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A Europa e os Migrantes no Século XXI Francisco Nunes Coimbra, 2012

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A Europa e os Migrantes no Século XXI

Francisco Nunes

Coimbra, 2012

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A Europa e os Migrantes no Século XXI

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Fontes de

Informação Sociológica

Docente: Doutor Paulo Peixoto

Ano Lectivo: 2012\2013

Universidade de Coimbra

Faculdade de Economia

Imagem da Capa: Fotopedia, 2009 –

http://www.fotopedia.com/items/flickr-2389965725

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Índice:

1. Introdução .................................................................................................... 1

2. A Europa e os Migrantes no Século XXI ....................................................... 2

2.1. História das Migrações na Europa ....................................................... 2

2.1.1. História Geral Europeia ................................................................ 2

2.1.2. O Caso Português ......................................................................... 4

2.2. Contexto Migratório Europeu do Século XXI ....................................... 6

2.2.1. Principais Fluxos Migratórios ....................................................... 6

2.2.2. Imigração: Problemas e Desafios ................................................. 9

2.2.3. Atitudes e Valores face à Imigração ............................................. 11

2.2.4. O Caso Português ......................................................................... 13

3. Descrição Detalhada da Pesquisa ................................................................ 15

4. Avaliação da Página da Web ........................................................................ 16

5. Ficha de Leitura ............................................................................................ 18

6. Conclusão ..................................................................................................... 25

7. Referências Bibliográficas ............................................................................ 26

Anexo I

Página da Web Avaliada

Anexo II

Texto de suporte da Ficha de Leitura

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1. Introdução

O estudo das migrações, integrado nos campos da sociologia, economia, história, geografia, entre outros, foi desde cedo uma temática que gerou o interesse de inúmeros cientistas sociais e cujas análises se alongam a todo o globo.

Falar de migrações é então falar de um fenómeno extensivo a todo espectro temporal da História, a todas as civilizações e sociedades, que deve ser entendido como natural, possuindo benefícios e problemas, fonte de progresso e controvérsia. Em todo o caso, o seu estudo e análise é de uma importância extrema, pois só entendendo os seus principais fluxos, motivações e tipologias se podem encontrar soluções para os problemas a elas associados.

Apesar de ainda existirem muitas perguntas por responder no domínio das migrações, o seu estudo está em expansão e são cada vez mais os materiais que abordam a temática, que, com o acentuar da crise económica, se tornou mais premente e desenvolveu novos problemas e desafios.

A minha análise centra-se nas migrações europeias e, numa primeira fase, numa explicação e contextualização das mesmas na história e, numa segunda fase, nos seus moldes no século XXI, dividindo, dentro deste, os principais aspectos a considerar para o seu entendimento, na minha óptica. Os meus objectivos iniciais prendem-se fundamentalmente com a explicação e definição de alguns dos conceitos subjacentes às migrações europeias, tentando oferecer, com este trabalho, um conhecimento esquematizado e simplificado, ainda que muito restrito, do fenómeno migratório.

Um aspecto que me interessa particularmente tentar entender é o dos desafios europeus no que toca às políticas migratórias, que no contexto que hoje observamos é absolutamente vital para a sobrevivência da Europa como a conhecemos; na minha análise tentarei dar respostas a alguns destes desafios e procurarei, com uma postura crítica, desconstruir (ainda que muito superficialmente) algumas das concepções mais generalizadas e difundidas. Outro ponto, a meu ver, essencial, é o das atitudes e valores face à imigração, valores estes que podem muitas vezes impulsionar políticas injustas, que põem em causa direitos fundamentais e propulsionar verdadeiras guerras étnicas que no passado deram origem (e dão ainda hoje) a desastres de proporções totalmente indesejáveis.

Numa última fase do meu trabalho, atendo ao contexto migratório português, dado que considero que é relevante dar uma perspectiva específica da nossa sociedade, que possui particularidades suficientes para uma análise (ainda mais) cuidada e aprofundada.

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2. A Europa e os Migrantes no Século XXI

2.1 História das Migrações da Europa

2.1.1 História Geral Europeia

O processo migratório foi sempre uma constante na Europa, e desde o século XIV que

estão documentados vários fluxos migratórios.

Contudo, as razões que estão por detrás dos processos migratórios europeus só começaram a ser estudadas de forma consistente e mais aprofundada depois do final da 2ª Guerra Mundial. Este capítulo centrar-se-á fundamentalmente nesse período, que é considerado unimanamente fulcral para o desenrolar da história migratória no continente europeu.

As relações de poder na Europa nunca foram constantes; a expansão de impérios, a ocupação de diferentes territórios por inúmeros povos, a abertura de mercados, os atritos étnicos, religiosos ou políticos, as descobertas tecnológicas ou as pragas e doenças que assombraram a Europa ao longo da sua história originaram muitas vagas migrantes, redesenhando o continente europeu demográfica e culturalmente (Hoerder, 1996).

No século XIX todas a sociedades europeias presenciaram uma emigração massiva. O capitalismo e modernização, desencadeados pela Revolução Industrial, abriram portas a um declínio na mortalidade e a um acelerado crescimento populacional sem precedentes, fenómeno caracterizado pela sua extensão a todo o território europeu. Este crescimento originou fluxos migratórios da periferia para o centro do continente (Okolski, 2009). São inúmeros os fluxos migratórios que caracterizaram a Europa desde o século XIX e as razões da sua existência, mas nesta análise concentrar-me-ei naqueles que sucedem depois da 2ª Guerra Mundial.

Inicialmente, a maioria dos imigrantes eram pessoas que tinham sido deslocadas no decurso da guerra; numa fase posterior assistimos a uma época de descolonização, que originou uma grande onda migratória (o exemplo dos retornados portugueses); o período de que se seguiu, de intenso crescimento económico na Europa Ocidental gerou também novos fluxos migratórios, assim como o colapso do bloco soviético que despoletou uma série de crises políticas que conduziram a uma onda de migrações étnicas e produziram inúmeros exilados (Wanner, 2002).

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A Europa pós-segunda Guerra Mundial oferecia ainda um grande leque de

possibilidades, na sequência da reconstrução dos países devastados pelo conflito, constituindo assim um Eldorado com a perspectiva do advento do mercado comum (Santos, 2007).

