a cultura do milho - apostila

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A Cultura do Milho

1. Importncia e Economia de Produo O milho representa um dos principais cereais cultivados em todo o mundo, fornecendo produtos largamente utilizados para a alimentao humana, animal e matrias-primas para a indstria, principalmente em funo da quantidade e da natureza das reservas acumuladas nos gros. Cultura das mais tradicionais, ocupa posies significativas quanto ao valor da produo agropecuria, rea cultivada e volume produzido, especialmente nas regies Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. No entanto, apesar de sua grande importncia, da evoluo gradativa das quantidades produzidas e rendimentos obtidos, a produo de gros por unidade de rea ainda no traduz o potencial gentico dos materiais recomendados pela pesquisa. Essa defasagem entre os rendimentos potenciais e os observados na prtica pode ser atribuda a diversos fatores, inclusive os de ordem econmica. Certamente, porm, os nveis de tecnologia adotados por grande parte dos produtores no correspondem s exigncias dos cultivares selecionados para semeadura. Consequentemente, a transferncia das informaes fornecidas pela pesquisa, aliada experincia adquirida, assume relevncia crescente, criando condies para atualizao constante daqueles que se dedicam agricultura. O desenvolvimento da produo e do mercado de milho devem ser analisados, preferencialmente, sob a tica das cadeias produtivas e dos sistemas agroindustriais (SAG). O milho insumo para produo de uma centena de produtos, porm na cadeia produtiva de sunos e aves so consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70 e 80% do milho produzido no Brasil. Assim sendo, para uma melhor abordagem do que est ocorrendo no mercado do milho, torna-se importante, alm da anlise de dados relativos ao produto milho per si, tambm uma viso, ainda que superficial, do panorama mundial e nacional da produo e consumo de carne de suno e frango e de como o Brasil se posiciona neste contexto, para que seja possvel o melhor entendimento das possibilidades futuras do milho no Brasil. Os maiores produtores mundiais de milho so os EUA, China e Brasil, que, em 2005, produziram 280,2; 131,1 e 35,9 milhes de toneladas, respectivamente. De uma produo total, no ano de 2005, de cerca de 708 milhes de toneladas, cerca de 75 milhes so comercializadas internacionalmente (aproximadamente 10% da produo total em 2005, com uma expectativa de 11,5% em 2006). Isto indica que o milho destina-se principalmente ao consumo interno. Deve-se ressaltar que, dado seuGrandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel

baixo custo de mercado, os custos de transporte afetam muito a remunerao da produo obtida em regies distantes dos pontos de consumo, reduzindo o interesse no deslocamento da produo a maiores distncias, ou em condies que a logstica de transporte desfavorvel. O mercado mundial de milho abastecido basicamente por trs pases, os Estados Unidos (46 milhes de t de exportaes em 2005), a Argentina (14,0 milhes de t em 2005) e a frica do Sul (2,3 milhes de t em 2005). A principal vantagem destes pases uma logstica favorvel, que pode ser decorrente da excelente estrutura de transporte (caso dos EUA), proximidade dos portos (caso da Argentina) ou dos compradores (caso da frica do Sul). O Brasil eventualmente participa deste mercado, porm, a instabilidade cambial e a deficincia da estrutura de transporte at aos portos tm prejudicado o pas na busca de uma presena mais constante no comrcio internacional de milho. Os principais consumidores so o Japo (16,5 milhes de t em 2005), Coria do Sul (8,5 milhes de t em 2005), Mxico (6,0 milhes de t em 2005) e Egito (5,2 milhes de t em 2005). Outros importadores relevantes so os pases da Sudeste de sia (2,9 milhes de t em 2005) e a Comunidade Europia (2,5 milhes de t em 2005). Nestes dois ltimos casos, alm das importaes ocorre um grande montante de trocas entre os pases que compem cada um destes blocos. A produo de milho no Brasil tem se caracterizado pela diviso da produo em duas pocas de plantio. Os plantios de vero, ou primeira safra, so realizados na poca tradicional, durante o perodo chuvoso, que varia entre fins de agosto na regio Sul at os meses de outubro/novembro no Sudeste e Centro Oeste (no Nordeste este perodo ocorre no incio do ano). Mais recentemente tem aumentado a produo obtida na chamada "safrinha", ou segunda safra. A "safrinha" se refere ao milho de sequeiro, plantado extemporaneamente, em fevereiro ou maro, quase sempre depois da soja precoce, predominantemente na regio Centro-Oeste e nos estados do Paran e So Paulo. Verifica-se um decrscimo na rea plantada no perodo da primeira safra, em decorrncia da concorrncia com a soja, o que tem sido parcialmente compensado pelo aumento dos plantios na "safrinha". Embora realizados em uma condio desfavorvel de clima, os plantios da "safrinha" vem sendo conduzidos dentro de sistemas de

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produo que tem sido gradativamente adaptados a estas condies, o que tem contribudo para elevar os rendimentos das lavouras. Produo Brasileira de Milho

Safra

2001

2002

2003

2004

2005

Produo (1.000 t) Total 1 Safra 2 Safra 42.290 35.833 6.457 35.267 29.086 6.181 47.411 34.614 12.797 42.192 31.617 10.574 39.040 29.319 9.721

rea plantada (1.000 ha) Total 1 Safra 2 Safra 12.973 10.546 2.426 12.298 9.413 2.885 13.226 9.664 3.563 12.822 9.465 3.357 12.297 9.195 3.102

Rendimento (kg.ha-1) Total 1 Safra 2 Safra 3.260 3.398 2.661 2.868 3.090 2.142 3.585 3.582 3.592 3.291 3.340 3.150 3.175 3.189 3.134

Fonte: CONAB (2006) A baixa produtividade mdia de milho no Brasil (3.175 kg por hectare) no reflete o bom nvel tecnolgico j alcanado por boa parte dos produtores voltados para lavouras comerciais, uma vez que as mdias so obtidas nas mais diferentes regies, em lavouras com diferentes sistemas de cultivos e finalidades. O milho cultivado em

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praticamente todo o territrio, sendo que 90 % da produo concentraram-se nas regies Sul (43 % da produo), Sudeste (25 % da produo) e Centro - Oeste (22% da produo). A participao dessas regies em rea plantada e produo vem se alterando ao longo dos anos. 2. Origem e Evoluo O milho uma planta da famlia Gramineae e da espcie Zea mays. Comumente, o termo se refere sua semente, um cereal de altas qualidades nutritivas. extensivamente utilizado como alimento humano ou rao animal. Acredita-se que seja uma planta de origem americana, j que a era cultivada desde o perodo prcolombiano e desconhecida pela maioria dos europeus at a chegada destes Amrica. um dos alimentos mais nutritivos que existem. Tem alto potencial produtivo, e bastante responsivo tecnologia. Seu cultivo geralmente mecanizado, se beneficiando muito de tcnicas modernas de plantio e colheita. Tudo parece indicar que a cultura do milho tenha comeado onde hoje se localizam o Mxico e a Amrica Central h milhares de anos. Seu nome, de origem indgena caribenha, significa sustento da vida. Alimentao bsica de vrias civilizaes importantes ao longo dos sculos, os Maias, Astecas e Incas reverenciavam o cereal na arte e religio. Grande parte de suas atividades dirias eram ligadas ao seu cultivo. O milho era plantado por ndios americanos em montes, usando um sistema complexo que variava a espcie plantada de acordo com o seu uso. Esse mtodo foi substitudo por plantaes de uma nica espcie. Com as grandes navegaes do sculo XVI e o incio do processo de colonizao da Amrica, a cultura do milho se expandiu para outras partes do mundo. Hoje cultivado e consumido em todos os continentes e sua produo s perde para a do trigo e do arroz. Cristvo Colombo, descobridor da Amrica, foi quem observou pela primeira vez a existncia do milho na costa oeste de Cuba. Isso ocorreu em 5 de novembro de 1492. Nos dias de hoje, no ano de 2006, 514 anos depois, o que se conhece do milho muito diferente do que Cristvo Colombo constatou, porque naquele tempo o milho tinha a forma de um arbusto, chamado de teosinto. Diversas teorias e hipteses questionam se o milho realmente se originou do teosinto.

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Teosinto x Milho Moderno/ Tamanho da espiga de milho atual, comparada com a espigueta do teosinto

Evoluo da Espigueta do Teosinto at a Espiga de Milho Atual

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Mas existem evidncias genticas e citolgicas de que o milho e o teosinto so bastante aparentados. Eles tem o mesmo nmero e homologia de cromossomos (n = 20). Outros autores afirmam que o milho foi domesticado a partir do teosinto. O que importa que o resultado final da seleo natural e da domesticao produziu uma planta anual, robusta e ereta, com 1 a 4 metros ou mais de altura, que esplendidamente construda para a produo de gros, pois de uma espiga produzindo cerca de 15 a 20 gros, foram obtidas variedades com espigas de cerca de 500 gros; e que tambm no pode viver sem a proteo do homem. A foto a seguir apresenta diversas espigas de milho, o que mostra um pouco da variabilidade gentica existente entre espcies nativas/selvagens. Toda esta variabilidade constitui a matriaprima para o programa de melhoramento gentico da cultura do milho.

