a aula: momento de pensar, refletir, agir! · o texto aponta também entraves ao trabalho docente...

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A aula: momento de pensar, refletir, agir! DENISE PUGLIA ZANON* MARJORIE EMILIO BITTENCOURT MENDES** RESUMO Este artigo constitui-se no trabalho final produzido para conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE proposto pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. Esta produção objetiva discutir questões relativas à aula, ao planejamento docente e às possibilidades de trabalho com projetos em sala de aula. Trata-se de produção de cunho bibliográfico, que reflete sobre o cenário educacional, considerando Canário CANÀRIO (2006), que caracteriza momentos vivenciados pela escola no século XX, como a escola das certezas, das incertezas e das promessas. O texto discute o trabalho pedagógico e o planejamento docente, que caracteriza-se pela intencionalidade, objetividade, vinculadas ao processo ensino-aprendizagem. O texto aponta também entraves ao trabalho docente com relação ao planejamento, seus elementos, e a concepção de conhecimento apontada nas Diretrizes Curriculares Estaduais; as estratégias de ensino discutidas por Vasconcelos (2007), dentre as quais, aula expositiva, expositiva dialogada e a aula por projetos, que constitui-se foco central desta produção. Define-se projetos multi, inter e pluridisciplinares, referenciando SANTOMÉ (1998), apontando as possibilidades de organização do trabalho docente, do planejamento, da própria aula, através do desenvolvimento de projetos. Pode-se inferir que o planejamento docente constitui-se como tarefa complexa, exige reflexão, conhecimento, e elaboração prévia e o trabalho com projetos em aula pode dinamizar o processo pedagógico, desenvolver capacidade investigativa, pesquisa bibliográfica e de campo permitindo aprofundamento dos conteúdos desenvolvidos, envolvendo os alunos no processo de construção/reelaboração do conhecimento. Palavras-chave: Aula. Planejamento. Projetos. ABSTRACT This article is the final work produced as a conclusion for Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, proposed by the Secretariat of Education of the State of Paraná. The objective of this production is to discuss some questions related to lessons, teachers´plans (and) the possibilities of working by projects in classrooms. It is a bibliographic work which reflects about the educational scenery, considering CANÁRIO (2006) who characterizes experienced moments in schools during the XX century, when the school was a space of certainties, uncertainties and promises. The text discuss the pedagogical work, teaching plans which are based on intentionality, objectivity, linked with the teaching/learning process. The text also points teachers’ work obstacles related to planning, its elements and the knowledge conception pointed at Diretrizes Curriculares Estaduais; the teaching strategies discussed by VASCONCELOS (2007) including explanatory lessons, explanatory and dialogued lessons and lessons developed by projects, which is the central focus of this work. Project is defined as multi, inter and referring to SANTOMÉ (1998) points the possibilities of organization of the teaching work, of the plans and of the lesson itself, by development of projects. It could be inferred that teaching planning is a complex work, which demands reflection, knowledge and previous preparation and project working can motivate the pedagogical process, develops the investigative capacity, bibliographic and field researches allowing content improvement involving the students in the process of knowledge construction/reelaboration. Key words: lesson, planning and projects.

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A aula: momento de pensar, refletir, agir!

DENISE PUGLIA ZANON*MARJORIE EMILIO BITTENCOURT MENDES**

RESUMO

Este artigo constitui-se no trabalho final produzido para conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE proposto pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. Esta produção objetiva discutir questões relativas à aula, ao planejamento docente e às possibilidades de trabalho com projetos em sala de aula. Trata-se de produção de cunho bibliográfico, que reflete sobre o cenário educacional, considerando Canário CANÀRIO (2006), que caracteriza momentos vivenciados pela escola no século XX, como a escola das certezas, das incertezas e das promessas. O texto discute o trabalho pedagógico e o planejamento docente, que caracteriza-se pela intencionalidade, objetividade, vinculadas ao processo ensino-aprendizagem. O texto aponta também entraves ao trabalho docente com relação ao planejamento, seus elementos, e a concepção de conhecimento apontada nas Diretrizes Curriculares Estaduais; as estratégias de ensino discutidas por Vasconcelos (2007), dentre as quais, aula expositiva, expositiva dialogada e a aula por projetos, que constitui-se foco central desta produção. Define-se projetos multi, inter e pluridisciplinares, referenciando SANTOMÉ (1998), apontando as possibilidades de organização do trabalho docente, do planejamento, da própria aula, através do desenvolvimento de projetos. Pode-se inferir que o planejamento docente constitui-se como tarefa complexa, exige reflexão, conhecimento, e elaboração prévia e o trabalho com projetos em aula pode dinamizar o processo pedagógico, desenvolver capacidade investigativa, pesquisa bibliográfica e de campo permitindo aprofundamento dos conteúdos desenvolvidos, envolvendo os alunos no processo de construção/reelaboração do conhecimento.

Palavras-chave: Aula. Planejamento. Projetos.

