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A CONTABILIDADE NA ERA DIGITAL Trabalho desenvolvido pela Domingos Salvador Gestão, Contabilidade & Consultoria para o Congresso Internacional de Contabilidade e Auditoria

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A CONTABILIDADE

NA ERA DIGITAL

Trabalho desenvolvido pela Domingos Salvador – Gestão, Contabilidade & Consultoria

para o Congresso Internacional de Contabilidade e Auditoria

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A CONTABILIDADE NA ERA DIGITAL

2019

Domingos Salvador – Contabilidade, Gestão & Consultoria

Autores:

Ângela Silva

Bruno Silva

Levi Leite

Mafalda Lopes

Autor de contacto:

[email protected]

Keywords: Contabilidade, era digital, digitalização, competências

Os autores autorizam a publicação deste trabalho no livro de atas do XVIII CICA, em

formato digital e pretendemos apresentar esta comunicação com discussant.

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Índice

Resumo. ....................................................................................................................................................... 3

A Contabilidade e a sua narrativa histórica ............................................................................................. 4

A Contabilidade na História ..................................................................................................................... 4

A força da narrativa da palavra Contabilidade ......................................................................................... 7

A Era Digital ............................................................................................................................................... 8

O Aparecimento das TIC ......................................................................................................................... 8

A Era Digital: o espelho da 4ª Revolução Industrial ................................................................................ 9

A Contabilidade na Era Digital ............................................................................................................... 11

O Contabilista na Era Digital ................................................................................................................. 15

Pontos positivos da Contabilidade na era Digital ................................................................................... 19

Desafios da Contabilidade na Era Digital .............................................................................................. 20

As Competências que o Contabilista Moderno deve desenvolver ........................................................ 21

A Visão da Domingos Salvador ® ........................................................................................................... 22

Conclusão .................................................................................................................................................. 24

Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 25

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Resumo: Neste trabalho pretendemos explorar o desenvolvimento da Contabilidade até

à era digital, com enfoque na 4ª Revolução Industrial, investigando, para isso, a

Contabilidade na história e a narrativa da palavra Contabilidade. Posteriormente,

analisaremos o enlace entre a tecnologia e a Contabilidade, que resulta num novo

paradigma de trabalho do Contabilista, assim como, na integração da Contabilidade como

ferramenta fundamental para a gestão de nível estratégico. Com isto, desejámos

compreender quais as maiores preocupações dos Contabilistas com esta introdução da

tecnologia no seu trabalho diário, quais as vantagens desta nova parceria, quais os papéis

que o Contabilista moderno assume atualmente e, consequentemente, quais as

competências que deve procurar desenvolver. Portanto, este é um trabalho que pretende

alertar para a nova realidade e para uma nova relação entre o Contabilista e os sujeitos

passivos, evidenciando cada vez mais o seu papel fundamental na saúde financeira da

empresa.

Abstract: In this work we intend to explore the development of accounting until the

digital era, focusing on the 4th Industrial Revolution, investigating, for that purpose the

accounting in History and the narrative of the word Accounting. Later, we will analyze

the link between technology and accounting, which results in a new working paradigm of

the Accountant, as well as, the integration of Accounting as a fundamental tool for

strategic level management. With this in mind, we want to understand what the

accountants' biggest concerns are with this introduction of technology in their day-to-day

work, what are the advantages of this new partnership, what roles the modern accountant

currently plays, and, consequently, what competencies to pursue. Therefore, this is a work

that aims to alert for the new reality, and to a new relationship between the accountant

and the taxpayers, showing more and more their fundamental role in the company’s

financial health.

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A Contabilidade e a sua narrativa histórica

A Contabilidade na História

Na verdade, o aparecimento da Contabilidade interlaça-se com a história da própria

humanidade, dado que recentes trabalhos arqueológicos recuperaram vestígios da

utilização de métodos contabilísticos, obviamente rudimentares, na época pré-histórica,

durante o período Mesolítico (10.000 a 5.000 A.C.), tal como relata Santos et al. (2007,

p. 20): “É possível falar-se de arqueologia da Contabilidade, pois os vestígios

encontrados de sistemas contabilísticos são produto do estudo cientifico de restos de

culturas humanas derivadas de conhecimentos desenvolvidos em tempos pré-históricos”.

No mesmo sentido, para Ludícibus (2000), a Contabilidade é tão antiga quanto a origem

do homem pensador. Historiadores remontam os primeiros sinais da existência de contas

aproximadamente há 4.000 anos A.C. (Augusto, Braga and Kruklis, 2007).