No Brasil, o cultivo do milho vem desde antes da chegada dos europeus. Os ndios, principalmente os guaranis, tinham o cereal como o principal ingrediente de sua dieta. Com a chegada dos portugueses, o consumo aumentou e novos produtos base de milho foram incorporados aos hbitos alimentares dos brasileiros. O plantio de milho na forma ancestral continua a praticar-se na Amrica do Sul, nomeadamente em regies pouco desenvolvidas, no sistema conhecido no Brasil como de roas.

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3. Ecofisiologia e Fenologia O milho, sendo uma planta de origem tropical, exige, durante o seu ciclo vegetativo, calor e umidade para se desenvolver e produzir satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores. Os processos da fotossntese, respirao, transpirao e evaporao, so funes diretas da energia disponvel no ambiente, comumente designada por calor; ao passo, que o crescimento, desenvolvimento e translocao de fotoassimilados encontram-se ligados disponibilidade hdrica do solo, sendo que seus efeitos so mais pronunciados em condies de altas temperaturas onde a taxa de evapotranspirao elevada. Independentemente da tecnologia aplicada, o perodo de tempo e as condies climticas em que a cultura submetida constituem-se em preponderantes fatores de produo. Dentre os elementos do clima conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estao para a implantao das mais diversas atividades agrcolas, a temperatura e a precipitao pluvial so os mais estudados. Para a cultura do milho, muito se tem estudado sob o ponto de vista de suas exigncias climticas, sempre objetivando o aumento do rendimento agrcola. Assim, algumas condies ideais para o desenvolvimento desse cereal podem ser apontadas: (i) por ocasio da semeadura, o solo deve apresentar-se com temperatura superior a 10oC, aliado umidade prxima capacidade de campo, possibilitando o desencadeamento dos processos de emergncia; (ii) durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a temperatura do ar dever girar em torno de 25oC e encontrar-se associada adequada disponibilidade de gua no solo e abundncia de luz; (iii) temperatura e luminosidade favorveis, elevada disponibilidade de gua no solo e umidade relativa do ar, superior a 70%, so requerimentos bsicos durante a florao e enchimento dos gros e (iv) ocorrncia de perodo predominantemente seco por ocasio da colheita. Temperaturas do solo inferiores a 10oC e superiores a 42oC prejudicam sensivelmente a germinao, ao passo que, aquelas situadas entre 25 e 30oC propiciam as melhores condies para o desencadeamento dos processos de germinao das sementes e emergncia das plntulas. Por ocasio do perodo de florescimento e maturao, temperaturas mdias dirias superiores a 26oC podem promover a acelerao

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dessas fases, da mesma forma que temperaturas inferiores a 15,5oC podem prontamente retard-las. Com relao luz, a cultura do milho responde com altos rendimentos a crescentes intensidades luminosas, em virtude de pertencer ao grupo de plantas C4, o que lhe confere alta produtividade biolgica. O milho , originalmente, uma planta de dias curtos, embora os limites dessas horas de luz no sejam idnticos e nem bemdefinidos para os diferentes cultivares. Com a reduo de 30 a 40% da intensidade luminosa, ocorrer um atraso na maturao dos gros, principalmente em cultivares tardios, que mostram-se mais sensveis carncia de luz. A incidncia de ventos no milharal pode aumentar a demanda de gua por parte da planta, tornando-a mais suscetvel aos perodos curtos de estiagem, alm de promover o acamamento da cultura. Da mesma forma, ventos frios ou quentes podem ocasionar falhas na polinizao, constituindo-se, frequentemente, em importante fator limitante na produo de milho de algumas regies. Plantas de milho apresentando de quatro a 10 folhas, quando submetidas a ventos, podem ser significativamente prejudicadas quanto ao crescimento e desenvolvimento. A evidncia de folhas apresentando bordas esbranquiadas e secas, bem como enrolamento pode ser atribudo incidncia de ventos. Ainda, plantas instaladas em solos arenosos e sem cobertura, podem sofrer o efeito abrasivo de partculas deslocadas pela ao do vento. Com relao a exigncia por gua, as fases mais crticas so a de emergncia, florescimento e formao do gro. No perodo compreendido entre 15 dias antes e 15 dias aps o aparecimento da inflorescncia masculina, o requerimento de um suprimento hdrico satisfatrio aliado a temperaturas adequadas tornam tal perodo extremamente crtico. A cultura exige um mnimo de 350-500 mm de precipitao no vero para que produza a contento, sem a necessidade da utilizao da prtica de irrigao. O consumo de gua por parte do milho, em um clima quente e seco, raramente excede 3,0 mm/dia, enquanto a planta estiver com altura inferior a 30 cm. Todavia,

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durante o perodo compreendido entre o espigamento e a maturao, o consumo pode se elevar para 5,0 a 7,5 mm dirios. O milho uma planta de ciclo vegetativo variado, evidenciando desde gentipos extremamente precoces, cuja polinizao pode ocorrer 30 dias aps a emergncia, at mesmo aqueles cujo ciclo vital pode alcanar 300 dias. Contudo, nas condies brasileiras, o ciclo varivel entre 110 e 180 dias, em funo da caracterizao dos gentipos (superprecoce, precoce e tardio), perodo este compreendido entre a semeadura e a colheita. De forma geral, o ciclo da cultura compreende as seguintes etapas de desenvolvimento: (i) germinao e emergncia: perodo compreendido desde a semeadura at o efetivo aparecimento da plntula, o qual em funo da temperatura e umidade do solo pode apresentar de cinco a 12 dias de durao; (ii) crescimento vegetativo: perodo compreendido entre a emisso da segunda folha e o incio do florescimento. Tal etapa apresenta extenso varivel, sendo este fato comumente empregado para caracterizar os tipos de cultivares de milho, quanto ao comprimento do ciclo; (iii) florescimento: perodo compreendido entre o incio da polinizao e o incio da frutificao, cuja durao raramente ultrapassa 10 dias;(iv) frutificao: perodo compreendido desde a fecundao at o enchimento completo dos gros, sendo sua durao estimada entre 40 e 60 dias;(v) maturidade: perodo compreendido entre o final da frutificao e o aparecimento da camada negra, sendo este relativamente curto e indicativo do final do ciclo de vida planta. Entretanto, para maior facilidade de manejo e estudo, bem como objetivando a possibilidade do estabelecimento de correlaes entre elementos fisiolgicos, climatolgicos, fitogenticos, entomolgicos, fitopatolgicos, e fitotcnicos, como desempenho da planta, o ciclo da cultura do milho foi dividido em 11 estdios distintos de desenvolvimento: Estdio 0: da semeadura emergncia; Estdio 1: planta com quatro folhas totalmente desdobradas (segunda semana aps a emergncia da planta) Estdio 2: plantas com oito folhas (primeiro ms aps a emergncia)

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Estdio 3: plantas com 12 folhas, espigamento (sexta/stima semana aps a emergncia) Estdio 4: emisso do pendo (oitava ou nona semana aps a emergncia) Estdio 5: florescimento e polinizao (nona ou dcima semana aps a emergncia) Estdio 6: gros leitosos (incio do processo de acmulo de amido no endosperma dos gros, 12 a 15 dias aps o incio da polinizao) Estdio 7: gros pastosos (ganho de peso dos gros, 20 a 25 dias aps a emisso dos estilo-estigmas) Estdio 8: incio das formao de dentes (concavidade na parte superior do gro, estado farinceo, 36o dia aps o princpio da polinizao) Estdio 9: gros duros (dentados, perda de umidade em toda a planta, 48 a 55 dias aps a emisso dos estilo-estigmas) Estdio 10: gro maturos fisiologicamente (50 a 60 dias aps a polinizao)

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4. Cultivares Sem dvida alguma, o primeiro passo na produo de uma cultura a escolha da semente. O rendimento de uma lavoura de milho o resultado do potencial gentico da semente e das condies edafoclimticas do local de plantio, alm do manejo da lavoura. De modo geral, a cultivar responsvel por 50% do rendimento final. Consequentemente, a escolha correta da semente pode ser a razo de sucesso e insucesso da lavoura. Esto no mercado brasileiro para a safra 2006/07, 275 cultivares de milho e a escolha, baseada no gosto pessoal, disponibilidade e preo pode no ser a melhor. Desta forma, pode-se afirmar que existem cultivares adaptadas a qualquer regio do Pas e a qualquer sistema de produo, sendo provavelmente o insumo moderno de uso mais generalizado na cultura do milho. O produtor dever ter em mente os seguintes aspectos, na escolha na semente: adaptao regio, produtividade e estabilidade, ciclo, tolerncia s principais doenas comuns na regio, qualidade do colmo e raiz, sanidade, textura e cor do gro. Percentual do nmero de cultivares de milho disponveis no mercado.Tipo de Cultivar 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07

