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A Europa e os Migrantes no século XXI Filipe Pinheiro Coimbra 2012

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A Europa e os Migrantes no século XXI

Filipe Pinheiro

Coimbra 2012

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

2012/2013

Título do trabalho: A Europa e os Migrantes do século XXI Temas abordados: Caracterização das condições suportadas pelos emigrantes ou imigrantes da Europa no século XXI. Disciplina: Fontes de Informação Sociológica – 1º ano da licenciatura de Sociologia. Professor: Doutor Paulo Peixoto Trabalho realizado por: Filipe Pinheiro Nº 2012168548 Imagem da capa consultada em: http://pixabay.com/pt/p%C3%A1ssaros-asas-tendo-fora-sair-46047/

Índice

1.Introdução……………………………………………………………….….1 2.Desenvolvimento…………………………………………………........2

2.1 Definição de Migração, Imigração e Emigração...2 2.2 O porque das migrações………….………….……..……..2 2.3 O impacto das migrações…………………………..….....3 2.4 A Europa no século XXI………………………………........4 2.5 Imigração ilegal…………………………………………......…6 2.6 Imigrantes económicos…………………………..........…7 2.7 Inclusão e Coesão Social dos Migrantes….……..….9 2.8 O Desafio dos Migrantes na Europa……….....……11

3. Ficha de Leitura……..…………………………………………….…..14 4. Avaliação da página da Internet………………………………..21 5. Conclusão…………………………………………………………...……23 6. Referências Bibliográficas…………………………………….…..24 7. Anexo 1 – Suporte da ficha de leitura 8. Anexo 2 – Suporte da página da internet

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1. Introdução

No âmbito do regime de avaliação contínua da disciplina Fontes de Informação Sociológica, foi-nos proposto três possíveis temas de trabalho, de que seria me necessário escolher um deles, para ser desenvolvido durante o primeiro semestre. Após a minha escolha, “A Europa e os migrantes do século XXI”, foi-nos pedida a realização de uma ficha de leitura, em que o texto por mim escolhido foi “Imigrantes idosos: uma nova face da imigração em Portugal” de Cristina Roldão e Fernando Luís Machado. A próxima etapa que teve de ser realizada foi o estado das artes, que consistia em realizar o estado das artes, ou seja, o desenvolvimento do trabalho, onde abordei diversos temas, começando primeiro por definir os conceitos, e de seguida analisei a situação dos migrantes, em distintas formas. Fazer uma avaliação de uma página da internet foi o passo seguinte, onde escolhi o site que mais influenciou o trabalho desenvolvido. Assim sendo, esta avaliação consistia em apreciar diversos factores do site, desde o grafismo, até à estrutura e ligações existentes na página. Por fim, para a boa realização deste trabalho, houve uma conclusão, onde se juntou todos os trabalhos desenvolvidos durante o semestre, formando assim o trabalho final.

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2. Desenvolvimento

2.1 Definição de Migração, Imigração e Emigração

Começando primeiramente por desenvolver os conceitos fundamentais

para o bom desenvolvimento deste trabalho, inicio com uma breve

definição de migração, imigração e emigração, palavras que estarão

presentes diversas vezes ao longo deste trabalho.

Migração - É toda a movimentação, ou deslocamento da população que

ocorre de um lugar de origem para outro destino, e que implica uma

mudança de residência habitual.

Imigração - O movimento de entrada, com estatuto permanente ou

temporário e com a intenção de trabalho e/ou residência, de pessoas ou

populações, de um país para outro.

Emigração - A emigração é o acto voluntário de deixar o seu local de

origem para se estabelecer numa outra região ou nação. Trata-se do

mesmo fenómeno da imigração mas visto da perspectiva do lugar de

residência.

2.2 O porquê das migrações?

O que leva as pessoas a migrar tem a ver com vários motivos, entre eles o económico, o social, o político, o ambiental, religiosos e étnicos.

Na migração económica o motivo é simplesmente por uma questão financeira, na expectativa de melhores condições monetárias noutra região ou nação, e assim sendo, uma possível maneira de progredir na carreira ou até mesmo para seguir uma carreira específica. Actualmente foca-se no facto de no país de origem existir uma taxa muito grande de desemprego.

Outro motivo é a migração social, que ocorre quando uma pessoa procura uma qualidade de vida superior à anterior, ou então, devido ao facto de nesse país para onde se deseja mudar estarem a residir elementos familiares ou amigos, querendo estar perto deles.

Já com a migração política, o seu motivo é o escapamento de um conflito ou perseguição política, étnica ou religiosa.

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Por último, a migração ambiental é causada por desastres naturais, tais como as inundações, as secas, entre muitas outras. Ultimamente têm-se registado inúmeros casos destes, aquando a passagem de furacões, que devoram tudo à sua volta e levam famílias a tentar reconstruir a sua vida num outro local.

Em suma, qualquer um destes factores que levam às migrações tem constantemente desempenhado um papel mais ou menos evidente. Em grande parte dos casos, todavia, não são suficientes para iniciar um novo fluxo migratório em grande escala, nem para provocar a imprevista expansão substancial de um fluxo existente. Para que isso suceda, é necessária a ocorrência de um conjunto de condições prévias.

2.3 O impacto das migrações

Em todos os casos de migrações, tanto a nível do país de origem, como no país receptor, e até mesmo no individuo, há vantagens e desvantagens.

