a antiguidade tardia em textos - a civilização dos bárbaros - andré bueno

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  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    A Civilizao dos Brbaros

    Cruz Visigtica

    . O Reino Vndalo O estabelecimento dos Vndalos naEuropa e norte da frica.

    . O Reino Ostrogodo A permanncia efmera dos odosna !t"lia.

    . Espan#a Visigtica $ma monar%uia bem sucedida&

    por'm comple(a& %ue go)ernou a Espan#a e mante)erela*+es com ,izncio durante s'culos.

    http://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/o-reino-vndalo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/o-reino-ostrogodo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/espanha-visigtica.htmlhttp://4.bp.blogspot.com/__tpvm2sAn44/R_ugoySTGOI/AAAAAAAAAFs/0YYz0x5mT8g/s1600-h/Wisigoth_croix_votive.jpghttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/04/o-reino-vndalo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/o-reino-ostrogodo.htmlhttp://antiguidadetardia.blogspot.com/2008/02/espanha-visigtica.html
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    . Os Reinos Anglo-a(+es Como )"cuo do poder romanopermitiu a cria*/o dos in0meros reinos da ,retan#a.

    . O Reino 1ranco Entre os godos& os 1rancos alcan*aramo maior sucesso poss2)el na cria*/o de seu reino&afastando o perigo "rabe& construindo uma culturaprpria e definindo as lin#as gerais do %ue seria a !dade3'dia.

    . Os 4,"rbaros ermnicos4- Como Roma con#eceu os

    po)os 5b"rbaros6 germnicos& e seus primeiros contatos.

    . A Ci)iliza*/o dos 4,"rbaros4 Os germanos tin#am o %uepodemos c#amar de 5ci)iliza*/o67 8este te(to& umadiscuss/o de seus aspectos culturais gerais 9comentadopor ,runa :eticia Colita;

    . A ocupa*/o do imp'rio no decorrer dos s'culos V e V!

    1ernanda Espinosa nos apresenta& no)amente& sele*+esdocumentais sobre a instala*/o dos b"rbaros no Ocidente.

    . 3igra*+es ,"rbaras 9s'cs. V - V!!!;- $ma se%uncia de%uatro te(tos de

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    O Reino Vndalo

    ?uando enserico morre& em @& os Vndalos s/o sen#ores do8orte de frica. Con)'m primeiro definir bem %ue eles s ocupam

    apenas a parte oriental& a actual Bun2sia e o :este da Arg'lia o

    resto& Da Africa es%uecida& como l#e c#ama C. Courtois& o maci*o

    de Aures& os planaltos do Oeste& a 3auritnia& escapam-l#es como

    tin#am de facto escapado F autoridade de Roma. Eles tm de se

    defender das pil#agens %ue os pe%uenos c#efes ind2genas

    organizam e da2 ad)ir" uma causa de fra%ueza.

    A segunda caracter2stica da realeza )ndala ' a coe(istncia das

    duas sociedades b"rbara e romana. A minoria )ndala 9GH.HHH; n/o

    procurou fundir-se com os Romanos ou I0nicos& sobretudo por

    raz+es militares e religiosas. Os reis %uiseram preser)ar o )alor

    guerreiro dos seus #omens& e por isso impediram todos os

    casamentos mistos e toda a con)ers/o ao catolicismo. Al'm disso&

    enserico e =unerico 9@-@G@; perseguiram cruelmente a !greJa.

    egundo Victor de Vita& #istoriador das persegui*+es& perto de KHHH

    cl'rigos e leigos foram deportados para o ul da Bun2sia& en%uanto

    os bispos eram e(ilados para a Crsega e a arden#a ou obrigados a

    trabal#ar nas minas. 8umerosos catlicos se refugiar/o em

    Espan#a& na "li.a e em !t"lia& le)ando consigo importantes

    manuscritos& em especial os de anto Agostin#o.

    Ao mesmo tempo %ue conser)am a sua religi/o& os Vndalos

    conser)am as suas leis& os seus costumes& e cobram pesados

    impostos Fs popula*+es.

    8o entanto& e ' esta uma terceira caracter2stica da ocupa*/o& n/o

    mudam em nada a organiza*/o administrati)a da frica romana.

    Estabeleceram grandes dom2nios 9sortes;& mas mandam-nos culti)ar

    pelo mesmo pessoal dei(am os romanos aumentar os impostos eJulgar as causas. O rei todo-poderoso ' o 0nico sen#or do reino&

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    tendo o testamento de enserico proibido a di)is/o das terras entre

    os seus #erdeiros. Continua a ser )ndalo& mas utiliza na sua corte

    romanos %ue redigem as leis em latim e o aJudam na sua

    administra*/o.

    Certos pr2ncipes dei(am-se seduzir pela cultura antiga& tal como

    B#rasamund 9@LM-KN;& %ue pretende ser telogo e compreender as

    poesias dos letrados. O bispo de Ruspe& 1ulgncio& %ue %uer

    con)ert-lo& escre)e-l#eP DVs promo)eis os estudos entre as

    na*+es b"rbaras %ue #abitualmente rei)indicam a ignorncia como

    seu apan"gio. Cumprimento interessado& sem d0)ida& mas %ue '

    um refle(o da%uilo %ue se c#amou impropriamente o Drenascimento)ndalo.

    O rei =ilderico& seu sucessor 9KN-KH;& protege igualmente os

    letrados e imita mesmo o imperador bizantino. Al'm disso& os Jogos

    recome*am em Cartago& constroem-se termas e a popula*/o pode

    crer %ue nada mudou& pelo menos en%uanto a paz religiosa se

    mant'm.

    Ireciosos documentos& as @K t"buas c#amadas Albertini& do nome

    do primeiro #istoriador %ue as estudou depois da sua descoberta a

    sul de Bebessa& mostram %ue os contratos de )enda continua)am a

    ser feitos de acordo com o direito romano. em o nome do rei

    unt#amund inscrito em algumas delas& poder-se-iam ter tratado

    da 'poca imperial.

    8estas condi*+es& compreende-se o descontentamento dos

    Dnacionalistas )ndalos e em KH o golpe de Estado de elimer&

    primo do rei. Este acto pro)oca a inter)en*/o de

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    O enado& ao %ual Odoacro J" concedera o direito de cun#ar

    moeda& gan#a de no)o um certo prest2gio e acol#e como um

    imperador o b"rbaro& %ue em KHH )isita a cidade. Iara reatar a

    tradi*/o imperial& Beodorico manda organizar Jogos& efectuar

    grandes trabal#os 9secagem dos pntanos de Ra)ena e dos campos

    romanos;& restaurar os grandes monumentos de Roma e construir

    em Ra)ena& Ia)ia e Verona.

    Os )izin#os da !t"lia tm de contar com este grande pr2ncipe. Os

    reis b"rbaros aceitam as alian*as matrimoniais %ue Beodsio l#es

    prop+e e os ,urg0ndios& %ue tin#am apro)eitado as perturba*+es de

    @L para descer F !t"lia& tm de e)acuar a pen2nsula. Em KHG&Beodorico sal)a a monar%uia )isigtica de uma derrota total e

    ocupa a Iro)en*a& assegurando assim a essa regi/o a prosperidade&

    %ue manter" at' ao fim do s'culo V!. Enfim& ele protege a !t"lia&

    recon%uistando a >alm"cia& a R'cia e a Iannia& %ue a fortaleza de

    2rmio defende de no)o& e faz todos os esfor*os para %ue essa !t"lia

    reconstitu2da fi%ue amiga)elmente independente do !mp'rio

    ,izantino. e Anast"cio 9@LS-KSG; espera)a ter& atra)'s de

    Beodorico& alguma influncia no Ocidente& )iu em bre)edes)anecidas essas esperan*as as rela*+es entre os dois Estados&

    %ue se manti)eram correctas durante esse reinado& tornaram-se

    tensas durante o go)erno do seu sucessor&

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    todos os dom2nios& mas& a maior parte das )ezes& #" a ilus/o de

    uma reparti*/o de tarefas entre os dois elementos da popula*/o.

    e numerosos italianos se dei(aram le)ar por esse duplo Jogo&

    certos senadores romanos& por algum tempo aliados ao regime&

    )ieram a reagir contra ele. Assim& o grande filsofo ,o'cio& mestre

    do pal"cio e dos oficios& d"-se bem conta da ambiguidade dessa

    situa*/oP todos os esfor*os do rei b"rbaro ser/o impotentes para

    fazer dele um romano& de tal modo ' grande ainda a

    incompreens/o e a rapacidade da sociedade gtica %ue o rodeia.

    Como ,o'cio& certos senadores continuam a )er em ,izncio o

    centro da ci)iliza*/o e mantm fre%Tentes rela*+es com osimperadores.

    Em KN@& a pol2cia do rei descobre cartas trocadas entre o imperador

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    obrin#o e sucessor do imperador

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    Espan#a& tudo parece anunciar o fim de um Estado %ue parecia

    fortemente consolidado. 8o interior& o fil#o de Alarico !! )-se

    amea*ado por uma re)olta dos grandes e dos naturais da

    Barraconense. A protec*/o do seu a)W Beodorico permite-l#e fazer

    frente aos re)oltosos& mas& morto o rei ostrogodo 9KNM;& o seu

    poder ' abalado. 8o e(terior& os 1rancos procuram tomar a

    eptimnia e combatem Amalarico perto de 8arbona o rei '

    assassinado pelos seus soldados 9KS;. urgem ent/o insurrei*+es no

    Ia2s ,asco& re)oltas na Andaluzia& de %ue

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    de ,raga& e assim se tornaram inimigos ferren#os dos ados. V"rias

    campan#as foram necess"rias para destruir o reino sue)o& %ue& em

    KGK& foi ane(ado F Espan#a )isigtica. A noroeste& para se defender

    das re)oltas dos ,ascos& :eo)igildo funda Vitria& en%uanto a leste

    fortifica 8arbona e Carcassona contra os ata%ues dos 1rancos. A sul

    recon%uista Crdo)a e 3"laga aos ,izantinos& %ue em bre)e

    de)er/o abandonar definiti)amente as costas do :e)ante espan#ol.

    Assim& o reinado do Dunificador nacional conclui-se por um saldo

    positi)o. A corte de Boledo continua a ser famosa pelo seu fausto

    DF romana& a sua moeda de ouro e mesmo a sua cultura. 3as& se a

    unidade pol2tica ' realizada& se a fus/o social come*a a fazer daEspan#a uma grande na*/o& o arianismo do rei continua a ser um

    obst"culo F unidade moral. As lutas com o seu fil#o =ermenegildo&

    %ue os bispos catlicos e as cidades de sul apiam& parecem

    refor*"-lo na sua posi*/o. O seu sucessor Recaredo& rei em KGM

    n/o )ai adoptar essa pol2tica religiosa.

    ob a influncia de :eandro& metropolita de e)il#a& dez meses

    depois da sua subida ao poder& Recaredo fez& Juntamente com a suafam2lia& uma espetacular abJura*/o. O terceiro conc2lio de Boledo

    9KGL; registrou essa con)ers/o e organizou a luta contra o

    arianismo. En%uanto na "lia a con)ers/o de Cl)is pro)ocou a do

    seu po)o& parece %ue em Espan#a a aristocracia gtica abandonou

    mais lentamente as suas pr"ticas religiosas. >a2 nascer/o numerosos

    conflitos %ue enfra%uecer/o a monar%uia )isigtica.

    c; Caracter2sticas da monar%uia )isigtica.

