2. keynes: princÍpio da demanda efetiva e incerteza · 2016-07-17 · crítica aos clássicos 2....

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2. KEYNES: PRINCÍPIO DA DEMANDA EFETIVA E INCERTEZA 2.3. CRÍTICA AOS ECONOMISTAS “CLÁSSICOS” Keynes, TG, prefácios e caps. 1, 2 e 19 (I, II) 17/07/16 1

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CríticaaosClássicos

2.KEYNES:PRINCÍPIODADEMANDAEFETIVAEINCERTEZA

2.3. CRÍTICAAOSECONOMISTAS“CLÁSSICOS”

Keynes,TG,prefáciosecaps.1,2e19(I,II)

17/07/16 1

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CríticaaosClássicos

• Keynesesuaemancipação

“Foinessaatmosferaquemeformei.Eumesmoensineiessasdoutrinasefoiso na última década que passei a ter consciencia de sua insuficiencia. Emmeuprópriopensamentoedesenvolvimento,portanto,estelivrorepresentaumareação,umatransiçãonosentidodemeafastardatradiçãoclássica(ouortodoxa) inglesa. A enfase que dou nas páginas seguintes a isso e aospontos em que divirjo da doutrina tradicional tem sido considerada poralguns,naInglaterra,comoindevidamentecontroversa.Comopode,porém,alguémquefoieducadocomocatólicoemtermosdeeconomiainglesa,umsacerdote mesmo dessa fe, evitar um pouco de enfase controversa logoquandosetornaprotestante?”(Keynes,(1996[1936]),p.31)

“Nessa ortodoxia, nessa transição conenua foi que eu me formei. Eu aaprendi, eu a ensinei, eu a escrevi. Para os que observam de fora,provavelmente ainda pertenco a ela. Os historiadores da doutrina irãoconsiderar este livro como pertencente essencialmente àmesma tradição.Mas ao escreve-lo, e em outra obra recente que levou a ele, senti-merompendo com essa ortodoxia, numa forte reação contra ela, fugindo dealgumacoisa,conquistandoumaemancipação”.(Keynes,(1996[1936]),p.37)

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CríticaaosClássicos

• Oseconomistas“clássicos”deKeynes

“Issopodeporém tambémresultaremquemeus leitoresàs vezes fiquemimaginandoaquemerefiroquandoestou falando,comaquiloquealgunsde meus críticos ingleses consideram um mau uso da língua, da escola“clássica” de pensamento e dos economistas “clássicos.” (Keynes,(1996[1936]),p.38)

“‘Os economistas clássicos’ é uma denominação inventada porMarx paradesignarRicardoeJamesMilleseuspredecessores,istoé,osfundadoresdateoria que culminou em Ricardo. Acostumei-me, talvez perpetrando umsolecismo,aincluirna“escolaclássica”osseguidoresdeRicardo,ouseja,osqueadotarameaperfeicoaramsuateoria,compreendendo(porexemplo)J.S.Mill,MarshalleoProf.Pigou.”(Keynes,(1996[1936]),p.43)

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CríticaaosClássicos

• A crítica de Keynes à incapacidade da teoria clássica de explicar odesempregoeocicloeconômico

“Sayestavasupondoimplicitamentequeosistemaeconomicoestásempreoperandocomsuacapacidademáxima,deformaqueumaatividadenovaapareceria sempre em subsstuição e não em suplementação a algumaoutra atividade. Quase toda a teoria economica subsequente temdefendido, no sentido de que ela tem exigido, essemesmo pressuposto.No entanto, uma teoria com essa base é claramente incompetente paraenfrentar os problemas do desemprego e do ciclo economico.” (Keynes,(1996[1936]),p.40)

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CríticaaosClássicos

• Ateoriaclássicacomoumcasoespecialeabuscaporumateoriageral

“Denominei este livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e daMoeda,dandoespecialênfaseaotermogeral.Oobjesvodesteetuloécontrastaranaturezademeusargumentoseconclusõescomosda teoriaclássica,naqual me formei, que domina o pensamento econômico, tanto práticoquantoteórico,dosmeiosacadêmicosedirigentesdestageração,talcomovemacontecendonosúltimoscemanos.Argumentareiqueospostuladosdateoriaclássicaseaplicamapenasaumcasoespecialenãoaocasogeral,poisasituaçãoqueelasupõeacha-senolimitedaspossíveissituaçõesdeequilíbrio. Ademais, as características desse caso especial não são as dasociedade econômica em que realmente vivemos, de modo que osensinamentosdaquelateoriaseriamilusóriosedesastrosossetentássemosaplicarassuasconclusõesaosfatosdaexperiência.”(Keynes,(1996[1936]),p.43)

