95894073 a holding como modalidade de planejamento patrimonial da pessoa fisica no brasil
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A holding como modalidade de planejamento patrimonial dapessoa fsica no BrasilFred John Santana PradoElaborado em 01/2011.Pgina 1 de 4
A A
A sociedade denominada Holding Patrimonial tem por finalidade a
reduo de carga tributria da pessoa fsica, o planejamento sucessrio e o
retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos, sem tributao.
1 INTRODUO
Neste trabalho de pesquisa trata-se da sociedade denominada
HoldingPatrimonial, em seus diversos aspectos, notadamente como forma de reduo decarga tributria da pessoa fsica, planejamento sucessrio e retorno de capital sob a forma
de lucros e dividendos, sem tributao.
O trabalho traz como problemtica o questionamento: "Ser a Holding Patrimonial
uma alternativa eficaz de planejamento do patrimnio da pessoa fsica? E quais as suas
vantagens e desvantagens?"
Para responder eficazmente a este e outros questionamentos, pretende-se,inicialmente, delinear o conceito, previses legais e espcies de holdings, analisando em
seguida suas vantagens e desvantagens.
Nesse momento, tentar-se- confirmar se a opo pela constituio de uma
Holding que controle o patrimnio da pessoa fsica implica, verdadeiramente, em
vantagens concretas, posto que os bens da pessoa fsica, que se torna apenas titular de
quotas, passam para a pessoa jurdica, havendo, assim, vantagens para seus titulares,
principalmente no que concerne a tributao diferenciada, transmisso "causa mortis"(quando da partilha de bens), transmisses em geral (ITIV, etc.), bem como fcil acesso ao
crdito no mercado em geral e agilidade no processo de inventrio.
A fim de possibilitar uma melhor compreenso do tema, sero apresentadas
tambm noes de Sistema Tributrio Nacional e Planejamento Tributrio. Em seguida,
tratar-se- dos tipos societrios, tributao, integralizao de capital em bens e direitos,
recebimento de lucros e dividendos e outros aspectos societrios.
http://jus.com.br/revista/autor/fred-john-santana-pradohttp://jus.com.br/revista/autor/fred-john-santana-pradohttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/18605/a-holding-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-da-pessoa-fisica-no-brasil/2http://jus.com.br/revista/autor/fred-john-santana-prado -
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Por fim, sero demonstrados os passos e procedimentos para se constituir uma
Holding Patrimonial.
Vale ressaltar que no se pretende esgotar o assunto, j que se limitar, neste
trabalho, a lidar com a Holding para pessoas fsicas, deixando para momento outro a
Holding para pessoa jurdica (controladora, p.ex.).
Atinente aos objetivos do presente trabalho tem-se: a) apresentar uma viso geral
do funcionamento da Holding no Brasil; b) demonstrar as principais regras e princpios
societrios existentes no ordenamento jurdico brasileiro; c) levantar bibliografia referente
ao tema; d) analisar a legislao nacional pertinente; e) identificar os aspectos
controvertidos da Holding; f) identificar os reflexos provocados pelos princpios
contemporneos na regulamentao e jurisprudncia sobre o tema; g) analisar textos de
diversas reas para contextualizar o tema em questo.
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microempresa
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Como se disse, pretende-se, ao longo do trabalho, analisar a maioria dos
aspectos da sociedade Holding Patrimonial, como modalidade de planejamento do
patrimnio da pessoa fsica, em todos os seus pormenores, e os objetivos acima
delineados serviro para orientar a investigao cientfica.
Apesar dos cuidados, pedem-se as devidas escusas pelas lacunas eimperfeies que o escrito seguramente encerra. Serve-se de consolo, todavia, a
justificao do mestre Rui Barbosa, que confessou a peito aberto: "uma verdade h que
me no assusta, porque universal e de universal consenso: no h escritor sem
erros" [01].
Nesse sentido, no se v mal em asseverar que equvocos causados pelo arrojo
intelectual so, quase sempre, mais teis do que os acertos vulgares, justamente porque
abrem espaos e propiciam novas e aprofundadas meditaes.
http://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20068/compatibilidade-entre-mandato-no-poder-legislativo-e-contratacao-de-cedulas-ruraishttp://jus.com.br/revista/texto/20068/compatibilidade-entre-mandato-no-poder-legislativo-e-contratacao-de-cedulas-ruraishttp://jus.com.br/revista/texto/19972/a-responsabilizacao-do-socio-por-debitos-fiscais-na-empresa-limitadahttp://jus.com.br/revista/texto/19972/a-responsabilizacao-do-socio-por-debitos-fiscais-na-empresa-limitadahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19947/aspectos-gerais-da-liberdade-de-concorrenciahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19964/tributacao-diferenciada-como-aspecto-de-fomento-a-livre-concorrencia-a-situacao-da-microempresahttp://jus.com.br/revista/texto/19972/a-responsabilizacao-do-socio-por-debitos-fiscais-na-empresa-limitadahttp://jus.com.br/revista/texto/20068/compatibilidade-entre-mandato-no-poder-legislativo-e-contratacao-de-cedulas-ruraishttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasilhttp://jus.com.br/revista/texto/20074/a-ilegalidade-das-patentes-incrementais-no-brasil -
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O tema fascinante, e num futuro prximo a Holding Patrimonial ser muito mais
conhecida e utilizada por todos aqueles que quiserem planejar seu patrimnio de forma
segura e eficaz. Por fim, acredita-se poder chegar a concluses valiosas ao final da
presente pesquisa.
Em remate, o presente trabalho visa oferecer ao leitor uma anlise que rena
teoria e prtica em dose adequada compreenso da Holding Patrimonial, atravs de uma
abordagem inovadora.
2 HOLDING
A expresso "holding" de origem inglesa, formada a partir do prefixo "hold", que
entre outros, significa "controlar" [02]. Assim, holding uma sociedade que controla outras
sociedades ou um patrimnio, no sendo uma espcie societria, mas apenas uma
caracterstica da sociedade.
Surgiu no pas em 1976, por meio da Lei n 6.404, conhecida como Lei das S/A.
A sua legitimao encontra-se no pargrafo 3 do artigo 2 da mencionada lei, ao prever
que "[...] a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades [...]".
A criao de uma Holding, tecnicamente, ocorre pela previso de uma clusula
no contrato ou estatuto social da sociedade, com a seguinte redao [03]:
Clusula A sociedade tem como objeto social a administrao de bens mveis e imveis
prprios, o controle, a participao e a administrao de outras sociedades.
Pargrafo nico No faz parte do presente objeto social a atividade de corretagem.
Desse modo, ficam estabelecidos de forma clara os objetivos da sociedade
holding. Tratar-se- mais frente, no item 3.1 da presente, do objeto social e suas
nuances.
No se constitui, portanto, numa espcie societria autnoma, como o caso das
sociedades empresariais e simples. Pelo contrrio, precisa se revestir sob a forma de
alguma das espcies disciplinadas no Cdigo Civil Brasileiro (CC/02), para que possa
assumir personalidade jurdica, inclusive devendo observar os requisitos inerentes ao
modelo escolhido, conforme ser demonstrado adiante, em momento especfico.
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Nesse sentido, ser necessrio que a sociedade holding adote um nome
empresarial, nos moldes do art. 1.155 e ss, do CC/02, sendo de costume a opo pelo
"Nome empresarial", acompanhado pela expresso "Empreendimentos / Participaes /
Comercial", finalizado pela caracterstica "Ltda. / S.A.".
No tocante s espcies de Holding, bem explica Joo Teixeira (2007) [04], que, de
forma geral, as empresas holding so classificadas como:
a) Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a participao no
capital de outras sociedades, isto , uma empresa que, tendo como atividade nica manter
aes de outras companhias, as controla sem distino de local, podendo transferir sua
sede social com grande facilidade; e
b) Holding Mista: quando, alm da participao, ela exerce a explorao de
alguma atividade empresarial. Na viso brasileira, por questes fiscais e administrativas,
esse tipo do holding a mais usada, prestando servios civis ou eventualmente
comerciais, mas nunca industriais.
Complementa o autor que a doutrina aponta, ainda, outras classificaes, tais
como holding administrativa, holding de controle, holding de participao, etc. Em resumo,
a Holding pode ser Pura, quando criada com o fim especial de participar como quotista ou
acionista de outras empresas, ou administrar um determinado patrimnio, no explorando
qualquer outra atividade; ou Mista, quando alm de participar e controlar outras empresasdo grupo, ainda explorar um ou mais ramos de atividade (Indstria, Comrcio ou Servios).
Por ser o foco do presente trabalho, tratar-se- especificamente da Holding
Patrimonial (ou Familiar), mesmo porque a espcie mais difundida e conhecida, em
funo da sua grande utilidade na concentrao patrimonial, facilitao na sucesso
hereditria e na administrao de bens [05].
Como se disse, utiliza-se a expresso Holding Patrimonial para qualificar uma
sociedade que controla o patrimnio de uma ou mais pessoas fsicas, ou seja, ao invsdas pessoas fsicas possurem bens em seus prprios nomes, passam a possu-los
atravs de uma pessoa jurdica a controladora patrimonial.
A Holding Patrimonial usada principalmente com o objetivo de facilitar a
administrao de bens e a sucesso hereditria, garantindo a manuteno do
conglomerado de empresas em poder dos descendentes do sucessor.
A preocupao com os negcios da famlia, bem assim a sua continuidade, temlevado muitas pessoas a constiturem holdings familiares. Essa medida visa,
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principalmente, evitar possveis mudanas de filosofia na gesto dos negcios, advindas
dos diferentes perfis dos herdeiros, impedindo, inclusive, que problemas familiares atinjam
os negcios.
