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Questões de concursos

com gabarito comentado4 edição revista e atualizadaa

DIREITOCONSTITUCIONA

FCC

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CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

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B219dBarchet, Gustavo Direito constitucional FCC [recurso eletrônico]: questões de concursoscom gabarito comentado / Gustavo Barchet. – Rio de Janeiro : Elsevier,2011. recurso digital (Questões)

Formato: PDF Requisitos do sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliogra a ISBN 978-85-352-4800-5 (recurso eletrônico)

1. Direito constitucional – Problemas, questões, exercícios. 2. Serviçopúblico – Brasil – Concursos. 3. Livros eletrônicos. I. Fundação CarlosChagas. II. Título. III. Série.

11-2310. CDU: 342(81)

© 2011, Elsevier Editora Ltda.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei n o 9.610, de 19/2/1998.Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida outransmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográ cos, gravação ouquaisquer outros.

Revisão: Irênio Silveira ClavesEditoração Eletrônica: SBNigri Artes e Textos Ltda.

Coordenador da Série: Sylvio MottaCoordenadores da Obra: Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo

Elsevier Editora Ltda.Conhecimento sem FronteirasRua Sete de Setembro, 111 – 16 o andar20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Rua Quintana, 753 – 8 o andar04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil

Serviço de Atendimento ao [email protected]

ISBN 978-85-352-4800-5 (recurso eletrônico)

Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer errosde digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicaçãoao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.

Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas apessoas ou bens, originados do uso desta publicação.

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À Bela.

Dedicatória

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O autor

Gustavo Barchet

Procurador Judicial do Município de Recife/PE. Exerceu até 2003 o cargo deAuditor-Fiscal da Receita Federal, para o qual logrou aprovação em 1o lugar nacional,na Área de Tributação e Julgamento.

É professor de Direito Administrativo em cursos preparatórios para concursos,

em Recife/PE.É autor, também pela Editora Campus/Elsevier, dos livros:

• Direito Administrativo FCC – Questões de concursos com gabarito comentado;

• Direito Administrativo – Questões da Esaf com gabarito comentado;

• Direito Constitucional – Questões da Esaf com gabarito comentado;

• Direito Administrativo – Questões do Cespe com gabarito comentado;

• Direito Constitucional – Questões do Cespe com gabarito comentado;• Direito Tributário – Questões da Esaf com gabarito comentado;• Lei no 8.112/1990 para Concursos;• Resumo de Direito Administrativo.

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Apresentação

Neste livro, optei por alterar a metodologia do material, comparativamente aosmeus livros de questões comentadas da Esaf e do Cespe, utilizando, em vez de umadistribuição das questões por prova, uma distribuição por assunto.

Creio que, deste modo, ganhamos em termos de praticidade e direcionamentode estudo. Embora a estruturação por provas tenha seus méritos, ao organizarmos omaterial por assunto é possível iniciar a apresentação de cada um deles pelas questõesque tratam dos tópicos mais básicos da matéria, e seguir adiante praticamente naordem em que estudamos um livro teórico.

Além disso, não se faz necessário repetir os mesmos conceitos sucessivasvezes. Quem eventualmente conhece meus livros da Esaf e do Cespe sabe que háconceitos apresentados de forma repetitiva em várias provas, algo inevitável emuma estruturação dessa espécie, mas que torna mais cansativa a leitura.

Quando estruturamos o material por assunto, o ganho também é signicativoneste sentido. Os conceitos são apresentados uma só vez, e eventualmenterelembrados em uma ou outra oportunidade, de forma similar à que ocorre nos livrosteóricos. Com isso, nas questões que tratam de assuntos relacionados, como estãotodas condensadas em um só capítulo, podemos ir adiante na matéria, repassandoapenas o indispensável acerca dos pontos analisados anteriormente.

Esta apresentação é comum aos livrosDireito Administrativo FCC e DireitoConstitucional FCC, porque desejo explicitar uma diferença no critério de seleção

das questões.No livro de Direito Administrativo, selecionei quinze provas dentre as elaboradas

nos últimos concursos da FCC, e destas utilizei todas as questões. Em complemento,

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escolhi diversas questões de outras provas, que tratassem de assuntos ainda nãotrabalhados no livro. Desta forma, por um lado conferi uma estrutura mínima aomaterial; mas, por outro, restaram questões com temas repetidos.

Em função disso, no livro de Direito Constitucional abandonei totalmente a ideiade seleção integral de provas, optando por uma escolha baseada apenas no assuntoda questão, de modo a obtermos uma maior variedade de temas para análise. Se,por um lado, abre-se mão de apresentar uma prova por inteiro; por outro, o estudoda matéria é mais amplo.

No mais, desejo boa sorte a todos, e que este livro seja de real utilidade na buscade seus objetivos.

Gustavo Barchet

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Palavras da Coordenação da Obra

O estudo do Direito Constitucional é básico na preparação para qualquerconcurso público de nível superior, seja qual for o cargo almejado pelo candidato,por ser ele a sede material dos princípios que norteiam todos os demais ramos doDireito.

Os Direitos Administrativo, Tributário, Penal, Civil, do Trabalho, os DireitosProcessuais, enm, todas as disciplinas jurídicas têm, no Texto Magno, o seufundamento de validade, não sendo possível bem conhecê-las, sem uma base sólidade Direito Constitucional.

É, portanto, indispensável a familiarização do candidato com os grandes temaspresentes na nossa Carta Política (direitos fundamentais, organização do Estado,separação dos poderes, processo legislativo, controle de Constitucionalidade etc.),focando, sobretudo, doutrina e jurisprudência – mormente a vastíssima gama deorientações promanadas do Supremo Tribunal Federal, muito exigidas em qualquer

certame.Nesses pontos, reside o grande mérito do trabalho do Professor Gustavo Barchet:

expor, com notável competência, em uma só obra, a forma de abordagem dessesdiferentes temas constitucionais em concursos públicos, analisando os assuntospertinentes às questões, com os profícuos comentários de sua autoria.

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo

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Sumário

CAPÍTULO 1 – Teoria Geral de Direito Constitucional .......................................1

CAPÍTULO 2 – Controle de Constitucionalidade ..............................................28

CAPÍTULO 3 – Princípios Fundamentais ..........................................................68

CAPÍTULO 4 – Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ................................85

CAPÍTULO 5 – Direitos Sociais, Nacionalidade e Direitos Políticos ................127

CAPÍTULO 6 – Organização do Estado ............................................................162

CAPÍTULO 7 – Poder Legislativo .....................................................................199

CAPÍTULO 8 – Poder Executivo ......................................................................245

CAPÍTULO 9 – Poder Judiciário e Funções Essenciais à Justiça ......................270

CAPÍTULO 10 – Ordem Econômica e Financeira ............................................304

CAPÍTULO 11 – Ordem Social .........................................................................326

BIBLIOGRAFIA................................................................................................347

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CAPÍTULO

1Teoria Geral de Direito Const

Questão 01(Analista Judiciário/Área Judiciária/TRE-PB/2007) Em tema de controle de constituciona-lidade, a chamada supremacia formal é atributo das Constituições classicadas como:

a) analíticas;

b) sintéticas;

c) dogmáticas;

d) históricas;

e) rígidas.

ComentáriosA questão exige o conhecimento de uma das classicações de Constituição elaboradas

pela doutrina, a saber, quanto à suaestabilidade .Com base nesse critério, quatro são os tipos de Constituições: imutável, rígida, exível

ou semirrígida.

A Constituiçãoimutável é aquela que simplesmente não admite qualquer modicaçãoem seus dispositivos. Trata-se de gura meramente teórica, pois a permanência de um docu-mento constitucional exige que o mesmo tenha capacidade de adaptar-se às transformaçõesocorridas na sociedade, o que não é possível nessa espécie de Constituição.

A Constituiçãorígida, por sua vez, é aquela que prevê um procedimento especial paraa modicação de seus dispositivos, mais solene e dicultoso que o previsto para a alteraçãoda legislação ordinária.

Já a Constituiçãoexível é aquela cujas disposições são suscetíveis de alteração pelomesmo procedimento previsto para a modicação da legislação infraconstitucional.

E a Constituiçãosemirrígida é aquela que tem parte de seus dispositivos alteráveis somentecom a observância de um procedimento especial, sendo os demais suscetíveis de alteraçãosegundo o mesmo procedimento previsto para a modicação da legislação infraconstitucional.

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Série Questões: Direito Constitucional FCC2 ELSEVIER

Apresentada a classicação, podemos armar que o atributo dasupremacia formal,de importância central no âmbito do controle de constitucionalidade, caracteriza asConstituições rígidas. Cabe aqui destacar que podemos compreender a supremacia

constitucional sob duas perspectivas: a supremaciaformal, que se refere aoprocessolegislativo mais dicultoso previsto para a modicação do documento constitucional; e asupremaciamaterial, baseada noconteúdo das normas constitucionais, que são consideradassuperiores às demais normas do ordenamento jurídico pelo fato de tratarem de temas tidospor essenciais à organização política das sociedades.

Se pensarmos em supremacia material, todas as espécies de Constituição antes analisadasgozam do atributo. Entretanto, se pensarmos em supremacia formal, o atributo, na suaintegralidade, aplica-se apenas às Constituições rígidas. Na verdade, podemos considerá-lo parcialmente aplicável às Constituições semirrígidas, no que diz respeito a normas queexigem um procedimento mais solene para sua alteração. Da mesma forma, podemoscompreendê-lo como aplicável também às Constituições imutáveis, mas essa espécie deConstituição, como destacado antes, é uma gura meramente teórica.