A Contabilidade no início da civilização era uma ferramenta utilizada para avaliar as

variações da riqueza do homem, ou seja, os acréscimos ou decréscimos de determinado

período. Aliás, o homem primitivo, ao começar a sua jornada no desenvolvimento de

ferramentas de caça e pesca, ao contar o seu rebanho e controlar os seus bens, já estava a

contabilizar de forma muito rudimentar. No entanto, com o acumular dos bens, o homem

primitivo teve que registar essas informações através de imagens e pinturas para

contabilizar o seu património (Augusto, Braga and Kruklis, 2007).

Tabela 1. O Desenvolvimento da Contabilidade na História

8.000 A.C.

Fichas de barro de diversos formatos para controlo de stock e

fluxo de produtos e serviços agrícolas.

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3.250 A.C.

Desenvolvimento do esquema de garantia, com o selo sobre os

envelopes de barro para proteger as fichas de Contabilidade e

sistema de amarras de garantia para salvaguardar as fichas

perfuradas.

3.100 A 3.000 A.C.

Criação dos primeiros pictográficos com incisões feitas em

pedras moles.

1.202

Em Itália foi publicado o livro “Liber Abacì” de Leonardo

Pisano. Foi um período de grandes descobertas para o mundo,

assim como, para a Contabilidade.

1.809 Em Itália, a Contabilidade chega à universidade.

1.920

Inicia-se a fase de predominância norte-americana relativamente

à Contabilidade.

Observa-se que, à medida que o homem foi evoluindo relativamente a conhecimentos

comerciais e financeiros, a Contabilidade foi adquirindo espaço e tornou-se numa ciência

(Augusto, Braga and Kruklis, 2007).

Segundo Hendriksen e Van Breda (1999), a Contabilidade trata de dar uma resposta às

mudanças de necessidades na sociedade e no ambiente, nomeadamente no que reporta às

necessidades de informações sobre a sociedade em relação ao património.

No processo de criação de informações, a Contabilidade obtém dados por intermédio de

documentos, sintetiza-os e apresenta aos seus usuários, na forma de documentos de

Contabilidade, ou de relatórios financeiros. Na opinião da Domingos Salvador ® esta é

uma definição um pouco redundante, também fruto da época em que foi desenvolvida,

sendo que com a introdução da 4RI (4ª Revolução Industrial) nas mais diversas

atividades, a Contabilidade ganhou espaço para posicionar-se cada vez mais como uma

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ferramenta de suporte imprescindível ao nível da gestão estratégica, lendo os números e

descobrindo possibilidades para caminhos novos e estratégias visionárias.

Avançando um pouco no tempo, a definição altera-se um pouco: Cirbaccione Jr. (2012)

explica que a Contabilidade deve dar apoio à decisão dos gestores, com informações que

sejam pertinentes e oportunas, obtidas com base na adequada mensuração dos eventos

contabilísticos que venham a impactar no património (Câmara, Sousa and Santos, 2017).

Paralelamente, a Contabilidade é nomeada como uma Ciência Social, em que não se

limita apenas a observar, porém explicar, uma vez que, com o passar dos anos

reconheceu-se que o foco não era apenas o registo e controlo de património. É de salientar

que a Contabilidade se tornou uma ciência social, dado que, as informações produzidas

são estudadas, analisadas e interpretadas pelo Contabilista, que desta forma irá auxiliar

as pessoas jurídicas, com o objetivo de encontrar respostas, evitar problemas e extrair

soluções (Augusto, Braga and Kruklis, 2007).

Nesta instância, a Domingos Salvador ® concorda com a definição, mas acredita que se

poderá alargar o seu campo, reforçando a importância e a intervenção crucial que a

Contabilidade deve possuir, propondo a seguinte definição de Contabilidade:

A Contabilidade define-se por processos regularizados, legais e estandardizados de

análise de alterações contabilísticas, financeiras e económicas que afetem o património

de um sujeito passivo. Essas alterações são entregues ao interessado em formato de

relatório contabilístico ou relatório financeiro. Todavia, depois da produção da

informação contabilístico-financeira, esses números e resultados deverão ser

compreendidos, discutidos e utilizados para a tomada de decisão ao nível da gestão

estratégica. O papel da Contabilidade é o de relatar, informar e, principalmente, educar e

visionar.

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A força da narrativa da palavra Contabilidade

As palavras têm história (Long, 2001 in Quattrone, 2016). Assim, as palavras ligadas à

Contabilidade têm uma longa história também (Quattrone, 2016). Por exemplo, a palavra

“Inventário” descende do latim “inventio” (Goody, 1996 in Quattrone, 2016), isto é: o

processo de desenvolver e refinar o argumento de alguém (Quattrone, 2016). Analisada

esta etimologia, é percetível a força da palavra Contabilidade e a sua natureza narrativa

(Carruthers and Espeland, 1991 in Quattrone, 2016), que convence os utilizadores que

uma determinada estratégia é a correta. Na mesma perspetiva narrativa, esta força

proporciona aos Contabilistas a possibilidade de imaginar e visualizar diversas estratégias

e construir diferentes planos de ação a partir dos quais o gestor ou cliente deve escolher,

tornando, assim, os utilizadores entusiasmados e envolvidos por este poder imaginativo

(Busco and Quattrone, 2015 in Quattrone, 2016). Portanto, importa sublinhar que a

Contabilidade não pode ser uma “máquina de resposta”, mas sim um instrumento que

auxilia decisões através de cálculos e que prepara o campo para ações de comunicação

que levarão a decisões de gestão (Quattrone, 2016).