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CríticaaosClássicos

MercadodeTrabalho

• Clássicos:flexibilidadedepreçosesaláriosasseguraplenoemprego

• Keynes:o trabalhadores resistem a queda de salário nominal para proteger

seussaláriosreaisrelativos,mas,emgeral,nãoresistemaelevaçõesdepreços;enãonegociamsalário realumavezquenãocontrolamospreços

o empregoesaláriorealdeterminadospelasdecisõesdeproduçãoemfunçãodademandacompossibilidadededesempregoinvoluntário

“Contudo, se a teoria clássica é apenas aplicável ao caso do plenoemprego, torna-se obviamente enganoso aplicá-la aos problemas dedesemprego involuntário—supondo-sequetalcoisaexista (equemonegará?).”(Keynes,(1996[1936]),p.54)

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CríticaaosClássicos

MercadodeTrabalho

NN1

W/PNs=g(W/P)

W1/P1

Nd=f(W/P)

Y

N

Y=F(K,N)Y1

N1

Z,D Z(N)

N

D(N)

W/PDMgN

Nd

Clássicos

N

Keynes

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CríticaaosClássicos

• TeoriaClássicadoEmprego

i) Nd:W/P=PMgN

ii) Ns:W/P=DMgN

“A teoria clássica do emprego — supostamente simples e óbvia — baseou-se,acho eu, praticamente sem discussão, nos dois postulados fundamentais queseguem:I. Osalárioéigualaoprodutomarginaldotrabalho.(...)II. Auslidadedosalário,quandoseempregadeterminadovolumedetrabalho,é

igualàdesutilidademarginaldessemesmovolumedeemprego-Istosignificaque o salário real de uma pessoa empregada é exatamente suficiente (naopiniãodasprópriaspessoasempregadas)paraocasionarovolumedemão-de-obraefetivamenteocupado(...)”(Keynes,(1996[1936]),p.46)

NN1

W/PNs=g(W/P)

W1/P1

Nd=f(W/P)

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CríticaaosClássicos

• Análise do segundo postulado clássico(i) Nd: W/P = PMgN(ii) Ns: W/P = DMgN

ü Compatível com Desemprego Friccional

“Esse postulado é compatível com o que se pode chamar desemprego“friccional”, pois uma interpretação realista do mesmo permite, com plenajustificação, conciliar certas imperfeições de ajustamento que impedem umestado contínuo de pleno emprego, como, por exemplo, o desemprego emrazão de uma temporária desproporção dos recursos especializados, resultantede cálculos errados, da procura intermitente, de atrasos decorrentes demudanças imprevistas, ou, ainda, do fato de que a transferência de um empregopara outro não se realiza sem certa demora, de modo que, numa sociedade nãoestática, sempre existe certa proporção de recursos não empregados “entre ume outro trabalho.” (Keynes, (1996[1936]), p.46)

NN1

W/PNs=g(W/P)

W1/P1

Nd=f(W/P)

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CríticaaosClássicos

• Análise do segundo postulado clássico(i) Nd: W/P = PMgN(ii) Ns: W/P = DMgN

ü Compatível com Desemprego Voluntário

“Além do desemprego “friccional”, o postulado é ainda compatível com odesemprego “voluntário”, em razão da recusa ou incapacidade de determinadaunidade de mão-de-obra em aceitar uma remuneração equivalente à suaprodutividade marginal, em decorrência da legislação, dos costumes sociais, deum entendimento para contrato coletivo de trabalho, ou, ainda, da lentidão emadaptar-se às mudanças ou, simplesmente, em consequência da obstinaçãohumana. Todavia, estas duas categorias de emprego, “friccional” e “voluntária”,são abrangentes.” (Keynes, (1996[1936]), p.46-7)

NN1

W/PNs=g(W/P)

W1/P1

Nd=f(W/P)