Começando por falar no impacto no país de origem, como vantagem a migração alivia a pressão populacional e reduz o desemprego, o que diminui a pressão na economia local ou nacional. Ela também reduz a maior necessidade pelos recursos naturais. As famílias que ficaram para trás beneficiam-se com o dinheiro que os migrantes lhes mandam. A maioria das famílias gasta dinheiro em alimentos, outras necessidades domésticas básicas e educação. Em alguns países, este dinheiro beneficia muito a economia nacional. Já com as desvantagens deixadas ao próprio país prendem-se com o facto de o país perder algumas das pessoas nas quais mais se investiu. A maioria dos migrantes são homens jovens, muitos dos quais são casados. As suas esposas permanecem em casa, mas carregam um fardo muito maior que antes, por terem de realizar sozinhas todas as tarefas domésticas. Quando a migração é comum, o tráfico humano pode aumentar, pois os traficantes aproveitam-se da oportunidade para ganhar dinheiro. Os pais pobres são incentivados a vender os filhos por uma pequena quantia. Uma proporção significativa dos migrantes tenta voltar para casa depois de vários anos. Os migrantes que voltam, muitas vezes, ficam com outros valores e comportamentos e frequentemente agem de maneira diferente, de acordo com os valores aprendidos no país do qual vieram, o que pode causar atrito dentro das comunidades. (Acidi, 2012)

Já com a influência no país que os recebe, as suas vantagens são muitas, entre elas salienta-se o facto de os migrantes irem para lugares que não têm pessoas suficientes com as habilidades para os empregos

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disponíveis. As lacunas que os migrantes preenchem concentram-se em empregos altamente especializados, como médicos, ou empregos manuais, como operários de obras. Isso ajuda a sustentar a economia. Os migrantes frequentemente estão mais dispostos a aceitar trabalhos que as pessoas locais não querem, entre eles, colher frutas, cuidar de crianças e serviços de limpeza. A integração dos migrantes na cultura da região ou do país que os recebe pode resultar em diversidade cultural no local, como na culinária e na música. Relativamente às desvantagens, os migrantes sofrem abuso e discriminação racial, o que divide as comunidades e pode aumentar o crime. Eles frequentemente vivem em bairros com outras pessoas provenientes do mesmo lugar, levando a um grande número de pessoas na comunidade, o que pode causar mais pressão nos serviços locais (tais como escolas e serviços de saúde). Um dos casos mais preocupantes são as doenças que os migrantes podem trazer consigo, e que alastre a toda a nação.

Por fim, nos próprios indivíduos migrantes o facto de ganhar mais dinheiro, é um benefício fundamental. Outros proveitos são se a pessoa estiver a fugir de conflitos ou perseguições, elas podem migrar para outro país em busca de segurança, embora o processo de asilo possa ser longo e complicado. Podem também se reunir com os familiares que já migraram. Os migrantes podem ter acesso a cuidados de saúde e outros serviços de bem-estar no lugar para onde migraram, como também uma educação melhor para os seus filhos. Mas as desvantagens são que o trabalho disponível pode ser temporário, imprevisível, perigoso ou ilegal. Apesar de ganhar mais dinheiro, o migrante, muitas vezes, ganha pouco em comparação ao padrão de vida do novo lugar, e ele pode não alcançar o alto padrão de vida descrito na média. Migrar significa deixar para trás o apoio de amigos e familiares e uma cultura com a qual se está acostumado e mudar-se para um lugar novo, diferente e, às vezes, hostil. Os migrantes enfrentam estigma quando a comunidade para onde vão não os compreende ou não confia neles, e até mesmo as crianças deixadas para trás ou que vão morar longe dos pais ficam mais vulneráveis ao abuso. Em suma, tudo isto são situações que são muito difíceis de suportar e que mostram que para ser migrante é necessária uma coragem inigualável, e uma força de vontade inesgotável. (D. Papademetriou, 2008)

2.4 A Europa no século XXI

Hoje, a Europa precisa de fazer face a novos desafios, mais do que meio século atrás, onde durante todos esses anos houve uma enorme

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mudança tanto a nível europeu como a nível mundial. Num mundo globalizado em constante mudança, a Europa do século XXI confronta a mundialização da economia, a evolução demográfica, as alterações climáticas, o abastecimento energético ou ainda as novas ameaças que pesam sobre a segurança, tudo isto, alguns desafios que tem de ser suportados diariamente.

Com tudo isto, os Estados-Membros já não são capazes de enfrentar sozinhos, todos estes novos desafios que não conhecem fronteiras. Por conseguinte, um esforço colectivo à escala europeia permitirá fazer-lhes face e responder às preocupações dos cidadãos. Todavia, para enfrentar esses desafios, a Europa deve modernizar-se. Deve dispor de utensílios eficazes e coerentes adaptados não só ao seu funcionamento, mas também à rápida evolução do mundo actual.

Neste século que se inicia, são muitos os desafios que apontaríamos, desde a gigantesca disparidade económica entre os antigos membros e os recém-chegados, a imigração dos europeus do leste para os países mais desenvolvidos, que pode desestabilizar e sobrecarregar as estruturas de bem-estar social das nações mais ricas, a questão dos subsídios, em que quase todos os países recentemente integrados na União Europeia são países agrícolas, dependentes das exportações, e claro está, os membros mais antigos dificilmente serão menos proteccionistas para que os membros mais novos desta comunidade tenham benefícios, em auxílio do prol dos novos membros.

O ponto mais forte da Europa é a sua população, cerca de 730 milhões de habitantes, com bom poder económico e elevada escolaridade, a maior de todos os continentes. Isso é fundamental, pois na actualidade os recursos humanos, as pessoas são mais importantes que os recursos naturais. Até os países mais pobres da Europa, como a Albânia, sempre valorizaram a educação, e a situação europeia nesse aspecto é excelente, melhor do que a de qualquer outro continente, desde que se compare à situação média. A Europa conta ainda com uma economia moderna, que já atingiu em várias regiões o estágio da Terceira Revolução Industrial (especialmente na Alemanha, na França, no Reino Unido, no norte da Itália e nos Países Baixos), e produz de tudo, desde supercomputadores até vinhos, de robôs a queijos, de remédios sofisticados a peixes. Um ponto fraco da Europa é a grande heterogeneidade ou as diferenças de povos e culturas (idiomas, hábitos, religiões, tradições), que originou rivalidades milenares, provocou inúmeras guerras e que é, portanto, uma situação difícil de resolver. Basta lembrar que o século XX começou com uma guerra na Europa, na região dos Balcãs, e terminou

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com outra sangrenta guerra nessa mesma região europeia, a guerra do Kosovo. Cabe lembrar ainda a crescente intolerância religiosa na Europa ocidental, que vem ocasionando conflitos violentos, como os constantes atritos que se multiplicam nas grandes cidades europeias, entre os povos ocidentais e os islâmicos. (D. Papademetriou, 2008)

2.5 Imigração Ilegal

Este tipo de migração é de longe a que tem registado o mais acentuado crescimento ao longo do tempo, podendo assumir diversas formas, mas em particular existem quatro tipos.

