95894073 a holding como modalidade de planejamento patrimonial da pessoa fisica no brasil

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    A holding como modalidade de planejamento patrimonial dapessoa fsica no BrasilFred John Santana PradoElaborado em 01/2011.Pgina 1 de 4

    A A

    A sociedade denominada Holding Patrimonial tem por finalidade a

    reduo de carga tributria da pessoa fsica, o planejamento sucessrio e o

    retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos, sem tributao.

    1 INTRODUO

    Neste trabalho de pesquisa trata-se da sociedade denominada

    HoldingPatrimonial, em seus diversos aspectos, notadamente como forma de reduo decarga tributria da pessoa fsica, planejamento sucessrio e retorno de capital sob a forma

    de lucros e dividendos, sem tributao.

    O trabalho traz como problemtica o questionamento: "Ser a Holding Patrimonial

    uma alternativa eficaz de planejamento do patrimnio da pessoa fsica? E quais as suas

    vantagens e desvantagens?"

    Para responder eficazmente a este e outros questionamentos, pretende-se,inicialmente, delinear o conceito, previses legais e espcies de holdings, analisando em

    seguida suas vantagens e desvantagens.

    Nesse momento, tentar-se- confirmar se a opo pela constituio de uma

    Holding que controle o patrimnio da pessoa fsica implica, verdadeiramente, em

    vantagens concretas, posto que os bens da pessoa fsica, que se torna apenas titular de

    quotas, passam para a pessoa jurdica, havendo, assim, vantagens para seus titulares,

    principalmente no que concerne a tributao diferenciada, transmisso "causa mortis"(quando da partilha de bens), transmisses em geral (ITIV, etc.), bem como fcil acesso ao

    crdito no mercado em geral e agilidade no processo de inventrio.

    A fim de possibilitar uma melhor compreenso do tema, sero apresentadas

    tambm noes de Sistema Tributrio Nacional e Planejamento Tributrio. Em seguida,

    tratar-se- dos tipos societrios, tributao, integralizao de capital em bens e direitos,

    recebimento de lucros e dividendos e outros aspectos societrios.

    http://jus.com.br/revista/autor/fred-john-santana-pradohttp://jus.com.br/revista/autor/fred-john-santana-pradohttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/autor/fred-john-santana-prado
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    Por fim, sero demonstrados os passos e procedimentos para se constituir uma

    Holding Patrimonial.

    Vale ressaltar que no se pretende esgotar o assunto, j que se limitar, neste

    trabalho, a lidar com a Holding para pessoas fsicas, deixando para momento outro a

    Holding para pessoa jurdica (controladora, p.ex.).

    Atinente aos objetivos do presente trabalho tem-se: a) apresentar uma viso geral

    do funcionamento da Holding no Brasil; b) demonstrar as principais regras e princpios

    societrios existentes no ordenamento jurdico brasileiro; c) levantar bibliografia referente

    ao tema; d) analisar a legislao nacional pertinente; e) identificar os aspectos

    controvertidos da Holding; f) identificar os reflexos provocados pelos princpios

    contemporneos na regulamentao e jurisprudncia sobre o tema; g) analisar textos de

    diversas reas para contextualizar o tema em questo.

    Textos relacionados

    A ilegalidade das patentes incrementais no Brasil. Uma breve anlise da deciso do Grupo

    Interministerial de Propriedade Intelectual

    Compatibilidade entre mandato no Poder Legislativo e contratao de cdulas rurais

    A responsabilizao do scio por dbitos fiscais na empresa limitada

    Tributao diferenciada como aspecto de fomento livre concorrncia: a situao da

    microempresa

    Aspectos gerais da liberdade de concorrncia

    Como se disse, pretende-se, ao longo do trabalho, analisar a maioria dos

    aspectos da sociedade Holding Patrimonial, como modalidade de planejamento do

    patrimnio da pessoa fsica, em todos os seus pormenores, e os objetivos acima

    delineados serviro para orientar a investigao cientfica.

    Apesar dos cuidados, pedem-se as devidas escusas pelas lacunas eimperfeies que o escrito seguramente encerra. Serve-se de consolo, todavia, a

    justificao do mestre Rui Barbosa, que confessou a peito aberto: "uma verdade h que

    me no assusta, porque universal e de universal consenso: no h escritor sem

    erros" [01].

    Nesse sentido, no se v mal em asseverar que equvocos causados pelo arrojo

    intelectual so, quase sempre, mais teis do que os acertos vulgares, justamente porque

    abrem espaos e propiciam novas e aprofundadas meditaes.

    http://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20068/compatibilidade-entre-mandato-no-poder-legislativo-e-contratacao-de-cedulas-ruraishttp://jus.com.br/revista/texto/20068/compatibilidade-entre-mandato-no-poder-legislativo-e-contratacao-de-cedulas-ruraishttp://jus.com.br/revista/texto/19972/a-responsabilizacao-do-socio-por-debitos-fiscais-na-empresa-limitadahttp://jus.com.br/revista/texto/19972/a-responsabilizacao-do-socio-por-debitos-fiscais-na-empresa-limitadahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19972/a-responsabilizacao-do-socio-por-debitos-fiscais-na-empresa-limitadahttp://jus.com.br/revista/texto/20068/compatibilidade-entre-mandato-no-poder-legislativo-e-contratacao-de-cedulas-ruraishttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasil
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    O tema fascinante, e num futuro prximo a Holding Patrimonial ser muito mais

    conhecida e utilizada por todos aqueles que quiserem planejar seu patrimnio de forma

    segura e eficaz. Por fim, acredita-se poder chegar a concluses valiosas ao final da

    presente pesquisa.

    Em remate, o presente trabalho visa oferecer ao leitor uma anlise que rena

    teoria e prtica em dose adequada compreenso da Holding Patrimonial, atravs de uma

    abordagem inovadora.

    2 HOLDING

    A expresso "holding" de origem inglesa, formada a partir do prefixo "hold", que

    entre outros, significa "controlar" [02]. Assim, holding uma sociedade que controla outras

    sociedades ou um patrimnio, no sendo uma espcie societria, mas apenas uma

    caracterstica da sociedade.

    Surgiu no pas em 1976, por meio da Lei n 6.404, conhecida como Lei das S/A.

    A sua legitimao encontra-se no pargrafo 3 do artigo 2 da mencionada lei, ao prever

    que "[...] a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades [...]".

    A criao de uma Holding, tecnicamente, ocorre pela previso de uma clusula

    no contrato ou estatuto social da sociedade, com a seguinte redao [03]:

    Clusula A sociedade tem como objeto social a administrao de bens mveis e imveis

    prprios, o controle, a participao e a administrao de outras sociedades.

    Pargrafo nico No faz parte do presente objeto social a atividade de corretagem.

    Desse modo, ficam estabelecidos de forma clara os objetivos da sociedade

    holding. Tratar-se- mais frente, no item 3.1 da presente, do objeto social e suas

    nuances.

    No se constitui, portanto, numa espcie societria autnoma, como o caso das

    sociedades empresariais e simples. Pelo contrrio, precisa se revestir sob a forma de

    alguma das espcies disciplinadas no Cdigo Civil Brasileiro (CC/02), para que possa

    assumir personalidade jurdica, inclusive devendo observar os requisitos inerentes ao

    modelo escolhido, conforme ser demonstrado adiante, em momento especfico.

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    Nesse sentido, ser necessrio que a sociedade holding adote um nome

    empresarial, nos moldes do art. 1.155 e ss, do CC/02, sendo de costume a opo pelo

    "Nome empresarial", acompanhado pela expresso "Empreendimentos / Participaes /

    Comercial", finalizado pela caracterstica "Ltda. / S.A.".

    No tocante s espcies de Holding, bem explica Joo Teixeira (2007) [04], que, de

    forma geral, as empresas holding so classificadas como:

    a) Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participao no

    capital de outras sociedades, isto , uma empresa que, tendo como atividade nica manter

    aes de outras companhias, as controla sem distino de local, podendo transferir sua

    sede social com grande facilidade; e

    b) Holding Mista: quando, alm da participao, ela exerce a explorao de

    alguma atividade empresarial. Na viso brasileira, por questes fiscais e administrativas,

    esse tipo do holding a mais usada, prestando servios civis ou eventualmente

    comerciais, mas nunca industriais.

    Complementa o autor que a doutrina aponta, ainda, outras classificaes, tais

    como holding administrativa, holding de controle, holding de participao, etc. Em resumo,

    a Holding pode ser Pura, quando criada com o fim especial de participar como quotista ou

    acionista de outras empresas, ou administrar um determinado patrimnio, no explorando

    qualquer outra atividade; ou Mista, quando alm de participar e controlar outras empresasdo grupo, ainda explorar um ou mais ramos de atividade (Indstria, Comrcio ou Servios).

    Por ser o foco do presente trabalho, tratar-se- especificamente da Holding

    Patrimonial (ou Familiar), mesmo porque a espcie mais difundida e conhecida, em

    funo da sua grande utilidade na concentrao patrimonial, facilitao na sucesso

    hereditria e na administrao de bens [05].

    Como se disse, utiliza-se a expresso Holding Patrimonial para qualificar uma

    sociedade que controla o patrimnio de uma ou mais pessoas fsicas, ou seja, ao invsdas pessoas fsicas possurem bens em seus prprios nomes, passam a possu-los

    atravs de uma pessoa jurdica a controladora patrimonial.

    A Holding Patrimonial usada principalmente com o objetivo de facilitar a

    administrao de bens e a sucesso hereditria, garantindo a manuteno do

    conglomerado de empresas em poder dos descendentes do sucessor.

    A preocupao com os negcios da famlia, bem assim a sua continuidade, temlevado muitas pessoas a constiturem holdings familiares. Essa medida visa,

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    principalmente, evitar possveis mudanas de filosofia na gesto dos negcios, advindas

    dos diferentes perfis dos herdeiros, impedindo, inclusive, que problemas familiares atinjam

    os negcios.