ABSTRACT

This article is the final work produced as a conclusion for Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, proposed by the Secretariat of Education of the State of Paraná. The objective of this production is to discuss some questions related to lessons, teachers´plans (and) the possibilities of working by projects in classrooms. It is a bibliographic work which reflects about the educational scenery, considering CANÁRIO (2006) who characterizes experienced moments in schools during the XX century, when the school was a space of certainties, uncertainties and promises. The text discuss the pedagogical work, teaching plans which are based on intentionality, objectivity, linked with the teaching/learning process. The text also points teachers’ work obstacles related to planning, its elements and the knowledge conception pointed at Diretrizes Curriculares Estaduais; the teaching strategies discussed by VASCONCELOS (2007) including explanatory lessons, explanatory and dialogued lessons and lessons developed by projects, which is the central focus of this work. Project is defined as multi, inter and referring to SANTOMÉ (1998) points the possibilities of organization of the teaching work, of the plans and of the lesson itself, by development of projects. It could be inferred that teaching planning is a complex work, which demands reflection, knowledge and previous preparation and project working can motivate the pedagogical process, develops the investigative capacity, bibliographic and field researches allowing content improvement involving the students in the process of knowledge construction/reelaboration.

Key words: lesson, planning and projects.

* Professora Pedagoga da Rede Pública Estadual de Ensino.Docente da área de Didática, no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino na Universidade Estadual de Ponta Grossa.Mestre em EducaçãoContato: [email protected]** Professora orientadora da produção do artigoProfessora na Universidade Estadual de Ponta Grossa no Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino.Mestre em Educação.Coordenadora do Colegiado do Curso de Pedagogia. Contato: [email protected]

Introdução.

Este trabalho pretende contribuir para a compreensão da escola concebida

de acordo com Veiga (2004), como espaço educativo, lugar de aprendizagem, em

que todos aprendem a participar dos processos decisórios, mas é também local

em que os profissionais desenvolvem sua profissionalidade.

Considerando a idéia de (Veiga, 2004), percebe-se fortemente a idéia de

“aprender”, da “aprendizagem”, que está diretamente vinculada ao trabalho

docente, ao processo ensino-aprendizagem, ao planejamento docente e

estratégias de ensino desenvolvidas no contexto da aula.

Diante das perspectivas apontadas, discute-se no texto, questões

relacionadas ao planejamento docente, às formas de organização da aula, a

compreensão do termo aula, que não somente designa um espaço-tempo, mas

que constitui-se num momento privilegiado para o desenvolvimento do processo

ensino-aprendizagem.

Objetiva-se com a breve explanação sobre as estratégias para a aula,

permitir que o professor pense sobre as formas como vêm conduzindo suas aulas,

de que forma as estratégias podem auxiliar na melhoria do trabalho pedagógico e

também propiciar a reflexão sobre a estratégia utilizada com o contexto da sala de

aula, do grupo de alunos, da escola, dentre outros.

Pretende-se também, refletir sobre os enfrentamentos que estão

associados ao trabalho docente, ao desenvolvimento da aula e especialmente o

trabalho com projetos em aula, que constitui-se numa das estratégias de ensino

apontadas por Vasconcelos (2007), entendo que esta estratégia favorece o

envolvimento do aluno nas situações de aprendizagem, permite o

desenvolvimento do processo investigativo, a capacidade de problematização, a

pesquisa e o estudo sistemático de uma temática.

Neste trabalho, a estratégia de projetos, foi explicitada tendo como

referência a abordagem de Santomé (1998) que compreende o termo:

pluridisciplinar na perspectiva de trabalhar com áreas afins do currículo e que

tenham temas comuns, estratégia esta, que favorece a compreensão dos

conceitos, auxilia no estabelecimento de co-relações entre as áreas do

conhecimento, permitindo que o aluno compreenda a totalidade do conhecimento.

O interesse pelo tema em pauta surge da própria experiência profissional

da autora, no trabalho como professora pedagoga junto aos estabelecimentos de

ensino, do enfoque trazido pelas Diretrizes Curriculares Estaduais, no que se

refere à relevância do domínio do conhecimento científico, para a participação na

vida em sociedade, da necessidade em trabalhar com o planejamento de forma

que oriente a ação docente em sala de aula e de que a intencionalidade se faça

presente no processo ensino-aprendizagem.

A abordagem adotada para o desenvolvimento desse trabalho, pautou-se

na pesquisa de cunho bibliográfico, entendendo que as concepções teóricas, os

escritos já efetivados pelos autores: Veiga (2002), Canário (2006), Ribas (1999),

Masetto (2003), Rays (2000), Martins (2005), dentre outros, subsidiam os

conceitos e compreensões aqui apresentados, na perspectiva de melhor

compreender o significado da aula, as estratégias de ensino disponíveis e os

projetos em aula, que constituem-se numa possibilidade de desenvolvimento do

trabalho pedagógico.

DESENVOLVIMENTO.

Pensar sobre a educação, a escola, o trabalho docente, o processo ensino-

aprendizagem, se traduz numa atividade bastante complexa pelo fato de que a

sociedade em que a escola está inserida, vem passado por transformações

significativas, sejam elas de ordem política, econômica, cultural, dentre outras, as

quais influenciam o cotidiano escolar.