Desse modo, é usual a armação de queas Constituições rígidas gozam de supremaciaformal sobre as demais normas do ordenamento jurídico , em virtude do processolegislativo mais solene prescrito para a alteração de seus dispositivos. Essa supremaciaé de fundamental importância no contexto do controle de constitucionalidade, sob oentendimento de que seria de pouco valor uma declaração de inconstitucionalidade de certo

ato, concreto ou normativo, se o dispositivo constitucional violado pudesse ser alteradopelo mesmo processo previsto para a modicação da legislação ordinária.Assim, um efetivo controle de constitucionalidade tem como pressuposto a supremacia

formal da Constituição ou, melhor dizendo, sua rigidez. Pelo controle, serão declaradosinválidos quaisquer atos normativos ou concretos contrários à Constituição; pela rigidez,assegura-se que atos de mesmo teor continuarão sendo assim considerados, a não serque seja observado o processo legislativo especial, mais solene, mais dicultoso, para amodicação do dispositivo constitucional que serviu de fundamento para a declaração deinconstitucionalidade.

Gabarito: E.

Questão 02(Procurador/PGE/SE/2005) Consideradas as classicações das Constituições segundoos critérios de estabilidade e modo de elaboração, tem-se, respectivamente, que aConstituição brasileira de 1988 é:

a) histórica e formal;

b) sintética e escrita;

c) analítica e exível;

d) rígida e dogmática;

e) material e semiexível.

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3CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

ComentáriosQuanto à estabilidade, a Constituição brasileira de 1988 érígida, pelo fato de estabelecer,

no art. 60, um processo legislativo especial para a alteração de seus dispositivos.

Com relaçãoao modo de elaboração, nossa atual Constituição édogmática. Tomandopor base esse critério, as Constituições podem ser dogmáticas ou históricas.

Constituição dogmática é aquela que foi posta a vigorar em certo momento, por umórgão legislativo para tanto competente, segundo um procedimento legislativo especial.Por ser dessa forma instituída, a Constituição dogmática traz em seu corpo os valores eprincípios jurídicos dominantes então na sociedade, os quais, uma vez incorporados àConstituição, adquirem o peso dedogmas: regras que não podem ser violadas, seja qualfor seu conteúdo especíco, concorde-se ou não com seus termos.

A outra espécie de Constituição nesta classicação é ahistórica , que se forma e sereforma mediante um constante processo social, em que os valores, os ideais, as diretrizes decerta sociedade vão paulatinamente solidicando-se em sua Constituição. Trata-se de umaespécie de Constituição política e socialmente mais estável que a Constituição dogmática,por facilitar a adaptação dos dispositivos constitucionais às novas demandas sociais.

Já a Constituição dogmática, por ser promulgada em dado momento, de forma solene, épolítica e socialmente menos estável, pela maior diculdade de alteração de seus dispositivos,o que pode torná-los obsoletos perante a nova realidade social.

Gabarito: D.

Questão 03(Auxiliar de Controle Externo/TCE/MG/2007) A Constituição Federal brasileira é umaConstituição:

a) não escrita, porque dotada de muitos princípios de sentido amplo;

b) não escrita, porque a compreensão de muitas de suas normas depende de manifestação dopoder judiciário;

c) exível, porque somente pode ser alterada por procedimento especial nela previsto;

d) rígida, porque não pode ser alterada;

e) rígida, porque somente pode ser alterada por procedimento especial nela previsto.

ComentáriosCreio não haver dúvidas de que a Constituição brasileira é rígida, porque somente pode ser

alterada por procedimento especial nela previsto, como consta na alternativa E. Assim, vamosaproveitar a questão para apresentarmos a gura mencionada nas duas primeiras alternativas,que se insere na classicação das Constituiçõesquanto à forma. A partir desse parâmetro,

temos as Constituiçõesescritas e as não escritas (costumeiras ou consuetudinárias ).Na perspectiva predominante, Constituiçõesescritas são aquelas cujos dispositivos estão

reunidos em um só documento . Temos, assim, um só documento, que condensa todos

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Série Questões: Direito Constitucional FCC4 ELSEVIER

os dispositivos constitucionais. Pelo exposto, podemos concluir quetoda Constituiçãoescrita é, também, dogmática (e vice-versa), pois, se suas normas estão reunidas em um sódocumento (escrita), é porque este foi posto a vigorar em dado momento, de modo solene,

segundo um processo especial, por um órgão para tal tarefa competente (dogmática). OProfessor Canotilho arma que a Constituição escrita é instrumental, pois contém atributosde segurança, publicidade, estabilidade e calculabilidade.

Já as Constituiçõesnão escritas são aquelas que têm seus dispositivos encontradosem diversas fontes, todas de mesmo nível hierárquico. Portanto, nessa modalidadede Constituição podemos encontrar normas de peso constitucional em costumes, leis,convenções, decisões judiciais reiteradas (jurisprudência). Enm, uma Constituição nãoescrita é aquela que tem seus preceitos espraiados por diversas fontes, todas situadas nomesmo patamar hierárquico.

Podemos notar que toda Constituição não escrita é também necessariamentehistórica (e vice-versa). Se um documento fosse solenemente posto a vigorar, em dadomomento, como a Constituição de um Estado (dogmática), teríamos a condensaçãodos dispositivos constitucionais em um só texto, e essa Constituição seria, então,escrita. Assim, pelo fato de ser composta de diferentes fontes, a Constituição não escritanecessariamente é histórica.

Em complemento, relacionando as classicações quanto à estabilidade e quanto àforma, podemos armar quea Constituição rígida é sempre escrita (e dogmática) , pois

o procedimento especial nela previsto, para ser ecaz e assegurar a supremacia formal daConstituição, deve atingir todos os seus dispositivos (assim, eles devem estar reunidos emum só texto).

Já a Constituição exível pode ser não escrita ou escrita . Embora a primeirahipótese seja a mais comum, podemos ter uma Constituição condensada em um sótexto (escrita), sendo que nele não é estabelecido qualquer processo especial para suaalteração (exível).

Gabarito: E.

Questão 04(Auditor Tributário/Jaboatão dos Guararapes – PE/2006) Considerados os critérios declassicação das Constituições segundo sua estabilidade e extensão, a Constituiçãobrasileira vigente é:

a) semirrígida e histórica;

b) rígida e analítica;

c) exível e sintética;

d) dogmática e outorgada;e) imutável e promulgada.

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5CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

ComentáriosQuanto à estabilidade, a Constituição brasileira é rígida. Com relaçãoà extensão, nossa

Constituição é analítica. Ampliando a análise, com base nesse critério, as Constituições

podem ser sintéticas ou analíticas.Em uma primeira perspectiva, Constituiçõessintéticas (breves, sumárias, concisas)

são aquelas que tratam somente de temas reputadosessenciais à organização política doEstado (essencialmente, direitos fundamentais, forma de Estado, forma e regime de Governo,separação dos Poderes, regras pertinentes à aquisição, exercício e perda do poder).

Por sua vez, as Constituiçõesanalíticas (largas, amplas, prolixas) são aquelas que,além de regularem esses temas, tratam deoutros temas tidos como relevantes pelo corposocial, apesar de não relativos à organização política básica do Estado, a exemplo daordem social e do meio ambiente.

Em uma segunda perspectiva, Constituiçõessintéticas são aquelas compostaspredominantemente por princípios (ampla defesa, impessoalidade, devido processo legaletc.), os quais, devido à sua maior subjetividade, ampliam em muito as possibilidades deinterpretação e aplicação da Constituição e, consequentemente, sua longevidade.

Já as Constituiçõesanalíticas são aquelas formadasprincipalmente por normas (porexemplo, é obrigatória a aprovação em concurso público para a investidura em cargos eempregos públicos), que, devido a precisão e nível de detalhamento maiores, ampliam asegurança jurídica dos destinatários da Constituição, mas reduzem consideravelmente suas

possibilidades de interpretação e aplicação.Seja na primeira perspectiva, em que o critério é o tipo de tema (essencial ou não àorganização política do Estado), seja na segunda, em que o parâmetro é o tipo de preceito(princípio ou norma), a Constituição brasileira é analítica: trata de diversos temas nãoessenciais à organização política do Estado e, apesar de contemplar inúmeros princípios,em seu texto predominam as normas.

A Constituição analítica, apesar de restringir as possibilidades interpretativas daConstituição e, desse modo, sua longevidade, é o modelo preferido na atualidade pelamaioria dos Estados, em virtude da maior segurança jurídica que proporciona.

Gabarito: B

Questão 05(Analista Judiciário/Área Administrativa/TRE/MG/2005) Tendo em vista a classicaçãodas constituições, pode-se dizer que a Constituição da República Federativa do Brasilvigente é considerada escrita e legal, assim como:

a) super-rígida, popular, histórica, sintética e semântica;

b) rígida, promulgada, dogmática, analítica e formal;

c) semirrígida, democrática, dogmática, sintética e pactuada;

d) exível, outorgada, dogmática, analítica e nominalista;

e) exível, promulgada, histórica, analítica e formal.