    A seguir, sero demonstradas as principais vantagens e desvantagens na

    utilizao de uma sociedade Holding.

    2.1 VANTAGENS

    Para demonstrar as principais vantagens da Holding, utilizar-se- a relao

    elaborada pelo professor Oliveira (1995, p. 27 a 29) [06], que ensina que dentre as principais

    vantagens obtidas nesta operao, esto a simplificao das solues referentes a

    patrimnios, heranas e sucesses familiares, atravs do artifcio estruturado e fiscal de

    uma holding; atuao como procuradoras de todas as empresas do grupo empresarial

    junto a rgos de governo, entidades de classe e, principalmente, instituies financeiras,

    reforando seu poder de barganha e sua prpria imagem; facilitao da administrao do

    grupo empresarial, especialmente quando se considera uma holding autntica; facilitao

    do planejamento fiscal-tributrio; e otimizao da atuao estratgica do grupo

    empresarial, principalmente na consolidao de vantagens competitivas reais e

    sustentadas.

    Alm desses, pode-se asseverar tambm que h uma reduo da carga tributria

    incidente sobre os rendimentos da pessoa fsica (IRPF); a possibilidade de realizao de

    planejamento sucessrio (herana); a preservao do patrimnio pessoal perante credores

    de uma pessoa jurdica (empresa) da qual a pessoa fsica participe como scio ou

    acionista; e maior poder de negociao na obteno de recursos financeiros e nos

    negcios com terceiros [07].

    Essas vantagens sero mais bem percebidas quando tratarmos da tributao na

    Holding, onde buscaremos trazer alguns comparativos dos tributos incidentes nasoperaes efetuadas na Holding e na pessoa fsica.

    Enfim, a opo pela constituio de uma pessoa jurdica que controle o

    patrimnio da pessoa fsica Holding Patrimonial implica verdadeiramente em

    vantagens concretas, posto que os bens da pessoa fsica, que passa a ser apenas titular

    de quotas, passam para a pessoa jurdica, havendo, assim, vantagens para seus titulares,

    principalmente no que concerne a tributao diferenciada, transmisso "causa mortis",

    transmisses em geral (ITIV, etc.), bem como fcil acesso ao crdito no mercado em geral.

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    A seguir, abordar-se- o planejamento sucessrio na Holding. Para tanto,

    reservou-se um tpico especfico, dada sua relevncia para o presente estudo.

    2.1.1 Planejamento sucessrio

    Nesses ltimos anos, a criao da holding patrimonial tem, a nosso ver, uma

    posio primordial e relevante na passagem de uma gerao a outra, sem traumas.

    Atravs de uma Holding Patrimonial, possvel realizar um planejamento

    sucessrio bastante interessante e eficiente. Sucesso, em sentido comum, implica a idia

    de transmisso de bens. Suceder , no dizer de Silvio Venosa, substituir, tomar o lugar de

    outrem, no campo dos fenmenos jurdicos [08].

    Assim, possvel distribuir os bens da pessoa fsica, que estaro incorporados pessoa jurdica, antes mesmo que esta venha a falecer. Evita-se, desta maneira, as

    ansiedades por parte da linha sucessria, posto que o quinho de cada participante fica

    definido antes mesmo do falecimento do scio.

    Outrossim, a transmisso fica facilitada por meio da sucesso de quotas da

    empresa, seno, vejamos. Consoante regra o artigo 1.845 do Cdigo Civil Brasileiro, so

    herdeiros necessrios os descendentes, os ascendentes e o cnjuge, sendo que estes

    concorrem na mesma proporo na meao prevista no artigo 1.846, que estabelece

    pertencer aos herdeiros necessrios, de pleno direito, a metade dos bens da herana,

    constituindo a legtima.

    Assim sendo, sabe-se, desde logo, que metade das quotas sociais do scio que

    vier a falecer ser rateada entre seus descendentes, ascendentes e o cnjuge

    sobrevivente. O restante das quotas poder ser devidamente distribuda segundo a

    vontade do scio falecido, por meio de testamento [09]. Conforme dispe o art. 1.857,

    CC/02:

    "Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens,

    ou de parte deles, para depois de sua morte."

    Entretanto, a limitao encontra-se no prprio pargrafo primeiro do artigo

    mencionado:

    "Art. 1.857. [...]

    1 A legtima dos herdeiros necessrios no poder ser includa no testamento.

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    [...]"

    Fcil concluir que a distribuio dos bens feita mediante a sucesso das quotas

    sociais da empresa.

    Desta maneira, consegue-se evitar os desgastes financeiros e emocionais

    comuns de um inventrio, j que, estando organizada a sucesso dos bens por meio da

    sucesso de quotas, o procedimento judicial do inventrio ser mais clere e menos

    oneroso.

    De acordo com Jos Almeida (2003, p.23) [10], h quem negue a convenincia do

    direito das sucesses. Afirma-se que os bens do falecido deveriam pertencer ao Estado,

    como forma de distribuio de renda, e que a sucesso incentiva preguia, j que aqueleque recebe uma herana viver dela, no mais precisando trabalhar, o que contraria os

    interesses do Estado. Mas, a nosso ver, a crtica no procede. A uma, porque no se pode

    retirar da propriedade o direito sagrado de transmisso dos bens aps a morte do seu

    titular. A duas, porque a supresso do direito das sucesses tambm contraria importante

    interesse do Estado, qual seja, o da poupana interna [11]. Sabendo que no poderia

    transmitir seus bens para alm de sua morte, todos passariam certamente seus ltimos

    dias de vida a gastar tudo o que amealharam e pouparam por toda a vida.

    Acrescenta o autor ainda dois argumentos: no se pode entender que o Estado

    daria melhor aplicao aos bens do falecido que os herdeiros deste dariam; e o mau uso

    dos direitos no pode ser causa de sua supresso [12].

    Em especial, a holding familiar utilizada como importante instrumento de

    reestruturao patrimonial, ao concentrar parte ou a totalidade de bens de que so

    proprietrios alguns membros de uma mesma famlia.

    Nesse particular, a holding objetiva solucionar problemas referentes herana,

    substituindo em parte declaraes testamentrias, podendo indicar, especificamente, os

    sucessores da sociedade, sem atrito ou litgios judiciais. A viso da holding fundamental

    nesses casos.

    Problemas pessoais ou familiares no afetam diretamente as operadoras. Em

    caso de dissidncias entre parentes ou esplios, ser "a Holding" que decidir sobre as

    diretrizes a serem seguidas.

    Ela substituta da pessoa fsica, agindo como scia ou acionista de outra

    empresa, evitando dessa maneira que a pessoa fsica fique exposta inutilmente. A holding

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    atende tambm a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo equacionar

    uma srie de convenincias de seus criadores, tais como: casamentos, separao de

    bens, comunho de bens, autorizao do cnjuge em venda de imveis, procuraes,

    testamento, amparo a filhos.

    Pode-se verificar na tabela abaixo as vantagens referentes a utilizao da Holding

    frente ao procedimento de inventrio, na comparao:

    Vantagens da holding familiar em relao aos inventrios

    Eventos Holding Familiar Inventrio

    1) Tributao da Herana e Doao 4% 4%

    2) Tempo para criao ou tempo do Inventrio 30 dias em mdia.

    05 anos em

    mdia

    3) Tributao dos Rendimentos 12.00% 27.50%

    4) Tributao da venda de Bens Imveis 5.80% 27.50%

    5) Sucesso conforme novo Cdigo Civil para

    casamentos com comunho parcial de bens

    Cnjuge NO

    herdeiro.

    Cnjuge

    herdeiro.

    Fonte: Orsi & Barreto Consultoria Empresarial.

    Nessa seara, uma opo bastante interessante a doao das quotas da holding

    patrimonial aos herdeiros de cada scio, com clusulas restritivas [13]. Para garantir aproteo do seu patrimnio (para que fique na famlia e no seja alienado) o scio, pessoa

    fsica, doa suas quotas da sociedade para seus herdeiros. Ressalte-se que apenas

    tratamos, aqui, da parte disponvel do patrimnio, pois a legtima [14] deve ser resguardada

    em favor de seus herdeiros, conforme visto anteriormente.

    Diante desta limitao ser necessrio realizar um levantamento [15] para verificar

    se o patrimnio que se pretende doar fica dentro dos 50% disponvel do scio, devendo

    ser observado o disposto no artigo 544 do Cdigo Civil, que considera a doao de

    ascendente para descendente como a antecipao do que lhes cabe como herana. Nesta

    hiptese, o herdeiro, no processo de inventrio, dever levar colao o bem ou a

    importncia respectiva para igualar as legtimas (art. 2002, CC/02), pouco importando se a

    doao ao filho excedeu (ou no) a metade disponvel, conforme art. 544 do CC/02:

    "Art. 544 - A doao de ascendente a descendentes, ou de um cnjuge a outro, importa

    adiantamento do que lhes cabe por herana".

    Observe-se que o ascendente (testador) no necessita da concordncia dos

    demais para doar a um descendente, ao contrrio do que ocorre na compra e venda e napermuta, pois, na hiptese da doao, j h a presuno de adiantamento de legtima.

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    Logo, a doao de ascendente para descendente, sem o consentimento dos demais, no

    nula.

    Vale dizer que caso o herdeiro venha a sonegar o objeto doado, ou seja, no

    colacionar o bem ou seu valor correspondente, caber a este herdeiro na sentena a pena

    de perder o direito sobre o bem sonegado, isto , o bem sonegado no ser computado

    para esse herdeiro, para fins de partilha.

    Por outro lado, podero operar-se doaes de ascendentes para descendentes

    sem que se d a ulterior conferncia, por intermdio da colao, determinando o doador,

    em tal hiptese, que saia de sua metade disponvel, calculada conforme o art. 1.722,

    CC/02, contanto que no a excedam, porque o excesso ser considerado inoficioso,

    portanto, nulo.

