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Fichamento do livro de Bürdek. Bernhard E. História, teoria e prática do design de produtos/Bernhard E. Bürdek; tradução Freddy Van Camp. - São Paulo: Edgard Blücher. 2006. PREFÁCIO “O design vive desde o início dos anos 80 um verdadeiro Boom. Com o movimento iniciado ao final dos anos 70 dos pós- modernos, especialmente as atividades extensamente divulgadas pela imprensa do Grupo Memphis, que se formou em Milão ao final de 1980, pode-se dizer que iniciou o voo alto do design em âmbito mundial e que deverá continuar pelo século 21 adentro.” (Bürdek. Bernhard E.,2006,p 07). O livro aborda o desenvolvimento do design com base em movimentos históricos que contribuíram como alicerces para a consolidação dos conceitos que formam o design atual e estes, devem prosseguir sempre como as principais bases. DESIGN COMO CONCEITO “A diversidade de definições e de descrições não se valida por uma vontade dos pós-modernos, mas sim por um necessário e justificável pluralismo. Na virada do século 20 para o 21 sugeri que em vez de uma nova definição ou descrição do design fossem nomeados alguns problemas que o design deverá sempre atender (Bürdek. 1999).” (Bürdek. Bernhard E.,2006,p 16).

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Fichamento do livro de Bürdek. Bernhard E. História, teoria e

prática do design de produtos/Bernhard E. Bürdek; tradução Freddy Van

Camp. - São Paulo: Edgard Blücher. 2006.

PREFÁCIO

“O design vive desde o início dos anos 80 um verdadeiro Boom.

Com o movimento iniciado ao final dos anos 70 dos pós-

modernos, especialmente as atividades extensamente

divulgadas pela imprensa do Grupo Memphis, que se formou em

Milão ao final de 1980, pode-se dizer que iniciou o voo alto do

design em âmbito mundial e que deverá continuar pelo século 21

adentro.” (Bürdek. Bernhard E.,2006,p 07).

O livro aborda o desenvolvimento do design com base em movimentos

históricos que contribuíram como alicerces para a consolidação dos conceitos

que formam o design atual e estes, devem prosseguir sempre como as

principais bases.

DESIGN COMO CONCEITO

“A diversidade de definições e de descrições não se valida por

uma vontade dos pós-modernos, mas sim por um necessário e

justificável pluralismo. Na virada do século 20 para o 21 sugeri

que em vez de uma nova definição ou descrição do design

fossem nomeados alguns problemas que o design deverá

sempre atender (Bürdek. 1999).” (Bürdek. Bernhard E.,2006,p 16).

Nesta citação, Bürdek aborda o fato de que o design é amplo demais para

caber em uma simples definição como muitos autores tentaram “compactá-lo”.

Sua aplicação abrange não somente uma área específica de trabalho e

relações ou mesmo o produto final em si, mas uma série de fatores que se dão

desde o processo inicial de pesquisa, avaliação, criação e utilização.

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Por tanto, não devemos desconsiderar as teorias que descrevem o design, pois

cada uma define de sua forma as áreas que o caracterizam, porém, devemos

dar ênfase em sua aplicação prática, suas funcionalidades e finalidades dentro

de cada área. Devemos enxergar aspectos específicos que possam ser

aplicados para todas as áreas de atuação do design, como dito por Bürdek,

“problemas que o design deverá sempre atender”.

DESIGN E HISTÓRIA

UM OLHAR PARA TRÁS

O início do design.

“Wend Fischer (1971) viu aí a origem para uma configuração

mais razoável: " Na observação do século 19 pudemos

apreender algo sobre o nosso século. Nós nos reconhecemos

nos esforços da razão, ao opor à arbitrariedade do formalismo

histórico a implementação da idéia da configuração funcional, de

forma que o mundo das pessoas, suas cidades, casas,

ambientes, objetos tenham uma configuração característica, na

qual se permita reconhecer a vida em sua plenitude" (Bürdek

apud Wend Fischer 1971, p 21).