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CríticaaosClássicos

• TeoriaClássicadoEmpregoi) Nd:W/P=PMgNii) Ns:W/P=DMgN

• ConcordânciadeKeynescomoprimeiropostulado

“Ao enfatizar os aspectos que os separam da doutrina clássica, não devemosesquecer uma concordancia importante. Manteremos, pois, o primeiropostulado (...) Este é, simplesmente, o reverso da proposição, ja bastanteconhecida, segundo a qual a indústria trabalha normalmente sujeita arendimentos decrescentes a curto prazo, durante o qual se supõe quepermanecamconstantesoequipamentoetc.,dessaforma,oprodutomarginaldas indústrias de bens de consumo dos assalariados (o qual determina ossalários reais) necessariamente se reduz à medida que o emprego aumenta.Portanto, na medida em que se considerar válida esta proposição, qualquermeio dessnado a aumentar o emprego conduzirá, inevitavelmente, a umadiminuição paralela do produto marginal e, portanto, do nível dos saláriosmedidoemtermosdesseproduto.”(Keynes,(1996[1936]),p.55)

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CríticaaosClássicos

• Primeira objeção ao segundo segundo postulado clássico (ii) Ns: W/P = DMgN

Para essa afirmação ser válida, seria necessário que uma redução do salário realpela elevação de preços também levasse ao mesmo resultado (redução doemprego), o que não é observado.

NN1

W/P Ns=g(W/P)

W1/P1 =W0/P0

Nd=f(W/P)

Na visão de Keynes, não é possível afirmarque o salário real é igual à desutilidademarginal do trabalho (e, logo, que aeconomia opera em pleno emprego)apenas pela constatação de que háredução do emprego quando ocorreredução do salário nominal.

W1/P0

W0/P1

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CríticaaosClássicos

• Primeiraobjeçãoaosegundosegundopostuladoclássico(ii)Ns:W/P=DMgN

“Suponhamos,porenquanto,queamão-de-obranãoestejadispostaatrabalharporumsalárionominalmenorequeumareduçãodessenívelconduza,atravésdegrevesouporqualqueroutromeio,aumasaídadomercadodetrabalhodeuma parte da mão-de-obra atualmente empregada. Pode-se, a partir disso,deduzir que o nível presente dos salários reais equivale exatamente àdesutilidade marginal do trabalho? Não necessariamente, pois, embora umareduçãodosalárionominalemvigorleveàsaídadecertaquantidadedemão-de-obra,issonãoquerdizerqueumareduçãodosalárionominalmedidoemtermosde bens de consumo de assalariados produza omesmo efeito, caso resulte deumaaltadeprecosdessesbens.”(Keynes,(1996[1936]),p.48)

“Umareduçãodossaláriosreais,devidaaumaaltadepreços,nãoacompanhadada elevação dos salários nominais, não determina, por via de regra, umadiminuição da oferta de mão-de-obra disponível à base do salário corrente,abaixodovolumedeempregoanterioràaltadospreços.Suporocontrárioseriaadmitir que as pessoas no momento desempregadas, embora desejosas detrabalharaosaláriocorrente,deixariamdeoferecerosseusserviçosnocasodeumapequenaelevaçãodocustodevida.”(Keynes,(1996[1936]),p.51-2)

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CríticaaosClássicos• Primeira objeção ao segundo postulado clássico do emprego (ii) Ns: W/P =

DMgN

Para Keynes, portanto, os trabalhadores defendem seus salários nominais e nãoos salários reais. A razão da resistência à queda do salário nominal seria atentativa de proteger os salários reais relativos, enquanto uma elevaçãogeneralizada dos preços mantém os salários reais relativos constantes.

“Uma vez que a mobilidade do trabalho é imperfeita e os salários não tendem aestabelecer uma exata igualdade de vantagens líquidas para as diferentesocupações, qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos que consinta numaredução dos seus salários nominais em relação a outros sofre uma reduçãorelativa do salário real, o que é suficiente para justificar a sua resistência. Poroutro lado, seria impraticável opor-se a qualquer redução dos salários reais queresultasse de alteração no poder aquisitivo do dinheiro e que afetasseigualmente a todos os trabalhadores; com efeito, não há, em geral, resistênciaa este modo de reduzir os salários nominais, (...) a não ser que essas reduçõesatinjam tal proporção que o salário real corra o risco de cair abaixo dadesutilidade marginal do volume de emprego existente.” (Keynes,(1996[1936]), p.52-3)

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CríticaaosClássicos

• Primeira objeção de Keynes ao segundo postulado implica indeterminaçãodo nível de emprego no modelo clássico

“Em outras palavras, pode acontecer que, dentro de certos limites, asexigências da mão-de-obra tendam a um mínimo de salário nominal e não a ummínimo de salário real. A escola clássica presumiu, tacitamente, que este fatonão traria uma mudança significativa de sua teoria. Mas isso não é exato, pois,se a oferta de trabalho não for uma função dos salários reais como sua únicavariável, seu argumento desmorona-se por completo, deixando totalmenteindeterminada a questão do que será o nível efetivo de emprego.” (Keynes,(1996[1936]), p.48)

N

W/P Ns

Nd

(W/P)?