    Registre-se que esta doao constitui contrato inter vivos, produzindo, desde

    logo, seus efeitos, gerando para o doador a obrigao de transferir do seu patrimnio bens

    ou vantagens para o do donatrio.

    Conforme se enunciou, no momento da doao possvel utilizar clusulas

    restritivas, dentre as quais:

    Clusula de Reserva de Usufruto [16], em que se transfere para o donatrio,

    exclusivamente, a nua-propriedade, permanecendo o doador a gozar os frutos oriundos

    dos bens doados, nesse caso, os lucros e dividendos, fruto das quotas.

    Clusula de Reverso dos Bens ao seu Patrimnio [17], em que na hiptese de

    sobreviver o donatrio, essa clusula opera como resolutria do negcio, com efeito

    retroativo, anulando eventuais alienaes feitas pelo outorgado, recebendo-os o doador

    livre e desembaraados de quaisquer nus. Tal disposio deve constar de clusula

    expressa no contrato.

    Cabe ainda ressaltar a possibilidade de se estabelecer como clusula resolutria

    da doao a permanncia de determinadas pessoas na administrao da sociedade. Isto

    porque o art. 553, CC/02, dispe que o donatrio (beneficirio da doao) obrigado a

    cumprir os encargos estipulados pelo doador como condio para a doao.

    Pode-se, ainda, gravar as quotas dadas em doao com as clusulas de

    inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, pois se entende que quando

    imposta por doao, negcio entre vivos, permite-se que o doador, enquanto viver, levante

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    o vnculo, no estando limitado aos requisitos do art. 1.848, CC/02, que s se aplica

    legtima.

    A Clusula de Inalienabilidade, como bem explica Carlos Eduardo [18], tem o

    propsito de vedar a alienao de determinado bem, sendo normalmente instituda para

    evitar que o beneficirio disponha do bem de maneira indiscriminada, dilapidando o

    patrimnio em face de prodigalidade, incompetncia administrativa, inexperincia entre

    outros.

    O ilustre civilista Slvio de Salvo Venosa, com a propriedade que lhe peculiar,

    observa que: "os bens inalienveis so indisponveis. No podem ser alienados sob

    qualquer forma, nem a ttulo gratuito nem a ttulo oneroso" [19].

    A clusula de inalienabilidade impe, assim, uma limitao do direito de

    propriedade, desde que o senhor e possuidor da coisa, com essa condio adquirida, no

    a pode alienar, enquanto persistir ou tiver fora a clusula imposta. Da poder ser vitalcia

    ou temporria.

    Cumpre enfatizar que o art. 1.911, CC/02, dispe que a clusula de

    inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica sua impenhorabilidade e

    incomunicabilidade.

    Em suma, a clusula de inalienabilidade impe coisa, automaticamente, a

    impenhorabilidade (no so hipotecveis nem dados em penhor), e a incomunicabilidade

    (os bens no se comunicam ao cnjuge do beneficirio, no importando qual seja o regime

    de bens do casamento).

    Importa dizer que se os rendimentos ou os frutos dos bens inalienveis no

    estiverem sujeitos mesma condio, sero transferveis ou podero ser objeto de

    alienao ou garantia.

    A Clusula de Incomunicabilidade estabelece, portanto, que os bens doados no

    se comuniquem pelo casamento, conservando-se como propriedade particular do cnjuge

    favorecido, ou beneficiado, exclusivamente, mesmo que o casamento se tenha feito ou se

    faa sob o regime da comunho universal [20]. Assim, no h dvida de que a imposio

    isolada dessa clusula no impede a alienao, haja vista, que no se pode presumir a

    inalienabilidade, se no vier expressa no instrumento de doao.

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    Clusula de Impenhorabilidade tem como finalidade proteger o patrimnio do

    devedor e sua famlia, pois impede que determinado bem de sua propriedade seja

    penhorado [21].

    Ademais, vale comentarmos sobre as conseqncias tributrias advindas da

    operao de doao.

    As conseqncias tributrias mais relevantes em um processo de sucesso

    patrimonial esto diretamente ligadas ao Imposto de Renda e Imposto sobre Transmisso

    "CAUSA MORTIS" e doao de quaisquer bens ou direitos (ITCMD).

    No tocante legislao do Imposto de Renda, deve-se observar a disposio

    constante no art. 39, XV, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99):

    Art. 39. No entraro no cmputo do rendimento bruto:

    [...]

    XV - o valor dos bens adquiridos por doao ou herana, observado o disposto no art. 119

    (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XVI, e Lei n 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 23 e

    pargrafos); [...]

    Da anlise do dispositivo, conclui-se que este imposto no incide sobre doao

    ou herana. Dessa forma, os procedimentos estaro isentos do Imposto de Renda, exceto

    se for atribudo na declarao de rendimentos dos beneficirios, valor superior a existente

    na declarao do doador, pois a estar configurado ganho de capital, que deve ser

    tributado pelo imposto de renda.

    No que concerne ao Imposto Sobre Transmisso Causa Mortis (ITCMD), dever

    ser observado o disposto na legislao estadual Lei n 4.826 de 27 de janeiro de 1989,

    alterada pela Lei n 7.358/98, que Instituiu o Imposto sobre Transmisso, estabelecendo

    as alquotas e os fatos geradores deste imposto. Vejamos:

    Art. 1 - O Imposto sobre transmisso "CAUSA MORTIS" e doao de quaisquer bens ou

    direitos tem como fato gerador a transmisso "CAUSA MORTIS" e a doao, a qualquer ttulo de:

    I - propriedade ou domnio til de bem imvel por natureza ou acesso fsica, nos termos

    da Lei civil;

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    II - direitos reais sobre imveis;

    III - bens mveis, direitos, ttulos e crditos.

    Da anlise, percebe-se, nitidamente, que h incidncia do ITCMD no ato detransferncia de quotas, na alquota respectiva.

    A incidncia de tributos ser abordada de forma mais precisa em momento

    seguinte (item 2.3). Por ora, vale o esclarecimento.

    Em resumo, as incidncias tributrias evitadas com o planejamento sucessrio

    so basicamente: a) ITBI - 2%:no incidncia quando efetuada mediante a integralizao

    de capital com bens e direitos; b) IRRF - 15%: incidncia sobre o ganho de capital se atransferncia dos bens for processada pelo valor de mercado, ou seja, sobre o eventual

    ganho de capital, representando pela diferena entre o custo de aquisio e o valor de

    mercado.

    Alm dos custos tributrios acima indicados devem ser somados os gastos com

    honorrios advocatcios comumente cobrados sobre o montante do esplio, que costumam

    variar entre 10% e 20 %.

    Pelos dados acima, podemos perceber que o planejamento sucessrio um dosplanejamentos mais importantes. Definido pelos americanos como "o jeito inteligente de

    morrer" tambm uma forma de garantir a continuidade dos negcios sem

    estrangulamentos. Sem dvida, a holding patrimonial facilita em muito essa transio de

    geraes.

    2.2 DESVANTAGENS

    Aps tratar-se das vantagens da Holding, sero abordadas, agora, suas principais

    desvantagens. Sero aproveitados, novamente, os preciosos ensinamentos do professor

    Oliveira [22], que ao apontar as maiores desvantagens da holding, segrega-os por aspectos:

    financeiros, administrativos, legais e societrios. Ressalte-se que sero demonstradas as

    desvantagens genricas da Holding, ou seja, de suas vrias espcies, no se limitando

    apenas holding patrimonial (familiar).

    No tocante aos aspectos financeiros, salienta o professor que as principais

    desvantagens so as de a Holding no poder usar prejuzos fiscais (no caso de holding

    pura); ter maior carga tributria se no existir adequado planejamento fiscal (inclusiveopo pelo lucro real ou presumido, conforme veremos adiante); ter tributao de ganho

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    de capital na venda de participaes; ter maior volume de despesas com funes

    centralizadas, o que pode provocar problemas dos sistemas de rateio; e ter imediata

    compensao de lucros e perdas das investidas, pela equivalncia patrimonial (no caso de

    holding controladora, por exemplo).

    Quanto aos aspectos administrativos, deve-se considerar a ocorrncia das

    seguintes desvantagens: ter elevada quantidade de nveis hierrquicos, o que aumenta o

    risco inerente qualidade e agilidade do processo decisrio (no caso de holding

    controladora); e no ter adequado nvel de motivao nos diversos nveis hierrquicos,

    pela perda de responsabilidade e autoridade, provocado pela maior centralizao do

    processo decisrio.

    Quanto aos aspectos legais, os principais aspectos a serem considerados so:

    dificuldades em operacionalizar os tratamentos diferenciados dos diversos setores da

    economia; e ter problemas em operacionalizar as diversas situaes provocadas pelas

    diferenas regionais.

    Quanto aos aspectos societrios, assevera o professor que a principal

    desvantagem que pode ocorrer consolidao do tratamento dos aspectos familiares

    "entre quatro paredes", criando uma situao irreversvel e altamente problemtica.

    Pelo exposto, pode-se perceber que as vantagens trazidas pela Holding superam

    em muito as desvantagens, notadamente quando se trata de uma holding patrimonial

    (familiar), na qual no se aplica boa parte das desvantagens acima descritas.

    Ultrapassada essa etapa, ser abordada no prximo tpico a tributao da

    holding, com breve incurso no tema Sistema Tributrio Nacional (STN) e Planejamento

    Patrimonial e Tributrio, inclusive estabelecendo a diferena entre eliso e evaso fiscal,

    para facilitar a compreenso do que se quer expor.

    2.3 TRIBUTAO DA HOLDING

    Nos domnios do Direito Tributrio Brasileiro, a postura dominante a de que o

    contribuinte pode estruturar (planejar) os seus negcios da forma que melhor lhe convier,

    desde que utilize de meios lcitos, antes da ocorrncia do fato gerador, sem simulao.