Neste capítulo, observamos uma pequena e clara explicação sobre o

desenvolvimento do design atual. O mesmo tem origem desde a

ancestralidade, onde se formaram os primeiros conceitos em relação à

aplicação prática das criações, ou seja, suas funcionalidades. Como um

exemplo de objeto de design de influência bastante forte, podemos citar todo o

setor mobiliário, ele é referenciado durante todo o desenvolvimento da história

como um dos principais objetos trabalhados pelos designers deste período.

Ainda dentro do conceito de desenvolvimento do design atual, iniciado somente

a partir da metade do século 19, durante a revolução industrial, encontramos

como característica contemporânea, a divisão do trabalho, onde as diferentes

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etapas entre projeção, execução e comercialização foram divididas em suas

respectivas áreas. Este fato, durante os anos 70, provocou uma movimentação

entre jovens designers que procuravam reestabelecer estes processos dados

ainda na Idade Média.

Nesta época, podemos citar também, o início dos processos de produção em

alta escala, graças ao avanço da tecnologia e aos novos métodos

automatizados, porém, sobre este avanço, encontramos o empobrecimento da

população, já que as técnicas de manufatura tornaram-se dispensáveis em

comparação as máquinas de fabricação.

Utilizando-se também deste motivo, o movimento revolucionário que buscava

unir novamente as técnicas de manufatura até a comercialização dos produtos,

afirmava que além de reestabelecer melhores condições e trabalhos ao povo, a

volta destes processos beneficiaria ainda a estética dos produtos, já que os

mesmos teriam perdido sua identidade, tornaram-se padronizados pela

produção automatizada das máquinas. Porém, esta revolução não obteve

sucesso, sendo findada em cerca da metade do século 19, um marco deste

período de início do novo design, é a produção de 400.000 máquinas Singer.

Após este período, as ideias revolucionárias já estavam completamente

perdidas, algo que levou á padronização dos produtos de design, era cada vez

mais valorizada a produção em si, do que a estética das produções. O conceito

de estética artesanal, manufatura, manteve-se pouco preservada e o design

estava mais voltado à população de maior poder aquisitivo.

Do Werkbund até a Bauhaus.

“Em 1907, foi fundado em Munique o Deutsche Werkbund (Liga

de Ofícios Alemã). Era uma associação de artistas, artesãos,

industriais e publicitários que queriam perseguir a meta de

melhorar e integrar o trabalho da arte, da indústria e do

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artesanato por meio da formação e do ensino.” (Bürdek.

Bernhard E.,2006,p 16).

Neste cenário, vemos a formação de um grupo de artistas que caminhavam por

dois principais ideais, um, visava a já citada produção industrial em massa, a

padronização dos produtos e a funcionalidade, do outro, encontrávamos um

movimento a favor do desenvolvimento individualista, utilizando as antigas

técnicas artesanais e a valorização da estética.

O setor habitacional e mobiliário eram os principais explorados nestes

movimentos, e levando em consideração o conceito de funcionalidade, as

produções buscavam atingir as massas dando-lhes acessibilidade ao consumo.

A BAUHAUS

“[...] na Bauhaus, a arte e a técnica deveriam tornar-se uma nova

e moderna unidade. A técnica não necessita da arte, mas a arte

necessita muito da técnica, era a frase-emblema. Se fossem

unidas , haveria uma noção de princípio

social: consolidar a arte no povo.” ( Bürdek. Bernhard E. ,2006,p

28).

A Bauhaus, Escola de Artes Aplicadas surgiu a partir de um seminário de artes

ministrado por Henry van de Velde, esta escola, conforme registros, permitia

aos sues alunos atuar em qualquer área de produção a partir de um curso

básico, padrão a todos, que serviria como base para o desenvolvimento,

aprimoramento e escolha da área de atuação.

O CURSO BÁSICO

“Este curso básico era o cerne de formação básica artístico-

politécnica na Bauhaus. Ele tinha, por um lado, a auto

experimentação e auto averiguação bem como aprovar a própria

capacidade dos alunos com o objetivo e seguia por outro a

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intercomunicação de conhecimentos básicos de configuração no

sentido de um aprendizado efetivo da matéria.” ( Bürdek.

Bernhard E. ,2006,p 29).

