade portuguesa. A ténue reação, ao
autoritarismo e à irresponsabilidade do político. A inação de uma sociedade,
que teima em permanecer mergulhada entre a hibridez salazarista e a
democracia, que tarda em se efetivar.
INTRODUÇÃO/APRESENTAÇÃO: Para o autor, “o trauma português e o clima atual”, e a inação face à
torrente de incongruência de status, se deve a pelo menos duas ordens de
razões. Num primeiro momento a ausência de um espaço verdadeiramente público;
em segundo, onde mora a génese do trauma e os seus efeitos reais na sociedade
portuguesa. O porquê de uma tão grande passividade da sociedade portuguesa
para com a atuação do poder político. Este tipo de abordagem sobre a
sociedade portuguesa não é muito comum.
DESENVOLVIMENTO:
“Mas tratar‐se‐á realmente de terror, ou mesmo de micro ‐ terrores, o que
se passa na realidade atual da sociedade portuguesa?” (Gil, 2007:115).
Neste capítulo, o autor serve‐nos um conjunto de argumentos da mudança
paradigmática da vida social na relação com a política. Expõem e fundamenta a
fragilidade da nossa democracia, que nos pode expor a um aventurismo
ideológico similar ao vivido no século XX.
Nas palavras do autor existe na matriz portuguesa, um caráter, vincado e
aventureiro que, no passado, fez expandir a grandeza do povo português.
Contudo tal qualidade parece definitivamente arredada do quotidiano [ou não].
27
Esta reflexão serve de argumento para o capítulo.
O autor procura demonstrar alguns traços caraterísticos que têm sido
apanágio da sociedade portuguesa.
Na sua ótica, os portugueses vivem completamente divorciados e distantes
da política, dando o exemplo de inúmeros acontecimentos que marcaram a última
década. Mas porquê, este distanciamento? É aqui que entramos no conteúdo
essencial do discurso de José Gil.
No entender de Gil, a falta de espaço público marca de forma inequívoca
tal atitude. Contudo, não é a única razão para esta consciente inconsciente
atitude perante a vida pública.
O Salazarismo tem, na sua ótica, cota de responsabilidade.
Poder‐se‐á questionar, mas a ditadura já terminou há 30anos! Do
pensamento do autor deriva uma insanável patologia que afeta os portugueses.
Essa doença encontra‐se no subconsciente do povo, da qual se não libertou
todavia. Ou não? Gil procura transmitir‐nos que existe hoje uma nova forma de
controlo por parte do Estado, sem que tenha de recorrer à coerção.
A estratégia de controlo [não violenta ou privativa das liberdades] passa
hoje pelo recurso aos mecanismos tecnológicos. A imagem que se veicula hoje
pelos media torna presente ou ausente o indivíduo. A força que tais meios
representam na construção do indivíduo é muito bem percebida pela política.
Assim sendo, esta utiliza‐a habilmente.
A refeudalização é um termo usado por Habermas para definir a inversão do
papel dos media no espaço publico. O que significa refeudalização? Significa
algo como uma anástrofe; significa que os media perderam a raiz da sua
essência ao abdicarem do sentido crítico do sistema e passarem agora a uma
conivência reprodutiva da imagem comercial. Tornam‐se construtores de ídolos
virtuais (Habermas Cit.in Cabo 2007:62).
Assim sendo, o que se inscreve é unicamente a mensagem que os media
difundem.
A singularidade é hoje um conceito efémero, o mundo está hoje demasiado
dinâmico para que possa centrar a atenção unicamente em atos singulares.
Um fato parece irrefutável e percetível, é que os media não mais parecem
representar o espaço público e nem sequer está sujeita ao seu controlo
28
[cidadania] (Esteves apud Cabo, 2007:68). “… vive do pronto a esquecer e do
apagamento imediato que sofre qualquer acontecimento”(Gil,2007:124).
PONTOS FORTES:
A abordagem que posso fazer aos pontos fortes é de que a abordagem toca
em aspetos que se enquadram perfeitamente com a realidade portuguesa.
Nomeadamente ao comportamento e ao desempenho dos poderes políticos. Concordo
que existe ainda em Portugal gente com coragem para elevar o moral nacional.
PONTOS FRACOS:
Sabemos que os media, vivem muito próximos do poder, contudo, o papel que
lhes esta denotado no texto é demasiado redutor e mesmo pessimista, na
relação que estabelece e na conivência com o poder político. Penso que podem
fazer mais. Porém, tem sido louvável a prestação dos media em Portugal, ao
contrário do que Gil, de alguma forma, tenta mostra‐nos.