A seguir, sero demonstradas as principais vantagens e desvantagens na
utilizao de uma sociedade Holding.
2.1 VANTAGENS
Para demonstrar as principais vantagens da Holding, utilizar-se- a relao
elaborada pelo professor Oliveira (1995, p. 27 a 29) [06], que ensina que dentre as principais
vantagens obtidas nesta operao, esto a simplificao das solues referentes a
patrimnios, heranas e sucesses familiares, atravs do artifcio estruturado e fiscal de
uma holding; atuao como procuradoras de todas as empresas do grupo empresarial
junto a rgos de governo, entidades de classe e, principalmente, instituies financeiras,
reforando seu poder de barganha e sua prpria imagem; facilitao da administrao do
grupo empresarial, especialmente quando se considera uma holding autntica; facilitao
do planejamento fiscal-tributrio; e otimizao da atuao estratgica do grupo
empresarial, principalmente na consolidao de vantagens competitivas reais e
sustentadas.
Alm desses, pode-se asseverar tambm que h uma reduo da carga tributria
incidente sobre os rendimentos da pessoa fsica (IRPF); a possibilidade de realizao de
planejamento sucessrio (herana); a preservao do patrimnio pessoal perante credores
de uma pessoa jurdica (empresa) da qual a pessoa fsica participe como scio ou
acionista; e maior poder de negociao na obteno de recursos financeiros e nos
negcios com terceiros [07].
Essas vantagens sero mais bem percebidas quando tratarmos da tributao na
Holding, onde buscaremos trazer alguns comparativos dos tributos incidentes nasoperaes efetuadas na Holding e na pessoa fsica.
Enfim, a opo pela constituio de uma pessoa jurdica que controle o
patrimnio da pessoa fsica Holding Patrimonial implica verdadeiramente em
vantagens concretas, posto que os bens da pessoa fsica, que passa a ser apenas titular
de quotas, passam para a pessoa jurdica, havendo, assim, vantagens para seus titulares,
principalmente no que concerne a tributao diferenciada, transmisso "causa mortis",
transmisses em geral (ITIV, etc.), bem como fcil acesso ao crdito no mercado em geral.
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A seguir, abordar-se- o planejamento sucessrio na Holding. Para tanto,
reservou-se um tpico especfico, dada sua relevncia para o presente estudo.
2.1.1 Planejamento sucessrio
Nesses ltimos anos, a criao da holding patrimonial tem, a nosso ver, uma
posio primordial e relevante na passagem de uma gerao a outra, sem traumas.
Atravs de uma Holding Patrimonial, possvel realizar um planejamento
sucessrio bastante interessante e eficiente. Sucesso, em sentido comum, implica a idia
de transmisso de bens. Suceder , no dizer de Silvio Venosa, substituir, tomar o lugar de
outrem, no campo dos fenmenos jurdicos [08].
Assim, possvel distribuir os bens da pessoa fsica, que estaro incorporados pessoa jurdica, antes mesmo que esta venha a falecer. Evita-se, desta maneira, as
ansiedades por parte da linha sucessria, posto que o quinho de cada participante fica
definido antes mesmo do falecimento do scio.
Outrossim, a transmisso fica facilitada por meio da sucesso de quotas da
empresa, seno, vejamos. Consoante regra o artigo 1.845 do Cdigo Civil Brasileiro, so
herdeiros necessrios os descendentes, os ascendentes e o cnjuge, sendo que estes
concorrem na mesma proporo na meao prevista no artigo 1.846, que estabelece
pertencer aos herdeiros necessrios, de pleno direito, a metade dos bens da herana,
constituindo a legtima.
Assim sendo, sabe-se, desde logo, que metade das quotas sociais do scio que
vier a falecer ser rateada entre seus descendentes, ascendentes e o cnjuge
sobrevivente. O restante das quotas poder ser devidamente distribuda segundo a
vontade do scio falecido, por meio de testamento [09]. Conforme dispe o art. 1.857,
CC/02:
"Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens,
ou de parte deles, para depois de sua morte."
Entretanto, a limitao encontra-se no prprio pargrafo primeiro do artigo
mencionado:
"Art. 1.857. [...]
1 A legtima dos herdeiros necessrios no poder ser includa no testamento.
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[...]"
Fcil concluir que a distribuio dos bens feita mediante a sucesso das quotas
sociais da empresa.
Desta maneira, consegue-se evitar os desgastes financeiros e emocionais
comuns de um inventrio, j que, estando organizada a sucesso dos bens por meio da
sucesso de quotas, o procedimento judicial do inventrio ser mais clere e menos
oneroso.
De acordo com Jos Almeida (2003, p.23) [10], h quem negue a convenincia do
direito das sucesses. Afirma-se que os bens do falecido deveriam pertencer ao Estado,
como forma de distribuio de renda, e que a sucesso incentiva preguia, j que aqueleque recebe uma herana viver dela, no mais precisando trabalhar, o que contraria os
interesses do Estado. Mas, a nosso ver, a crtica no procede. A uma, porque no se pode
retirar da propriedade o direito sagrado de transmisso dos bens aps a morte do seu
titular. A duas, porque a supresso do direito das sucesses tambm contraria importante
interesse do Estado, qual seja, o da poupana interna [11]. Sabendo que no poderia
transmitir seus bens para alm de sua morte, todos passariam certamente seus ltimos
dias de vida a gastar tudo o que amealharam e pouparam por toda a vida.
Acrescenta o autor ainda dois argumentos: no se pode entender que o Estado
daria melhor aplicao aos bens do falecido que os herdeiros deste dariam; e o mau uso
dos direitos no pode ser causa de sua supresso [12].
Em especial, a holding familiar utilizada como importante instrumento de
reestruturao patrimonial, ao concentrar parte ou a totalidade de bens de que so
proprietrios alguns membros de uma mesma famlia.
Nesse particular, a holding objetiva solucionar problemas referentes herana,
substituindo em parte declaraes testamentrias, podendo indicar, especificamente, os
sucessores da sociedade, sem atrito ou litgios judiciais. A viso da holding fundamental
nesses casos.
Problemas pessoais ou familiares no afetam diretamente as operadoras. Em
caso de dissidncias entre parentes ou esplios, ser "a Holding" que decidir sobre as
diretrizes a serem seguidas.
Ela substituta da pessoa fsica, agindo como scia ou acionista de outra
empresa, evitando dessa maneira que a pessoa fsica fique exposta inutilmente. A holding
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atende tambm a qualquer problema de ordem pessoal ou social, podendo equacionar
uma srie de convenincias de seus criadores, tais como: casamentos, separao de
bens, comunho de bens, autorizao do cnjuge em venda de imveis, procuraes,
testamento, amparo a filhos.
Pode-se verificar na tabela abaixo as vantagens referentes a utilizao da Holding
frente ao procedimento de inventrio, na comparao:
Vantagens da holding familiar em relao aos inventrios
Eventos Holding Familiar Inventrio
1) Tributao da Herana e Doao 4% 4%
2) Tempo para criao ou tempo do Inventrio 30 dias em mdia.
05 anos em
mdia
3) Tributao dos Rendimentos 12.00% 27.50%
4) Tributao da venda de Bens Imveis 5.80% 27.50%
5) Sucesso conforme novo Cdigo Civil para
casamentos com comunho parcial de bens
Cnjuge NO
herdeiro.
Cnjuge
herdeiro.
Fonte: Orsi & Barreto Consultoria Empresarial.
Nessa seara, uma opo bastante interessante a doao das quotas da holding
patrimonial aos herdeiros de cada scio, com clusulas restritivas [13]. Para garantir aproteo do seu patrimnio (para que fique na famlia e no seja alienado) o scio, pessoa
fsica, doa suas quotas da sociedade para seus herdeiros. Ressalte-se que apenas
tratamos, aqui, da parte disponvel do patrimnio, pois a legtima [14] deve ser resguardada
em favor de seus herdeiros, conforme visto anteriormente.
Diante desta limitao ser necessrio realizar um levantamento [15] para verificar
se o patrimnio que se pretende doar fica dentro dos 50% disponvel do scio, devendo
ser observado o disposto no artigo 544 do Cdigo Civil, que considera a doao de
ascendente para descendente como a antecipao do que lhes cabe como herana. Nesta
hiptese, o herdeiro, no processo de inventrio, dever levar colao o bem ou a
importncia respectiva para igualar as legtimas (art. 2002, CC/02), pouco importando se a
doao ao filho excedeu (ou no) a metade disponvel, conforme art. 544 do CC/02:
"Art. 544 - A doao de ascendente a descendentes, ou de um cnjuge a outro, importa
adiantamento do que lhes cabe por herana".
Observe-se que o ascendente (testador) no necessita da concordncia dos
demais para doar a um descendente, ao contrrio do que ocorre na compra e venda e napermuta, pois, na hiptese da doao, j h a presuno de adiantamento de legtima.
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Logo, a doao de ascendente para descendente, sem o consentimento dos demais, no
nula.
Vale dizer que caso o herdeiro venha a sonegar o objeto doado, ou seja, no
colacionar o bem ou seu valor correspondente, caber a este herdeiro na sentena a pena
de perder o direito sobre o bem sonegado, isto , o bem sonegado no ser computado
para esse herdeiro, para fins de partilha.
Por outro lado, podero operar-se doaes de ascendentes para descendentes
sem que se d a ulterior conferncia, por intermdio da colao, determinando o doador,
em tal hiptese, que saia de sua metade disponvel, calculada conforme o art. 1.722,
CC/02, contanto que no a excedam, porque o excesso ser considerado inoficioso,
portanto, nulo.