Este período de migração em massa foi abruptamente interrompido pela crise petrolífera de 1973, que levou muitos países a adoptar políticas de imigração mais restritivas. Posteriormente, um período de reunificação familiar conduziu a períodos de mais longa permanência e ao “lançamento das bases da criação e estabelecimento de novas minorias étnicas”; é no seguimento destes acontecimentos que surgem crescentes sinais de hostilidade para com os imigrantes e inicia-se na Europa Ocidental o período que ficou conhecido como “imigração zero”, devido às políticas restritivas e a uma imagem pública xenófoba (muito influenciada pelos media). Contemporaneamente, cresce a importância dos exilados no plano migratório europeu, muito devido ao colapso do bloco soviético e da guerra na antiga Jugoslávia.

Segundo Hansen (2003), a partir da 2ª Guerra Mundial (principalmente a partir da década de 60) foram essencialmente três os períodos que marcaram o rumo das migrações na Europa e moldaram os fluxos migratórios até ao final do século: os imigrantes vindos das antigas colónias, a reunificação familiar e os exilados “filhos” principalmente da derrocada do comunismo e da URSS.

Na viragem do século, as razões para a emigração tornaram-se cada vez mais diversas e os fluxos migratórios cada vez mais difusos.

É neste sentido que procedo a uma análise mais específica do contexto migratório europeu do século XXI no segundo ponto, mas antes, ainda sobre a história das migrações, olhemos para o caso concreto de Portugal.

(Wanner, 2002)

Figura 1 – Rede Migratória Europeia, 1960 - 1999

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2.1.2 O Caso Português

A história das migrações em Portugal remonta ao ano de 1425, com a colonização do arquipélago da Madeira e prolonga-se através da expansão ultramarina para o Brasil nos séculos seguintes.

A minha análise concentrar-se-á, no entanto, nos fluxos migratórios respeitantes apenas à segunda metade do século XX, nomeadamente a partir dos anos 60.

Santos (2007), divide a história da imigração em Portugal em cinco grandes períodos: o primeiro corresponde à década de 60, o segundo inicia-se em 1970 e tem particular intensidade depois da Revolução de 1974, o terceiro situa-se nas décadas de 80 e 90, o quarto desenvolve-se nos últimos anos do século XX e o quinto corresponde aos primeiros anos do novo século (cuja análise diz respeito ao ponto 2.4 deste trabalho).

No início dos anos 60 a imigração em Portugal surgia, maioritariamente, como forma de compensar a partida de portugueses para O Norte da Europa e América, para desempenhar papéis em sectores de baixa produtividade, em particular a agricultura. Havia no entanto outras realidades migratórias, ainda que de menor dimensão, como o exílio de alguns portugueses, fruto das perseguições políticas características da época do Estado Novo.

No período iniciado em 1970 verifica-se um grande número de entradas de retornados, radicados nas ex-colónias e que voltam a Portugal depois de ’74. O processo de integração desencadeado por estes acontecimentos foi “um dos grandes desafios que Portugal enfrentou no âmbito dos processo migratórios” (Santos, 2007). É nesta fase que se dá a viragem dos fluxos migratórios em Portugal, e para tal acontecer, dois acontecimentos são preponderantes neste sentido: o primeiro diz respeito à crise petrolífera que accionou mecanismos que restringiram a entrada de imigrantes, juntamente com políticas que encorajavam o regresso dos imigrantes ao seu país de origem e o segundo corresponde à Revolução de Abril de 1974, que acaba com o regime totalitarista existente até então e permite uma maior abertura de Portugal face à entrada de imigrantes. A partir desta altura Portugal passa a ser considerado principalmente um país de acolhimento de imigrantes, numa primeira fase caracterizado pela vinda de cidadãos dos PALOP e do Brasil (Malheiros, 2005; Teixeira e Albuquerque, 2007).

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Nos anos 80 e 90, no plano da imigração, consolidaram-se as vagas de cidadãos brasileiros e africanos, além de novos imigrantes provenientes dos países do Leste da Europa e asiáticos. O acontecimento fulcral que moldou as vagas migrantes neste período em toda a Europa (com repercursões em Portugal) foi a queda do bloco soviético, que expandiu todos os fluxos migratórios. O acordo de Schengen, assinado em 1991 por Portugal, permitiu a abertura das nossas fronteiras e fez também aumentar o volume de imigrantes. O plano da emigração, consideravelmente menos relevante que o da imigração, ficou marcado pela migração temporária, envolvendo alguns países da UE, como a Alemanha e a França. É também importante referir que neste período foram dois os processos extraordinários de legalização no nosso país, o primeiro dos quais em 1992 e o segundo em 1996. Estes processos permitiram a cerca de 74 mil pessoas a obtenção de nacionalidade portuguesa (Santos, 2007).

Nos anos de viragem do século as correntes migratórias em Portugal continuaram a sua expansão, nomeadamente com a entrada de muitos cidadãos do Leste da Europa e do Brasil. Estes fluxos, do século XXI, serão alvo de estudo no ponto 2.4.

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2.2. Contexto Migratório Europeu do Século XXI

2.2.1 Principais Fluxos Migratórios

No ano de 2000 viviam aproximadamente 21 milhões de pessoas dentro das fronteiras da Europa, num país que não o da sua nacionalidade, 13 dos quais tendo como proveniência países europeus (Wanner, 2002). Este era, na viragem do século, o resultado das vagas migratórias exploradas no ponto 1.

Na conjuntura da Europa actual, com muitas das fronteiras abertas e com as (relativas) facilidades de mobilidade dentro do continente, os fluxos tornaram-se cada vez mais complexos e difusos, sendo que os padrões migratórios não se encontram hoje tão explícitos. Essa intersecção e complementaridade de correntes migratórias conduziu à Europa que hoje observamos: heterogénea e pluricultural.

Podemos, no entanto, tentar definir padrões e encontrar semelhanças. Para tal, recorrerei às análises de Salt (2005) e de Salt e Almeida (2006), que dividem a Europa, no campo das migrações, em três grupos: Europa Ocidental (França, Holanda, Alemanha, Reino Unido, etc.), Europa do Sul (Portugal, Espanha, Grécia, etc.) e Europa de Leste (Bulgária, Polónia, Rússia, etc.).