PERSONAGENS CITADAS:
Santana Lopes, o principal visado, Gomes da silva ex.ministro do
XVI governo de Portugal, Paulo Portas, Cavaco Silva, citados no corpo do
texto.
REFERÊNCIAS HISTÓRICO‐CULTURAIS:
É retratado pelo autor uma série de acontecimentos situados no tempo e
que servem de mote aos conteúdos expostos. Viaja desde o feudalismo ao
Salazarismo, passando pelo Cavaquismo, terminando de forma muito crítica em
relação ao Santanismo (este apenas esteve alguns meses ‐3 – na condução dos
destinos do país)
RECURSOS DE ESTILO E LINGUAGEM:
Linguagem acessível e simples, tendo em conta que o autor – José Gil – é
um filósofo.
Habitualmente, o tipo de discurso elaborado por intelectuais revela‐se,
profundamente denso, técnico. Neste particular, não só o capítulo tratado,
como o ensaio no seu geral, é de acessível compreensão.
DISCIPLINA: Fontes de Informação Sociológica PROFESSOR: Prof. Dr. Paulo Peixoto
ALUNO: José Domingos Teixeira dos Nº:
29
Santos 20072956
4. Avaliação de página da Web
Avaliação da Página de Internet
A minha escolha sobre a página a avaliar no âmbito dos
objetivos da avaliação, recaiu sobre a página do Observatório
das desigualdades que se encontra disponível no endereço:
<http://observatorio‐das‐desigualdades.cies.iscte.pt/>
Este portal foi encontrado, quando efetuava uma busca sobre
o tema das desigualdades. Depois de ter tomado nota a uma
referência por parte do docente da Cadeira de Sociologia da
Comunicação Social.
Descrevo da seguinte forma o portal em avaliação: dispõem da
informação em duas línguas, português e em Inglês.
Na Parte superior da página de entrada, e na forma
horizontal, encontramos um conjunto de ícones com a seguinte
disposição: da esquerda para a direita Apresentação, Estudos,
Bibliografia, Estatísticas e Base de Dados, Indicadores,
Publicações, Noticias e Entrevistas, Newsletters e finalmente
Ligações.
Por baixo do ícon Apresentação, também surge a palavra Home,
que serve como forma de regressar sempre à página de entrada.
O primeiro ícon remete para a Apresentação, onde é possível
observar‐se o cariz da organização, estrutura e objetivos da
missão dos detentores do portal.
“O Observatório das Desigualdades é uma estrutura independente
constituída no quadro do Centro de Investigação e Estudos de
Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES‐IUL), que
é a instituição responsável pelo seu funcionamento e coordenação
científica, tendo por instituições parceiras o Instituto de
30
Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
(ISFLUP) e o Centro de Estudos Sociais da Universidade dos
Açores (CES‐UA).
O Observatório é apoiado pela Presidência do Conselho de
Ministros, pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
e pelo Ministério da Educação, tendo para esse efeito sido
celebrado, em sessão pública, um protocolo de cooperação com o
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia no dia 17 de
outubro de 2008.
O Observatório foca as suas atividades no tema das desigualdades
sociais. Para além de promover o conhecimento científico nesta
área, o Observatório está em condições de contribuir para a
fundamentação e avaliação das políticas públicas em Portugal,
constituindo‐se, deste modo, como um instrumento fundamental de
investigação e de divulgação científica (Observatório das
Desigualdades, 2010b)
Trata‐se de uma estrutura independente, que trabalha em
parceria com várias instituições no âmbito da investigação
social e é apoiada por vários ministérios públicos.
Retomando a descrição, observamos, que dentro da
apresentação e no lado superior direito da página, está disposta
uma caixa com dois ícones – equipa e contatos. (onde se pode
observar a constituição das equipas que trabalham no
observatório e ainda a sua localização e contatos,
respetivamente).
No segundo ícon Estudos, podemos obter a informação dos
estudos elaborados nos anos de 2008 a 2010. Podemos ainda
observar, uma vez mais no canto superior direito da folha, três
opções, Análises, conferências e apresentações, Audiovisuais.
31
Tal como os termos indiciam, eles abordam respetivamente a
composição dos estudos realizados, divulgam conferências e
apresentações, e finalmente multimédia.
No terceiro ícon Bibliografia, permite efetuar pesquisas
sobre vários temas, entre artigos e livros, esta opção aparece
no canto superior direito da folha.