Este curso propiciava aos alunos um processo de aprendizado diferenciado,

onde os mesmos aprenderiam a partir de suas próprias buscas e

experimentações, sendo assim, uma metodologia ativa.

FASES DE DESENVOLVIMENTO

São elas 03 fases:

A fase da fundação 1919 -1923

“O principal elemento pedagógico era o já mencionado curso

básico. Após serem aprovados, os estudantes poderiam decidir-

se por oficinas/laboratórios especiais, como por exemplo,

Gráfica, Cerâmica, Metal, Pintura Mural, Pintura em Vidro,

Marcenaria, Oficina de Palco, Têxtil, Encadernação, Escultura em

Madeira.” ( Bürdek. Bernhard E. ,2006,p 29).

A fase da fundação, onde o principal fundamento era o curso básico já citado e

a partir dele os alunos poderiam escolher em que segmento iriam atuar.

A fase da consolidação 1923 – 1928

“A Bauhaus foi tornando-se mais e mais uma instituição de

ensino e de produção de protótipos industriais. Estes, se por um

lado, deveriam ser orientados para a realidade da produção

industrial, por outro eram dirigidos para atender as necessidades

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sociais de uma camada mais ampla da população”. (Bürdek.

Bernhard E. ,2006, p 31).

Nesta fase, além de solidificar-se como produtora em grande escala na área

industrial, o principal intuito da Bauhaus era de produzir objetos funcionais e

que atendessem ás necessidades utilitárias e financeiras de da população em

massa.

A fase da desintegração 1928 – 1933

“Meyer sempre defendeu veementemente um engajamento social

dos arquitetos e designers. O Designer deve servir ao povo, isto

é, satisfazer suas necessidades

elementares no âmbito da habitação com produtos adequados.

Com isto, o conceito inicial de uma escola superior de arte foi

definitivamente liquidado.” (Bürdek. Bernhard E. ,2006, p 33).

Após a nomeação de Hannes Mayer como diretor da Bauhaus, muitos dos

principais artistas que compunham o corpo docente deixaram a escola, já que a

principal ideia de design defendida por Mayer, era voltada somente à produção

de produtos na área de habitação, as criações deveriam ser somente para

atender às necessidades da população, com isto, o conceito de escola voltada

à artes havia se perdido.

Além disto, alguns conflitos políticos interferiram diretamente na continuação da

escola e a mesma se diluiu, tendo uma nova sede aberta em outra localidade.

METAS DA BAUHAUS

“A Bauhaus tinha em resumo duas metas centrais:

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-Por um lado deveria atingir, pela integração de todas as artes e

as manufaturas debaixo do primado da arquitetura, uma nova

síntese estética.

-Pelo outro deveria atingir, pela execução de produção estética,

as necessidades das camadas mais amplas da população,

obtendo uma síntese social.” (Bürdek. Bernhard E., 2006,p 33).

As metas carregadas como uma espécie de lema da Bauhaus, visavam não

somente produzir uma estética diferenciada em seus produtos, mas também,

procuravam alcançar à necessidade das massas com produtos funcionais e

acessíveis à todos. Além do mais, o trabalho tanto dos docentes quanto dos

estudantes, baseavam-se em suas vivências e troca de experiências, o que

lhes permitiam levar um estilo de vida parecido constituindo relações

construtivas.

CONSEQUÊNCIAS PRODUTO-CULTURAIS DA BAUHAUS

"Um objeto é determinado pela sua 'essência'. Para ser projetado

de forma que funcione corretamente - um vaso, uma cadeira,

uma casa – sua essência precisa ser pesquisada; pois ele

necessita cumprir corretamente sua finalidade, preencher suas

funções práticas, ser durável, barato e bonito." (Bürdek Apud

Eckstein, 1985, p 37).

A Bauhaus se utilizava do conceito acima citado em suas criações. Para se

projetar algo, é necessário que se pesquise a respeito dele, e o produza de

forma a cumprir seu papel como produto de design funcional, de qualidade e

atraente ao público que pretende atingir.