N?

Se os trabalhadores não determinam aoferta de trabalho em função do salário real,então o nível de emprego ficaindeterminado no modelo clássico.

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CríticaaosClássicos

• Segunda objeção de Keynes ao segundo postulado clássico do emprego(ii) Ns: W/P = DMgN

A segunda objeção de Keynes diz respeito ao fato de o trabalhador não terpoder para negociar o salário real, uma vez que não controla os preços, masapenas o salário nominal.

“Contudo, a outra objeção, de fundamental importância, que formularemosnos capítulos seguintes, decorre de nossa contestação da hipótese de que onível geral dos salários reais seja diretamente determinado pelo caráter dasnegociações sobre salários. Ao supor que as negociações sobre saláriosdeterminam o salário real, a escola clássica descambou para uma hipótesearbitrária, pois os trabalhadores, em conjunto, não dispõem de nenhummeio de fazer coincidir o equivalente do nível geral de salários nominaisexpresso em bens de consumo com a desutilidade marginal do volume deemprego existente.” (Keynes, (1996[1936]), p.52)

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CríticaaosClássicos

• Segunda objeção de Keynes ao segundo postulado implica ausência demecanismodeajustenomercadodetrabalho

Seostrabalhadoresnãonegociamsaláriorealcomosempresários,entãonãoexiste um mecanismo de ajuste automático no mercado de trabalho queassegureoplenoemprego.

“A teoria tradicional sustenta, em essencia, que as negociações salariaisentre trabalhadorese empresáriosdeterminamo salário real, de talmodoque, supondo que haja livre-concorrencia entre os empregadores e aausencia de combinação restritiva entre os trabalhadores, os últimospoderiam, se desejassem, fazer coincidir os seus salários reais com adesutilidademarginaldovolumedeempregooferecidopelosempregadoresaoditosalário.Nãosendoassim,desaparecequalquerrazãoparaseesperarumatendenciaàigualdadeentreosaláriorealeadesutilidademarginaldotrabalho.”(Keynes,(1996[1936]),p.50)

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CríticaaosClássicos

• Desemprego Involuntário

“Existem desempregados involuntários quando, no caso de uma ligeira elevaçãodos preços dos bens de consumo de assalariados relativamente aos saláriosnominais, tanto a oferta agregada de mão-de-obra disposta a trabalhar pelosalário nominal corrente quanto a procura agregada da mesma ao dito saláriosão maiores que o volume de emprego existente.” (Keynes, (1996[1936]), p.53)

N

W/PDMgN

Nd=f(W/P)

N1

W1/P1

N2

W1/P2

Se uma elevação dos preços for capazde levar a economia a um maior nívelde emprego, então é possível afirmarque esta economia opera comdesemprego involuntário.

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N*

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CríticaaosClássicos

• Teoria clássica como o caso particular de pleno emprego

Para Keynes, os clássicos consideravam que a economia operava sempre empleno emprego, e, portanto, todo desemprego seria friccional ou voluntário(recusa dos trabalhadores de aceitar remuneração compatível com aprodutividade marginal).

Keynes sugere que os clássicos não percebem que situações por elesconsideradas de pleno emprego na verdade refletiam desempregoinvoluntário.

“Por isso, os autores que seguem a tradição clássica, ignorando a hipóteseespecial em que se baseava a sua teoria, foram levados à conclusãoinevitável e perfeitamente lógica, de acordo com essa hipótese, de que odesemprego aparente (salvo as exceções admitidas) era fundamentalmentedevido à recusa dos fatores não empregados em aceitar uma remuneraçãocorrespondente à sua produtividade marginal.” (Keynes, (1996[1936]), p.54)

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CríticaaosClássicos

• Teoria clássica como o caso particular de pleno emprego

Para Keynes, a teoria clássica só seria adequada ao caso particular de plenoemprego, não sendo capaz de explicar o funcionamento da economia quandoesta opera abaixo do pleno emprego, que seria o caso mais geral .

