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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental ABES – Trabalhos Técnicos 1 VI-077 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE APOIO PARA A IMPLANTAÇÃO DO ESGOTO CONDOMINIAL Roberta Borges de Medeiros Falcão(1) Assistente Social pela Universidade Federal de Pernambuco -UFPE (1985). Especialista em Ciências Sociais (1994) e em Gestão Ambiental (2001) pela UFRN. Assistente Social da CAERN (1989) Marco Antonio Calazans Duarte(2) Eng. Civil e Especialista em Engª. Sanitária – UFRN (1980;1991); Mestre em Engª. Civil, área de Rec. Hídricos / Engª. Sanitária – UFPB (1999); Engenheiro da CAERN (1982); Professor da Área de Recursos Naturais – CEFET-RN (1996). Professor convidado da UnP (1998), Disciplinas Tratamento de Águas e Ciências do Meio Ambiente. Marineida de Oliveira Araújo(3) Assistente Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; Técnica de Engenharia da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grade do Norte - CAERN. Endereço(1): Av. Rui Barbosa, 1110 bloco B apto 101 Lagoa Nova Natal/RN CEP: 59060-300 e-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho relata uma experiência de educação ambiental no bairro em Natal/RN, Cidade da Esperança após a implantação do sistema de esgoto condominial realizando atividades comunitárias e na rede oficial de ensino pautado no princípio da cidadania e na criação de um espaço crítico de discussão das problemáticas ambientais, elevando o nível de percepção e consciência dos usuários. PALAVRAS-CHAVE: sistema condominial de esgotamento sanitário, educação ambiental e participação comunitária. INTRODUÇÃO A Educação Ambiental tem sido colocada como importante ferramenta para o processo de mudança de comportamento do homem bem como eficaz no despertar de uma evolução racional. A compreensão da questão ambiental deverá romper as visões particularizadas e fragmentadas da realidade que, ao invés de elucidar, mascaram as causas da temática ambiental e levam a adoção de soluções equivocadas ao meio ambiente. A Educação Ambiental, neste aspecto, enquanto prática dialógica, que tem em vista o desenvolvimento da consciência crítica, deve estar profundamente comprometida com uma abordagem da problemática ambiental que faça uma relação íntima entre os aspectos sociais, políticos, éticos e econômicos. O compromisso da Educação Ambiental com a conquista, a elevação e a manutenção da qualidade de vida pressupõe uma prática contextualizada e centrada nos problemas concretos da comunidade. Em um processo participativo, a Educação Ambiental possibilita para o indivíduo e a coletividade a consciência de valores sociais e éticos, conhecimentos e atitudes voltados para a busca de novos estilos de desenvolvimento que permitam maior equilíbrio entre desenvolvimento e a preservação do meio ambiente. A Educação Ambiental deverá possuir uma visão holística, onde seja enfocada a relação do ser humano, a natureza, o contexto social, econômico, político, ideológico e, o universo de forma integrada e interrelacionada. (DIAS, 1998) Diante da necessidade de um acompanhamento sócio-ambiental das comunidades beneficiadas com o sistema condominial de esgoto, tendo em vista seu caráter essencialmente comunitário e que exige um nível de consciência sanitário-ambiental para que possa funcionar adequadamente, a CAERN desenvolveu um

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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos 1

VI-077 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE APOIO PARAA IMPLANTAÇÃO DO ESGOTO CONDOMINIAL

Roberta Borges de Medeiros Falcão(1)Assistente Social pela Universidade Federal de Pernambuco -UFPE (1985). Especialistaem Ciências Sociais (1994) e em Gestão Ambiental (2001) pela UFRN. Assistente Socialda CAERN (1989)Marco Antonio Calazans Duarte(2)Eng. Civil e Especialista em Engª. Sanitária – UFRN (1980;1991); Mestre em Engª. Civil,área de Rec. Hídricos / Engª. Sanitária – UFPB (1999); Engenheiro da CAERN (1982);Professor da Área de Recursos Naturais – CEFET-RN (1996). Professor convidado da UnP (1998),Disciplinas Tratamento de Águas e Ciências do Meio Ambiente.Marineida de Oliveira Araújo(3) Assistente Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; Técnica de Engenharia daCompanhia de Águas e Esgotos do Rio Grade do Norte - CAERN.

