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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA

UM CONSUMO CONSCIENTE

Ermelinda Ruani Jordão1

Yolanda Shizue Aoki2

RESUMOEste artigo apresenta os resultados da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógicaelaborado no PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Educação doEstado do Paraná, intitulado “A educação ambiental como ferramenta de conscientização para umconsumo consciente”. A partir das atividades elaboradas na Unidade Didática “Do consumo aprodução do lixo” com objetivo de promover a reflexão e a conscientização dos alunos sobre oprocesso de consumo de produtos sob a influência das mídias. O atual estágio da sociedadecapitalista voltado para a produção de inovações e de novos produtos numa velocidade cada vezmaior. Este fato estimula o ato de consumir em escala cada vez maior e as consequências geradaspor este modelo põe em xeque o próprio futuro da humanidade. A partir de leituras e de atividadesrelacionadas ao consumo desenfreado e à geração de lixo no cotidiano das pessoas, mesmo dasclasses mais pobres, possibilitam a reflexão dos alunos sobre essa atitude que se tornou habitual.Os resultados obtidos nos mostram a necessidade de reflexões sobre o consumo e a geração de lixonas salas de aulas, assim incentivando os educandos a expor suas ideias e as confrontar com oscolegas para que compreendam melhor a realidade em que vivemos e sejam os multiplicadores demudanças nos hábitos de consumo visando a sustentabilidade ambiental, econômica e social.

Palavras Chaves: Consumo desenfreado, produção de lixo, reflexões.

INTRODUÇÃO

Este artigo resulta do trabalho realizado junto ao Programa de

Desenvolvimento Educacional PDE3/2016 intitulado “Do consumo a produção do

lixo”, sob a orientação da professora mestre Yolanda Shizue Aoki.

O tema escolhido foi o consumo e a produção de resíduos sólidos no

ambiente escolar, conteúdo de extrema importância não só no ensino de Geografia,

1 Professora da rede pública estadual do Paraná, participante do PDE/2016. Habilitação e Bacharelado em Geografia, com especialização em Educação Especial.

2 Mestre em Geografia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Campus Maringá, Paraná, Brasil. Professora do Departamento de Geografia da UEM. Professora orientadora do PDE/2016.

3 PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº130, de 14 de julhode 2010 que estabelece o diálogo, entre os professores do ensino superior e os educadores daeducação básica, através de atividades teóricas e práticas, orientadas, tendo como resultado aprodução de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense.

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tendo em vista a dimensão global de problemas socioambientais. O projeto previa a

realização de atividades visando ampliar o conhecimento do aluno relativo aos

problemas ambientais ocasionados pela ação humana no contexto da produção de

bens e do consumo. E, responder à questão como contribuir para que o educando

mude seus hábitos e suas atitudes e se torne um multiplicador de ações que

possibilitem a mudança de hábitos bem como a mitigação dos danos causados.

E, é no contexto que a implementação da Unidade Didática foi realizada

junto aos alunos do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Tomaz

Edison de Andrade Vieira, município de Maringá/PR [e junto ao Grupo de Trabalho

em Rede (GTR)]. E, com associando aos demais projetos pedagógicos da escola

esse processo se estenda a toda comunidade escolar.

A integração de novos conhecimentos com a prática diária com intuito de

sensibilizar o educando com relação às atitudes e aos comportamentos

ambientalmente corretos voltados para a prática de cidadã. E, a partir daí,

repensar as atitudes, o comportamento consumista e as práticas inadequadas de

descarte. Torna-se necessário perceber que se continuar consumindo

exageradamente, os recursos naturais se esgotarão rapidamente e que o descarte

inadequado dos produtos gera poluição e outros problemas ambientais. E, é com

essa preocupação que o aluno deve entender que a sociedade precisa agir de uma

forma mais sustentável, para que o desenvolvimento ocorra sem pôr em risco a

sobrevivência desta e das futuras gerações.

Nesse sentido, visando que o educando identificar possa identificar os

comportamentos consumistas e as práticas inadequadas, e que possa refletir

sobre as consequências geradas, torna-se necessário que o mesmo tenha uma

formação capaz de realizar uma leitura mais crítica da sociedade em que está

inserido e seja capaz de planejar as suas ações para de uma sociedade sustentável

do ponto de vista social, econômico, cultural e ambiental. E, através da pesquisa

bibliográfica e das atividades propostas na implementação do projeto, e a partir da

reflexão sobre suas práticas diárias, analisar as atitudes e as práticas

consideradas incorretas, contribuir para a mudança do comportamento do jovem

educando para que possa replicar as práticas corretas na escola e no ambiente

familiar para se tornarem “educadores ambientais”.

Os alunos precisam saber que, cada atitude interfere direta ou indiretamente

no meio ambiente. E que no dia a dia, o conjunto das ações é importante, então,

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rever as ações realizadas e tomar decisões mais aceitáveis do ponto de vista da

educação e da educação ambiental, tais como a redução dos resíduos; a

reutilização de materiais velhos ou usados; a restauração de peças antigas e a

reciclagem. Entendendo que, na prática tais atitudes podem mitigar os efeitos da

destinação errada dos resíduos, bem como contribuir para preservação do meio

ambiente e assim garantindo o futuro do planeta. Vivemos em uma sociedade em

que somos cada vez mais estimulados ao consumo. Na atual fase do capitalismo, o

consumo se tornou uma forma de avaliar o cidadão, considerando como uma forma

de status, levando-o a adquirir cada vez mais produtos e com maior frequência.

Os jovens educandos são os mais afetados por esse modelo de consumo

desenfreado, bombardeados pelos diversos meios de comunicação e também

influenciados pelo meio em que vivem.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na atual fase do desenvolvimento capitalista, a produção industrial cresceu

de forma mais acelerada e com o desenvolvimento da tecnologia, ampliou-se a o

leque de produtos disponíveis bem como o estímulo ao consumo se acelerou. A

indústria passa a produzir mais itens que possibilitam a mudança nos padrões de

vida por meio do consumo de bens que facilitam as atividades diárias bem como

as comunicações entre as pessoas no mundo inteiro. Essa mudança no padrão de

consumo da sociedade traz como consequência a degradação do meio ambiente,

interferindo na qualidade de vida de todos os seres vivos.