Nos países ocidentais tem havido uma certa estabilidade, com poucas quebras ou ganhos de população imigrante. Há, no entanto, destaque para o Reino Unido, Irlanda, Islândia e Finlândia, cujo crescimento da população estrangeira se fica a dever a factores como o aumento de fluxos migratórios de índole laboral, como é o caso do Reino Unido ou de crescimento económico, na Irlanda (imediatamente a seguir ao ano 2000). No sul da Europa, o aumento generalizado da imigração em países como Portugal e Grécia no início do século está intrisicamente ligado aos programas implementados nesta área com vista a regularizar e simplificar questões como a obtenção de vistos de trabalho. Já nos países de Leste a situação é mais difícil de analisar, devido sobretudo à falta de dados conclusivos; é no entanto possível de observar que, de forma geral, se tem verificado um aumento dos fluxos imigratórios nestes países.

A proporção de estrangeiros comparativamente à população total também difere de

país para país, sendo que os valores mais altos (em 2004) se situavam nos 38.4% do Luxemburgo e nos 22% da Suiça. Nos países da Europa Ocidental o valor rondava os 8-9%, nos países do sul europeu só a Espanha ultrapassava os 5% e nas nações situadas no Leste da Europa apenas a Estónia passava a marca dos 2%.

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Um dos problemas que torna a obtenção e análise destes dados muito complicada é o das incompatiblidades nas medições, que tem particular incidência no campo das emigrações, daí que os dados a que a estas dizem respeito não sejam cem por cento fiáveis e que haja alguma discrepância entre estudos. Na figura 2 está um estudo comparativo dos dados de imigração e emigração das datas de 1995, 1999 e 2004. Como é possível constatar, países da Europa Ocidental como a Alemanha continuam a registar uma diferença positiva entre entradas e saídas, enquanto nos países de Leste este padrão não se verifica. (Salt e Almeida, 2006)

Figura 2 - Fluxos Migratórios de alguns países europeus no período de 1995 - 2004

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Em relação às tipologias actuais das migrações, podemos distinguir entre vários tipos de imigração, já que nem todos os migrantes migram pelas mesmas razões. Nesse sentido observamos imigrantes permanentes, trabalhadores contratados, profissionais transeuntes, imigrantes clandestinos e refugiados (Santos, 2007).

Concluindo este ponto, penso que a ideia-chave a reter acerca dos principais fluxos migratórios actuais é a de que estes estão cada vez mais complexos e difusos, e se no século passado era possível a análise segmentada desses fluxos, hoje em dia torna-se quase impossível; a tendência futura é a de uma ainda maior complexificação, já que vivemos num Mundo e numa Europa cada vez mais global. Outra análise futura particularmente interessante será a de observar os desenvolvimentos na conjuntura de crise económica que hoje vivemos e tentar perceber o impacto que esta tem nos processos migratórios. Para já, o meu estudo centra-se nos problemas e desafios da imigração no presente.

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2.2.2 Imigração: Problemas e Desafios

Ao contrário de países como os Estados Unidos, o Canadá ou a Austrália, a Europa sempre teve uma relutante abordagem ao fenómeno das migrações e as políticas de integração nunca foram consensuais, especialmente quando se tratava de imigrantes vindos de países fora da OCDE, com tradições culturais e religiosas muito diferentes. A imigração na Europa é, no entanto, um facto consumado; o tecido demográfico europeu é hoje, mais do que nunca, pluricultural e multiétnico. A mobilidade demográfica europeia acarreta inúmeros benefícios mas também alguns problemas, cujas soluções não são fáceis ou imediatas e exigem por parte de todos os países uma grande flexibilidade e cooperação na sua resolução.

Um dos grandes problemas no contexto migratório europeu (e até mundial) actual é o da imigração ilegal, cuja extensão é total. Em 2009, só na União Europeia, residiam ilegalmente cerca de 4.5 milhões de pessoas (European Commission, 2009). Os números são expressivos e incluem pessoas que procuram condições de vida melhores ou que fogem do país de origem por razões jurídicas ou humanitárias, pelo que é uma tarefa extremamente difícil identificar os verdadeiros refugiados. O controlo deste tipo de migrações é um problema de grande expressão para os governos, que todos os anos vêem milhares de imigrantes de todos os pontos do planeta entrar ilegalmente no seu território, muitos deles através de redes de tráfico humano em condições absolutamente sub-humanas. A resposta a este problema não é simples e requer um esforço de cooperação de todo o continente, mas é necessário um investimento na sua procura, especialmente tendo em conta a conjuntura de crise actual, que pode acentuar os sentimentos anti-imigração e criar um problema ainda maior para quem imigra e para os Estados que recebem esses imigrantes. As soluções podem passar pela ajuda aos países que mais “exportam” os imigrantes ilegais, descodificando as razões destas migrações e lutar pela resolução dos problemas que estão na sua raiz.

Outra questão premente neste contexto é a dos refugiados e exilados, que continua a gerar discussões e um consenso relativamente a políticas comuns nem sempre é atingido. Até 1990 havia entre os estados europeus uma grande divergência na definição de refugiado, o que criava um obstáculo para a harmonização das políticas dos vários países. Em 1997, com o tratado de Amesterdão, houve uma tentativa de gerar unanimidade e criar uma legislação comum na União Europeia (Boswell, 2005). Não há no entanto, ainda hoje, uma total conformidade de opiniões neste tópico e um dos desafios constantes da Europa é o da agilização destes processos, que podem permitir a muitos cidadãos uma vida em segurança e liberdade.

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No campo das migrações laborais a questão é ambígua, já que estas podem ter um impacto positivo ou negativo nos países de imigração. Tem havido, nos últimos anos, um maior reconhecimento por parte dos governos da importância de algumas migrações laborais, nomeadamente nos sectores que exigem elevadas qualificações e para os quais não há, muitas vezes, oferta interna, sendo que o “capital humano” tem sido um dos factores preponderantes para o crescimento económico dos países mais desenvolvidos (Boswell, 2005). Isto fez com que os governos fossem mais permissivos no que toca à legislação laboral de modo a que conseguir captar mais emigrantes qualificados. No entanto, a maior fatia da imigração é a de pessoas com poucas ou nenhumas qualificações e que vêm efectuar muitos dos trabalhos da “base da pirâmide”. Durante largos anos, estes empregos eram aqueles que a população nacional não queria ter e por isso a chegada de imigrantes era positiva para as economias, mas no actual momento, com uma oferta laboral cada vez mais reduzida, os índices de desemprego sobem e faltam por vezes vagas para empregar população residente e imigrantes, o que faz com que se acentuem os sentimentos anti-imigração e seja passada uma ideia de que a população imigrante é a causa destes elevados índices de desemprego (ainda que continuemos a assistir ainda na maior parte dos países a uma relutância por parte dos cidadãos nacionais em efectuar empregos que não são remunerados de acordo com as suas qualificações, o que faz com que esta ideia não seja na maior parte dos casos fundamentada). O envelhecimento europeu pode também ser compensado pela chegada de imigrantes, que aumentam os números de população activa e preenchem as vagas laborais de alguns sectores.