Hbridos Simples

34,8

35,7

37,6

40,0

44,0

Hbridos Triplos

31,3

29,7

28,4

25,3

24,0

Hbridos Duplos

20,5

22,4

22,7

22,3

20,7

Variedades

13,4

12,2

11,3

12,4

11,3

Total de cultivares (100%)

207

233

230

237

275

5. Preparo do Solo - PREPARO CONVENCIONAL DO SOLO importante usar corretamente as tcnicas de preparo do terreno, para evitar a progressiva degradao fsica, qumica e biolgica do solo. O preparo do solo tem porGrandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel

objetivo bsico otimizar as condies de germinao, emergncia e o estabelecimento das plntulas. Atualmente, deve ser visto tambm como um sistema que dever aumentar a infiltrao de gua, de modo a reduzir a enxurrada e a eroso a um mnimo tolervel. Basicamente ele realizado em duas etapas, que so o preparo primrio e o secundrio. O preparo primrio consiste naquela operao mais grosseira, realizada com arados ou grades pesadas, que visa afrouxar o solo, alm de ser utilizada tambm para incorporao de corretivos, fertilizantes, resduos vegetais e plantas daninhas ou para descompactao. Na incorporao de insumos ou material vegetal, os equipamentos de discos so mais eficientes, pois os misturam melhor ao solo, porm tm a desvantagem de causar maior compactao do que o arado de aivecas ou o escarificador. O arado de aivecas eficiente na descompactao e incorporao de resduos vegetais; por outro lado, tem baixa eficincia na mistura de insumos e deixa o solo desprovido de cobertura morta. O arado escarificador faz a descompactao do solo, ao mesmo tempo que mantm maior taxa de cobertura morta sobre o solo; por outro lado, tem baixa eficincia no controle de plantas daninhas e na incorporao e mistura de insumos ao solo. Na segunda etapa, preparo secundrio, faz-se a operao de nivelamento da camada arada de solo, com gradagens de nivelamento do terreno. Como um dos objetivos do preparo do solo tambm o controle de plantas invasoras, faz-se a ltima gradagem niveladora imediatamente antes do plantio Com o propsito de minimizar o impacto negativo do preparo do solo, deve-se sempre ter em mente que as operaes devem contemplar, de uma maneira harmoniosa, no somente o solo, mas tambm as suas interaes com a gua, com vistas ao planejamento integrado, visando a sustentabilidade da atividade. Nesse sentido, a rea agrcola deve ser cuidadosamente planejada. Em funo das condies locais de clima e solo, elabora-se o planejamento conservacionista da gleba, que dever ser dotada de sistema de terraceamento, em nvel ou com gradiente, e canais escoadouros. Conforme o tipo de solo e a declividade os terraos podero ser de base larga (solos profundos e declividade, menor que 12%) ou base estreita (solos mais rasos e declividade at 18%). Acima dessa declividade, os riscos de degradao do solo aumentam, no sendo recomendado arao para uso com culturas anuais. Todas as operaes mecnicas, a comear pelo preparo do solo, devem ser executadas em nvel. Com este cuidado, cria-se uma srie de pequenas depresses na superfcie, a rugosidade do solo, que, alm de armazenarem a gua at que esta se infiltre, funcionam tambm como pequenas barreiras ao escorrimento e formao daGrandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel

enxurrada. O plantio e cultivos realizados tambm em nvel, na seqncia, ajudam a aumentar a segurana do sistema de conservao de solo. A utilizao constante do mesmo equipamento, como a grade pesada ou o arado de discos, trabalhando sempre numa mesma profundidade, provoca compactao logo abaixo da camada preparada. Uma das maneiras de reduzir a compactao alternar anualmente a profundidade de preparo do solo. importante tambm atentar para as condies de umidade do terreno por ocasio de seu preparo. O ponto de umidade ideal aquele em que o trator opera com o mnimo esforo, produzindo os melhores resultados na execuo do servio. Com o solo muito mido, aumentam os problemas de compactao. H maior adeso da terra nos implementos, chegando a impedir a operao. Em solo muito seco, preciso um nmero maior de passadas de grade para quebrar os torres, exigindo maior consumo de combustvel. Com isso, o custo de produo fica maior e o solo, pulverizado. A habilidade das plantas em explorar o solo, em busca de fatores de crescimento, depende grandemente da distribuio de razes no perfil, que, por sua vez, so dependentes das condies fsicas e qumicas, as quais so passveis de alteraes em funo do manejo aplicado. A eroso outro fenmeno presente no solo, altamente dependente do manejo. Portanto, o manejo do solo pode afetar, num grau variado, tanto caractersticas intrnsecas quanto extrnsecas do solo, em que a compactao tem papel de destaque. Ela reconhecida como uma das principais conseqncias do manejo inadequado do solo, aparecendo geralmente abaixo da camada revolvida pela ao dos implementos de preparo do solo, ou na superfcie, devido ao trfego. No caso dos tratores, as reas de contato com o solo so as rodas e, no caso dos implementos, os discos. Por esse motivo, que as rodas e esses implementos so considerados agentes causadores de compactao, pois o peso total do equipamento distribudo em uma rea muito pequena, ou seja, os gomos dos pneus ou extremidades dos discos. Na camada compactada, as caractersticas qumicas e, principalmente, as caractersticas fsicas do solo so modificadas. Assim, aps uma presso no solo, exercida pelas rodas dos tratores e por mquinas agrcolas, ocorre a quebra de agregados. Com essa quebra dos agregados, h o aumento da densidade do solo, ocorrendo simultaneamente reduo da porosidade, especialmente poros grandes, havendo diminuio de troca gasosa (oxignio e dixido de carbono); limitao do movimento de nutrientes; diminuio da taxa de infiltrao de gua no solo e aumento

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da eroso. Nessa condio, a resistncia do solo penetrao tambm aumentada, aumentando o requerimento de potncia para o preparo do solo. Tambm vai haver condies menos favorveis ao desenvolvimento do sistema radicular, que sofre uma srie de modificaes, tanto de ordem morfolgica quanto fisiolgica, alterando o seu padro de crescimento, com tendncia de distribuio mais superficial, afetando o seu desempenho e, por conseguinte, o desempenho da planta, que apresenta menor crescimento.

PLANTIO DIRETO

Na implantao e conduo do Sistema de Plantio Direto de maneira eficiente, indispensvel que o esquema de rotao de culturas promova, na superfcie do solo, a manuteno permanente de uma quantidade mnima de palhada, que nunca dever ser inferior a 4,0 t/ha de fitomassa seca. Como segurana, indica-se que devem ser adotados sistemas de rotao que produzam, em mdia, 6,0 t/ha/ano ou mais de fitomassa seca. Neste caso, a soja contribui com muito pouco, raramente ultrapassando 2,5 t/ha de fitomassa seca. Por outro lado, gramneas como o milho, de ampla adaptao a diferentes condies, tm ainda a vantagem de deixar uma grande quantidade de restos culturais que, uma vez bem manejados, proporcionam vantagens adicionais aos sistemas, conforme j mencionado. Na converso para o Sistema Plantio Direto, importante priorizar a cobertura do solo, principalmente se as reas apresentarem um certo grau de degradao da matria orgnica. Para isto, onde for possvel, as culturas de milho e de aveia integradas e de forma planejada no sistema de rotao proporcionam alto potencial de produo de

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fitomassa e de elevada relao C/N, garantindo a manuteno da cobertura do solo, dentro da quantidade mnima preconizada e por maior tempo de permanncia na superfcie. O cultivo do milho com espaamento mais estreito entre as linhas e ou consorciado com leguminosas como o feijo-bravo proporciona a formao de elevada quantidade de fitomassa, alm de bons rendimentos de gros. Tambm as braquirias apresentam essas condies (quando bem conduzidas proporcionam elevado ndice de cobertura do solo e fitomassa seca e excelente e vigoroso sistema radicular) e representam uma excelente alternativa em reas de integrao lavoura-pecuria. Especial ateno deve ser dada soja e ao milho, culturas mais usadas no plantio direto, e que apresentam grandes vantagens quando plantadas em rotao (ou seja, uma em substituio outra na safra seguinte de vero), inclusive com aumentos significativos nos rendimentos de ambas as culturas. No sul do Brasil, pelas condies climticas mais favorveis, h maiores opes de rotao de culturas, envolvendo tanto as culturas de vero como as de inverno. No Brasil Central, as condies climticas, com quase total ausncia de chuvas entre os meses de maio e agosto, dificultam os cultivos de inverno, exceto em algumas reas com microclima adequado ou com agricultura irrigada. Essa situao dificulta ou deixa poucas opes para o estabelecimento de culturas comerciais ou mesmo culturas de cobertura, isto , culturas cuja finalidade principal cobrir o solo e aumentar o aporte de restos culturais sobre a sua superfcie, exigindo que estas tenham caractersticas peculiares, como um rpido desenvolvimento inicial e maior tolerncia seca. No Brasil Central, a implantao do sistema plantio direto tem sido facilitada em reas onde possvel o desenvolvimento de safrinha. A safrinha s possvel onde o perodo chuvoso se prolonga um pouco mais. Dentre as principais culturas de safrinha, destacam-se o milho, que j ocupa cerca de dois milhes e seiscentos mil hectares, plantados na safra 2001/02, o sorgo, o milheto e o girassol. Em algumas regies, como o Sul de Minas Gerais, o plantio da soja no comum, o que restringe as alternativas de rotao de culturas e dificulta a implantao do plantio direto. Alm disso, nessa regio, a interao agricultura-pecuria muito forte, sendo comum a produo de milho para a produo de silagem, onde a parte area da planta retirada do terreno, reduzindo o aporte de resduos vegetais ao solo. Porm,