A degradação do meio ambiente vem ocorrendo há décadas, fato que nem

sempre foi percebido pela sociedade, no entanto, atualmente, há um movimento

para que se verifique se a produção é realizada de forma sustentável - da matéria

prima ao produto final. Para que ocorra um redirecionamento desse comportamento

do cidadão em relação aos produtos que consome, é necessário analisar a origem

dos produtos que está sendo consumido. Atualmente, existe no mercado a

rotulagem ambiental, que atribui selo ou rótulo ao produto ou serviço, assim

deixando claro o que está sendo oferecido ao consumidor. Existem vários selos no

mercado, que contribui para que o consumidor obtenha produtos certificados, tendo

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assim uma garantia de que está adquirindo um produto/serviço com menor impacto

ambiental possível. Os principais selos utilizados no Brasil são: o Forest Stewardship

Council (FCS) Liderança em Energia e Design Ambiental (LEED), Rainforest Alliance

Certified, Ecocert, Instituto Biodinâmico (IBD), Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade do Habitat (PBQP-H), Selo Casa Azul Caixa, Programa Nacional de

Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ISO 14001), Normas e os Regulamentos Técnicos vigentes (INMETRO).

(BRASIL, MMA, 2013). A observação da rotulagem dos produtos é importante para

que, como salientam Silva e Gómez (2011, p.45),

[...] cada indivíduo deve começar a redirecionar seu posicionamento dentrodo contexto no qual se encontra, para que o desenvolvimento sustentáveltorne-se possível. Aspectos pontuais como: a redução no consumo deprodutos com prejuízos socioambientais visíveis, uma pressão pelaprodução de produtos sustentáveis, bem como a punição para empresasinsustentáveis por meio do boicote aos seus produtos, simbolizam umamudança de atitude não só individual como coletiva, a qual se dá o nome deConsumo Consciente.

Assim, a produção sem o devido respeito à sustentabilidade ambiental,

econômica e social comprometerá a qualidade de vida desta e das futuras gerações,

se não houver essa mudança individual e coletiva, por meio do consumo consciente.

Da mesma forma, o consumo que é visto como um ato natural, individual do

ser humano, sem nenhuma outra preocupação deve ser revista. É fundamental que

se faça uma analise do seu comportamento, da sua postura quanto ao consumo de

produtos, do seu comprometimento em relação à questão ambiental. Pensar de

forma coletiva, entendendo que todos e ao mesmo tempo, cada um é

corresponsável por interferir de forma positiva ou negativa no meio ambiente.

Em relação à questão do consumo, Costa e Teodósio (2011, p.115) salientam

que “o consumo, na contemporaneidade, cumpre diferentes funções e implica

múltiplas referências como construção social, porém, nos padrões atuais, é

insustentável, tanto na perspectiva ambiental quanto da construção de direitos e da

cidadania”.

A transformação na atitude do cidadão, para que desenvolva um consumo

mais consciente, não está ligado em deixar de consumir e sim em uma

conscientização do seu ato. Como afirmam Silva e Gómez (2011, p.45) “essa nova

forma de consumir, esse novo perfil de cidadão demonstra o papel que cada

indivíduo tem na busca pelo desenvolvimento, com continuidade e durabilidade.”

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Quando se busca mudanças nas atitudes, deve-se reconhecer que se faz

necessário uma educação voltada no sentido de transformar a forma de pensar, e

que segundo Silva e Gómez (2011, p.47) “a ideia de consumo consciente está

relacionada com as ações responsáveis de cada indivíduo de maneira tal que se

consiga desempenhar suas práticas de forma ativa.”

E, é nesse contexto que se deve pensar na educação ambiental como uma

aliada para a conscientização dos cidadãos, tanto na educação formal quanto na

não formal.

Essa preocupação em relação ao meio ambiente está expressa na

Constituição Federal de 1988, que além da ênfase às questões físicas do ambiente,

salienta, também, a importância da educação ambiental. No capítulo VI, Artigo 225

também deixa clara a incumbência do Poder Público.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo epreservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:[...]

VI- promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e aconscientização pública para a preservação do meio ambiente; (...) (BRASIL,1988)

A Constituição brasileira destaca a importância da educação ambiental, e

torna-se necessária clareza sobre os rumos a seguir. Conforme destaca Travassos

(2004, p.16) “precisa ter como objetivo não só os ensinamentos sobre a utilização

racional dos recursos que a natureza oferece, mas também o desenvolvimento da

participação da sociedade nas discussões e nas decisões sobre as questões

ambientais”.

Para regulamentação dos preceitos contidos na Constituição, foi aprovada,

em 1999, a Lei 9.795 de 27/04/99, que institui a Política Nacional de Educação

Ambiental, cujos ditames auxiliam os docentes quanto aos objetivos da educação

ambiental, regulamentando assim os caminhos que serão traçados na educação e

as práticas corretas envolvendo toda a sociedade. Dessa forma, destacam-se os

artigos:Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dosquais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

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ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vidae sua sustentabilidade.Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente daeducação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todosos níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. (BRASIL, 1999)

O Artigo 1º dispõe sobre os processos que devem ser seguidos para alcançar

uma qualidade de vida sadia e sua sustentabilidade, e o Artigo 2º deixa claro que a

educação ambiental é essencial e deve ser permanente como prática.

Em relação a educação formal, o artigo 9º relaciona os níveis de educação

em que se deve desenvolver a educação ambiental.

Art. 9º Entende-se por educação ambiental na educação escolar adesenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas eprivadas, englobando:

I - educação básica:

a. educação infantil;

b. ensino fundamental e

c) ensino médio;

II - educação superior;

III - educação especial;

IV - educação profissional;

V - educação de jovens e adultos. (BRASIL, 1999)

Já em relação à educação informal, a lei dedica o Artigo 13, para tratar sobre

o tema deixando clara a participação do Poder Público neste âmbito, e mais uma

vez reforça a importância sobre as questões ambientais para a sociedade.

Art. 13º Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações epráticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre asquestões ambientais e à sua organização e participação na defesa daqualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal,incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, emespaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informaçõesacerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividadesvinculadas à educação ambiental não-formal;

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento deprogramas de educação ambiental em parceria com a escola, auniversidade e as organizações não-governamentais;

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IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades deconservação;

V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas àsunidades de conservação;

VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;

VII - o ecoturismo. (BRASIL, 1999)

Assim, observa-se proposta de uma educação ambiental continuada que vai

além das escolas, de modo a alcançar a todos e proporcionar uma sensibilização

para que ocorra mudança de atitudes.