Também a integração é hoje um desafio crucial da Europa e o papel dos diferentes Estados neste sentido cria ainda muitas divergências. Estas disparidades são em larga parte fruto do facto da Europa nunca se ter visto a si mesma como um continente de imigração, o que explica também a discussão de políticas comuns de imigração ter sido tardia; só em 1990 começou a existir uma mais real preocupação para com esta questão, com o desenvolvimento de equipas de investigadores e criação de instituições dentro da União Europeia, o que gerou um crescente output de material referente a estas matérias (Penninx, Spencer e Van Hear, 2008). Apesar do aumento desta (aparente) preocupação por parte, principalmente, da União Europeia, este é um desafio ainda em aberto e atendendo à conjuntura actual, cada vez mais complexo. As principais questões a ser colocadas neste sentido prendem-se com a tentativa de encontrar um balanceamento entre a inclusão e a manutenção coesa da estrutura social actual.

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2.2.3 Atitudes e Valores face à Imigração

De um ponto de vista estatístico, e tendo em conta os dados das sucessivas análises de diversas comissões e secretariados da União Europeia, o cenário europeu no que toca às políticas migratórias, integração e antidiscriminação é na sua generalidade, favorável. Tem, no entanto, havido diversas teses académicas que contrariam em parte esta visão amplamente difundida nos meios institucionais (e por vezes académicos) de muitos dos países que integram a União Europeia (e até fora dela, no continente europeu). Comecemos então por analisar os dados do MIPEX (Migrant Integration Policy Index) relativos às diferentes categorias de integração de imigrantes da Europa (ainda) a 25.

Considerando o acesso ao mercado de trabalho, os dados do MIPEX de 2007 mostram que a União Europeia se encontra “apenas a meio caminho das melhores práticas”, sendo que os países que se destacam na linha da frente são a Suécia (que aliás garante a liderança em todos os índices considerados), Espanha e Portugal, enquanto Malta, Polónia e Letónia são os que menos condições fornecem aos seus imigrantes. No que toca à residência de longa duração e ao reagrupamento familiar o cenário é mais favorável, com a Suécia de novo no topo. Na participação política e na aquisição de nacionalidade o cenário europeu é mais extremado, já que as políticas são francamente diferentes nos países da Europa Ocidental e nos países ditos de Leste. Finalmente, na questão da antidiscriminação, os órgãos da UE admitem que ainda há um caminho a percorrer, visto que os resultados não são, na sua generalidade, tão favoráveis como noutros campos, principalmente em países mais a Leste (Niessen et al., 2007).

Fazendo uma análise superficial destes dados é possível concluir que nos países da Europa Ocidental as questões prementes do racismo e das políticas antidiscriminatórias praticamente não se colocam, já que o cenário e bastante favorável. No entanto, estes dados merecem um estudo um pouco mais crítico e profundo. Para tal, basear-me-ei nos dados preliminares de um projecto que está a decorrer no CES1 e nalguns autores que têm publicado neste sentido.

A tradição imperialista, expansionista e colonialista europeia resultou numa mentalidade (que em parte ainda hoje subsiste) racista e num discurso de superioridade que durou largas décadas. Porém, hoje, a Europa vê-se a si própria como um continente de boas práticas de integração, no qual os problemas raciais não existem, tornando assim a questão do racismo num “não-assunto” assente numa base de não inclusão destes temas no discurso político. Esta exclusão tem tido efeitos mais negativos que positivos, fazendo com que muitas políticas de integração não sejam bem sucedidas (Lentin, 2008).

1 Projecto TOLERACE - < http://www.ces.uc.pt/projectos/tolerace/pages/intro.php >

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O Eurocentrismo como mentalidade criou aquilo a que hoje chamamos o “racismo

institucional”, implícito na genealogia de muitas instituições europeias. Segundo Hesse (2004) tem existido na Europa um especial cuidado por parte dos discursos políticos para deixar de fora quaisquer referências à discriminação racial, evitando assim que os não-europeus se consciencializem da sua subordinção e exploração.

Uma sondagem do Financial Times/Harris de 2006 revela que, por exemplo, 8 em cada 10 pessoas, em cinco dos maiores países da Europa pensava que os controlos fronteiriços deveriam ser apertados, 37% considerava que as migrações de trabalhadores tiveram um impacto negativo e 44% achava negativa a adesão de novos Estados-membros na EU (no caso, em 2006, a Bulgária e a Roménia) (Azoulay, 2007). Ora, podemos desde logo concluir a partir deste extracto do estudo que as questões de integração são talvez um pouco mais complexas do que se possa inicialmente pensar.

Neste sentido, vale a pena ter em consideração alguns pontos-chave das conclusões preliminares alcançadas no âmbito do Projecto TOLERACE:

Tem havido, por parte de alguns políticos e até académicos, uma conexão do racismo com a imigração contemporânea, embora muitas vezes estes dois fenómenos não estejam tão intrinsecamente ligados. O discurso de integração tende muitas vezes a naturalizar e trivializar o racismo e os discursos políticos dentro da Europa têm muitas vezes sido usados como formas de reproduzir a divisão entre Europa e não-Europa, criando assim uma relação de dominação e subordinação entre culturas.

Outro ponto importante é o da crescente marginalização das medidas anti-racismo, legitimada por um discurso que cada vez mais acentua os benefícios da integração e multiculturalidade e deixa de fora os problemas raciais associados. Uma ideia amplamente difundida neste último século é a de que vivemos numa sociedade pós-racial , ou seja, que a Europa de hoje é colorblind, não discrimina com base na etnia e a questão do racismo nem sequer se coloca. Esta linha de pensamento criou uma barreira difícil de transpor no combate ao racismo institucional (TOLERACE, 2012).