“Contudo, se a teoria clássica é apenas aplicável ao caso do pleno emprego,torna-se obviamente enganoso aplicá-la aos problemas de desempregoinvoluntário — supondo-se que tal coisa exista (e quem o negará?).

Os teóricos da escola clássica são comparáveis aos geômetras euclidianos emum mundo não euclidiano, os quais, descobrindo que, na realidade, as linhasaparentemente paralelas se encontram com muita frequência, as criticampor não se conservarem retas, como único recurso contra as desastrosasinterseções que se produzem.” (Keynes, (1996[1936]), p.54)

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CríticaaosClássicosOferta e Demanda

• Clássicoso a moeda é demandada apenas pelo motivo transação e toda

poupança é direcionada à aquisição de títulos (oferta de fundosemprestáveis) para viabilizar maior consumo futuro

o a taxa de juros promove o ajuste entre a poupança e o investimento(demanda por fundos), assegurando que a demanda seja sempreigual à oferta.

“Certamente, o homem prático — banqueiro, funcionário público oupolítico —, educado na teoria tradicional e, também, o economistaprofissional vivem na idéia de que sempre que um indivíduo realiza umato de poupança faz algo que, automaticamente, reduz a taxa de juros eque essa baixa estimula, automaticamente, a criação de capital e de quea baixa na taxa de juros tem lugar, precisamente, na proporção que senecessita para estimular a produção de capital numa amplitude igual aoaumento da poupança; e de que isto é, além do mais, um fenômeno deajustamento auto-regulador que opera sem necessidade de nenhumaintervenção especial ou de cuidados maternais por parte da autoridademonetária.” (Keynes, (1996[1936]), p.182-3)

17/07/16 21

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CríticaaosClássicosOferta e Demanda

NN1

W/PNs=g(W/P)

W1/P1

Nd=f(W/P)

Y

N

Y=F(K,N)

Y1

N1 Y

P

P1

Y1

r

r1

S =I

S

I

Yd(M1)

MV =PYM=Md =k.PY

D =C(r)+I(r)=YS(r)=Y– C(r)=I(r)

I,S

17/07/16 22

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CríticaaosClássicosOferta e Demanda

• Keynes

o Em um mundo com incerteza, a poupança é acrescida ao estoque deriqueza, que inclui moeda como ativo

o A alocação do portfólio é periodicamente reavaliada em função dapreferência pela liquidez e das expectativas de longo prazo dosagentes, em conjunto com os fatores dados e a oferta de moeda

o O investimento é determinado pela comparação entre a eficiênciamarginal dos ativos e a taxa de juros da economia

o Nada assegura que a demanda, derivada do investimento e domultiplicador, determinado pela propensão marginal a consumir,será compatível com o pleno emprego

o A oferta, determinada em função das expectativas de curto prazo(aproximadamente corretas), ajusta-se à demanda

o E a demanda não necessariamente assegura o pleno emprego.17/07/16 23

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CríticaaosClássicos

Oferta e Demanda

• Keynes

“Diante disso, o sistema econômico pode encontrar um equilíbrioestável com N em um nível inferior ao pleno emprego, isto é, no níveldado pela interseção da função da procura agregada e da função daoferta agregada — excluídas as hipóteses especiais da teoria clássica,segundo as quais, quando o emprego aumenta, certa força intervémsempre, obrigando D2 a subir o necessário para preencher a lacunacrescente entre Z e D1.” (Keynes, (1996[1936]), p.64)

“Já devem ser bastante evidentes para o leitor as dificuldades que seantepõem ao propósito de manter uma demanda efetiva de nívelsuficientemente alto para garantir o pleno emprego, resultantes daassociação de uma taxa de juros a longo prazo convencional e bastanteestável com uma eficiência marginal do capital inconstante e altamenteinstável.” (Keynes, (1996[1936]), p.204)

OBS: Z = oferta, D1= demanda por consumo e D2 = demanda por investimento17/07/16 24

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CríticaaosClássicos

Z,D Z(N)

N

D(N)

N

W/PDMgN

Nd

Exp.LP,PSI (EMgK,r)

I

rm

Md

M

r Ms

r (Pref.Liq.,M)

Z = D

PMgC(Fat.Subj)

45o

Z

D

D1 = Co + bYD = D1 + D2

Oferta e Demanda

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CríticaaosClássicos

FlexibilidadedeSalários

• Resultado da Teoria Geral de Keynes (desemprego e flutuações) nãodependedarigidezdesaláriosnominais.