    A corte do rei& aula regia& lembra muito a corte de Ra)enaP o

    pr2ncipe& %ue abandonou o )estu"rio b"rbaro& est" rodeado pelos

    seus seniores e ' aJudado na sua administra*/o pelo conde da

    cmara real& pelo conde do tesouro p0blico& pelo conde do

    patrimnio& etc. Os actos da sua c#ancelaria& formalmente

    semel#antes aos de ,izncio& s/o en)iados aos rectores das

    pro)2ncias e aos curiales das cidades. 8esta corte& Romanos e adosencontram-se e os pr2ncipes gabam-se de serem letradosP Recaredo

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    e os seus sucessores isebut e Reces)indo dei(aram-nos nas suas

    poesias ou nas obras #agiogr"ficas as marcas do seu talento

    liter"rio. Os nobres n/o podiam dei(ar de seguir este e(emplo.

    ?uando n/o residem em Boledo& os nobres culti)am& directamente

    ou por meio dos colonos #ispano-romanos& as terras %ue a partil#a

    l#es concedeu e %ue est/o situadas sobretudo no 8orte da 3eseta

    9campos gticos;. Conser)am eles a sua prpria legisla*/o7 At'

    meados do s'culo V!!& =ispano-Romanos e Visigodos tm uma dupla

    legisla*/o& o ,re)i"rio& condensado da lei romana dada por Alarico

    !!& e os cdigos )isigticos e sue)os. Em MK@& para completar a

    fus/o& o rei Reces)indo suprime esta personalidade das leis epromulga um cdigo uno& o :iber

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    seguida. O %ue podemos dizer ' %ue o deus catlico apia

    constantemente os pr2ncipes nas suas lutas contra a aristocracia.

    E estas lutas foram numerosas no s'culo V!!. ?uerer/o os nobres&

    sobretudo se alguns se manti)eram arianos& libertar os soberanos

    das garras do clero ou& mais pro)a)elmente& procurar/o tornar-se

    independentes7 Certos #istoriadores& como anc#ez Albornoz& )em

    na anar%uia do s'culo V!! aparecer J" elementos de )assalagemP o

    rei cerca-se de uma corte de fi'is 9os gardingos; %ue& ligados por

    Juramento e dotados de terras& o defenderiam da ambi*/o dos

    grandes nobres. $m outro ponto dessa #istria permanece ainda

    obscuroP o papel desempen#ado pela nobreza na in)as/o dos,"rbaros& no in2cio do s'culo V!!!. imbolizado pela trai*/o do

    enigm"tico conde

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    fraca Dromaniza*/o desse territrio e a encarni*ada resistncia

    das popula*+es locais.

    Roma ocupou a ,retan#a& mas n/o a ci)ilizou. Bodo um

    e%uipamento militar dei(a sem d0)ida )est2giosP estradas

    estrat'gicas& mural#as& cidades fortificadas onde se instalam

    colnias militares& mas& %uando as legi+es recuam para o ul 9a

    partir da segunda metade do s'culo !V; e& depois& %uando come*am

    a dei(ar a il#a& em @H& a ac*/o romana ' em bre)e dilu2da e as

    cidades de !or%ue& de :ondres& de :incoln& por algum tempo

    prsperas& entram rapidamente em decadncia. O g'nio romano&

    por todo o lado conseguira impor a l2ngua latina& fal#ou a%ui s oscl'rigos se recordar/o da linguagem dos ocupantes. 3ais ainda& '

    preciso reparar %ue nem todas as regi+es montan#osas da !nglaterra

    sofreram essa ocupa*/o os Celtas conser)aram ali Fs suas

    institui*+es e& F partida das 0ltimas legi+es& podiam pensar em

    recon%uistar as regi+es do udoeste. A in)as/o germnica n/o l#es

    permitiu le)ar muito longe essa recon%uista.

    Os Romanos tin#am lutado durante muito tempo contra aresistncia bret/& n/o sendo& pois& de espantar %ue esse po)o n/o

    ten#a aceita do a ocupa*/o germnica. Iouco sabemos desta longa

    lutaP as 0nicas fontes %uase contemporneas s/o uma passagem da

    Vida dos ermanos& de Au(erre& e um op0sculo moralizador do

    monge ildas. 3as& se os factos faltam& as lendas abundam e& se

    entre os #eris da resistncia o rei Artur ' o mais popular& est"

    longe de ser o 0nico. Confrontando te(tos #istricos e lend"rios&

    parece %ue a con%uista germnica foi feita em duas fases.

    Ior )olta de @KH-KHH& os in)asores instalam-se em pe%uenos grupos

    nas regi+es orientaisP os

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    Cornual#a e& o Ia2s de ales s/o o ref0gio das popula*+es c'lticas.

    Vencidos& os ,ret+es n/o aceitam o dom2nio dos Anglo-a(+es

    mesmo nas regi+es orientais& a fus/o n/o se fazP nem uma pala)ra

    do britnico na l2ngua anglo-sa(nica& poucos nomes bret+es na

    topon2mia da !nglaterra& nen#uma mistura de po)os. Al'm disso&

    mesmo depois da con)ers/o religiosa dos Anglos-a(+es& os ,ret+es

    opor/o a sua liturgia F dos ermnicos e as rela*+es entre as

    diferentes ser/o nulas ou #ostis.

    b; o in2cio das realezas anglo-sa(nicaso

    !nstalados numa regi/o %ue nada conser)ou da ocupa*/o romana eonde os po)os locais recusam a fus/o& os con%uistadores )/o

    manter-se fi'is Fs institui*+es germnicas. Eis& enfim& po)os %ue

    nen#uma influncia )ai contaminar e isto ' para o #istoriador das

    5in)as+es b"rbaras6 um precioso testemun#o. !nfelizmente para

    ele& nada sabemos sobre o in2cio das realezas anglo-sa(nicas.

    8esse ponto ainda as lendas nos descre)em a fi(a*/o dos primeiros

    reis do Xent& de 3ercie ou de 8ort0mbria& mas a realidade dos

    factos escapa-nos e a #istria desses reinos come*a a ser con#ecidano s'culo V!!. 3as os #istoriadores ingleses n/o %uerem aceitar esta

    lacuna e& utilizando os dados da =istria Eclesi"stica& de ,ede

    9morto em K;& o ,eoUulf& primeiro poema em l2ngua )ulgar& e

    enfim as leis de At#elbert de Xent e de !ne de esse(& tentaram

    reconstituir a sociedade anglo-sa(nica do s'culo V!. 1i(emos

    alguns aspectos. Irimeiramente& a anar%uia pol2ticaP en%uanto os

    reinos b"rbaros do continente con#ecem muito rapidamente uma

    relati)a unidade pol2tica e se pode falar do reino dos 1rancos ou dos

    Visigodos a partir do s'culo V!& n/o e(iste reino anglo-sa(nico

    unificado. !nstalados em pe%uenos grupos isolados uns dos outros&

    os po)os in)asores )/o formar principados independentes e

    inimigos. 8/o sabemos o seu n0meroP falou-se da D#eptar%uia

    inglesa& mas& de facto& a !nglaterra di)ide-se& n/o em sete

    reinados& mas em dezasseis ou dezoito. Alguns deles& )/o& sem

    d0)ida& crescendo F custa dos )izin#os e podem-se distinguir& nofim do s'culo V!& ,ernicie e >eirie 9!or%ue;& %ue formar/o a

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    8ort0mbria& ao sul do rio =umber a East-Anglia e 3ercie 95marc#a6

    contra os ,ret+es; e& por fim& os estados meridionais de Xent& Esse(

    usse( e esse(.

    Boda a #istria inglesa do s'culo V! ao s'culo !Y ' preenc#ida pela

    luta de influncias desses pe%uenos reinos e delimitam-se os seus

    per2odos falando da supremacia de Et#elbert de Xent 9fim do s'culo

    V!;& de EdUin e de OsUa!d de 8ort0mbria 9primeira metade do

    s'culo V!!;& de Offa& rei de 3ercie 9K-LM;& at' ao momento em

    %ue o esse( dominar" definiti)amente& pouco antes das in)as+es

    dinamar%uesas do s'culo !Y 9reinado do rei Alfredo;.

    As institui*+es anglo-sa(nicas diferem conforme os reinos e a id'ia

    de um Dsistema anglo-sa(nico primiti)o& concebida no fim do

    s'culo Y!Y pelo grande #istoriador tubbs& est" agora ultrapassada.

    As fontes do s'culo V!! %ue J" citamos mostram-nos os c#efes de

    bandos %ue se tornaram reis rodeados de uma nobreza de

    guerreiros& os Jo)ens educando-se Junto ao pr2ncipe& os )el#os

    formando um consel#o pol2tico %ue mais tarde tomou o nome de

    Uitenan-gemot 9assembl'ia dos anci/os;. Z antiga nobreza doscompan#eiros de armas 9t#anes; Junta-se& depois da con%uista& uma

    no)a nobreza dotada de terras e encarregada de fun*+es

    administrati)as& a dos eorls. Abai(o destas nobrezas& a base da

    sociedade parece ser formada pela multid/o de camponeses li)res

    9os ceorls;& depois pela dos escra)os libertos 9laets; - pelo menos no

    Xent- e& finalmente& pela dos escra)os 9t#eoUs; )indos da ermnia

    ou escol#idos entre os ,ret+es )encidos.

    8o conJunto& essas institui*+es conser)am a marca do sistema

    germnico e& se estud"ssemos a organiza*/o Judicial e as tarifas do

    ergeld& ou a comunidade de aldeia 9toUns#ip; - cuJa origem '

    ainda muito obscura -& ou& enfim& a religi/o dos Anglo-a(+es& esta

    influncia germnica seria confirmada.

    Os reinos de !nglaterra ficam durante muito tempo em contactocomas ci)iliza*+es escandina)as. A descoberta do barco funer"rio

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    de utton Roo 9East Anglia; e do seu tesouro ' uma bril#ante

    confirma*/o desse facto. $ma literatura em l2ngua )ulgar - o )el#o

    ingls - constituir-se-" mais rapidamente do %ue no continente e

    uma arte ser" criada& particularmente em 8ort0mbria 9ouri)esaria

    e miniaturas;& cuJa influncia ser" grande no continente.

    por R!C=E& I. As !n)as+es b"rbaras. :isboaP europa-Am'rica& sQd.

    O Reino #ranco

    a; >esaparecimento da realeza borgon#esa.

    Cl)is n/o conseguira ane(ar o reino borgon#s& %ue parecia

    destinado a formar um encla)e no reino franco. A posi*/o e a

    organiza*/o da ,orgon#a pareciam dar a esta realeza #ipteses de

    perdurar.

    En%uadrado pelos planaltos de C#ampan#e e do

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    igismundo 9KSM-KN;. Budo parecia anunciar um grande reino.