Registre-se que esta doao constitui contrato inter vivos, produzindo, desde
logo, seus efeitos, gerando para o doador a obrigao de transferir do seu patrimnio bens
ou vantagens para o do donatrio.
Conforme se enunciou, no momento da doao possvel utilizar clusulas
restritivas, dentre as quais:
Clusula de Reserva de Usufruto [16], em que se transfere para o donatrio,
exclusivamente, a nua-propriedade, permanecendo o doador a gozar os frutos oriundos
dos bens doados, nesse caso, os lucros e dividendos, fruto das quotas.
Clusula de Reverso dos Bens ao seu Patrimnio [17], em que na hiptese de
sobreviver o donatrio, essa clusula opera como resolutria do negcio, com efeito
retroativo, anulando eventuais alienaes feitas pelo outorgado, recebendo-os o doador
livre e desembaraados de quaisquer nus. Tal disposio deve constar de clusula
expressa no contrato.
Cabe ainda ressaltar a possibilidade de se estabelecer como clusula resolutria
da doao a permanncia de determinadas pessoas na administrao da sociedade. Isto
porque o art. 553, CC/02, dispe que o donatrio (beneficirio da doao) obrigado a
cumprir os encargos estipulados pelo doador como condio para a doao.
Pode-se, ainda, gravar as quotas dadas em doao com as clusulas de
inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, pois se entende que quando
imposta por doao, negcio entre vivos, permite-se que o doador, enquanto viver, levante
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o vnculo, no estando limitado aos requisitos do art. 1.848, CC/02, que s se aplica
legtima.
A Clusula de Inalienabilidade, como bem explica Carlos Eduardo [18], tem o
propsito de vedar a alienao de determinado bem, sendo normalmente instituda para
evitar que o beneficirio disponha do bem de maneira indiscriminada, dilapidando o
patrimnio em face de prodigalidade, incompetncia administrativa, inexperincia entre
outros.
O ilustre civilista Slvio de Salvo Venosa, com a propriedade que lhe peculiar,
observa que: "os bens inalienveis so indisponveis. No podem ser alienados sob
qualquer forma, nem a ttulo gratuito nem a ttulo oneroso" [19].
A clusula de inalienabilidade impe, assim, uma limitao do direito de
propriedade, desde que o senhor e possuidor da coisa, com essa condio adquirida, no
a pode alienar, enquanto persistir ou tiver fora a clusula imposta. Da poder ser vitalcia
ou temporria.
Cumpre enfatizar que o art. 1.911, CC/02, dispe que a clusula de
inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica sua impenhorabilidade e
incomunicabilidade.
Em suma, a clusula de inalienabilidade impe coisa, automaticamente, a
impenhorabilidade (no so hipotecveis nem dados em penhor), e a incomunicabilidade
(os bens no se comunicam ao cnjuge do beneficirio, no importando qual seja o regime
de bens do casamento).
Importa dizer que se os rendimentos ou os frutos dos bens inalienveis no
estiverem sujeitos mesma condio, sero transferveis ou podero ser objeto de
alienao ou garantia.
A Clusula de Incomunicabilidade estabelece, portanto, que os bens doados no
se comuniquem pelo casamento, conservando-se como propriedade particular do cnjuge
favorecido, ou beneficiado, exclusivamente, mesmo que o casamento se tenha feito ou se
faa sob o regime da comunho universal [20]. Assim, no h dvida de que a imposio
isolada dessa clusula no impede a alienao, haja vista, que no se pode presumir a
inalienabilidade, se no vier expressa no instrumento de doao.
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Clusula de Impenhorabilidade tem como finalidade proteger o patrimnio do
devedor e sua famlia, pois impede que determinado bem de sua propriedade seja
penhorado [21].
Ademais, vale comentarmos sobre as conseqncias tributrias advindas da
operao de doao.
As conseqncias tributrias mais relevantes em um processo de sucesso
patrimonial esto diretamente ligadas ao Imposto de Renda e Imposto sobre Transmisso
"CAUSA MORTIS" e doao de quaisquer bens ou direitos (ITCMD).
No tocante legislao do Imposto de Renda, deve-se observar a disposio
constante no art. 39, XV, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99):
Art. 39. No entraro no cmputo do rendimento bruto:
[...]
XV - o valor dos bens adquiridos por doao ou herana, observado o disposto no art. 119
(Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XVI, e Lei n 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 23 e
pargrafos); [...]
Da anlise do dispositivo, conclui-se que este imposto no incide sobre doao
ou herana. Dessa forma, os procedimentos estaro isentos do Imposto de Renda, exceto
se for atribudo na declarao de rendimentos dos beneficirios, valor superior a existente
na declarao do doador, pois a estar configurado ganho de capital, que deve ser
tributado pelo imposto de renda.
No que concerne ao Imposto Sobre Transmisso Causa Mortis (ITCMD), dever
ser observado o disposto na legislao estadual Lei n 4.826 de 27 de janeiro de 1989,
alterada pela Lei n 7.358/98, que Instituiu o Imposto sobre Transmisso, estabelecendo
as alquotas e os fatos geradores deste imposto. Vejamos:
Art. 1 - O Imposto sobre transmisso "CAUSA MORTIS" e doao de quaisquer bens ou
direitos tem como fato gerador a transmisso "CAUSA MORTIS" e a doao, a qualquer ttulo de:
I - propriedade ou domnio til de bem imvel por natureza ou acesso fsica, nos termos
da Lei civil;
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II - direitos reais sobre imveis;
III - bens mveis, direitos, ttulos e crditos.
Da anlise, percebe-se, nitidamente, que h incidncia do ITCMD no ato detransferncia de quotas, na alquota respectiva.
A incidncia de tributos ser abordada de forma mais precisa em momento
seguinte (item 2.3). Por ora, vale o esclarecimento.
Em resumo, as incidncias tributrias evitadas com o planejamento sucessrio
so basicamente: a) ITBI - 2%:no incidncia quando efetuada mediante a integralizao
de capital com bens e direitos; b) IRRF - 15%: incidncia sobre o ganho de capital se atransferncia dos bens for processada pelo valor de mercado, ou seja, sobre o eventual
ganho de capital, representando pela diferena entre o custo de aquisio e o valor de
mercado.
Alm dos custos tributrios acima indicados devem ser somados os gastos com
honorrios advocatcios comumente cobrados sobre o montante do esplio, que costumam
variar entre 10% e 20 %.
Pelos dados acima, podemos perceber que o planejamento sucessrio um dosplanejamentos mais importantes. Definido pelos americanos como "o jeito inteligente de
morrer" tambm uma forma de garantir a continuidade dos negcios sem
estrangulamentos. Sem dvida, a holding patrimonial facilita em muito essa transio de
geraes.
2.2 DESVANTAGENS
Aps tratar-se das vantagens da Holding, sero abordadas, agora, suas principais
desvantagens. Sero aproveitados, novamente, os preciosos ensinamentos do professor
Oliveira [22], que ao apontar as maiores desvantagens da holding, segrega-os por aspectos:
financeiros, administrativos, legais e societrios. Ressalte-se que sero demonstradas as
desvantagens genricas da Holding, ou seja, de suas vrias espcies, no se limitando
apenas holding patrimonial (familiar).
No tocante aos aspectos financeiros, salienta o professor que as principais
desvantagens so as de a Holding no poder usar prejuzos fiscais (no caso de holding
pura); ter maior carga tributria se no existir adequado planejamento fiscal (inclusiveopo pelo lucro real ou presumido, conforme veremos adiante); ter tributao de ganho
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de capital na venda de participaes; ter maior volume de despesas com funes
centralizadas, o que pode provocar problemas dos sistemas de rateio; e ter imediata
compensao de lucros e perdas das investidas, pela equivalncia patrimonial (no caso de
holding controladora, por exemplo).
Quanto aos aspectos administrativos, deve-se considerar a ocorrncia das
seguintes desvantagens: ter elevada quantidade de nveis hierrquicos, o que aumenta o
risco inerente qualidade e agilidade do processo decisrio (no caso de holding
controladora); e no ter adequado nvel de motivao nos diversos nveis hierrquicos,
pela perda de responsabilidade e autoridade, provocado pela maior centralizao do
processo decisrio.
Quanto aos aspectos legais, os principais aspectos a serem considerados so:
dificuldades em operacionalizar os tratamentos diferenciados dos diversos setores da
economia; e ter problemas em operacionalizar as diversas situaes provocadas pelas
diferenas regionais.
Quanto aos aspectos societrios, assevera o professor que a principal
desvantagem que pode ocorrer consolidao do tratamento dos aspectos familiares
"entre quatro paredes", criando uma situao irreversvel e altamente problemtica.
Pelo exposto, pode-se perceber que as vantagens trazidas pela Holding superam
em muito as desvantagens, notadamente quando se trata de uma holding patrimonial
(familiar), na qual no se aplica boa parte das desvantagens acima descritas.
Ultrapassada essa etapa, ser abordada no prximo tpico a tributao da
holding, com breve incurso no tema Sistema Tributrio Nacional (STN) e Planejamento
Patrimonial e Tributrio, inclusive estabelecendo a diferena entre eliso e evaso fiscal,
para facilitar a compreenso do que se quer expor.
2.3 TRIBUTAO DA HOLDING
Nos domnios do Direito Tributrio Brasileiro, a postura dominante a de que o
contribuinte pode estruturar (planejar) os seus negcios da forma que melhor lhe convier,
desde que utilize de meios lcitos, antes da ocorrncia do fato gerador, sem simulao.