• Masa análisedoefeitodeuma reduçãodo salárionominal dependedacompreensãodetodoarcabouçopropostonaTG.

“Teria sido preferível examinar os efeitos das variações nos saláriosnominais em capítulo anterior, pois a teoria clássica temo costume debasearnumapretensafluidezdossaláriosnominaisasupostaapsdãodosistemaeconomicoparaseajustarporsimesmo;e,quandohárigidez,deatribuiraessarigidezaresponsabilidadepelosdesajustamentos.

(...)Uma reduçãodos saláriosé capaz,emdeterminadas circunstancias,deestimularaprodução,talcomoosupõeateoriaclássica.Adiferencaentreestateoriaeaminharesideprincipalmentenamatériadeanálise,demodoquenãopoderiaexpo-laclaramenteantesqueoleitorestivessefamiliarizadocommeumétodo.”(Keynes,(1996[1936]),p.247)

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FlexibilidadedeSalários

• A explicação tradicional supõe que desemprego leva à queda de salárioreal causada por queda de salário nominal acompanhada de queda depreçoseconsequenteestímuloàdemandaeproduçãoaoníveldeplenoemprego.

“A explicação geralmente admisda é, nomeu entender,muito simples.Elanãodependedasrepercussõesindiretas,comoasqueexaminaremosem seguida.O argumento consiste simplesmente emque uma reduçãonos salários nominais essmulará, coeteris paribus, a demanda ao fazerbaixar o preco dos produtos acabados, aumentando, portanto, aproduçãoeoempregoatéopontoemquea reduçãoqueosoperáriosconcordaram aceitar em seus salários nominais fique compensadajustamente pela eficiencia marginal decrescente do trabalho à medidaque aumenta a produção (de determinado equipamento).” (Keynes,(1996[1936]),p.247)

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FlexibilidadedeSalários

• Este argumento, contudo, não leva em conta os efeitos da queda desaláriosnominaissobreademanda,determinadaporMV(=PY).

“Emsuaformamaisrudimentar,istoequivaleasuporqueareduçãodossaláriosnominaisnãoafetaráademanda.Há,talvez,algunseconomistasque sustentam não haver razão para que a demanda seja afetada,arguindo que a demanda agregada depende da quantidade de moedamultiplicada pela velocidade-renda da mesma, e que não há razãoevidente para que uma redução dos salários nominais diminua aquantidadedemoedaouasuavelocidade-renda.”(Keynes,(1996[1936]),p.247-8)

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FlexibilidadedeSalários

• Ahipótesedequeaquedadesaláriosnominaisnãoafetaademanda,paraKeynes,seriafalaciosa.

“Ninguémpensaria,pois,emnegaraproposiçãodequeumareduçãodossaláriosnominais,acompanhadadedemandaefetivaagregadaidenticaaníveisanteriores,éseguidaporumaumentodeemprego;masaquestãoquesepropõeéjustamentesaberseossaláriosnominaisreduzidosserãoounãoacompanhadosporumademandaagregadaefetivaque,medidaem dinheiro, seja igual à demanda anterior, ou pelomenos não tenhasofrido uma redução plenamente proporcional à dos salários nominais(isto é, que seja um tanto maior, quando medida em unidades desalários).”(Keynes,(1996[1936]),p.249)

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FlexibilidadedeSalários

• Aanálisedoefeitodaquedadesalárionominalsobreademandadependedo impacto sobreosdeterminantesdademanda:propensãoa consumir,eficiênciamarginaldocapitaletaxadejuros.

• Seosdeterminantespermanecereminalterados,aelevaçãodoempregoeprodução como resultado da queda de salários irá gerar perdas aoempresário,quenãoconseguirávendertodaaofertaadicionaldebenseserviços.

“Demonstramos que o nível de emprego depende unicamente do dademanda efetiva medida em unidades de salários, e que sendo esta asomadoconsumoprováveledoinvestimentoprovável,nãopodevariarseapropensãoaconsumir,acurvadaeficienciamarginaldocapitaleataxa de juros permanecem constantes. Se, na ausencia de qualquermodificação nestes elementos, os empresários aumentassem o volumede emprego, seus rendimentos seriam necessariamente inferiores aoprecodaoferta.”(Keynes,(1996[1936]),p.249-50)

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FlexibilidadedeSalários

• A perda decorre do fato de a elevação de produção gerar elevação dademandaapenaspelaelevaçãodoconsumoinduzido,quenãoécapazderealizar toda a oferta adicional, uma vez que a propensão marginal aconsumirémenordoqueaunidade.