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Série Questões: Direito Constitucional FCC6 ELSEVIER

ComentáriosEntre as alternativas oferecidas, nossa Constituição enquadra-se na segunda, sendo,

portanto, rígida, promulgada, dogmática, analítica e formal.

Vamos, nesta oportunidade, apresentar mais duas classicações de Constituição.A primeira, que toma por basea origem, vislumbra dois tipos básicos de Constituição:

(a) promulgada, popular ou democrática ; e (b) outorgada.Na perspectiva que devemos adotar, Constituição popular é aquela que foi elaborada

por um órgão legislativo composto de representantes do povo (a Assembleia NacionalConstituinte). Assim, como sua própria denominação indica, a Constituição democrática éaquela editada por quem goza de legitimidade para tanto, por ter sido escolhido pelo povo,o titular do poder constituinte originário, para o desempenho dessa missão.

Já a Constituiçãooutorgada, em contrapartida, é aquela que não goza de legitimidadepopular, ou seja, é aquela que foiimposta ao povo pelo detentor do poder político . Segundo José Afonso da Silva, outorgadas são as Constituições:

elaboradas e estabelecidas sem a participação do povo, aquelas que o governante –Rei, Imperador, Presidente, Junta Governativa, Ditador – por si ou por interpostapessoa ou instituição outorga, impõe, concede ao povo (...). (2006).

Na história constitucional do nosso país tivemos Constituições democráticas – as de1891, 1934, 1946 e 1988 –, e Constituições outorgadas – as de 1824, 1937 e 1967. Nossaatual Constituição é, pois, democrática.

O Professor José Afonso da Silva apresenta uma terceira gura nessa classicação, aConstituição Cesarista , em que o texto constitucionalé elaborado pelo detentor do poderpolítico (e não por representantes do povo), e aí, então,levado à apreciação popular, emplebiscito. Podemos notar que essa gura é um meio-termo entre as duas guras anteriores,pois, de um lado, temos participação popular, apreciação do texto constitucional e, deoutro, esse texto não foi elaborado por legítimos representantes do povo. José Afonso daSilva nega caráter democrático a essa espécie de Constituição.

Como nos ensina Paulo Bonavides, vale destacar um outro modelo denominadoConstituição Pactuada , expressão que o autor utiliza para se referir às Constituições quenascem de um compromisso entre o rei ou monarca e o Poder Legislativo (este representando,basicamente, os interesses da nobreza e da burguesia). É, pois, um documento constitucionaloriginário de um pacto entre a realeza e o Poder Legislativo.

Em prosseguimento, a segunda classicação que aqui apresentaremos tem comoparâmetro o contéudo, diferenciando as Constituições emmateriais e formais.

A Constituição em sentidomaterial é denida com base noconteúdo de suas normas.Nessa perspectiva, a Constituição é composta por todas as normas que tratam dostemasessenciais à organização política do Estado , sejam elas positivadas, jurisprudenciais,

costumeiras. Não importa, assim, o tipo de norma, ou se ela consta ou não em um documentoúnico. O critério-base é apenas seu conteúdo.A doutrinanão tem posição consensual sobre quais matérias compõem a Constituição

material, ou seja, quais temas são essenciais à organização política estatal. Há apenas um rol

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7CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

mínimo, em que há unanimidade doutrinária, o qual é composto das seguintes matérias:direitos fundamentais, modos de aquisição, exercício e perda do poder, separação dospoderes, forma de Estado, forma e regime de governo.

A Constituição em sentidoformal, por sua vez, é formada por todos os dispositivosqueconstam do texto constitucional, seja qual for seu conteúdo especíco . Aqui não importase o dispositivo trata de um tema essencial ou não à organização política fundamental.Basta que conste do documento considerado como a Constituição de certo estado, e serátido por constitucional.

Podemos notar que a Constituição em sentido formal exige que ela sejaescrita: é justamente o fato de constar de um só documento, o documento constitucional, que fazcom que a norma componha a Constituição do Estado. Por outro lado, se uma norma nãoconstar desse documento, não terá hierarquia constitucional, mesmo se tratar de temafundamental à organização política estatal.

Gabarito: B.

Questão 06(Auxiliar de Controle Externo/TCE/MG/2007) O conjunto de regras concernentes àforma do Estado, à forma do governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, aoestabelecimento de seus órgãos e aos limites de sua ação corresponde:

a) a um dos possíveis conceitos de Constituição;

b) aos princípios que regem o Estado Federal;

c) aos direitos fundamentais do homem;

d) aos princípios que regem a Administração Pública;

e) às normas que, se violadas, ensejam a intervenção federal no Estado-membro.

ComentáriosO enunciado da questão traz um dos conceitos de Constituição elaborados pela doutrina,

que nada mais é do que a Constituição em sentidomaterial.Esse conceito prende-se ao que se denominamatéria constitucional, assim consideradas

as matérias tidas por fundamentais à organização política do Estado. A ele se contrapõe oconceito formal de Constituição, segundo o qual esta é composta por todos os dispositivosque constam do documento posto a vigorar como a Constituição de certo Estado.

Lembrando-nos do conceito de Constituiçãoescrita, que tem seus preceitos reunidosnum só documento, e não escrita, espraiada por diversas fontes, podemos construir asseguintes relações:a) em Estados que adotam Constituições escritas e se valem do conceito formal, só há

dispositivos constitucionais no documento único elaborado com essestatus;b) em Estados que adotam Constituições escritas e se valem do conceito material, o

documento solene não limita as normas constitucionais, pois assim serão consideradas

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Série Questões: Direito Constitucional FCC8 ELSEVIER

todas aquelas que versem sobre os assuntos essenciais à organização política do Estado,onde quer que estejam contempladas (numa lei, num decreto, num costume etc.);

c) em Estados que adotam Constituições não escritas, o único conceito passível de adoção

é o material, pois apenas pelo assunto tratado é que poderemos concluir pela inserçãode certo preceito na Constituição do Estado (se o conceito adotado for o formal, aConstituição é necessariamente escrita).

Gabarito: A.

Questão 07(Procurador do Município de Salvador/2006) Considerando o conceito de Constituiçãoe sua classicação, é correto armar que:

a) o conceito formal de Constituição aplica-se apenas àquelas Constituições que acolhem normascom hierarquia de lei ordinária;

b) a Constituição inglesa é um exemplo de constituição inteiramente costumeira, vale dizer,resultante apenas do costume popular;

c) as Constituições exíveis são sempre costumeiras;

d) a história brasileira não tem exemplos de Constituições outorgadas. Todas foram promulga-das, ainda que num contexto político não democrático;

e) a Constituição dirigente tem como uma de suas características a existência de numerosasnormas programáticas.

Comentáriosa) “O conceito formal de Constituição aplica-se apenas àquelas Constituições que acolhem

normas com hierarquia de lei ordinária” (alternativa errada).O conceito formal é justamente o oposto: as normas que constem na Constituição, só

pelo fato de aí constarem, seja qual for o assunto sobre o qual versem, gozam destatus constitucional, prevalecendo sobre todas e quaisquer normas do restante do ordenamento jurídico. Essas normas, enquanto gênero, são tidasordinárias, e são hierarquicamene in-feriores às normas constitucionais.

b) “A Constituição inglesa é um exemplo de constituição inteiramente costumeira, valedizer, resultante apenas do costume popular” (alternativa errada).

Na atualidade,não existem Constituições formadas apenas por costumes . A Constitui-ção inglesa é do tiponão escrita, sendo composta por fontes costumeiras, jurisprudenciaise, até mesmo, positivadas (asleis constitucionais).

c) “As Constituições exíveis são sempre costumeiras” (alternativa errada).Se adotarmos a expressãoConstituição costumeira como sinônimo deConstituição não

escrita, podemos armar que as Constituições exíveis (que não prevêem um processoespecial para a modicação de seus dispositivos) são,em regra, não escritas (têm suasnormas encontradas em diversas fontes constitucionais).

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9CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

Todavia, essa não é uma relação necessária: uma Constituição pode serexível e escrita.O exemplo histórico é a Constituição italiana de 1830, cujas normas eram reunidas num sódocumento (escrita), sendo que não havia a previsão de um processo legislativo diferenciado

para sua alteração (exível).

d) “A história brasileira não tem exemplos de Constituições outorgadas. Todas forampromulgadas, ainda que num contexto político não democrático” (alternativa errada).

Na evolução constitucional brasileirativemos as Constituições outorgadas e as pro-mulgadas. Constituições promulgadas foram as de 1891, 1934, 1946, bem como a atual;e outorgadas foram as Constituições de 1824, 1937 e 1967.

e) “A Constituição dirigente tem como uma de suas características a existência denumerosas normas programáticas” (alternativa certa).

Adotando por critério diferenciador analidade, temos essencialmente duas espéciesde Constituição: a garantia e a dirigente.

AConstituição garantia , também denominada Constituição negativa, busca preservaros direitos e as liberdades individuais já conquistados. Volta-se, pois, para opassado,instituindo uma esfera jurídica individual protegida contra a ingerência do poder público.São, essencialmente, as Constituições que preveem dosdireitos fundamentais de primeirageração (vida, liberdade de locomoção, propriedade etc.).

Já aConstituição dirigente tem diretriz diversa. Volta-se precipuamente para ofuturo,instituindo planos, programas de ação para o Estado, estabelecendo metas a serem atingidaspelo poder público. Essas normas que preveem os planos de ação são denominadasdirigentes,daí seu nome. São dessa espécie as Constituições que consagram os direitos fundamentaisde segunda geração (trabalho, previdência, saúde, educação etc.).