Em primeiro lugar, temos as imigrações não autorizadas, que correspondem aos cidadãos de um determinado estado que entram da forma clandestina num outro país. A maioria destes migrantes fá-lo através de fronteiras terrestres, mas a via marítima é também frequentemente utilizada, tal como, a via aérea. Em qualquer um destes casos, o migrante em questão consegue escapar à detecção e, naturalmente, ao controlo do seu direito legal de entrada. Uma dimensão cada vez maior destes imigrantes clandestinos é vítima de tráfico ou auxiliada por contrabandistas, onde muitas das vezes os podem explorar.

Temos também a utilização de documentação falsa por parte dos migrantes. A fraude em questão pode dizer respeito à identidade da pessoa e/ou à documentação que permite o acesso ao direito de entrada. Uma variante específica desta categoria consiste na entrega de pedidos de asilo fraudulentos, em que aspectos como a identidade do requerente ou a documentação e narrativa que apoiam o pedido de asilo poderão ter sido falsificados.

Outra forma é a permanência que excede o período de validade do visto do individuo. Assim sendo, isto corresponde aos indivíduos que entram de forma legal num outro país, mas que deliberadamente excedem o período de permanência legal, caindo assim numa situação de ilegalidade.

Por fim, indivíduos que infringem os termos e condições dos vistos. Trata-se dos cidadãos de um determinado país que entram num outro país dotados da documentação necessária e através dos canais apropriados, mas que a certa altura infringem as condições associadas ao seu visto de entrada. O tipo mais comum de infracção consiste na aceitação de emprego. Uma variante praticamente institucionalizada deste tipo de infracção consiste na actividade de certas escolas de línguas, por exemplo no Japão, que são conhecidas por aceitarem inscrições de pessoas que

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oficialmente se deslocam para o país para estudar, mas que na verdade se dedicam fundamentalmente a trabalhar (muitas vezes a tempo inteiro), beneficiando do facto do trabalho ser habitualmente autorizado enquanto actividade suplementar quando desempenhado por estudantes. Uma outra variante deste tipo de infracção ocorre quando indivíduos munidos de vistos que conferem privilégios especiais – por exemplo, “vistos de trabalho transfronteiriço”, que permitem aos residentes nas áreas fronteiriças de um determinado país viver e trabalhar no país adjacente dentro de limites geográficos e temporais estritamente definidos – infringem sistematicamente esses limites.

Em suma, apesar de serem mencionados apenas estes quatro principais tipos de imigração ilegal, existem muitos outros, estes quatro são aqueles que mais se salientam, e que a maioria dos imigrantes utiliza para exercer a sua actividade ilícita. (D. Papademetriou, 2008)

Entre estas, existem também outras formas, como já referido, tais como:

Alguns turistas poderão exceder a sua duração autorizada de permanência enquanto aguardam uma decisão relativa ao pedido de extensão dessa autorização;

Certos visitantes para fins de negócios poderão desempenhar actividades profissionais que exijam uma categoria de visto distinta da que lhes foi concedida;

Alguns estudantes poderão infringir as condições dos seus vistos de estudo ao trabalharem por curtos períodos de tempo, seja por trabalharem um número de horas superior àquele que lhes é permitido conciliar com os estudos ou por se dedicarem a actividades não autorizadas durante a parte dos seus planos de estudos correspondente à formação prática;

Alguns trabalhadores possuidores de vistos de trabalho temporário poderão mudar de empregador (ou até de sector de actividade) sem a devida autorização das autoridades em matéria de imigração.

• 2.6 Imigrantes Económicos

Hoje em dia, a maior parte dos imigrantes mais qualificados e escolarizados são seleccionados de acordo com critérios tais como a existência de uma oferta de emprego prévia e/ou a empregabilidade potencial, o nível de escolaridade, a experiência profissional, a idade e a

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demonstração prévia de características empreendedoras, entre muitos outros factores. A disponibilidade demonstrada pelo imigrante para se comprometer a permanecer num local específico durante um determinado número de anos tem também vindo a ganhar cada vez mais importância. Um número significativo, ainda que não seja considerado um número esmagador, são os que desempenham profissões de baixas qualificações. Finalmente, é por vezes admitido um número muito pequeno de imigrantes em virtude de estarem dispostos a investir montantes consideráveis na criação ou expansão de empresas em território nacional. Porém, esta análise é fundamentalmente sobre os fluxos muito mais numerosos de imigrantes admitidos em função da sua dotação de capital humano e não de capital financeiro.

Sendo assim, as migrações de tipo económico têm dois elementos básicos, ou seja, as admissões com vista à imigração permanente, ou residência de longa duração, que conferem o direito de viver e trabalhar no país de destino, e as admissões temporárias, que permitem a permanência e o exercício de uma profissão durante um determinado período de tempo, que habitualmente varia entre um a oito anos. (Acidi, 2012) A maioria das imigrações económicas legais, sejam elas temporárias ou permanentes, são a maior parte em favor dos estrangeiros mais qualificados e escolarizados. Contudo, o desempenho de funções necessita de pouca qualificação formal, mas ao longo do tempo, com o aumento de experiência acumulada, tanto no país de origem, como o receptor, este aspecto é muito valorizado. Este facto é confirmado pelos diversos meios de admissão com vista ao trabalho no sector agrícola e noutras actividades sazonais, bem como nos sectores dos cuidados pessoais e dos serviços domésticos.

Embora nem todos os países de imigração tratem de forma idêntica os estrangeiros que oferecem o seu trabalho e as suas competências no âmbito do sistema migratório internacional, a maioria recorre a mecanismos semelhantes para efeitos de selecção dos imigrantes permanentes. Estas semelhanças ao nível dos procedimentos utilizados para fazer corresponder um determinado trabalhador a um determinado posto de trabalho são ainda maiores no caso específico dos programas de imigração temporária.