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a experincia de vrios agricultores da regio tem demonstrado ser possvel o plantio do milho sobre palhada de braquirias. Nesse caso, quando a cobertura inicial no ainda adequada, comum o plantio do milho consorciado com a braquiria. A semente da forrageira geralmente colocada junto ao adubo da plantadora de milho e semeada a uma profundidade (6 a 8 cm) maior do que a do milho. Em algumas situaes, a braquiria tambm semeada nas entrelinhas do milho. Alguns agricultores j usam, aps o milho para silagem, o plantio de outra safra do prprio milho (tecnicamente no recomendado), aveia, sorgo forrageiro ou de corte e pastejo ou milheto. Essas alternativas, embora sejam viveis, no podem se repetir seguidamente, necessitam de alguma outra opo (como uma leguminosa mucunas, crotalrias ou feijes) para quebrar esse ciclo de plantio de gramneas. 6. Nutrio, Adubao e Correo Nos ltimos anos, a cultura do milho, no Brasil, vem passando por importantes mudanas tecnolgicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produo. Entre essas tecnologias, destaca-se a necessidade da melhoria na qualidade dos solos, visando uma produo sustentada. Essa melhoria na qualidade dos solos est geralmente relacionada ao adequado manejo, o qual inclui, entre outras prticas, a rotao de culturas, o plantio direto e o manejo da fertilidade, atravs da calagem, gessagem e adubao equilibrada com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes qumicos e/ou orgnicos (estercos, compostos, adubao verde, etc.). Para que o objetivo do manejo racional da fertilidade do solo seja atingido, imprescindvel a utilizao de uma srie de instrumentos de diagnose de possveis problemas nutricionais que, uma vez corrigidos, aumentaro as probabilidades de sucesso na agricultura. Ao planejar a adubao do milho, deve-se levar em considerao os seguintes aspectos: a) diagnose adequada dos problemas - feita pela anlise de solo e histrico de calagem e adubao das glebas; b) quais nutrientes devem ser considerados nesse caso particular (muitos solos tm adequado suprimento de Ca, Mg, etc.); c) quantidades de N, P e K necessrias na semeadura - determinadas pela anlise de solo considerando o que for removido pela cultura; d) qual a fonte, quantidade e quando aplicar N (baseado na produtividade desejada); e) quais nutrientes podem ter problemas nesse solo

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(lixiviao de nitrognio em solos arenosos ou se so necessrios em grandes quantidades). Dados mdios de experimentos conduzidos em Sete Lagoas e Janaba, MG, e relatados por Coelho & Frana (1995) do uma idia da extrao de nutrientes pelo milho, cultivado para produo de gros e silagem (Tabela 1). Observa-se que a extrao de nitrognio, fsforo, potssio, clcio e magnsio aumenta linearmente com o aumento na produtividade, e que a maior exigncia da cultura refere-se a nitrognio e potssio, seguindo-se clcio, magnsio e fsforo. Com relao aos micronutrientes, as quantidades requeridas pelas plantas de milho so muito pequenas. Para uma produtividade de 9 t de gros/ha, so extrados: 2.100 g de ferro, 340 g de mangans, 400 g de zinco, 170 g de boro, 110 g de cobre e 9 g de molibdnio. Entretanto, a deficincia de um deles pode ter efeito tanto na desorganizao de processos metablicos e reduo na produtividade como a deficincia de um macronutriente como, por exemplo, o nitrognio.Tabela 1. Extrao mdia de nutrientes pela cultura do milho destinada produo de gros e silagem, em diferentes nveis de produtividades. Tipo de explorao Produtividade t/ha 3,65 5,80 7,87 9,17 10,15 11,60 15,31 17,13 18,65 Nutrientes extrados N P K Ca Mg ----------------------kg/ha -------------------------77 9 83 10 10 100 19 95 7 17 167 33 113 27 25 187 34 143 30 28 217 42 157 32 33 115 15 69 35 26 181 21 213 41 28 230 23 271 52 31 231 26 259 58 32

Gros

Silagem (matria seca)

No que se refere exportao dos nutrientes, o fsforo quase todo translocado para os gros (77 a 86 %), seguindo-se o nitrognio (70 a 77 %), o enxofre (60 %), o magnsio (47 a 69 %), o potssio (26 a 43 %) e o clcio (3 a 7 %). Isso implica que a incorporao dos restos culturais do milho devolve ao solo grande parte dos nutrientes, principalmente potssio e clcio, contidos na palhada. Quando o milho colhido para silagem, alm dos gros, a parte vegetativa tambm removida, havendo, conseqentemente, alta extrao e exportao de nutrientes (Tabela 1). Assim,

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problemas de fertilidade do solo se manifestaro mais cedo na produo de silagem do que na produo de gros. O desenvolvimento ou adaptao de cultivares mais tolerantes acidez do solo, via melhoramento gentico, no elimina o uso do calcrio na agricultura, pelos seus efeitos e sua importncia nos diferentes nveis tecnolgicos dos diversos sistemas de produo usados no Brasil. A recomendao de calagem no um procedimento simples, por pressupor o conhecimento de um nmero razovel de informaes adicionais, como: caractersticas da propriedade agrcola (caracterizao da rea, da cultura, tipo de solo, histrico da rea, expectativa de rendimento etc...), conhecimento tecnolgico (tem sua origem na pesquisa naquela regio ou estado) e, por ltimo, informaes oriundas das condies do mercado, principalmente quelas relacionadas a preos de insumos e tambm disponibilidade de crdito, e que so independentes das duas anteriores. A estimativa da necessidade de calagem (NC) feita atravs da anlise qumica do solo e vrios mtodos vm sido utilizados. Os mtodos atualmente em uso visam no somente a reduo da acidez do solo, mas o melhor retorno econmico para a maioria das espcies cultivadas. A escolha do calcrio, o valor neutralizante, o grau de finura e sua reatividade so fatores relevantes na aquisio do material corretivo. Em situaes que requeiram correo do magnsio, o calcrio magnesiano ou o dolomtico so os recomendados. No sendo suficientes, outras fontes de magnsio devem ser utilizadas. O poder neutralizante determinado pela comparao com o poder de neutralizao do carbonato de clcio puro (CaCO3), que de 100%. Por essa razo, denominado de Poder Relativo de Neutralizao Total (PRNT) ou equivalente de carbonato de clcio. A calagem tem efeitos diretos e indiretos sobre as plantas. Os primeiros, geralmente depende do tempo e da umidade disponvel no solo e esto associados com algumas caractersticas fsicas (ex: relao entre o tamanho da partcula e a sua superfcie) e qumicas do corretivo(ex: valor do Poder Neutralizante - PN-). Em conjunto, determinam mudanas em algumas caractersticas do solo, quais sejam: a reduo da saturao por alumnio, elevao nas concentraes do clcio e do magnsio,

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elevao do pH e aumento na disponibilidade do fsforo. A atividade biolgica tambm favorecida pela ao do calcrio. Os efeitos indiretos podem manifestar-se atravs de algumas caractersticas fenolgicas das plantas, como a distribuio do sistema radicular em profundidade e sua relao com a maior resistncia aos dficits hdricos (veranicos). Em ambos os casos, os efeitos do calcrio esto diretamente ligados a aumentos da produo e da qualidade da biomassa, tanto gros como matria seca na produo de silagem. Os mtodos para recomendao da necessidade de calcrio (NC) adquiriram, em alguns casos, carter regional quanto ao seu uso e preferncia pelos tcnicos. Nas regies Sudeste e Centro-Oeste, os mtodos mais comumente utilizados so : a) mtodo baseado na eliminao do alumnio trocvel e na elevao dos teores do clcio e do magnsio e b) mtodo da saturao por bases: a) Eliminao do alumnio trocvel e elevao dos teores de clcio e magnsio. Esse mtodo consiste na extrao do alumnio, do clcio e do magnsio trocveis com uma soluo 1M de KCL. b) Saturao de bases. Esse mtodo teve origem no Estado de So Paulo, baseado na correlao do pH do solo com a saturao por bases e requer, em rotina laboratorial, a determinao de Ca, Mg, K, em alguns casos tambm o Na, alm da determinao de H+Al (acidez potencial ), extrados com acetato de clcio 0,5M, ajustado ao pH 7. Os materiais corretivos comumente usados na agricultura so rochas modas, misturas de calcita e dolomita, as quais possuem, em suas composies, carbonatos de clcio e de magnsio, que so pouco solveis. As rochas calcrias calcinadas que contm xidos de clcio e magnsio (cal virgem) ou os materiais hidratados oriundos dos xidos, os hidrxidos de Ca e de Mg (cal hidratada), apesar de serem mais solveis que os carbonatos, tm sido menos usados na agricultura. Recomenda-se que a aplicao do calcrio seja a mais uniforme possvel, em toda a extenso do terreno, de modo que haja a mais ntima mistura com as partculas do solo, aumentando a superfcie de contato.