Em 1988 o Brasil definitivamente consolidou o Estado Democrtico de Direito,elencado no prembulo e artigo primeiro da Carta Magna [23]. Em um Estado Democrtico
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de Direito, o Direito Tributrio no pode apartar-se de princpios fundamentais que foram
sedimentados ao longo da histria. Nessa esteira, a Constituio Federal Brasileira,
prdiga nas garantias de direitos individuais, contemplou uma srie de princpios dentre os
quais podemos destacar: liberdade, livre-iniciativa e associao, legalidade,
proporcionalidade e interveno mnima.
Assim, o sistema tributrio brasileiro est construdo de acordo com o modelo
econmico adotado na CF/88, fundado na propriedade privada, alcanando especial relevo
o direito fundamental propriedade [24], bem como aqueles que lhe so correlatos: o direito
de gerir, usar, gozar e dispor.
Abordando o tema, bem explica o professor Machado (2004) [25], que o Estado, no
exerccio de sua soberania, exige que os indivduos lhe forneam os recursos de que
necessita, instituindo tributos. No entanto, a instituio do tributo sempre feita mediantelei, devendo ser feita conforme os termos estabelecidos na Constituio Federal brasileira,
na qual se encontram os princpios jurdicos fundamentais da tributao.
E complementa o professor:
Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com fora superior,
bastante para fazer as regras de conduta, para construir o Direito. Dessa necessidade nasceu o
Estado, cuja noo se pressupe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributrio
(MACHADO, 2004, p. 31).
Nesse sentido, destaca-se que a tributao, alm de ser via prpria para que o
Estado exera seu papel pois mngua de recursos no poderia oferecer aos indivduos
o mnimo existencial a que fazem jus como cidados -, deve estar limitada pelo direito que
cada um, empresa ou pessoa fsica, tem de organizar e desfrutar de seu prprio
patrimnio.
Entretanto, sabe-se que o Sistema Tributrio Brasileiro extremamente penoso,
impondo aos contribuintes uma pesada carga tributria, atingindo, inclusive, altos
percentuais do PIB nacional [26]. A complexidade da legislao dos tributos existentes,
deriva da inflao normativa da qual acertadamente nos alertava o eminente professor
Hugo de Brito Machado [27]:
Pior do que a rapidez das mudanas, porm, a falta de respeito dos elaboradores
dessas normas lgica e aos conceitos jurdicos. Legislam como se o Direito no fosse um sistema,
tornando extremamente difcil, quase impossvel, o trabalho da doutrina de explicar as normas luz
da teoria jurdica.
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De acordo com Machado (2002), geralmente quando se faz referncia elevada
carga tributria no se leva em considerao a tributao oculta [28]. Os comparativos feitos
entre a carga tributria e o PIB levam em conta somente os tributos institudos
formalmente como tais. Existe, porm, uma tributao oculta que agrava essa carga
suportada pelos particulares na manuteno do Estado. Tributao que se efetiva na
transferncia de recursos financeiros do cidado para o Estado, por vias oblquas e
geralmente obscuras.
Recorde-se que a empresa, no Brasil, tributada nas trs esferas polticas do
Estado: Unio, estado-membro e municpio.
Urge, portanto, uma Reforma Tributria eficiente e rpida, a qual o tributarista
Yves Gandra [29] denomina de "A verdadeira reforma tributria", que seria aquela que
implicasse reduo da carga tributria, pois melhorar a tcnica de arrecadao sem
reduzir a carga no suficiente. E prossegue o raciocnio afirmando que a carga tributria
s cair com a diminuio da carga burocrtica que, infelizmente, tem crescido
assustadoramente, sem contrapartida em servios pblicos correspondentes.
Tal reforma, to pretendida por todos, parece no acontecer em breve, restando
ao contribuinte planejar seu patrimnio da forma que melhor desejar. Esse planejamento
pode ser entendido como eliso fiscal, ou seja, licitamente, evitar ou minorar o pagamento
de tributos. E a Holding Patrimonial se insere justamente nesse contexto.Nesse momento deve-se registrar que perante a maioria dos doutrinadores no
subsistem dvidas de que no sistema jurdico adotado pelo Brasil, os contribuintes
dispem de liberdade para pautar as suas condutas e os seus negcios da forma menos
onerosa possvel, no existindo regras que lhes imponham a obrigao de, entre duas ou
mais realidades semelhantes, optar por aquela que implica o maior recolhimento de
tributos. No h norma jurdica expressa, nem comando moral, ao que consta, neste
sentido.
Essa liberdade de escolha, evidncia, no ilimitada.
O obstculo mais ntido (e legtimo) para a conduta dos contribuintes, e que,
portanto, apresenta se de forma inquestionvel, consiste na lei.
Como o sistema tributrio ptrio consagra o princpio da legalidade, por fora das
disposies constitucionais (art. 5, II e 150, I) e das normas que delas decorrem (Cdigo
Tributrio Nacional, art. 97, 114 e 116), a obrigao tributria somente emerge com aconcretizao de fatos que devem estar descritos na lei. Desta forma, todas e quaisquer
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aes ou omisses dos contribuintes que no deflagrarem a ocorrncia destes fatos no
tm o condo de acarretar qualquer repercusso tributria.
O planejamento tributrio deve ser discutido luz dos princpios fundamentais do
Estado Democrtico de Direito, que "reflete, em nosso sistema jurdico, uma realidade
constitucional densa de significao e plena de potencialidade concretizadora dos direitos
e das liberdades pblicas". [30]
Segundo Shingaki (2003, p. 316) [31] "o planejamento tributrio , portanto a
escolha de alternativas de aes ou omisses lcitas, portanto no (dis)simuladas e
sempre anteriores ocorrncia dos fatos geradores dos tributos, que objetivem direta ou
indiretamente a reduo desses nus, diante de um ato administrativo ou fato econmico".
Colocando-se de uma forma ilustrativa, como se as pessoas pudessem
escolher caminhos que desejam percorrer, segundo os seus interesses e convenincias,
optando entre as trilhas que implicam a prtica de fatos que so eleitos pela lei como
fontes de obrigaes tributrias e aquelas que, apesar de serem usualmente mais longas
(ou mesmo mais custosas, quando avaliadas na totalidade), esto margem de qualquer
exigncia legal. Estes caminhos, entretanto, apresentam uma nica direo: ao se iniciar o
percurso, a partir da opo que existia na encruzilhada (tributao ou no tributao), as
caractersticas do atalho escolhido materializam se, de forma definitiva (ocorrncia ou no
do fato gerador e do surgimento obrigao tributria), como que registradas em umafotografia.
Quando obtida alguma economia tributria, como conseqncia da estruturao
dos negcios feita nos moldes descritos acima, d-se a esta forma de estruturao dos
negcios a denominao de planejamento tributrio. Desse modo, planejamento tributrio
a atividade de estudar continuamente a legislao e decidir pela adoo de medidas que
propiciam a praticar ou abster-se de atos visando a anular, reduzir ou postergar o
pagamento dos impostos.
Contudo, problema delicado que sempre se colocou, tanto no plano doutrinrio
como no campo jurisprudencial, a distino entre a economia fiscal legtima, denominada
pela doutrina de eliso fiscal, e a reduo ilegtima da carga tributria, designada de
evaso fiscal.
No plano doutrinrio, h muito o assunto vem sendo estudado sob esse enfoque,
tomando-se como paradigma o binmio eliso/evaso fiscal, que busca estabelecer asdiferenas entre as opes lcitas e ilcitas a que teriam acesso os contribuintes, tendo se
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como base, essencialmente, os meios eleitos pelo sujeito passivo e o momento em que se
pratica o ato voluntrio tendente a evitar, diminuir ou retardar a incidncia tributria, em
face da ocorrncia do fato gerador.
Nesse sentido, afirma Dria (1977) [32], que "[...] a verdadeira eliso fiscal, pelo
contrrio, resulta da manipulao inteligente e lcita de um elenco de opes e alternativas
que todo sistema jurdico contm [...]".
De outro lado, h algum tempo as autoridades fiscais relutaram em aceitar o
planejamento fiscal como um direito do contribuinte de forma legtima. Porm, reiteradas
decises de nossos tribunais confirmaram a licitude de tais procedimentos, desde que o
planejamento seja efetuado dentro da legalidade, conforme demonstraremos ao longo do
estudo.
Assim, diante de um planejamento que possa ser feito de maneira a preservar um
direito da companhia e de outro que implique a sua perda, por certo a opo lgica ser a
primeira. Ningum obrigado a dispor sua vida e organizar seus negcios de forma a
pagar mais tributos.
Com visto, a linha divisria entre a eliso e a evaso fiscal , por vezes,
extremamente tnue, dificultando a distino entre uma conduta que possa ser
considerada contrria ao ordenamento jurdico e uma prtica que leve reduo legtima
da carga tributria.
Todavia, quando os atos e negcios praticados so verdadeiros e formalmente
lcitos, preciso definir at que ponto a fiscalizao pode interferir na esfera da autonomia
da vontade privada, para negar seus respectivos efeitos tributrios, alegando terem sido
efetuados de forma "abusiva" ou "ilegtima".
Sem dvida trata-se de uma questo de poltica, onde o Estado e a atividade
empresarial se confrontam e se ajudam, mutuamente, mas um no intuito de manter a
mquina estatal e o outro visando a menor carga tributria possvel.
Feitas estas breves consideraes sobre STN e Planejamento Tributrio, tentar-
se- apresentar, da forma mais simples possvel, como se d a tributao na Holding.