Ainda que muitos países europeus se assemelhem aos países tradicionais de imigração, ou até os superem, em termos de número de imigrantes se compararmos com a população total, os sistemas de entrada de imigrantes económicos da generalidade dos estados europeus, bem

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como os respectivos enquadramentos legais e estratégicos, são bastante menos sofisticados. Mesmo assim, existe um receio substancial em relação às mudanças sociais e culturais associadas à imigração e à hipótese das migrações ameaçarem a sustentabilidade dos estado-providência europeus, por outro lado, confirma-se um reconhecimento crescente da necessidade que a Europa tem dos jovens trabalhadores que o resto do mundo tem para oferecer e da impossibilidade de pôr em prática a retórica da “imigração zero”. (D. Papademetriou, 2008)

Esta última e mais fresca linha de pensamento tem levado abundantes analistas a concluir que a Europa teria a ganhar com a adopção de uma atitude pró-activa face à imigração que passasse pelo recrutamento deliberado de imigrantes em função das vantagens económicas que lhes estão associadas. Uma estratégia desse tipo assentaria no aumento da proporção dos imigrantes “proactivamente seleccionados” com base em critérios económicos, em detrimento daqueles sobre cuja admissão os diversos países possuem pouca “capacidade de escolha”, tais como os imigrantes ao abrigo do reagrupamento familiar, os imigrantes por motivos humanitários e os imigrantes irregulares. Isto implicaria a adopção, por parte de países como a França, onde apenas cerca de 10 por cento dos imigrantes admitidos em cada ano o são com base em motivos económicos, de políticas mais próximas das adoptadas em países como o Canadá, onde cerca de 23 por cento dos imigrantes são admitidos em função de critérios económicos, especialmente relacionados com o nível de escolaridade e outras características individuais, e outros 30 por cento são admitidos enquanto membros das famílias nucleares dos imigrantes “seleccionados”. (D. Papademetriou, 2008)

2.7 Inclusão e Coesão Social dos Migrantes

A gestão dos fluxos quanto mais elevada for, torna-se tanto mais complicada. Sendo assim, o nível a que decorrem as negociações, constrói em muitos sentidos uma imigração mais complexa. Neste último caso, os locais de governo, a par dos poderes “difusos” mas cruciais do sector não-governamental, devem desempenhar, e desempenham efectivamente, os papéis mais críticos. Assim sendo, as tentativas de definição de “códigos de conduta” permitem reconhecer e instituir algumas das acções que devem e não devem ser implementadas no âmbito da gestão das migrações internacionais. Algumas destas iniciativas poderão talvez incluir

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ideias inovadoras acerca de como integrar mais eficazmente as comunidades imigrantes e como construir sociedades multiculturais mais inclusivas no século XXI.

Entretanto, em virtude da sua própria natureza, a integração será sempre primeiro que tudo um assunto de âmbito local, já que é ao nível local que mais espontaneamente ocorrem as interacções essenciais entre os recém-chegados e as comunidades de acolhimento, bem como a maior parte dos sucessos e fracassos, e, consequentemente, a eventualidade de inovação e melhoramento das políticas. Com isto, tira-se a conclusão que é à escala local que os resultados de quaisquer decisões e omissões por parte dos governos em relação aos vários aspectos das migrações internacionais mais se fazem sentir, ainda que, simplesmente caiba às autoridades nacionais facultarem os recursos e o enquadramento legal necessários à implementação e avaliação de políticas inovadoras.

Esta realidade em nada limita a relevância do papel que as formas supranacionais de governo do tipo da União Europeia podem e devem cumprir em relação à questão da inclusão. Esse papel é primário e tenderá a tornar-se cada vez mais importante. Porém, a sua eficiência variará consoante a maturidade e o vigor dos mecanismos supranacionais em questão e de acordo com o mérito e a ponderação das suas intervenções.

Por sua vez, estas últimas causas serão afectados em grande medida por quatro aspectos relacionados entre si. Primeiramente, a sensibilidade das instituições supranacionais em relação a esta questão, particularmente no que se refere àquilo que fizerem sentir aos recém-chegados e às sociedades de recepção como sendo esperado deles. Em segundo lugar, o poder de que estas instituições estiverem investidas para actuarem politicamente neste domínio, bem como a ousadia de que deram provas ao expressarem claramente a sua posição sempre que os estados-membros deixarem de efectuar avanços em matéria de integração. Consoante ao terceiro aspecto, o grau de ligação e a capacidade de intervenção da sociedade civil a nível supranacional, bem como a qualidade das suas intervenções. Por fim, o quarto e último aspecto, os recursos colocados à disposição deste nível de poder para fomentar novas ideias e iniciativas, bem como para financiarem políticas “correctivas” de âmbito regional, a maioria das quais incidirá naturalmente sobre as áreas do emprego e da protecção social. (Acidi, 2012)

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2.8 O Desafio dos Migrantes na Europa

Os saldos migratórios têm vindo a aumentar na Europa, formando actualmente a principal constituinte do crescimento populacional na maioria dos países. Por outro lado, a mobilidade interna no seio da União Europeia tem também vindo a aumentar em consequência do alargamento de Maio de 2004, nomeadamente em virtude dos fluxos de trabalhadores para os países (Reino Unido, Irlanda e Suécia) que não optaram por impor um período de transição. Há estados europeus com longa experiência de imigração, mas outros, como a Espanha e a Irlanda, só nos últimos dez anos se tornaram países de imigração. Em particular, os estados da Europa de Leste têm pouca experiência de como lidar com os impactos sociais e económicos da imigração e bastante necessidade de estratégias que lhes permitam fazê-lo eficazmente.

A imigração para os estados-membros da União Europeia provém actualmente de um conjunto muito mais diverso de países do que no passado, sendo caracterizada por uma muito maior variedade linguística e cultural.

Os imigrantes contêm também diferentes estatutos perante a lei. Alguns são admitidos, a título temporário ou permanente, com vistos de trabalho ou de negócios. Outros são admitidos enquanto requerentes de asilo, alcançando ou não posteriormente o estatuto de refugiados. Outros ainda entram nos países de destino ao abrigo do reagrupamento familiar, enquanto estudantes, ou no âmbito de uma série de outras categorias variadas, que vão das baby-sitters aos sacerdotes. A relevância de cada uma destas categorias variam de estado-membro para estado-membro. Em alguns, é o reagrupamento familiar que constitui a categoria maioritária, noutros, a imigração laboral. Finalmente, os imigrantes poderão ainda estar ilegais, quer por terem sido acolhidos regularmente mas terem deixado caducar os seus vistos ou trabalharem sem licença, quer por a própria entrada no país de destino ter tido lugar de forma irregular. A questão basilar, porém, é que o estatuto dos imigrantes perante a lei determina o seu direito de acesso ao trabalho, aos serviços públicos e à protecção social.