Canário (2006) ressalta que no século XX, as instituições de ensino

passaram por diversas alterações, que situam a escola em diferentes contextos

dentre eles, o da certeza, o das promessas e o das incertezas.

O contexto da certeza corresponde às instituições da primeira metade do

século, que traziam valores intrínsecos e estáveis, e formavam os cidadãos para

inseri-los na divisão social do trabalho, trata-se da escola elitista que previa para

alguns a ascensão social, passando a falsa imagem de escola justa, no sentido de

que havia possibilidade de ascensão, portanto a instituição não era culpabilizada

pela produção de desigualdades.

Num segundo momento a instituição escolar passa para o contexto das

promessas, em que se defende a idéia de escola de massas, observa-se

ampliação quantitativa das unidades escolares para que todos estivessem

inseridos no processo de escolarização, e na atualidade, a instituição escolar está

no contexto de incertezas, caracterizado pelo acentuado crescimento das

desigualdades, o desemprego como fator predominante na sociedade, por vezes a

desvalorização dos diplomas escolares.

Observe-se que o autor traduz em grandes contextos, características que

se fazem presentes no cenário educacional, e expressam as formas de

organização da escola, suas finalidades e também traz indicativos sobre o

trabalho dos profissionais, quando traz a idéia de formação dos educandos.

A caracterização da escola é pertinente neste texto, pelo fato de que no

ambiente escolar se concretiza o processo educativo, é neste espaço que se

efetiva a formação dos educandos, é o local em que os professores trabalham

junto aos alunos no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, em que

se concretizam os saberes e conhecimentos dos professores que vão sendo

construídos ao longo do processo de formação inicial e continuada expressando

suas formas de pensar sobre a educação.

Necessário esclarecer que o processo ensino-aprendizagem, está

vinculado ao trabalho do professor: A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática entre ensino e aprendizagem, através do processo de ensino. Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mesmo processo. O professor planeja, dirige e controla o processo de ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria dos alunos para a aprendizagem.[...] A condução do processo de ensino requer uma atividade clara e segura do processo de aprendizagem: em que consiste, como as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas que o influenciam (LIBÂNEO, 2006, p. 81).

Trata-se de refletir sobre o trabalho dos profissionais, sobre as formas de

organização e desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem que se efetiva

na sala de aula e logicamente é necessário pensar na educação, na perspectiva

de que: “[...] tem sido objeto de atenção preferencial na agenda das últimas

décadas [...] motivada pelo desejo de melhorar a eficiência do serviço educativo

(Feldman, 2001, p.9).

A escola, o processo ensino-aprendizagem tem sido objeto de estudo por

educadores e pesquisadores em educação, e as pesquisas no campo educacional

revelam dentre outros aspectos, o fato de que profissionais e educandos trazem

para o ambiente escolar diferentes valores, culturas, conhecimentos que precisam

coexistir no mesmo ambiente, trata-se da escola entendida por Forquin (p. 167,

1993), como um mundo social, que:[...] tem suas características e vida próprias, seus ritmos e seus ritos, sua linguagem e seu imaginário, seus modos próprios de regulação e de transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de símbolos.

A escola entendida como uma instituição de ensino, que tem uma cultura

própria, mas que precisa conhecer, compreender as diferenças culturais que se

fazem presentes em seu interior, trabalhar com o conhecimento científico e

priorizar sua finalidade primeira que é a formação dos educandos. Veiga (2004),

esclarece que a escola é um espaço educativo, lugar de aprendizagem em que

todos aprendem a participar dos processos decisórios, mas é também local em

que os profissionais desenvolvem sua profissionalidade.

Candau (2000), traz a idéia de que cabe à instituição, não somente

propiciar a aquisição, apreensão dos conhecimentos socialmente relevantes, mas

a escola precisa se constituir num espaço de diálogo entre diferentes saberes, e

também estimular a capacidade de reflexão, proporcionar aos educandos uma

visão plural e histórica dos conhecimentos, da própria ciência e do mundo

tecnológico.

Trata-se de uma percepção ampla da escola, de seu trabalho, tendo como

referência a perspectiva apontada por Saviani (2000), de que a educação destina-

se à promoção do homem, no sentido de que os conhecimentos, conceitos

trabalhados pela instituição escolar possam de fato contribuir para o

desenvolvimento do homem, para que tenha condições de viver e conviver em

sociedade, compreendendo criticamente a realidade em que está inserido.

Esta compreensão da escola, a ponderação entre o contexto da escola, e a

cultura vigente na sociedade, a construção de trabalho coletivo1 entre os

profissionais constitui-se num processo complexo, pelo fato de que ainda estão

fortemente presentes na escola as concepções que privilegiam a reprodução da

cultura dominante na sociedade, priorizando a formação para a individualidade e

competitividade, dentre outros fatores que agem fortemente para que a escola não

avance na perspectiva apontada por Saviani (2000).