Conforme se enfatizou anteriormente, a Holding no uma sociedade autnoma,
podendo optar por qualquer regime tributrio aplicvel aos demais contribuintes, sendo
aplicveis as mesmas especificidades de cada regime, bem assim suas limitaes.
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Em termos gerais, no h na legislao tributria nenhuma obrigao especfica
para a Holding, nem mesmo em relao ao cumprimento de obrigaes acessrias.
Portanto, deve cumprir todas as obrigaes acessrias inerentes a qualquer sociedade.
A pergunta de partida que se faz : Qual a melhor forma de apurao de tributos:
lucro real ou presumido?
Num pas como o Brasil, com elevada carga tributria e constantes alteraes
nas legislaes, um erro nessa deciso pode significar prejuzos pesados pelo pagamento
equivocado de impostos.
Cada modalidade tem seus prs e contras, e antes de escolher uma ou outra,
necessrio analisar alguns fatores fundamentais, a fim de diminuir significativamente a
chance de perdas. So eles: porte da empresa, segmento de atuao, complexidade
organizacional e de atendimento s normas fiscais vigentes no setor, capacidade real de
preparar um oramento confivel e, finalmente, anlise da possibilidade de erros na
projeo da receita.
No Brasil h ainda a tributao pelo lucro arbitrado, mas essa "opo", na
verdade, uma penalidade imposta pelo Fisco ao contribuinte quando este no possui
controles suficientes para ser tributado de outra forma. Sendo assim, torna-se irrelevante
aqui considerar esta possvel escolha.
Como em qualquer tomada de decises, antes da escolha de uma das duas
formas de tributao lucro real[33] ou lucro presumido necessrio contextualiz-las
com o perfil da empresa, em todos os seus aspectos, pois cada qual tem suas vantagens e
desvantagens.
De acordo com Higuchi (2010) [35], o lucro real o resultado lquido do perodo de
apurao (trimestral ou anual) ajustado pelas adies, excluses ou compensaes
prescritas ou autorizadas em lei, consistindo assim na soma algbrica dos lucros
operacionais ou no e das participaes, devendo sempre ser determinado com
observncia dos preceitos da lei comercial.
J no lucro presumido, o que ocorre a incidncia de um percentual de
presuno de lucro, para depois ser aplicado o percentual do tributo (IR, PIS, COFINS,
CSL).
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Essa opo, a exemplo das demais, se manifesta automaticamente perante o
Fisco com o pagamento da primeira do imposto devido correspondente ao primeiro
perodo de apurao de cada ano-calendrio e s pode ser modificada no prximo
exerccio social. Da a importncia de se escolher bem a opo.
Fica claro, portanto, que o lucro real tributa o resultado econmico, enquanto o
presumido uma presuno, sobre a qual o Imposto de Renda e a Contribuio Social so
calculados com base na receita. Esta ltima sendo, desse modo, acaba sendo a mais
escolhida, pois implica em grande vantagem na reduo da carga tributria.
Vale ressaltar que a Holding no poder aderir ao Simples Nacional regime
diferenciado, mais benfico pois existe expressa vedao legal na Lei Complementar n
128/08, para sociedade que realize atividade de locao de imveis prprios, exceto
quando se referir a prestao de servios tributados pelo ISS. Como o objeto social da
Holding possui, em regra, essa previso de locao de imveis prprios, sem
intermediao, no poder optar pelo Super Simples.
vlido dizer que a Holding, como toda empresa, independente de seu porte,
est obrigada a elaborar a contabilidade, tanto para atender legislao comercial como
fornecer informaes relevantes aos seus acionistas / quotistas na tomada de deciso.
Mesmo porque as empresas que no elaboram contabilidade corretamente estopraticamente excludas de diversos mercados e linhas de crdito, alm de abrir mo de
uma importante ferramenta de gesto.
Com base no oramento preparado sob as duas formas de tributao (Real e
Presumido) a sociedade poder identificar a mais econmica, isto , a que possibilitar
uma menor carga tributria [36].
Em regra a Holding tem como principais fontes de receitas: a) Aluguis de bens
mveis e imveis; b) Juros de emprstimos a outras empresas do grupo (contratos demtuo); c) Repasse de financiamentos; d) Comisses; e) Prestao de servios as demais
empresas do grupo tais como: Servios administrativos e financeiros, servios tcnicos de
contabilidade e informtica, Administrao de pessoal, marketing, Vendas e Publicidade.
Relaes pblicas e outras de acordo com as atividades das empresas do grupo.
As receitas de aluguel auferidas pela holding so tributveis normalmente pelo
imposto de renda e, se a holding optar pelo pagamento mensal do imposto por estimativa
ou pela apurao trimestral do imposto com base no lucro presumido, sero computadosna base de clculo:
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a) 32% dos aluguis recebidos, se a locao dos bens fizer parte do objeto
social [37];
b) Os ganhos de capital e demais receitas auferidas, exceto:
b.1) em qualquer caso, os rendimentos de participaes societrias, e
b.2) no caso de opo pelo pagamento mensal do imposto por estimativa, os
rendimentos de aplicaes financeiras de renda fixa, submetidos ao desconto de imposto
na fonte, e os ganhos lquidos de operaes financeiras de renda varivel, submetidos
tributao separadamente.
Sobre as receitas de aluguis incidem, mensalmente, a COFINS e o PIS-Pasep,
sendo irrelevante se a locao de bens faz parte ou no do objeto social da holding.
Todavia, na base de clculo dessas contribuies no se incluem as receitas de
participaes societrias, representadas pelos resultados positivos da avaliao de
investimentos ela equivalncia patrimonial e pelos dividendos recebidos de participaes
societrias avaliadas pelo custo de aquisio.
Ademais, a Holding poder tambm utilizar a distribuio de Juros sobre o Capital
Prprio (JCP) para reduzir a carga tributria, caso opte pelo lucro real, conforme ser visto
adiante, quando tratar-se da remunerao de scios. Nesse momento, vale escrever sobre
a incidncia do ITIV (Imposto sobre Transmisso "Inter Vivos") na Holding, notadamente
no momento de transferncia de bens para integralizao de capital social.
I.1 Da incidncia do ITIV
Conforme disposto no art. 114, do Cdigo Tributrio de Salvador, tem-se que o
Imposto sobre Transmisso Inter Vivos ITIV, ter como fato gerador "[...] I - a
transmisso de bens imveis, por natureza ou por acesso fsica; [...]".
Apesar dessa previso, importante mencionar que o imposto no incidir sobre
a transmisso de bens e direitos quando realizado para a incorporao ao patrimnio da
pessoa jurdica, em pagamento de capital, conforme disposto no art. 115, inciso I do
Cdigo Tributrio de Salvador[38] e art. 156, 2, I, CF/88. [39]
Ademais, esclarece-se que o disposto acima no ser aplicado quando a pessoa
jurdica adquirente tiver como atividade preponderante a compra e venda de bens imveis
e seus direitos reais, locao de bens imveis ou arrendamento mercantil. o que
determina o Cdigo Tributrio de Salvador, no art. 115, 1:
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Art. 115. O imposto no incide sobre a transmisso de bens e direitos, quando:
I - realizada para incorporao ao patrimnio de pessoa jurdica, em pagamento de capital
nela subscrito;
[...]
1 O disposto neste artigo no se aplica quando a pessoa jurdica adquirente tiver como
atividade preponderante a compra e venda de bens imveis e seus direitos reais, a locao de bens
imveis ou o arrendamento mercantil.
E a CF/88, no seu art. 156, 2, I:
Art. 156. Compete aos Municpios instituir impostos sobre:
[...]
I - no incide sobre a transmisso de bens ou direitos incorporados ao patrimnio de
pessoa jurdica em realizao de capital, nem sobre a transmisso de bens ou direitos decorrente de
fuso, incorporao, ciso ou extino de pessoa jurdica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locao de bens
imveis ou arrendamento mercantil; [...]
A ttulo de esclarecimento, considera-se atividade preponderante aquela definida
no art. 115, 2 do Cdigo Tributrio de Salvador:
Art. 115. [...]
2 Considera-se caracterizada a atividade preponderante quando mais de 50%
(cinqenta por cento) da receita operacional da pessoa jurdica adquirente, nos 2 (dois) anosanteriores e nos 2 (dois) anos subseqentes aquisio, decorrer das transaes mencionadas no
1. [...]
Assim sendo, caso a receita da sociedade holding ultrapasse os 50% por cento
previstos na lei, conforme acima descrito, a sociedade dever recolher o ITIV.
Feita a anlise da tributao na Holding, em seus diversos aspectos, passa-se a
tratar dos seus aspectos societrios.
3 ASPECTOS SOCIETRIOS
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Pensar estrategicamente [40] muito importante. Melhor, fundamental. Vive-se
numa Era de ritmo extraordinrio, batizada de Era da produtividade, resultado da interao
da produtividade com uma velocidade quase inacreditvel, combinando conhecimentos de
vrios universos com rapidez digital.
Luis Pinto (2002) [41], em seu livro intitulado "Pensar estrategicamente", estabelece
algumas definies interessantes sobre a globalizao [42] e a evoluo de pensamento:
Inmeras conquistas surgem, multiplicando-se resultados que so velozmente
disponibilizados para utilizao pela sociedade. Assim, a globalizao pode ser
caracterizada como um processo radical de mudanas rapidssimas e irreversveis nos
planos econmico, financeiro, poltico, institucional e cultural. Nesses cenrios, a
globalizao vem acarretando mudanas extraordinrias no processo de gesto, desde a
forma de agir at fuses, cises e incorporaes.