Endereço(1): Av. Rui Barbosa, 1110 bloco B apto 101 Lagoa Nova Natal/RN CEP: 59060-300 e-mail:[email protected]

RESUMO

O presente trabalho relata uma experiência de educação ambiental no bairro em Natal/RN, Cidade daEsperança após a implantação do sistema de esgoto condominial realizando atividades comunitárias e narede oficial de ensino pautado no princípio da cidadania e na criação de um espaço crítico de discussão dasproblemáticas ambientais, elevando o nível de percepção e consciência dos usuários.

PALAVRAS-CHAVE: sistema condominial de esgotamento sanitário, educação ambiental e participaçãocomunitária.

INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental tem sido colocada como importante ferramenta para o processo de mudança decomportamento do homem bem como eficaz no despertar de uma evolução racional. A compreensão daquestão ambiental deverá romper as visões particularizadas e fragmentadas da realidade que, ao invés deelucidar, mascaram as causas da temática ambiental e levam a adoção de soluções equivocadas ao meioambiente.

A Educação Ambiental, neste aspecto, enquanto prática dialógica, que tem em vista o desenvolvimento daconsciência crítica, deve estar profundamente comprometida com uma abordagem da problemática ambientalque faça uma relação íntima entre os aspectos sociais, políticos, éticos e econômicos.

O compromisso da Educação Ambiental com a conquista, a elevação e a manutenção da qualidade de vidapressupõe uma prática contextualizada e centrada nos problemas concretos da comunidade. Em um processoparticipativo, a Educação Ambiental possibilita para o indivíduo e a coletividade a consciência de valoressociais e éticos, conhecimentos e atitudes voltados para a busca de novos estilos de desenvolvimento quepermitam maior equilíbrio entre desenvolvimento e a preservação do meio ambiente.

A Educação Ambiental deverá possuir uma visão holística, onde seja enfocada a relação do ser humano, anatureza, o contexto social, econômico, político, ideológico e, o universo de forma integrada einterrelacionada. (DIAS, 1998)

Diante da necessidade de um acompanhamento sócio-ambiental das comunidades beneficiadas com o sistemacondominial de esgoto, tendo em vista seu caráter essencialmente comunitário e que exige um nível deconsciência sanitário-ambiental para que possa funcionar adequadamente, a CAERN desenvolveu um

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trabalho de educação ambiental no bairro da Cidade da Esperança, na cidade de Natal/RN, no período deoutubro/1999 a julho./2000.

As ações foram norteadas com o objetivo de socializar uma experiência concreta de educação ambiental emuma comunidade, apresentando suas etapas, bem como retrocessos e avanços e ao mesmo tempo queprocuramos estimular o desenvolvimento de uma postura consciente às questões ambientais, nos diversossegmentos da comunidade, propiciando condições de uma melhor qualidade de vida para a população e ummundo ambientalmente mais saudável.

Considerando a realidade dinâmica, contraditória e em permanente processo de transformação da sociedade,buscamos desenvolver uma metodologia onde a população é convidada a participar tanto dos projetos de açãocomo das estratégias na busca de soluções adequadas, passando por um processos de discussão, reflexão ediálogo.

A metodologia teve basicamente quatro principais momentos: INVESTIGAÇÃO, AÇÃO, AVALIAÇÃO EELABORAÇÃO DE DOCUMENTO PRELIMINAR que apesar de não serem estanques, serviram parabalizar as ações desenvolvidas.