São bastante esclarecedoras as idéias de Libâneo (2005) que chama a

atenção para o fato de que na sociedade contemporânea, caracterizada pela

relação dicotômica entre riqueza e pobreza, exclusão e inclusão, a escola não tem

contribuído de forma significativa para a superação dessas contradições.

Pode-se inferir que mesmo com as mudanças nas concepções de escola, a

idéia de universalização do ensino, igualdade social, ao trabalhar os princípios e

1 [...] há necessidade de trabalho coletivo que propicie, a partir do diálogo com a atividade, na construção, reconstrução do conhecimento, o confronto entre pontos de vista diferenciados e, a partir daí, a imersão de confluências, amadurecendo perspectivas para que emerja uma nova competência, tanto dos profissionais quanto da escola. (RIBAS; CARVALHO, 1999, p. 39).

normas vigentes na sociedade, simplesmente traduzindo a cultura dominante,

repassando a herança cultural da humanidade, a escola contribui para reforçar a

idéia de reprodução do sistema vigente, desconsiderando sua própria cultura.

Diante destas compreensões, e do entendimento de que a escola se

constitui num universo complexo, caracterizado por diferentes grupos de

profissionais e educandos é necessário pensar e discutir de que forma vem sendo

organizado e desenvolvido o momento da aula, que de acordo com Rays (2000),

se constitui num processo de apropriação crítica do conhecimento científico,

envolvendo educador e educando.

Configura-se ainda, como atividade que traz um caráter político na

perspectiva de que ao fundamentar-se, ao optar por determinada concepção

teórica em educação, o professor revela seu pensar sobre a escola, seu

entendimento sobre a formação dos educandos que se reflete em sua prática

docente.

Para melhor compreensão da dimensão do trabalho docente, apresenta-se

a idéia de Azzi, in: Pimenta, 2000, p.43:

O saber pedagógico é o saber que o professor constrói no seu cotidiano de trabalho e que fundamenta sua ação docente, ou seja, é o saber que possibilita ao professor interagir com seus alunos, na sala de aula, no contexto da escola onde atua. A prática docente é, simultaneamente, expressão desse saber pedagógico construído e fonte de seu desenvolvimento.

Portanto, a aula constitui-se num ato político, pois nesse momento são

evidenciadas, confrontadas, discutidas e refletidas as concepções que se tem, é

neste espaço que torna-se possível a apreensão, compreensão e reconstrução

dos conhecimentos.

Porém, importante salientar que o momento da aula, o planejamento

docente é construído pelos profissionais, que precisam ter clareza de que para a

efetivação do trabalho pedagógico é necessário, dominar, conhecer os conceitos

com os quais trabalha, é preciso ter o entendimento de que a prática docente

precede domínio de metodologia de ensino que favoreça o desenvolvimento do

processo ensino-aprendizagem, a compreensão da dimensão social de sua

profissão.

Também é preciso ter o entendimento de que as tecnologias se constituem

em recursos e que de acordo com Rays (2000) o seu uso na escola não dispensa

os papéis essenciais tais como, o diálogo entre professor e aluno, o planejamento,

a reflexão, as interações comunicativas.

Trata-se de compreender como se efetiva o momento da aula, que de

acordo com Rays (2000), na sociedade do conhecimento é emergente que o

conceito de aula se amplie, na perspectiva de processo relacional crítico,

fundamento na Didática crítica. Nesse processo a relação professor-aluno é

compreendida na perspectiva crítico-relacional, caracteriza-se pelo diálogo,

consideram-se as vivências dos alunos no trabalho pedagógico e

os interlocutores são: a ciência, o saber cotidiano, prática social (Rays, 2000)

.

Veiga (2002), contribui na compreensão do trabalho docente, apontando

que é preciso pensar e refletir sobre as formas de organização do planejamento

docente2, no sentido de que sejam considerados não só os aspectos pertinentes

ao interior da escola, mas principalmente, observar os educandos, as relações que

se estabelecem na sociedade, as formas como o conhecimento se organiza,

dentre outros fatores.

Aos docentes, cabe a reflexão, que na concepção de (Dewey, 1959, p. 14): “[...] não é simplesmente uma seqüência, mas uma conseqüência - uma ordem de tal modo consecutiva que cada idéia engendra a seguinte com seu efeito natural, ao mesmo tempo apóia-se na antecessora ou a esta se refere” .

Entende-se que p pensar sobre as formas de organização do trabalho

docente, a efetivação e concretização do planejamento em sala de aula, numa

perspectiva crítica, que referencia dentre outros aspectos o fato de que a prática

docente não acontece de forma isolada, fragmentada do contexto social, e que a

2 O planejamento docente é organizado tendo como referência o Projeto Político-Pedagógico, que de acordo com Veiga (2004) não se traduz como um simples agrupamento de planos e atividades diversas, mas é um documento construído, vivenciado por todos os envolvidos no trabalho educativo da escola. “ [...] o projeto político pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como organização de toda a escola e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto político-pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico na escola na sua globalidade (VEIGA, 2004, p. 15).”

escola contribui para a formação de pessoas que compõem uma sociedade e que

se constituem enquanto sujeitos sociais e históricos.