E complementa o doutrinador, asseverando que:
Um processo estrategicamente rico baseia-se em dois pilares fundamentais: pensar
estrategicamente e agir estrategicamente. O pensar estrategicamente liga-se questo da
maturidade estratgica e o agir estrategicamente vincula-se ao domnio e realizao de
providncias tticas e trabalhos de planejamento estratgico. Esse , em sntese, o desafio das
pequenas, mdias e grandes empresas
alm de regies, setores etc.: a busca da competnciaestratgica. o desafio de todos! At mesmo de famlias e pessoas. (PINTO, 2002)
Ainda segundo o autor, o grande desafio do processo estratgico no Brasil
provocar uma nova mentalidade nas estruturas empresariais e institucionais, fazendo com
que as mesmas respirem e percebam estrategicamente o mundo.
Dessa forma, vive-se numa poca em que as empresas so cada vez mais
produtivas e eficazes. Uma poca em que h imensas oportunidades e grandes desafios
para as organizaes. A mudana a nica certeza, e saber lidar com ela uma grande
virtude que deve ser desenvolvida. Nesse cenrio, o planejamento estratgico se mostra
como um mtodo capaz de garantir a perpetuao das organizaes.
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Aspectos gerais da liberdade de concorrncia
A criao de uma holding se situa nesse contexto. uma ferramenta empresarial
at agora imbatvel nos seus aspectos de planejamento, controle e solues societrias,
conforme apresentamos anteriormente. Nunca como agora a holding foi to difundida eutilizada, por empresrios e empresas, sendo modalidade de proteo do grupo e do
planejamento bem-executado. E ser, sem dvida, muito mais utilizada no futuro.
Aps ter-se abordado conceitos, histrico, previses legais, espcies, vantagens
e desvantagens, e tributao da Holding, passar-se-, agora, a comentar sobre seus
principais aspectos societrios, tais como objeto social (ou CNAE), escolha da melhor
forma societria, administrao da holding e remunerao dos scios, diretores e
administradores.
3.1 OBJETO SOCIAL
A Sociedade Patrimonial deve adotar um objeto social [43], como toda e qualquer
sociedade, e para isso precisa definir a qual CNAE (Classificao Nacional de Atividades
Econmicas) se vincular. A CNAE o instrumento de padronizao nacional dos cdigos
de atividade econmica e dos critrios de enquadramento utilizados pelos diversos rgos
da Administrao Tributria do pas, em especial a Receita Federal do Brasil (RFB).
As opes de CNAE geralmente escolhidas so:
- 6822-6 Gesto e Administrao da Propriedade Imobiliria;
- 6462-0 Holdings de Instituies No-Financeiras [44];
- 6810-2 Atividades Imobilirias de Imveis Prprios.
O CNAE 6462-0 (Holdings de Instituies No-Financeiras) possibilita que a
Holding Patrimonial participe do capital social de um grupo de empresas com atividades
preponderantemente no-financeiras, podendo ou no exercer funes de gesto e
administrao dos negcios da empresa do grupo. Portanto, no faz parte deste CNAE a
alienao de imveis (terrenos, apartamentos, fazendas etc.) prprios ou de terceiros, ao
passo que eventual alienao ser uma atividade secundria da sociedade, tributada "na
cabea".
J os CNAE 6822-6 e 6810-2 permitem que a Holding Patrimonial controle,
gerencie, administre um determinado patrimnio, bem como aliene os bens do seu ativo
com tributao reduzida, tendo em vista se tratar de atividade primria (constante noobjeto social) havendo a aplicao de percentuais antes da incidncia da alquota do
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imposto, notadamente no Lucro Presumido. Em suma, possibilitam a administrao e
aluguel de imveis prprios.
Vale dizer que os CNAE que se encontrarem no grupo de atividades imobilirias,
podem ensejar fiscalizao do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imveis),
rgo de classe responsvel pela fiscalizao de atividades de corretagem. Logo, para
que o CRECI no venha a caracterizar a empresa como prestadora de servios
imobilirios, a sociedade dever se limitar a administrar imveis prprios, ou seja, no
poder ser utilizada para efetuar a compra e venda de imveis de terceiro, uma vez que
essa operao poderia caracterizar a empresa como imobiliria, o que resultaria em
pagamento de taxas de inscrio, manuteno dos registros, obrigaes diversas, dentre
outras, perante o CRECI e outros rgos.
3.2 ESCOLHA DA FORMA SOCIETRIA
A sociedade Holding pode ser constituda sob qualquer tipo societrio, pois, como
j se explicou, trata-se de uma caracterstica da sociedade, no de um tipo societrio
especfico. Entretanto, em sua grande maioria a Holding constituda sob a forma de
S/A [45] ou Limitada [46], e com isso em vista ir se tratar mais detalhadamente desses dois
tipos societrios.
a)Sociedade Annima
No dizer de Ulhoa (2004, p. 177) [47], a sociedade annima uma sociedade de
capital. Conforme o artigo 4 da LSA existe duas espcies distintas de companhia: a
sociedade annima de capital aberto e a sociedade annima de capital fechado.
A companhia de capital aberto tem seus valores mobilirios negociados nas
Bolsas de Valores, Mercados de Capitais e Mercado de Balco, sendo registrada na
Comisso de Valores Mobilirios - CVM [48].
J a sociedade annima fechada no possui aes disponveis no mercado para
negociao [49], o que sugere menor grau de liquidez em investimento.No tocante s disposies gerais, o Estatuto Social dever atender a todos os
requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em geral e aos peculiares
s companhias e dever conter as normas pelas quais se reger a Companhia (art. 83 da
LSA).
A responsabilidade dos scios na S/A limitada ao preo de emisso das aes
subscritas ou adquiridas (art. 1 da LSA).
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Quanto ao capital social, este se divide em aes com ou sem valor nominal, e de
acordo com a natureza dos direitos ou vantagens que conferirem a seus titulares, se
classificam em preferenciais, ordinrias ou de fruio (art. 11 e 15 da LSA).
Vale dizer que nas Companhias com aes sem valor nominal, o Estatuto Social
poder criar uma ou mais classes de aes preferenciais com valor nominal, devendo o
valor nominal ser o mesmo para todas as aes da Companhia (art. 11 1 e 2 da LSA).
As aes ordinrias das Companhias fechadas e as aes preferenciais das
Companhias abertas podero ser de uma ou mais classes. O nmero de aes
preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas restrio no exerccio desse direito, no
pode ultrapassar 50% do total das aes emitidas (art. 15 1 e 2 da LSA).
Ademais, a companhia poder ser administrada por um Conselho de
Administrao e por uma Diretoria, ou somente por uma Diretoria, sendo obrigatria a
instalao de um Conselho de Administrao nas Companhias abertas e nas de capital
autorizado (art. 138 da LSA).
a.1) Sociedade Annima Aberta
Companhia aberta a sociedade annima cujo capital pode ser disseminado pelo
pblico, contudo para que esse capital venha a circular obrigatrio o registro na CVM.
A Comisso de Valores Mobilirios (CVM) o rgo oficial cuja funo primordial
a de fiscalizao das atividades do mercado de valores mobilirios [50].
Dentre as suas finalidades principais est promover a expanso e o
funcionamento regular do mercado de aes, estimular as aplicaes em aes do capital
social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais e garantir a
eficincia e a regularidade do mercado de capitais.
Dessa forma, nenhuma emisso pblica de valores mobilirios poder ocorrer
sem prvio registro da sociedade na CVM, entendendo-se por atos de distribuio a
venda, a promessa de venda, a oferta venda ou subscrio, a aceitao de pedido de
venda ou a subscrio de valores mobilirios.
Importante ressaltar que a lei no exige que, efetivamente, a companhia negocie
seus valores no mercado de capitais, para caracterizar-se como aberta, mas que esteja
autorizada a faz-lo.
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Visto isso, passa-se a analisar as modalidades de aes e as vantagens
proporcionadas por cada uma delas em referncia a captao de recursos.
Aes so ttulos que representam parte da diviso do capital de uma sociedade
annima, que d ao seu possuidor direito creditcio perante esta [51]. So, portanto, valores
mobilirios representativos de unidade do capital social de uma sociedade annima, que
conferem aos seus titulares um complexo de direitos e deveres.
Dentre as modalidades de aes, as que mais interessam so as aes
ordinrias e as preferenciais.
A ao ordinria aquela que confere aos seus titulares os direitos que a lei
reserva ao acionista comum. So aes de emisso obrigatria. No h sociedade
annima sem aes desta espcie. O estatuto no precisar disciplinar esta espcie de
ao, uma vez que dela decorrem, apenas, os direitos normalmente concedidos ao scio
da sociedade annima.
Quanto ao preferencial, esta confere aos seus titulares um complexo de
direitos diferenciados, como, por exemplo, privilgios ou vantagens como prioridade na
distribuio de dividendos fixos ou mnimos, prioridade no reembolso do capital, com
prmio ou sem ele e acumulao de vantagens enumeradas.
Outra forma eficaz para captao de investimentos para a companhia aberta so
as debntures, que se caracterizam como valores mobilirios representativos de dvida de
mdio e longo prazo, que asseguram a seus detentores (debenturistas) direito de crdito
contra a companhia emissora.
A captao de recursos no mercado de capitais, via emisso de debntures, pode
ser feita por Sociedade annima, de capital fechado ou aberto. Entretanto, somente as
companhias abertas, com registro na CVM, podem efetuar emisses pblicas de
debntures.