O estatuto legal dos imigrantes limita também em parte o carácter permanente ou temporário (por alguns meses ou anos) da sua permanência na União Europeia. Caso possam entrar e sair dos países de destino, poderão manter fortes laços transnacionais com os seus países de origem e remeter parte das suas poupanças para os seus familiares que aí se encontram. No entanto, poderão optar não por regressar e instalar-se

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antes noutro país, dentro ou fora da Europa. No passado, os estados-membros incorreram frequentemente no erro de assumir que todos os imigrantes haveriam de voltar aos seus países de origem, contudo, é igualmente incorrecto assumir que todos quererão permanecer nos países de destino. Ainda assim, os residentes temporários necessitam de um certo grau de integração, a nível tanto económico como social. Qualquer estratégia de integração terá de ter em conta esta diversidade de intenções migratórias.

Outro obstáculo é a descriminação, tanto de natureza racial como, segundo parece de forma crescente, com base na religião. Embora a discriminação seja por vezes explícita, assume mais usualmente uma marca sistémica e não propositada, que decorre dos mecanismos de incorporação e da forma como os serviços são criados para satisfazer as necessidades da maioria. A falta de cuidado por parte dos serviços às distintas necessidades das novas comunidades pode ter como resultado que mesmo alguns dos serviços especificamente destinados aos imigrantes não saciem as suas necessidades ou não consigam evitar exclui-los completamente.

A discriminação constitui um obstáculo à inclusão não só porque exclui os imigrantes dos empregos a que desejam aceder e dos serviços de que necessitam, como também por causa do ressentimento que provoca. Consequentemente, as medidas para combater a discriminação deverão ser encaradas como mais do que uma questão de direitos individuais ou do que um aspecto pontual sem relação com as restantes dimensões da integração, devendo constituir, isso sim, uma componente central e fundamental das estratégias de integração.

Por fim, uma última barreira são as atitudes por parte da sociedade de recepção, que constitui a atitude por parte da sociedade de acolhimento. Em certas comunidades locais, os imigrantes são muito bem acolhidos, o que reflecte o melhor da tradição europeia em hospitalidade. Em outros locais, porém, são recebidos com suspeição e hostilidade. Estas atitudes podem gerar discriminação e podem provocar uma falha difundida na confiança, tensões e até problemas de ordem pública. Do ponto de vista dos imigrantes, nenhuma lição de cidadania e nenhum estímulo à identificação com a comunidade do país de destino poderá sobrepor-se a um pensamento de que eles (os imigrantes) não pertencem ao local, por parte dos seus vizinhos. Assim sendo, qualquer estratagema de inclusão que se preocupe apenas com os imigrantes e não com os seus vizinhos não estará a dar a devida atenção a esta importante causa de exclusão.

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Em suma, os migrantes sofrem diversos desafios ao longo da sua aventura em busca de novas oportunidades, novas conquistas, e sobretudo uma vontade de recomeçar a sua vida noutro país. Existem muitos outros desafios que eles têm de enfrentar, mas estes mencionados anteriormente são os fundamentais, e com isto, conseguir ultrapassar todos estes obstáculos é fundamental para uma vida estável e agradável por parte dos migrantes. (D. Papademetriou, 2008)

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3. Ficha de Leitura

- Ficha Técnica

Título da publicação: Imigrantes Idosos: Uma nova face da Imigração em

Portugal

Autores: Fernando Luís Machado e Cristina Roldão

Número de páginas: 17-65

Assunto: Imigrantes

Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra

Data de Leitura: Outubro de 2012

Edição: Janeiro de 2010

Editora: Auto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural

Local de Edição: Lisboa

Palavras-chave: Imigração; imigrantes idosos, trajectórias de vida

Nota sobre os autores: Fernando Luís Lopes Machado. É Professor Auxiliar - ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. Publicou 36 artigos em revistas especializadas e 5 trabalhos em actas de eventos, possui 32 capítulos de livros e 12 livros publicados. Possui 27 itens de produção técnica. Participou em 51 eventos no estrangeiro e 4 em Portugal. Actua na área de Sociologia Nas suas actividades profissionais interagiu com 30 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos.

Cristina Roldão licenciou-se em Sociologia e Planeamento no ISCTE em 2005, tendo como domínios de investigação a sociologia da educação e das migrações.

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-Estrutura

Introdução/ Apresentação

O primeiro capítulo faz uma análise a dois níveis, ou seja, a questão do envelhecimento e dos idosos em geral nas sociedades contemporâneas e a questão do envelhecimento das migrações e dos imigrantes idosos em particular, tanto a nível nacional como internacional.

Já no segundo capítulo, o autor caracteriza de um modo geral os idosos imigrantes, começando pela identificação de fluxos e stocks e incidindo depois sobre as propriedades sociodemográficas, familiares, educativas e socioprofissionais dos imigrantes, introduzindo elementos de análise comparativa com os idosos portugueses e a sua sinalização de tipos sociais.

Desenvolvimento

Este primeiro capítulo começa por falar sobre o “Envelhecimento e Idosos nas Sociedades Contemporâneas”. Com uma melhoria generalizada das condições materiais e de saúde da população, existe um aumento contínuo da esperança média de vida. Este ponto é importante porque alguns discursos sobre o envelhecimento demográfico transformam-no num problema social quando ele representa, antes de mais, uma inegável conquista civilizacional. O que realmente coloca problemas é a simultaneidade do envelhecimento de topo (aumento do numero de idosos) e do envelhecimento de base (diminuição do número de crianças e jovens, devida à quebra da natalidade), mas é mais importante salientar que o primeiro não é causa do segundo. O primeiro problema colocado pelo duplo envelhecimento é o do financiamento na vertente das pensões, de reforma ou outras. O segundo problema é o das respostas sociais e familiares a um número crescente de pessoas que, embora cada vez mais tarde, acabam por ficar dependentes e precisam de condições adequadas de acolhimento e cuidado. A introdução do conceito de “quarta idade” e de “grandes idosos” trouxe maior especificação conceptual neste domínio. Hoje é notório, nas sociedades mais desenvolvidas, que o quadro de vulnerabilidade e dependência associado à velhice começa mais tarde, não na casa dos 60 anos, mas na dos setenta ou depois.