Gabarito: E.

Questão 08(Procurador/MP/TC/AM/2006) Considerando a classicação doutrinária predominanteno tocante à aplicabilidade das normas constitucionais, a norma constitucional queestabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senãoem virtude de lei”, e que expressa o Princípio da Legalidade, é norma:

a) de ecácia plena e de aplicabilidade (imediata);

b) de ecácia limitada e de aplicabilidade dependente de lei posterior;

c) de ecácia contida e de aplicabilidade diferida;

d) programática e dependente de medidas administrativas para sua concreção;

e) de caráter institutivo e dependente de norma posterior que lhe xe o alcance.

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Série Questões: Direito Constitucional FCC10 ELSEVIER

Comentários José Afonso da Silva classica as normas constitucionais em normas de ecácia plena,

contida e limitada. Agora analisaremos duas dessas espécies de normas constitucionais.

As normas de ecáciaplena são aquelas que, uma vez tendo entrado em vigor aConstituição, têm por si só condições de produzir imediata e integralmente seus efeitos jurídicos, independente da edição de qualquer legislação infraconstitucional. Arma-seque essas normas possuem aplicabilidade direta , imediata e integral.

A norma que prevê o Princípio da Legalidade, referida no enunciado, é exemplo denorma constitucional de ecácia plena. Tendo a Constituição iniciado sua vigência em05/10/1988, a norma desde então produziu na plenitude seus efeitos jurídicos, quais sejam,impedir que um ato normativo de hierarquia inferior à lei possa, diretamente, interferir naesfera jurídica dos administrados.

A terceira espécie de norma constitucional, na lição de José Afonso da Silva, são asnormas constitucionais de ecácia limitada, assim consideradas aquelas que, somentecom sua própria redação constitucional, não têm condições de deagrarna integralidade todos os efeitos jurídicos desejados pelo legislador constituinte, para o que se faz necessárioa edição da legislação constitucional, conforme expressa previsão na própria norma deecácia limitada. Em função disso arma-se que sua aplicabilidade éindireta , mediata ereduzida .

Enquanto não for elaborada a legislação ordinária, as normas de ecácia limitada gozam

apenas de ecácia mínima ou negativa: revogam a legislação ordinária anterior e tornaminconstitucional a legislação posterior que for incompatível com seus preceitos. É exemplode norma constitucional de ecácia limitada o art. 5o, VII, da CF, conforme o qual:

É assegurada,nos termos da lei , a prestação de assistência religiosa nas entidadescivis e militares de internação coletiva.

Essa espécie de norma constitucional admite um desmembramento em (a) normasconstitucionais de princípio institutivo e (b) normas constitucionais de princípioprogramático. As normas de princípio institutivo são aquelas queprescrevem os traçadosgerais de estruturação e as atribuições de órgãos, entidades ou institutos , cabendo aolegislador ordinário conferir efetividade à previsão, elaborando a legislação requerida nanorma constitucional para a criação do órgão ou entidade, ou para a implementação doinstituto. Já as normas de princípio programático são aquelas queinstituem programasde ação para o Estado, a exemplo do art. 218 da Constituição, nos termos do qual “oEstado promoverá e incentivará o desenvolvimento cientíco, a pesquisa e a capacitaçãotecnológicas”.

Pelo exposto, podemos concluir que a primeira alternativa está correta. A terceiraalternativa está errada, para qualquer das espécies de normas constitucionais da classicação

aqui tratada, e a segunda, a quarta e a quinta opções referem-se às normas de ecácialimitada.Gabarito: A.

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11CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

Questão 09(Analista Judiciário/Área Administrativa/TRE/PB/2007) As normas de ecácia contidasão caracterizadas por:

a) não produzirem efeito de autoaplicabilidade e imperatividade jurídica;b) somente produzirem efeito após a edição de norma que a complemente;

c) estarem condicionadas, para a sua ecácia, a regulamentação posterior e futura;

d) produzirem efeito imediatamente, muito embora possam ter tais efeitos restringidos pornormas infraconstitucionais;

e) se inviabilizarem quanto à sua aplicabilidade, na hipótese da edição de lei ordinária posterior.

Comentários

As normas de ecáciacontida, na classicação de José Afonso da Silva, são as normasconstitucionais que possuem elementos necessários e sucientes para aimediata produçãode seus efeitos, mas admitem que estes sejamlimitados pela legislação ordinária, porconceitos jurídicos previstos nela ou poroutras normas constitucionais . Em vista disso, ocitado autor arma que essas normastêm aplicabilidade direta e imediata , porque podemproduzir imediatamente seus efeitos,mas não integral, em virtude da limitação que podeincidir sobre a amplitude de tais efeitos.

O art. 37, I, da Constituição, entre outras disposições, assegura aos brasileirosquepreencherem os requisitos legais o direito de acesso a cargos, empregos e funções públicas. Trata-se de norma de ecácia contida: com sua mera inserção na Constituição, os brasileiros podemimediatamente ocupar cargos, empregos e funções públicas, mas tal direito pode ser restringidopela legislação infraconstitucional, que deverá estabelecer os requisitos de acesso.

Com isso, podemos concluir, quanto às alternativas:– a primeira alternativa está errada, pois as normas de ecácia contidasão autoaplicáveis

(não requerem a elaboração de legislação complementar para produzir na integralidadeseus efeitos, ao contrário das normas de ecácia limitada)e gozam de imperatividade

jurídica (todas as normas constitucionais, mesmo as de ecácia limitada, gozam deimperatividade jurídica, que corresponde à aptidão para produzir efeitos jurídicos,impondo-se aos seus destinatários; o que varia é a extensão de tais efeitos, conformese trate de norma de ecácia plena, contida ou limitada);

– a segunda alternativa está errada, pois as normas de ecácia contida produzem efeitosmesmo antes da edição de norma que a complemente (até as de ecácia limitadaproduzem);

– a terceira alternativa está errada, por todo o exposto;– a quarta, por sua vez, estácorreta: podemos denir as normas de ecácia contida nos

termos nela explicitados;

– a quinta alternativa é absurda: nenhuma norma constitucional, em virtude de suasuperior hierarquia, terá inviabilizada sua aplicabilidade por lei ordinária.

Gabarito: D.

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Série Questões: Direito Constitucional FCC12 ELSEVIER

Questão 10(Analista Judiciário/Área Judiciária/TRE/SP/2006) Tendo em vista a aplicabilidadedas normas constitucionais, considere o que segue.

I. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou prossão, atendidas as quali-cações prossionais que a lei estabelecer.

II. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Exe-cutivo e o Judiciário.

Tais preceitos são considerados, respectivamente, normas constitucionais de:

a) ecácia redutível ou restringível; e de princípio programático;

b) ecácia limitada; e de princípio programático;

c) princípio institutivo; e de ecácia plena;

d) ecácia redutível ou restringível; e de ecácia absoluta;

e) princípio contido; e de princípio institutivo.

ComentáriosA questão exige o conhecimento de uma segunda classicação de normas constitucionais,

de autoria da ProfessoraMaria Helena Diniz, a qual apresenta grandes semelhanças coma formulada por José Afonso da Silva.

A referida autora expõe quatro espécies de normas constitucionais: (a) as normassuperecazes ou comecácia absoluta; (b) as normas comecácia plena; (c) as normas comecácia restringível ou redutível, e (d) as normas comecácia relativa complementável.

Aproveitando a classicação de José Afonso da Silva, podemos estabelecer as seguintesrelações: o que esse autor denomina norma deecácia limitada, aquela autora chama denorma com ecáciarelativa complementável; e o que o autor denomina norma deecáciacontida, a autora chama de norma comecácia restringível ou redutível.

Confusão pode ocorrer apenas nas demais espécies de normas, pois José Afonso da Silvaapresenta somente mais uma espécie de norma constitucional, a de ecáciaplena, ao passoque Maria Helena Diniz traz mais duas,as de ecácia plena e as de ecácia absoluta. Para

a professora, em síntese, norma de ecácia absoluta é aquela quenão admite restrição pelalegislação infraconstitucional.Assim, se estivermos perante uma norma que, por si só, tenha condições de produzir

imediata e integralmente seus efeitos, independentemente de elaboração da legislaçãoinfraconstitucional, para Maria Helena Diniz esta será uma normade ecácia plena, sefor possível que a legislação ordinária restrinja tais efeitos; e de ecácia absoluta, seisso não for possível.

A m de evitar dúvidas, devemos esclarecer: se uma norma constitucional admitirrestrição em seus efeitos, ela serácontida se na sua própria redação constar expressamentea previsão dessa possibilidade de legislação restritiva; e será de ecáciaplena se na redaçãoda norma não constar qualquer menção expressa (decorrendo a possibilidade de restrição,pois, de interpretação da doutrina e da jurisprudência).

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13CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

Encerrando o comentário, podemos perceber que a norma transcrita no item I, naclassicação de José Afonso de Silva, é enquadrada como de ecácia contida. Logo,na classicação de Maria Helena Diniz, ela é catalogada como de ecácia redutível ou

restringível.Por sua vez, a norma prevista no segundo item, segundo classicação de Maria Helena

Diniz, enquadramos como superecaz ou de ecácia absoluta, pois não é possível que leivenha a restringir o Princípio da Separação dos Poderes.