Pietra define que os “números” são “figuras” e, portanto, são imagens visuais que

contribuem para essa composição e reinvenção das visões, estratégias e racionalidades.

No entanto, Quattrone acredita que este é um conceito quase esquecido (Quattrone, 2016).

Por isso, recomenda que os números e as figuras sejam ouvidos, discutidos e percebidos,

porque os números, assim como os factos, não falam por si próprios. Da mesma forma, a

Domingos Salvador ® reitera o facto de que a Contabilidade tem uma narrativa para ser

explorada e discutida, cada vez mais e devido à introdução de TIC (Tecnologias da

Informação e Comunicação) e programas informáticos que facilitam o processo diário de

trabalho.

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“La contabilità è a posto, Eccellenza’. Era la parola magica.”

(Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Il Gattopardo, 1958, p. 47

“A Contabilidade está em ordem, Excelência”. Estas eram as palavras mágicas ".

A Era Digital

O Aparecimento das TIC

Anteriormente à 4ª Revolução Industrial (4RI), precedeu-se o aparecimento das TIC, que

vieram transformar a realidade da Contabilidade. A Contabilidade deixou de ser manual

para ser computorizada, assim como a comunicação com as entidades reguladoras e os

clientes, passou a ser maioritariamente informatizada. Portanto, as TIC acrescentaram

rapidez ao processo contabilístico.

Na verdade, o investimento em ferramentas tecnológicas de cunho informacional faz-se

necessário para que os processos de tomada de decisão sejam compatíveis com os

objetivos empresariais (Moraes et al., 2018).

Como tal, Andrade (2012) afirmou que as TIC vêm contribuir juntamente com as

organizações na pesquisa pela eficiência através da melhoria dos fluxos de informação,

aprimoramento dos processos internos, redução dos custos e aperfeiçoamento dos

sistemas de controlo (Câmara, Sousa and Santos, 2017).

Por sua vez, as TI (Tecnologias da Informação) envolvem o uso de computadores,

tecnologias de comunicação, hardwares e serviços. Embora, no passado, as TI fossem

utilizadas apenas para controlar custos de produção em empresas industriais, atualmente,

possibilitam a integração ao nível mundial através da elaboração de diversas estratégias

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e novas formas de relacionamento entre as empresas e os seus clientes. Compreende-se,

então que as TI visam o aumento da produtividade, bem como a melhoria da tomada de

decisões por parte dos gestores (Moraes et al., 2018).

Nesse sentido, as tecnologias da informação têm desenvolvido instrumentos específicos

para uso na Contabilidade, proporcionando redução de custos e inovando relativamente à

utilização de programas que facilitem a integração de sistemas, gerando assim a

possibilidade de melhorar o desempenho das atividades contabilísticas, através da criação

de soluções práticas, reais e inovadoras (Carvalho and Gomes, 2018).

Consequentemente, as mudanças nas empresas provocadas pelas TI observam-se através

do desenvolvimento de novos processos e instrumentos que atingem e modificam por

completo a estrutura e o comportamento das organizações, que se repercutem diretamente

na sua gestão. Desta forma, as TI possibilitam a melhoria de processos, reduzem o tempo

e espaço, integram unidades de negócios e desenvolvem novos perfis de gestão. Por estes

motivos, ressalva-se a importância de existir sinergia entre o planeamento estratégico e

as TI nas organizações (Moraes et al., 2018).

Portanto, as TIC acrescentaram um novo paradigma na Contabilidade, possibilitando uma

maior eficácia, melhor comunicação e maior rapidez.

A Era Digital: o espelho da 4ª Revolução Industrial

A necessidade de dar informações cada vez mais precisas e em tempo cada vez mais

diminuto, fez com que as TI se tornassem uma ferramenta imprescindível na

Contabilidade (Carvalho and Gomes, 2018).

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Conforme a publicação no site Mundo Educação (2013) a era da informação digital ou

era digital são termos normalmente utilizados para designar os avanços tecnológicos

advindos da 3ª Revolução Industrial e que se refletiram na disseminação de um

ciberespaço, um meio de comunicação instrumentalizado pela informática e internet

(Carvalho and Gomes, 2018).