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O traço que mais define o estatuto social do idoso é a cessação da actividade profissional e a consequente passagem à reforma, não só pela definição institucional, mas por uma definição social que subsiste e diz que se entra na velhice a partir do momento que se deixa de trabalhar. Essa definição externa opera internamente na subjectividade de cada novo reformado que, mesmo contra sinais vitais, pode começar a sentir-se velho. A passagem à reforma é por isso, muitas vezes, não só uma mudança de estatuto social, mas uma perda do mesmo, o que leva a um sentimento de desvalorização pessoal. Por outro lado, perde-se o contacto quotidiano com outras pessoas que sempre existiram na vida profissional e que muitas vezes é particularmente intenso e gratificante, mas na esfera familiar é claro que se pode continuar activo.

Tal como nos estudos sobre juventude, também na investigação sobre idosos podemos falar de perspectivas de análise, que focalizam aspectos diferentes da mesma realidade, uma perspectiva geracional, que acentua os efeitos da idade enquanto tal, é uma perspectiva geracional, que acentua os efeitos da idade enquanto tal, é uma perspectiva classista, que aponta a diversidade de condições sociais da população idosa. Ser idoso pode significar desigualdade social, no sentido de menos oportunidades, menos participação, menos estatuto.

Já refente ao segundo ponto deste capítulo, o “Envelhecimento das Migrações e Imigrantes Idosos”, refere que as migrações também envelhecem, ou seja, a entrada dos imigrantes na velhice, depois de terminada a vida activa profissional, quando os seus filhos já são adultos e têm os seus próprios descendentes.

O envelhecimento das populações migrantes é uma consequência da sua sedentarização. A história das migrações do século XX demonstra que muitos migrantes acabam por se fixar definitivamente nos países de destino, mesmo que a expectativa fosse, de início, a do regresso aos países de origem. O envelhecimento dos imigrantes é por isso, ao mesmo tempo, uma causa de sedentarização, na medida que avançam na idade, vão reformulando essa expectativa inicial porque encontram várias razões para ficar.

Os que envelhecem no destino não constituem o único grupo de imigrantes idosos a ser considerado. Outro grupo importante é o dos que migram já numa fase avançada na vida, os migram já idosos, o que é bastante comum dentro da Europa, dos Países do Norte para os Países do Sul.

As circunstâncias e as motivações destes dois tipos de migração são totalmente diferentes. Os reformados procuram sobretudo as amenidades

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climáticas, os custos de vida mais baixos onde as suas reformas rendem mais e o conforto da zona de acolhimento, litorais ou interiores, equipadas para os receber, tal como recebem muitos turistas oriundos dos mesmos países. Se as circunstancias e motivações são diferentes, as implicações da sua presença para a sociedade de acolhimento são as mesmas dos imigrantes laborais que envelhecem no seu “posto”.

Os imigrantes reformados diferem dos laborais, nas implicações para o sistema da segurança social, já que as reformas que recebem vêm do país de origem. O problema da pobreza é portanto, um parâmetro incontornável quando se fala dos imigrantes laborais idosos.

Os imigrantes, apesar de minoritários entre os pobres, têm uma alta taxa de incidência de pobreza, ou seja, a maioria dos pobres não é constituída por imigrantes, mas a maioria dos imigrantes é pobre.

Além do estatuto socioeconómico, outro aspecto fundamental da vida dos imigrantes idosos é o das sociabilidades e dos laços sociais, ou seja, a velhice pode vir, deixando os idosos socialmente isolados e sós. Dois aspectos que podem distinguir, no entanto, os imigrantes idosos (um é-lhes benéfico, outro prejudicial), são: o primeiro tem a ver com a dimensão das famílias, o que leva a que quanto maior for a sua dimensão, mais pessoas existem para ajudar os mais velhos quando estes perdem autonomia. O segundo aspecto prende-se com a maior dispersão geográfica que as famílias migrantes podem ter, ou seja, naquelas famílias que os filhos estão noutros países e por isso não podem valer aos pais quando eles precisam de apoio.

Referente agora ao segundo capítulo que fala sobre os “Perfis Sociais de Imigrantes Idosos em Portugal”, aborda sete subtemas, sendo o primeiro as “Clarificações Metodológicas”, que mostra a necessidade para uma incursão sociológica de um tema ainda pouco abordado nos estudos nacionais, como é o caso do envelhecimento dos imigrantes, exige um trabalho inicial de mapeamento extensivo das dimensões e parâmetros que esse fenómeno pode assumir.

As linhas centrais desse mapeamento são três. A primeira prende-se com a caracterização geral dos imigrantes idosos em Portugal, uma segunda linha de exploração remete para a identificação de diferentes segmentos de imigrantes idosos, e por ultimo, um enfoque que se debruça, sobre as desigualdades de género entre imigrantes idosos.

Devido à longa ocupação colonial portuguesa em África, Angola e Moçambique são os países de onde proveito a esmagadora maioria dos “retornados” (pessoas que vieram para Portugal na sequencia do processo de descolonização), tendo sido o Brasil o território mais procurado pela

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emigração portuguesa ao longo do século XIX e primeira metade do século XX.

Uma última clarificação metodológica justifica-se relativamente ao conceito de idoso aqui utilizado, assim sendo, os 65 anos tendam a ser definidos como o momento de entrada na categoria de idoso.

Já com o segundo subtema, “Stocks e Fluxos Recentes”, que mostra que os grupos mais números de imigrantes idosos são provenientes de Cabo Verde, Espanha e Reino Unido, e ainda, os principais contingentes são os oriundos da União Europeia e dos PALOP.

Ao longo da década actual, o contingente de imigrantes idosos tem aumentado em virtude de novas entradas, os fluxos recentes a partir dos PALOP e da União Europeia, distinguem-se pela composição sexual. Nos europeus essa composição é maioritariamente masculino, e nos africanos maioritariamente feminina. A entrada de uma maioria de mulheres africanas estará relacionada com reagrupamentos conjugais tardios ou com fenómenos de solidariedade intergeracional.