Para usufruir de um ambiente ecologicamente equilibrado deve-se mudar a

relação com o meio, sendo necessário promover uma conscientização da população

sobre a sua atitude em relação ao uso do meio ambiente. E, a importância da

educação ambiental, procurando promover a conscientização desde os primeiros

níveis de escolaridade, para que cidadãos que reflitam e venham a consumir de

forma consciente.

Neste sentido, Pereira (2010) expõe que a educação ambiental é um

processo que deverá ser contínuo e interminável, que não está apenas voltado as

questões de preservação do meio ambiente, mas também as questões relacionadas

à convivência do ser humano.

Em 2008, foram aprovadas, pela Secretaria de Educação do Paraná, as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica Geografia, indicando as dimensões

geográficas que deveriam ser trabalhadas pela Geografia: a Dimensão Econômica

do Espaço Geográfico, Dimensão Política do Espaço Geográfico, Dimensão

Socioambiental do Espaço Geográfico e a Dimensão Cultural e Demográfica do

Espaço Geográfico. Com relação à Dimensão Socioambiental do Espaço

Geográfico, o documento destaca:

A questão socioambiental é um sub-campo da Geografia e, como tal, nãoconstitui mais uma linha teórica dessa ciência/disciplina. Permiteabordagem complexa do temário geográfico, porque não se restringe aosestudos da flora e da fauna, mas à interdependência das relações entresociedade, elementos naturais, aspectos econômicos, sociais e culturais.(PARANÁ, 2008, p.72)

Em 2013, no Estado do Paraná foi aprovada a lei nº 17.505 de 11/01/2013,

instituindo a Política Estadual de Educação Ambiental, com seis capítulos voltados a

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essa questão, em conformidade com a Política Nacional e o Programa Nacional

sobre a Educação Ambiental.

A citada lei reafirma a responsabilidade do Poder Público em relação às

questões coletivas de sustentabilidade, e em seu artigo 3º mostra a preocupação em

relação a esta e às futuras gerações.

Art. 3º Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,cabendo ao Poder Público e à coletividade o compromisso de desenvolver asustentabilidade, o respeito e a valorização da vida em todas as suasformas de manifestação, na presente e nas futuras gerações. (PARANÁ,2013)

Da mesma forma, são expostos os objetivos que deverão ser alcançados pela

Educação Ambiental.

Art. 5º São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - desenvolver práticas integradas que contemplem suas múltiplas ecomplexas relações, envolvendo aspectos de saúde, históricos, políticos,sociais, econômicos, científicos, culturais, filosóficos, estéticos, tecnológicos,éticos, psicológicos, legais e ecológicos;

II - divulgar e socializar as informações socioambientais;

III - estimular o fortalecimento de uma consciência crítica sobre as questõesambientais e sociais;

IV - promover e incentivar o envolvimento e a participação individual ecoletiva, de forma permanente e responsável, como um valor inseparável dodireito e do exercício da cidadania, visando à promoção da saúde ambiental;

V - estimular a cooperação entre as diversas regiões do Estado do Paraná,em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção integrada desociedades sustentáveis, fundamentada nos princípios da solidariedade,liberdade de ideias, democracia, responsabilidade, participação,mobilização e justiça social;

VI - fomentar e fortalecer a integração com a ciência, as tecnologiasapropriadas e os saberes tradicionais e inovadores, tendo como base aética de respeito à vida, assegurados os princípios desta Lei;

VII - fortalecer a democracia, a cidadania, a mobilização, a emancipaçãodos povos e a solidariedade como fundamentos para o futuro de todos osseres que habitam o planeta. (PARANÁ, 2013)

Pode-se observar que objetivos são bastante amplos, e indicam a

necessidade de um esforço conjunto da sociedade, com participação individual ou

coletiva, no sentido de promover práticas sustentáveis bem como sua difusão e a

mobilização da população para a promoção da saúde ambiental.

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Nesse mesmo sentido, o governo do Paraná seguindo as diretrizes nacionais,

propõe a criação da Agenda 21 estadual e estende para os municípios a

incumbência de criar a Agenda 21 local. E, na página da Secretaria do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos pode-se verificar a metodologia, os eixos temáticos

propostos para a construção da Agenda 21:

A partir de 1997, com base na Agenda 21 Global, começa a construçãoda Agenda 21 Brasileira.

Adotou-se uma metodologia multissetorial, enfocando a interdependênciadas dimensões ambiental, econômica, social e institucional, tendo em vistaque as ações propostas pela Agenda 21 não podem ser tratadas apenascomo programa de Governo, mas sim como um produto de consenso entreos diversos setores da sociedade brasileira.

A base para a discussão e elaboração da Agenda 21 Brasileira parte de 06Eixos Temáticos Gestão dos Recursos Naturais.

Agricultura Sustentável.

Cidades Sustentáveis.

Infraestrutura e Integração Regional.

Redução das Desigualdades Sociais.

Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável. (PARANÀ,SEMA)

E, no mesmo documento, destaca a necessidade da criação de Agenda 21

local, os municípios e as instituições deveria formular a política ambiental pertinente

à suas esferas de atuação, com vistas à construir o desenvolvimento sustentável.

A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de umdeterminado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum deAgenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsávelpela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, queestrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médioe longo prazo. No Fórum são também definidos os meios de implementaçãoe as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade localna implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações.

A Coordenação da Agenda 21 do Ministério do Meio Ambiente elaborou estametodologia visando orientar os processos de implantação da Agenda 21Local.

É importante observar que a Agenda 21 é um plano estratégico visandoconstruir o desenvolvimento sustentável.

Cada Agenda 21 local pode buscar sua própria “fórmula do sucesso”,resultado da influência da conjuntura local no processo. (PARANÁ, SEMA).

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Para que o proposto na Política Nacional de Educação Ambiental, bem como

na Política Estadual de Educação Ambiental, pudesse ser implementado e abranger

a educação formal, foi proposta de criação da Agenda 21, no âmbito das escolas.

Neste sentido, Travassos (2004) deixa claro que deverá ocorrer um

envolvimento de todos na educação para o meio ambiente, visto que será

necessário também um maior preparo dos professores em geral, não somente

daqueles ligados as áreas das Ciências Biológicas e da Geografia. Deverá ser um

tema tratado de forma transversal tendo, assim o envolvimento de todos os

professores.

A educação ambiental deve ser trabalhada em ambiente escolar, via

transversalidade e interdisciplinaridade, com ações coordenadas pelo poder público

e pela sociedade civil organizada, visando conscientizar o cidadão para que pratique

o consumo consciente, de forma atingir um desenvolvimento sustentável.