Para que este tipo de concepções sejam ultrapassadas é necessário desconstruir muitos dos conceitos que têm sido fabricados e que circulam tanto no meio político-institucional como no meio académico, o que exige um trabalho de fundo extremamente complexo, já que a sua difusão hoje é imensamente ampla.

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2.2.4 O Caso Português

A partir de meados dos anos 90, dizer que Portugal é também um país de imigração é consensual, apesar das correntes emigratórias estarem longe de se encontrar extintas e de o número de portugueses emigrados ser consideravelmente superior ao número de imigrantes em território português. Este fenómeno emigratório, que sempre teve uma forte presença no nosso país é, segundo alguns autores, um factor preponderante para a entrada de imigrantes; Portugal é como que uma “câmara de compensação” de migrações laborais (Santos, 2007).

Relativamente aos fluxos imigratórios portugueses mais recentes, podemos destacar o caso dos imigrantes dos países do Leste da Europa, que desde meados dos anos 90 têm vindo a chegar ao nosso país; também os brasileiros voltam a ganhar peso nas estatísticas na viragem do século e mais ainda actualmente. Em relação aos imigrantes dos PALOP, embora o seu número tenha vindo a aumentar, o seu fluxo é relativamente constante. No caso da imigração chinesa, esta tem vindo a crescer nos últimos anos. Na tabela abaixo podem ser consultados os dados mais recentes das principais correntes imigratórias no nosso país.

Figura 3 - Imigrantes em Portugal por nacionalidade (2010) ; Dados: Pordata

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No que toca à tipologia das migrações em Portugal, observa-se cada vez mais uma diminuição (do valor relativo) de imigrantes laborais e um aumento das imigrações respeitantes ao reagrupamento familiar e no âmbito do prosseguimento de estudos. É também importante referir o crescente número de imigrantes do sexo feminino (em contraste com o século passado, no qual eram os homens que se apresentavam em esmagadora maioria) e a emergência de uma vaga de imigrantes idosos.

No que toca à legislação vigente e às políticas de integração, o MIPEX é da opinião de que “as propostas legislativas em matéria de imigração e nacionalidade visaram simplificar e facilitar o acesso ao reagrupamento familiar, à residência de longa duração e à aquisição de nacionalidade para os cidadãos de países terceiros que residem legalmente no país e respectivos filhos nascidos em Portugal” e que “Portugal criou um quadro jurídico para a integração composto por políticas favoráveis e pelas melhores práticas”. Sem aprofundar o assunto, é necessário fazer a ressalva de que estes dados, apesar de claramente positivos, devem ser vistos com um olhar crítico (como referido no ponto anterior acerca das conclusões do MIPEX).

A organização governamental que lida de maneira mais próxima com estes assuntos no nosso país é o ACIDI (Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural), que tem como objectivos, por exemplo, promover a integração das diversas minorias étnicas, assegurar a sua participação no campo das decisões políticas e controlar os fluxos migratórios. Embora tenha havido melhorias no trabalho desenvolvido pelo ACIDI, ao envolver outras instituições que visam a promoção da integração dos imigrantes, o trabalho destas instituições está muito dependente das políticas do ACIDI, o que diminui a sua autonomia e torna, por vezes, as iniciativas pouco eficientes (Teixeira e Albuquerque, 2007).

No campo das atitudes dos portugueses face à imigração, tem havido (segundo mostram os recentes estudos e estatísticas) uma maior aceitação dos imigrantes por parte da generalidade da população e antigas concepções amplamente difundidas têm vindo a dissipar-se (como é o caso da ideia de que os imigrantes ocupariam as vagas laborais disponíveis e eram por isso uma ameaça).

No entanto, tal como no resto da Europa (ver ponto 2.3), fruto da sua tradição colonizadora e expansionista, Portugal possui (segundo afirmam alguns autores) um “racismo institucional” e os problemas do âmbito racial encontram-se fora do debate político.

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3. Descrição Detalhada da Pesquisa

Para a elaboração deste trabalho utilizei maioritariamente livros e artigos de revistas científicas, escolhendo criteriosamente as fontes para que o tipo de informação recolhida fosse o mais fiável possível. O primeiro passo foi fazer uma pesquisa no catálogo bibliográfico da Universidade de Coimbra e seleccionar as fontes com maior interesse para a temática em causa; de seguida, dirigi-me às bibliotecas onde esses materiais se encontravam, no caso a Biblioteca Geral, a Biblioteca da Faculdade de Economia e a Biblioteca Norte/Sul, do Centro de Estudos Sociais. Essa pesquisa e selecção foi complementada com os materiais retirados das bases de dados online, onde consegui retirar alguns artigos e relatórios relevantes para a elaboração do projecto. A pesquisa foi feita maioritariamente através de motores de pesquisa como o Google (no entanto, tendo sempre o cuidado de utilizar apenas materiais com selo institucional, recorrendo a pesquisas restritas) e de bases de dados científicas como o Scielo. Para a realização do ponto 2.2.3 (Atitudes e Valores face à Imigração) fui consultar o Centro de Estudos Sociais, onde está neste momento a ser realizada uma investigação centrada nesta temática; para tal contactei o Investigador Júnior Olivier Guiot, que conheci numa visita ao Centro no decorrer do mês de Novembro, no âmbito da unidade curricular de Metodologia de Pesquisa, onde fiquei a saber da existência deste projecto, que além de me suscitar bastante curiosidade, foi muito útil como complemento à minha análise. Numa fase final, depois de recolhidos todos os materiais e analisadas todas as obras, algo que foi bastante complexo, visto estar a trabalhar com literatura muito específica e que remetia muitas vezes para estudos e pesquisas anteriores, procedi à organização da minha pesquisa por subtema; o passo que se seguiu foi a elaboração de cada ponto do trabalho, tendo sempre o cuidado de utilizar a informação que me pareceu mais credível.

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4. Avaliação da Página da Web

Para a avaliação de uma página da Web escolhi a página do MIPEX (Migration Integration Policy Index), visto que foi umas das páginas que utilizei durante o meu trabalho (nomeadamente no ponto 2.2.3) e que me forneceu alguns dados pertinentes.