• Paraquese justifiqueumaelevaçãodaprodução,serianecessárioqueoinvestimento aumentasse, cobrindo a diferença entre o novo nível deofertaeoconsumo.

• Portanto, para que a elevação da produção, frente à queda dos saláriosnominais,sejasustentável,éprecisohaverelevaçãodoinvestimento,quedependedarelaçãoentreaeficiênciamarginaldocapitaleataxadejuros.

“Somenteseapropensãomarginalaconsumirdacomunidadeforigualàunidade, de modo que não haja lacuna entre o incremento dosrendimentos e o incremento do consumo; ou então se houver umaumento no investimento que corresponda à lacuna existente entre oincrementoda rendaeo incrementodoconsumo,oque so aconteceráno caso de a curva das eficiencias marginais do capital ter aumentadorelasvamenteàtaxadejuros.”(Keynes,(1996[1936]),p.250)

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FlexibilidadedeSalários

• Demodogeral,os impactosdareduçãodesaláriossobreademanda,pormeiodevariações na propensão a consumir, eficiênciamarginal do capital e taxa de juros,seriam(considerandoeconomiafechada):o Redistribuiçãoderenda,comprovávelimpactonegativonaPMgC;

“Desse modo, a redução dos salários nominais não tenderá a aumentar oemprego durante muito tempo, a não ser pelas suas repercussões sobre apropensãodacomunidadeemconjuntoaconsumir,sobreacurvadaeficienciamarginal do capital ou sobre a taxa de juros. Não há outro método, paraanalisar as consequencias de tal redução, que o de acompanhar os seuspossíveisefeitossobreessestresfatores.Naprática,asrepercussõesmais importantessobreestes fatoresparecemserasseguintes:(1)Umareduçãodossaláriosnominaisdiminuira,emcertamedida,osprecos.Acarretará,portanto,certaredistribuiçãodarendareal(a)dosassalariadosparaoutrosfatoresqueentremnocustoprimáriomarginalecujaremuneraçãonãotenha sido reduzida, e (b) dos empresários para os rendeiros aos quais segarantiu certo rendimento fixo em termos monetários. (...) So podemosconjecturarsobrequalseraoresultado líquidodasomadestasconsiderações.Provavelmenteseramaisadversoquefavorável.”(Keynes,(1996[1936]),p.250-1)17/07/16 32

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FlexibilidadedeSalários

• Demodogeral,osimpactosdareduçãodesaláriossobreademanda,pormeiodevariaçõesnapropensãoaconsumir,eficiênciamarginaldocapitaletaxadejuros,seriam(considerandoeconomiafechada):o Redistribuiçãoderenda,comprovávelimpactonegativonaPMgC;o Possível piora na EMgK, se vier acompanhada de expectativa de

reduçõessubsequentesnossalários;

“(4) Se se espera que a baixa dos salários nominais seja uma reduçãorelativamenteaossaláriosnominaisnofuturo,amudancaserafavorávelao investimento, porque, como vimos antes, aumentará a eficienciamarginaldocapital,aomesmotempoque,pelamesmarazão,poderaserfavorável ao consumo. Se, por outro lado, a redução leva à expectasvaou, pelo menos, à séria possibilidade de uma baixa posterior, terajustamente o efeito contrário, pois diminuira a eficiencia marginal docapital e provocará o adiamento do investimento e do consumo.”(Keynes,(1996[1936]),p.251)

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FlexibilidadedeSalários

• Demodogeral,osimpactosdareduçãodesaláriossobreademanda,pormeio de variações na propensão a consumir, eficiência marginal docapitaletaxadejuros,seriam(considerandoeconomiafechada):o Redistribuiçãoderenda,comprovávelimpactonegativonaPMgC;o Possível piora na EMgK, se vier acompanhada de expectativa de

reduçõessubsequentesnossalários;o Elevaçãodosencaixesreaisereduçãodataxadejuros,favorávelao

investimento-“EfeitoKeynes”.