    Em 1988 o Brasil definitivamente consolidou o Estado Democrtico de Direito,elencado no prembulo e artigo primeiro da Carta Magna [23]. Em um Estado Democrtico

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    de Direito, o Direito Tributrio no pode apartar-se de princpios fundamentais que foram

    sedimentados ao longo da histria. Nessa esteira, a Constituio Federal Brasileira,

    prdiga nas garantias de direitos individuais, contemplou uma srie de princpios dentre os

    quais podemos destacar: liberdade, livre-iniciativa e associao, legalidade,

    proporcionalidade e interveno mnima.

    Assim, o sistema tributrio brasileiro est construdo de acordo com o modelo

    econmico adotado na CF/88, fundado na propriedade privada, alcanando especial relevo

    o direito fundamental propriedade [24], bem como aqueles que lhe so correlatos: o direito

    de gerir, usar, gozar e dispor.

    Abordando o tema, bem explica o professor Machado (2004) [25], que o Estado, no

    exerccio de sua soberania, exige que os indivduos lhe forneam os recursos de que

    necessita, instituindo tributos. No entanto, a instituio do tributo sempre feita mediantelei, devendo ser feita conforme os termos estabelecidos na Constituio Federal brasileira,

    na qual se encontram os princpios jurdicos fundamentais da tributao.

    E complementa o professor:

    Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com fora superior,

    bastante para fazer as regras de conduta, para construir o Direito. Dessa necessidade nasceu o

    Estado, cuja noo se pressupe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributrio

    (MACHADO, 2004, p. 31).

    Nesse sentido, destaca-se que a tributao, alm de ser via prpria para que o

    Estado exera seu papel pois mngua de recursos no poderia oferecer aos indivduos

    o mnimo existencial a que fazem jus como cidados -, deve estar limitada pelo direito que

    cada um, empresa ou pessoa fsica, tem de organizar e desfrutar de seu prprio

    patrimnio.

    Entretanto, sabe-se que o Sistema Tributrio Brasileiro extremamente penoso,

    impondo aos contribuintes uma pesada carga tributria, atingindo, inclusive, altos

    percentuais do PIB nacional [26]. A complexidade da legislao dos tributos existentes,

    deriva da inflao normativa da qual acertadamente nos alertava o eminente professor

    Hugo de Brito Machado [27]:

    Pior do que a rapidez das mudanas, porm, a falta de respeito dos elaboradores

    dessas normas lgica e aos conceitos jurdicos. Legislam como se o Direito no fosse um sistema,

    tornando extremamente difcil, quase impossvel, o trabalho da doutrina de explicar as normas luz

    da teoria jurdica.

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    De acordo com Machado (2002), geralmente quando se faz referncia elevada

    carga tributria no se leva em considerao a tributao oculta [28]. Os comparativos feitos

    entre a carga tributria e o PIB levam em conta somente os tributos institudos

    formalmente como tais. Existe, porm, uma tributao oculta que agrava essa carga

    suportada pelos particulares na manuteno do Estado. Tributao que se efetiva na

    transferncia de recursos financeiros do cidado para o Estado, por vias oblquas e

    geralmente obscuras.

    Recorde-se que a empresa, no Brasil, tributada nas trs esferas polticas do

    Estado: Unio, estado-membro e municpio.

    Urge, portanto, uma Reforma Tributria eficiente e rpida, a qual o tributarista

    Yves Gandra [29] denomina de "A verdadeira reforma tributria", que seria aquela que

    implicasse reduo da carga tributria, pois melhorar a tcnica de arrecadao sem

    reduzir a carga no suficiente. E prossegue o raciocnio afirmando que a carga tributria

    s cair com a diminuio da carga burocrtica que, infelizmente, tem crescido

    assustadoramente, sem contrapartida em servios pblicos correspondentes.

    Tal reforma, to pretendida por todos, parece no acontecer em breve, restando

    ao contribuinte planejar seu patrimnio da forma que melhor desejar. Esse planejamento

    pode ser entendido como eliso fiscal, ou seja, licitamente, evitar ou minorar o pagamento

    de tributos. E a Holding Patrimonial se insere justamente nesse contexto.Nesse momento deve-se registrar que perante a maioria dos doutrinadores no

    subsistem dvidas de que no sistema jurdico adotado pelo Brasil, os contribuintes

    dispem de liberdade para pautar as suas condutas e os seus negcios da forma menos

    onerosa possvel, no existindo regras que lhes imponham a obrigao de, entre duas ou

    mais realidades semelhantes, optar por aquela que implica o maior recolhimento de

    tributos. No h norma jurdica expressa, nem comando moral, ao que consta, neste

    sentido.

    Essa liberdade de escolha, evidncia, no ilimitada.

    O obstculo mais ntido (e legtimo) para a conduta dos contribuintes, e que,

    portanto, apresenta se de forma inquestionvel, consiste na lei.

    Como o sistema tributrio ptrio consagra o princpio da legalidade, por fora das

    disposies constitucionais (art. 5, II e 150, I) e das normas que delas decorrem (Cdigo

    Tributrio Nacional, art. 97, 114 e 116), a obrigao tributria somente emerge com aconcretizao de fatos que devem estar descritos na lei. Desta forma, todas e quaisquer

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    aes ou omisses dos contribuintes que no deflagrarem a ocorrncia destes fatos no

    tm o condo de acarretar qualquer repercusso tributria.

    O planejamento tributrio deve ser discutido luz dos princpios fundamentais do

    Estado Democrtico de Direito, que "reflete, em nosso sistema jurdico, uma realidade

    constitucional densa de significao e plena de potencialidade concretizadora dos direitos

    e das liberdades pblicas". [30]

    Segundo Shingaki (2003, p. 316) [31] "o planejamento tributrio , portanto a

    escolha de alternativas de aes ou omisses lcitas, portanto no (dis)simuladas e

    sempre anteriores ocorrncia dos fatos geradores dos tributos, que objetivem direta ou

    indiretamente a reduo desses nus, diante de um ato administrativo ou fato econmico".

    Colocando-se de uma forma ilustrativa, como se as pessoas pudessem

    escolher caminhos que desejam percorrer, segundo os seus interesses e convenincias,

    optando entre as trilhas que implicam a prtica de fatos que so eleitos pela lei como

    fontes de obrigaes tributrias e aquelas que, apesar de serem usualmente mais longas

    (ou mesmo mais custosas, quando avaliadas na totalidade), esto margem de qualquer

    exigncia legal. Estes caminhos, entretanto, apresentam uma nica direo: ao se iniciar o

    percurso, a partir da opo que existia na encruzilhada (tributao ou no tributao), as

    caractersticas do atalho escolhido materializam se, de forma definitiva (ocorrncia ou no

    do fato gerador e do surgimento obrigao tributria), como que registradas em umafotografia.

    Quando obtida alguma economia tributria, como conseqncia da estruturao

    dos negcios feita nos moldes descritos acima, d-se a esta forma de estruturao dos

    negcios a denominao de planejamento tributrio. Desse modo, planejamento tributrio

    a atividade de estudar continuamente a legislao e decidir pela adoo de medidas que

    propiciam a praticar ou abster-se de atos visando a anular, reduzir ou postergar o

    pagamento dos impostos.

    Contudo, problema delicado que sempre se colocou, tanto no plano doutrinrio

    como no campo jurisprudencial, a distino entre a economia fiscal legtima, denominada

    pela doutrina de eliso fiscal, e a reduo ilegtima da carga tributria, designada de

    evaso fiscal.

    No plano doutrinrio, h muito o assunto vem sendo estudado sob esse enfoque,

    tomando-se como paradigma o binmio eliso/evaso fiscal, que busca estabelecer asdiferenas entre as opes lcitas e ilcitas a que teriam acesso os contribuintes, tendo se

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    como base, essencialmente, os meios eleitos pelo sujeito passivo e o momento em que se

    pratica o ato voluntrio tendente a evitar, diminuir ou retardar a incidncia tributria, em

    face da ocorrncia do fato gerador.

    Nesse sentido, afirma Dria (1977) [32], que "[...] a verdadeira eliso fiscal, pelo

    contrrio, resulta da manipulao inteligente e lcita de um elenco de opes e alternativas

    que todo sistema jurdico contm [...]".

    De outro lado, h algum tempo as autoridades fiscais relutaram em aceitar o

    planejamento fiscal como um direito do contribuinte de forma legtima. Porm, reiteradas

    decises de nossos tribunais confirmaram a licitude de tais procedimentos, desde que o

    planejamento seja efetuado dentro da legalidade, conforme demonstraremos ao longo do

    estudo.

    Assim, diante de um planejamento que possa ser feito de maneira a preservar um

    direito da companhia e de outro que implique a sua perda, por certo a opo lgica ser a

    primeira. Ningum obrigado a dispor sua vida e organizar seus negcios de forma a

    pagar mais tributos.

    Com visto, a linha divisria entre a eliso e a evaso fiscal , por vezes,

    extremamente tnue, dificultando a distino entre uma conduta que possa ser

    considerada contrria ao ordenamento jurdico e uma prtica que leve reduo legtima

    da carga tributria.

    Todavia, quando os atos e negcios praticados so verdadeiros e formalmente

    lcitos, preciso definir at que ponto a fiscalizao pode interferir na esfera da autonomia

    da vontade privada, para negar seus respectivos efeitos tributrios, alegando terem sido

    efetuados de forma "abusiva" ou "ilegtima".

    Sem dvida trata-se de uma questo de poltica, onde o Estado e a atividade

    empresarial se confrontam e se ajudam, mutuamente, mas um no intuito de manter a

    mquina estatal e o outro visando a menor carga tributria possvel.

    Feitas estas breves consideraes sobre STN e Planejamento Tributrio, tentar-

    se- apresentar, da forma mais simples possvel, como se d a tributao na Holding.

    Conforme se enfatizou anteriormente, a Holding no uma sociedade autnoma,

    podendo optar por qualquer regime tributrio aplicvel aos demais contribuintes, sendo

    aplicveis as mesmas especificidades de cada regime, bem assim suas limitaes.