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A incorporao do calcrio dever ser a mais profunda possvel , de preferncia a profundidades maiores que 20 cm. Essa observao ainda mais relevante quando se recomendam quantidades superiores a 4 toneladas/ha. Nessa situao, sugere-se o parcelamento em duas vezes, ou seja, metade antes da arao e a outra metade aps essa operao, seguindo-se esta ltima, de uma gradagem. Em solos sob plantio direto consolidado, possvel aplicar o calcrio na superfcie, sem a necessidade de revolvimento para incorporao (arao e gradagem). Nessa situao, as quantidades so menores e as recomendaes so baseadas na textura do solo: a) Solos argilosos: 1/3 a 1/2 da necessidade de calcrio (NC), pelo mtodo de saturao de bases, para a camada de 0 a 20 cm. Se maior que 2,5 t/ha, adotar o valor limite; b) Solos de textura mdia e arenosos: 1/2 da necessidade de calcrio (NC), pelo mtodo de saturao de bases para a camada de 0 a 20 cm. Se maior que 1,5 a 2 t/ha, adotar o valor limite. O gesso agrcola tambm denominado fosfogesso. As indstrias de fertilizantes, durante o processo de fabricao de superfosfatos, simples e triplo, e fosfatos de amnio, MAP e DAP, usam como matria-prima a rocha fosftica, geralmente a fluorapatita. Esta, ao ser atacada com cido sulfrico, na presena de gua, forma como subprodutos sulfato de clcio, cido fosfrico e cido fluordrico. Os dados da eficincia industrial indicam que, para cada tonelada de P2O5 obtida, so produzidas 4,5 toneladas de gesso agrcola. Essa relao evidencia o grande acmulo desse material em plantas industriais ligadas ao setor. O gesso um sal pouco solvel (2,0 a 2,5 g/L) e tem sido empregado na agricultura devido retirada gradual do enxofre das formulaes, concentraes mais elevadas de nutrientes nas formulaes comerciais e excessiva produo e alta armazenagem industrial. Sob a tica agronmica, seu emprego tem sido justificado principalmente em duas situaes; a) quando se requer fornecimento de clcio e de enxofre; b) na diminuio de concentraes txicas do alumnio trocvel nas camadas subsuperficiais, com conseqente aumento de clcio nessas camadas, visando "melhorar" o ambiente para o crescimento radicular.

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A tomada de deciso sobre o uso do gesso agrcola deve sempre ser feita com base no conhecimento de algumas caractersticas qumicas e na textura das camadas subsuperficiais do solo (20 a 40 cm e 30 a 60 cm). Haver maior probabilidade de resposta ao gesso quando a saturao por Al3+ for maior que 30 %, (m3 30%) ou o teor de Ca menor que 0,4 cmolc/dm3 de solo . Uma vez estabelecidas aquelas caractersticas, as quantidades sugeridas so: 29. solos de textura arenosa (< 15 % de argila) = 0 a 0,4 t/ha; 30. solos de textura mdia (15 a 35 % de argila) = 0,4 a 0,8 t/ha; 31. solos argilosos (36 a 60 % de argila) = 0,8 a 1,2 t/ha; 32. solos muito argilosos (> 60 % de argila) = 1,2 a 1,6 t/ha. (Alvares et al., 1999). A aplicao de gesso agrcola deve ser feita a lano individual ou separadamente, com relao aplicao do calcrio. ADUBAO ORGNICA Uma lavoura de milho pode gerar entre 6 e 12 t ha-1 de resduos vegetais. As lavouras com maior produtividade de gros certamente proporcionam quantidades maiores de resduos do que as menos produtivas. Esses resduos contm quantidades apreciveis de nutrientes que se encontram temporariamente imobilizados. A taxa de liberao para a cultura subseqente depende do manejo destes. Se incorporados ao solo, essa taxa se acelera; se mantidos sobre o solo, como cobertura morta para plantio direto, ela retardada, observando-se que, quanto menos picada for, menor a taxa de decomposio. Decorrente disso, em sistema de plantio direto h inicialmente maior demanda de nutrientes, especialmente de nitrognio. Aps estabelecido o sistema, a demanda decresce, pois a reciclagem entra em equilbrio, quando, ento, os nutrientes imobilizados so liberados s plantas. Em mdia, pode-se considerar que a palhada de milho imobiliza as quantidades de nutrientes mostrados na Tabela 2.Tabela 2. Quantidade mdia de nutrientes imobilizados pela palhada de milho. Palhada (t ha-1) 6 - 12 Nitrognio 30 - 45 Fsforo 4-6 Potssio (kg ha-1) 50 - 70 Clcio 12 - 20 Magnsio 5-7

Fonte: Adaptado de diversos resultados analticos de diversas cultivares (Embrapa Milho e Sorgo).

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Quando a cultura de milho colhida para ensilagem, cortando-se as plantas a 0,40 m, a exportao de potssio pode ser reduzida em mais de 50%, em comparao ao corte prximo ao solo. Os resduos culturais de milho compostados em mistura com dejetos animais proporcionam um adubo orgnico de alta qualidade. A utilizao dos resduos depende do conhecimento de sua qualidade. A maioria dos sistemas de produo de sunos gera dejetos com o contedo de matria seca variando de 1,7 a 3,5% e os de bovinos estabulados e/ou confinados varia de 5% a 16% (Tabela 3).Tabela 3. Composio mdia dos estercos de sunos, bovinos e frangos. Estercos Ph Sunos (lquido integral) Sunos (lquido separado) Bovinos(chorume) Bovinos (fezes+urina) Bovinos (slido) Aves (cama frango) 7,0 - 7,5 6,0 - 7,5 45 - 70 65 - 90 15 - 25 24 - 40 8 - 12 20 - 35 8 - 15 18 - 35 7,0 - 7,5 6,8 - 7,5 10 - 15 12 - 15 1,5 - 2,5 4,5 - 6,0 0,6 - 1,5 2,1 - 2,6 1,5 - 3,0 2,8 - 4,5 7,0 - 7,5 0,1 - 0,3 0,7 - 0,9 0,3 - 0,5 0,6 - 0,8 7,2 - 7,8 kg m-3 ou tonelada MS % N P2O5 1,3 - 2,5 1,6 - 2,5 1,2 - 2,0

K2O 1,0 - 1,4

Fonte: Adaptado de diversos autores.

Esses contedos podero variar, dependendo do sistema de higienizao empregado e do desperdcio dos comedouros e bebedouros. O conhecimento desses valores a base para o clculo da adubao que cada cultura exige, em funo da produtividade pretendida. Os dejetos, como fertilizante, podem ser aplicados no solo de maneira uniforme e/ou localizada, dependendo do tipo de equipamento envolvido e do sistema de plantio adotado. Os equipamentos mais utilizados so os tanques ou carretas tratorizados e sistemas de asperso. Para os lquidos, os aspectos positivos da asperso so a maior rea possvel de ser fertilizada com o mesmo equipamento, maior preciso nas doses estabelecidas e menor investimento em equipamentos por unidade de rea e

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conseqente menor custo da fertilizao. A distribuio por asperso em torno de 50% menor que o da fertilizao com tanque tratorizado. Este, por sua vez, traz grave inconveniente de compactar o solo, pelo intenso trnsito na hora da aplicao. As pesquisas tem mostrado produtividades de 5.200 a 7.600 kg de milho por hectare, em plantio convencional, com o uso de doses crescentes de dejetos de sunos (45, 90, 135 e 180m3 ha-1), em aplicao uniforme, exclusiva e combinada com adubao qumica, em solo de cerrado. A produo de milho em sistema de plantio direto, adubado com dejetos de sunos, de maneira exclusiva e combinada, alcanou produtividades que variaram de 6.400 at 8.400 kg ha-1. A produtividade atingida com 50 m3 ha-1, em aplicao exclusiva, foi 21% superior obtida com adubao qumica. As doses de 75 e 100 m3 ha-1 no propiciaram vantagem sobre a de 50 m3 ha-1. Alm dos estercos de sunos e bovinos, a cama de frango, proveniente dos criatrios de frangos de corte, serve como adubo orgnico para a cultura de milho. As produes mostradas comprovam que os estercos de sunos, aves e bovinos constituem fertilizantes eficientes na produo de milho, tanto para gros quanto para forragem. Os sistemas de uso dos dejetos de sunos com doses crescentes exclusivas proporcionaram uma rentabilidade de 48% a 70%, sem contar com os efeitos benficos que a adubao orgnica opera no solo. 7. Plantio O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado, pois determina o inicio de um processo de cerca de 120 dias e que afetar todas as operaes envolvidas, alm de determinar as possibilidades de sucesso ou insucesso da lavoura. O planejamento do plantio comea com a compra da semente e demais insumos. O agricultor dever planejar a melhor poca de receber a semente, assim como reservar um local limpo e arejado para armazen-la at a data do plantio. por ocasio do plantio que se obtm uma boa ou m populao de plantas ou densidade de plantio. Esta caracterstica no to importante em outras culturas com grande capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras gramneas,