MATERIAL E MÉTODOS

O bairro residencial CIDADE DA ESPERANÇA foi construído em 1965 e conta com aproximadamente22.000 habitantes, ocupando cerca de 4.500 unidades residenciais que foram entregues em 4 etapas. Ainiciativa é considerada pioneira na América Latina no que se refere a produção de habitação em massaobjetivando beneficiar uma população alijada das condições de acesso à moradia. O bairro é considerado declasse média baixa . Cidade da Esperança possui 21.172 habitantes, segundo o IPLANAT/GERINT, comuma taxa de crescimento anual de 0,4% e uma densidade demográfica de 112,72 habitantes/há.

Apesar da empresa urbana municipal (URBANA) coletar regularmente o lixo três vezes por semana é muitofreqüente presenciarmos o lixo amontoado nas ruas e em terrenos baldios ocasionando inundações nosperíodos de chuvas fortes e sendo um fator importante para a propagação das mais variadas doenças. O bairropossui 80% das ruas pavimentadas, de acordo com o perfil epidemiológico da Cidade da Esperança, 1996.

A grande maioria dos moradores são antigos no bairro ( 80% residem há mais de dez anos) e 83% dosimóveis são próprios, existindo assim uma baixa rotatividade dos usuários migrando de um bairro para ooutro, o que contribui fortemente para o processo de conscientização de suas responsabilidades frente aosistema de esgoto implantado.

Em relação a educação predomina a rede pública, não expressando o quadro da realidade brasileira: nãopossui elevado índice de evasão escolar decorrente do ingresso dos adolescentes no mercado de trabalhobuscando complementar a renda familiar, a repetência tem índice baixo e segundo depoimentos dos diretoresdas escolas é grande o interesse dos alunos pela aprendizagem.

A saúde na comunidade é um reflexo da política sanitária do Brasil onde privilegia-se o atendimento médicoem detrimento da profilaxia, predominando o emergência e o curativo. O principal posto de saúde, a UnidadeMista de Saúde, não dá conta da grande demanda, apesar da relativa estrutura e um quadro funcionalrazoável, haja vista atender além dos moradores da Cidade da Esperança, a população dos bairros adjacentes.

O bairro possui um comércio forte com lojas especializadas em material de construção, bicicletas, peças deautomóveis, confecções, além de quatro supermercados, nove padarias, seis farmácias e ainda outrospequenos comércios como armarinhos, lanchonetes, salões de beleza, bares, cantinas e oficinas e uma feiralivre. Há, ainda, hotéis e pousadas pela proximidade do terminal rodoviário de passageiros interrurbanos einterestaduais

Referente aos aspectos viários a comunidade é bem atendida em transportes, possuindo aproximadamentevinte linhas que circulam o bairro levando a população as mais diferentes localidades de Natal. A Estação

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Rodoviária fica localizada no bairro de Nazaré, vizinho a Cidade da Esperança facilitando grandemente oacesso dos moradores que desejam ir ao interior do estado ou a outras capitais e localidades.

O número de associações de bairros e clubes de mães é relativamente alto para a comunidade (trezeentidades) sem contudo corresponder em expressividade e força política no enfrentamento das questõessociais. Na sua maioria, voltam-se para cursos profissionalizantes com predominância em trabalhos manuais.

As causas do baixo associativismo transcende a dimensão local, sendo conseqüência do desmonte dos direitossociais a nível nacional, as reformas no sistema de proteção social, culminando no enfraquecimento das lutaspopulares.

INVESTIGAÇÃO

Inicialmente buscou-se coletar informações de base sobre a área de trabalho, a fim de adequar as açõeseducacionais às características do meio físico e social, respeitando a cultura local, a universidade da naturezahumana e a forma de organização e concepção de mundo, sem todavia, perder de vista a dimensão global eintegral.

Essas informações foram coletadas a partir das observações in loco, pesquisa das condições sócio-sanitárias eambientais, reuniões participativas, entrevistas com profissionais e moradores, bem como consultas adocumentações anteriormente elaboradas por outras instituições.

A preocupação em coletar as informações pertinentes à comunidade serve não apenas para facilitar arealização do trabalho educativo, mas sobretudo, para compreender as condições ambientais, visto que osaspectos sócio-econômicos e culturais da população concorrem para o quadro ambiental a que estásubmetida.