O PARTICULAR SIGNIFICADO DA BAUHAUS PARA O DESIGN DE MOBILIÁRIO

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“Com uma ruptura radical com o século 19, onde se valorizava a decoração e a

pelúcia nas casas burguesas, se dirigiam agora os designers para as questões

tecnológicas.” (Bürdek. Bernhard E., 2006,p 38).

O design mobiliário neste momento na Bauhaus, passou a desvencilhar das

antigas produções, o “padrão” mobiliário antes utilizado, passou a dar espaço a

novas criações que buscavam otimizar as funções dos produtos, explorando

todo o utilitário em vez de somente a estética, ou seja, as facilidades

proporcionadas pela tecnologia estariam passando a despertar um maior

interesse.

AS CONSEQÜÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA BAUHAUS

“A emigração política dos estudantes e docentes da Bauhaus conduziu a um

desenvolvimento de pesquisa, ensino e prática deste conceito inovador pelo

mundo afora.” (Bürdek. Bernhard E., 2006,p 38).

Neste cenário, vários designers influentes da Bauhaus passam a difundir suas

experiências em novas escolas de arte, universidades, institutos de tecnologia,

entre outros, podemos citar, por exemplo, Water Gropius, que foi nomeado

como diretor do Departamento de Arquitetura da Harvard.

A HOCHSCHULE FÜR GESTALTUNG (ESCOLA SUPERIOR DA FORMA) DE ULM.

“Como mais importante iniciativa depois da Segunda Guerra

Mundial, temos a Hochschule für Gestaltung em Ulm. Assim

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como a Bauhaus nos anos 20 influenciou fortemente a

arquitetura, a configuração e a arte, a HfG influenciou a teoria, a

prática e o ensino do design, assim como a comunicação visual

de diversas formas, o que torna a direta comparação entre estas

duas instituições muito legítima.” (Bürdek. Bernhard E., 2006,p

41).

Do mesmo modo da Bauhaus, a HfG foi de grande influência no desenvolvimento do design, inclusive, alunos e professores que fizeram parte da Bauhaus estiveram presentes na história da HfG.

Esta escola pode ser citada quase como uma continuação da Bauhaus, a relação entre ambas explicita-se ainda mais após o discurso de um dos mais influentes nomes da Bauhaus, Gropius, onde o mesmo, conforme Bürdek (2006), “defendia um racionalismo unilateral”, sua principal ideia era de que um produto de design deveria atender não só as necessidades funcionais, mas também estéticas que procurassem satisfazer seu público alvo. Para isto, seria preciso que uma escola de arte ensinasse não somente a prática ou a teoria, mas estimulasse os sentidos psíquicos do designer nesta satisfação ao desejo do consumista.

A HfG, foi ainda alvo de muitos estudos, diversas obras literárias foram criadas a cerca de sua institucionalização e exposições catalogaram um pouco sobre sua história.

AS SEIS FASES DO DESENVOLVIMENTO

1947-1953

“Em memória de seus irmãos Hans e Sophie Scholl, executados

pelos nazistas, lnge Scholl iniciou uma fundação que tinha como

meta construir uma escola que unisse saber profissional,

configuração cultural e responsabilidade política.” (Bürdek.

Bernhard E., 2006,p 41).

Neste período, uma famosa escritora alemã cria uma instituição que visa a construção de uma escola de artes e pesquisas em homenagem a seus irmãos assassinados pelos movimentos nazistas, esta instituição previa os recursos para manter a HfG juntamente com o governo.

1953-1956

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"A meta é clara: a tarefa da escola é direcionada para contribuir à

construção de uma nova cultura com o objetivo de conseguir

formas de vida adequadas ao desenvolvimento técnico de nossa

época ( ... )A cultura atual está tão abalada, como se tivéssemos

que começar a construir no topo da pirâmide. Precisamos

começar por baixo, precisamos rever as fundações"( Bürdek

apud Spitz, 2001, p 45 ).

Neste período, a UfG inicia seu processo de ensino. O mesmo seria baseado nos princípios da Bauhaus, até mesmo os professores teriam feito parte da antiga escola de arte.

Mais adiante, uma nova sede da UfG teria sido inaugurada e Max Bill marcou sua abertura com um discurso que previa um novo recomeço na escola de artes, uma espécie de “revisão” nos conceitos anteriores para reconstrução de novas características culturais.