Libâneo (2004), destaca que o trabalho docente é uma atividade intencional

e planejada, que requer estrutura e organização, portanto a elaboração de uma

aula caracteriza-se por um processo flexível e criativo do professor,

desenvolvendo a perspicácia de saber como agir diante de situações didáticas,

como reorganizar o processo que muitas vezes não acontece como havia sido

planejado, e traz situações imprevisíveis e requer do professor ações imediatas

para encaminhamento do processo de ensino.

A aula, como momento planejado e organizado do ensino traz consigo

características que requerem do professor a necessidade de sistematização de

seu trabalho junto aos alunos, pois é preciso definir os objetivos que se pretende

atingir, pensar sobre os problemas e desafios que devem ser superados no

momento da aula, as características dos grupos de alunos a que essa aula se

destina, os conhecimentos que serão desenvolvidos, os recursos didáticos a

serem selecionados, enfim trata-se de um processo amplo, que terá sua

concretização no encontro com os educandos.

Diante desses apontamentos, percebe-se que a escola, o trabalho

pedagógico, o momento da aula, precisa ser repensado tendo em vista que:

A aula funciona numa dupla direção: recebe a realidade, trabalha-a cientificamente, e volta a ela de uma forma nova enriquecida como ciência e com propostas novas de intervenção (MASETTO, 2003, p. 75).

Considerando as contribuições do autor, destaque-se que o trabalho

docente assume grande responsabilidade, pois a profissão de professor tem como

objetivo a formação dos educandos, o trabalho com o conhecimento e cabe ao

professor o domínio dos conhecimentos sejam eles pertinentes à área de

formação, à área pedagógica, dentre outros, para que possa trabalhar em sala de

aula como mediador do processo ensino-aprendizagem, no sentido de intermediar

as relações dialógicas em sala de aula, estabelecer a relação interdisciplinar entre

as áreas do conhecimento, considerando-se que:A mediação pedagógica busca abrir caminho a novas relações do estudante: com os materiais, com o próprio contexto, com outros textos,

com seus companheiros de aprendizagem, incluído o professor, consigo mesmo e com seu futuro. (PÉREZ E CASTILO, in: MASETTO, 2003, p. 49)

Diante da responsabilidade assumida pelo trabalho docente, necessário

esclarecer que o planejamento do professor, a organização dos momentos de aula

não se constitui em trabalho burocrático, em mero preenchimento de fichas e

roteiros que serão arquivados pela equipe pedagógica da escola.

É preciso conceber o planejamento docente como um trabalho coletivo, que

requer conhecimento sobre o ato de planejar e sua repercussão junto aos

educandos, da mesma forma é preciso compreender que o planejamento traz uma

intencionalidade, orienta a ação docente e se concretiza no momento da aula.

De fato o planejamento orienta o agir docente que se traduz no trabalho em

sala de aula junto aos alunos, pois é preciso que no processo ensino-

aprendizagem sejam definidos os objetivos que e pretende atingir, os conteúdos

que serão trabalhados, a metodologia de ensino utilizada, o processo avaliativo,

de forma que garantam a aprendizagem dos conhecimentos, a elaboração,

reelaboração dos conceitos.

Medeiros (2007, p. 38 - 39), caracteriza a aula no sentido do conhecimento,

do diálogo, da construção:A aula é um momento mágico. Nela o professor transforma pedagogicamente pelos processos cognoscentes, na sua ação prática, a matéria enquanto conteúdo a ser comunicado. O trabalho docente é complexo, interativo e prático. Define-se na sua concretude pelas relações que se estabelecem de forma dialógica e comunicativa entre sujeitos – professor e aluno – em torno do processo de ensino e aprendizagem.

As idéias de Medeiros (2007) revelam o ideário do profissional da

educação, que ao planejar, ao pensar suas aulas, busca traduzi-la na prática

como um momento de magia, na perspectiva de que o conhecimento, o conteúdo,

a disciplina em que atua encante os alunos, chame a atenção, desperte interesse.

Ao planejar o professor transpõe didaticamente os conhecimento, de forma que os

mesmos se tornem ensináveis, sejam compreensíveis aos alunos, aproximem-se

de seu cotidiano.

O ideário pedagógico apontado, certamente constitui o foco central na

profissão docente, porém a complexidade que traduz a prática profissional, os

fatores que interferem no processo pedagógico são múltiplos.

Nacarato, Varani e Carvalho (2001) apontam alguns fatores que desgastam

a ação docente, que influenciam no desenvolvimento das aulas, nas formas de

pensar o processo ensino-aprendizagem. Destaque-se dentre eles, as próprias

relações que se estabelecem no contexto da sala de aula entre professores e

alunos, que são influenciadas pelas transformações ocorridas na sociedade, as

diferentes estruturas familiares, os valores e crenças, a própria cultura dos sujeitos

que compõem o processo pedagógico.