Apenas para citar mais um exemplo, a norma constitucional que consagra o Princípioda Legalidade, que para José Afonso da Silva é de ecácia plena, para a Professora Diniz éde ecácia absoluta.

Gabarito: D.

Questão 11(Analista Judiciário/Área Judiciária/TRE/MG/2005) Em matéria de interpretação dasnormas constitucionais, é INCORRETO armar que:

a) é desnecessário xar a premissa de que todas as normas constitucionais desempenham umafunção útil no ordenamento, sendo possível a interpretação que lhe suprima ou diminua analidade;

b) deve ser superada a contradição dos princípios, ou por meio de redução proporcional doâmbito de alcance de cada um deles, ou, em alguns casos, mediante a preferência ou aprioridade de certos princípios;

c) é preciso vericar, no interior do sistema, quais as normas que foram prestigiadas pelo legis-lador constituinte a ponto de convertê-las em princípios regentes desse sistema de valoração;

d) deve, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, ser dada primazia aos critériosfavorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidade política;

e) deve ser adotada, entre as interpretações possíveis, aquela que garanta maior ecácia,aplicabilidade e permanência das normas constitucionais, interpretando-as tanto explicitaquanto implicitamente.

Comentáriosa) “É desnecessário xar a premissa de que todas as normas constitucionais desempenham

uma função útil no ordenamento, sendo possível a interpretação que lhe suprima oudiminua a nalidade” (alternativa incorreta).

A questão trata de diversosprincípios de interpretação da constituição , sendo aalternativa ora tratada a única errada, por afrontar o Princípio da Força Normativa daConstituição .

Esse princípio opera em dois planos, totalmente inter-relacionados. No primeiro, impõeao intérprete que reconheça juridicidade , força jurídica, atodas as normas constitucionais.Ora, a Constituição é o diploma jurídico máximo do Estado, o que afasta, de pronto,qualquer tentativa no sentido de se negar o reconhecimento da natureza jurídica a todos os

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Série Questões: Direito Constitucional FCC14 ELSEVIER

seus comandos. Enm, todo e qualquer dispositivo constitucional goza de aptidão jurídica,incidindo sobre as relações que constituem seu objeto e obrigando o acatamento de seustermos por parte de todos os destinatários.

Em um segundo plano, o princípio impõe ao operador jurídico que, ao aplicar as normasconstitucionais a uma situação em concreto, faça-o adotando, entre as diversas soluçõesinterpretativas admissíveis, aquela que conramaior efetividade à norma aplicada.

b) “Deve ser superada a contradição dos princípios, ou por meio de redução proporcionaldo âmbito de alcance de cada um deles, ou, em alguns casos, mediante a preferênciaou a prioridade de certos princípios” (alternativa correta).

A alternativa versa sobre um dos princípios de interpretação constitucional mais co-mumente exigidos nas questões de concurso,o Princípio da Concordância Prática ou daHarmonização, de autoria de Konrad Hesse. Seu conteúdo pode ser assim sintetizado: aConstituição é um todo harmônico, composto por normas e princípios de idêntica hierar-quia, de modo que, em caso de conito entre princípios, num caso em concreto, deve ointérprete, numa solução conciliatória, buscar uma interpretaçãoque reduza seu alcance

jurídico, sem negar-lhes aplicação.Em regra, essa redução seráproporcional , admitindo-se somente em situações

especialíssimas que o intérprete conra certa preferência ou prioridade a um ou a algunsdos princípios envolvidos.

c) “É preciso vericar, no interior do sistema, quais as normas que foram prestigiadas pelolegislador constituinte a ponto de convertê-las em princípios regentes desse sistemade valoração” (alternativa correta).

A alternativa contempla oPrincípio das Bases Principiológicas. Como ensina AndréRamos Tavares:

Não obstante todas as normas constitucionais sejam dotadas da mesma naturezae do mesmo grau hierárquico, algumas, em virtude de sua generalidade eabstratividade intensas, acabam por servir como vetores, princípios que guiama compreensão e a aplicação das demais normas, devendo-se buscar suacompatibilização. (2006).

É preciso notar que, como no Brasil adotamos um conceito formal de Constituição,todos os dispositivos do documento constitucional gozam de idêntica hierarquia, inexistentequalquer precedência entre eles. O Princípio das Bases Principiológicas em nada excepcionaessa armação. Ele apenas esclarece que os princípios,por sua própria natureza, ostentamum nível de abstração, de generalidade , que os coloca como verdadeirosalicerces dainterpretação constitucional . Basta pensarmos em contraditório, ampla defesa, devido

processo legal, inafastabilidade da jurisidição, separação dos Poderes, para nos darmosconta da extrema amplitude que os princípios constitucionais adquirem na interpretaçãoda Constituição, servindo, pois, de fundamentos nessa missão.

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15CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

d) “Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia aoscritérios favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidadepolítica” (alternativa correta).

O Princípio do Efeito Integrador corresponde ao contéudo contido no enunciado,podendo ser assim sintetizado: é obrigação do operador jurídico, na sua tarefa de interpre-tação dos dispositivos constitucionais, realizá-la de modo a obtersoluções e critérios quefortaleçam a integração política e social e reforcem a unidade política , aproximando aConstituição da sociedade que deve reger e, desse modo, ampliando sua longevidade.

e) “Deve ser adotada, entre as interpretações possíveis, aquela que garanta maior ecácia,aplicabilidade e permanência das normas constitucionais, interpretando-as tantoexplícita quanto implicitamente” (alternativa correta).

O intérprete constitucional, no desencargo de sua missão, deve considerar não somenteo conteúdo explícito dos dispositivos constitucionais, mas também seu conteúdoimplícito.Esse é oPrincípio do Conteúdo Implícito dos Dispositivos Constitucionais , que deve serutilizado pelo operador, por exemplo, quando interpreta o Princípio do Devido ProcessoLegal (CF, art. 5o, LIV). Além de seu conteúdo expresso (ninguém será privado da liberdadeou de seus bens sem o devido processo legal), o intérprete deve considerar seu conteúdo im-plícito, qual seja, o Princípio da Razoabilidade.

A primeira parte da alternativa (deve ser adotada, entre as interpretações possíveis, aquela

que garanta maior e cácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais) refere-seao Princípio da Força Normativa da Constituição.Gabarito: A.

Questão 12(Defensor Público/SP/2006) O termo “Constituição” comporta uma série de signicadose sentidos. Assinale a alternativa que associa corretamente frase, autor e sentido.a) Todos os países possuem, possuíram sempre, em todos os momentos da sua história, uma

Constituição real e efetiva. Carl Schmitt. Sentido político.b) Constituição signica, essencialmente, decisão política fundamental, ou seja, concreta decisão

de conjunto sobre o modo e a forma de existência política. Ferdinand Lassale. Sentido político.

c) Constituição é a norma fundamental hipotética e lei nacional no seu mais alto grau na formade documento solene e que somente pode ser alterada observando-se certas prescriçõesespeciais. Jean Jacques Rousseau. Sentido lógico-jurídico.

d) A verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais do poder quenaquele país vigem, e as constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não serque exprimam elmente os fatores do poder que imperam na realidade. Ferdinand Lassale.Sentido sociológico.

e) Todas as constituições pretendem, implícita ou explicitamente, conformar globalmente opolítico. Há uma intenção atuante e conformadora do Direito Constitucional que vincula olegislador. Jorge Miranda. Sentido dirigente.

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Série Questões: Direito Constitucional FCC16 ELSEVIER

ComentáriosUtilizaremos os próprios conceitos das alternativas para fazer as relações corretas.

a) “Todos os países possuem, possuíram sempre, em todos os momentos da sua história

uma constituição real e efetiva. Carl Schmitt. Sentido político.”Esta armação relaciona-se ao conceitomaterial de Constituição. Realmente, se a

Constituição é o conjunto de normas e princípios que regulam a organização políticafundamental do Estado, podemos concluir que este se caracteriza justamente pelo fato depossuir uma Constituição. Assim, nessa perspectiva podemos armar que todos os Estadostiveram, têm e terão uma Constituição, caso contrário, não serão Estados (essa perspectivanão é de Carl Schmitt, nem corresponde ao sentido político de Constituição, o que tornaa alternativa errada).

b) “Constituição signica, essencialmente, decisão política fundamental, ou seja, concretadecisão de conjunto sobre o modo e a forma de existência política. Ferdinand Lassalle.Sentido político.”

Esta concepção efetivamente corresponde à Constituição em sentidopolítico, mastem como autorCarl Schmidt, não Ferdinand Lassalle (portanto, alternativa errada). ParaCarl Schmidt, a verdadeira Constituição, a Constituição propriamente dita, correspondesomente às normas do documento constitucional que tratam das matérias contidas nadecisão política fundamental (a saber, as referentes à organização dos Poderes, direitos

fundamentais, forma e regime de Governo, forma de Estado, aquisição, exercício e perdado poder). As demais normas do documento constitucional, que tratam de temas alheios àdecisão política fundamental, são somenteleis constitucionais, sendo, pois, hierarquicamenteinferiores às normas da verdadeira Constituição (aquelas que versam sobre a decisão políticafundamental).

c) “Constituição é a norma fundamental hipotética e lei nacional no seu mais alto grauna forma de documento solene e que somente pode ser alterada observando-se certasprescrições especiais. Jean-Jacques Rousseau. Sentido lógico-jurídico.”