O termo desenvolvimento sustentável vem sendo abordado por diversos

estudiosos das questões ambientais, como Boff (2015, p.16) “sustentabilidade é um

modo de ser e de viver que exige alinhar as práticas humanas às potencialidades

limitadas de cada bioma e às necessidades das presentes e das futuras gerações.”

Portanto, a educação ambiental é uma das ferramentas para que o cidadão

se conscientize e reveja as formas de produção e de consumo que vem praticando,

uma vez que essa prática também produz resíduos sólidos em grande quantidade.

Como evidencia o Ministério do Meio Ambiente, em publicação intitulada “Estilos de

Vida Sustentáveis” destaca que:

A sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza: por um lado, extraímosmais e mais matérias-primas, por outro, fazemos crescer montanhas de lixo.E como todo esse resíduo, infelizmente, não é tratado para sertransformado em novas matérias primas, ele pode tornar-se uma perigosafonte de doenças e de contaminação para o meio ambiente. (BRASIL,MMA, 2013, p.93)

É importante ressaltar que o aumento na geração de lixo vem ocorrendo de

forma desenfreada e tem-se tornando um grande problema para a sociedade, por

nem sempre haver uma destinação adequada do montante que vem sendo

produzido. Uma das questões fundamentais nesse processo produção-consumo-

descarte é a questão das políticas públicas no que se refere à educação para o

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consumo consciente e para a destinação correta dos materiais. O consumo

irresponsável está levando à degradação ambiental acelerada, não apenas pela

extração dos recursos naturais, mas principalmente pelo descarte de produtos que

poderiam ter sua vida útil maior e são precocemente considerados lixos e com

destino final inadequado, poluindo e contaminando a região onde são depositados

de forma errônea.

Dessa forma, com o volume de lixo aumentando se torna evidente a

necessidade de mudanças de atitudes perante o consumo, além de repensar na

questão do descarte de produtos, de embalagens. Torna-se, então, fundamental o

conhecimento das consequências das práticas inadequadas de produção e de

consumo para que se possa estimular uma postura mais responsável no sentido da

redução dos impactos ambientais e na contribuição para a melhoria da qualidade de

vida. E, também conscientizar sobre a importância de práticas de consumo

consciente, como os 6Rs (Repensar, Reduzir, Recusar, Reutilizar e Reciclar,

Respeitar) para tentar diminuir as consequências da produção, do consumo e do

descarte de produtos de forma inadequada.

Essa questão foi tratada por Endlich et al (2010, p. 50-51), definindo o

significado de cada palavra:

Repensar: O ato de repensar envolve e retorna às outras praticas dessaregra. Trata-se de rever nosso estilo de vida, hábitos, e consumo. Pense nareal necessidade da compra de um produto. Depois de consumi-lo, pratiquea coleta seletiva, separando embalagens e matéria orgânica. Evite odesperdício de alimentos. Adquira produtos recicláveis ou produzidos commatéria-prima reciclada. Prefira embalagens de papel e papelão. Mude seushábitos de consumo e descarte!

Reduzir: Implica em uma mudança de hábitos. Reduzindo o consumo dosmais diversos alimentos e objetos estaremos consumindo menos água,energia e matéria-prima e reduziremos a produção de lixo. Pense sobre isso!

Recusar: Compre apenas produtos que não agridem o meio ambiente e asaúde. Fique atento às empresas que têm compromissos com asustentabilidade. Recuse produtos que não passam pelo processo dereciclagem.

Reutilizar: A reutilização de materiais coopera para o aumento vida útil dosaterros sanitários, reduz a exploração dos recursos naturais econsequentemente reduz os gastos econômicos utilizados na extração dematérias-primas. Caixas de papelão, papéis, embalagens vazias podem terdiversas outras utilidades, antes de enviá-las para a reciclagem ou para oaterro.

Reciclar: A reciclagem implica na transformação do material original emoutro, como a garrafa pet em tecido. O ato de reciclar reduz a pressão sobreos recursos naturais, economiza água, energia, matéria prima e ainda geratrabalho e renda para milhares de pessoas, como é o caso da famosa

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“latinha” de alumínio. A reciclagem promove benefícios ambientais, sociais eeconômicos.Contribuir para a reciclagem é uma tarefa simples. Adote em sua própriacasa o costume de separar os resíduos. Papel, vidro, plástico, metal eorgânico, cada um deve ter seu próprio compartimento de armazenamento.Respeitar: o ato de respeitar é primordial. Agir com respeito significasempre optar por atitudes, meios e objetos ecologicamente mais viáveis,visando diminuir impactos ambientais e a redução do consumo de matériaprima. Agindo desta maneira, as próximas gerações poderão utilizar osrecursos naturais na mesma quantidade e qualidade que nós.

Pode-se observar que a reciclagem se torna essencial para a sociedade, visto

que além de contribuir para a redução nos impactos ambientais, também é vista

como uma alternativa econômica. Como confirma Campos (2011, p.6) que define a

reciclagem

(…) como um conjunto de atividades e processos cuja finalidade seja aseparação, recuperação e transformação dos materiais recicláveis, que têmcomo fonte de matéria-prima os resíduos sólidos urbanos. Esse processovisa o reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos de forma que elespossam ser reintroduzidos no ciclo produtivo.

A reciclagem se tornou uma das alternativas mais viáveis para a geração de

renda, principalmente, para famílias marginalizadas no atual processo econômico,

além de contribuir ambientalmente para a redução dos resíduos sólidos dos centros

urbanos bem como das áreas rurais.

Os benefícios que a reciclagem pode oferecer para a sociedade são enormes,

tais como:• Estímulo ao uso sustentável dos recursos naturais• Aumento do reaproveitamento e reciclagem de matérias-primas• Redução do desperdício de matérias-primas• Diminuição da poluição do solo, da água e do ar• Ampliação da vida útil dos aterros sanitários• Redução do consumo de água e energia no processo de reciclagem• Valorização das organizações comunitárias e fortalecimento do capitalsocial• Geração de trabalho, emprego e renda na coleta, beneficiamento ecomercialização dos materiais recicláveis (SÃO PAULO, 2009, p. 40)

Se antes descarte do lixo era constituído em sua maioria por material

orgânico, atualmente apresenta diversos outros materiais, e a diminuição desses

resíduos com a reutilização e a reciclagem se tornaram essenciais para redução dos

impactos ao meio ambiente. Da mesma forma, o avanço tecnológico é

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imprescindível para o desenvolvimento de alternativas ou soluções para produtos

que atualmente não são recicláveis.