“(5) A reduçãoda folha de salário, acompanhadapor certa baixa. nosprecos e nos rendimentos monetários em geral, diminuira anecessidadede recursos líquidosparaopagamentode rendimentoseparaastransações;e,porconsequencia,farábaixarprotantoacurvadapreferenciapelaliquidezdacomunidadeemconjunto.Coeterisparibus,istoreduziráataxadejuroseserafavorávelaoinvestimento.”(Keynes,(1996[1936]),p.251-2)

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FlexibilidadedeSalários

• De modo geral, os impactos da redução de salários sobre a demanda, pormeiodevariaçõesnapropensãoaconsumir,eficiênciamarginaldocapitaletaxadejuros,seriam(considerandoeconomiafechada):o Redistribuiçãoderenda,comprovávelimpactonegativonaPMgC;o PossívelpioranaEMgK,sevieracompanhadadeexpectativadereduções

subsequentesnossalários;o Elevação dos encaixes reais e redução da taxa de juros, favorável ao

investimento-“EfeitoKeynes”.Ø Potencialmentereduzidopelaelevaçãodaincertezaedapreferência

pela liquidezqueacompanhao“descontentamentopopular”frenteàsreduçõesdossaláriosnominais.

“Alémdisso,sea reduçãodossaláriosdiminuiaconfiancanoplanopolíticopor causa do descontentamento popular, o aumento na preferencia pelaliquidez decorrente desta causa podera compensar a liberação de recursoslíquidos da circulação ativa. (...) De fato, ummovimentodos empregadorescom vista a uma redução dos salários nominais pela revisão dos contratosencontrará resistencia muito maior que a baixa gradual e automática dossalários reais como resultado da alta dos precos.” (Keynes, (1996[1936]),p.252)17/07/16 35

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FlexibilidadedeSalários

• Demodogeral,osimpactosdareduçãodesaláriossobreademanda,pormeio de variações na propensão a consumir, eficiência marginal docapitaletaxadejuros,seriam(considerandoeconomiafechada):o Redistribuiçãoderenda,comprovávelimpactonegativonaPMgC;o Possível piora na EMgK, se vier acompanhada de expectativa de

reduçõessubsequentesnossalários;o Elevaçãodosencaixesreaisereduçãodataxadejuros,favorávelao

investimento-“EfeitoKeynes”.Ø Potencialmente reduzido pela elevação da incerteza e da

preferênciapela liquidezqueacompanhao“descontentamentopopular”frenteàsreduçõesdossaláriosnominais.

o Elevaçãodopesodasdívidas.

“(7) Por outro lado, a influencia deprimente que exerce sobre osempresáriosaresponsabilidadecrescentedasdívidaspodeneutralizar,em parte, qualquer reação otimista proveniente da redução dossalários.”(Keynes,(1996[1936]),p.252)

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FlexibilidadedeSalários

• Aflexibilidadedepreçosesalários,cujoprincipalefeitopositivosobreademanda depende do impacto sobre a taxa de juros, funciona demaneiraanálogaàvariaçãodaofertademoedaeestásujeitaàsmesmaslimitações.

“As mesmas razões antes mencionadas, que limitam a eficácia dosaumentos na quansdade de dinheiro como meio de elevar oinvessmento à cifra ótima, aplicam-se,mutatismutandis, às reduçõesde salários. Assim como um acréscimo moderado na quantidade demoedapodeexercerumainfluenciainadequadasobreataxadejurosalongoprazo,umaumentoexcessivopodeneutralizar,pelosseusefeitosperturbadoressobreaconfianca,asoutrasvantagensqueapresenta;domesmo modo, uma redução moderada nos salários nominais poderevelar-se pouco eficaz, enquanto a redução exagerada, supondo quefosse exeqüível, poderia destruir a confianca.” (Keynes, (1996[1936]),p.252)

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CríticaaosClássicos

FlexibilidadedeSalários

• Nemaflexibilidadedesaláriosnemapolíticamonetáriaseriamcapazesdeassegurarofuncionamentodaeconomiaaplenoemprego.

“Nãohá,portanto,motivoparacrerqueumapolíticaflexíveldesaláriospossa manter um estado permanente de pleno emprego, nem comopensar que uma política monetária de mercado aberto possa atingir,sozinha,esteresultado.Taismeiosnãosãosuficientesparaconferiraosistemaeconomicoapropriedadedeseajustarporsimesmo.”(Keynes,(1996[1936]),p.254)

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