Em outras palavras, as condições ambientais só poderão ser compreendidas e explicadas à partir dainterligação dos diversos fatores onde o salário, o emprego, a moradia, a educação e a saúde contribuem oupara aceleração ou para a retração do processo de degradação ambiental.

Fizemos o levantamento das instituições e realizamos contatos com as lideranças locais. A importância destaetapa do trabalho pode ser sentida tanto pelo caráter interativo entre o educador ambiental e liderançascomunitárias, como pelo reconhecimento e respeito à história e cultura locais, buscando integrar osconhecimentos, aptidões, valores e atitudes da população no processo de intervenção.

Identificamos, assim, as instituições e as entidades representativas da comunidade: escolas públicas eprivadas, unidade mista de saúde, Igrejas e seus grupos pastorais, associações comunitárias, clubes de mães,grupos informais (idosos, quadrilhas juninas) grupo de escoteiros, clube de desbravadores apresentando aproposta de trabalho e verificando o nível de interesse em resolver os problemas relativos ao esgotamentosanitário.

Na ocasião, aproveitávamos para conhecer as atividades desenvolvidas, a história da entidade e o seu grau derepresentatividade junto a comunidade, principais problemas e obstáculos enfrentados e as alternativas desuperação. Na unidade de saúde procuramos identificar o perfil epidemiológico da área, as condições deatendimento e as principais ações preventivas.

ESTABELECIMENTO DE PARCERIAS

Devido à amplitude do trabalho e reconhecendo a importância e a necessidade do envolvimento dasinstituições públicas da cidade e entidades de bairro para as ações educativas e de impactos, foram feitosacordos de parcerias com escolas, Igreja, associações comunitárias, unidades de saúde, COVISA (Controle deVigilância Sanitária), CEFET/RN (Centro Federal de Educação Tecnológica do RN), PETROBRÁS,URBANA (Empresa Municipal de Limpeza Urbana).

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Com o CEFET/RN através dos alunos do curso de Tecnologias Ambientais foram desenvolvidas ações deeducação ambiental nas escolas do bairro abordando questões pertinentes a lixo, água, esgoto e hábitospessoais de higiene através de gincanas, peças teatrais, palestra , levantamento das condições sanitárias dasescolas e pesquisa sanitária na comunidade.

Através da PETROBRÁS e a URBANA possibilitou-se a capacitação em educação ambiental dos professoresda rede de ensino da comunidade para trabalharem os temas nas salas de aulas. Nas escolas públicas eprivadas observamos o desenvolvimento de pesquisas, aulas expositivas, cartazes, redações, entre outrasatividades referentes à problemática ambiental. Já a COVISA disponibilizou os agentes de saúde paraentrega de material educativo casa a casa.

AÇÃO

Esta etapa é considerada como a mais importante em relação às demais, pois refere-se à execução prática doprojeto que concretizamos. Através do processo educacional, atuamos junto a pessoas, entidades ecomunidade como um todo, com a indispensável participação das mesmas. Esta etapa significou um conjuntode atividades onde predominaram a organização, ação sistemática e proposta descentralizadas, incentivandoà participação dos grupos e comunidades. Sabemos que os projetos de educação ambiental que nãogarantirem a descentralização estarão fadadas a sucumbirem.

REUNIÕES COM LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS

As reuniões abordaram o Sistema Condominial de Esgoto em uma perspectiva ambiental e de saúde pública.O meio ambiente teve uma conotação de totalidade onde o todo e as partes se comunicam de maneira ágil,integrada e articulada.

Várias técnicas foram trabalhadas, tais como músicas, transparências e dinâmicas de grupo que continhamforte impacto emocional a fim de chamar a atenção, alertar para comportamentos errôneos e despertar aspessoas para atitudes de preservação ambiental.