    !nfelizmente para igismundo& os )izin#os do seu reino eram

    demasiado ousados. Retomando os proJectos de seu pai&

    encoraJados pela m/e& Clotilde& sobrin#a e )2tima de ondebaud&

    os fil#os de Cl)is in)adiram a ,urg0ndia em KN.& en%uanto& no

    ul& os seus aliados astro gados ocupa)am as plan2cies do ,ai(o

    Rdano e igismundo foi aprisionado e torturado& mas o seu irm/o

    odomar conseguiu manter-se at' K.@. $m no)o ata%ue dos

    1rancos obrigou-o a fugir e o seu reino foi partil#ado entre

    C#ildeberto& Clot"rio e o seu sobrin#o Beodeberto. Eles ocuparam

    mesmo a Iro)en*a& %ue os sucessores de Beodorico& amea*ados por

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    de)ido a uma influncia eclesi"stica. >a mesma forma& o e(erc2cio

    da Justi*a muitas )ezes se confunde com a percep*/o dos direitos

    de Justi*a. O 5pal"cio6 continua a ser uma esp'cie de

    acampamento %ue se desloca segundo as necessidades materiais os

    dignat"rios %ue seguem o rei s/o os camerarius& %ue toma conta das

    cmaras& em especial da do tesouro& o maJor domus& administrador

    da )illa real& o sinisc#al& c#efe dos lacaios& ou o marisc#al&

    respons")el pelas ca)alari*as. em d0)ida& de)emos igualmente

    mencionar o referend"rio& de %ue dependem os ser)i*os

    administrati)os do rei. O mero)2ngio %ue reina sobre popula*+es

    romanas dei(ou& com efeito& numerosos autos escritos& todos

    redigidos por galo-romanos e %ue lembrariam os autos imperiais seas regras do latim neles fossem obser)adas&

    Iara fazer aplicar os editos nas diferentes regi+es do seu reino& os

    principes en)iam condes francos ou romanos& %ue& nos limites da

    cidade& tm plenos poderesP mandam aumentar os impostos

    segundo o #"bito imperial e as ta(as indirectas 9alfndegas&

    peagens& direitos sobre as mercadorias& portagens& etc.; para maior

    pro)eito do tesouro real recrutam os e('rcitos %uando rebentauma guerra com um soberano )izin#o dirigem os debates do

    tribunal 9mallus; e s/o aJudados nessa tarefa por a%ueles %ue os

    te(tos c#amam ,oni =omines& ou ratc#imbourgs& sem d0)ida os

    not")eis da cidade. Os abusos de poder do conde n/o s/o raros&

    mas s/o denunciados por a%uele %ue se torna uma esp'cie de

    defensor da cidade& o bispo.

    O bispo mero)2ngio '& com efeito& igualmente poderoso. endo& em

    geral& galo-romano 9dos KM bispos reunidos nos conc2lios& entre @K

    e KM& NG tm nomes de origem germnica;& os bispos tm a

    confian*a do rei e a simpatia das popula*+es. >e origem

    aristocr"tica& s/o %uase os 0nicos a ter uma cultura e& o %ue ' mais

    importante& possuem numerosas terras. Estes bens& %ue a caridade

    e a piedade dos fi'is aumentam continuamente e %ue mais tarde.

    gra*as ao pri)il'gio de imunidade& escapar/o ao controlo fiscal dorei& permitem-l#es sustentar os seus cl'rigos& resgatar os cati)os&

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    socorrer os pobres& construir igreJas ou monumentos de interesse

    p0blico 9fortifica*+es& di%ues& etc.;. A isto acrescenta-se o prest2gio

    religioso desses 4#omens de >eus& pregadores ou taumaturgos&

    %ue& no meio da anar%uia geral do s'culo V!!& aumenta

    constantemente.

    c; A preponderncia austrasiana nos s'culos V!! Q V!!!. - A ac*/o dos

    bispos contribui em parte para realizar a fus/o entre os di)ersos

    po)os da "lia. ?uando regrio de Bours escre)e a =istria dos

    1rancos& conta& na )erdade& a #istria de todos a%ueles %ue s/o

    s0bditos dos 3ero)2ngios e %ue& conscientemente ou n/o& se sentem

    solid"rios no mesmo destino. 3as essa fus/o realizou-se %uasee(clusi)amente nas regi+es compreendidas entre o :oire& o 3arne e

    o Escalda 98ustria;. 8outros lados& a influncia germnica foi

    muito fraca 9A%uitnia& ,orgon#a& Iro)en*a;& nula 9Armrica; ou

    preponderante 9regi+es do :este;.

    /o essas regi+es& c#amadas Austr"sia no s'culo V!!& %ue no decurso

    das guerras ci)is %ue se seguem ao reinado de >agoberto 9MNL-ML;&

    )/o decidir a sorte da "lia 1ranca. $ma fam2lia descendente deIepino de :anden 9perto de :iege; e de Arnoul& bispo de 3etz&

    consegue impor a sua pol2tica aos reis mero)2ngios e& gra*as a

    Iepino de =erstal& )ence os 8eustrianos 9MG;. A morte deste

    pro)oca de no)o a anar%uia& mas um dos seus bastardos& Carlos&

    restabelece a situa*/o e tem a sorte de deter perto de Ioitiers uma

    in)as/o mu*ulmana 9N;. >esta )ez& a fam2lia austrasiana gan#a

    uma situa*/o slida e o fil#o de Carlos& Iepino-o-,re)e& pode

    aprisionar o 0ltimo mero)2ngio e tomar o seu lugar. Iara realizar o

    %ue se c#amou o Dgolpe de Estado de KS& Iepino apoiou-se nas

    for*as germnicas do reino& cuJo centro de gra)idade se desloca das

    regi+es mar2timas para os )ales do 3osa e do Reno. 3as te)e

    sobretudo o apoio da !greJa e do arcebispo de 3og0ncia& /o

    ,onif"cio& com %uem realizara a reforma eclesi"stica na "lia.

    Al'm disso& consultado o papa& este apro)ou a mudan*a de

    dinastia. Enfim& ' sagrado o no)o rei F maneira dos reis )isigodos. Aalian*a %ue se estabelece entre a igreJa catlica e a fam2lia

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    carol2ngia est" destinada a ter futuro.

    por R!C=E& I. As !n)as+es b"rbaras. :isboaP europa-Am'rica& sQd.

    Os $Brbaros %er&nicos$

    Ior )olta de NH a.C.& I2teas de 3arsel#a empreendeu um p'riplo

    de e(plora*/o comercial em busca de mbar e de estan#o. Bra*ou

    sua rota at' o mar ,"ltico e a embocadura de Ems& entrando& pela

    primeira )ez& em contato com o mundo germnico. :ogo

    estabeleceram-se outros contatos com as )anguardas das primeiras

    migra*+es no mar 8egro 9fins do s'culo l!! a.C.; e na "lia& 8rica&

    Espan#a e !t"lia 9SS a SHS a.C.;.

    Os romanos at' ent/o descon#eciam %ue& na retaguarda de seus

    inimigos celtas& encontra)am-se os po)os germnicos. Celta e galo

    eram termos utilizados indistintamente para nomear os #abitantes

    do norte e centro da Europa. O mundo celta& efmero sen#or desta

    regi/o& apenas pro)isoriamente& impedia a e(pans/o germnica. Osgalos gozaram de um tal prest2gio %ue suas institui*+es foram

    imitadas pelos germanos at' na Escandin")ia.

    O #istoriador grego IosidWnio publicou& nas )'speras da con%uista

    romana da "lia 9s'culo ! a.C.;& o relato de suas )iagens atra)'s do

    OcidenteP dele se originou a teoria segundo a %ual a pala)ra

    germano designa)a o conJunto de po)os instalados entre os rios

    Reno e V2stula. Estrab/o& gegrafo de origem grega 9s'culo S;&Julgou %ue o termo era um )oc"bulo latino ad)indo de germen.

    ermani indicaria a%ueles %ue esta)am unidos pelo sangue.

    3odernamente& :ot considerou germano como um termo c'ltico

    empregado pelos remenses em rela*/o a seus )izin#os do leste.

    Iara 3itre& parece %ue a pala)ra era estran#a F prpria l2ngua

    germnica& sendo aplicada& em princ2pio& pelos romanos aos galos.

    3usset tamb'm concorda com essa opini/o ao assegurar %ue o

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    termo n/o era de origem germnica e se referia Fs tribos semi-

    celtas da margem es%uerda do Reno& os germani cisr#enani&

    aumentando assim a possibilidade do )oc"bulo ser c'!tico. A

    distin*/o entre os po)os galo e germnico apresentou-se entre os

    romanos nas obras de C'sar& Estrab/o& Il2nio& O Vel#o& B"cito e

    Itolomeu. Os %uatro 0ltimos autores tentaram elaborar algumas

    s2nteses& fa)orecidos aps um s'culo de guerras e contatos

    comerciais.

    A origem dos germanos ' incerta. ,asicamente e(istem trs

    #ipteses. Alguns estudiosos alem/es acreditam %ue os germanos

    seJam indo-europeus )indos da R0ssia oriental. Outros consideram-nos como nrdicos %ue ocupa)am as regi+es escandina)as e b"lticas

    e esta)am isolados pela floresta germnica. 8a !dade do ,ronze&

    estes po)os receberam o aporte de outros po)os& dos %uais

    adotaram a l2ngua indo-europ'ia. A ci)iliza*/o germnica estaria

    influenciada pelos celtas e il2rios& e at' pelos po)os mediterrneos.

    Esta #iptese ' a mais aceit")el pela #istoriografia. A 0ltima foi

    formulada por B"cito& %ue os ) como autctones.

    Os autores latinos elaboraram di)ersas classifica*+es dos germanosP

    Il2nio adotou o crit'rio topogr"fico - )andili 9compreende os

    burgundiones& os )arini& os c#arini e os gu- tones;& istaeones 9po)o

    0nico de nome modificado& os sicambrios;& ingae)ones 9compreende

    os cimbri& os teutones e os c#auci;& #ermiones 9compreende os

    suebi& os #ermunduri& os c#etti e os c#erusci; e peucini ou

    basternae. Ior sua )ez& B"cito seguiu a genealogia m2ticaP o

    progenitor comum& manuus 9#omem;& e seus trs fil#os&

    antepassados dos ingae)ones& #ermiones e istae)ones.

    A maioria das tentati)as de classifica*/o das tribos baseou-se na

    origem genealgica& efetuadas por #istoriadores interessados&

    principalmente& no aspecto etnolgico& desde Estrab/o at' B"cito.

    Ior'm& diferem entre si na denomina*/o das tribos e nem

    coincidem nos grandes grupos. Estas di)ergncias e(pressam tal)ezas sucessi)as fases do desen)ol)imento #istrico.

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    A #istoriografia moderna utiliza-se de duas categoriasP geogr"fica e

    lingT2stica. Ric#' e :ot& apesar de adotarem a geogr"fica& diferem

    nas suas classifica*+es. O primeiro analisa o momento da in)as/o do

    s'culo V e di)ide os po)os germnicos em trs grupos. 8o leste& os

    godos& )indos do ,"ltico& na $crnia& no s'culo l!!& repartem-se em

    )isigodos 9godos 4s"bios4;& a oeste do >nieper& e em ostrogodos

    9godos 4bril#antes4;& a leste do mesmo rio. =" ainda os g'pidos& %ue

    descem do ,"ltico e se instalam sobre a B#iza& n/o longe dos

    )ndalos #asdings. Os )ndalos silings& por sua )ez& ocupam a il'-

    sia e comprimem os marcomanos na ,a)iera. Os burgundios&

    origin"rios tal)ez da il#a b"ltica de ,orn#olm 9borg#undar#olm;&empurrados pelos g'pidos& encamin#am-se do Oder em dire*/o ao

    Reno. 8o outro grupo& a oeste& est/o os alamanos& congregando

    di)ersos po)os 9ali mann;& %ue se estabelecem sobre o 3ain. Os

    francos absor)em os sicambrios& c#ama)os& bructeros& c#attos etc.

    e di)idem-se em dois segmentosP ripu"rios& sobre a margem do

    Rena& de ,onn a ColWnia& e s"lios& entre o Reno e o Escalda. O

    0ltimo grupo& localizado ao norte& seria o dos escandina)os& anglos&

    )arnes e Jutos. Entre a foz do Elba e do eser& instalam-se ossa(+es e fr2sios& e& mais a leste& entre o Elba e o Oder& os

    lombardos.