Os benefícios da reciclagem são sem dúvida enormes, e deve ser uma prática

estimulada, contudo não se deve restringir apenas à separação de material a ser

reciclado, o processo de que envolve a reciclagem deveria ser incentivado nas

escolas, por exemplo, em oficinas de artes, de hortas e de jardinagem, etc. para que

os alunos possam ter ideia das infinitas possibilidades com o material que iria para o

lixo.

Além disso, os outros valores dos 6 Rs são fundamentais para a tomada de

decisão a prática do consumo consciente.

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

O projeto de intervenção pedagógica foi implementado através da Unidade

Didática “Do consumo à produção do lixo” que propunha como atividades: leituras,

apresentação de vídeos, pesquisas e debates sobre o tema proposto.

A Unidade Didática foi desenvolvida no primeiro semestre de 2017, junto aos

alunos do 2º ano A (38 alunos)- Ensino Médio, período matutino, do Colégio

Estadual Tomaz Edison de Andrade Vieira, município de Maringá/PR.

O desenvolvimento do projeto com os alunos iniciou-se com a apresentação

do projeto e uma explicação dos objetivos do programa PDE e dos objetivos que se

pretendia alcançar com o projeto. Ao mesmo tempo, foi proposta uma discussão

sobre o projeto. De início, houve um grande interesse pelo tema “Consumo”. Muitos

alunos disseram que eram consumistas e que não mudariam a sua visão/opinião,

pois identificavam esse ato como uma forma de prazer em suas vidas.

A implementação foi iniciada com a Atividade 01: “Você é consumista?”. A

questão gerou diversos embates, pois todos acreditavam que já conheciam o tema

e que seria muito fácil falarem sobre o assunto. Muitos se classificavam como

consumistas e, no entanto, não conseguiram distinguir corretamente a diferença

entre o consumo e consumismo.

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Ficou claro que a maioria dos alunos fazia confusão com os conceitos

consumo e consumismo. Os relatos dos alunos em relação às suas famílias, a

maioria dos meninos classificou as suas mães como consumistas exageradas,

alegando que compravam muito, enquanto os seus pais eram tidos como não

consumistas, pois apenas trabalhavam. Para entender essa classificação, foram

indagados sobre o que se consumia em exagero em suas casas, das respostas

dadas foi observado que as mães ficavam com a tarefa de realizar as compras

mensais em suas casas, roupas, sapatos e o que necessitavam, enquanto os pais

não realizavam essas tarefas, dessa forma justifica-se a conclusão que as mães

eram as consumistas. Nessa primeira discussão, observa-se que pela respostas dos

alunos, a distinção entre consumo e consumismo não fica muito evidente.

Para elucidar o conceito de consumo e consumista, foi exibido o vídeo “A

diferença entre consumo e consumismo”4. Dessa forma, retomou-se o tema e foi

realizada uma nova análise sobre os conceitos para verificar se estavam sendo

compreendidos corretamente. Com base nesses conceitos, foi proposto aos alunos

que fizessem uma nova análise sobre o consumo/consumismo em suas residências.

Após assistirem o segundo vídeo: “Consciente Coletivo 01/10 – Origem do

que consumimos”5, os alunos discutiram a proposta do filme e muitos relataram

que não pensavam que a sua atitude individual de consumo afetaria o meio

ambiente. Alguns comentaram sobre a questão da água, o seu desperdício e a

possibilidade de escassez. Também salientaram que seria importante mais

momentos como esse para conversarem sobre a questão do consumo e porque

consomem de forma exagerada.

Na Atividade 02 “A sociedade de consumo” foi proposta a leitura do texto “A

sociedade de consumo”6, em duplas, para depois, cada uma expor seu ponto de

vista sobre o texto, concordando ou discordando do autor. Houve muita

discussão sobre o papel das mídias em nosso cotidiano, como influenciadoras no

consumo de produtos e, principalmente, como veiculadoras e incentivadora do

consumismo, por meio da propaganda e do marketing.

Com a discussão gerada, a apresentação do vídeo “Consumo: por que a

gente é assim?”7, de Lívia Barbosa, veio acrescentar conhecimentos sobre a

4 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xXRURt31Cw45 Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=lBuJHl-PTYc6 Disponível no link http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf7 Disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=IYhlGdl5Cvk&spfreload=10

Page 16: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE ......que “o consumo, na contemporaneidade, cumpre diferentes funções e implica múltiplas referências como construção social, porém,

questão do consumo e a sustentabilidade e uma visão de como e por que

consumimos. Trazendo algumas reflexões para o âmbito escolar que muitas vezes

ocorrem de forma equivocada, sobre o consumo necessário e o consumo supérfluo.

“A partir do vídeo assistido e da análise do texto “Consumo sustentável X

consumismo”8, que trouxeram à tona uma série de questionamentos sobre o

consumo sustentável, propôs-se para a turma uma reflexão sobre o tema,

considerando-se que muitos tinham uma visão equivocada, pois acreditavam que

consumir seria apenas o necessário. Para elucidar as dúvidas foi proposto para os

alunos a realização da pesquisa na internet, sobre os termos ligados a

sustentabilidade, no final da pesquisa os alunos elaboraram cartazes, conforme

pode-se observar na Figura 01, sobre a forma como consomem, sendo colocados

no pátio da escola e pendurados também na sala de aula e, também um texto de

como podemos praticar um consumo equilibrado.

Figura 01- Produção de cartazes sobre o tema

Fonte: Arquivo pessoal

Após a pesquisa e reflexão sobre as formas de consumo, fez se necessário o

questionamento de como são gerados os produtos e a sua destinação final. Para

tanto, na Atividade 04: “De onde vem e para onde vão,“as coisas”?” foi exibido o

vídeo “A história das coisas”9. A temática proposta no vídeo gerou discussões sobre

os recursos naturais que estão se esgotando rapidamente e sobre o descarte

8 Disponível em: INSTITUTODE EDUCAÇÃO E PESQUISAAMBIENTAL. Consumo sustentável / 5Elementos. Coordenação Mônica Pilz Borba e Patricia Otero. São Paulo: Imprensa Oficial doEstado de São Paulo: 5 Elementos– Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental, 2009. 96 p.:il. –(Coleção consumo sustentável e ação)

9 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw

Page 17: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE ......que “o consumo, na contemporaneidade, cumpre diferentes funções e implica múltiplas referências como construção social, porém,

desnecessário e aleatório dos produtos consumidos. Para finalizar essa atividade, os

alunos escreveram um texto sobre “O consumo e suas implicações”.