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    Em termos gerais, no h na legislao tributria nenhuma obrigao especfica

    para a Holding, nem mesmo em relao ao cumprimento de obrigaes acessrias.

    Portanto, deve cumprir todas as obrigaes acessrias inerentes a qualquer sociedade.

    A pergunta de partida que se faz : Qual a melhor forma de apurao de tributos:

    lucro real ou presumido?

    Num pas como o Brasil, com elevada carga tributria e constantes alteraes

    nas legislaes, um erro nessa deciso pode significar prejuzos pesados pelo pagamento

    equivocado de impostos.

    Cada modalidade tem seus prs e contras, e antes de escolher uma ou outra,

    necessrio analisar alguns fatores fundamentais, a fim de diminuir significativamente a

    chance de perdas. So eles: porte da empresa, segmento de atuao, complexidade

    organizacional e de atendimento s normas fiscais vigentes no setor, capacidade real de

    preparar um oramento confivel e, finalmente, anlise da possibilidade de erros na

    projeo da receita.

    No Brasil h ainda a tributao pelo lucro arbitrado, mas essa "opo", na

    verdade, uma penalidade imposta pelo Fisco ao contribuinte quando este no possui

    controles suficientes para ser tributado de outra forma. Sendo assim, torna-se irrelevante

    aqui considerar esta possvel escolha.

    Como em qualquer tomada de decises, antes da escolha de uma das duas

    formas de tributao lucro real[33] ou lucro presumido necessrio contextualiz-las

    com o perfil da empresa, em todos os seus aspectos, pois cada qual tem suas vantagens e

    desvantagens.

    De acordo com Higuchi (2010) [35], o lucro real o resultado lquido do perodo de

    apurao (trimestral ou anual) ajustado pelas adies, excluses ou compensaes

    prescritas ou autorizadas em lei, consistindo assim na soma algbrica dos lucros

    operacionais ou no e das participaes, devendo sempre ser determinado com

    observncia dos preceitos da lei comercial.

    J no lucro presumido, o que ocorre a incidncia de um percentual de

    presuno de lucro, para depois ser aplicado o percentual do tributo (IR, PIS, COFINS,

    CSL).

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    Essa opo, a exemplo das demais, se manifesta automaticamente perante o

    Fisco com o pagamento da primeira do imposto devido correspondente ao primeiro

    perodo de apurao de cada ano-calendrio e s pode ser modificada no prximo

    exerccio social. Da a importncia de se escolher bem a opo.

    Fica claro, portanto, que o lucro real tributa o resultado econmico, enquanto o

    presumido uma presuno, sobre a qual o Imposto de Renda e a Contribuio Social so

    calculados com base na receita. Esta ltima sendo, desse modo, acaba sendo a mais

    escolhida, pois implica em grande vantagem na reduo da carga tributria.

    Vale ressaltar que a Holding no poder aderir ao Simples Nacional regime

    diferenciado, mais benfico pois existe expressa vedao legal na Lei Complementar n

    128/08, para sociedade que realize atividade de locao de imveis prprios, exceto

    quando se referir a prestao de servios tributados pelo ISS. Como o objeto social da

    Holding possui, em regra, essa previso de locao de imveis prprios, sem

    intermediao, no poder optar pelo Super Simples.

    vlido dizer que a Holding, como toda empresa, independente de seu porte,

    est obrigada a elaborar a contabilidade, tanto para atender legislao comercial como

    fornecer informaes relevantes aos seus acionistas / quotistas na tomada de deciso.

    Mesmo porque as empresas que no elaboram contabilidade corretamente estopraticamente excludas de diversos mercados e linhas de crdito, alm de abrir mo de

    uma importante ferramenta de gesto.

    Com base no oramento preparado sob as duas formas de tributao (Real e

    Presumido) a sociedade poder identificar a mais econmica, isto , a que possibilitar

    uma menor carga tributria [36].

    Em regra a Holding tem como principais fontes de receitas: a) Aluguis de bens

    mveis e imveis; b) Juros de emprstimos a outras empresas do grupo (contratos demtuo); c) Repasse de financiamentos; d) Comisses; e) Prestao de servios as demais

    empresas do grupo tais como: Servios administrativos e financeiros, servios tcnicos de

    contabilidade e informtica, Administrao de pessoal, marketing, Vendas e Publicidade.

    Relaes pblicas e outras de acordo com as atividades das empresas do grupo.

    As receitas de aluguel auferidas pela holding so tributveis normalmente pelo

    imposto de renda e, se a holding optar pelo pagamento mensal do imposto por estimativa

    ou pela apurao trimestral do imposto com base no lucro presumido, sero computadosna base de clculo:

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    a) 32% dos aluguis recebidos, se a locao dos bens fizer parte do objeto

    social [37];

    b) Os ganhos de capital e demais receitas auferidas, exceto:

    b.1) em qualquer caso, os rendimentos de participaes societrias, e

    b.2) no caso de opo pelo pagamento mensal do imposto por estimativa, os

    rendimentos de aplicaes financeiras de renda fixa, submetidos ao desconto de imposto

    na fonte, e os ganhos lquidos de operaes financeiras de renda varivel, submetidos

    tributao separadamente.

    Sobre as receitas de aluguis incidem, mensalmente, a COFINS e o PIS-Pasep,

    sendo irrelevante se a locao de bens faz parte ou no do objeto social da holding.

    Todavia, na base de clculo dessas contribuies no se incluem as receitas de

    participaes societrias, representadas pelos resultados positivos da avaliao de

    investimentos ela equivalncia patrimonial e pelos dividendos recebidos de participaes

    societrias avaliadas pelo custo de aquisio.

    Ademais, a Holding poder tambm utilizar a distribuio de Juros sobre o Capital

    Prprio (JCP) para reduzir a carga tributria, caso opte pelo lucro real, conforme ser visto

    adiante, quando tratar-se da remunerao de scios. Nesse momento, vale escrever sobre

    a incidncia do ITIV (Imposto sobre Transmisso "Inter Vivos") na Holding, notadamente

    no momento de transferncia de bens para integralizao de capital social.

    I.1 Da incidncia do ITIV

    Conforme disposto no art. 114, do Cdigo Tributrio de Salvador, tem-se que o

    Imposto sobre Transmisso Inter Vivos ITIV, ter como fato gerador "[...] I - a

    transmisso de bens imveis, por natureza ou por acesso fsica; [...]".

    Apesar dessa previso, importante mencionar que o imposto no incidir sobre

    a transmisso de bens e direitos quando realizado para a incorporao ao patrimnio da

    pessoa jurdica, em pagamento de capital, conforme disposto no art. 115, inciso I do

    Cdigo Tributrio de Salvador[38] e art. 156, 2, I, CF/88. [39]

    Ademais, esclarece-se que o disposto acima no ser aplicado quando a pessoa

    jurdica adquirente tiver como atividade preponderante a compra e venda de bens imveis

    e seus direitos reais, locao de bens imveis ou arrendamento mercantil. o que

    determina o Cdigo Tributrio de Salvador, no art. 115, 1:

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    Art. 115. O imposto no incide sobre a transmisso de bens e direitos, quando:

    I - realizada para incorporao ao patrimnio de pessoa jurdica, em pagamento de capital

    nela subscrito;

    [...]

    1 O disposto neste artigo no se aplica quando a pessoa jurdica adquirente tiver como

    atividade preponderante a compra e venda de bens imveis e seus direitos reais, a locao de bens

    imveis ou o arrendamento mercantil.

    E a CF/88, no seu art. 156, 2, I:

    Art. 156. Compete aos Municpios instituir impostos sobre:

    [...]

    I - no incide sobre a transmisso de bens ou direitos incorporados ao patrimnio de

    pessoa jurdica em realizao de capital, nem sobre a transmisso de bens ou direitos decorrente de

    fuso, incorporao, ciso ou extino de pessoa jurdica, salvo se, nesses casos, a atividade

    preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locao de bens

    imveis ou arrendamento mercantil; [...]

    A ttulo de esclarecimento, considera-se atividade preponderante aquela definida

    no art. 115, 2 do Cdigo Tributrio de Salvador:

    Art. 115. [...]

    2 Considera-se caracterizada a atividade preponderante quando mais de 50%

    (cinqenta por cento) da receita operacional da pessoa jurdica adquirente, nos 2 (dois) anosanteriores e nos 2 (dois) anos subseqentes aquisio, decorrer das transaes mencionadas no

    1. [...]

    Assim sendo, caso a receita da sociedade holding ultrapasse os 50% por cento

    previstos na lei, conforme acima descrito, a sociedade dever recolher o ITIV.

    Feita a anlise da tributao na Holding, em seus diversos aspectos, passa-se a

    tratar dos seus aspectos societrios.

    3 ASPECTOS SOCIETRIOS

  • 7/27/2019 95894073 a Holding Como Modalidade de Planejamento Patrimonial Da Pessoa Fisica No Brasil

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    Pensar estrategicamente [40] muito importante. Melhor, fundamental. Vive-se

    numa Era de ritmo extraordinrio, batizada de Era da produtividade, resultado da interao

    da produtividade com uma velocidade quase inacreditvel, combinando conhecimentos de

    vrios universos com rapidez digital.

    Luis Pinto (2002) [41], em seu livro intitulado "Pensar estrategicamente", estabelece

    algumas definies interessantes sobre a globalizao [42] e a evoluo de pensamento:

    Inmeras conquistas surgem, multiplicando-se resultados que so velozmente

    disponibilizados para utilizao pela sociedade. Assim, a globalizao pode ser

    caracterizada como um processo radical de mudanas rapidssimas e irreversveis nos

    planos econmico, financeiro, poltico, institucional e cultural. Nesses cenrios, a

    globalizao vem acarretando mudanas extraordinrias no processo de gesto, desde a

    forma de agir at fuses, cises e incorporaes.