    :ot opta por urna biparti*/oP germanos ocidentais e os

    setentrionais e orientais. Os primeiros se subdi)idiriam em

    ingae)ones 9cimbrios& teut+es& anglos& )arnes& sa(+es e fr2sios;& na

    pen2nsula da

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    A distin*/o pela l2ngua desen)ol)eu-se a partir da gram"tica

    comparada& no come*o do s'culo Y!Y. Bradicionalmente& di)ide-se

    em trs dialetosP nrdico 9escandina)o antigo e l2nguas modernas

    surgidas a partir dele;& sticos 9burgundio& )ndalo& rugio& bastamo&

    todos desaparecidos; e )'sticos 9francos& alamanos& b")aros&

    lombardos& anglos& sa(+es& fr2sios alem/o& #olands e ingls

    modernos;. Contudo& esta classifica*/o est" sofrendo uma re)is/o&

    em )ista da pro(imidade relati)a do nrdico com o gtico e dialetos

    afins& originando o seguinte es%uemaP germnico continental

    9francos& alamanos& b")aros& lombardos ... ; germnico do mar do

    8orte 9anglo-sa(/o& fr2sio; e tal)ez um germnico do Elba por fim&godo-escandina)o 9dialetos nrdicos e sticos na classifica*/o

    tradicional;.

    Apesar de tudo& continua ainda em %uest/o %uais eram os po)os

    %ue esta)am compreendidos nos di)ersos grupos e(istentes. obre

    isto ' dif2cil c#egar a um acordo nas circunstncias atuais& pois as

    grandes di)is+es& %ue da literatura antiga surgiram&

    fundamentaram-se em princ2pios distintos e compreendiamsomente urna parte de toda a ermnia. >e fato& e(istem muitas

    possibilidades de classifica*/o segundo a importncia %ue se

    concedeu& e ainda se concede& ao idioma& origem& traFi*/o tribal&

    determinadas institui*+es da )ida social e do culto& e& sobretudo

    tamb'm& F prpria ordena*/o dos grupos. omente %uando a

    transmiss/o de dados da tradi*/o se realizou sob condi*+es muito

    fa)or")eis ' %ue foi poss2)el incorporar com e(atid/o a um mapa

    moderno o cat"logo de po)os da Antiguidade e combin"-los com os

    estudos de classifica*/o ar%ueolgica.

    Ior O8O:E $ERRA& 3. Os Io)os ,"rbaros. /o IauloP tica&

    SLG.

    A Civilizao dos $Brbaros$

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    ] na obra de B"cito& ermania& %ue se obt'm uma )is/o mais

    detal#ada dos costumes e da )ida dos po)os germ-& nicos. O autor

    nasceu em KK& foi %uestor e pretor em GG& sob a dinastia 1l")ia&

    cWnsul nos tempos de 8er)a& alcan*ou seu mais alto posto oficial

    sob BraJano& com a administra*/o da sia. Em ermania& a

    manifesta simpatia de B"cito pelos germanos e seu con#ecimento

    deste po)o fazem crer %ue fora fil#o do procurador e%Testre da

    pro)2ncia dos belgas. ] bem poss2)el %ue B"cito ten#a

    desempen#ado um cargo pr(imo F ermnia& na ,'lgica& durante

    sua ausncia de %uatro anos de Roma& o %ue facilitou o relato sobre

    a%uele territrio e seu po)o& ad)ers"rio tem2)el do !mp'rio

    Romano. Ior'm& n/o ' como um inimigo %ue ele o descre)e nosseus mais di)ersos aspectos. Ainda %ue a ermania ten#a se

    baseado& em parte& nos antigos relatos& B"cito tamb'm empregou

    material contemporneo& da2 a )igncia de sua obra. Caso se con-

    siderem as fontes ar%ueolgicas& %ue em muitas ocasi+es

    completam e mel#oram o relato de B"cito& tem-se a possibilidade&

    pouco fre%Tente para outros po)os& de obter um corte trans)ersal

    dessa regi/o at' fins do s'culo !. Este per2odo ' um momento

    considerado fundamental no processo de forma*/o dos diferentespo)os& %ue se constitu2ram na%uele conJunto #istrico e cuJa

    organiza*/o interna pode se distinguir da dos )izin#os com toda a

    nitidez. A obra de B"cito torna-se& portanto& imprescind2)el para a

    compreens/o da 4ci)iliza*/o b"rbara4 & %ue ' comple(a e )ariada.

    Ior'm& ater-se-" Fs caracter2sticas mais gerais dos germanos

    Aspecto social

    Os germanos descon#eciam Estado e cidade. ua )ida social esta)a

    centrada na comunidade& na tribo& no cl/& enfim& na fam2lia& em

    %ue o indi)2duo encontra)a sua raz/o de ser. A base de toda a

    estrutura social esta)a na sippe 9comunidade de lin#agem %ue

    assegura)a a prote*/o ao grupo de pessoas sob sua autoridade;.

    8uma posi*/o superior esta)a a centena 9fundamentada no distritoou gau;& organismo com fun*+es Judiciais e de recrutamento

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    ligados F cultura do\ solo. Iodiam ser resgatados& tornando-se

    semili)res por'm& n/o faziam parte do po)o germnico& pois

    somente uma fam2lia da)a ao germano possibilidade de ser li)re.

    Ric#' acrescenta uma aristocracia de nascimento 9lin#agem; ou de

    )alor& propriet"ria da maior parte das terras %ue dirigiria a tribo

    9adalingi;. Este grupo tin#a a prerrogati)a de ser)ir nas tropas de

    ca)alaria& influncia da )izin#an*a dos po)os iranianos %ue faziam

    grande uso do ca)alo. O consider")el grau de influncia da nobreza

    germnica pelo )i)er da%uele po)o de ginetes pode ser e)idenciado

    pela situa*/o %ue se apresentou na 'poca das grandes 4in)as+es

    b"rbaras4. Ior'm& 3usset considera du)idosa a e(istncia& em

    muitos po)os& de uma nobreza estran#a Fs fam2lias reais.

    Aspecto poltico

    O car"ter militar ' o tra*o mais t2pico da sociedade germnica. A

    guerra era a raz/o de ser do germano& %ue de)ia sempre estar

    preparado para o ata%ue. uas armas eram principalmente

    ofensi)asP lan*as& espadas longas com duplo corte e mac#ados. Aorganiza*/o dos e('rcitos 4b"rbaros4 descansa)a no ser)i*o de todos

    os #omens li)res em estado de combater& e%uipar-se e alimentar-

    se& pelo menos& para uma curta e(pedi*/o. As mul#eres tamb'm

    da)am sua contribui*/o& incenti)ando os guerreiros. Estes& caso

    fossem )encidos& se mata)am no campo de batal#a ou se

    entrinc#eira)am nas fortalezas da floresta& esperando uma no)a

    ocasi/o. Os ac#ados ar%ueolgicos confirmaram toda essa

    belicosidade& pois nos t0mulos encontraram-se grandes %uantidades

    de armas.

    $ma das principais ati)idades dos germanos esta)a ligada F guerraP

    a metalurgia das armas& arte na %ual eram insuper")eis. Esta

    superioridade t'cnica proporciona)a uma )antagem garantida aos

    germanos nas guerras %ue empreendiam. omada F t'cnica& #a)ia

    tamb'm a estrat'gia. B"cito& ao se referir aos c#attos& re)ela %uepossu2am um autntico e('rcito profissional pro)ido de um corpo

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    8a 'poca das in)as+es& os po)os germnicos apresenta)am-se

    distintamente do %ue retratou B"cito. Alguns constitu2ram-se em

    c'lulas elementares muito coerentes& mas pouco numerosas&

    en%uanto outros forma)am )astas confedera*+es& constantemente

    suJeitas F absor*/o ou dissolu*/o. =a)ia tamb'm graus

    intermedi"rios. 8essas associa*+es maiores entra)am )"rios

    elementosaglutinadoresP sociolgicos 9comunidade de

    antepassados& matrimWnios mistos;& religiosos 9comunidade de

    culto;& geogr"ficos 9regi/o #abitada;& lingT2sticos 9particularidades

    dialetais;& econWmicos 9botim; e 'tnicos. Contudo& na maioria das

    )ezes& o determinante era pol2tico. ?uase todos os po)os %ue di)i-

    diram o sa%ue do !mp'rio ti)eram como agregador uma realezadin"stica& o %ue n/o era um tra*o primiti)o dos germanos segundo

    B"cito e C'sar. Estes fala)am em suas obras de numerosos po)os

    4republicanos4. A monar%uia era uma institui*/o %ue domina)a na

    parte oriental do limes imperial.

    A luta com Roma e a di)is/o dos despoJos fa)oreceram a realeza.

    Esta tin#a um duplo car"terP religioso e militar& cuJa intensidade de

    cada tipo de poder )aria)a de acordo com o po)o.

    A sobre)i)ncia das confedera*+es& sobretudo as maiores& dependia

    do sucesso %ue obtin#am. Repetidos fracassos acarreta)am a

    dissolu*/o e o desaparecimento de seu nome. eus componentes

    gan#a)am sua liberdade ou entra)am para outros agrupamentos.

    Estes podiam ser de dois tiposP um grupo reduzido& %ue defendia o

    seu nome e a dinastia& e outro composto de camadas e(ternas

    supostas. O primeiro& por sua e(tens/o& era mais f"cil de ser

    ani%uilado por'm& en%uanto subsistia& era dotado de forte

    4conscincia 'tnica4.

    Aspecto econmico

    Os germanos eram simultaneamente guerreiros e camponeses&situa*/o esta figurada no seu instrumento& a frncica& %ue n/o era

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    pelos pais de fam2lia ou c#efes de tribo %uando das assembl'ias ou

    liba*+es rituais de )in#o. Eram os c#efes das fam2lias %ue dirigiam

    os sacrif2cios dom'sticos. As mul#eres tin#am um papel de

    desta%ue como profetisas 9por e(emplo& V'leda; ou m"gicas. Banto

    os 4padres4 como essas mul#eres con#eciam o car"ter secreto das

    runas 9escritura germnica;. Iarece %ue tin#am um )alor

    decorati)o e m"gico para a prote*/o dos guerreiros& Esses sinais

    eram gra)ados em madeira& armas& Jias ou pedras& resguardando

    seus portadores.

    8/o #a)ia templos. Os rituais ocorriam nos bos%ues sagrados& picos

    de montan#as ou pr(imos de fontes ou "r)ores& em certas datas9solst2cio& lua no)a;. Iratica)am-se ent/o sacrif2cios animais ou

    #umanos& presididos pelos 4padres4.

    =a)ia trs reuni+es anuais para obter boa col#eita& crescimento das

    plantas e )itrias nas guerras. Estas tamb'm podiam ser

    comemoradas com sacrif2cios de armas e prisioneiros. 1aziam-se

    prociss+es com carros de combate& bem como algumas pr"ticas

    adi)in#atrias.