Durante as discussões observou-se que o descarte correto do lixo sempre

gera muitas dúvidas, principalmente sobre o seu destino. Da mesma forma,

percebeu-se que muitos não tinham conhecimento sobre a classificação do lixo ou a

confundiam com a coleta seletiva. A leitura do texto “Classificação dos resíduos

sólidos (lixo)”10, foi muito importante para que pudessem conhecer a classificação do

lixo e a sua importância para um descarte correto.

Agora que você conhece a classificação do lixo, saberia informar para onde

vai todo esse lixo? Vai para o mesmo local? Por que não podemos simplesmente

jogá-lo na rua? Essas foram algumas indagações feitas para a turma e várias

dúvidas surgiram sobre o destino do lixo. Muitos confessaram que não pensavam no

tema. O texto “Tratamento e disposição final do lixo”11 esclareceu várias dúvidas e

também suscitou várias indagações sobre o tratamento e o destino dos resíduos

sólidos. Uma parte das respostas foi obtida com a apresentação do vídeo “Aumento

da produção e descarte do lixo” que trouxe várias informações sobre a importância

do descarte correto do lixo. Outra, com a leitura da Lei Federal nº 2.305/10, que

institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a importância dos

municípios se adequarem a destinação correta dos resíduos sólidos. Com uma

pesquisa realizada, ficou claro que a maioria dos municípios brasileiros ainda

possuem dificuldades para se adequarem a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

por questões financeiras e técnicas.

Após conhecerem como a gestão pública deve agir com o descarte correto

dos resíduos sólidos, iniciou-se a fase de conscientização dos alunos sobre a forma

como devem proceder ao adquirirem um determinado produto, deixando claro que

se faz necessário os 6Rs: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Respeitar.

À medida que o tema foi colocado em discussão, a turma foi dividida em

grupos, fizemos a simulação da compra de diversos produtos, onde todos tinham

que colocar em prática os 6Rs, em que justificariam se o produto seria ou não

adquirido. Após essa realização, fizeram a exposição para o restante dos colegas de

como agiriam em cada situação e justificaram. Essa atividade pode proporcionar ao

10 Disponível em: BRASIL, MMA/ MEC/ IDEC Consumo Sustentável: Manual de educação. Brasília:ConsumersInternational, 2005.160p.

Page 18: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE ......que “o consumo, na contemporaneidade, cumpre diferentes funções e implica múltiplas referências como construção social, porém,

educando a realização de uma atividade que normalmente não se coloca em prática,

onde todos já haviam adquirido esse conhecimento e que, no entanto, julgavam

desnecessário em seu cotidiano.

Com essa atividade puderam observar que, por muitas vezes, compram algo

desnecessário e que também não pensam que poderiam reutilizar ou reciclar o

produto, da mesma forma que não se preocupam sobre o destino final do material

descartado.

Posteriormente, foi introduzido o tema da coleta seletiva, durante a discussão

sobre o tema, vários confirmaram que não realizavam a separação do material a a

ser descartado por falta de tempo ou até mesmo por preguiça, deixando claro que o

trabalho aumentaria. Portanto, foi de suma importância esclarecer que a coleta

seletiva não é apenas algo que tomaria o seu tempo, mas, que é essencial para que

os resíduos sólidos sejam reciclados, pois quando não é realizada a separação de

forma correta, coloca em risco todo o processo de reciclagem. Inclusive, foi

importante destacar também que os resíduos orgânicos podem ser reciclados,

transformados em compostagem e utilizados no cultivos de plantas em hortas e em

jardins.

Foi importante destacar que, embora no programa de coleta seletiva do

município de Maringá, a orientação dada é para que apenas o vidro seja embalado

separadamente dos outros materiais, a forma correta de separação seria dispor de

containers com cores diferentes para papel, vidro, plástico e metal, os resíduos mais

comuns no lixo doméstico e comercial, conforme pode-se observar na Figura 02.

Figura 02- As cores dos recipientes de acordo com o tipo de

resíduos definido pelo CONAMA.

Fonte: CONAMA

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Como parte da atividade, foi proposto aos alunos que preenchessem uma

tabela sobre a produção de lixo em suas residências. Durante uma semana,

deveriam observar e anotar os tipos de resíduos sólidos que eram produzidos

diariamente e que destino era dado aos mesmos, se havia separação ou

simplesmente eram colocados juntos na lixeira. No entanto, muitos não realizaram a

atividade, justificando que não tinham tempo para a realização da atividade, o que

dificultou o debate em sala sobre a coleta seletiva.

Para o conhecimento dos alunos, foi apresentada a Resolução CONAMA

275/2001, que estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos da

coleta seletiva, conforme Figura 03. É importante destacar que a separação dos

resíduos considerados perigosos, material hospitalar, resíduos radioativos devem ter

o descarte controlado, pois se misturados ao lixo comum, pode causar inúmeros

problemas à saúde da população e ao meio ambiente.

Figura 03- O código de cores para a coleta dos materiais estabelecido pelo

CONAMA

Fonte: Endlich et all. Atlas Municipal de Cambira ( 2010, p. 51)

Em seguida, os alunos assistiram o vídeo “Atitudes positivas: O processo da

coleta seletiva”, comprovando a importância da coleta seletiva para a reciclagem e

também a importância da sua realização para que não sejam enviados para os

aterros sanitários, principalmente para os lixões, materiais que demoram anos para

se decompor e que poderiam ter sido reciclados se tivessem sido separados de

forma adequada.

Dando continuidade ao tema os alunos assistiram a uma palestra do

professor convidado Sérgio Antonio Viotto Filho, que foi diretor da Secretaria do

Meio Ambiente no município de Maringá, na gestão de 2009-2012, em que foi

abordado: a produção de lixo no município, o destino final do lixo, a coleta seletiva e

a logística reversa. Contribuindo e esclarecendo as dúvidas dos educandos.

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Com o conhecimento das formas de coleta seletiva e de repensar as suas

atitudes sobre consumo, e com o auxílio dos 6Rs para a prática do consumo

consciente, foi solicitado aos alunos a observação sobre o lixo produzido por eles e

os demais colegas dentro das dependências do colégio em horário de aula. A

proposta foi que se anotasse, no início no intervalo e no final do período, as

condições que encontravam o pátio e a sala de aula. Todos fizeram suas

observações e anotações para que se pudesse realizar uma roda de conversa

sobre o assunto em uma próxima aula. Como parte das observações, foi possível

verificar que muitos ficaram indignados com a falta de respeito dos colegas no

intervalo, pois vários jogaram: restos de comida em locais não adequados; resíduos

sólidos que deveriam ser separados adequadamente, assim como, diversos

colegas que não devolvem os talheres que utilizaram no local adequado na cozinha.