No entanto, a grande mudança dá-se com a 4RI: com o aparecimento das tecnologias

modernas, o ambiente de negócios em todo o mundo alterou-se.

A indústria tecnológica rompeu na 4RI, nos anos 90, com o lançamento de softwares de

Contabilidade para computadores, como Quickbooks, Financio, SQL Account, entre

outros (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

A rápida evolução da tecnologia na 4RI, permitiu o desenvolvimento de drivers positivos

para muitos tipos de atividades. Além disso, a 4RI quebra a rotina na vida das pessoas,

incluindo os estilos de trabalho a que estavam habituados, e as unidades de negócios não

são exceção, também estas ficam alteradas. Digilina (2019) reitera que a tecnologia

fornece uma ampla potencialidade para a realização de negócios (Rasid, Saruchi and

Tamin, 2019). Na verdade, atualmente, nenhum aspeto dos negócios permanece intocado

pelas tecnologias digitais (Bhimani and Willcocks, 2014).

Os desenvolvimentos na digitalização, software e poder de processamento e a explosão

de dados que os acompanha criam alterações, dilemas e possibilidades significativas para

as empresas e suas funções financeiras (Bhimani and Willcocks, 2014) .

Os dados produzidos globalmente duplicam a cada 18 meses, com o volume de dados

processados pelas organizações expandindo de 35 a 50% ao ano. É provável que nos

próximos 10 anos haja uma aceleração significativa dessas tendências (Manyika et al.

2011 in Bhimani and Willcocks, 2014).

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As principais tecnologias que afetam os negócios atuais incluem tecnologias móveis,

redes sociais, computação em nuvem e “Big Data” (Bhimani and Willcocks, 2014).

Zainuddin (2016) refere, ainda, que as empresas são amplamente afetadas pelo 4RI

através da mudança de comportamento e expectativas do consumidor e mudanças no

contexto organizacional (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

Como tal, apenas podemos prever que o setor de Contabilidade vá ser largamente afetado,

assim como a profissão de Contabilista.

A Contabilidade na Era Digital

A função financeira está sendo profundamente afetada pelo advento das tecnologias

digitais (Bhimani and Willcocks, 2014).

Segundo Shepherd (2004) a era digital é caracterizada por tecnologias que aumentam a

velocidade e a amplitude da troca de informações dentro da economia e da sociedade

(Siew Yee, Sharoja Sapiei and Abdullah, 2018).

Para Borges e Miranda (2011), TI têm revolucionado e mudado a rotina da Contabilidade

há décadas, proporcionando melhorias na operacionalização dos serviços e no

atendimento aos clientes (Oliveira, 2018).

O rápido desenvolvimento das tecnologias e meios de comunicação, levou grande parte

das profissões a uma corrida contra a obsolescência (Cardoso and Costa, 2017), sendo

que, a área da Contabilidade não foi exceção.

Damasiotis (2015) declara que nos desenvolvimentos tecnológicos da 4RI, o Contabilista

que é um dos pilares das empresas também se transformou, tornando a Contabilidade de

manual para Contabilidade cada vez mais informatizada.

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Através da tecnologia, um sistema mais eficiente também será construído, o que significa

que os Contabilistas terão mais tempo para aumentar a sua rentabilidade e a dos seus

clientes, e dará também mais tempo para responder às necessidades reais dos clientes,

agregando-lhes, assim, valor acrescentado (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

Existem mudanças inerentes no papel da prestação de informações financeiras, dada a

ampla difusão de informações em combinação com novos formulários de TI para a sua

coleta e análise. Smith e Payne (2011) observam que as atividades das funções

financeiras, como Contabilidade, conformidade, gestão e controlo, estratégia e risco,

financiamento e recursos, enfrentam desafios e tensões hoje em dia nos ambientes

organizacionais (Bhimani and Willcocks, 2014).

Na verdade, com o decorrer dos anos, a Contabilidade tem sofrido constantes mutações,

não apenas legais e fiscais, mas sim no seu teor mais prático. De facto, esta evolução

advém da necessidade do mercado em receber informações cada vez mais detalhadas e

úteis para a tomada de decisões a nível estratégico (Lemos, da Silveira and Parmagnani,

2013).

Portanto, observamos como os desenvolvimentos relativamente a dados, informações e

tecnologia estão a tornar-se tão extensos que uma mudança fundamental na Contabilidade

está a ocorrer em bastantes organizações e, portanto, a reavaliação de uma possível

mudança na apresentação das informações financeiras é vista como desejável (Bhimani

and Willcocks, 2014).

Na economia digital moderna, novas formas de informação podem alterar algumas

atividades estratégicas que reconfigurarão as formas organizacionais. O que é

considerado inteligência financeira desenvolverá interdependências com a postura

estratégica e a estruturação da empresa (Bhimani and Willcocks, 2014).