    Os germanos adora)am essencialmente a natureza e suas for*as&

    %ue atua)am como em um campo de batal#a& em %ue se

    defronta)am os deuses. O esp2rito belicista desse po)o n/o poderia

    estar ausente da sua religi/o. Encontra)am-se no pante/o

    germnico grandes figuras di)inas& tais comoP otan 9ou Odin;& %ue

    preside o com'rcio& combates e tempestades - deus aristocr"tico

    por e(celncia BiUaz& %ue dirige o c'u e protege as assembl'ias

    >onar 9ou B#or;& sen#or dos raios e %ue ' in)ocado antes de ir F

    guerra 8ert#us& a deusa da fecundidade& festeJada na prima)era

    9sempre presente nas sociedades agr"rias; 1re_a& di)indade do

    amor e do fogo. Alguns desses nomes est/o presentes no

    calend"rioP ter*a-feira ' o dia de BiUaz 9Buesda_;& %uinta-feira& de

    >anar 9B#ursda_; e se(ta-feira de 1re_a 91rida_;. !gualmente

    e(istem numerosos seres in)is2)eis& esp2ritos e gigantes& e(pressosna literatura germnica. Entre os esp2ritos malignos& sobressai :o`i&

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    %ue& com a aJuda dos deuses& criou o #omem& dotando-o assim de

    uma parte boa e outra m". B"cito re)elou a e(istncia de poemas&

    cantos #ericos e mitolgicos& in)ocando alguns #eris em rela*/o

    direta com os deusesP Buisto& ,uri& 3arin e !ngo.

    A religi/o germnica caracteriza)a-se por %uatro elementosP o

    car"ter escatolgico& pois tudo foi criado e& portanto& de)ia

    terminar& seJam deuses ou #omens o pensamento fatalista& ao

    pre)er %ue a grande batal#a entre os deuses e os esp2ritos malignos

    ani%uilaria a todos a cren*a em uma )ida aps a morte 9al#alla e

    =el;& e(pressa na incinera*/o ou inuma*/o com os utens2lios& armas

    e adornos dos mortos o esp2rito b'lico& prprio de uma aristocraciaguerreira& %ue pri)ilegia os sentimentos de #onra e fidelidade&

    recompensando-os guerreiros& %uando mortos em batal#a& com uma

    )ida entre os deuses no al#alla& le)ado-os pelas )al%u2rias

    donzelas guerreiras fil#as de otan& o referido fatalismo foi

    atenuado com a esperan*a de surgir um mundo de paz& aps a

    guerra final& no %ue ressucitariam os fil#os dos deuses e #omens.

    Contudo& nessa e(istncia predomina)a a guerra e a morte.

    Aspecto cultural

    A produ*/o art2stica e cultural dos germanos esta)a profundamente

    interligada ao seu esp2rito guerreiro. 8o decorrer dos ban%uetes& os

    cantores impro)isa)am poemas 'picos em #onra aos #eris

    germnicos. A epop'ia e a lenda dos #eris germnicos )incula)am-

    se F mitologia germnica acima descrita. Os cantos 'picos

    constitu2am uma manifesta*/o das )irtudes )alorizadas por esse

    po)o. 8o centro desta epop'ia& ressalta)a-se o #eri& descendente

    de um personagem di)ino.

    Cada tribo ou cl/ tin#a sua saga& esp'cie de lenda em %ue se fazia

    uma recorda*/o gloriosa dos antepassados. Era a e(press/o liter"ria

    mais elementar. 3itre cita a tipologia elaborada por onzagueRe_nold para classificar essas manifesta*+es po'ticas centradas nos

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    #eris. Assim& apresentaram-se cinco ciclosP ostrogticos

    9Ermanarico e Beodorico; franco 9igfrido; burgundio 9unt#er e

    seus irm/os e a #ero2na Xriem#ild; lombardo 9rei Rot#ari& Ortmit&

    =ugdietric# e sua fil#a oldfdietric#; a%uitnio 9alter ou

    out#ier;. Estes comp+em os ciclos da ermnia do continente.

    1altam& contudo& os ciclos da ermnia do mar& com os poemas de

    Xudrun e ,oeUulf& os dois de origem danesa. O poema dos

    nibelungos& e(press/o significati)a da epop'ia germnica& foi

    imortalizado e popularizado pela or%uestra*/o do compositor

    alem/o agner& no s'culo Y!Y.

    Os caracteres r0nicos& originados na >inamarca& no s'culo l!& e porinfluncia mediterrnea& possu2am muito mais uma fun*/o m"gica

    do %ue de escrita. em prestar grandes ser)i*os F )ida intelectual&

    subsistiu no continente at' o s'culo V!!& na !nglaterra at' o !Y e na

    Escandin")ia at' o YV. Com a con)ers/o dos godos ao arianismo& no

    s'culo !V& surgiu um tipo de alfabeto inspirado no grego e no

    r0nico. Este foi criado pelo bispo ariano $lfilas ou ulfila 9SS-

    G;& %ue traduziu a ,2blia em l2ngua gtica& facilitando assim a sua

    tarefa religiosa.

    A ouri)esaria& como e(posto anteriormente& te)e seu papel de

    desta%ue como uma das mais importantes manifesta*+es art2sticas

    dos germanos. A destreza e o gosto germnicos se re)elam com

    grande esplendor nessa arte& na %ual foram mestres.

    por O8O:E $ERRA& 3. Os po)os b"rbaros. /o IauloP tica&

    SLG.

    Comentrio, por Bruna Leticia Colita

    O texto nos trs uma idia inicial dos poos !r!aros, um texto

    de lin"ua"em de #cil compreenss$o, e ideal para aqueles que tem

    #asc%nio por &nti"uidade Tardia e pelos poos !r!aros, pois com otexto sanamos rias d'idas quanto a conceitos, reli"i$o, modo de

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    ida, sustento, produ($o, l%n"uas, ori"ens, arte, e "uerra.

    Como podemos er no texto, a pr)pria palara *"ermano+ n$o de

    'nica interpreta($o, arias de#ini(es e poss%eis ori"ens como

    podemos destacar con/unto de poos diididos pelo rio Reno e

    0%stula, unidos pelo san"ue 1"rmen 2 "ermani3, termo cltico,

    semi-cltico,e nas entre-linas entende-se que eles n$o se

    coneciam como "ermanos ou semi- clticos.

    & ori"em destes poos tam!m n$o exata, no texto destaca-se

    trs ip)teses mas nenuma, com total exatid$o4 com a

    istorio"ra#ia moderna outros princ%pios s$o tomados para asdiis5es, s$o eles "eo"r#ico e lin"6istico, pelos "e)"ra#os Ric

    e Lot.

    Tam!em oue uma distin($o dos poos "erm7nicos atras da

    l%n"ua.

    & sociedade em que os !r!aros iiam colocada por Tcito e nos

    lea a uma interpreta($o de muita disciplina, responsa!ilidade,con/unto da #am%lia, ordem, pol%tica, e principalmente "uerras,

    como ine/eis a muitas or"ani8a(es sociais.

    Basicamente o omem !r!aro estaa desde crian(a sendo

    preparado para ser um "rande "uerreiro, sem medo da morte,

    cresciam numa cultura diretamente relacionada com a reli"i$o, e

    nesta aiam rios deuses, e o alalla um lu"ar esperado por

    todos, porm somente !ons "uerreiros seriam rece!idos na 9casa

    dos deuses:.

    ;ram "uerreiros e camponeses, iiam como semi-n5mades, pois

    estaam sempre !uscando noas terras para o plantio, e assim seu

    sustento4 e como o clima n$o cola!oraa, estaam sempre em

    !usca de noas terras , isso tale8 /usti#ique tantas !atalas e

    inases.

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    ;ram "randes artistas, suas armas eram de excelente qualidade e

    e#icacia, e "randes "uerreiros #oram os ce#es de exrcitos da

    poca tardia.

    Os cantos e poemas destes poos estaam muito relacionados com

    o esp%rto "uerreiro, relem!raam os mortos, e #a8iam inculos com

    a mitolo"ia, e sempre os relem!raam como er)is. Gostaam

    muito da nature8a, estaam sempre a admirando e seus cultos

    eram normalmente ao ar lire, os colarese 9amuletos: usados por

    esses poos, eram #eitos a m$o, al"umas e8s de madeira, #erro,

    ouro demonstrando assim suas cren(as ou admira($o.

    O que conclu%mos deste texto precis$o que o autor tenta nos

    passar da ma"nitude destes poos, suas ori"ens e desenolimento,

    !rae8a e capacidade, que muitas e8es passam desaperce!idas

    por n)s, pelo #ato do estudo ser #eito atras de #atos

    arqueol)"icos e literatura anti"a.

    Os !r!aros deixaram muitas ra%8es em nossa sociedade e n$o

    podemos deixar mais uma e8 a cance de desendarmos essasciili8a(es passarem desaperce!idas.

    A oc'pao do i&p(rio no decorrer dos s(c'los V e V)

    ;< cerca de um sculo 1#ins do sculo =0 a #ins do sculo 03 o

    =mprio Romano do Ocidente #oi ocupado por uma primeira "rande

    a"a inasora e diidido numa srie de unidades pol%ticas de idainstel e por e8es mesmo e#mera. & rapide8 e a !rutalidade da

    ocupa($o, destruindo os quadros da administra($o romana, n$o

    puderam contudo #a8er desaparecer a cultura su!/acente, a qual

    se #oi impondo s tri!os inasoras. ;sta situa($o modi#icou-se no

    entanto no decorrer dos sculos 0 e 0=4 >oas a"as "ermanas,

    a"ora numa in#iltra($o mais lenta mas mais se"ura, se apropriaram

    do solo da Rom7nia. Os ?rancos, lan(ando os #undamentos de uma

    na($o estel, os &lamanos e os Baros #ixando-se ao lon"o do

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    do mesmo rei recebeu como local de permanncia a parte oriental

    da il#a& como para combater a fa)or da p"tria& mas na realidade a

    fim de a con%uistar. !niciada a batal#a com os inimigos %ue do

    norte tin#am )indo para a luta& os a(+es obti)eram a )itria. Ior

    isso mandaram para casa a not2cia tanto da fertilidade da il#a como

    da in'rcia dos ,ret+es e imediatamente l#es foi en)iada uma frota

    maior& transportando um grupo mais forte de #omens de armas& os

    %uais Juntos F coorte anterior constitu2ram um e('rcito in)enc2)el.

    Os %ue c#egaram& obti)e

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    a2. Bendo feito alto por algum tempo& a fim de dar descanso aos

    corpos dos #omens e dos animais de carga& Odoacro en)iou contra

    ele uma for*a armada& com a %ual se encontrou nos campos de

    Verona& destruindo-a e fazendo nela grande mortandade. Ent/o

    desfez o acampamento e a)an*ou pela !t"lia com a maior ousadia.

    Atra)essando o rio Io& assentou campo perto da cidade real de

    Ra)ena& cerca do terceiro marco mili"rio a partir da cidade& no

    lugar c#amado Iineta. ?uando Odoacro )iu isto& fortificou-se

    dentro da cidade. 1re%uentes )ezes atacou o e('rcito dos odos

    durante a noite fazendo surtidas furti)amente com os seus #omens&

    e n/o uma ou duas )ezes& mas muitas e assim combateu durante

    %uase trs anos completos. 3as trabal#ou em )/o& por%ue toda a!t"lia por fim c#amou a Beodorico o seu sen#or e a Rep0blica

    obedeceu aos seus deseJos. 3as Odoacro& com os seus poucos

    partid"rios e os romanos %ue esta)am presentes sofria

    %uotidianamente com a guerra e a fome em Ra)ena. Visto %ue nada

    conseguia& en)iou uma embai(ada e pediu clemncia 9;. Beodorico

    primeiro concedeu-l#a& mas depois tirou-l#e a )ida.

    1oi no terceiro ano depois da sua entrada na !t"lia& como dissemos&%ue Beodorico& por consel#o do imperador en/o& pWs de lado o

    traJe de cidad/o pri)ado e o )estu"rio da sua ra*a e adoptou uma

    )este com um manto real& )isto ter-se transformado& agora& no

    dirigente tanto dos odos como dos Romanos.