Após essas observações, vários fizeram sugestões de como poderíamos mudar

esse comportamento, por meio da conscientização dos demais colegas e o

incentivos às práticas corretas. Tais sugestões foram entregues para a direção do

colégio.

Ainda tratando do tema reciclagem, foram realizadas, com os alunos, duas

oficinas com embalagens que via de regra são jogadas no lixo, muitas vezes com o

lixo orgânico, deixando de separar corretamente o resíduo sólido que poderia ser

reutilizado ou reciclado.

A proposta inicial das oficinas seria a confecção de puffs e de carteiras

utilizando garrafas pets, caixas de suco e de leite. No entanto, os alunos sugeriram

outras produções que poderiam ser realizadas com esses dois objetos, como hortas

suspensas, vassouras, sofás, com garrafa pet e porta-lápis, porta-treco, porta-joias

com caixa tetra-Pack, além das carteiras. Visando obter técnicas junto à páginas

na internet, realizaram várias pesquisas e conseguiram confeccionar vários objetos a

partir desses dois produtos propostos, conforme pode se observar na Figura 02. Os

objetos foram expostos na quadra da escola, de forma a demonstrar para outros

alunos, as inúmeras possibilidades de reutilização ou de reciclagem de materiais

que são comumente jogados no lixo doméstico, muitas vezes sem a devida

separação como material reciclável.

Figura 02- Produção dos alunos nas oficinas.

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Fonte: Arquivo pessoal

Para finalizar a implementação da Unidade Didática, a turma foi dividida em

grupos, sendo proposto que produzissem um vídeo sobre o que aprenderam durante

a implementação do projeto, com cinco sugestões de temas para a produção.

Nem todos os grupos entregaram os vídeos, aos que não entregaram foi

proposto que escrevessem um texto sobre o tema solicitado. E como resultado

dessa proposta os textos foram lidos na sala e foi escolhido pelos alunos, o texto

transcrito:“O que contribui para a reprodução da sociedade capitalista, além da altaprodutividade e valor extraído de seus trabalhadores é o consumoexagerado, ou consumismo”. Para gerar lucro com a mercadoria produzidahá necessidade de ter um mercado consumidor grande, formado pelospróprios trabalhadores.A propaganda é um forte fator para que haja a venda desses produtos,veiculada pela mídia, ela por sua vez transmite uma falsa necessidade decompra, mesmo entre os que não tem muito poder de aquisição (masacabam comprando mesmo assim, ficando atolados em dívidas).O melhor método utilizado é agregar valores sentimentais nas mesmas,fazendo com que o produto não seja mais um produto, e sim um estilo devida. É transmitida a ideia de preenchimento emocional, uma vez que com abaixa qualidade de vida e carga horária árdua causam um desfalque noconvívio social, a pessoa se vê "vazia", "incompleta" e sentem certasatisfação quando adquirem um novo produto.Os produtos que são produzidos em grande escala são feitos de modo quedurem pouco e que precisem ser repostos com rapidez e ultrapassados comurgência. Como nada no mundo se perde e tudo se transforma, amercadoria rapidamente ultrapassada ou se torna lixo (algo que um dia foiútil, mas hoje não é mais, não há como ser reaproveitado) ou se tornamaterial reaproveitável (algo que um dia teve uma característica útil diversado que ira se transformar agora, é reciclável).O material para ser reciclado primeiramente deve ser separado em classesde materiais, o que não acontece (seja por conta da própria atitude doconsumidor ou falta de investimento público), então a maioria dos produtosse torna lixo.O lixo além de um caso de descaso é um caso de saúde pública, com apopulação que trabalha nos lixões e a poluição do ar por meio de queimas.Os lixões são enormes, alguns com tamanho de uma cidade e contémcrianças, jovens e idosos que trabalham e moram nas redondezas.Para diminuir a quantidade de lixo, que é o produto final da maioria dasmercadorias (no caso do Brasil 97%) deve-se repensar o meio de produçãoe de reprodução da vida, diminuir a produção de bens de pouca duração einúteis e focar na supressão de 1° necessidade, e criar produtos maisduradouros e depois disso tudo consequentemente diminuir o consumoexacerbado (e também criar projetos de conscientização da população)”.

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Pela leitura pode-se observar que os temas discutidos foram tratados de

forma crítica no texto produzido. No entanto, as soluções para mitigar os problemas

são apresentados de forma mais superficial e não apresentam o papel de cada um

na solução desses problemas.

Como parte de uma das etapas do PDE, durante a implementação do projeto

ocorreu concomitantemente o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), com a

participação de vinte professores, da rede estadual de ensino. É um momento em

que os professores PDE, socializam a pesquisa realizada e a implementação do

projeto em sala de aula.

Houve um momento em que os professores puderam analisar o projeto e

comentar sobre a sua relevância e se seria possível a implementação desta

pesquisa nos locais em que atuam, demonstraram que seria completamente viável,

também ressaltaram a importância do tema, na sociedade em que vivemos,

conforme escreveram alguns professores e que foram transcritos.

O primeiro, professor em Curitiba, destaca os pontos que considera

importantes, faz sugestões de atividades interdisciplinares bem como inserir a

questão da logística reversa no conteúdo da Geografia.

“O seu projeto pode contribuir para mudar a realidade escolar das trêsescolas que trabalho. Dentre as três escolas que leciono, em Curitiba,somente o Ceebja possui as lixeiras para a separação do lixo. Porém, aslixeiras ficam "escondidas" na lavanderia do colégio, ou seja, os alunos nãotem acesso à elas. As outras escolas, de ensino regular, EJA e cursostécnicos não possuem sequer as lixeiras. Tendo em vista esta realidade, oseu projeto de educação ambiental poderia contribuir em dois pontos: nadiscussão e conscientização dos alunos para o consumo consciente e naimplementação das lixeiras para separação do lixo no ambiente escolar e,também, na separação correta em casa. Além disso, a partir do seu projeto,os professores de geografia e química poderiam formar uma equipemultidisciplinar e implementar projetos, como hortas orgânicas ecomposteiras para utilizar o lixo proveniente da cozinha. A geografia poderiatambém trabalhar com a questão da logística reversa, que está associadocom a questão das redes geográficas e descarte correto de materiaiseletroeletrônicos.”