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No passado, as empresas projetaram sistemas de Contabilidade para produzir informações

formais que os usuários de sistemas implantam intencionalmente para entender como as

transações económicas revelam informações sobre os tipos e tendências de compras dos

consumidores. Agora, percebe-se que as informações que os sistemas de informação

descartaram tradicionalmente devido à falta de um vínculo direto com as transações

económicas podem ter significativa relevância e utilidade como fonte de inteligência de

negócios para as empresas (Bhimani and Bromwich 2009, Bhimani 2013 in Bhimani and

Willcocks, 2014).

Da mesma forma, o rápido aumento da computação em nuvem possibilita a convergência

de uma variedade de tecnologias para executar e criar formas de outsourcing através de

aplicações, serviços e infraestrutura pela Internet que poderão afetar o potencial de

prestação de informações contabilísticas nas empresas (Bhimani and Willcocks, 2014).

Esta transformação também surgiu no seguimento de uma necessidade de adaptação à

nova realidade, ou seja, à imperatividade em prestar informações cada vez mais precisas

e em tempo cada vez mais diminuto o que fez com que a tecnologia da informação se

tornasse uma ferramenta imprescindível no exercício da Contabilidade (Câmara, Sousa

and Santos, 2017). Consequentemente, a mudança do papel do Contabilista é iminente

(Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

A importância de aproveitar a “business intelligence” está a aumentar rapidamente.

Reconhecer o valor da “Big Data” e desenvolver a capacidade de aplicar técnicas de

análise de dados é, para muitas empresas, essencial, permitindo assim, que os executivos

acedam a informações empíricas, estruturadas e não estruturadas, relacionadas com as

tendências do mercado e com o comportamento do cliente (Bhimani and Willcocks,

2014).

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Com sistemas ERP (Planeamento de Recursos Empresariais) e poderosas ferramentas de

análise de negócios que fornecem às empresas a capacidade de interpretar e analisar

vários tipos de dados (como interno / externo, estruturado / não estruturado e financeiro /

não financeiro), é crucial que os Contabilistas ajustem a sua responsabilidade para ajudar

as empresas a ganhar vantagem competitiva (Nielsen, 2015 in Appelbaum et al., 2017).

Na verdade, a inserção da tecnologia digital na Contabilidade possibilitou a melhoria em

dois elementos importantíssimos: produtividade e eficiência na gestão (Câmara, Sousa

and Santos, 2017).

Skoulding, (2018) e Lamboglia, (2018) relatam que os avanços na tecnologia de nuvem

também são um fator de mudança na Contabilidade (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

Permitem o trabalho móvel e atualizações contínuas de informações, a qualquer hora, em

qualquer lugar do mundo (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

O mundo dos negócios já abraça a revolução digital através de empresas de tecnologia da

informação que utilizam “Big Data” não só para avaliar os clientes, mas também para

prever o seu comportamento e tomar decisões (Quattrone, 2016). Portanto, seguindo o

mesmo pensamento, a Contabilidade poderá também abraçar um lado mais preditivo do

negócio.

Neste contexto de “Big Data” e correlações espúrias, o recurso ao poder visual dos

números à medida que os dígitos aumentam (Davison, 2015) com visualizações que se

tornam cada vez mais convincentes, aumentam ainda mais o poder já persuasivo dos

números contabilísticos, com modelos preditivos para a tomada de decisões e, assim,

limitando o espaço para o julgamento errado (Quattrone, 2016).

Cokins (2013) destaca sete tendências que ocorrem atualmente na Contabilidade

(Appelbaum et al., 2017):

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(1) A rentabilidade do cliente e redireccionamento de produtos certos para o canal certo;

(2) O papel crescente da Contabilidade na gestão de desempenho corporativo ERP;

(3) A mudança para a Contabilidade preditiva;

(4) A análise de negócios incorporada nos métodos de ERP;

(5) Métodos de Contabilidade aprimorados;

(6) A gestão das tecnologias da informação e serviços compartilhados;

(7) A necessidade de melhores aptidões e competências na gestão comportamental de

custos.

Em resumo, a Contabilidade ampliou o seu domínio dos relatórios financeiros

convencionais, para também incluir a medição de desempenho e a tomada de decisões

estratégicas (Appelbaum et al., 2017).

O Contabilista na Era Digital

Verifica-se que em grandes empresas existia um departamento de Contabilidade enorme,

uma vez que açambarcava as funções de classificar, lançar, conciliar, entre outros. Porém,

atualmente, todo este processo se simplificou, uma vez que, são funções que são

informatizadas com grande facilidade. Desta forma, o Contabilista está mais liberto para

outras funções (Lemos, da Silveira and Parmagnani, 2013).