Este sítio oferece uma informação com selo institucional, já que o projecto MIPEX é uma colaboração principalmente entre o British Council e o Migration Policy Group, possuindo ainda parcerias com dezenas de universidades, centros de investigação e fundações de diversas áreas, utilizando uma metodologia inovadora e produzindo resultados originais (ainda que se deva ter um olhar crítico acerca deste projecto, como referido no ponto 2.2.3). O público-alvo é bastante restrito e a língua utilizada é o inglês.

Acerca da acessibilidade da página, esta apresentou um bom resultado quando sujeita ao teste de uma ferramenta utilizada para esse efeito (no caso servi-me do AChecker (achecker.ca) ), sendo reportados apenas 28 problemas conhecidos no teste, utilizando o WCAG 2.0 (nível AA) (Web Content Accessibility Guidelines) e nenhum dos problemas punha em causa as acessibilidades e ferramentas básicas da página.

Relativamente aos restantes critérios gerais de avaliação, considero a informação presente na página autêntica e bastante fiável.

Entrando agora no campo dos critérios específicos, importa referir a amplitude dos materiais dentro do campo das migrações e integração, que na minha opinião é bastante ampla, já que a informação se estende a 31 países e tem em conta 148 indicadores. Os tópicos não são abordados muito profundamente e o período de tempo em que há dados disponíveis só vai de 2007 a 2011, já que este é um projecto recente. Considero ainda que o formato da página é adequada para leitura e tem um grau de correcção bastante elevado; é importante referir a interactividade da informação disponível, já que é possível construir gráficos, mapas ou tabelas personalizados com a informação pretendida e posteriormente exportar ou publicar essa informação, o que na minha opinião é uma grande mais-valia e constitui uma excelente ferramenta.

Dada a originalidade e singularidade do projecto, a informação fornecida é inédita e é aqui exposta em primeira mão.

http://www.mipex.eu

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Outra ferramenta importante é o motor de pesquisa, que remete para diversos

resultados pertinentes acerca das temáticas, sendo além disso relativamente fácil de utilizar.

O facto de o sítio não exibir qualquer publicidade, possuir uma estrutura simples, um grafismo linear, esteticamente sóbrio e uma navegação simples e completa torna a página muito user-friendly.

A informação é bastante íntegra mas não a podemos considerar totalmente neutra (ver ponto 2.2.3) e os tipos de ligações disponíveis são confiáveis e pertinentes, estando estas todas activas, o que espelha o elevado grau da actualização da página. É ainda dada a possibilidade de contactar os autores e de esclarecer eventuais dúvidas ou dar alguma sugestão.

Por último, uma nota também importante: o facto de o website ser todo ele baseado em informação gratuita, sendo que o utilizador não tem de pagar para utilizar nenhuma das funcionalidades disponíveis.

Nota: Esta avaliação foi realizada no dia 16 de Dezembro de 2012, às 18:30 h.

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5. Ficha de Leitura

Título da Publicação: Imagens de mulheres imigrantes na imprensa portuguesa –

análise do ano 2003

Autor: Clara Almeida Santos

Data da publicação: Novembro de 2007

Local de Edição: Lisboa

Cota: 316-070

Páginas: 17-44

Breve nota sobre a autora:

Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade de Coimbra, Maria Clara Santos

é actualmente professora auxiliar no Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação

da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Trabalhou no Canal de Notícias de Lisboa e na SIC, foi editora da revista Rua Larga e

assistente convidada na Escola Superior de Educação de Coimbra.

Foi também consultora do Conselho da Europa, tendo participado em diversos projectos

relacionados com o diálogo intercultural e com os media.

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Estrutura:

O excerto da obra acima referida está dividido em dois capítulos, “Ser Imigrante” e

“Portugal, País de Migração”. São estes dois capítulos que me proponho a resumir e

analisar.

O primeiro subcapítulo do texto é intitulado “A Idade da Migração” e a ideia inicial

exprimida é a da dificuldade da obtenção de dados estatísticos exactos referentes às

migrações.

Esta dificuldade, segundo a autora, prende-se sobretudo com o facto de ser

extremamente difícil contabilizar os migrantes ilegais, que fogem às estatísticas

oficiais.

Há no entanto padrões mais ou menos previsíveis dos fenómenos das migrações

nos próximos 20 anos dos quais se destacam, entre outros, a globalização, a

diferenciação e a feminização, o que nos leva a apelidar esta era de “era da migração”,

caracterizando os países como cada vez mais poli-étnicos.

Num segundo subcapítulo, o enfoque é dado à questão do “Enquadramento

estatístico da imigração nos nossos dias”.

A autora começa por referir que a distinção entre países de imigração e países de

emigração é cada vez mais difícil de estabelecer, porém existem países ou regiões que

se destacam por albergarem uma maior quantidade de população migrante, como é o

caso da América do Norte ou da Europa.

Seguidamente, caracterizam-se os fluxos migratórios como sendo maioritariamente

masculinos, agregando cada vez mais crianças.

Apesar de terem ocorrido deste sempre, os fluxos migratórios são objecto de

estudo fundamentalmente a partir da 2ª Guerra Mundial, conclui a autora.

No subtema seguinte é feita uma análise das especificidades das migrações na

Europa Ocidental, onde se afirma que é na Europa que fenómenos como a evolução

demográfica e a acumulação de capital se apresentam com maior relevância depois da

2ª Grande Guerra. A principal razão para o movimento de grandes massas com destino

à Europa neste período residia no alargado leque de oportunidades oferecido pela

reconstrução dos países envolvidos no conflito.

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É neste contexto que surge o conceito de etnicidade e de minorias étnicas.

Os anos que se seguem, na Europa Ocidental são marcados pelos sinais de

hostilidade face a estas minorias, cuja imagem é fortemente denegrida, muito em

parte pelos media.

No entanto, os estudos realizados actualmente dão conta de um interesse

demonstrado por muitos países: o recrutamento de mão-de-obra migrante, que

decorre, principalmente, do envelhecimento de população.

Há no entanto uma dicotomia interessante neste ponto: em certos países,

recrutam-se trabalhadores qualificados e noutros, trabalhadores com um grau de

instrução/qualificação relativamente baixo (caso de Portugal).