Diga-se que o fluxo de novas de novas entradas de imigrantes idosos ou pré-idosos apresenta uma tendência clara de crescimento. Na década actual as entradas são em maior número do que na segunda metade dos anos 90, seja a partir dos PALOP, de países Europeus ou do Brasil.

Em termos médios, o falecimento dos imigrantes idosos tende a ocorrer mais cedo do que na população homóloga portuguesa. As diferenças nas idades de falecimento dos imigrantes idosos dos vários grupos são consideráveis. Destacam-se pela negativa, os originários dos PALOP, são os que morrem mais cedo, e consequentemente são os imigrantes africanos que apresentam também a menor percentagem de morte acima dos 84 anos.

Agora no “Perfil Sociodemográfico”, demonstra que tal como nos idosos portugueses, também nos de origem estrangeira se regista uma proporção mais elevada de mulheres. Se entre os naturais de Angola, Espanha, Moçambique e Brasil a proporção de mulheres é bastante elevada, o mesmo não acontece em Itália, Holanda, Reino Unido e Alemanha.

As imigrantes idosas têm um perfil mais envelhecido do que os seus pares masculinos, mas também tem maior esperança média de vida. As idosas imigrantes têm mais frequentemente a nacionalidade portuguesa, que se pode explicar através dos casos de migração matrimonial.

Também as percentagens de idosos e idosas dos PALOP já residentes em Portugal antes de 1995 são inversas das dos europeus, aqui os homens são mais antigos. Os dados também confirmam que os idosos europeus

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residentes em Portugal protagonizam uma imigração de reformados em busca do sul e sol.

Já com o “Perfil Familiar”, a maioria deles é casada, ou seja, há mais casais nas migrações de natureza familiar, do que naquelas que incluem maior número de indivíduos isolados. A seguir ao casado, o segundo estado civil mais frequente é a viuvez. Os imigrantes idosos homens que vivem sós, são no entanto, bastante mais do que os homens autóctones na mesma situação, o que não acontece do lado feminino. São os idosos brasileiro os queima vivem sozinhos.

No “Perfil Socioeducativo” analisasse os níveis de qualificação das populações migrantes. Perto de metade dos imigrantes idosos tem no máximo o 1º ciclo do ensino básico e pouco mais de um terço o ensino secundário ou superior. Os imigrantes dos PALOP e da UE aparecem em pólos opostos. Os primeiros registam a percentagem máxima no nível de escolaridade mínimo, e os segundos são os que mais têm ensino secundário ou superior. As diferenças entre mulheres e homens são notórias, sendo os últimos mais escolarizados do que as primeiras em todos os grupos de imigrantes e também na população idosa portuguesa.

No que toca ao “Perfil Socioprofissional”, é o que remete mais directamente para a condição socioeconómica dos imigrantes idosos. Os principais meios de vida dos imigrantes idosos são as reformas, o trabalho e o apoio da família. Os imigrantes da UE e dos PALOP aparecem novamente em situações opostas. Nos primeiros as pensões de reforma atingem a expressão máxima e o trabalho a expressão mínima. Nos segundos acontece o contrário, o trabalho como meio de vida, regista o valor mais alto de todos os grupos e as pensões de reforma o valor mais baixo. Já nos géneros, as idosas dependem mais da família, enquanto os idosos do trabalho. Em suma, a posição dominante é ocupada pelos naturais países da União Europeia.

Por fim, nos “Tipos Sociais de Imigrantes Idosos: uma síntese”, mostra que a conclusão fundamental deste capítulo é a de que há vários tipos sociais de imigrantes idosos em Portugal. Um é dos que chegam com bons recursos socioeconómico de outros países da União Europeia, o segundo tipo é o dos imigrantes dos PALOP, ou seja, chegam à velhice numa situação genericamente desfavorecida e vulnerável à pobreza. O terceiro tipo social de imigrantes idosos é o dos indianos, que se desdobram em dois subgrupos, um de empresários e dirigentes de empresas de pequena e média dimensão na área comercial, outro de profissionais científico e técnicos onde se destacam os naturais de Goa. O quarto e último tipo são dos brasileiros, trata-se de um grupo heterogéneo, que inclui pelo menos

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três segmentos distintos, que em parte conseguimos caracterizar com o apoio da literatura disponível.

Resumo/ Conclusão

Foram dois os capítulos analisados do livro, o primeiro, “Migrações,

Ciclo Migratório e Envelhecimento dos Imigrantes”, e o segundo, “Perfis

Sociais de Imigrantes Idosos em Portugal”.

No primeiro capítulo o autor foca-se em dois aspectos, onde faz

uma revisão de literatura sobre a questão do envelhecimento nas

sociedades contemporâneas e sobre o envelhecimento das migrações e

dos migrantes em particular.

Por último, no segundo capítulo, o autor analisa os imigrantes

idosos em geral em Portugal, a partir de dados estatísticos.

-Opinião sobre a obra

Pontos fortes e pontos fracos

Os autores apresentam uma linguagem coerente e acessível, que

origina uma leitura agradável por parte do leitor. A informação do livro

é bastante cativante, e com gráficos bastante plausíveis para o bom

entendimento da mesma.

Enquanto aos pontos fracos, a obra expõe demasiada informação

repetida, nos dois capítulos explorados.