Trata-se de pensar que hoje nas salas de aula co-existem diferentes perfis

de alunos, que trazem para o contexto da escola suas vivências, seus saberes,

expectativas diversas, que muitas vezes não são compatíveis com os propósitos

da escola, das aulas que o professor desenvolve, fator este que gera conflitos,

formação de subgrupos em sala de aula, divergência de opiniões, não

favorecendo o clima harmônico, de diálogo e interação necessários na relação

pedagógica.Há uma parcela significativa de docentes que, ao tomarem consciência das limitações [...], não se submetem ao conformismo e assume sua prática de forma crítica. Em sala de aula, se esforçam para motivar seus alunos e não ignorar questões como “a natureza da escolaridade e do trabalho docente ou as relações entre raça e classe social, por um lado e o acesso ao saber escolar por outro. (ZEICHNER, 1993, p. 26 apud: NACARATO, VARANI E CARVALHO, 2001, p. 84)

Percebe-se que mesmo com os aspectos que limitam a ação docente, de

acordo com os autores citados, os professores buscam possibilidades e

alternativas que minimizem ou acabem com as problemáticas que interferem no

processo ensino-aprendizagem.

Outro aspecto relevante apontado por Nacarato, Varani e Carvalho (2001)

refere-se ao cotidiano do professor, no preparo das aulas, na organização de

atividades complementares, produção e seleção de material didático, preparo e

correção dos instrumentos avaliativos utilizados. As ações elencadas requerem

tempo, porém muitas vezes na carga horária de trabalho nem sempre há previsão

de tempo/espaço destinado para estas atividades, sobrecarregando o professor e

muitas vezes o planejamento, a organização das atividades torna-se falha, e

reflete-se no contexto da sala de aula.

Considerando alguns dos fatores que interferem no trabalho docente,

Nacarato, Varani e Carvalho (2001), destacam que mesmo sob as tensões que se

fazem presentes de forma constante na ação docente, os professores buscam o

desenvolvimento de seu trabalho de forma digna, construindo e desenvolvendo

sua profissão, tendo como referência um processo reflexivo e crítico.

Este processo pode ser conquistado, dentre outras possibilidades com a

formação continuada com espaços para estudos, discussões sobre o processo

ensino-aprendizagem, enfim sobre questões pertinentes ao trabalho pedagógico,

fortalecendo, clarificando e transformando a ação docente.

Perceba-se que os determinantes que influenciam o fazer docente são

inúmeros e diversos, porém é importante que o professor ao pensar em suas

aulas, em seus alunos, organize seu trabalho de forma a articular os diferentes

momentos da aula, selecione a estratégia de ensino adequada ao conteúdo a ser

trabalhado, favorecendo a aprendizagem eixo central de todo o trabalho

pedagógico. Ressalte-se ainda a finalidade da educação, traduzida nas Diretrizes

Curriculares Estaduais (SEED, 2007, p. 22): O domínio da cultura científica é instrumento indispensável à participação política, fato que somente poderá acontecer com conteúdos históricos e socialmente constituídos, e o mais próximo possível da produção científica. Não há como participar de uma sociedade, como agente de transformação, sem uma ciência básica. Trata-se de uma condição muito importante para formar pessoas criativas e participativas, capazes de atuar na sociedade atual.

A clareza, compreensão das finalidades e princípios que norteiam a

educação, o trabalho da escola, estão presentes no trabalho do professor, pois no

momento da organização de seu trabalho, as concepções, opções metodológicas,

processo avaliativo precisam aproximar-se, ser coerentes com a corrente teórica

que adota em seu fazer docente.

Tendo como referência a co-relação e o estreitamento que deve existir

entre teoria e prática a coerência entre o pensar e o agir na docência, no momento

de planejar a aula, o professor dispões de diferentes estratégias, procedimentos

de ensino, metodologias de trabalho, e a opção que se faz das estratégias e dos

procedimentos revelam o pensar do professor sobre o ensino, as relações que

estabelece com seus alunos.

O referencial teórico que trata das estratégias de ensino traz inúmeras

possibilidades para o trabalho docente, neste texto apresentam-se algumas delas,

nas abordagens feitas por Vasconcelos (2007), Libâneo (2006) e Martins (2005)

explicitando suas características gerais, compreendendo que no cotidiano da ação

docente elas se fazem presentes.

Vasconcelos (2007) destaca as seguintes estratégias de ensino: aula

expositiva, exposição dialogada, e trabalho por projeto, as quais distinguem-se

pelas características, forma de apresentação e desenvolvimento de um conteúdo:

A representação que normalmente o professor tem de sua tarefa é de que deve desenvolver determinados conteúdos, transmitir um conjunto organizado de informações, consideradas socialmente relevantes para a formação das novas gerações.[...] O dilema se aprofunda no questionamento da forma como esta tarefa vem sendo cumprida pela escola, ou seja, quando o professor, cada vez mais, se dá conta de que através da aula meramente expositiva não consegue cativar os alunos, os resultados nas avaliações são desoladores, pouco tempo depois os alunos já não se lembram de quase nada do que foi dado, as queixas dos colegas professores das séries seguintes em relação ao nível dos alunos são constantes, etc... (VASCONCELOS, 2007, p. 153):

O autor chama a atenção para o fato de que entre outras mudanças e

melhorias no processo ensino-aprendizagem, é necessário pensar na forma do

ensino, quais as estratégias que de fato propiciam o interesse, envolvimento do

aluno no decorrer da aula, apresentando características de algumas estratégias

para o desenvolvimento das aulas.