1956 - 1958

“Esta fase foi caracterizada pela introdução de novas disciplinas científicas no

currículo.” (Bürdek. Bernhard E., 2006,p 45).

Esta fase corresponde á tentativa de implantação de uma nova forma de

trabalho, porém, a mesma não agradou a muitos, já que até mesmo Bill, que se

mostrava tão otimista com as possíveis mudanças na UfG deixou a escola

afirmando não concordar com seus conceitos exercidos.

1958 – 1962

“Disciplinas como Ergonomia, Técnicas Matemáticas, Economia,

Física. Ciência Política, Psicologia, Semiótica, Sociologia, Teoria

da Ciência e outras passam a ter maior importância no currículo.

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A HfG Ulm estava desta maneira claramente comprometida com

a tradição do racionalismo alemão que procurava, especialmente

com a adoção de métodos matemáticos, demonstrar "rigor

científico”. (Bürdek. Bernhard E., 2006,p 46).

Nesta fase, a UfG implementa algumas disciplinas de fundamento matemático buscando enriquecer a grade curricular de seu curso. A partir deste momento, como afirmado por Bürdek (2006) , “Um peso especial era dado ao desenvolvimento de metodologia do design. A modularidade e o design de sistemas tomaram a frente nos projetos de design.”

1962 - 1966

“Nesta fase, foi dado peso igual à teoria e à prática nas

disciplinas do currículo. A prática de ensino passou a ser

altamente formalizada e com isto passou a ser um modelo de

referência para um sem número de escolas de design pelo

mundo.” (Bürdek. Bernhard E., 2006,p 46).

As disciplinas implementadas anteriormente, a união das temáticas teóricas, e

a forma como o design passava a ser “executado” pela Ufg, atraíram a atenção

e passaram a ser referencia das demais escolas de arte da época, a indústria

também percebeu este potencial, afinal, a metodologia da UfG realmente

funcionava associada às tecnologias do período. Com isto, o conceito inicial de

escola fundamentada em pesquisas acabou se perdendo e o auxílio com

recursos financeiros do Governo, também.

1967 - 1968

A procura em se conseguir garantir a autonomia para a escola

impediu nestes anos a procura de uma nova orientação

institucional ou de conteúdo, que não tinha mais como ser

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implementada. Como as exigências do Parlamento de Baden

Württemberg para um novo conceito, por motivo de

desentendimentos entre os membros da escola, não foram

preenchidas, d ecidiu a Hfg Ulm, ao final de 1968,

encerrar suas atividades (Bürdek apud Spitz, 2001, p 47 ).

Esta fase marca o fim da HOCHSCHULE FÜR GESTALTUNG, sem os recursos do governo para alicerçá-los, por conflitos dentro do parlamento e totalmente voltados para a produção comercial, a implementação de novos projetos, atualização dos conceitos, adaptação aos períodos e tudo mais que seria necessário para continuar mantendo a escola foi esquecido. A UfG adotou uma característica comercial esteve mais preocupada com a produção e o desenvolvimento para indústria e com isto, acabou deixando as principais características que formariam uma escola de arte, motivos diretos para o fechamento da escola.

O Institut für Umweltplanung (I U P) (Instituto para Planejamento Ambiental)

“No prédio da HfG Ulm, a partir de 1969 funcionou um Instituto

para Planejamento Ambiental da Universidade de Stuttgart, que

por um lado deveria dar continuidade à HfG, mas por outro

deveria se liberar do limitado conceito de projeto.” (Bürdek.

Bernhard E., 2006, p 47).

Este Instituto foi construído no mesmo prédio onde funcionou a HfG, seu intuito era dar continuidade ao trabalho da escola de artes, porém, com uma abrangência e autonomia maiores. Porém, esta concepção não se solidificou, já que o IUP continuava extremamente associado à Universidade de Stuttgart e mais uma vez, chegamos ao fim também desta instituição.

OS DEPARTAMENTOS DA HFG ULM

O curso básico.