Assim a sociedade annima aberta se apresenta como uma boa opo, para a
captao de investimentos.
a.2) Sociedade Annima Fechada
Entre a companhia fechada e a aberta existem algumas diferenas. Contudo, a
que mais nos interessa, neste tpico, a no emisso por parte das sociedades annimas
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fechadas de valores mobilirios (aes ou debntures, por exemplo) para serem
negociados na bolsa de valores ou mercados de balco.
Desta forma, para as atividades econmicas que, pelo seu porte, exigem uma alta
soma de recursos, e a explorao delas, por isso, depende de um mecanismo jurdico que
viabilize a captao deles junto aos investidores em geral, a opo pela companhia
fechada se torna, em comparao com a aberta, uma escolha menos vantajosa, haja vista
uma maior dificuldade na captao de recursos atravs de emisso pblica.
Nesse sentido, na compra e venda de aes da sociedade annima fechada, o
investidor desconhece a realidade da companhia, tendo em vista que suas demonstraes
financeiras no so publicadas e o fato de que estas companhias no esto sujeitas s
normas regulatrias da CVM, e, em certos casos, s prticas de governana corporativa
exigida pelos investidores nas companhias abertas, demonstrando a necessidade da
aplicao do "Due Diligence" (investigao sobre a situao patrimonial, fiscal, trabalhista,
contbil, dentre outras reas) como forma de mensurar o valor investido.
Como resultado, a companhia aberta possui mais liquidez na captao de
recursos que a companhia fechada, e, portanto, mais vantajosa no que se refere
captao de recursos.
b)Sociedade Limitada
Inicialmente, importa dizer que a sociedade limitada, equivocadamente, foi
relegada ao plano de pequenas empresas que no demandassem grandes articulaes
societrias. Esclarecemos, no entanto, que essa idia no condiz com as novas
caractersticas da sociedade limitada, pois com o advento do Cdigo Civil (2002) ocorreu
uma ampliao de suas atribuies societrias, uma vez que as operaes antes
privativas da sociedade annima passaram a ser perfeitamente executadas no mbito da
limitada, tornando-as muito mais atrativas sob o olhar de grupos de investidores.
No tocante s disposies gerais, o Contrato Social poder prever a aplicao
supletiva da LSA, nos casos de omisso do Captulo IV do CC/02, e quando no for assim
definido no Contrato Social da Sociedade Limitada, aplicar-se-o as normas da sociedade
simples (art.1.053, CC/02).
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A responsabilidade dos scios na Ltda. restrita ao valor de suas quotas,
respondendo todos os scios solidariamente pela integralizao do capital social (art.
1.052, CC/02).
Quanto ao capital social, este se divide em quotas, iguais ou desiguais,
respondendo solidariamente todos os scios pela exata estimao dos bens conferidos ao
capital social, at o prazo de 5 anos, contados da data do registro da Sociedade Limitada,
sendo vedada a contribuio que consista em prestao de servios (art. 1.055, CC/02).
Vale dizer que a quota indivisvel em relao Sociedade Limitada, salvo em
caso de transferncia (art. 1.056, CC/02).
Na omisso do Contrato Social da Sociedade Limitada, a cesso de quotas, total
ou parcial, entre scios, poder se dar independentemente da anuncia dos demais, e
terceiros, se no houver oposio de titulares de mais de 1/4 do capital social (art. 1.057,
CC/02).
Ademais, a Ltda. poder ser administrada por uma ou mais pessoas designadas
no Contrato Social ou em ato separado (art. 1.060 do NCC).
Para um melhor aproveitamento da sociedade limitada indispensvel autilizao de alguns conceitos bsicos como: a possibilidade de efetivar-se um acordo de
quotistas entre os scios da empresa, a aplicao do princpio da desigualdade de quotas
do capital social (criao de quotas com valores nominais diferenciados, como, por
exemplo, quotas "a"= R$1,00; quotas "b" = R$ 10,00 e quotas "c" = R$ 100,00) e,
finalmente, a tendncia cada vez maior de exercer a administrao da sociedade em
observncia s regras de transparncia e governana corporativa.
Governana corporativa o sistema pelo qual as sociedades so dirigidas e
monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/quotistas, conselho de
administrao, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas prticas de
governana corporativa tm por finalidade aumentar o valor da sociedade, facilitar seu
acesso ao capital e contribuir para sua perenidade [52].
Importante frisar que o acordo de scios nas sociedades limitadas funciona
exatamente como o acordo de acionistas da companhia. Logo, no texto de um bom
acordo de scios que ser previsto, por exemplo, a forma de retirada de um scio,
observando as exigncias da lei.
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Assim, com o acordo de scios, podem ser criadas situaes favorveis aos
investidores, que procuram um ambiente corporativo onde haja liquidez e possibilidade de
uma rpida sada da sociedade pela venda com lucro da participao no capital social.
Alm disso, tendo em vista a previso do art. 1055 do Cdigo Civil os problemas
relativos aos altos quoruns exigidos por essa modalidade de sociedade podem ser
superados, de modo a criar quotas que atribuam aos seus proprietrios um maior peso na
votao das matrias.
Nessa linha, temos que a adoo das prticas de governana corporativa, nas
sociedades limitadas, tambm traz uma maior liquidez s suas quotas.
indispensvel mencionar que a transparncia na administrao da sociedade,
aliada possibilidade de se criar rgos de fiscalizao atuantes, como conselhos fiscais,
tornou-se possvel administrar a sociedade limitada com o mesmo grau de transparncia
das sociedades annimas, atraindo desta forma, mais capital.
Assim, vemos que as sociedades limitadas representam uma boa opo para
aqueles que desejam aliar praticidade e liquidez, em contrapartida dificuldade de
captao de recursos.
3.2.1 S/A X Ltda.
Para sintetizar e complementar o exposto anteriormente, onde se buscou
apresentar, de forma sucinta, as diferenas entre S/A e Ltda., foram elaborados quadros
comparativos entre estes dois tipos societrios. Tentou-se opinar sobre a melhor
alternativa societria, ou seja, aquela que supera a outra em determinada caracterstica,
tarefa que, acredita-se, facilitar o entendimento.
No primeiro quadro, comparam-se os quesitos captao de recursos, burocracia,
vantagens atribudas aos scios, e transparncia (governana). Veja-se:
MELHOR ALTERNATIVA SOCIETRIA
MatriaS/A
Aberta
S/A
FechadaLimitada
. Captao de Recursos 3 2 1
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Burocracia 1 2 3
Vantagens Atribudas aos Scios 2 2 2
Transparncia (Governana) 3 2 2Legenda: 3 - Excelente; 2 - Bom; 1 - Regular.
No segundo quadro, comparam-se os quesitos constituio da sociedade,
responsabilidade dos scios, capital social, administrao, poder de controle, transferncia
de participao e captao de recursos. Veja-se:
MELHOR ALTERNATIVA SOCIETRIA
Matria Limitada S/A
1. Constituio X
2. Responsabilidade dos Scios X
3. Capital Social X
4. Administrao X
5. Poder de Controle X
6. Transferncia de Participao X
7. Captao de Recursos X
Da anlise dos quadros pode-se extrair que a sociedade limitada se caracteriza
como a modalidade societria mais vantajosa, no que concerne a estrutura, notoriamente
mais simples em nvel gerencial. Todavia, os meios a serem utilizados para a captao de
recursos so reduzidos, e, devido ao quorum elevado para as deliberaes sociais, uma
escolha arriscada para as sociedades que no possuem um quadro societrio com
interesses convergentes e relaes inviolveis.
Sendo assim, podemos afirmar que de maneira geral, a limitada a opo
societria mais adequada para as sociedades com alta concentrao de quotas nas mos
do controlador, e que dispe de capital prprio suficiente para a consecuo dos seus
objetivos sociais, no dependendo de emprstimos de terceiros.
A sociedade annima, de estrutura mais complexa, apesar de possuir despesas
mais elevadas, fornece em contrapartida, instrumentos para captao de recursos a custos
menores do que aqueles cobrados no mercado financeiro.
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Desta feita, seguindo a mesma linha, a sociedade annima o modelo societrio
mais indicado s sociedades que abrigam a existncia, ou eminncia, de conflitos
societrios, bem como que necessitam de recursos de terceiros para fomentar o seu
capital de giro e o regular desenvolvimento de suas atividades.
Em sntese, no existe um tipo societrio "bom ou ruim", existindo apenas aquele
que seja "mais ou menos adequado" ao caso concreto. A escolha entre um ou outro tipo
societrio deciso que deve ser pautada nos interesses dos scios e da sociedade,
analisados tanto numa perspectiva presente como tambm futura.
Nestes termos, somente pela anlise de todas as probabilidades possveis que
se poder escolher com segurana pelo tipo societrio que melhor se adapte aos
interesses e perspectivas. inquestionvel que a escolha de uma forma jurdica, em
detrimento da outra, sempre ser vantajosa em relao a determinados aspectos, e
desvantajosa em relao a outros.
3.3 ADMINISTRAO DA HOLDING
Na S/A, diferente do que ocorre na Ltda., a administrao exercida pela
Diretoria e pelo conselho de administrao (quando houver).
O conselho de administrao rgo eleito pela assemblia geral, composto por,
no mnimo, trs membros, todos os quais devero ser scios da companhia. Este o
rgo responsvel, dentre outras matrias especficas, por fixar a orientao geral dos
negcios da sociedade. Nas sociedades annimas fechadas dispensada a existncia do
conselho, sendo esta uma faculdade conferida aos acionistas [53].