    E complementa o doutrinador, asseverando que:

    Um processo estrategicamente rico baseia-se em dois pilares fundamentais: pensar

    estrategicamente e agir estrategicamente. O pensar estrategicamente liga-se questo da

    maturidade estratgica e o agir estrategicamente vincula-se ao domnio e realizao de

    providncias tticas e trabalhos de planejamento estratgico. Esse , em sntese, o desafio das

    pequenas, mdias e grandes empresas

    alm de regies, setores etc.: a busca da competnciaestratgica. o desafio de todos! At mesmo de famlias e pessoas. (PINTO, 2002)

    Ainda segundo o autor, o grande desafio do processo estratgico no Brasil

    provocar uma nova mentalidade nas estruturas empresariais e institucionais, fazendo com

    que as mesmas respirem e percebam estrategicamente o mundo.

    Dessa forma, vive-se numa poca em que as empresas so cada vez mais

    produtivas e eficazes. Uma poca em que h imensas oportunidades e grandes desafios

    para as organizaes. A mudana a nica certeza, e saber lidar com ela uma grande

    virtude que deve ser desenvolvida. Nesse cenrio, o planejamento estratgico se mostra

    como um mtodo capaz de garantir a perpetuao das organizaes.

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    Aspectos gerais da liberdade de concorrncia

    A criao de uma holding se situa nesse contexto. uma ferramenta empresarial

    at agora imbatvel nos seus aspectos de planejamento, controle e solues societrias,

    conforme apresentamos anteriormente. Nunca como agora a holding foi to difundida eutilizada, por empresrios e empresas, sendo modalidade de proteo do grupo e do

    planejamento bem-executado. E ser, sem dvida, muito mais utilizada no futuro.

    Aps ter-se abordado conceitos, histrico, previses legais, espcies, vantagens

    e desvantagens, e tributao da Holding, passar-se-, agora, a comentar sobre seus

    principais aspectos societrios, tais como objeto social (ou CNAE), escolha da melhor

    forma societria, administrao da holding e remunerao dos scios, diretores e

    administradores.

    3.1 OBJETO SOCIAL

    A Sociedade Patrimonial deve adotar um objeto social [43], como toda e qualquer

    sociedade, e para isso precisa definir a qual CNAE (Classificao Nacional de Atividades

    Econmicas) se vincular. A CNAE o instrumento de padronizao nacional dos cdigos

    de atividade econmica e dos critrios de enquadramento utilizados pelos diversos rgos

    da Administrao Tributria do pas, em especial a Receita Federal do Brasil (RFB).

    As opes de CNAE geralmente escolhidas so:

    - 6822-6 Gesto e Administrao da Propriedade Imobiliria;

    - 6462-0 Holdings de Instituies No-Financeiras [44];

    - 6810-2 Atividades Imobilirias de Imveis Prprios.

    O CNAE 6462-0 (Holdings de Instituies No-Financeiras) possibilita que a

    Holding Patrimonial participe do capital social de um grupo de empresas com atividades

    preponderantemente no-financeiras, podendo ou no exercer funes de gesto e

    administrao dos negcios da empresa do grupo. Portanto, no faz parte deste CNAE a

    alienao de imveis (terrenos, apartamentos, fazendas etc.) prprios ou de terceiros, ao

    passo que eventual alienao ser uma atividade secundria da sociedade, tributada "na

    cabea".

    J os CNAE 6822-6 e 6810-2 permitem que a Holding Patrimonial controle,

    gerencie, administre um determinado patrimnio, bem como aliene os bens do seu ativo

    com tributao reduzida, tendo em vista se tratar de atividade primria (constante noobjeto social) havendo a aplicao de percentuais antes da incidncia da alquota do

    http://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrencia
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    imposto, notadamente no Lucro Presumido. Em suma, possibilitam a administrao e

    aluguel de imveis prprios.

    Vale dizer que os CNAE que se encontrarem no grupo de atividades imobilirias,

    podem ensejar fiscalizao do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imveis),

    rgo de classe responsvel pela fiscalizao de atividades de corretagem. Logo, para

    que o CRECI no venha a caracterizar a empresa como prestadora de servios

    imobilirios, a sociedade dever se limitar a administrar imveis prprios, ou seja, no

    poder ser utilizada para efetuar a compra e venda de imveis de terceiro, uma vez que

    essa operao poderia caracterizar a empresa como imobiliria, o que resultaria em

    pagamento de taxas de inscrio, manuteno dos registros, obrigaes diversas, dentre

    outras, perante o CRECI e outros rgos.

    3.2 ESCOLHA DA FORMA SOCIETRIA

    A sociedade Holding pode ser constituda sob qualquer tipo societrio, pois, como

    j se explicou, trata-se de uma caracterstica da sociedade, no de um tipo societrio

    especfico. Entretanto, em sua grande maioria a Holding constituda sob a forma de

    S/A [45] ou Limitada [46], e com isso em vista ir se tratar mais detalhadamente desses dois

    tipos societrios.

    a)Sociedade Annima

    No dizer de Ulhoa (2004, p. 177) [47], a sociedade annima uma sociedade de

    capital. Conforme o artigo 4 da LSA existe duas espcies distintas de companhia: a

    sociedade annima de capital aberto e a sociedade annima de capital fechado.

    A companhia de capital aberto tem seus valores mobilirios negociados nas

    Bolsas de Valores, Mercados de Capitais e Mercado de Balco, sendo registrada na

    Comisso de Valores Mobilirios - CVM [48].

    J a sociedade annima fechada no possui aes disponveis no mercado para

    negociao [49], o que sugere menor grau de liquidez em investimento.No tocante s disposies gerais, o Estatuto Social dever atender a todos os

    requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares

    s companhias e dever conter as normas pelas quais se reger a Companhia (art. 83 da

    LSA).

    A responsabilidade dos scios na S/A limitada ao preo de emisso das aes

    subscritas ou adquiridas (art. 1 da LSA).

  • 7/27/2019 95894073 a Holding Como Modalidade de Planejamento Patrimonial Da Pessoa Fisica No Brasil

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    Quanto ao capital social, este se divide em aes com ou sem valor nominal, e de

    acordo com a natureza dos direitos ou vantagens que conferirem a seus titulares, se

    classificam em preferenciais, ordinrias ou de fruio (art. 11 e 15 da LSA).

    Vale dizer que nas Companhias com aes sem valor nominal, o Estatuto Social

    poder criar uma ou mais classes de aes preferenciais com valor nominal, devendo o

    valor nominal ser o mesmo para todas as aes da Companhia (art. 11 1 e 2 da LSA).

    As aes ordinrias das Companhias fechadas e as aes preferenciais das

    Companhias abertas podero ser de uma ou mais classes. O nmero de aes

    preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas restrio no exerccio desse direito, no

    pode ultrapassar 50% do total das aes emitidas (art. 15 1 e 2 da LSA).

    Ademais, a companhia poder ser administrada por um Conselho de

    Administrao e por uma Diretoria, ou somente por uma Diretoria, sendo obrigatria a

    instalao de um Conselho de Administrao nas Companhias abertas e nas de capital

    autorizado (art. 138 da LSA).

    a.1) Sociedade Annima Aberta

    Companhia aberta a sociedade annima cujo capital pode ser disseminado pelo

    pblico, contudo para que esse capital venha a circular obrigatrio o registro na CVM.

    A Comisso de Valores Mobilirios (CVM) o rgo oficial cuja funo primordial

    a de fiscalizao das atividades do mercado de valores mobilirios [50].

    Dentre as suas finalidades principais est promover a expanso e o

    funcionamento regular do mercado de aes, estimular as aplicaes em aes do capital

    social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais e garantir a

    eficincia e a regularidade do mercado de capitais.

    Dessa forma, nenhuma emisso pblica de valores mobilirios poder ocorrer

    sem prvio registro da sociedade na CVM, entendendo-se por atos de distribuio a

    venda, a promessa de venda, a oferta venda ou subscrio, a aceitao de pedido de

    venda ou a subscrio de valores mobilirios.

    Importante ressaltar que a lei no exige que, efetivamente, a companhia negocie

    seus valores no mercado de capitais, para caracterizar-se como aberta, mas que esteja

    autorizada a faz-lo.

  • 7/27/2019 95894073 a Holding Como Modalidade de Planejamento Patrimonial Da Pessoa Fisica No Brasil

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    Visto isso, passa-se a analisar as modalidades de aes e as vantagens

    proporcionadas por cada uma delas em referncia a captao de recursos.

    Aes so ttulos que representam parte da diviso do capital de uma sociedade

    annima, que d ao seu possuidor direito creditcio perante esta [51]. So, portanto, valores

    mobilirios representativos de unidade do capital social de uma sociedade annima, que

    conferem aos seus titulares um complexo de direitos e deveres.

    Dentre as modalidades de aes, as que mais interessam so as aes

    ordinrias e as preferenciais.

    A ao ordinria aquela que confere aos seus titulares os direitos que a lei

    reserva ao acionista comum. So aes de emisso obrigatria. No h sociedade

    annima sem aes desta espcie. O estatuto no precisar disciplinar esta espcie de

    ao, uma vez que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao scio

    da sociedade annima.

    Quanto ao preferencial, esta confere aos seus titulares um complexo de

    direitos diferenciados, como, por exemplo, privilgios ou vantagens como prioridade na

    distribuio de dividendos fixos ou mnimos, prioridade no reembolso do capital, com

    prmio ou sem ele e acumulao de vantagens enumeradas.

    Outra forma eficaz para captao de investimentos para a companhia aberta so

    as debntures, que se caracterizam como valores mobilirios representativos de dvida de

    mdio e longo prazo, que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crdito

    contra a companhia emissora.

    A captao de recursos no mercado de capitais, via emisso de debntures, pode

    ser feita por Sociedade annima, de capital fechado ou aberto. Entretanto, somente as

    companhias abertas, com registro na CVM, podem efetuar emisses pblicas de

    debntures.