REUNIÕES COMUNITÁRIAS

Nas reuniões comunitárias privilegiamos em realizá-las com os grupos formais e informais já existentes nacomunidade, tendo em vista a grande dificuldade dos moradores em atender o convite para as reuniões. Aparticipação de uma pequena parcela da população nas reuniões poderá ser compreendida se considerarmosque as mesmas ocorrem à noite e os moradores já estão cansados após um exaustivo dia de trabalho, muitasvezes com um elevado nível de stress decorrente do mundo moderno e da política econômica brasileira quegera cada vez mais desemprego estrutural e a exclusão social. Assim, realizamos reuniões com Grupos deIdosos, Diabéticos, Quadrilhas Juninas, Legião de Maria, Clube dos Desbravadores.

METODOLOGIA DAS REUNIÕES

Nas reuniões, utilizávamos dinâmica de grupo através de músicas com temas ambientais havendo sempredescontração com voluntários dançando acompanhados das palmas dos participantes. A dinâmica sempregerava discussões sobre as problemáticas ambientais com o levantamento de questões sobre camada deozônio, ecossistemas, violência urbana, emprego.

Assim, nas reuniões a educação ambiental foi trabalhada buscando enfocar a relação entre o ser humano, anatureza e a realidade social de forma interdisciplinar, estimulando a solidariedade e a cooperação, tratandoas questões globais de maneira crítica, valorizando o contexto social e histórico e adequando a linguagem aonível do público envolvido.

No segundo momento trabalhávamos o tema esgotamento sanitário mostrando a sua importância para acomunidade, os impactos ambientais resultantes da ausência da coleta e tratamento de esgoto, a necessidade

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das interligações das peças sanitárias para saúde pública e os cuidados necessários com a caixa de inspeção eo ramal condominial.

TRABALHO EDUCATIVO CASA A CASA

Objetivando divulgar as informações necessárias sobre o sistema condominial de esgotamento sanitário emostrando a importância da interligação de todas as peças sanitárias para a saúde pública e para o meioambiente foram feitas visitas domiciliares correspondendo a aproximadamente 60% da comunidade.

PESQUISA SÓCIO-AMBIENTAL E DE ACOMPANHAMENTO DO SISTEMA

A fim de conhecermos melhor a situação sócio-ambiental, os aspectos sanitários, o nível de consciência dapopulação a respeito do esgotamento sanitário, além de identificar possíveis problemas de obstruções ou deordem construtiva no momento da execução das obras foi feita uma pesquisa de amostragem piloto em 30casas de quadras distintas.

RESULTADOS

Culturalmente, o meio ambiente nunca foi priorizado nas escolas e na sociedade em geral para a formação decidadãos que privilegiem a sua preservação. A necessidade de sobrevivência da própria espécie humana é quetem impulsionado a reeducação dos segmentos da sociedade sobre a questão ambiental.

A educação ambiental deve estimular a interdisciplinariedade, compreendendo esta como um processo decooperação ativa entre diferentes áreas e campos profissionais possibilitando a troca de informações e oenriquecimento dos temas abordados. A abordagem interdisciplinar, assim, está relacionada com a discussãoe intercâmbio mediante um diálogo consciente que envolve conflitos criativos no processo de interação.(MEDINA, 1999)

A educação ambiental necessita estar comprometida com a construção de uma sociedade que se auto-sustente,que estimule a democracia, a participação popular e a justiça social para as gerações presentes e futuras.

Nas escolas, desenvolvemos uma metodologia participativa e interativa tanto em relação aos professoresquanto aos alunos. Neste sentido, a responsabilidade em transmitir a importância da preservação dos recursosnaturais ficou dividida entre CAERN/escola/aluno onde os dois últimos assumiram seus papéis naconstrução do processo de conhecimento/aprendizagem.

Esta forma de descentralização foi importante, pois consideramos a escola um verdadeiro universo com suasparticularidades, conflitos e limitações, situadas em espaço geográfico específico (bairro, comunidade), ondesomente os professores e alunos podem entender a problemática ambiental de forma contextualizada.