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“A verdadeira intenção do curso básico da Ulm se justificava, entretanto, para,

por meio do treinamento manual preciso dos alunos, obter um disciplinamento

intelectual.” (Bürdek. Bernhard E., 2006, p 49).

O curso básico da HfG inicialmente aproximava-se bastante ao da Bauhaus já

que o princípio inicial era dar as bases mínimas necessárias ao

desenvolvimento do aluno no curso. Porém, neste caso, eram abordadas

também teorias específicas, experimentações e resolução de problemas de

cunho de matemático. Para os estudantes, estas disciplinas eram abordadas

como forma de problemas aos quais os alunos deveriam solucionar como

forma de preparação para futuros problemas em suas áreas práticas.

Construção

“No campo da arquitetura, o ponto forte que dominava as

atenções era a construção pré-fabricada. Construção de

elementos, técnicas de união, organização da construção e

ordem modular eram os principais assuntos abordados.”

(Bürdek. Bernhard E., 2006, p 49).

Neste âmbito, o principal projeto da HfG era de efetuar a construção de

quarteirões de casas para a população levando em conta o conceito adotado

na época pelas construtoras de como citado por Bürdek (2006), “construção

pré-fabricada”.

Filme

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“O conteúdo dos cursos visava a transmissão da capacidade e

desenvolvimentos das novas formas experimentais de se fazer filmes.” (Bürdek.

Bernhard E., 2006, p 50).

Esta era mais uma metodologia utilizada pela UfG, conforme citado

acima, de novos métodos para realização de filmes, este departamento

conquistou independência formando o Instituto de Design de Filmes.

Design de Produtos

“Os temas dos projetos se direcionavam menos a produtos

isolados e muito mais a questões de sistemas de produtos, pelos

quais os aspectos da identidade corporativa (design corporativo)

de uma empresa, por exemplo, poderiam ser alcançados.

Aparelhos, máquinas e instrumentos eram as áreas de produtos

principais.” (Bürdek. Bernhard E., 2006, p 50).

Os objetos desenvolvidos neste Departamento visavam o atendimento às necessidades da indústria, como maquinário e aparelhagem para desenvolvimento em massa. Neste sentido, eram valorizadas também, toda a metodologia de produção, forma de criação, funcionalidade, nível de tecnologia, entre outros.

Programação visual

“Tipografia, fotografia, embalagem, sistemas de exposições até a comunicação

técnica, configuração de dispositivos publicitários e sistemas de sinais faziam

parte da gama de projetos.”(Bürdek. Bernhard E., 2006, p 50).

Esta área estudava e determinava as formas de divulgação dos produtos confeccionados.

EFEITOS PEDAGÓGICOS DA HFG ULM

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“De todos os campos, ó da metodologia do design, sem a HfG

Ulm, não seria imaginável. O pensamento sistemático sobre a

problematização, os métodos de análise e síntese, a justificativa

e a escolha das alternativas de projeto- tudo isto junto, hoje em

dia, se tornou repertório da profissão de design. A HfG Ulm foi a

primeira escola de design que se organizou conscientemente na

tradição histórico-intelectual dos modernos.” (Bürdek. Bernhard

E., 2006, p 51).

Quanto aos efeitos pedagógicos deixados pela da UfG, podemos falar a respeito, por exemplo, como citado acima, da implantação de uma metodologia do design. Hoje em dia, seguimos conceitos atualizados e cada vez mais estes são aprimorados acompanhando a evolução natural, porém, mesmo os conceitos atuais têm como principais alicerces as metodologias de estudo desenvolvidas ainda na época da HfG.

Ainda hoje, a influência dessa escola é diretamente perceptível, tanto em seu auge em que um aluno que tivesse um diploma da HfG com certeza estaria empregado, atualmente, ainda identificamos a presença destes em instituições de ensino, como parte de projetos e empresas ligadas ao design.

CONSEQÜÊNCIAS PRODUTO-CULTURAIS DA HFG ULM

“Os princípios de design de Ulm foram trabalhados, nos anos 60,

pelos Irmãos Braun e de forma exemplar aplicados em um

contexto industrial. Desta forma, passou a firma Braun a ser o

centro de um movimento de "boa forma" que atraiu a atenção

mundial. Isto traduzia, de um lado, os modos de produção

industrial de forma idealizada e, de outro, sua aplicação em bens

de consumo e produção os fez serem aceitos rapidamente.”