Esta armação refere-se à concepção deHans Kelsen sobre a Constituição (o que játorna a alternativa errada). O referido autor compreendeu a Constituição em dois sentidos:o jurídico-positivo, em que a Constituição é anorma fundamental do Estado , o diplomaque institui o próprio Estado e regula a produção de toda a legislação ordinária, admitindoalteração apenas por um processo especial; e ológico-jurídico, em que a Constituição éanorma fundamental hipótetica , uma norma não posta, mas suposta,pensada, que possuium único mandamento: devemos obedecer à Constituição (em sentido jurídico-positivo).Assim, para Kelsen, a Constituição em sentido jurídico-positivo éa lei nacional no seu mais

alto grau, e, em sentido lógico-jurídico, é anorma fundamental hipotética (podemos notarque a alternativa traz os dois sentidos de Constituição propostos pelo autor).

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17CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

d) “A verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais do poderque naquele país vigem, e as constituições escritas não têm valor nem são duráveisa não ser que exprimam elmente os fatores do poder que imperam na realidade.

Ferdinand Lassalle. Sentido sociológico.”Esta é a alternativacorreta, pois a frase em destaque corresponde à concepção de

Constituiçãoem sentido sociológico, formulada porFerdinand Lassale. Para esse estudiosoa Constituição efetiva é o somatório dos fatores reais de poder presentes em certo Estado(sociais, políticos, militares, religiosos, culturais), que efetivamente comandam a vidano respectivo território. Além dela, existe aConstituição jurídica (a folha de papel), odocumento que formalmente traz os preceitos tidos por constitucionais. Essa Constituição,a jurídica, só gozará de ecácia se e enquanto estiver em conformidade com a Constituiçãoverdadeira (os fatores reais de poder). Em caso de conito, prevalece esta sobre aquela (que,no caso, não passou realmente de uma folha de papel, um documento sem força efetivapara dirigir a sociedade).

e) “Todas as constituições pretendem, implícita ou explicitamente, conformar globalmenteo político. Há uma intenção atuante e conformadora do direito constitucional quevincula o legislador. Jorge Miranda. Sentido dirigente.”

Este não é sentido dirigente de Constituição (logo, alternativa errada), sendo apenasuma perspectiva política na análise do texto constitucional, defendida, entre outros, por

Paulo Bonavides.Gabarito: D.

Questão 13(Analista Ministerial/Área Processual/MPPE/2006) No que diz respeito ao poder cons-tituinte, é correto armar que:

a) o poder constituinte derivado se revela como independente, incondicionado e instituído;

b) o poder constituinte originário é caracterizado como autônomo, constituído e condi-

cionado;

c) o legislador constituinte derivado tem por objeto a criação da constituição, sendo emanaçãodireta da soberania popular;

d) a limitação à reforma constitucional é restrita ao seu conteúdo, ou seja, de ordem material;

e) o poder constituinte originário é poder de fato, enquanto o poder de reforma constitucionalé jurídico.

Comentários

Opoder constituinte , em termos genéricos, desmembra-se em duas modalidades: o poderconstituinte originário e o poder constituintederivado. Nesta oportunidade apresentaremossomente o poder constituinte originário (de primeiro grau, inicial, inaugural).

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Série Questões: Direito Constitucional FCC18 ELSEVIER

O poder constituinte , nessa primeira acepção,é o poder de criar a Constituição ,de instituir o ordenamento jurídico fundamental do Estado, e pois, o próprio Estado, juridicamente falando.

Duas escolas apresentam entendimentos divergentes sobre o poder constituinteoriginário.

Para a escolanormativista, o poder constituinte originário tem naturezapolítica , extrajurídica. Não se trata de um poder jurídico, pois é este o poder que inaugura o Estado, aoinstituir sua Constituição. Logo, é sua obra que representa o marco jurídico inicial do Estado.Trata-se, pois, de um poderde fato, liberto de quaisquer restrições de cunho jurídico.

Já a escola jusnaturalista considera que há certos valores jurídicos inerentes à próprianatureza humana, que independem, pois, de qualquer previsão em um documento formalpara gozarem de ecácia jurídica. Como o poder constituinte originário deve curvar-se aesses valores, a escola jusnaturalista defende o seu caráter jurídico.

Entre as duas escolas, prepondera no Brasil a escola normativista, que vislumbra o poderconstituinte originário como um poder político, de fato, sendo, em função disso:• ilimitado, incondicionado , pois não se subordina a qualquer regra de natureza material

ou processual em seu exercício;• absoluto, pois pode incidir sobre qualquer relação jurídica formada sob a égide da

Constituição, inclusive aquelas protegidas pelo direito adquirido, pelo ato jurídicoperfeito ou coisa julgada;

• autônomo, pois pode estabelecer de forma inteiramente livre o ordenamento jurídicofundamental do Estado;• inicial, pois, em termos jurídicos, inaugura o Estado, já que seu exercício resulta na

elaboração da Constituição;• permanente , pois seu titular, o povo, pode exercê-lo a qualquer momento; e• inalienável, pois seus titulares (o povo) não podem transferir a terceiros a própria

titularidade do poder, mas tão somente seu exercício.Em complemento, deve-se destacar que o poder constituinte originário pode ser exercido

de forma legítima ou ilegítima. Legítima, quando representantes do povo, por ele eleitose reunidos em Assembleia Nacional Constituinte, elaboram a Constituição; ilegítima,quando o documento constitucional é elaborado sem participação popular. No primeirocaso, temos as Constituições populares, democráticas ou promulgadas; no segundo, asConstituições outorgadas.

As alternativas A, C e D, todas erradas, referem-se ao poder constituinte derivado, enão serão aqui analisadas. A alternativa B, relativa ao poder constituinte originário, estáerrada quando arma que ele é condicionado. A alternativa E, na sua parte inicial, estácorreta: segundo a escola normativista, o poder constituinte originário é um poderde fato,

político. A parte nal, relativa ao poder constituinte derivado, também está correta. Logo,é a alternativa que responde à questão.Gabarito: E.

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19CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

Questão 14(Procurador do Município de Jaboatão dos Guararapes/2006) O Poder ConstituinteDerivado ou Instituído caracteriza-se por ser:

a) subordinado aos princípios gerais do Direito vigentes no momento em que esse poder éexercido;

b) condicionado às regras de forma estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário;

c) inicial, na medida em que cria a ordem jurídica, não sendo criado por ela;

d) soberano, por tratar-se de Poder absoluto e supremo, criador de normas constitucionais;

e) perene, na medida em que o seu titular pode exercê-lo a qualquer tempo.

Comentários

O poder constituinte derivado (constituído , instituído , secundário ou de segundograu) decorre da Constituição, devendo, pois, observar as regras denidas por esta paraseu exercício.

Como advém da Constituição, devemos perceber que o poder constituinte derivado éum poder de cunho jurídico. A Constituição, obra do poder constituinte originário, criao poder constituinte derivado e, nesse ato de criação, impõe condicionamentos materiaise formais ao seu exercício.

Temos, assim, que o poder constituinte derivado é:• constituído , pois é criado por outro poder, o poder constituinte originário;• subordinado , porque é hierarquicamente inferior à Constituição, o diploma jurídico

supremo no Estado; e• condicionado, porque seu válido exercício requer a estrita observância das prescrições

materiais e formais estabelecidas pelo poder constituinte originário.No ordenamento brasileiro, o poder constituinte derivado é composto por duas

modalidades:• poder constituinte derivado reformador: é o poder conferido ao legisladorfederal para

proceder àalteração das normas daConstituição Federal . Como são dois os processosprevistos na Constituição para a alteração de seus dispositivos, temos, aqui, uma novasubdivisão: o processo dereforma constitucional, previsto no art. 60 da CF, e o processode revisão constitucional, previsto no art. 3o do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias (ADCT). A alteração dos dispositivos da Constituição Federal sujeita-sea restrições materiais, processuais e circunstanciais, como analisamos nas questõessobre o processo legislativo federal;

• poder constituinte derivado decorrente : é o poder conferido aos Estados, ao DistritoFederal e aos Municípios paraelaborarem e modicarem seus diplomas constitucionais(as Constituições estaduais e as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios).

Seu exercício está sujeito à observância de princípios constitucionais estabelecidos,extensíveis e sensíveis.

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Pelo exposto, podemos concluir que:– a primeira alternativa está errada, porque os limites ao poder constituinte derivado

constam da Constituição, não correspondendo aos princípios gerais do Direito;

– a segunda estácorreta, pois o poder constituinte derivado é condicionado, devendoobedecer às regras de forma e de fundo instituídas pelo poder constituinte originário; e

– a terceira, a quarta e a quinta estão erradas, pois contemplam características do poderconstituinte originário (devemos perceber que o caráter perene poderia ser aplicadoao poder constituinte derivado, mas, para efeitos de prova, devemos considerá-loaplicável ao originário).

Gabarito: B.

Questão 15(Analista Judiciário/Área Administrativa/TRT/24 a Região/2006) Promulgada uma novaConstituição Federal, a legislação ordinária compatível perde o suporte de validadeda Constituição antiga, mas continua válida pela teoria:

a) da constitucionalização;

b) da desconstitucionalização;

c) da repristinação;

d) do poder constituinte subordinado;

e) da recepção.