-Dados Referentes à Realização da Ficha de Leitura

Disciplina: Fontes Informação Sociológica

Professor: Doutor Paulo Peixoto

Realizado por: Filipe Pinheiro

Número de Estudante: 2012168548

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4. Avaliação de uma página da Internet

A página de internet que decidi analisar é aquela que julgo tenha

sido a com melhor esclarecimento acerca do tema proposto, “A Europa e os migrantes do século XXI”, pois contava com um grande número de informação acerca de diversos temas. Assim sendo, o site onde se baseou a minha pesquisa, é o: www.oi.acidi.gov.pt. Esta página da internet é chamada de “Observatório da Imigração”, onde o ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural pretende aprofundar o conhecimento sobre a realidade da imigração em Portugal, para poder definir, executar e avaliar políticas eficazes de integração para as populações imigrantes. Esta página mostra ser acessível e de fácil compreensão, ou seja, é compreensível por qualquer pessoa que aceda ao mesmo, onde a sua informação está bem organizada e vasta. É de salientar também que esta página está disponível em português e inglês. Sobre o autor do site, este está identificado, sendo uma instituição, onde se verifica uma competência do autor nas matérias que aborda, ou seja, é notório a sua especialidades nos temas. Sendo assim, em termos de informação sobre a dimensão da autoria do site, esta página é muito bem conseguida, estando toda a informação que se possa necessitar disponibilizada. Enquanto à estrutura e navegação, o endereço URL é curto e intuitivo, onde é disponibilizado o motor de pesquisa interna. Os instrumentos de pesquisa e de navegação são eficazes e de fácil interiorização. As ligações são pertinentes e estão activas. A única publicidade que dispõem é acerca do próprio site, ou seja, neste caso fazem propaganda ao ACIDI, embora seja um elemento do site, mas esta não prejudica a leitura da informação, pois encontra-se no final. A estrutura da página web é complexa, pois apresenta muita informação e muitas ligações, o que torna difícil organiza-la sem que à primeira vista mostre uma certa abundância de informação, mas como já referido, é de fácil compreensão depois de conhecermos o site. Assim sendo, a estrutura e navegação deste site é razoavelmente boa, pois como já referi, existe diversa informação, o que torna a página muito rica em conteúdo, contudo, este benefício traz o prejuízo de esta abundancia ser impossível de organizar de forma a ser atractivo, mas até em termos de navegação é uma página bastante plausível.

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Referente agora ao conteúdo e alcance do site, a informação corresponde ao meu nível de estudos, embora se cinja só à imigração, e não os migrantes num todo. Esta informação tem também uma redacção clara, bem estruturada, exacta, objectiva e por vezes é igualmente apresentada metodicamente. O conteúdo da página respeita as regras e a forma da língua em que está escrito, ou seja, tanto em português como em inglês, a maneira de escrever e a sua pontuação, nos casos em que estive a analisar é apreciável. A data de actualização do site está disponível, e foi recente à realização desta avaliação. As referências estão devidamente citadas, e inclusive tem uma ligação que nos remete apenas para as bibliografias. Este site, tem também algumas páginas de internet com ligação a ele próprio, especialmente páginas relacionadas com a ACIDI. Em suma, em termos de conteúdo e alcance da página, é bastante agradável, pois tem a informação pertinente e necessária para uma boa pesquisa, estando tudo devidamente organizado e actualizado. Agora enquanto o grafismo, é onde a página mais falha, pois este site não é atractivo, embora o texto seja facilmente legível, tendo até três tamanhos de letras diferentes, não esforçando assim a visão. Este site, também não imprime as páginas, nem tem imagens. Sendo assim, este aspecto é o que mais falha nesta página, pois até como já referi, ao ter tanta informação disponível, dificilmente teriam um site atractivo, porque as ligações são imensas, e assim sendo, este é ponto negativo deste site. Por fim, sobre a utilidade do site para a realização do trabalho, este site ajudou-me a desenvolver alguns assuntos acerca do tema, estando patentes diversas questões que eu abordei no trabalho. Em suma, considero o site muito bom, estando todos os elementos que falei impecáveis, com a excepção do grafismo, que foi o único factor que vi de negativo neste site, tendo assim as minhas recomendações para quem necessitar de retirar informações acerca deste tema.

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5. Conclusão

Comecei por elaborar um plano de ideias a reter para a construção do trabalho, assim sendo, de acordo com o tema escolhido, iniciei os passos a seguir e os assuntos que pretendia explorar. Durante a realização do trabalho, procurei sempre dar a conhecer o tema de forma precisa, ou seja, incidir sobre o que é mais importante.

Contudo, o principal problema que encontrei durante a sua realização, foi a falta de informação, ou seja, o facto de ser sobre o século XXI, tendo mais desenvolvimento durante os séculos XIX e XX. Outra dificuldade encontrada foi sobre a ficha de leitura, muito devido à minha inexperiência na realização de trabalhos do género.

No final do trabalho, conclui que passando todos estes anos, a vida migrante continua uma a ser uma vida difícil. Este trabalho foi também uma novidade para mim, ou seja, nunca desenvolvi nenhum trabalho idêntico com este tema, ficando assim mais informado sobre a actualidade.

Enquanto aos objectivos da disciplina, maximizei os meus esforços em prol do trabalho, com o intuito de corresponder aos requisitos exigidos pela disciplina, nomeadamente sobre as aprendizagens necessárias para a aquisição de competência na pesquisa de Fontes de Informação Sociológica.

Em suma, apesar das dificuldades encontradas durante a realização deste trabalho, achei-o bastante interessante a nível do tema desenvolvido, e muito útil, pois considero que seja uma rampa de lançamento para a realização de trabalhos futuros, devido ao facto de nunca ter realizado trabalhos do género, podendo assim ganhar noções de como se realiza de forma plausível um trabalho. Assim sendo, a minha apreciação geral do trabalho é bastante positiva.

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6. Referências Bibliográficas

ACIDI. Observatório da Imigração - Acidi. s.a. http://www.oi.acidi.gov.pt/

(acedido em 15 de Novembro de 2012).

Papademetriou, Demetrios. A Europa e os seus Imigrantes no século XXI.

Lisboa: Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, 2008.

Peixoto, Paulo. FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIOLÓGICA. 2002.

http://www4.fe.uc.pt/fontes/ (acedido em 5 de Novembro de

2012).

Velez de Castro, Fátima. “A Europa do Outro - A Imigração em Portugal no

século XXI.” Observatório da Imigração - ACIDI. 16 de Dezembro de

2008. http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Colec_Teses/tese_16.pdf

(acedido em 15 de Novembro de 2012).

Nota: As referências bibliográficas foram realizadas através do estilo “Chicago”

7. Anexo 1

Suporte de texto à

ficha de leitura Machado, Fernando Luís e Roldão, Cristina (2010), Imigrantes idosos: uma nova face

da imigração em Portugal.

8. Anexo 2

Suporte de análise da

página de internet ACIDI. Observatório da Imigração - Acidi. s.a. http://www.oi.acidi.gov.pt/ (acedido em

15 de Novembro de 2012).