No quarto ícon Estatísticas e Bases de Dados, nesta opção
podemos extrair informação Nacional e Internacional. Ao
selecionar‐mos a opção Nacionais, dispomos de um quadro de
grandes opções temáticas, que por sua vez se desdobra em
informação ainda mais ampla e que acaba por remeter para o
portal do INE.
Se a opção for pelo item Internacional, o processamento é
semelhante ao Nacional, com a nuance de estar disponível
informação de organismos como a UNESCO, EUROSTAT, OCDE …dispondo
de informação Internacional (Europa).
No quinto ícon Indicadores, dispomos de nove (9)
indicadores, com respetivos Glossários, contendo informação
diversa, relativamente aos indicadores selecionados.
No sexto ícon Publicações, é possível aceder a publicações
entre as datas de 2008 a 2010, havendo ainda no canto superior
direito da folha a opção direta pela publicação do Observatório
das Desigualdades.
No sétimo ícon Noticias e Entrevistas, a informação
disponibilizada reporta‐se aos anos de 2008 a 2010, com
informação detalhada mensal, de janeiro a dezembro. Esta também
disponível informação com transcrições de entrevistas parciais
sobre duas notícias.
No nono ícon Newsletters, encontra‐se disponível as Newsletters
desde 2009 a 2010, contendo à data desta consulta, dez números
publicados sobre o Observatório das Desigualdades.
Finalmente e no décimo ícon Ligações, é fornecido um
conjunto superior a quarenta links/ endereços de ligação que vão
32
desde o (<http://195.245.197.196/left.asp?05.18>), que
corresponde à segurança social, ou o seguinte
(<http://www.who.int/en/>), que corresponde ao World Health
Organization, entre muitos outros.
Em jeito de conclusão, julgo poder afirmar que este site do
“Observatório das desigualdades” é simples, não possui
publicidade que possa distrair os utilizadores deste serviço.
A navegação é simples e fácil, cumpre os critérios
amigabilidade e usabilidade, ainda que reencaminhe para outros
sites mais complexificados.
Julgo poder fazer um paralelo entre o presente portal e o INE,
admitindo que o primeiro é mais simplista e acessível.
Penso que a sua estrutura simples esta perfeitamente
encaixada na amplitude e recetividade que pretende. Percebe‐se
que é ainda relativamente recente.
Já relativamente à informação que disponibiliza, ela é
dirigida a uma população muito específica, nomeadamente a
investigadores, académicos, estudantes, mesmos a entidades
governamentais.
Diria que a informação que disponibiliza não é atrativa para
a população em geral.
Exige a leitura e interpretação de dados estatísticos
(tabelas, gráficos) que podem tornar‐se fatigantes, aborrecidos
de interpretar.
Contém informação atual e remete em simultâneo para outros
links que disponibilizam informação relevante.
O fato de disponibilizar dados internacionais é uma mais‐
valia, que não posso deixar de relevar.
Permite ainda importar informação gráfica e tabelar ainda
que com menor qualidade e facilidade que o disponibilizado por
outros portais, a exemplo do, do INE.
Para terminar referir que os direitos do portal estão
reservados à InstantWeb.
33
5. Conclusões
Tal como afirmei na introdução, a opção por este tema de
trabalho, ocorreu pelo fato de a minha compreensão e
conhecimento, acerca da Internet ser bastante limitada e mesmo
distante.
À conclusão que cheguei, em torno da temática é de que a
Internet é um processo irreversível, a sua propriedade
inteletual é de todos aqueles que a utilizam.
Concluí que pode ser uma arma poderosa quer seja na dimensão
social, cultural, económica ou política.
O recurso a este instrumento tecnológico, vai provocar
mudanças substanciais e significativas na dinâmica e estrutura
das economias. Seja na forma de organizar o mercado de transação
de mercadorias ou da nova forma de organização do trabalho.
É também uma forma de contra cultura, que percorre a aldeia
global.
O caso Wikileaks é paradigmático. Por um lado, a revolta dos
visados pela Wikileaks, por outro, aqueles que se manifestam
solidários com Julian Assange.
Finalizo, dizendo apenas que o presente trabalho exigiu um
grande empenhamento pessoal.
34
6. Referências bibliográficas
Cabo, Ana Isabel (2007), Os Novos Movimentos Sociais e os Media:
Os Movimentos Antiglobalização nas Página do Público. Lisboa:
Livros Horizonte.