ComentáriosA compatibilidade para com a nova Constituição dalegislação ordinária a elaanterior

é analisada no contexto dateoria da recepção.Uma vez entrando em vigor nova Constituição, todo o ordenamento jurídico é

reinaugurado, sob novos marcos. A Constituição anterior é completamente derrubada,em bloco. O mesmo, entretanto, não se aplica à legislação ordinária em vigor sob a égideda antiga Constituição.

Esta, no momento em que inicia a vigência da nova Carta Magna, perde seu suportede validade (a Constituição antiga), mas, simultaneamente, adquire umnovo suporte devalidade, a nova Constituição, se em conformidade com seus dispositivos. Nesse caso, diz-seque a norma foirecepcionada pela nova Constituição. Podemos, então, denir arecepção como um processo abreviado de criação de normas jurídicas . Por outro lado, as normasincompatíveis com a Constituição têm-se por elarevogadas.

A conformidade da legislação ordinária anterior, em termos gerais, pode ser analisada emdois aspectos: oformal, relativo ao tipo de norma jurídica e ao seu processo de produção; e

o material, pertinente ao conteúdo da norma. Isso em termos gerais, pois, na forma como ateoria é compreendida,em termos formais, a recepção é automática , ou seja, sob esse prismanão há qualquer análise de conformidade. Mesmo que a nova Constituição não contemple

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21CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

mais o tipo normativo (por exemplo, decreto-lei), mesmo que ela tenha alterado o processode elaboração da norma, comparativamente à Constituição anterior, nada disso é relevante.Novamente frisando, no plano formal a recepção é automática, sendo a norma recebida com

a sua denominação formal originária (por exemplo, Decreto-Lei no 5.123, de 19/02/1938). Já no plano material é, efetivamente, analisada a compatibilidade da legislação

ordinária anterior. Se o conteúdo de suas disposições estiver em conformidade com a novaConstituição, a norma é tida por recepcionada. Caso contrário, é considerada revogada.É possível, e bastante comum, que a norma seja apenas parcialmente recepcionada, o quese verica quando apenas parte de seus dispositivos suporta uma leitura sob as luzes danova Constituição.

Em complemento, se recepcionada a norma, ele gozará dostatus jurídico reservadopela Constituição ao diploma legal que contenha a matéria por ela tratada. Por exemplo,se estivermos perante uma lei complementar antiga, versando sobre desapropriação porinteresse público, ela será recepcionada comstatus jurídico de lei ordinária, pois é esse ostatus adequado ao tema por ela regulado, segundo a Constituição atual. Da mesma forma,uma lei ordinária que trate, por exemplo, de proteção do trabalhador contra despedidaarbitrária, será recepcionada com ostatus de lei complementar, pois é essa a espécielegislativa exigida pela Constituição de 1988 para o trato desse tema.

Isso posto, podemos concluir que está correta a última alternativa: promulgada umanova Constituição Federal, a legislação ordinária compatível perde o suporte de validade da

Constituição antiga, mas continua válida pela teoria (...) da recepção.Por oportuno, cabe conceituarmos a desconstitucionalização e a repristinição, duasguras referidas nas alternativas da questão (aconstitucionalização e o poder constituintesubordinado são expressões sem aplicação nesse contexto).

Segundo os estudiosos que a defendem, adesconstitucionalização é o fenômeno peloqual as normas daConstituição anterior compatíveis com a nova Constituição seriam poresta recepcionadas, na condição deleis ordinárias . Essa teoria, apesar dos diversos autoresde renome que a defendem, não tem acolhida na doutrina majoritária, sendo rechaçadapelo Supremo Tribunal Federal. O entendimento da Corte, que devemos adotar, é de que anova Constituição derrubaintegralmente a anterior. Esta simplesmente desaparece, cessade existir em termos jurídicos.

Em prosseguimento,repristinação , no contexto que nos importa, pode ser denidacomo um fenômeno pelo qual a Constituiçãorestituiria a vigência da legislaçãoordinária compatível não mais em vigor no momento da sua promulgação. A doutrinae a jurisprudência, nesse ponto, são pacícas:não cabe a repristinação tácita , isto é,a promulgação da Constituição nova não acarreta automaticamente a repristinação dalegislação ordinária compatível não mais vigente. Admite-se, apenas, arepristinação

expressa, ou seja, um comando constitucional que determine explicitamente a repristinaçãoda legislação ordinária não mais vigente.Gabarito: E.

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Questão 16(Promotor de Justiça – MP/Amapá/2006) Em sua conhecida obra, Constituição FederalAnotada, Uadi Lammêgo Bulos escreve que:

“... o processo informal de mudança da constituição, por meio do qual são atribuídosnovos sentidos, conteúdos até então não ressaltados à letra da Constituição, queratravés da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, quer por meio daconstrução (construction), bem como dos usos e dos costumes constitucionais ”.

O texto, segundo a melhor doutrina, se refere a:

a) mutação constitucional;

b) reforma constitucional;

c) revisão constitucional;

d) emenda constitucional.

ComentáriosA gura a que se refere o autor é amutação constitucional .A mutação constitucional é um processoinformal de mudança da Constituição, pelo

qual, sem haver qualquer alteração no texto constitucional , modica-se ainterpretação atéentão conferida a algum de seus dispositivos. Trata-se, pois, de um processo decorrente daprópria evolução do corpo social, de seus valores e paradigmas de atuação, bem como daspressões decorrentes de seu processo de desenvolvimento econômico, social e cultural.

No Brasil, a aplicação real deste processo, no que toca à Constituição Federal, ocorrequando o Supremo Tribunal Federal, o intérprete por excelência da nossa Carta Política,modica seu posicionamento com relação a algum de seus dispositivos, sem que sua redação,em si mesmo, tenha sofrido qualquer alteração. Foi o que se observou, por exemplo, quandoo STF modicou seu entendimento no que toca à extensão temporal do foro especial porprerrogativa de função.

Inicialmente, logo após a entrada em vigor da Constituição de 1988, entendia a Corteque as autoridades detentoras de foro especial por prerrogativa de função continuavam afazer jus à prerrogativa, em certas hipóteses, mesmo depois que tivessem deixado de exercer

a função em face da qual gozavam do privilégio.Em momento posterior, entretanto, a Corte alterou radicalmente sua interpretação acerca

do alcance temporal do foro especial por prerrogativa de função, passando a considerarque ele é passível de invocação apenas enquanto o agraciado efetivamente está exercendoas funções em virtude das quais o foro lhe é outorgado, ou está apto a exercê-las, cessandoimediatamente de incidir quando isso não mais ocorre.

No caso, não houve alteração formal dos dispositivos constitucionais que tratavam da matéria,mas eles passaram a ser interpretados com signicado diferente. Enm,passou-se a conferirum signicado diverso aos dispositivos constitucionais que prevêem os foros especiais porprerrogativa de função, sem que sua redação tenha sofrido alteração formal . É, pois, umexemplo de alteração da Constituição decorrente do processo de mutação constitucional.

Gabarito: A.

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23CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

Questão 17(Auditor – TCE/AM/2007) As normas constitucionais programáticas:

a) não são normas jurídicas;

b) são normas hierarquicamente superiores às demais normas constitucionais;

c) não podem ser aplicadas pelo Poder Judiciário;

d) exigem que o legislador as regulamente para que possam ser aplicadas ao caso concreto;

e) integram categoria de normas não acolhida pela Constituição Federal brasileira.

ComentáriosNormas constitucionaisprogramáticas são as normas constitucionais queinstituem

programas de ação para o Estado.

São normas caracterizadas por um alto grau de abstração, estabelecendo um programa deação para o Estado, os objetivos a serem nele perseguidos e os princípios a serem observadosna sua persecução. A ecácia dessas normas é parcialmente diferida, pois sua aplicabilidadeplena pressupõe a atuação do Estado, por qualquer de seus Poderes, elaborando a legislaçãonecessária para a completa deagração de seus efeitos ou adotando medidas concretas coma mesma nalidade.

Possuem, todavia, um efeito jurídico imediato, independente de qualquer construçãonormativa posterior, a chamadaecácia negativa que é a vedação à elaboração de normasque disponham de forma contrária às suas prescrições e a revogação de toda e qualquernorma ordinária eventualmente existente que disponha em sentido contrário.

Segundo José Afonso da Silva, há três tipos de normas programáticas: (a) normasprogramáticasrelacionadas com o princípio da legalidade (como o inciso XXVII do art. 7o,que assegura a “proteção em face da automação, na forma da lei”); normas programáticasrelativas aos Poderes Públicos (como o art. 227, § 1o, segundo o qual “o Estado promoveráprogramas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente...” e o art. 218,segundo o qual “o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento cientíco, a pesquisae a capacitação tecnológicas”); e normas programáticasreferentes à ordem econômico-

social em geral (como o art. 178,caput, segundo o qual “a lei disporá sobre a ordenaçãodos transportes aéreos, aquático e terrestre...”).Analisada a matéria, de pronto podemos afastar as alternativas A, B e E, pois as normas

programáticas são normas jurídicas, detentoras de imperatividade (errada a alternativaA), previstas na Constituição, situando-se no mesmo patamar hierárquico que as demaisnormas constitucionais (erradas as alternativas B e E).

A discussão ca entre as alternativas C e D, tendo sido esta a considerada correta pelaFCC. Efetivamente, regra geral a plena aplicabilidade da norma programática exige regulaçãopelo legislador ordinário, antes do que não é possível fazê-la incidir num caso em concreto.A questão é que, se isto ocorre, a norma programática não pode ser aplicada pelo Poder Judiciário, estando também correta, portanto, a alternativa C.