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    A !8VAAO >A !BA:!A IE:O :O3,AR>O 9KMG;

    & desloca($o dos Lom!ardos em direc($o en%nsula =tlica #oi,

    moment7neamente, de consequncias desastrosas. or um lado, a

    =tlia, onde os Lom!ardos n$o conse"uiram esta!elecer um estado

    unitrio e or"ani8ado, caiu na anarquia. or outro, a#ixa($o dos

    Iaros na an)nia eio cortar durante sculos as comunica(es

    entre o &dritico e o Bltico. aulo @icono 1sculo 0===3, o autor

    do treco que se transcree, era um lom!ardo que redi"iu com

    certa parcialidade a ist)ria do seu poo.

    8a )erdade& Albo2no 9S;& antes de partir para a !t"lia com Os:ombardos& pediu au(2lio aos seus )el#os amigos a(+es a fim de

    entrar na%uela espa*osa terra e ocup"-!a com maiores efecti)os.

    Acorreram ao apelo mais de )inte mil sa(+es 9N;& acompan#ados

    pelas mul#eres e os fil#os& para com ele penetrarem na !t"lia.

    Bendo con#ecimento disto& Clot"rio e igeberto& reis dos 1rancos&

    colocaram ue)os e outros po)os nos locais de onde tin#am sa2do os

    a(+es 9;. Ent/o Albo2no entregou aos seus amigos =unos os

    prprios territrios& ou seJa a Iannia& sob a condi*/o de %ue& seem %ual%uer altura fosse necess"rio aos :ombardos )oltar para tr"s&

    tornariam a pedir a%uelas terras 9@;.

    Iortanto os :ombardos& abandonada a Iannia& com as mul#eres&

    os fil#os e todas as alfaias& precipitaram-se na !t"lia para a ocupar.

    Bin#am #abitado a Iannia durante %uarenta e dois anos. >ela

    sa2ram no ms de Abril& pela primeira indic*/o 9K;& no dia seguinte

    F santa I"scoa& cuJa festi)idade se deu na%uele ano de acordo com

    os c"lculos da raz/o no prprio dia das Calendas de Abril 9M;&

    %uin#entos e sessenta e oito anos depois da encarna*/o do en#or.

    Iaulus >iaconus& =istoria :angobardorum& in 3onumenta

    ermaniae =istorica - criptores Rerum :angobardicarum et

    !talicarum& aec. V!-!Y& =anno)er& SGG& p. M.

    9S; Rei dos :ombardos de KMS a KN. 9N; Al'm dos a(+es& ter-se-

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    iam unido a Albo2no ,")aros& ue)os& ,0lgaros& 'pidas e "rmatas&

    entre outros. 9; Os reis francos procura)am estabelecer

    protectorados no a(e& ,a)iera e Iannia. 9@; Este acordo foi feito

    por um prazo de duzentos anos& n/o com os =unos& mas sim com os

    )aras. 9K; 8o primeiro ano de um ciclo de %uinze anos. 9M; A S de

    Abril.

    :EOV!!:>O BE8BO$ A $8!1!CAO pO:2B!CA >A EIA8=A 9KMG-KGM;

    O reinado de Leoi"ildo marcou um "rande aan(o no processo de

    uni#ica($o pol%tica do estado isi"odo e de #ortalecimento do poderreal. Aanto =sidoro de Aeila 1c. FDJ-DD3, autor do texto que se

    se"ue, um contempor7neo dos eentos que nele re"istou.

    8a era de MHM 9S;& no terceiro ano do go)erno de

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    Asturia. 9K; ona das Ast0rias. 9M; As for*as bizantinas %ue #a)iam

    ocupado a fai(a costeira entre >enia e C"diz. 9; Em KGK.

    por Espinosa& 1. Antologia de te(tos #istricos medie)ais& :isboa& "

    da Costa& SLN

    *igra"es Brbaras +s(cs, V - V)))

    3!RAE E !8VAE

    esaparece somente em

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    S@K& sob o ata%ue dos turcos.

    Enfim& se as in)as+es b"rbaras dessa 'poca[ desempen#aram um

    papel determinante na e)olu*/o do mundo ocidental e na

    desloca*/o do !mp'rio& s/o elas apenas um episdio importante&

    mais marcante& de uma longa s'rie de a)an*os ou infiltra*+es& de

    aspectos muito )ariados& desde #" muito amea*adores& mas

    contidos pelos limes em todas as fronteiras do !mp'rio

    intensificaram-se a partir do s'culo !!l& acalmando-se bem mais

    tarde diante da resistncia obstinada dos no)os reinos e imp'rios.

    Boda a #istria da Europa permanece seriamente marcada pelos

    ata%ues de po)os #ostis& %ue& constantemente& retorna)am F cargapelos mesmos camin#os. Aps um curto inter)alo& no tempo dos

    primeiros carol2ngios& os escandina)os retomaram& no s'culo !Y& as

    rotas seguidas %uatrocentos anos antes pelos con%uistadores

    sa(+es& dos piratas da 1r2sia em dire*/o F !nglaterra& Fs costas

    francesas do mar do 8orte e da 3anc#a. 8o sul& na mesma 'poca&

    os mu*ulmanos& como outrora os )ndalos de enserico& retm o

    3editerrneo ocidental& as il#as e as regi+es do trigo. A leste&

    apesar das poderosas contra-ofensi)as da cristandade& as )agas sesucedem %uase 2ninterruptamente& ao longo de toda a nossa !dade

    3'dia aos germanos se sucedem primeiramente os esla)os& os

    #0ngaros e depois todos os po)os turcos pro)enientes da Asia

    CentralP b0lgaros& petc#enegues& `ubanos& mongois principalmenteP

    os de engis-C/ por )olta de SNKH& os de Bamerl/o no in2cio do

    s'culo Y!V.

    Al'm disso& essas incurs+es em dire*/o ao Ocidente s/o apenas um

    aspecto& o menos importante sem d0)ida& das grandes migra*+es de

    ca)aleiros nWmades da sia Central& %ue& no mesmo per2odo& do

    s'culo V ao YV& atacam ininterruptamente o !mp'rio c#ins& onde&

    de SNMH a SMG& impuseram a dinastia mongol dos uan. Iode-se&

    assim& estabelecer um certo paralelo entre as dificuldades do

    !mp'rio romano de Constantinopla ou dos reinos crist/os do

    Ocidente e as do mundo c#ins& entre os limes aps as defesas maisfle(2)eis das cidades e dos castelos da Europa e a mural#a da C#ina.

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    Em certa medidaP& essas grandes migra*+es de po)os& geralmente

    nWmades& pro)enientes das estepes da Europa oriental ou da Asia&

    determinam os destinos dos mundos sedent"rios do nosso Ocidente

    e os da sia e(tremo\oriental.

    OR!E8 >A 3!RAE

    ] naturalmente imposs2)el dada a falta de informa*+es precisas&

    atribuir-l#es causas bem n2tidasP esses b"rbaros s/o ainda muito

    mal con#ecidos e seu enfo%ue #istrico ' muito arriscado e

    delicado. 8/o se pode& de um modo seguro& in)ocar e(clusi)amentenem uma degrada*/o clim"tica %ue ti)esse afastado os pastores das

    plan2cies mais ele)adas em dire*/o a terras mel#ores& nem uma

    e(pans/o demo gr"fica suficientemente dram"tica& nem mesmo

    estruturas sociais particulares %ue pro)ocassem a emigra*/o de

    numerosos membros do cl/ em busca de no)a sorte. ] e)idente

    apenas %ue a e(trema mobilidade desses nWmades-criadores das

    estepes& agricuitores em %ueimadas de florestas da ermnia ou

    ainda piratas do mar. fa)oreciaP empreendimentos arriscados elong2n%uos. Essa mobilidade& al'm disso& marca& durante toda a

    !dade 3'dia e por )ezes& bem mais tarde& nossos po)os do

    Ocidente& nascidos dessas misturas 'tnicas.

    Iara o romano& o b"rbaro ' antes de tudo um soldado.

    1re%Tentemente atribuiu-se o (ito das in)as+es a uma indiscut2)el

    superioridade militarP ca)alaria mais le)e e r"pida& dom2nio

    absoluto da ent/o dif2cil arte de forJar as armas. >e fato& esses

    b"rbaros combatem& ao %ue parece& de uma maneira bem diferente

    dos romanosP arcos de ca)aleiros #unos montados em ca)alos

    r"pidos& espadas longas e lan*as de ca)aleiros )ndalos ou

    alamanos& gl"dios mais curtos de infantes francos. 3as o mobili"rio

    funer"rio& encontrado nos t0mulos de cidades de soldados& indica

    com precis/o apenas as armas dos francos& correspondentes ao

    per2odo do s'culo V!& bem posterior Fs primeiras in)as+es. Essasarmas s/o todas ofensi)asP o mac#ado de um s gume - o c'lebre

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    francisca - atirado de longe sobre o inimigo& a espada longa com

    dois gumes& o gl"dio ou scarama( de um s gume. l"dios e espadas

    demonstram $ma desconcertante #abilidade na arte de ligar os

    metais& de temperar o a*o& de soldar pe*as cuidadosamente

    produzidas. Essas armas trabal#adas com e(traordin"rio esmero&

    cuJos pun#os e bain#as s/o fre%Tentemente decorados com

    desen#os incrustados de fios de ouro ou prata e pedras preciosas&

    assumem ent/o um )alor simblico. Representam a sorte e o

    orgul#o do guerreiro. ,em mais tarde& as c#ansolSs de geste e o

    ritual da ca)alaria contam ainda o amor do #omem li)re por sua

    espada. Essas espadas e armas sobrepuJam de longe as dos

    romanos& muito inferiores sobre o corpo feito de um fino fol#eadode )"rias lminas de ferro tenro e a*os muito el"sticos e- slidos&

    at' oito ou dez Fs )ezes& os artes/os germnicos c#apea)am e

    solda)am os gumes de a*os temperados e submetidos F

    cementa*/o& e(traduros& t/o cortantes e resistentes como os a*os

    especiais atuais 9E. alin;.

    Iarecem raros& entretanto& os grandes feitos de armas ou os

    combates decisi)os %ue atraem a aten*/o dos cronistas& como a)itria dos godos em Andrinopla contra as tropas de Valncio 9L de

    agosto de G; ou a desastrosa tra)essia do limes sobre o Reno 9S

    de dezembro de @HM; pelos )ndalos e seus aliados& ou ainda as

    brutais con%uistas da Espan#a pelos mesmos )ndalos 9@HL;& do

    Au)ergne pelos )isigodos.