A diretoria rgo eleito pelo conselho de administrao, composto por, no
mnimo, dois membros, dentre scios e no scios. Nas sociedades annimas fechadas,
quando no houver conselho de administrao, a diretoria ser eleita pela assemblia
geral. Aos diretores cabe a representao da sociedade, bem como todos os demais atos
necessrios ao seu regular funcionamento [54].
Nas sociedades limitadas, a estrutura administrativa bem menos complexa. A
sociedade pode ser administrada por um ou mais administradores, sendo os mesmos
scios ou no, designados no contrato social ou eleitos por ato em separado (art. 1.060,
CC/02).
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Necessrio esclarecer que as limitadas que optaram em serem regidas
subsidiariamente pela LSA, nos moldes do art. 1.053 do CC/2, no que for aplicvel,
podendo adotar a composio administrativa prevista para aquele tipo societrio,
distribuindo as funes gerenciais entre uma diretoria e um conselho de administrao.
Este procedimento bastante comum em sociedades limitadas constitudas por mais de
dez scios, ou, ainda, controladas por multinacionais.
Assim, pelos motivos acima expostos, percebe-se que as sociedades limitadas
comportam uma estrutura organizacional mais enxuta que as sociedades annimas, e,
neste caso, a adoo deste tipo societrio pode se apresentar como uma boa escolha para
a sociedade que tenha como objetivo reduzir custos.
3.4 REMUNERAO DOS SCIOS, DIRETORES E ADMINISTRADORES
Os scios, diretores e administradores podem ser remunerados, basicamente, por
trs formas: pr-labore, distribuio de lucros e juros sobre o capital prprio.
Pr-labore uma expresso latina que significa "pelo trabalho", ou seja, consiste
numa remunerao do trabalho realizado por scio, gerente ou profissional. O direito
retirada do pr-labore fixado no prprio contrato social, sendo definido nele quais os
scios tero direito a esta retirada.
Em regra, sobre os valores pagos a ttulo de pr-labore dos scios devero ser
recolhidos aos cofres pblicos a contribuio para o INSS calculada alquota total de
31%, da seguinte forma: 20% devido pela empresa, e 11% que ser retido pela empresa,
mas como devido pelo scio, esse valor ser descontado quando do pagamento do pr-
labore. Assim, temos que sobre o valor do pr-labore incidir INSS e IRRF (se o valor
ultrapassar o limite para reteno de IRRF).
O valor do pr-labore estabelecido, normalmente, tomando por base o valor
pago pelo mercado para profissionais que exeram a mesma funo que o scio
desempenha na empresa e a capacidade financeira da empresa. Se o valor do pr-labore
no estiver estipulado no contrato social da empresa, poder ser definido pelos prprios
scios por deliberao em reunio/assemblia.
Os limites mnimos e mximos de retiradas de pr-labore foram abolidos pela
Instruo Normativa n 93/97 da Receita Federal do Brasil. Assim, tais valores no
possuem limitao, podendo ser livremente definidos pelos scios.
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Alm do que lucros e dividendos de scios so rendimentos isentos e no
tributveis, no havendo o que falar de recolhimento de Imposto de Renda. Em
contrapartida, com relao ao pr-labore, se o valor ultrapassar o limite para reteno de
IRRF, tambm dever pagar tal imposto, ou seja, haver reteno na fonte do imposto de
renda.
Vale dizer que uma empresa que esteja com seus impostos atrasados (FGTS,
INSS e SIMPLES) poder efetuar o pagamento do pr-labore, no entanto, fica impedida de
distribuir lucros. Tal concluso encontra fundamento legal no art. 889 do RIR/99.
Ademais, os valores pagos ou creditados, mensalmente, ao titular, scios,
diretores ou administradores das empresas, a ttulo de remunerao (retiradas pr-labore),
fixados livremente e correspondentes efetiva prestao de servios, podero ser
considerados integralmente como custo ou despesa operacional, no resultado da pessoa
jurdica, independentemente de qualquer restrio, condio ou limite de valor.
Nesse ponto vale trazer a distino entre pr-labore e distribuio de lucros,
sendo basicamente, "Pr-labore", a retribuio recebida pelo trabalho realizado; e
"Distribuio de Lucros", a retribuio pelo capital investido.
Para fins de incidncia de contribuio previdenciria, considerada
remunerao do empresrio todas as importncias pagas ou creditadas pela empresa, a
qualquer ttulo, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidade, destinados a
retribuir o seu trabalho. Portanto, como o lucro distribudo, em sua natureza, no
retribuio pelo trabalho, no h que se falar em incidncia de contribuio previdenciria
sobre o mesmo.
Isto posto, incide contribuio previdenciria sobre os pagamentos efetuados a
ttulo de pr-labore e no incide sobre a distribuio de lucros [55]; e, em razo disso, muitas
empresas passaram a retribuir os seus scios essencialmente com lucros em detrimento
do pr-labore.
Ressalte-se tambm que os pagamentos efetuados aos scios, tanto a ttulo de
pr-labore como a ttulo de distribuio de lucros devem ter coerncia com as suas
contrapartidas, ou seja, o trabalho, a dedicao e o gerenciamento da empresa pelo scio
deve requerer um pr-labore compatvel com o labor despendido, da mesma forma que o
lucro distribudo deve ser compatvel com a participao do mesmo no capital social da
empresa.
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O que se v bastante por a a adoo aleatria de um pr-labore mnimo e o
restante pago a ttulo de distribuio de lucros, totalmente incoerente com a situao de
fato. Tal situao pode caracterizar-se infrao a dispositivo da Lei n 8.212/91, mais
precisamente no que se refere a apresentar documentos e/ou livros relacionados com as
contribuies previdencirias contendo informaes diversa da realidade ou, ainda, com
omisso de informao verdadeira.
Atinente ao Juro sobre o Capital Prprio (JCP) [56], pode-se dizer que constitui-se
numa remunerao do capital prprio investido na empresa por seus titulares, scios ou
acionistas, calculado sobre as contas integrantes do patrimnio lquido, permite a deduo
destes juros - calculados razo da TJLP como despesa financeira [57].
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/96, a pessoa jurdica poder
deduzir, para efeito de apurao do lucro real, observado o regime de competncia, os
juros pagos ou creditados individualmente a titular, scios ou acionistas, a ttulo de
remunerao do capital prprio, calculados sobre as contas do patrimnio lquido e
limitadas variao pr-rata dia da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP [58].
O valor dos juros pagos ou creditados, para fins de dedutibilidade como despesa
financeira, no poder exceder a cinqenta por cento do maior entre os seguintes valores:
a)Do lucro lquido correspondente ao perodo de apurao (trimestral ou anual)do pagamento ou crdito dos juros, aps a deduo da CSLL e antes da proviso para o
imposto de renda e da deduo dos referidos juros; ou
b)Dos saldos de lucros acumulados e reservas de lucros de perodos anteriores.
A dedutibilidade se estende base de clculo da Contribuio Social sobre o
Lucro Lquido, para fatos geradores ocorridos a partir de 1 de janeiro de 1997.
O valor dos juros pagos ou creditados, a ttulo de remunerao do capital prprio,
ficar sujeito incidncia de imposto de renda retido na fonte alquota de 15% na data
do pagamento ou crdito. O recolhimento deste imposto dever ser efetuado at o terceiro
dia til da semana subseqente ao do pagamento ou crdito dos respectivos juros.
3.5 O PROBLEMA DA DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA
Para desenvolvimento deste tpico, utilizar-se-, basicamente, o excelente artigo
monogrfico de Jos Carlos Filho (2009) [59], por apresentar uma interessante e atualizada
viso sobre o tema, ao qual, de imediato, remete-se leitura para maiores
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aprofundamentos. Trata-se, decididamente, de um estudo enriquecedor sobre o tema, que
aqui ser tratado de forma superficial.
H muito o Direito ptrio reconheceu s pessoas jurdicas personalidade
jurdica [60] como uma forma de incentivar o seu desenvolvimento. Possibilitou, assim, que
pessoas fsicas que comungassem de interesses comuns pudessem criar um ente que
superasse a individualidade de cada um e atuasse no mercado com autonomia. Isto
representou importante incremento na atividade econmica e possibilitou aos membros
das sociedades auferirem rendimentos que sozinhos no alcanariam.
Acerca da personalizao da sociedade, bem ensina o professor Ulhoa (2004,
p.112) [61] que:
A pessoa jurdica no se confunde com as pessoas que a compem. Este princpio, de
suma importncia para o regime dos entes morais, tambm se aplica sociedade empresria. Temela personalidade jurdica distinta da de seus scios; so pessoas inconfundveis, independentes
entre si.
E complementa o professor ao tratar sobre responsabilidade patrimonial:
[...] em conseqncia, ainda, de sua personalizao, a sociedade ter seu patrimnio
prprio, seu, inconfundvel e incomunicvel com o patrimnio individual de cada um de seus scios.
Sujeito de direito personalizado autnomo, a pessoa jurdica responder com o seu patrimnio pelas
obrigaes que assumir. Os scios, em regra, no podero no respondero pelas obrigaes da
sociedade. Somente em hipteses excepcionais, que sero examinadas a seu tempo, poder ser
responsabilizado o scio pelas obrigaes da sociedade. (ULHOA, 2004, p.114)
Nesse raciocnio, a responsabilidade dos scios pelas obrigaes da sociedade
empresria sempre subsidiria. vista do disposto no art. 1.024, CC/02 e art. 596 do
CPC, que asseguram aos scios o direito de exigirem o prvio exaurimento do patrimnio
social. Segundo Ulhoa (2004, p.116):
Quando a lei qualifica de "solidria" a responsabilidade de scios ao delimitar a
dos