O segundo é professor em Toledo, e destaca a importância da abordagem de temas

ligados à questão ambiental e a conscientização dos alunos sobre mudanças nos hábitos

de consumo e de descarte de materiais.

“Acho extremamente importante a abordagem de temas tão importantescomo o abordado em seu trabalho, com o objetivo final de conscientizar osalunos sobre questões ambientais. O consumismo é uma situação nítida emtodo lugar que frequentamos, inclusive nas salas de aula onde lecionamos.Trabalho em três colégios diferentes e entre esses, estão uma escola de

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campo e outro em um bairro pobre no município de Toledo. O que possoperceber é que apesar da diferença social que presencio, o consumismo énítido em todas as salas de aula que entro e a consciência do reflexo dissona natureza, é zero. Em dois dos colégios, há a separação no lixo na teoria,com os cestos apropriados para cada tipo de material, mas nem sempre osalunos jogam o lixo no cesto adequado e nada é feito em relação a isso.Acredito que uma boa forma de trabalhar a reflexão desse tema, sejaexatamente o fato dos alunos separarem cada tipo de lixo e perceber aimportância de colocar cada material em seu devido lugar. Além disso, seos mesmos acumularem material para reciclagem e com isso, poderem vera quantidade e volume de resíduos que acumula em tão pouco tempo,poderão relacionar essa quantidade com os seus hábitos de consumo. Achoque essas seriam formas que eu poderia implantar em meu ambiente detrabalho, partindo das ideias propostas em seu trabalho”

O terceiro participante destaca que:

“Gostei muito do seu projeto, da temática proposta e da forma como amesma foi abordada em seu trabalho, ele pode ser aplicado em várioscontextos e realidades escolares, não havendo grandes necessidades demudanças, creio que apenas algumas pontuais, de acordo com anecessidade de cada local.”

De forma geral, os professores participantes fizeram contribuições de grande

valia para a avaliação da proposta e tiveram a oportunidade de analisar, discutir e

contribuir, por meio de várias sugestões, para o enriquecimento da implementação

do projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atual sociedade, o consumo exagerado se tornou um símbolo entre os

jovens, sendo valorizada a questão do ter em detrimento do ser, pois são

influenciados diariamente pelos meios de comunicação e pelos grupos em que

convivem, considerando esse o modelo ideal para as suas vidas.

Porém, se faz necessário refletir com os educandos, esse modelo, em que

lhe é “imposto”, pois o consumo em exagero acarretará diversas consequências

para o meio ambiente e consequentemente para a qualidade de vida futuramente.

A reflexão e a conscientização do jovem sobre os problemas causados por

um consumo exagerado, objetivou a elaboração desse projeto abordando questões

relativas ao consumo, em que se priorizou reflexões sobre a temática e suas

consequências para o meio ambiente, por meio da utilização de textos, de vídeos,

para promoção de debates; da realização de atividades de pesquisa; de confecção

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de vídeos; de realização de oficinas para produção de materiais reciclados, e, de

realização de palestra.

Com a implementação da Unidade didática, foi possível observar a confusão

de conceitos apresentados pelos educando, não sabendo diferenciar, por

exemplo, conceitos como consumo e consumismo, coleta seletiva, reciclagem e

reutilização.

A leitura dos textos previamente selecionados foi de grande auxílio para

elucidar os conceitos com os educandos e sanar as dúvidas que surgiram no

decorrer dos debates gerados com a leitura.

Um outro ponto que foi de grande valia foram os vídeos, pois, alguns

ajudaram os educandos a esclarecer algumas dúvidas e em outros, geraram dúvidas,

que foram sanadas posteriormente nas rodas de conversas proporcionadas após

cada vídeo.

Foi observada a necessidade do jovem em expor sua opinião em relação ao

consumo, muitos afirmavam que consumiam, pelo simples fato de obterem prazer

com a compra, pois lhe dava uma “sensação” de satisfação. Esse fato gerou

diversos debates, do início ao fim da implementação sempre voltávamos a discutir

sobre o consumo.

Durante a realização do trabalho, procurou-se promover a reflexão sobre os

hábitos corretos e sobretudo incentivar uma mudança de comportamento, com a

realização das atividades desenvolvidas. Muitos alunos afirmaram que momentos

como o debate eram importantes, pois podiam ouvir e opinarem sobre o assunto

sem serem criticados e ao mesmo tempo serem orientados.

Porém, durante a implementação da Unidade Didática vários foram os pontos

que necessitaram de mudanças, pois o planejado muitas vezes se tornou inviável,

por falta de laboratório de informática que tivesse computadores funcionando, e

com acesso à internet para a utilização pelos alunos. Com isso, o desenvolvimento

de algumas atividades propostas foram prejudicadas, uma vez que muitos alunos

não possuíam acesso à internet em suas casas e outros que não trouxeram a

atividade realizada de forma correta, mesmo com as orientações realizadas em sala

de aula.

Também foi planejada uma visita ao aterro sanitário do município de Maringá

e a uma cooperativa de reciclagem, que, no entanto, não ocorreu por falta de

transporte para levar os alunos aos locais indicados, tendo que ser substituída por

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outra atividade, no caso, a palestra com o ex Secretário do Meio Ambiente de

Maringá. Mesmo com esses problemas relatados, a implementação foi realizada

com sucesso, segundo a avaliação dos alunos que demonstraram o conhecimento

leva às praticas corretas de produção, de consumo e de descarte de materiais. E

que o consumo consciente pode proporcionar a mudança do paradigma do consumo

capitalista e promover a sustentabilidade ambiental, econômica e social. A reflexão e

a mudança de comportamento podem ser instrumento para a formação do aluno

cidadão consciente e atuante no ambiente escolar e na comunidade em que vive.

Dessa forma, pode-se concluir que, que a educação ambiental tem como

objetivo sensibilizar o discente para que ocorra uma mudança em seu

comportamento a partir do conhecimento, levando-o a refletir sobre a preocupação

crescente quanto a sustentabilidade em nosso planeta. E, que a escola tem o poder

de influenciar e transformar a comunidade em que está inserida por meio do

incentivo às práticas saudáveis. No entanto, cabe a cada um, a partir do

conhecimento e da reflexão, mudar as práticas de produção, de consumo e de

descarte para que seja um agente multiplicador de boas práticas.

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