    Com maior fre%Tncia& os b"rbaros introduzem-se no !mp'rio sem

    c#o%ues& F custa de acordos )ariados %ue l#es abriam

    pacificamente o limesP infiltra*+es lentas e insens2)eis& migra*+es

    mais %ue in)as+es. Roma& s'culos aps& recruta)a mercen"rios

    b"rbaros& ca)aleiros ou infantes& para seus corpos au(iliaresP assim

    os riparioli& %ue guarda)am as margens do Rdano e do Reno. A

    alguns de seus c#efes confia)a at' mesmo comandos militares e a

    tarefa de repelir ata%ues de no)os b"rbaros& ainda estrangeiros&

    mas impacientes por ser)ir...ou pil#ar o !mp'rio. 8as fronteiras e&por )ezes& no interior distante& instala)a& para defender e repo)oar

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    os campos& colWnias de guerreiros germnicos& antigos prisioneiros

    Fs )ezes& de in2cio submetidos a uma rigorosa disciplina militar e

    se)eramente isolados das popula*+es romanizadas. A lembran*a

    desses laeti - letos - mante)e-se por muito tempo em certos

    topWnimos 9Aleman#a em rela*/o aos alamanos& por e(emplo;. A

    ambi*/o dos b"rbaros era obter dos romanos a #ospitalidade& %ue

    l#es assegura)a terras em troca de ser)i*os militares e do respeito

    Fs leis do !mp'rio. As tribos& popula*+es ou po)os inteiros&

    obtin#am assim um foedus& tratado %ue precisa)a as condi*+es de

    estabelecimento dos federados em terras abandonadas ou nos

    dom2nios de grandes propriet"rios romanos. Esses acordos& %ue

    re)i)em certas tradi*+es prprias ao aloJamento de soldados doe('rcito imperial em campan#a& atribu2am a cada fam2lia b"rbara

    uma parte - sors - das terras do 4#ospedeiro4 9um ter*o ou dois

    ter*os& conforme ocaso;& en%uanto os bos%ues e os pastos

    permaneciam fre%Tentemente indi)is2)eis. Os guerreiros federados

    foram com fre%Tncia aliados fi'is de Roma& ")idos a defender-l#e

    as fronteiras.

    O IOVO ,R,ARO

    Os gregos& depois os romanos& designa)am pelo nome de b"rbaros

    todos os po)os declaradamente estrangeiros& rebeldes F sua

    ci)iliza*/o& seu modo de )ida& suas estruturas econWmicas e sociais&

    sua cultura& e mesmo F sua l2ngua. >e fato& o b"rbaro& ao longo de

    todo o !mp'rio& ' o #omem das estepes ou das florestas& nWmade

    mesmo nas cidadelas de agricultores& incapaz em todo caso de

    assimilar a ci)iliza*/o greco-romana& essencialmente urbana. Ior

    )olta do s'culo V& a pala)ra ' sobretudo cWmoda para dissimular

    uma ignorncia %uase total dos po)os al'm do limes. Ainda #oJe& a

    #istria dos b"rbaros& %ue& do s'culo !!! ao Y!& atacam o Ocidente.

    permanece bem mal con#ecida. Os seus prprios nomes s/o por

    )ezes incertosP esses po)os formam muitas )ezes )astas

    confedera*+es& inst")eis. compostas por tribos de origens muitodi)ersas& %ue se )alem do po)o )encedor& adotam seu nome& para

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    depois troc"-lo assim %ue mude a sua sorte.

    Iode-se& entretanto& distinguirP

    - Os po)os iranianos de ra*a branca& %ue& pro)enientes das altas

    plan2cies do Bur%uest/o e do X#orassan na Asia Central& se

    estabeleceram nas estepes Fs margens do 3ar 8egro s/o os citas&

    os s"rmatas e depois& principalmente& os alanos& sen#ores de um

    grande imp'rio.

    - Os asi"ticos nWmades de ra*a amarela& %ue se podem %ualificar

    como turcos& sucessi)amente os #unos e os ")aros.

    - 3ais numerosos& os germanos& )asto grupo 'tnico& na realidade

    muito #eterogneo& sem d0)ida origin"rio das pro)2ncias

    meridionais da Escandin")ia e cuJas primeiras migra*+es remontam

    ao segundo milnio antes de Cristo. >etidos longo tempo pelos

    celtas 9s'culo& V ao l!;& os germanos continuaram em seguida seu

    a)an*o em dire*/o ao sul& c#ocando-se ent/o com os romanos. >a2

    os ata%ues espetaculares de duas popula*+es germnicas& osteut+es e os cimbros& )encidos por 3"rio na Iro)en*a e na !t"lia do

    8orte 9SHN-SHS a.C.;. 8o s'culo !V de nossa era& os germanos

    formam em toda a Europa& fora do limes romano& poderosas

    confedera*+es de nomes di)ersos& distintas sem d0)ida por suas

    caracter2sticas 'tnicas& suas l2nguas cada )ez mais di)ersificadas&

    seus gneros de )ida e suas ati)idades sobretudoP os gados da

    estepe& pastores nWmades& os germanos das florestas da Europa

    central& os sa(+es e os fris+es das margens nrdicas& criadores de

    gado& marin#eiros e piratas.

    A !8VAE ER38!CA

    Em K& os #unos& pro)enientes da sia& destru2ram o !mp'rio alano

    das margens do C"spio& deslocaram todos os seus inimigos emdire*/o ao oeste e fundaram& no in2cio do s'culo V& na Europa

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    Central& um )asto Estado nWmade& de fronteiras incertas& dirigido

    por um rei todo-poderoso& #eredit"rio. $ma casta de nobres&

    administradores do pal"cio& au(ilia-o. tila& rei em @@& conduza

    princ2pio seus e('rcitos contra o limes do Oriente e as cidades dos

    ,alc/s e& posteriormente& em @KS& sa%ueia todo o norte da "liaP

    contido& por'm& pelas mural#as de Orl'ans& repelido nos Campos

    catalunicos& na C#ampagne& diante dos romanos e de seus aliados

    b"rbaros& )olta-se& no ano seguinte& contra a !t"lia& toma e pil#a

    todas as cidades da bai(a plan2cie do I. ua morte em @K&

    entretanto& anuncia a desloca*/o do !mp'rio dos #unos& t/o temido

    pelos romanos. Em conse%Tncia disso& os empreendimentos

    brutais& de)astadores dos outros nWmades da sia permanecemmarginais ou sem continuidade. 8o s'culo V!. Os ")aros c#ocam-se

    com as defesas do >an0bio& instalam-se nas plan2cies da IanWnia&

    mas sua e(pans/o em dire*/o ao Ocidente ' se)eramente contida

    pelos contra-ata%ues dos francos.

    >e fato& a #istria das in)as+es b"rbaras& do s'culo !V ao V!! '&

    antes de tudo& para o Ocidente crist/o& a das migra*+es

    germnicas.

    Em terra& essas migra*+es atingem de in2cio as pro)2ncias orientais

    do !mp'rioP ' a 4primeira )aga4 germnica 9:. 3usset;& a dos gados

    %ue ocupam a !l2ria. 3al estabelecidos no !mp'rio& encarregados de

    restabelecer oP ordem& de perseguir ou dizimar os b"rbaros mais

    turbulentos& os )isigodos 9godos do oeste; obtm um foedus em @SG

    e um )asto reino %ue re0ne a A%uitnia e a Espan#a. Os ostrogodos

    9gados do leste;& de in2cio estabelecidos por um foedus 9@KK; nas

    plan2cies do m'dio >an0bio& amea*am constantemente os ,alc/s&

    atingem mesmo Constantinopla e& deslocados finalmente para o

    oeste pelo imperador bizantino en/o& tomam o !t"lia& conduzidos

    por seu rei Beodorico 9@GL-@L;. 8a mesma 'poca& outros po)os

    b"rbaros #a)iam atacado diretamente o limes ocidental. Os

    )ndalos cruzam F for*a o Reno em @HM& entram na Espan#a trs

    anos mais tarde e& perseguidos e seriamente derrotados pelos)isigodos& passam posteriormente F Africa 9@NL;& onde& apesar da

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    assinatura de um foedus 9@K;& con%uistam as mel#ores pro)2ncias

    romanas. Os borg0ndios& %ue foram sempre au(iliares do !mp'rio&

    estabelecem-se primeiramente no Reino 9foedus de @S;& fundando

    a seguir um poderoso reino& %ue tendo como ei(o suas duas

    capitais& :_on e enebra& re0ne as regi+es do aona e do Rdano

    at' o rio >urance. 8as fronteiras das pro)2ncias mais ocidentais& J"

    enfra%uecidas& afirma-se& por'm& a espantosa sorte pol2tica dos

    francos& po)o por muito tempo obscuro& antes uma confedera*/o

    de popula*+es mais ou menos autWnomas& %ue Jamais tentaram

    ata%ues frontais contra o limes& infiltrando-se& entretanto&

    lentamente eram soldados do e('rcito imperial em toda a "lia&

    colonos militares estabelecidos muito cedo na ,'lgica e nasmargens do Reno 9o primeiro foedus data do fim do s'culo !l!; e

    depois nas terras abandonadas pelas defesas romanas. 3ais tarde&

    outros po)os francos& %ue #a)iam permanecido na ermnia&

    apro)eitaram-se da abertura oferecida pelos )ndalos em @HM e se

    instalaram como con%uistadores nos )ales do m'dio Reno e do

    3osela& tomando as fortalezas e de)astando as cidades ainda

    prsperas.

    8ascido por )olta de @MK& Cl)is tornou-se& apro(imadamente em

    @GS& C#efe dos francos s"lios da regi/o de Bournai e&

    pacientemente& con%uistou ou reuniu num )asto reino todas as

    pro)2ncias da "lia do 8orte.

    $ma segunda )aga de in)as+es terrestres atinge& bem mais tarde

    ainda& a !t"lia retomada pela recon%uista bizantina 9KM-KKN;. Em

    KMG& os lombardos& germanos estabelecidos na IanWnia 9foedus em

    K@H;& pressionados pelas amea*as dos ")aros& abandonam suas

    terras e& liderando um e('rcito composto por toda sorte de tribos

    germnicas e asi"ticas& for*am o limes do 1riul. A con%uista& a

    princ2pio f"cil& c#oca-se com a resistncia obstinada dos bizantinos&

    %ue fortificam os portos& as costas e o no)o limes no Apenino. >esse

    modo& os bizantinos s perdem no)a em M@H e Ra)ena em KS.

    Algum tempo depois& os lombardos formaram um slido Estado&centralizado sobretudo na plan2cie do Ih& em )olta de 3il/o& de

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    Verona& de Ia)ia& tomada em KN e %ue se tornou capital a partir

    de MNM.

    Entrementes& da mesma forma espetaculares. as migra*+es

    mar2timas dos germanos do 8orte desordena)am o mapa 'tnico e

    pol2tico de toda a Europa do 8ordeste. >esde o fim do s'culo !!!& os

    ata%ues dos piratas sa(+es. transportando-se ainda em canoas

    prec"rias& estendiam-se por todas as margens do mar do 8orte& da

    3anc#a e do Atlntico at' os estu"rios da aliza. >o %ue resultam

    as constru*+es de obras de defesa costeira& formando o litus

    sa(onicum& slido e cont2nuo& sobretudo no litoral oriental da

    ,retan#a. A esses ata%ues audaciosos& muitas )ezes de)astadores&sucedem-se tentati)as de po)oamento& muito t2midas no continente

    9regi/o de ,oulogne e da bacia normanda;& mais importantes&

    por'm na ,retan#a& l"& os sa(+es& acompan#ados por outros po)os

    mar2timos do 8orte& fris+es& Jutos e anglos& encontram uma regi/o

    abandonada por Roma e Ra)ena& enfra%uecida pelas lutas entre os

    pe%uenos reis celtas. As tribos con%uistadoras& )indas do bai(o

    a(e& da ecorre disso uma)i)a e comple(a ressurrei*/o de tradi*+es autctones& de folclore

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    fundamental. muito sens2)el na e)olu*/o dos gneros de )ida& dos

    cultos religiosos. das formas de e(press+es art2sticas 9princi-

    palmente temas ornamentais; essa re)i)escncia marca tamb'm

    toda a )ida pol2tica da 'poca. Al'm das oposi*+es 'tnicas&

    acrescentam-se conflitos sociais& %ue agra)am ent/o as

    complica*+es econWmicas e a mis'ria camponesa. Bodo o !mp'rio

    est"& no s'culo V& profundamente perturbado pelas re)oltas

    agr"riasP bagaudes da "lia e de BerragonaP bandos de rustici do

    8oroeste da Espan#a& circoncellions da Africa.