Uma tendência relativamente actual é a de cada vez mais, os imigrantes serem

considerados um “enorme perigo que impede a emergência de uma Nova Ordem

Mundial”, ideia que é muito dramatizada no discurso político. Há no entanto um

crescente conjunto de políticas que visam a integração dos imigrantes nas diversas

sociedades.

Outra ideia à qual é dado algum relevo é a da multidisciplinaridade do tema das

migrações, que atravessa uma variedade de áreas científicas distintas. Podemos,

segundo a autora ter dois tipos de abordagem do fenómeno das migrações: uma

abordagem macro e uma abordagem micro, que se distinguem pela sua abrangência.

O ponto seguinte feito no texto está relacionado com as teorias e as polémicas das

migrações. Começa-se por enunciar uma das questões mais importantes no que toca a

este tema: “Quais os motivos que estão por detrás do fenómeno das migrações?”.

Cronologicamente, a primeira resposta dada a esta pergunta foi baptizada de “puxa-

empurra” e exprime, fundamentalmente, que a decisão de migrar se prende

sobretudo com factores económicos, tendo como objectivo maximizar as vantagens e

minimizar o desconforto.

Hoje em dia há um maior leque de respostas a esta questão sendo que processos

políticos, relações sociais e internacionais são factores também considerados.

Existem hoje, no entanto, observações quase consensualmente aceites que

relacionam o aumento dos fluxos migratórios com o desenvolvimento da tecnologia e

do comércio.

O subcapítulo seguinte trata da problemática da tipologia das migrações e a autora

começa por afirmar que nem todos os migrantes migram pelos mesmos motivos e que

as relações que estes estabelecem são diferentes de caso para caso.

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Segundo Appleyard há uma distinção clara entre imigrantes permanentes,

trabalhadores contratados, profissionais transeuntes, imigrantes clandestinos, pessoas

em busca de asilo e refugiados.

Relativamente às tendências de imigração actuais, é dado destaque a uma questão

premente que pode ter por solução a imigração: o envelhecimento da população.

É posteriormente abordado o facto das contribuições dos imigrantes representarem

já uma razoável parte das receitas dos Estados na UE.

No entanto, a imigração (como já foi visto anteriormente) é frequentemente vista

como um fenómeno ameaçador da segurança e estabilidade nacionais, o que leva

muitos dos países a adoptar medidas desencorajadoras da mesma. O surgimento de

movimentos nacionalistas, principalmente em alturas de crise económica, potencia

também um menor aceitamento por parte da sociedade da entrada de imigrantes.

Os imigrantes são assim vistos como fonte de determinados problemas sociais e ao

mesmo tempo como resolução de outros, sendo que é o poder político quem

diligenceia as suas entradas e promove a sua integração.

Concluindo este capítulo, a autora refere que actualmente existem variadas

abordagens ao tema dos fluxos migratórios, que possuem uma natureza cambiante e

cujas oscilações se sentem também a nível das políticas de cada nação e das formas de

pensar da sociedade.

O capítulo seguinte intitula-se “Portugal, País de Imigração” e faz convergir as ideias

globais com realidade migratória do nosso país.

A ideia inicial transmitida pela autora é a de que a imigração é já um fenómeno

assimilado pela sociedade portuguesa ainda que o número de estrangeiros fora de

portas seja “incomparavelmente superior” ao número de imigrantes em território

português.

É ainda referido que, segundo alguns autores, o fenómeno crescente da imigração

está ligado a este elevado número de emigrantes portugueses.

De seguida é dado destaque a um relatório da OCDE que caracteriza Portugal como

um país cujo fenómeno da imigração está em forte crescimento, consequência do

reagrupamento familiar.

A imigração em Portugal pode ser dividia em cinco grandes períodos, refere a

autora: um primeiro período referente à década de 60, caracterizado como pouco

significativo; um segundo que se inicia nos anos 70 e no qual se observam muitas

entradas de cidadãos provenientes das antigas colónias nacionais, particularmente

depois da Revolução de 1974; um terceiro período que mantém os registos dos fluxos

de imigrantes vindos de

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países lusófonos e que se dividem em dois grupos: estudantes que ingressam no

Ensino Superior e trabalhadores sem qualificações que serão empregues

principalmente na construção civil; o quarto grande período de imigração portuguesa

está intrinsecamente ligado com a queda do Muro de Berlim que tem consequências

não só no Bloco Soviético mas também nos países de Terceiro Mundo, onde o nível das

condições de vida desce e surgem alterações que são posteriormente transpostas para

o domínio migratório. Neste período, Portugal consolida-se como um país capaz de

absorver mão-de-obra, segundo as palavras da autora. Um acontecimento

preponderante desta altura é o Acordo de Schengen, que determinou a existência de

fronteiras externas comuns a todos os países da União Europeia, o que aumentou

expressivamente o número de imigrantes em todos os Estados pertencentes à UE.

O quinto e último período é referente ao final dos anos 90 e à actualidade e tem

como características: um aumento de imigrantes legais em Portugal (muito em parte

fruto de períodos extraordinários de legalização), uma composição étnica que engloba

agora também uma significativa percentagem de imigrantes de países ditos de Leste e

recentemente, brasileiros. Outro facto de importância é o de 3,4 por cento da

população residente e 4,5 por cento da população activa ser em 2003 constituída por

imigrantes.

Houve também neste período um ligeiro aumento de mulheres na população

estrangeira em Portugal.

O subtema que se segue diz respeito a “Processos Extraordinários de Legalização e

Legislação”.

No período de 1992 e 2002 foram abertos três processos extraordinários de

legalização que contribuíram vastamente para o crescimento da população imigrante

em Portugal.

No primeiro foram legalizados cerca de 39.166 estrangeiros, no segundo foi a vez de

35.082 cidadãos passarem agora a estar em situação legal no país e finalmente em

2001 174.558 pessoas adquirem também cidadania portuguesa.

Há também o registo para um novo período de legalização em 2003, destinado apenas

a cidadãos de origem brasileira.

Relativamente à Legislação existente em Portugal, a autora salienta que tem havido

um esforço para regulamentar e legislar o fenómeno das migrações no nosso país.

É também importante referir que apesar da extensa fronteira marítima portuguesa,

os casos registados de imigração clandestina através de embarcações são

praticamente inexistentes, sendo que a chegada por via aérea é bem mais comum.

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No ponto seguinte, o do “Mercado Laboral”, começa-se por citar Carlota Solé,

dizendo-se que o desemprego praticamente não existe entre imigrantes, sobretudo o

de longo prazo.