A natureza da responsabilidade dos Contabilistas está a evoluir, passando de um simples

relato de valor histórico agregado, para a inclusão da medição do desempenho

organizacional, fornecendo à gerência informações de apoio à decisão. Tanto os sistemas

de informações corporativas, como os sistemas de planeamento de recursos empresariais

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ERP, forneceram aos Contabilistas maior poder de armazenamento de dados e maior

poder computacional. Com a “Big Data” extraída de fontes de dados internas e externas,

os Contabilistas podem, agora, utilizar técnicas de análise de dados para responder às

perguntas, incluindo: o que aconteceu (análise descritiva), o que acontecerá (análise

preditiva) e qual é a solução otimizada (análise prescritiva). No entanto, pesquisas

mostram que a natureza e o escopo da Contabilidade pouco mudou e que os Contabilistas

empregam principalmente análises descritivas, algumas analíticas preditivas e um

mínimo de análises prescritivas (Appelbaum et al., 2017).

Portanto, o papel da Contabilidade tornou-se mais extenso, passou do simples relato

histórico ao relato preditivo na estruturação das estratégias e operações de uma empresa

(Cokins, 2013), a fim de habituar-se ao desenvolvimento exponencial da tecnologia no

ambiente de negócios. Como apontado por Tuanmat e Smith (2011), os métodos

contabilísticos tradicionais estão-se a tornar cada vez mais irrelevantes para sustentar um

negócio atual.

Nesse sentido, o papel dos Contabilistas mudou significativamente.

Rowelaar (2018) relata que a tarefa do Contabilista deixa de estar sucintamente ligada à

análise de números, começando a ser visto como uma personagem vital nas decisões de

gestão, ao fornecer informações contabilístico-financeiras e operacionais aos gerentes,

sublinha Appelbaum (2017). Conforme elucidado por Zaiuddin et al. (2016), no passado,

o financiamento era focado apenas no custo, mas atualmente valoriza-se a criação de valor

e a sua preservação. A tecnologia permite, então, que as equipas financeiras executem

três funções importantes simultaneamente: produzir e criar valor, estruturar como será

alcançado e explicar de forma abrangente como poderá ser realizado (Rasid, Saruchi and

Tamin, 2019).

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Atualmente, o Contabilista pode assumir o papel de auditor independente, analista

tributário, consultor e/ou controller. Portanto, afirma-se que o Contabilista consegue

agora abranger um novo leque de possibilidades e competências (Câmara, Sousa and

Santos, 2017).

Os Contabilistas trabalham em quatro grandes vertentes (Brands, 2015).:

o participam na gestão estratégica de custos para alcançar metas de longo prazo;

o implementam controlo de gestão e operacional para medir o desempenho

corporativo;

o planeiam a atividade de custo interno;

o prepararam demonstrações financeiras.

Nesse contexto, a concorrência nos negócios aumentou tangencialmente com o

desenvolvimento da tecnologia, assim como o escopo da Contabilidade também se

expandiu de relatórios de valor histórico para relatórios em tempo real e relatórios

preditivos (Appelbaum et al., 2017).

Na verdade, podemos ir mais longe: a tecnologia, a disponibilidade e sofisticação dos

métodos analíticos e os custos reduzidos de tais avaliações de inteligência apontam hoje

para possíveis novos papéis para os profissionais de finanças como especialistas em

informações. O conteúdo de informações de origem mais ampla nos relatórios de

Contabilidade aponta para a capacidade de usar as informações para alterar a estratégia

corporativa, em vez de simplesmente apoiar as estratégias já pré-definidas (Bhimani and

Willcocks, 2014).

Dessa forma, diferentes opções de gestão de capital são apresentadas em contextos em

que os próprios produtos e processos atuam como coletores e transformadores de

informações. Isso apresenta novas possibilidades para atividades de informações

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contabilísticas, nas quais a função financeira pode se tornar um recetor e avaliador de

informações para análises e decisões em tempo real (Bhimani and Willcocks, 2014).

Embora os sistemas corporativos ofereçam maior eficácia e eficiência às tarefas do

Contabilista, estudos indicam que as técnicas de gestão não mudaram significativamente

(Granlund e Malmi, 2002; Scapens e Jazayeri, 2003). O argumento é que os princípios e

padrões da Contabilidade usados pelas organizações antes da implementação dos sistemas

corporativos não foram alterados. Para fornecer informações mais relevantes e valiosas

para a gerência, os Contabilistas devem utilizar todas as funções do sistema corporativo

(por exemplo, análise descritiva, preditiva e prescritiva de dados; “Big Data” de fontes

internas e externas; informações financeiras e não financeiras), em vez de considerar o

sistema apenas como uma calculadora mais poderosa (Appelbaum et al., 2017).

Com a evolução da tecnologia no mundo das empresas, o Contabilista vê-se forçado a

uma constante atualização sobre assuntos relativos à Contabilidade, ao mercado

financeiro, ao sistema de tributação e à tecnologia que se agrega a todos estes conceitos.