A aula expositiva traduz-se numa das formas mais conhecidas e utilizadas

pelos professores, e está pautada na apresentação do conteúdo pelo professor

que durante a exposição relata elementos significativos do tema abordado,

caracteriza-se pela transmissão do conhecimento, considere-se as idéias de

Libâneo ( 2006, p. 161);O método expositivo é bastante utilizado em nossas escolas, apesar das críticas que lhe são feitas, principalmente por não levar em conta o princípio da atividade do aluno. Entretanto, se for superada essa limitação é um importante meio de obter conhecimentos. A exposição

lógica da matéria continua sendo, pois, um procedimento necessário, desde que o professor consiga mobilizar a atividade interna do aluno de concentrar-se e de pensar, e combine-a com outros procedimentos, como o trabalho independente, a conversação, o trabalho em grupo.

Trata-se de implementar, enriquecer e variar a aula expositiva para que

seja explorada como uma forma de ensino, e especialmente permita e favoreça a

relação do aluno com o professor e com o próprio conhecimento.

No que se refere à exposição dialogada em aula, entende-se o professor

como mediador do processo, que de acordo com Vasconcelos (2007), traz para a

sala de aula, elementos significativos da cultura humana.

O autor destaca ainda que a exposição feita pelo professor quando

apresentada em aula na hora certa, com qualidade na fala, sendo bem

posicionada, significativa, com uso de esquemas para facilitar a compreensão,

considerando as necessidades do grupo de alunos, traduzem-se em exigências e

cuidados que o docente precisa ter ao fazer uso da exposição dialogada.

Vasconcelos (2007), chama a atenção ainda, para o fato de que o professor

deve levar em conta o tempo destinado à exposição, não ocupando todos os

momentos da aula, para que permita ao aluno o tempo para refletir sobre o tema,

propor questões, elaborar sua compreensão sobre a temática abordada em aula.

Tendo apontado algumas características da exposição em aula e da

exposição dialogada, explicita-se ainda a aula sendo trabalhada por projetos, esta

estratégia pedagógica traz características peculiares e Vasconcelos (2007, p. 161)

aponta:A perspectiva de trabalho por projeto nos parece ser a mais indicada para a renovação metodológica, tendo em vista a possibilidade concreta de superar uma série de problemas da prática tradicional, como a passividade do aluno, o distanciamento entre o objeto de conhecimento e os interesses dos educando, a desarticulação do ensino com a realidade e o não desenvolvimento da iniciativa e da autonomia dos alunos.

O trabalho com projetos em aula pode favorecer o dinamismo do processo

pedagógico, desenvolver a capacidade investigativa, a pesquisa de campo e

bibliográfica permitindo o aprofundamento e melhor compreensão dos conteúdos

desenvolvidos em sala de aula.

Perceba-se que na organização e desenvolvimento do trabalho com

projetos há maior liberdade para a participação dos alunos no processo

investigativo, sendo que estes poderão sugerir, propor questões problemas para

estudo, é possível a organização de grupos de trabalho que favorece o

desenvolvimento do trabalho colaborativo, da autonomia, garantindo organização,

sistematização e têm um caráter conclusivo, pois os passos da pesquisa são

delimitados.Projeto escolar de pesquisa é uma atividade didática de ensino-aprendizagem, organizada dentro dos princípios da metodologia da ciência, destinada a pesquisar um fato, estudar um assunto, realizar um trabalho, individualmente ou em grupo, pela aplicação de procedimentos específicos, visando a obter certos resultados ou confeccionar um produto final (MARTINS, 2005, p. 97).

O projeto de pesquisa é relevante no trabalho docente, nos momentos da

aula, quando destina-se a investigação de temáticas presentes no contexto da

escola, quando utiliza a metodologia da ciência, seguindo os passos e

procedimentos que validam e caracterizam uma pesquisa, quando traz consigo a

possibilidade de ampliação de conhecimentos, validação de hipóteses, e

conclusão do trabalho, sendo necessária a definição de cronograma próprio para a

realização dessa atividade.

Considere-se que muitas vezes o trabalho de pesquisa está vinculado não

só a uma área de conhecimento, mas traz a condição de articular duas ou mais

disciplinas, trata-se de pensar na perspectiva de projetos multidisciplinares,

pluridisciplinares ou interdisciplinares.

Importante compreender os conceitos dos termos acima apontados, para

que no momento do planejamento docente se tenha clareza das proposições que

são efetivadas junto aos alunos.