O problema da economia subterrânea, que “emprega” muitos dos imigrantes no

nosso país, tem sido gradualmente resolvido com novas condições de legislação, que

envolvem contratos de trabalho válidos e provas de pagamento de impostos e

Segurança Social.

Este problema tem sobretudo efeito em profissões cujo nível de qualificações é

menor, como a construção civil ou as actividades agrícolas.

Dada a existência de grandes diferenças nas qualificações dos imigrantes em

Portugal, “a população estrangeira revela um enviesamento quer para o topo

(estrutura profissional brasileira e europeia) quer para a base (estrutura profissional

dos PALOP), diz a autora, citando Baganha.

Portugal procedeu entre 2001 e 2003 a vários acordos bilaterais de mão-de-obra

com países da Europa de Leste com vista a importar trabalhadores para executar

trabalhos que os portugueses não querem executar e simultaneamente trabalhadores

mais especializados em determinados sectores que oferta nacional não abrange.

Em relação às mulheres imigrantes em Portugal, e apesar de estas serem ainda uma

minoria relativamente aos homens, a sua importância no mercado laboral está em

crescimento, algo que é facilmente observável tendo em conta os dados de Ghatak e

Sassoon que em 2001 apontavam que dois terços dos trabalhadores imigrantes em

emprego temporário ou tempo parcial são mulheres.

Os serviços às empresas, nomeadamente as limpezas, são o sector que mais

emprega mulheres imigrantes, enquanto os homens estão preferencialmente

empregados na construção civil. A hotelaria apresenta-se como um sector misto no

que toca ao sexo dos seus empregados estrangeiros.

O último tópico deste texto diz respeito aos “Valores e Atitudes Face Aos

Imigrantes”.

Os últimos estudos realizados na UE demonstram a inexistência de uma relação

entre desemprego e imigração, o que contraria a ideia bastante difundida pela Europa

nos anos 70 que afirmava que os imigrantes ocupariam os postos de trabalho

disponíveis nos países de acolhimento.

Tem havido um (alegado) esforço por parte dos vários países para integrar a

população estrangeira, nomeadamente através de programas especiais e apoio

institucional apesar de, na balança do Estado, os gastos despendidos com os

imigrantes serem inferiores às contribuições por estes feitas por via de impostos e

Segurança Social.

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Um estudo realizado em Novembro de 2002 em Portugal revela que 3 em cada 4

portugueses discorda com a vinda de imigrantes, independentemente da sua origem,

sendo que são os que possuem um grau de instrução mais baixo que mais rejeitam

esta realidade. No entanto noutro estudo, este de 2003, observou-se que 97,2 por

cento dos inquiridos considerava que os imigrantes deviam ter os mesmos direitos que

os portugueses e 84 por cento achava que a naturalização dos imigrantes devia ser

facilitada.

Podemos com isto concluir que, e citando Baganha e Marques, “Portugal pode ser

considerado um exemplo de sociedade que é formalmente anti-racista mas onde

persistem atitudes racistas.”

Os media têm um papel preponderante nesta imagem criada pela sociedade

portuguesa, acentuando determinadas mensagens que transmitem estes valores de

sinal negativo.

Considerações Finais:

No que toca às minhas considerações acerca do texto, sou da opinião que este

possui uma linguagem acessível e um grande poder de síntese, apresentando todos os

factos e observações de forma clara. A autora baseia-se num grande número de

estudos e em várias obras relacionadas com o tema, o que dá uma grande consistência

ao texto sendo que a informação está bem organizada, mas há no entanto alguns

subcapítulos que poderiam ser agregados.

Em suma, considero que é um documento que contém uma pesquisa muito valiosa

para a temática em causa e que servirá com certeza como base para futuras pesquisas

e trabalhos a realizar nesta área, como é o caso do trabalho que entregarei no final do

semestre.

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6. Conclusão Fazendo uma síntese das conclusões que consegui retirar depois de concluído o

projecto, posso desde já referir que apenas aflorei muito sinteticamente a temática, dados os condicionamentos do tempo, escasso para a quantidade de informação disponível e a minha inexperiência na investigação. Dito isto, começo por referir que o facto do fenómeno migratório ser dinâmico e difuso torna o seu estudo um processo muito complexo, que requer uma investigação a fundo, continuada e contextualizada. Após séculos e séculos de história migratória, a Europa é hoje o resultado de todos estes processos somados, desencadeados por múltiplos eventos, como a expansão de impérios como o Britânico ou o Romano ou as migrações de refugiados na sequência da 2ª Guerra Mundial, que geraram inúmeras transformações. Os dados relativos a estes fenómenos só são consistentes a partir da segunda metade do século XX, quando o estudo demográfico se intensifica e é a partir deste período que surgem os padrões e fluxos migratórios mais sedimentados, que hoje estão mais complexificados e tomam rumos mais difusos.

As implicações, problemas e desafios que o fenómeno migratório acarreta tornam o seu estudo e análise premente e indispensável, algo que é reconhecido pelos organismos europeus, como a União Europeia, que dispõe de diversos centros de investigação orientados precisamente para este campo.

Na minha opinião a Europa só poderá subsistir como continente unido com uma política forte de integração e com um olhar atento sobre estes problemas; é por isso necessária a existência de mais investigação neste campo, de modo a poder ter a maior quantidade de dados disponíveis para ser exercida uma acção o mais justa possível.

Relativamente ao curso do projecto, penso que, apesar de pequenos contratempos e dificuldades, este correu, na sua generalidade, bem e o balanço dos resultados obtidos é positivo, assim como é positiva a experiência de investigação sociológica, que me forneceu as bases para no futuro realizar investigações mais complexas e com um maior grau de exactidão.

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Wanner, P. (2002). Migrations trends in Europe. Strasbourg: Council of Europe.

Nota: Para efeitos de referenciação bibliográfica foi utilizado o estilo APA (5ª Edição)

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Anexos

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Anexo I

Página da Web Avaliada: http://www.mipex.eu/

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Anexo II

Texto de suporte da Ficha de Leitura:

Santos, Clara de Almeida (2007), Imagens de mulheres imigrantes na imprensa

portuguesa – análise do ano 2003. Lisboa: ACIDI. (pp. 17–44)