Como tal, é essencial ao Contabilista a capacidade para ser um profissional flexível,

autodidata e preparado para enfrentar e abraçar desafios que se impõem a uma profissão

em constante mutação (Lemos, da Silveira and Parmagnani, 2013).

Portanto, o Contabilista passa e passará por grandes mudanças, e é reconhecida a sua

importância na vida empresarial, pois parou de ser visto apenas como um “guardador de

livros” para se tornar uma peça absolutamente fundamental para as empresas e o seu

sucesso (Câmara, Sousa and Santos, 2017).

Porém, acontece que segundo Quattrone (2016) muitos dos dados financeiros e de gestão

com informações padronizadas, são por vezes, muito caros para serem customizados, o

que resulta na criação de gráficos de contas padronizados, formalizados em códigos

XBRL (open data exchange standard), prontos para serem consumidos, mas nem sempre

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questionados e debatidos. A tecnologia deve e permite este tipo de mudança, para uma

nova abordagem aos dados desenvolvidos.

Posto isto, existem evidências crescentes de casos de Contabilistas que procuram ir mais

além do que as suas tarefas tradicionais desenvolvendo um modelo operacional eficiente

e eficaz para fornecer integridade financeira e orientar decisões sobre as operações da

empresa (Bhimani and Willcocks, 2014).

Pontos positivos da Contabilidade na era Digital

Depois das considerações sobre a era digital e o impacto na Contabilidade e nos

Contabilistas, ponderámos e reunimos os seguintes pontos positivos:

o Melhor visibilidade das ações organizacionais (Quattrone, 2016);

o A distância é reduzida (Quattrone, 2016);

o Conhecimento profundo dos indivíduos através de base de dados (Bhimani and

Willcocks, 2014; Quattrone, 2016);

o Predição de comportamentos e necessidades (Bhimani and Willcocks, 2014;

Quattrone, 2016; Appelbaum et al., 2017);

o Maior disponibilidade do Contabilista para tarefas de análise e elementos

preditivos (Quattrone, 2016; Rasid, Saruchi and Tamin, 2019);

o Diminuição da estrutura de custos internos (Câmara, Sousa and Santos, 2017;

Carvalho and Gomes, 2018; Rasid, Saruchi and Tamin, 2019);

o Possibilidade de trabalhar através de mobile (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019);

o Mais rapidez e precisão na análise do negócio (Câmara, Sousa and Santos, 2017;

Carvalho and Gomes, 2018; Rasid, Saruchi and Tamin, 2019);

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o Acesso à informação em qualquer lugar, a qualquer momento (Rasid, Saruchi and

Tamin, 2019);

o O Contabilista tem mais tempo para aumentar a sua rentabilidade e a do cliente

(Appelbaum et al., 2017; Rasid, Saruchi and Tamin, 2019);

o Melhoria dos fluxos de informação (Câmara, Sousa and Santos, 2017);

o Integração de sistemas (Carvalho and Gomes, 2018);

o Papel evidenciado do Contabilista como parte integrante da gestão estratégica

(Quattrone, 2016; Appelbaum et al., 2017; Carvalho and Gomes, 2018);

o Maior disponibilidade por parte dos Contabilistas para formar e acompanhar os

empresários;

o Maior transparência (Siew Yee, Sharoja Sapiei and Abdullah, 2018);

o Melhor capacidade de resposta à tempestividade da informação.

Desafios da Contabilidade na Era Digital

Depois de evidenciarmos os pontos positivos, considerámos que existem alguns fatores

que representam uma maior preocupação e que, por isso, representam um foco de

obstáculos a ultrapassar.

De acordo com Skoulding (2018), a segurança é um dos principais perigos. Até porque,

segundo (Sanetal, 2019) o número de ataques informáticos cresceu, através de cavalos de

Troia, fishing e criminosos que conseguem acesso a sistemas de informática empresariais

para roubar informações confidenciais e propriedade intelectual (Rasid, Saruchi and

Tamin, 2019).

Quattrone (2016) defende ainda que a incerteza aumentará. Por outro lado, a necessidade

de selecionar entre o oceano de dados e opções aumentará, não diminuirá.

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Os Contabilistas têm mais um desafio que é a formação e experiência. As pessoas

precisam de tempo para explorar a nova tecnologia e, posteriormente, conseguir trabalhar

com as tecnologias de forma correta e facilmente (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019).

As Competências que o Contabilista Moderno deve desenvolver

As rápidas mudanças em todo o ambiente exigem que os Contabilistas personalizem a

sua abordagem em consonância com as mudanças abruptas (Rasid, Saruchi and Tamin,

2019).