    Outra re)i)escncia brutal& geralmente catastrfica& a da pil#agem

    em terra& da pirataria no mar& %ue& em todo lugar& arru2na aseguran*a e as comunica*+es& isola pro)2ncias inteiras& acentua os

    particuSarismos regionais& outrora fundidos pelo !mp'rio.

    Ior outro lado& as migra*+es germnicas pro)ocam a desloca*/o

    para as fronteiras do norte e do leste de todas as for*as do !mp'rio&

    enfra%uecendo-se assim as outras defesas& contra os b"rbaros do

    Oeste. >esse modo& na frica& Roma abandona& desde meados do

    s'culo V& a pro)2ncia da 3auritnia Fs tribos berberes insubmissas.!gualmente& a ,retan#a& onde as regi+es c'Sticas #a)iam sido

    outrora ocupadas pelos romanos& sofre& no s'culo V& os a)an*os dos

    b"rbaros do 8orte - os pietos da Esccia - e do Oeste - os escotos da

    !rlanda. Os escotos obtm ent/o& nas costas oeste& marcantes

    (itos& %ue correspondem na mesma 'poca aos dos sa(+es na costa

    lesteP ata%ues de piratas primeiramente& depois estabelecimentos

    no Ia2s de ales& >e)on& Cornual#a e a coloniza*/o da Esccia.

    Enfim& todas as in)as+es b"rbaras pro)enientes do leste ou do oeste

    pro)ocaram& em contrapartida& importantes migra*+es #umanas no

    interior do imp'rio& a maior parte das %uais& ' )erdade& dei(ou

    somente tra*os incertos. Con#ece-se bem apenas a mais

    importanteP a dos celtas ou bret+es %ue& abandonando suas il#as

    entregues por Roma aos b"rbaros& atra)essam a 3anc#a para se

    estabelecerem no sul& na Armrica& nossa ,retan#a atual& e mesmonas margens da aliza. Este longo e(2lio 9de @KH a MHH

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    os comboios de trigo& ainda indispens")eis ao abastecimento da

    capital seus piratas atacam todas as costas at' a r'cia e c#egam

    mesmo a pil#ar Roma& em @KK. Boma posse das il#as do Birreno&

    det'm uma parte consider")el da ic2lia& e& desse modo& funda um

    )asto imp'rio mar2timo ser)ido por uma frota de piratas& %ue C#r.

    Courtois designa como um 4imp'rio do trigo4. A con%uista )ndala

    pri)a Roma& portanto& de seus grandes mercados cereal2feros

    separa de maneira decisi)a a !t"lia das il#as da frica fa)oreceu

    enfim o isolamento #ispnico. 3as& na frica mesmo& a domina*/o

    desses germanos& destitu2dos de %uadros urbanos& administradores

    e not"rios& permanece prec"ria resiste mal em K@& aos primeiros

    ata%ues dos e('rcitos bizantinos de O 8A !B:!A

    A @ de setembro de @M& o imperador infante RWmulo Aug0stulo era

    deposto pelo e('rcito do !t"lia. Odoacro& c#efe de uma pe%uena

    tribo de b"rbaros - os ]rulos ou `iros - '& pouco depois&

    recon#ecido 4patr2cia4 pelo imperador en/o de Constantinopla.Boma-se& de fato& o sen#or de um e('rcito composto por

    mercen"rios de origens muito di)ersas e de um )erdadeiro reino

    b"rbaro limitado F !t"lia e cuJo centro )ital situa-se na plan2cie do

    8orte& entre Ra)ena& a capital& e 3il/o.

    Em @GL& por'm& Beodorico& c#efe dos ostrogodos& in)ade a

    pen2nsula& comandando um e('rcito tamb'm compsito& e inflige a

    Odoacro uma retumbante derrota perto de Verona. Beodorico cerca

    Odoacro em Ra)ena& engana-o ao oferecer a partil#a do poder e&

    finalmente& faz com %ue seJa assassinado 9mar*o de @L;.

    O go)erno de Beodorico inspira-se a seguir na s"bia pol2tica de

    OdoacroP uma esp'cie de dualismo %ue& com muita #abilidade&

    mant'm igualmente tradi*+es imperiais romanas e b"rbaras.

    eneral2ssimo romano& 4patr2cia4 e& por outro lado& rei dosgermanos& Beodorico formara-se durante longas permanncias na

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    corte de Constantinopla. 3ant'm as antigas leis& dei(a o nome do

    imperador nas moedas& conser)a os magistrados e empregados nos

    cargos de outrora sobretudo& sabe gan#ar o apoio da classe

    senatorial& respeitando-l#e os pri)il'gios& e o do po)o de Roma&

    sempre alimentado e entretido. Restaura as termas& as loJas& os

    a%uedutos e os esgotos da capital.

    uas ambi*+es ultrapassam em muito a !t"lia e parece ter son#ado

    com uma esp'cie de #egemonia dos godos sobre o conJunto do

    mundo germnico& unificado sob sua autoridade. Conser)a estreitos

    contatos com as tribos estabelecidas na ermnia& onde recruta

    soldados e en)ia legados destinados a refor*ar a solidariedade dosb"rbaros. Esfor*a-se por estabeSec'r la*os familiares com outras

    casas reinantes ele mesmo casa-se com uma irm/ de Clo)is e sua

    irm/ desposa B#rasamundo& rei dos )ndalos casa uma de suas

    fil#as com o )isigodo A!arico n e uma outra com o borg0ndio

    igismundo.

    Aps KH e a )itria de Cl)is sobre os )isigodos& sal)a\ a Iro)en*a

    da in)as/o franca& en)ia )2)eres para Arles& ret'm a eptimnia e&de KSS a KNM& imp+e um )erdadeiro protetorado sobre o reino

    )isigtico da Espan#a& go)ernado ent/o por\ oficiais de Ra)ena.

    8os 0ltimos anos de sua )ida& entretanto& Beodorico perseguiu os

    catlicos e os membros da aristocracia acusados de constitu2rem

    um partido bizantino e imperial. V2tima de uma )erdadeira mania

    de persegui*/o& o rei ) por toda parte conspira*+es tramadas

    contra ele& faz morrer na pris/o o papa

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    Roma em @SH. A seguir estabeleceram-se na A%uitnia segunda pelo

    toedus de @SG. Esse primeiro reino )isigtico& o de Boulouse&

    con#ece um per2odo de apogeu sob o reinado de Eurico 9MM-@G@;&

    %ue estende sua autoridade sobre a maior parte da Espan#a& ocupa

    toda a Iro)en*a ao sul do rio >urance 9Arles e 3arsel#a s/o

    tomadas em @GH;& con%uista o Au)ergne e e(pulsa os celtas

    armricos de ,ourges. Em KH& por'm& o rei Alanco !! ' )encido e

    morto em Vouill' pelos francos de Cl)is os godos sobre)i)entes

    atra)essam os Iireneus.

    O segundo reino )isigtico& o da Espan#a& primeiramente submisso

    aos ostrogodos de Ra)ena& posteriormente independente& '& semd0)ida& o mais poderoso e o mais original de todos os reinos

    b"rbaros do Ocidente& dos s'culos V ao V!!!. A unidade e a paz

    interior& por'm& permanecem por muito tempo amea*adas por

    gra)es perigosP

    - As re)oltas dos po)os inimigos instalados na prpria Espan#a. Os

    reis )isigodos s/o obrigados a lutar sem cessar contra os sue)os&

    po)o b"rbaro cuJas origens e #istria permanecem muito obscuras&instalado no Oeste 9aliza& :usitnia& ,'lica ocidental;. Os

    )isigodos fazem face tamb'm aos ata%ues de insubmissos& bascos

    principalmente. Bentam frear o a)an*o dos bizantinos& c#amados

    na pen2nsula a propsito de uma %uest/o sucessria& em KKS fazia-

    se necess"rio& em seguida& recon%uistar as pro)2ncias ocupadas por

    esses gregosP ,'tica com e)il#a e mesmo Crdo)a& Barragona at'

    >enia& Algar)e. A unifica*/o pol2tica desen)ol)eu-se sa-

    tisfatoriamente sob o reinado de :eo)igildo 9KMG-KGM;& %ue ane(ou

    as pro)2ncias dos sue)os& submeteu os bandos de camponeses

    re)oltados& construiu face aos bascos a no)a fortaleza de Vitria&

    retomou Crdo)a e 3edina idWnia e posteriormente e)il#a aos

    bizantinos. 1oi ela& no entanto& gra)emente comprometida pela

    re)olta do fil#o mais )el#o do rei& =ermenegildo& %ue& con)ertido

    ao catolicismo& se apia nas cidades do ul e pro)oca uma

    )erdadeira guerra ci)il :eo)igildo& por'm& compra a neutralidadedos gregos& toma e)il#a em KG@& prende seu fil#o e& com certeza&

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    faz com %ue seJa assassinado.

    - A oposi*/o religiosa entre os godos arianos e os #ispano-romanos

    catlicos. e parecem raras as persegui*+es& a di)ersidade de

    cren*as e de igreJas foi por muito tempo o maior obst"culo F fus/o

    dos dois po)os. Esse problema foi resol)ido& em KGM& pela con)ers/o

    do rei Recaredo 9KGM-MS;& segundo fil#o de :eo)igildo. Con)ertido

    ao catolicismo pelo bispo de e)il#a. :eandro. A partir de ent/o& os

    reis )isigodos da Espan#a encontram na !greJa um poderoso apoio

    os conc2lios de Boledo& onde se manifestam todos os bispos da

    Espan#a. tornam-se os )erdadeiros tribunais do reino.

    - A oposi*/o dos c#efes da antiga aristocracia. Os du%ues )isigodos

    manifestam sempre um )i)o deseJo de independncia. Apiam-se

    nos francos entre os %uais facilmente encontram ref0gio. >esde o

    fim do s'culo V!!& em conse%Tncia de uma %uest/o din"stica dois

    partidos nobres #ostis& digladiam-se& defendendo cada %ual uma

    fam2lia ri)al em SH& por ocasi/o da morte do rei Vitiza& um dos

    pretendentes c#ama em seu au(2lio os e('rcitos mu*ulmanos de

    Bari` reunidos em Bnger. O outro rei )isigodo& Rodrigo& ocupadoem reprimir uma re)olta dos bascos& desloca-se precipitadamente&

    mas suas tropas s/o totalmente derrotadas na dura batal#a de

    esse nacionalismo espan#ol&

    !sidoro de e)il#a& consel#eiro pol2tico do rei& d" )ibrantes

    testemun#os na medida em %ue e(alta o passado dos godos e a

    grandeza da Espan#a 94m/e sempre feliz de pr2ncipes e po)os&

    rain#a de todas as pro)2ncias4;. !sidoro de e)il#a luta contra a

    influncia intelectual dos gregos e guarda diante de Roma a

    autonomia e os particularismos da !greJa da Espan#a. 8esse cl'rigo

    mesmo& a id'ia de imp'rio uni)ersal apaga-se diante da de uma

    na*/o& de uma p"tria e de um po)oP 4ot#orum gens ac patria4.

  • 8/13/2019 A Antiguidade Tardia em Textos - A Civilizao dos Brbaros - Andr Bueno

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    O RE!8O ER38!CO >O 8ORBE

    Os reinos do 8orte& fundados mais tarde& assinalam um abandono

    ainda mais pronunci