    Assim a sociedade annima aberta se apresenta como uma boa opo, para a

    captao de investimentos.

    a.2) Sociedade Annima Fechada

    Entre a companhia fechada e a aberta existem algumas diferenas. Contudo, a

    que mais nos interessa, neste tpico, a no emisso por parte das sociedades annimas

  • 7/27/2019 95894073 a Holding Como Modalidade de Planejamento Patrimonial Da Pessoa Fisica No Brasil

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    fechadas de valores mobilirios (aes ou debntures, por exemplo) para serem

    negociados na bolsa de valores ou mercados de balco.

    Desta forma, para as atividades econmicas que, pelo seu porte, exigem uma alta

    soma de recursos, e a explorao delas, por isso, depende de um mecanismo jurdico que

    viabilize a captao deles junto aos investidores em geral, a opo pela companhia

    fechada se torna, em comparao com a aberta, uma escolha menos vantajosa, haja vista

    uma maior dificuldade na captao de recursos atravs de emisso pblica.

    Nesse sentido, na compra e venda de aes da sociedade annima fechada, o

    investidor desconhece a realidade da companhia, tendo em vista que suas demonstraes

    financeiras no so publicadas e o fato de que estas companhias no esto sujeitas s

    normas regulatrias da CVM, e, em certos casos, s prticas de governana corporativa

    exigida pelos investidores nas companhias abertas, demonstrando a necessidade da

    aplicao do "Due Diligence" (investigao sobre a situao patrimonial, fiscal, trabalhista,

    contbil, dentre outras reas) como forma de mensurar o valor investido.

    Como resultado, a companhia aberta possui mais liquidez na captao de

    recursos que a companhia fechada, e, portanto, mais vantajosa no que se refere

    captao de recursos.

    b)Sociedade Limitada

    Inicialmente, importa dizer que a sociedade limitada, equivocadamente, foi

    relegada ao plano de pequenas empresas que no demandassem grandes articulaes

    societrias. Esclarecemos, no entanto, que essa idia no condiz com as novas

    caractersticas da sociedade limitada, pois com o advento do Cdigo Civil (2002) ocorreu

    uma ampliao de suas atribuies societrias, uma vez que as operaes antes

    privativas da sociedade annima passaram a ser perfeitamente executadas no mbito da

    limitada, tornando-as muito mais atrativas sob o olhar de grupos de investidores.

    No tocante s disposies gerais, o Contrato Social poder prever a aplicao

    supletiva da LSA, nos casos de omisso do Captulo IV do CC/02, e quando no for assim

    definido no Contrato Social da Sociedade Limitada, aplicar-se-o as normas da sociedade

    simples (art.1.053, CC/02).

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    A responsabilidade dos scios na Ltda. restrita ao valor de suas quotas,

    respondendo todos os scios solidariamente pela integralizao do capital social (art.

    1.052, CC/02).

    Quanto ao capital social, este se divide em quotas, iguais ou desiguais,

    respondendo solidariamente todos os scios pela exata estimao dos bens conferidos ao

    capital social, at o prazo de 5 anos, contados da data do registro da Sociedade Limitada,

    sendo vedada a contribuio que consista em prestao de servios (art. 1.055, CC/02).

    Vale dizer que a quota indivisvel em relao Sociedade Limitada, salvo em

    caso de transferncia (art. 1.056, CC/02).

    Na omisso do Contrato Social da Sociedade Limitada, a cesso de quotas, total

    ou parcial, entre scios, poder se dar independentemente da anuncia dos demais, e

    terceiros, se no houver oposio de titulares de mais de 1/4 do capital social (art. 1.057,

    CC/02).

    Ademais, a Ltda. poder ser administrada por uma ou mais pessoas designadas

    no Contrato Social ou em ato separado (art. 1.060 do NCC).

    Para um melhor aproveitamento da sociedade limitada indispensvel autilizao de alguns conceitos bsicos como: a possibilidade de efetivar-se um acordo de

    quotistas entre os scios da empresa, a aplicao do princpio da desigualdade de quotas

    do capital social (criao de quotas com valores nominais diferenciados, como, por

    exemplo, quotas "a"= R$1,00; quotas "b" = R$ 10,00 e quotas "c" = R$ 100,00) e,

    finalmente, a tendncia cada vez maior de exercer a administrao da sociedade em

    observncia s regras de transparncia e governana corporativa.

    Governana corporativa o sistema pelo qual as sociedades so dirigidas e

    monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/quotistas, conselho de

    administrao, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas prticas de

    governana corporativa tm por finalidade aumentar o valor da sociedade, facilitar seu

    acesso ao capital e contribuir para sua perenidade [52].

    Importante frisar que o acordo de scios nas sociedades limitadas funciona

    exatamente como o acordo de acionistas da companhia. Logo, no texto de um bom

    acordo de scios que ser previsto, por exemplo, a forma de retirada de um scio,

    observando as exigncias da lei.

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    Assim, com o acordo de scios, podem ser criadas situaes favorveis aos

    investidores, que procuram um ambiente corporativo onde haja liquidez e possibilidade de

    uma rpida sada da sociedade pela venda com lucro da participao no capital social.

    Alm disso, tendo em vista a previso do art. 1055 do Cdigo Civil os problemas

    relativos aos altos quoruns exigidos por essa modalidade de sociedade podem ser

    superados, de modo a criar quotas que atribuam aos seus proprietrios um maior peso na

    votao das matrias.

    Nessa linha, temos que a adoo das prticas de governana corporativa, nas

    sociedades limitadas, tambm traz uma maior liquidez s suas quotas.

    indispensvel mencionar que a transparncia na administrao da sociedade,

    aliada possibilidade de se criar rgos de fiscalizao atuantes, como conselhos fiscais,

    tornou-se possvel administrar a sociedade limitada com o mesmo grau de transparncia

    das sociedades annimas, atraindo desta forma, mais capital.

    Assim, vemos que as sociedades limitadas representam uma boa opo para

    aqueles que desejam aliar praticidade e liquidez, em contrapartida dificuldade de

    captao de recursos.

    3.2.1 S/A X Ltda.

    Para sintetizar e complementar o exposto anteriormente, onde se buscou

    apresentar, de forma sucinta, as diferenas entre S/A e Ltda., foram elaborados quadros

    comparativos entre estes dois tipos societrios. Tentou-se opinar sobre a melhor

    alternativa societria, ou seja, aquela que supera a outra em determinada caracterstica,

    tarefa que, acredita-se, facilitar o entendimento.

    No primeiro quadro, comparam-se os quesitos captao de recursos, burocracia,

    vantagens atribudas aos scios, e transparncia (governana). Veja-se:

    MELHOR ALTERNATIVA SOCIETRIA

    MatriaS/A

    Aberta

    S/A

    FechadaLimitada

    . Captao de Recursos 3 2 1

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    Burocracia 1 2 3

    Vantagens Atribudas aos Scios 2 2 2

    Transparncia (Governana) 3 2 2Legenda: 3 - Excelente; 2 - Bom; 1 - Regular.

    No segundo quadro, comparam-se os quesitos constituio da sociedade,

    responsabilidade dos scios, capital social, administrao, poder de controle, transferncia

    de participao e captao de recursos. Veja-se:

    MELHOR ALTERNATIVA SOCIETRIA

    Matria Limitada S/A

    1. Constituio X

    2. Responsabilidade dos Scios X

    3. Capital Social X

    4. Administrao X

    5. Poder de Controle X

    6. Transferncia de Participao X

    7. Captao de Recursos X

    Da anlise dos quadros pode-se extrair que a sociedade limitada se caracteriza

    como a modalidade societria mais vantajosa, no que concerne a estrutura, notoriamente

    mais simples em nvel gerencial. Todavia, os meios a serem utilizados para a captao de

    recursos so reduzidos, e, devido ao quorum elevado para as deliberaes sociais, uma

    escolha arriscada para as sociedades que no possuem um quadro societrio com

    interesses convergentes e relaes inviolveis.

    Sendo assim, podemos afirmar que de maneira geral, a limitada a opo

    societria mais adequada para as sociedades com alta concentrao de quotas nas mos

    do controlador, e que dispe de capital prprio suficiente para a consecuo dos seus

    objetivos sociais, no dependendo de emprstimos de terceiros.

    A sociedade annima, de estrutura mais complexa, apesar de possuir despesas

    mais elevadas, fornece em contrapartida, instrumentos para captao de recursos a custos

    menores do que aqueles cobrados no mercado financeiro.

  • 7/27/2019 95894073 a Holding Como Modalidade de Planejamento Patrimonial Da Pessoa Fisica No Brasil

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    Desta feita, seguindo a mesma linha, a sociedade annima o modelo societrio

    mais indicado s sociedades que abrigam a existncia, ou eminncia, de conflitos

    societrios, bem como que necessitam de recursos de terceiros para fomentar o seu

    capital de giro e o regular desenvolvimento de suas atividades.

    Em sntese, no existe um tipo societrio "bom ou ruim", existindo apenas aquele

    que seja "mais ou menos adequado" ao caso concreto. A escolha entre um ou outro tipo

    societrio deciso que deve ser pautada nos interesses dos scios e da sociedade,

    analisados tanto numa perspectiva presente como tambm futura.

    Nestes termos, somente pela anlise de todas as probabilidades possveis que

    se poder escolher com segurana pelo tipo societrio que melhor se adapte aos

    interesses e perspectivas. inquestionvel que a escolha de uma forma jurdica, em

    detrimento da outra, sempre ser vantajosa em relao a determinados aspectos, e

    desvantajosa em relao a outros.

    3.3 ADMINISTRAO DA HOLDING

    Na S/A, diferente do que ocorre na Ltda., a administrao exercida pela

    Diretoria e pelo conselho de administrao (quando houver).

    O conselho de administrao rgo eleito pela assemblia geral, composto por,

    no mnimo, trs membros, todos os quais devero ser scios da companhia. Este o

    rgo responsvel, dentre outras matrias especficas, por fixar a orientao geral dos

    negcios da sociedade. Nas sociedades annimas fechadas dispensada a existncia do

    conselho, sendo esta uma faculdade conferida aos acionistas [53].