Lawson (2017), no seu estudo, considerou que as competências do Contabilista devem

passar por ser criativo e inovador neste momento de mudança, além de ser competente

em análises avançadas de dados, são obrigadas a evoluir para coincidir com a nova

tecnologia, bem como manter a relevância dentro das organizações.

Além disso, Krumwiede (2017) sugeriu que as habilidades que o Contabilista deve

desenvolver são: análise de negócios, programação e visualização de dados (Rasid,

Saruchi and Tamin, 2019).

Nesse sentido, Krumwiede, (2017) aferiu que é vital que os Contabilistas desenvolvam

estas novas competências a partir de agora, possuindo dados e capacidades de

programação, pois estas podem, potencialmente, tornar-se tão cruciais quanto as

competências contabilísticas.

Por outro lado, os Contabilistas deverão sempre garantir que os dados e números

produzidos pela tecnologia estão isentos de erros (Skoulding, 2018).

Portanto, em resumo, e de acordo com os autores supracitados, os Contabilistas devem

desenvolver as seguintes capacidades:

o Programação; o Informática;

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o Leitura de dados informáticos;

o Criatividade;

o Inovação;

o Análise de negócio de forma

preditiva;

o Formação permanente.

A Visão da Domingos Salvador ®

Como organização que pretende manter o lugar demarcado de líder de mercado,

acreditamos na imperatividade de desenvolver uma estratégia inovadora, que possibilite

a adaptação a novas realidades e processos. Realidades essas que estão, cada vez mais, a

mutar-se, no mundo da Contabilidade.

Portanto, o Contabilista deve ser um profissional moldável e sedento de atualização,

formação e conhecimento constante. Assumindo essa perspetiva profissional, o

Contabilista estará apto a crescer em conjunto com o avanço tecnológico, que traz para a

Contabilidade, desafios ímpares, que resultam numa revolução digital.

Esta evolução digital reflete-se na capacidade de transportar tudo aquilo que era

documento físico para digital, possibilitando uma maior eficácia temporal e menor

probabilidade de erro. Para além disso, esta evolução permite alavancar muito mais

informação ao processo contabilístico. Porém, é imperativo otimizar essa informação,

para que a mesma seja trabalhada da forma mais correta e eficaz.

Nesse sentido, compreende-se que assuntos como faturas eletrónicas (sem papel) e o

arquivo digital sejam reflexo desta nova imposição digital, e que serão com certeza uma

realidade bem próxima no dia-a-dia do Contabilista.

Portanto, na nossa empresa, apostamos em formações ao nível técnico e operacional, que

possibilitam a adaptação a estas mudanças.

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Da mesma forma, realçamos a importância de um sistema informático e contabilístico

integrado e coordenado, resultado de uma vontade em anteceder as necessidades dos

clientes e as imperatividades da era digital. Acreditamos que através desse sistema é

alcançada uma uniformização da informação.

Todavia, frisamos que além dos Contabilistas estarem preparados para toda esta evolução

digital, é fundamental e vital a educação e formação dos empresários portugueses, para

que compreendam os novos trâmites e cumpram com as boas práticas empresariais,

colaborando assim com os seus Contabilistas e, consequentemente, formando uma

sinergia de troca de saberes, experiências e conhecimentos.

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Conclusão

Muitas pessoas receiam que as automações das profissões eliminem muitos dos empregos

atuais. No entanto, nenhuma máquina tem a capacidade de análise e estratégia, e mesmo

inteligência emocional que os humanos possuem.

Esta evolução prevê um maior número de informação, gerada por automação, o que

consequentemente, possibilitará combater a tempestividade da informação, dado que é

possível aceder em qualquer local e qualquer momento às informações, antecipar

necessidades e prever estratégias mais inovadoras.

Posto isto, todos devemos considerar a evolução da tecnologia como uma aliada e uma

ferramenta que pode libertar o Contabilista para um futuro posicionado ao nível da gestão

estratégica nas organizações, espelhando então a necessidade de desenvolver novas

capacidades como resposta a esta evolução.

Essas capacidades, tais como, programação, análise preditiva, entre outras, aliadas à

excelência de competências contabilísticas colocarão o Contabilista e a Contabilidade no

local onde sempre deveriam ter estado, ao lado dos administradores e empresários, para

os aconselhar, guiar, prever e combater a iliteracia contabilística e financeira. Assim,

acreditamos que o tecido empresarial beneficiará também com esta nova potencialidade.

Contudo, é de frisar que a Contabilidade sofre, neste momento, muitas mutações e que,

portanto, é necessária uma grande capacidade de adaptação, inovação e criatividade.

Acreditamos que esta nova geração de Contabilistas contará com todas essas

competências e estarão preparados para abraçar este novo paradigma.

Sublinhamos que esta será uma nova era, mas uma era de crescimento, evolução e

dignificação da profissão.

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