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ou de maior habilidade de produo de floradas, como o feijo ou a soja. Isto faz com que o agricultor tenha especial ateno na operao de plantio, de forma a assegurar a densidade desejada na ocasio da colheita. A temperatura, umidade e o tipo de solo so os fatores que condicionam a profundidade de plantio. O fato da semente ser colocada em profundidades diferentes no interfere na profundidade do sistema radicular definitivo como mostra a figura abaixo. O plantio deve ser mais superficial ao redor de 3 a 5 cm em solos mais pesados, que dificultam a emergncia, ou quando a temperatura do solo mais fria, em funo da poca ou da regio . Em solos mais leves, arenosos, a profundidade pode ser maior, variando de 5 a 8 cm, aproveitando as condies mais favorveis de umidade do terreno. Definida como o nmero de plantas por unidade de rea na ocasio da colheita, tem papel importante no rendimento de uma lavoura de milho, uma vez que pequenas variaes na densidade tm grande influncia no rendimento final da lavoura. A densidade de plantio (ou estande) inadequada uma das causas responsveis pela baixa produtividade de milho no Brasil. O rendimento de uma lavoura se eleva com o aumento da densidade de plantio, at atingir uma densidade tima, que determinada pela cultivar e por condies externas resultantes das condies edafoclimticas do local e do manejo da lavoura. A partir da densidade tima, quando o rendimento mximo, o aumento da densidade resultar em decrscimo progressivo na produtividade da lavoura. A densidade tima , portanto, varivel para cada situao, sendo basicamente dependente de trs fatores : cultivar , disponibilidade de gua e de nutrientes. Quaisquer alteraes nestes fatores, direta ou indiretamente, afetaro a densidade tima de plantio. Alm do rendimento de gros, o aumento na densidade de plantio tambm afeta outras caractersticas da planta. Dentre estas, merecem destaque a reduo no nmero ndice de espigas) e tamanho de espiga por planta. Tambm o dimetro de colmo reduzido e, consequentemente, h maior suscetibilidade ao acamamento e quebramento. Alm disto, reconhecido que pode haver aumento na ocorrncia de doenas,

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especialmente as podrides de colmo, com o aumento na densidade de plantio. Estes aspectos podem determinar o aumento de perdas na colheita, principalmente quando esta mecanizada. Por estas razes, s vezes, deixa-se de recomendar densidades maiores que, embora em condies experimentais produzam maiores rendimentos, no so aconselhadas em lavouras colhidas mecanicamente. A magnitude de variao destas caractersticas tambm funo da cultivar e disponibilidade de gua e nutrientes. Em termos genricos, verifica-se que cultivares de ciclo mais curto exigem maior densidade de plantio em relao a cultivares de ciclo mais longo para expressarem seu mximo rendimento. A razo desta diferena que cultivares de ciclo menor geralmente, apresentam plantas de menor altura e massa vegetativa. Estas caractersticas morfolgicas determinam menor sombreamento dentro da cultura, possibilitando com isto um menor espaamento entre plantas, para melhor aproveitamento de luz. Mesmo entre os grupos de cultivares (superprecoce, precoce ou de ciclo normal) h diferena quanto densidade tima de plantio. Uma anlise realizada com mais de 230 cultivares de milho disponveis no mercado, mostrou que a densidade recomendada pode variar de 40.000 a 80.000 plantas por hectare e pode ser sintetizado de acordo com a Tabela 4.Tabela 4. Densidade de plantas recomendadas para os diferentes tipos de cultivares comercializadas na safra 2004/05 Tipo de cultivar Variedades Hbridos duplos Hbridos triplos e simples Densidade recomendada 40.000 a 50000 45.000 a 55.000 at 65.000 50.000 a 60.000 at 80.000

Como regra geral, a densidade recomendada para a safrinha cerca de 20% menor do que a recomendada para a safra normal. Para a maioria das cultivares de milho para plantio na safrinha, a densidade de 40.000 a 50.000 plantas por hectare a mais freqentemente recomendada pelas empresas de semente. Logicamente, nos plantios mais cedo, e em regies onde a probabilidade de dficit hdrico for mnima, a densidade de plantio, assim como os nveis de adubao, podero ser iguais aos utilizados na safra normal. Por outro lado, em agricultura irrigada, onde o fator gua no limitante, a densidade apropriada ser estabelecida por

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outro fator que se encontrar limitando o sistema (fertilidade, cultivar etc) e no dever ser inferior a 50.000 plantas por hectare. A densidade de plantio tambm varia com o objetivo da explorao. Na produo de milho verde, a densidade mais adequada para obter uma boa produtividade de espigas comerciais deve variar entre 35 mil a 55 mil plantas/ha, portanto, menor do que a densidade normalmente utilizada para a produo de gros. Existe tambm interao entre o nvel de adubao e a densidade de plantio, especialmente com a adubao nitrogenada. Com baixa disponibilidade de nutrientes, onde se espera baixos rendimentos, a densidade tima dever ser menor em relao a uma lavoura em solo com boa fertilidade do solo, na qual a densidade dever ser aumentada para ser atingida a densidade tima com o mximo de rendimento. No Brasil, o espaamento entrelinhas muito variado mas os mais usados esto em torno de 80 a 90 cm. Entretanto, verifica-se uma tendncia de maior reduo no espaamento (chegando a 45 - 50 cm), pelas seguintes razes: aumento no rendimento de gros devido a melhor distribuio das plantas na rea, aumentando a eficincia na utilizao da Radiao solar, gua e nutrientes; melhor controle de plantas daninhas, em funo do fechamento mais rpido dos espaos entre e dentre plantas e menor entrada de luz; reduo da eroso, pela cobertura antecipada da superfcie do solo; melhor qualidade de plantio atravs da menor velocidade de rotao dos sistemas de distribuio de sementes resultando em melhor plantio com menor nmero de falhas e duplas e a maximizao da utilizao da plantadora, uma vez que diferentes culturas, especialmente milho e soja, podero ser plantadas com o mesmo espaamento, permitindo maior praticidade e ganho de tempo. 8. Colheita O agricultor deve integrar a colheita ao sistema de produo e planejar todas as fases, para que o gro colhido apresente bom padro de qualidade. Nesse sentido, vrias etapas, como a implantao da cultura, at o transporte, secagem e armazenamento dos gros tm de estar diretamente relacionadas. Para um melhor escoamento da safra depois de colhida, alguns aspectos devem ser levados em considerao desde o planejamento de instalao. Num sistema deGrandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel

produo em que, por exemplo, o milho vai comear a ser colhido com o teor de umidade superior a 13%, alguns pontos decisivos devem ser destacados: I. II. III. IV. V. VI. VII. VIII. IX. X. XI. rea total plantada e data de plantio de cada gleba; produtividade de cada gleba; nmero de dias disponveis para a colheita; nmero de colhedoras; distncia entre os silos e as glebas; nmero de carretas graneleiras; velocidade da colheita; nmero de horas de colheita/dia; teor de umidade do gro; capacidade do secador; e capacidade do silo de armazenamento. O milho est pronto para ser colhido a partir da maturao fisiolgica do gro, o que acontece no momento em que 50% das sementes na espiga apresentam uma pequena mancha preta no ponto de insero das mesmas com o sabugo. Todavia, se no houver a necessidade de antecipao da colheita, esta deve ser iniciada quando o teor de umidade estiver na faixa entre 18-20%. Para tal, o produtor deve levar em considerao a necessidade e disponibilidade de secagem, o risco de deteriorao, o gasto de energia na secagem o preo do milho na poca da colheita. Para melhorar o rendimento, as reas devem ser divididas com carreadores, de forma a facilitar a movimentao da colhedora e o escoamento da colheita pelas carretas ou caminhes. Diferena de produtividade das glebas, assim como desuniformidade nas condies da cultura no campo, tambm podem alterar a capacidade efetiva de utilizao da colhedora, isto , a quantidade de milho colhida em determinada rea, por unidade de tempo. A fim de obter uma boa colheita, devem ser considerados tambm os seguintes itens: a regulagem do espaamento entre cilindro e cncavo;