    A diretoria rgo eleito pelo conselho de administrao, composto por, no

    mnimo, dois membros, dentre scios e no scios. Nas sociedades annimas fechadas,

    quando no houver conselho de administrao, a diretoria ser eleita pela assemblia

    geral. Aos diretores cabe a representao da sociedade, bem como todos os demais atos

    necessrios ao seu regular funcionamento [54].

    Nas sociedades limitadas, a estrutura administrativa bem menos complexa. A

    sociedade pode ser administrada por um ou mais administradores, sendo os mesmos

    scios ou no, designados no contrato social ou eleitos por ato em separado (art. 1.060,

    CC/02).

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    Necessrio esclarecer que as limitadas que optaram em serem regidas

    subsidiariamente pela LSA, nos moldes do art. 1.053 do CC/2, no que for aplicvel,

    podendo adotar a composio administrativa prevista para aquele tipo societrio,

    distribuindo as funes gerenciais entre uma diretoria e um conselho de administrao.

    Este procedimento bastante comum em sociedades limitadas constitudas por mais de

    dez scios, ou, ainda, controladas por multinacionais.

    Assim, pelos motivos acima expostos, percebe-se que as sociedades limitadas

    comportam uma estrutura organizacional mais enxuta que as sociedades annimas, e,

    neste caso, a adoo deste tipo societrio pode se apresentar como uma boa escolha para

    a sociedade que tenha como objetivo reduzir custos.

    3.4 REMUNERAO DOS SCIOS, DIRETORES E ADMINISTRADORES

    Os scios, diretores e administradores podem ser remunerados, basicamente, por

    trs formas: pr-labore, distribuio de lucros e juros sobre o capital prprio.

    Pr-labore uma expresso latina que significa "pelo trabalho", ou seja, consiste

    numa remunerao do trabalho realizado por scio, gerente ou profissional. O direito

    retirada do pr-labore fixado no prprio contrato social, sendo definido nele quais os

    scios tero direito a esta retirada.

    Em regra, sobre os valores pagos a ttulo de pr-labore dos scios devero ser

    recolhidos aos cofres pblicos a contribuio para o INSS calculada alquota total de

    31%, da seguinte forma: 20% devido pela empresa, e 11% que ser retido pela empresa,

    mas como devido pelo scio, esse valor ser descontado quando do pagamento do pr-

    labore. Assim, temos que sobre o valor do pr-labore incidir INSS e IRRF (se o valor

    ultrapassar o limite para reteno de IRRF).

    O valor do pr-labore estabelecido, normalmente, tomando por base o valor

    pago pelo mercado para profissionais que exeram a mesma funo que o scio

    desempenha na empresa e a capacidade financeira da empresa. Se o valor do pr-labore

    no estiver estipulado no contrato social da empresa, poder ser definido pelos prprios

    scios por deliberao em reunio/assemblia.

    Os limites mnimos e mximos de retiradas de pr-labore foram abolidos pela

    Instruo Normativa n 93/97 da Receita Federal do Brasil. Assim, tais valores no

    possuem limitao, podendo ser livremente definidos pelos scios.

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    Alm do que lucros e dividendos de scios so rendimentos isentos e no

    tributveis, no havendo o que falar de recolhimento de Imposto de Renda. Em

    contrapartida, com relao ao pr-labore, se o valor ultrapassar o limite para reteno de

    IRRF, tambm dever pagar tal imposto, ou seja, haver reteno na fonte do imposto de

    renda.

    Vale dizer que uma empresa que esteja com seus impostos atrasados (FGTS,

    INSS e SIMPLES) poder efetuar o pagamento do pr-labore, no entanto, fica impedida de

    distribuir lucros. Tal concluso encontra fundamento legal no art. 889 do RIR/99.

    Ademais, os valores pagos ou creditados, mensalmente, ao titular, scios,

    diretores ou administradores das empresas, a ttulo de remunerao (retiradas pr-labore),

    fixados livremente e correspondentes efetiva prestao de servios, podero ser

    considerados integralmente como custo ou despesa operacional, no resultado da pessoa

    jurdica, independentemente de qualquer restrio, condio ou limite de valor.

    Nesse ponto vale trazer a distino entre pr-labore e distribuio de lucros,

    sendo basicamente, "Pr-labore", a retribuio recebida pelo trabalho realizado; e

    "Distribuio de Lucros", a retribuio pelo capital investido.

    Para fins de incidncia de contribuio previdenciria, considerada

    remunerao do empresrio todas as importncias pagas ou creditadas pela empresa, a

    qualquer ttulo, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidade, destinados a

    retribuir o seu trabalho. Portanto, como o lucro distribudo, em sua natureza, no

    retribuio pelo trabalho, no h que se falar em incidncia de contribuio previdenciria

    sobre o mesmo.

    Isto posto, incide contribuio previdenciria sobre os pagamentos efetuados a

    ttulo de pr-labore e no incide sobre a distribuio de lucros [55]; e, em razo disso, muitas

    empresas passaram a retribuir os seus scios essencialmente com lucros em detrimento

    do pr-labore.

    Ressalte-se tambm que os pagamentos efetuados aos scios, tanto a ttulo de

    pr-labore como a ttulo de distribuio de lucros devem ter coerncia com as suas

    contrapartidas, ou seja, o trabalho, a dedicao e o gerenciamento da empresa pelo scio

    deve requerer um pr-labore compatvel com o labor despendido, da mesma forma que o

    lucro distribudo deve ser compatvel com a participao do mesmo no capital social da

    empresa.

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    O que se v bastante por a a adoo aleatria de um pr-labore mnimo e o

    restante pago a ttulo de distribuio de lucros, totalmente incoerente com a situao de

    fato. Tal situao pode caracterizar-se infrao a dispositivo da Lei n 8.212/91, mais

    precisamente no que se refere a apresentar documentos e/ou livros relacionados com as

    contribuies previdencirias contendo informaes diversa da realidade ou, ainda, com

    omisso de informao verdadeira.

    Atinente ao Juro sobre o Capital Prprio (JCP) [56], pode-se dizer que constitui-se

    numa remunerao do capital prprio investido na empresa por seus titulares, scios ou

    acionistas, calculado sobre as contas integrantes do patrimnio lquido, permite a deduo

    destes juros - calculados razo da TJLP como despesa financeira [57].

    Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/96, a pessoa jurdica poder

    deduzir, para efeito de apurao do lucro real, observado o regime de competncia, os

    juros pagos ou creditados individualmente a titular, scios ou acionistas, a ttulo de

    remunerao do capital prprio, calculados sobre as contas do patrimnio lquido e

    limitadas variao pr-rata dia da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP [58].

    O valor dos juros pagos ou creditados, para fins de dedutibilidade como despesa

    financeira, no poder exceder a cinqenta por cento do maior entre os seguintes valores:

    a)Do lucro lquido correspondente ao perodo de apurao (trimestral ou anual)do pagamento ou crdito dos juros, aps a deduo da CSLL e antes da proviso para o

    imposto de renda e da deduo dos referidos juros; ou

    b)Dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros de perodos anteriores.

    A dedutibilidade se estende base de clculo da Contribuio Social sobre o

    Lucro Lquido, para fatos geradores ocorridos a partir de 1 de janeiro de 1997.

    O valor dos juros pagos ou creditados, a ttulo de remunerao do capital prprio,

    ficar sujeito incidncia de imposto de renda retido na fonte alquota de 15% na data

    do pagamento ou crdito. O recolhimento deste imposto dever ser efetuado at o terceiro

    dia til da semana subseqente ao do pagamento ou crdito dos respectivos juros.

    3.5 O PROBLEMA DA DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA

    Para desenvolvimento deste tpico, utilizar-se-, basicamente, o excelente artigo

    monogrfico de Jos Carlos Filho (2009) [59], por apresentar uma interessante e atualizada

    viso sobre o tema, ao qual, de imediato, remete-se leitura para maiores

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    aprofundamentos. Trata-se, decididamente, de um estudo enriquecedor sobre o tema, que

    aqui ser tratado de forma superficial.

    H muito o Direito ptrio reconheceu s pessoas jurdicas personalidade

    jurdica [60] como uma forma de incentivar o seu desenvolvimento. Possibilitou, assim, que

    pessoas fsicas que comungassem de interesses comuns pudessem criar um ente que

    superasse a individualidade de cada um e atuasse no mercado com autonomia. Isto

    representou importante incremento na atividade econmica e possibilitou aos membros

    das sociedades auferirem rendimentos que sozinhos no alcanariam.

    Acerca da personalizao da sociedade, bem ensina o professor Ulhoa (2004,

    p.112) [61] que:

    A pessoa jurdica no se confunde com as pessoas que a compem. Este princpio, de

    suma importncia para o regime dos entes morais, tambm se aplica sociedade empresria. Temela personalidade jurdica distinta da de seus scios; so pessoas inconfundveis, independentes

    entre si.

    E complementa o professor ao tratar sobre responsabilidade patrimonial:

    [...] em conseqncia, ainda, de sua personalizao, a sociedade ter seu patrimnio

    prprio, seu, inconfundvel e incomunicvel com o patrimnio individual de cada um de seus scios.

    Sujeito de direito personalizado autnomo, a pessoa jurdica responder com o seu patrimnio pelas

    obrigaes que assumir. Os scios, em regra, no podero no respondero pelas obrigaes da

    sociedade. Somente em hipteses excepcionais, que sero examinadas a seu tempo, poder ser

    responsabilizado o scio pelas obrigaes da sociedade. (ULHOA, 2004, p.114)

    Nesse raciocnio, a responsabilidade dos scios pelas obrigaes da sociedade

    empresria sempre subsidiria. vista do disposto no art. 1.024, CC/02 e art. 596 do

    CPC, que asseguram aos scios o direito de exigirem o prvio exaurimento do patrimnio

    social. Segundo Ulhoa (2004, p.116):

    Quando a lei qualifica de "solidria" a responsabilidade de scios ao delimitar a

    dos