Um trabalho multidisciplinar, envolve a participação de todas as disciplinas

no trabalho, porém não há uma inter-relação entre elas, cada disciplina investiga,

trabalha com os temas que são pertinentes à sua área, traz suas contribuições

sobre o conhecimento, porém não há articulação entre os conceitos trabalhados

nas diferentes áreas do currículo. De acordo com Santomé (1998) a

multidisciplinariedade caracteriza-se pela justaposição de disciplinas, não havendo

explicitação das relações entre elas.

Com relação à pluridisciplinaridade, necessário compreender que trata-se

da junção no trabalho de pesquisa de disciplinas que possuem conteúdos afins,

que pertencem à mesma área conceitual, exemplo: Matemática e Física, que são

disciplinas que compõem as ciências exatas. Nesta possibilidade de trabalho,

estabelecem-se relações entre conceitos permitindo a percepção da totalidade do

conhecimento na tentativa de superar a fragmentação do conhecimento.

Santomé (1998) ressalta que na pluridisciplinariedade há um aspecto

positivo no que se refere à intercomunicação entre as áreas, favorecendo uma

relação de igualdade, sendo eu um conhecimento não se sobrepõe ao outro,

porém também não há profunda interação ou comunicação, não favorece

alterações nas concepções e teorias.

Com relação aos projetos interdisciplinares, objetiva-se trabalhar com

espaços comuns existentes entre as disciplinas, busca-se o trabalho de

intercomunicação entre as disciplinas, os territórios das disciplinas são

congregados num único campo, trata-se de compor um conhecimento comum. O

trabalho interdisciplinar permite a compreensão de um fenômeno ou tema, na

perspectiva de diferentes disciplinas.

Santomé (1998) esclarece que no trabalho interdisciplinar, os alunos

trabalham com a possibilidade de transferir conhecimentos, aprendizagens,

desenvolvem a capacidade de analisar e resolver novos problemas enfrentados no

contexto da sala de aula.

As idéias sobre a definição dos termos: multidisciplinar, pluridisciplinar e

interdisciplinar tem como referência Santomé (1998), que discute várias vertentes

conceituais dos termos apresentados e neste texto adotou-se a classificação

apontada por Erich Jantsch (in: Santomé, 1998).

Perceba-se que no encaminhamento das aulas através da estratégia de

projetos é possível trabalhar com diferentes enfoques do conteúdo, primando

especialmente por sua exploração, observando o desenvolvimento do conteúdo e

também favorecendo a maior participação do aluno no processo ensino-

aprendizagem.

Constitui-se ainda numa estratégia que favorece o desenvolvimento da

capacidade investigativa do próprio professor, estimula o estudo do conteúdo que

se constitui em fonte de pesquisa, traz a condição concreta para que as aulas não

se tornem rotineiras, permite a exploração do próprio livro didático adotado em

aula.

O trabalho com projetos favorece ainda, o uso de espaços pedagógicos

disponíveis na escola, dentre eles: biblioteca, laboratório de ciências, física e

química, propicia a organização de visitas técnicas à locais associados à

pesquisa.

Conclusão

Entende-se logicamente que as estratégias de ensino, as possibilidades de

encaminhamento da aula, não garantem por si só o êxito no processo ensino-

aprendizagem. A abordagem feita nesse texto com relação às estratégias

caracteriza-se pela apresentação e sistematização de algumas peculiaridades de

cada uma delas, porém estão associadas e vinculadas ao planejamento da aula,

aos conteúdos propostos, os objetivos previstos, os alunos que participarão da

aula, dentre outros fatores que interferem e estão presentes na relação

pedagógica.

Este recorte sobre o momento da aula, suas possibilidades, dificuldades, os

enfrentamentos que estão presentes no trabalho docente, refletem algumas

considerações sobre o fazer do professor que constrói-se no decorrer de sua

formação inicial, trajetória profissional, formação continuada, nas relações que

estabelece com seus alunos e com seus colegas professores.

Pode-se inferir ao final dessa produção, que a relevância do planejamento,

da organização do planejamento docente, das estratégias usadas em aula, estão

diretamente vinculadas à concepção do próprio fazer docente, à concepção de

planejamento, e que no momento da aula podem ou não se concretizar.

As contribuições dos autores presentes nesse texto enfatizam a idéia de

que o planejamento docente não se constitui num ato isolado, mas que precisa

estar co-relato ao projeto de escola, às próprias concepções presentes nas

Diretrizes Curriculares Estaduais, para que possam aproximar-se de sua real

finalidade que é a promoção do aluno no processo ensino-aprendizagem.

Com relação às estratégias de ensino, que constituíram-se em objeto de

estudo nesse trabalho, necessário inferir que os autores aqui referenciados

destacam vantagens de seu uso no contexto escolar, evidenciando que o trabalho

com projetos, nas suas diferentes possibilidades, seja multi, pluri ou

interdisciplinar, permite a exploração de conceitos, a produção de pesquisas e

experimentos.

Considere-se que no contexto atual do processo de escolarização, do

momento histórico vivido pela escola como instituição formadora, o trabalho

docente precisa assentar-se nos processos de pensar, refletir e agir na

perspectiva de que a ação docente seja consciente, intencional e objetiva,

garantindo o êxito dos alunos no processo educativo.

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