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a velocidade de rotao do cilindro; o teor de umidade do gro; a qualidade do gro e as perdas. O conjunto formado pelo cilindro e o cncavo constitui-se no que pode ser

chamado de "corao" do sistema de colheita, e exige muita ateno na hora da regulagem. O cilindro adequado para a debulha do milho o de barras, e a distncia entre este e o cncavo regulada de acordo com o dimetro mdio das espigas. A distncia deve ser tal que a espiga seja debulhada sem ser quebrada e o sabugo saia inteiro ou, no mximo, quebrado em grandes pedaos. Outro ponto fundamental diz respeito relao entre a rotao do cilindro e o teor de umidade. A rotao do cilindro debulhador regulada conforme o teor de umidade dos gros, ou seja, quanto mais midos, maior ser a dificuldade de debulhlos, exigindo maior rotao do cilindro batedor. medida que os gros vo perdendo umidade, eles se tornam mais quebradios e mais fceis de serem destacados, sendo necessrio reduzir a rotao do debulhador. A regulagem de rotao do cilindro e a abertura entre o cilindro e o cncavo uma deciso entre a opo de perda e gros quebrados, sem nunca ter os dois fatores 100% satisfatrios. Por exemplo, em caso de sementes, pode-se optar por uma perda maior, com menos gros quebrados. No final da dcada de 70, a Embrapa realizou uma avaliao dos danos mecnicos em gros de milho durante a colheita. O mtodo utilizado aliava inspeo visual determinao de um ndice de danos, baseado na avaliao do poder germinativo de sementes com diferentes categorias de danos. Os resultados mostraram que, em todas as situaes, o ndice de danos menor quando os gros foram colhidos em rotaes mais baixas e teores de umidade inferiores a 16%. Verificou-se, tambm, que a quantidade de gros com danificao muito severa (gros quebrados com mais da metade faltando) no foi afetada pela rotao do cilindro na faixa de 400 a 700 rpm, para a automotriz, e na faixa de 850 a 980 rpm, para a colhedora acoplada ao trator. Entretanto, a danificao dessa categoria aumentou

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medida que o teor de umidade aumentava de 12 a 14%, (dano de 2 a 3%) para 20 a 24% (dano de 6 a 8%), tendo sido maior tambm na colheita pela mquina acoplada ao trator. A quantidade de gros com danos considerados grandes (trincas no embrio, menos da metade do gro faltando) no foi afetada pela rotao do cilindro (550 a 700 rpm) quando o teor de umidade estava alto, comeando a ser afetada pela rotao (400 a 550 rpm) nas faixas mais baixas de umidade. Gros com danos aparentemente menos severos apareceram em maior quantidade em todos os casos, em teores de umidade mais baixos, mesmo tendo-se usado rotaes de cilindro mais baixas. Os resultados mostram que, para rotaes do cilindro debulhador entre 400 e 550 rpm e gros com umidade entre 14 e 20%, o percentual de danos foi em torno de 25%, considerando a colhedora automotriz. J no caso da colhedora acoplada ao trator, mais de 50% dos gros apresentaram esse tipo de dano em todas as situaes. A velocidade de trabalho recomendada para uma colhedora determinada em funo da produtividade da cultura do milho, por causa da capacidade admissvel de manusear toda a massa que colhida junto com o gro. A faixa de velocidade de trabalho varia de 4 a 6 km/h, mas em colheita, o trabalho medido em toneladas/hora. Portanto, ao tomar a deciso de aumentar ou diminuir a velocidade, no se deve preocupar com a capacidade de trabalho da colhedora em hectares/hora, mas verificar se os nveis tolerveis de perdas de 1,5 sacos/ha para o milho esto sendo obtidos. Existem quatro tipos de perdas: Pr-colheita - O primeiro tipo de perda ocorre no campo sem nenhuma interveno da mquina de colheita e deve ser avaliada antes de iniciar a colheita mecnica. Essa avaliao, tem, tambm, o objetivo de saber se uma cultivar apresenta ou no problemas de quebramento excessivo de colmo, se adaptada ou no para colheita mecnica. Plataforma - As perdas de espigas na plataforma so as que causam maior preocupao, uma vez que apresentam efeito significativo sobre a perda total. Podem ter sua origem na regulagem da mquina de colheita, mas, de maneira geral, esto relacionadas com: a adaptabilidade da cultivar colhedora (uniformidade da altura da insero de espiga, altura de insero de espiga, porcentagem de acamamento de plantas, porcentagem deGrandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel

quebramento de plantas); o nmero de linhas das semeadoras, que dever ser igual ou mltiplo do nmero de bocas da plataforma de colheita, e parmetros inerentes mquina de colheita (velocidade de deslocamento, altura da plataforma, regulagem das chapas de bloqueio da espiga e regulagem do espaamento entre bocas). Gro soltos - As perdas de gros soltos (rolo espigador e de separao) e de gros no sabugo esto relacionadas com a regulagem da mquina. O rolo espigador, geralmente no final da linha, recebe um fluxo menor de plantas e, com isso, debulha um pouco a espiga, ou ento a chapa de bloqueio est um pouco aberta e/ou com espigas menores que o padro, entrando em contato com o rolo espigador. As perdas por separao so ocasionadas quando ocorre sobrecarga no saca-palha, peneiras superior ou inferior um pouco fechadas, ventilador com rotao excessiva, sujeira nas peneiras. Gros nos sabugos - Esse tipo de perda ocorre em funo da regulagem do cilindro e cncavo e apresenta, como possveis causas, a quebra do sabugo antes da debulha, grande folga entre cilindro e cncavo, velocidade elevada de avano, baixa velocidade do cilindro debulhador, barras do cilindro tortas ou avariadas, cncavo torto e existncia de muito espao entre as barras do cncavo. Nos teores de umidade mais altos, testes indicaram que a perda de gros no sabugo foi o que mais contribuiu para o aumento da perda total. Por isso, rotaes mais altas (600 a 800 rpm) so mais indicadas. Nos teores de umidade mais baixos, a perda de espigas, aps a colheita, foi a maior responsvel pelas perdas totais, e a rotao mais indicada est na faixa de 400 a 600 rpm. A secagem natural do milho no campo traz benefcios no sentido de economizar energia na secagem artificial, mas, medida que o milho seca, diminui a concorrncia com as plantas daninhas, aumentando a incidncias destas. Este fato traz inmeros problemas para a operao de colheita mecnica, como, por exemplo, o embuchamento das colhedoras com plantas daninhas, impedindo que as mquinas tenham bom desempenho.

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9. Secagem e Armazenamento O tipo de armazenamento ideal funo da necessidade de armazenar gro ou espiga de milho. Alm disso, o nvel tecnolgico do armazenamento ser estabelecido de acordo com o volume a ser armazenado e a disponibilidade de recursos para a construo e para os equipamentos que constituiro a unidade armazenadora. Caso se queira armazenar gros, estes podem ser armazenados a granel, em silos, ou a granel ou em sacarias, em armazns. Caso se queira armazenar espigas, estas podem ser armazenadas em paiol ou ensacadas em armazm. Hoje em dia, em geral, o armazenamento de gros, porm o milho produzido em pequenas propriedades, com reduzidos nveis tecnolgicos, ainda podem ser armazenados em espigas. A qualidade do milho armazenado, bem como as perdas na colheita e pscolheita, dependente de vrios fatores como cultivar, poca de colheita, regio de cultivo e da regulagem das mquinas colheitadeiras. 1. Fatores pr-colheita 1.1. Cultivar 1.2. Secagem natural no campo 1.3. Condies climticas 1.4. Ponto de colheita 1.5. Tipo de colheita 2. Limpeza

3. Armazenamento a granel

3.1. Silo areo 3.2. Silo subterrneo 3.3. Sistema hermtico

4. Armazenamento em sacaria

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5. Armazenamento de espigas

5.1. Paiol aberto 5.2. Paiol fechado 5.3. Armazm

10. Mercado e Comercializao A produo de milho no Brasil, juntamente com a soja, contribui com cerca de 80% da produo de gros no Brasil. A diferena entre as duas culturas est no fato que soja tem liquidez imediata, dada as suas caracterstica de commodity no mercado internacional, enquanto que milho tem sua produo voltada para abastecimento interno. Apesar disto, o milho tem evoludo como cultura comercial apresentando, nos ltimos vinte e oito ano, taxas de crescimento da produo de 3,0% ao ano e da rea cultivada de 0,4% ao ano. Os nveis de produtividade mdia por estados so melhores na regio Centro-Sul do Brasil. Destaca-se o estado de Gois que nos ltimos quatro anos teve produtividades mdias altas, superiores aos estados da regio sul. O estado de Gois tem se caracterizado por produzir milho em reas grandes, com uso de tecnologias modernas e sementes de alta qualidade e potencialidade, o que favorece ao crescimento da produtividade daquele estado. Outro fator que tem impulsionado o crescimento de milho na regio CentroOeste, e em especial no estado de Gois, a ampliao do parque industrial, em direo regio de cerrado, que utiliza milho como insumo. Por outro lado, o uso da cultura de milho no sistema de cultivo de PLANTIO DIRETO tambm tem favorecido os nveis de produo e produtividade nesta regio. Nota-se que os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tem nveis de produtividade mdia semelhantes aos estados do Paran, So Paulo e Santa Catarina. Rio Grande do Sul tem nvel de produtividade inferiores aos Estados acima citado, apesar da cultura de milho ser importante para aquele estado. Talvez isto pode ser explicado pelo aspecto geoclimtico do estado, que nos anos de ocorrncia de veranicos h, freqentemente, reduo na produtividade das lavouras de milho.Grandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel

A segunda safra de milho foi introduzida pelos agricultores com o objetivo de se ter mais uma opo de cultivo para o perodo de inverno. Em alguns estados ela se tornou to importante que substituiu quase que completamente o cultivo do trigo. Dois fatores foram importantes para que isto acontecesse. O primeiro esta relacionado a necessidades tcnicas de rotao de cultura com soja, porm com a vantagem de se reduzir o tempo entre safras de vero, e de produo de cobertura morta para solo no sistema de plantio direto, assim, o milho safrinha, na maioria das vezes, passou a ser plantado em sucesso soja logo aps a colheita desta. O segundo diz respeito crescente presso de demanda por milho, principalmente no perodo de "entressafra", causando, consequentemente, elevao dos preos deste gros nesse perodo. Com o aumento da importncia da soja no mercado internacional, esta passou a disputar com o milho, reas para cultivo de vero, levando mais produtores a optarem pelo cultivo da soja no vero e do milho na segunda safra. A produo brasileira de milho em gros tem dois destinos. Primeiro, o consumo no estabelecimento rural, refere-se aquela parcela do milho que produzida e consumida no prprio estabelecimento, destinando-se ao consumo animal em sua maior parte e ao consumo humano. Segundo a oferta do produto no mercado consumidor, onde tem-se fluxos de comercializao direcionados para fbricas de raes, indstrias qumicas, mercado de consumo in natura e exportaes, quando o caso. Segundo dados do censo agropecurio de 1996 (IBGE, 1996), 24,93% da produo de milho consumido na propriedade, sendo que 60,54% dos estabelecimentos realizam esta prtica. Ainda so estocados no estabelecimentos 6,32 % da produo em 6,63% dos estabelecimentos que produzem este gro. No se pode afirmar que a produo estocada na propriedade toda consumida internamente, nem que toda comercializada, mas pode-se dizer que este milho estocado participam dos dois tipo de destino da produo. Por outro lado, 68,75% da produo de milho comercializada, com fluxos direcionado s vendas para cooperativas, indstrias, intermedirios e diretamente aos consumidores. Apenas 32,83% dos estabelecimentos comercializam sua produo (veja tabela).

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Tabela 5. Destino da Produo de Milho em Gros. Censo Agropecurio do IBGE de 1996. Destino da Produo Consumo no Estabelecimento Estocada no Estabelecimento Comercializada Cooperativa Indstria Intermedirio Direto ao Consumidor Produo % 24,93 6,32 68,75 20,04 13,41 31,50 3,80 Nmero de Estabelecimentos % 60,54 6,63 32,13 3,40 0,71 24,80 3,72 Produtividade Kg/ha 1.660 2.166 2.914 3.480 3.817 2.469 2.427

Relacionando o tamanho das propriedades com o consumo nos estabelecimento agropecurios, censo agropecurio de 1996, indicam que cerca de 67 % das propriedades esto relacionadas com o consumo do milho internamente, 31,25 % da produo de milho, sem a preocupao com o mercado, enquanto que 68,75% da produo de milho destinada ao mercado, por diferentes meios. Pode-se concluir que a produo de milho no destinadas ao mercado realizado em pequenas reas cultivadas, e na sua maioria destinada ao consumo de subsistncia. Observa-se que neste tipo de propriedade encontram-se os menores ndices de produtividade, 1660 kg/ha, entre os dados analisados, o que um indicativo de baixo nvel tecnolgico. Na anlise de dados da produo de milho destinado ao mercado, alguns pontos devem ser destacados. Um deles a importncia do intermedirio como agente de comercializao, que ainda muito grande no mercado de milho. Conforme constatado no censo de 1996, indicado que os intermedirios movimentavam a comercializao do maior volume de milho transacionveis no mercado, 31,50 % da produo nacional, porm os estabelecimentos que usam este meio para venda das suas produes tem produtividade mdia baixa, quando comparada com os estabelecimentos que usam as cooperativas e indstrias para escoar suas produes. Alm disso, destaca-se que em 56,78% da rea cultivada com milho a produo destinada ao mercado, isso revela que a cultura comercial feita em grandes reas e so mais tecnificadas, com produtividade mdias em torno de 5.000 a 7.000 kg/ha, bem acima da mdia nacional, que foi 2.406 kg/ha no perodo analisado. O mercado de milho no Brasil depende da demanda do milho para a indstria de rao animal. Para se saber o tamanho deste mercado, a CONAB faz um balano anual de oferta e demanda de milho, onde so calculados variveis relacionadas com consumo

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interno, produo, comrcio externo e estoques de milho. Estas informaes tambm so usadas pelo mercado para estabelecimento dos preos, e pelos produtores de insumos para planejarem a produo do ano seguinte. Porm, devido ao alto percentual da produo estocada nas propriedades, as estimativas tem que ser revistas constantemente. Apesar do Brasil no ter tradio de exportador e importador de milho em gros, sempre se pensou nesse pas com potencial para participar do mercado externo, porm este potencial s pde ser sentido nos anos de 2001 e 2002 quando as participaes brasileira no mercado mundial, foram de 8% e 2%, para esses anos respectivamente. Alguns fatores contriburam para essa mudana. O primeiro, a super safra de milho colhida no Brasil no ano de 2001, que agravou a situao de queda dos preos iniciada no ano anterior, favoreceu aos produtores a busca de opes de mercados diferentes para escoar a produo. O segundo, a cotao do milho no mercado externo estavam mais que compensadores para a busca de mercado em outros pases. E finalmente, a proibio de produzir milho transgnico (Bt ou RR) no pas atraiu compradores de pases que tem legislao mais rgida com respeito ao uso destes produtos e que possuem um mercado mais exigente com respeito aos produtos que iro consumir. Estes fatores fizeram com que o Brasil passasse de uma mera participao de 0,01% no comrcio exterior de milho, para cerca de 8% deste mercado. No ano seguinte, esta participao caiu para 2%, Essa queda resultado da retrao da oferta de milho no mercado interno causada pelo crescimento da produo de soja. Seguindo a tendncia mundial onde a alimentao animal consome 70% do milho produzido , o Brasil tem nesse segmento o seu grande mercado de milho com variao de 70% a 80% da demanda interna. No consumo de milho destinado produo de rao, estima-se que 51% deste total direcionado ao setor avcola; 33% suinocultura; 11% pecuria, principalmente a de leite, (a produo de leite crescente em Gois regio onde h disponibilidade de matria prima para rao na poca seca do ano); e 5% usado para fazer rao para os outros animais.

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A indstria moageira se divide em dois grande grupos. O grupo de moagem a mido, que produzem subprodutos do milho com alto valor agregado e geralmente destinados a reprocessamento por parte de outra indstria e o grupo de moagem a seco que geram produtos de baixa elasticidade renda, geralmente produtos destinado ao consumo humano. Deste dois grupos o de moagem a seco o que consome maior percentual de milho e que tambm gera maior nmero de subprodutos. 11. Pragas e Doenas Apresentao no PowerPoint

VdeoCampanha para aumento da produtividade do milho O Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento a Embrapa e a cadeia produtiva esto empenhados em aumentar os ndices de produtividade do milho no Brasil, essa uma forma de compensar uma provvel reduo da rea plantada de milho na safra de vero. Para tanto, lanam uma campanha informativa, a idia oferecer toda orientao necessria aos produtores, para que eles possam produzir mais e com mais lucro, por meio de um plantio eficiente, fornecendo orientaes seguras, tais como: poca de plantio; escolha da semente adequada; densidade e espaamento e fertilidade do solo, controle de pragas e ervas daninhas. Com essa campanha o Ministrio espera elevar a produtividade do milho, sem aumentar os custos de produo.

Referncias BibliogrficasDourado Neto, D.; Fancelli, A.L. Produo de Milho. 2ed. Guaba: Agropecuria, 2004. 360p.

Sites ConsultadosCompanhia Nacional de Abastecimento Conab - http://www.conab.gov.br Embrapa Informao Tecnolgica - http://www.sct.embrapa.br Embrapa Milho e Sorgo - http://www.cnpms.embrapa.br Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE - http://www.ibge.gov.br Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - MAPA http://www.agricultura.gov.brGrandes Culturas Professor Fbio de Lima Gurgel