Cardoso, Gustavo (1998), Para uma Sociologia do Ciberespaço:
Comunidades virtuais em português. Oeiras: Celta Editora.
Cardoso, Gustavo; Costa, António Firmino; Conceição, Cristina
Palma; Gomes Maria do Carmo (2005), A Sociedade em Rede em
Portugal. Porto: Campo das Letras.
Castells, Manuel (2005), A Sociedade em Rede, vol.I. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian.
Durkheim, Émile (2007), As regras do método Sociológico, 10ªed.
Lisboa: Editorial Presença.
Gil, José (2007), “O trauma Português e o Clima atual”, in José
Gil, Portugal, Hoje: O Medo de Existir. Lisboa: Relógio D’ Água
Editores, pp.115‐125.
Gouveia, Jorge Mendes (2006), “Determinantes da Adoção de Novas
Tecnologias da Informação e Comunicação – o caso da Internet
Móvel”, Tese de Mestrado em Gestão de Empresas. Coimbra:
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
35
Ries, Al e Ries, Laura (2007), As 11 leis imutáveis da criação
das marcas na Internet, Lisboa: João Quina Edições: Público,
2007.
Wolton, Dominique (2000), E depois da Internet. Algés: Difusão
Editorial.
FONTES ELETRÓNICAS
NANÇÃO IDE SILVA ANÇÃO EIDE SILV
Anção, Maide Silva e Paiva, Paulo Bandeira (s.d), “Introdução à
Internet”. Página consultada em 01‐12‐2010, disponível em
<http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr‐
med/internet/define.htm>
Europa o Portal da União Europeia (2010a), “Sociedade da
informação”. Página consultada em 05‐12‐2010, disponível em
<http://europa.eu/pol/infso/index_pt.htm>
Gil, José (2010), “ Última aula na Faculdade nova de Lisboa”.
Página consultada em 13‐12‐2010, disponível em
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1
516053
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população residente em risco de pobreza”. Página consultada em
03‐12‐2010, disponível em
<http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&
indOcorrCod=0001841&Contexto=bd&selTab=tab2>
36
Instituto Nacional de Estatística (2010), “Indivíduos com idade
entre 16 e 74 anos que utilizaram internet nos primeiros 3 meses
do ano por 1000 habitantes”. Página consultada em 05‐11‐2010,
disponível em
<http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&
indOcorrCod=0001023&Contexto=bd&selTab=tab2>
Internet World Stats (2010), “Estatísticas de utilizadores de
Internet da população Portuguesa”. Página consultada em 17‐12‐
2010, disponível em http://www.internetworldstats.com/eu/pt.htm
Internet World Stats (2010a), "Dados estatísticos de
utilizadores de Internet, por regiões do Mundo – 2010”. Página
consultada em 18‐12‐2010, disponível em
http://www.internetworldstats.com/stats.htm
Ligar Portugal (2010), “Um Programa de Ação Integrado no Plano
Tecnológico do XVII Governo: Mobilizar a Sociedade de Informação
e do Conhecimento”. Página consultada em 05‐12‐2010, disponível
em <http://www.ligarportugal.pt/>
Observatório das desigualdades (2010), “Indicadores da
evolução/utilização diária ou quase diária da Internet e
evolução da utilização da Internet em Portugal, por sexo, idade
e nível de escolaridade” Página consultada em 24‐01‐2011 e
disponível em <http://observatorio‐das‐
desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=67&lang
=pt>
37
Observatório das desigualdades (2010a),"Despesas em Investigação
e Desenvolvimento: Suécia investe quase 4% dom seu PIB". Página
consultada em 06‐12‐2010 e disponível em <http://observatorio‐
das‐desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=70>
Observatório das desigualdades (2010b), " Apresentação das
funcionalidades e objetivos do Observatório das Desigualdades".
Pagina consultada em 24‐01‐2011 e disponível em
http://observatorio‐das‐
desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=about&lang=pt
Wikipedia (2010), “Definição técnica de Sputnik”pagina
consultada em 04‐12‐2010, disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Sputnik>
Anexo A
Suporte à avaliação da página da Internet Página do Observatório das Desigualdades
Fonte: <http://observatorio‐das‐desigualdades.cies.iscte.pt/>
Anexo B
Texto de suporte à ficha de leitura Capítulo – “ O trauma português e o clima atual”, do livro PORTUGAL, HOJE: O Medo de Existir (2007), da autoria do
Professor José Gil
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.