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Como se nota, a FCC incorreu num pequeno pecado lógico. O único argumento quevislumbro para se considerar a terceira alternativa errada é a ecácia negativa da normaprogramática. Por exemplo, aproveitando o art. 227, § 1o, da Constituição, segundo o qual

o Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente,qualquer lei anterior a 05/10/1988 isentando o Estado desta responsabilidade tem-se porrevogada, e qualquer lei com tal conteúdo posterior a esta data, inconstitucional. O Judiciáriopode declarar tanto a revogação como a inconstitucionalidade, e ao fazê-lo estará aplicandoa ecácia mínima da norma programática.

Gabarito: D.

Questão 18(Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado de Rondô-nia/2010) – De acordo com a jurisprudência do STF, se houver dispositivos constitu-cionais com conteúdo incompatível dentro do texto constitucional,

a) deve-se buscar uma interpretação conciliatória entre os dispositivos, pois não é possívelconsiderar a existência de normas inconstitucionais no texto da Constituição.

b) será descartada a norma que afronta as cláusulas pétreas com mais intensidade, pois estasexercem um papel de meta-controle da ordem constitucional.

c) aplica-se o princípio da ponderação, como técnica de hermenêutica constitucional, para que,por meio do sopesamento de princípios constitucionais, elimine-se a norma incompatívelcom o sistema.

d) deve-se buscar uma norma hierarquicamente superior à Constituição, presente em TratadosInternacionais, a qual aponte uma referência valorativa que solucione o conito normativonacional.

e) os dois dispositivos constitucionais que entram em contradição devem ser eliminados dosistema, por meio de interpretação do STF, a m de se garantir o princípio da unidade daConstituição e o da máxima eciência.

ComentáriosEm caso de colisão entre princípios constitucionais incompatíveis, deve ser aplicado oprincípio da concordância prática ou da harmonização , segundo o qual se a Constituiçãoé composta por um conjunto de princípios e normas de idêntico peso hierárquico,organizados de forma sistemática,segue-se que a aplicação de um deles não pode serfeita em detrimento de outro .

Em outros termos, a aplicação de um dispositivo constitucional não pode ser feita demodo a resultar na perda de valor ou de ecácia de outro. Em caso de conito (aparente)entre dois dispositivos, a solução deve ser conciliatória (harmônica),reduzindo-se

proporcionalmente o alcance jurídico de ambos .Como ensina Vicente Paulo, “o princípio da harmonização fundamenta-se na ideia

de igual valor dos bens constitucionais (ausência de hierarquia entre dispositivos

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25CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

constitucionais), que impede, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros, eimpõe o estabelecimento de limites e condicionamentos recíprocos de forma a conseguiruma harmonização ou concordância prática entre esses dispositivos”.

Analisando as alternativas da questão, a partir da sistemática deste princípio, concluímosque está correta a primeira alternativa. Na hipótese apresentada,deve-se buscar umainterpretação conciliatória entre os dispositivos, pois não é possível considerar a existência denormas inconstitucionais no texto da Constituição.

Gabarito: A.

Questão 19(Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado de Ron-dônia/2010) – A interpretação conforme a Constituição é uma técnica que pode serutilizada pelo:

a) Poder Legislativo, para preservar a vigência da lei, quando é chamado pelo STF, em açãodeclaratória de constitucionalidade, a prestar informações sobre a vontade autêntica dolegislador que embasou a fase de deliberação parlamentar do projeto de lei aprovado.

b) Poder Legislativo, para justicar a derrubada do veto jurídico oposto pelo Presidente daRepública com base em declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto.

c) Supremo Tribunal Federal, em controle de constitucionalidade, apenas para normas quepossibilitem mais de uma interpretação, a m de se preservar a lei no ordenamento jurídicoe adequá-la aos valores da ordem constitucional.

d) Poder Judiciário, como uma técnica de hermenêutica constitucional, para que promova umaperfeiçoamento da lei e amolde a vontade do legislador aos ditames das regras e dos prin-cípios constitucionais.

e) Poder Executivo, para justicar a adequação dos pressupostos constitucionais da urgênciae da relevância, quando questionada a constitucionalidade de medida provisória em açãodireta de constitucionalidade.

ComentáriosDentre as possibilidades indicadas na alternativa, a interpretação conforme a Constituição

é uma técnica que pode ser utilizada pelo Supremo Tribunal Federal, em se tratando decontrole de constitucionalidade. Correta, pois, aterceira alternativa.

A interpretação conforme a Constituição é um método de interpretaçãoda legislaçãoordinária , tendo por parâmetro o Texto Maior. Trata-se, enm, de um método que objetivaalcançar uma interpretação que compatibilize a legislação ordinária com o texto constitucional.

Sua aplicação é razoavelmente simples, e pode ser assim sintetizada: é possível, atébastante provável, como já armamos, que uma norma jurídica ordinária admita mais de

uma interpretação (normas plurissignicativas ou polissêmicas), ou, em outros termos,é possível que da sua interpretação resultem diversos signicados, alguns compatíveis,outros incompatíveis com a Constituição. Frente a uma situação dessa natureza, deve o

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Série Questões: Direito Constitucional FCC26 ELSEVIER

intérprete, calcado no princípio da presunção da constitucionalidade das leis, privilegiaro sentido (ou os sentidos) da norma que se amoldem aos dispositivos constitucionais,reconhecendo, pois, a sua validade.

Enm, se a norma ordinária admitir mais de um sentido (ou, como se arma maiscomumente, se a norma admitir mais de uma interpretação), alguns em conformidade eoutros em desconformidade com a Constituição, deve o intérprete desprezar os últimos eadotar os primeiros, reconhecendo a constitucionalidade da norma ordinária, desde queaplicada nos sentidos compatíveis com o texto constitucional.

Evidentemente, não pode o intérprete, a pretexto de manter a constitucionalidade danorma ordinária, adotar interpretação que não seja comportada por seus preceitos, queultrapasse sua literalidade. Como já armado, a literalidade da norma é limite intransponívelpara o intérprete, seja qual for seu intuito, até porque dar a uma norma um signicadonão comportado por seus termos é, na prática, criar uma nova norma jurídica. Canotilhoé peremptório ao armar que o método de interpretação conforme a Constituição só é deuso legítimo quando efetivamente existe um espaço de decisão dentro do qual pode serobtida uma variável interpretativa consetânea com a Constituição.

Vicente Paulo apresenta mais uma restrição ao uso do método, esclarecendo que“deve o intérprete zelar pela manutenção da vontade do legislador, devendo ser afastada ainterpretação conforme a Constituição, quando dela resultar uma regulação distinta daquelaoriginalmente almejada pelo legislador (...) sob pena de transformar-se o intérprete em

autêntico e ilegítimo legislador positivo”.Condensando todos os comentários, temos que a interpretação conforme a Constituiçãosó tem lugar quandoefetivamente há um espaço de decisão que permita ao intérprete,sem fugir da literalidade da norma e da vontade do legislador , obter um ou mais sentidospara a norma admitidos pela Constituição.

Gabarito: C.

Questão 20(Defensor Público do Estado de São Paulo/2010) – A “Constituição Dirigente” determinatarefas, estabelece metas e dene ns para o Estado e para a sociedade. Nesse modelo,

a) são insindicáveis as políticas públicas no que se refere aos meios necessários para atingi-las,pois é nesse aspecto que reside a discricionariedade do Governante.

b) não se aplica o controle de constitucionalidade das políticas governamentais, pois o Poder Judiciário não tem legitimidade, nem atribuição sem que se viole a separação dos poderes.

c) não cabe controle de constitucionalidade de “questões políticas” desde a Constituição de 1934que expressamente vedava ao Judiciário conhecer de questões exclusivamente políticas.

d) é cabível juízo de constitucionalidade de políticas públicas que podem ser consideradasincompatíveis com os objetivos constitucionais que vinculam a ação do Estado.

e) não é suscetível de controle de constitucionalidade as normas de caráter programático queintegram o núcleo político da Constituição, mas não o normativo.

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27CAPÍTULO 1: Teoria Geral de Direito ConstitucionalCAMPUS

ComentáriosQuestão bastante simples. Sabemos que aConstituição-dirigente , como bem denido

no enunciado da questão, é aquela quedetermina tarefas, estabelece metas e de ne ns para

o Estado e para a sociedade.A ela contrapõe-se aConstituição-garantia, que se volta para opassado, visando

precipuamente assegurar os direitos, as garantias e as liberdades fundamentais jáconquistados, para o que estabelece mecanismos de contenção de poder estatal; e aConstituição-balanço, voltada essencialmente para o momento presente da sociedade,registrando seu atual estágio de desenvolvimento e suas características essenciais, a m depreparar sua transição para uma nova etapa evolutiva.

Na Constituição-dirigente são vários os dispositivos que assumem a feição de normasprogramáticas, estabelecendo políticas públicas a serem implementadas pelo Estado, emespecial pelo Poder Executivo.

Ora, como consta na alternativa D, é evidente queé plenamente cabível juízo deconstitucionalidade das políticas públicas efetivamente implementadas , as quais podemser consideradas incompatíveis com os objetivos na Constituição como impositivos paraa ação estatal.

Gabarito: D.