ENCONTRO SOBRE MEIO AMBIENTE

Foi realização Encontro sobre Meio Ambiente com dezoito professores de três escolas particulares (duas daCidade da Esperança e uma do bairro de Nazaré) no auditório da CAERN em parceria com a PETROBRÁS eURBANA (serviço municipal de Limpeza Urbana) com duração de oito horas. Neste encontro, foramabordados os principais problemas ambientais, enfocando mais especificamente à água, esgoto e lixo etambém a importância da criatividade no trabalho pedagógico.

TREINAMENTO COM PROFESSORES

Realização de treinamento com nove professores da Escola Municipal Nossa Senhora das Graças comduração de oito horas. Utilizamos para o evento, dinâmica de grupo através da música "Sal da Terra" de BetoGuedes que aborda a situação ambiental a nível mundial, a exploração econômica que fomentou essa

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situação, a importância e necessidade do amor às futuras gerações para modificar a situação vigente. Notreinamento foi exibida a fita de vídeo "A Questão Ambiental" do IBAMA seguido de discussão sócio-ambiental. No segundo momento, foi trabalhado o sistema condominial de esgotamento sanitário nosaspectos de funcionamento, importância e cuidados necessários a sua operação.

Professores no dia do Encontro de Meio Ambiente

A escola Céu Azul Colégio e Curso trabalhou durante um mês as questões pertinentes ao meio ambiente enotadamente à problemática da água. Sobre este tema foram exibidas fitas de vídeos mostrando a importânciada água, os diversos tipos de uso e a necessidade da preservação deste recurso. Os alunos confeccionaramcartazes e criaram paródias de músicas objetivando alertar as pessoas sobre a necessidade da racionalizaçãoO Colégio Impacto Colégio e Curso desenvolveu de uma maneira muito rica e interessante os problemasambientais, mobilizando todos os professores do ensino fundamental (5a a 8a séries) para desenvolverem ostemas nas salas de aulas durante trinta dias, concluindo com a realização da I Mostra de Informática eTrabalhos Educativos com enfoque sobre o Meio Ambiente, onde durante uma manhã cada sérieapresentava seus trabalhos. A Mostra foi dividida em temas e subtemas, e cada classe do 1o grau maior expôsatravés maquetes, experimentos, fitas de vídeo as questões relacionadas com a poluição da Água,Solo(Ecossistemas, Desmatamentos e os Bosques Artificiais), Ar (Principais poluentes e Conseqüências),

Alunos do Colégio Impacto mostrando a problemática da inundação nos grandes centros urbanos

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Já os alunos do 2o Grau foram incentivados a pesquisarem a respeito das ameaças ao nosso planeta, osdesastres ecológicos de repercussão mundial bem como os possíveis avanços no sentido da preservação,conservação, proteção e recuperação do meio ambiente. Tanto os alunos do 1o como do 2o graus forambastante criativos na apresentação dos seus trabalhos utilizando softwares, programas educativos, maquetes,vídeos, cartazes, experiências científicas, danças ecológicas, além de visitas ao aterro controlado do lixo deNatal e ao parque das Dunas (parque de preservação das dunas de Natal). Houve, nesta escola a participaçãodo CEFET/RN, que através de peça teatral mostrou a importância do esgotamento sanitário para umacomunidade referente à saúde e ao meio ambiente.A CAERN também ministrou palestras aos alunos sobre o sistema de esgotamento sanitário : importânciapara a saúde e para a preservação ambiental; funcionamento; cuidados necessários para evitar problemas deobstruções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Censo demográfico do IBGE de 1991.2. DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental. Universa, 1998.3. DIAS, Genebaldo Freire. Fundamentos de Educação Ambiental. Brasília: Universa, 2000.4. Educação Ambiental http://www.wln.com.br/~helena/5. MEDINA, N. M. e SANTOS, E. C. Educação Ambiental: Uma metodologia participativa de formação.

Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.6. Perfil Epidemiológico da Cidade da Esperança, 1996.