(Bürdek. Bernhard E., 2006, p 55).

Neste âmbito, tratamos especificamente do design através do desenvolvimento de produtos funcionais especialmente voltados à produção em massa para a indústria. A HfG incentivou de forma calorosa esta produção e a mesma foi adotada com êxito pelos adeptos da mesma.

O EXEMPLO DA BRAUN

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“A ininterrupta tradição do moderno determina até hoje a política empresarial e

de design da empresa. A Braun valia por décadas a fio como exemplo para as

outras empresas - e não apenas na Alemanha.” (Bürdek. Bernhard E., 2006, p 55).

A B. Braun, como empresa representante de produtos diretamente associados à tecnologia, por tanto, nada mais do que extremamente dependente daquilo que é moderno, é um dos principais exemplos a se citar como incentivadora e consumidora na área do design.

OS INÍCIOS

“Em 1 956, recebeu sua primeira encomenda com designer de

produtos. Nesta época e em colaboração com Hans Gugelot e

Herbert Hirche, foram estabelecidos os primeiros e mais

importantes fundamentos da imagem corporativa da Braun.”

(Bürdek. Bernhard E., 2006, p 55).

A Braun se reconstruiu após a Segunda Guerra Mundial, Sr. Braun, juntamente com seus filhos produziam os mais diversos produtos, desde barbeadores elétricos, aparelhos de rádio, entre outros. A parceria junto à HfG iniciou-se através da iniciativa de um dos responsáveis por design na empresa em procurar à escola em busca da produção de uma nova linha de produtos.

OS PRINCÍPIOS

“No exemplo da firma Braun, fica evidente que foi estabelecida

uma imagem corporativa da empresa, por meio de uma unidade

do conceito tecnológico, de um design de produtos controlado e

de uma forte organização dos meios de comunicação (papéis de

carta, prospectos, catálogos) que no seu resultado é exemplar.

Uma coordenação deste tipo, que se compõe de todas as regras

de configuração, determinou a identidade corporativa da

empresa, de uma forma única e sem igual”. (Bürdek. Bernhard E.,

2006, p 57).

Os princípios neste caso, correspondem ao funcionalismo dos produtos comercializados pela Braun. Suas características, estética detalhista e tecnologia acabam por definir a imagem da empresa. Seus produtos são diretamente associados às suas qualidades como instituição, unidas aos meios de divulgação, terminam por definir “a identidade corporativa da empresa” conforme Bürdek (2006).

A BRAUN DEPOIS DE DIETER RAMS

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“Com a saída de Dieter Rams, um dos mais perseverantes

protagonistas do funcionalismo alemão, da posição de chefe do

departamento de design em 1997, estava encerrada esta rígida e

determinante influência sobre o design de produtos da Braun.”

(Bürdek. Bernhard E., 2006, p 57).

Além do surgimento de novas empresas com produtos ainda mais modernos que inundaram o mercado, a saída do principal designer que teria feito parte do desenvolvimento das características e por tanto, da identidade da Braun, contribuiu para a perda de espaço da marca que já não era mais única neste âmbito.

DA BOA FORMA À ARTE DO DESIGN COMO TUDO COMEÇOU COM SULLIVAN

"Cada coisa na natureza tem sua configuração, quer d izer uma forma, uma

aparência externa, pela qual nós sabemos o que significa, e o que a diferencia de

nós mesmos e de todas as outras coisas." (Bürdek apud Sullivan, 1896, p 59).

O pensamento acima de Louis H. Sullivan buscava uma reflexão direta acerca das características visuais dos objetos, no entanto, este pensamento foi entendido de outra forma, como o se o mesmo estivesse se referindo as funções dos objetos, suas utilidades e não simplesmente às suas características visuais.

Este “mal-entendido”, como dito por Bürdek, deu origem ao movimento da Boa Forma, que difundiu o conceito de utilitarismo, de produção em massa com a finalidade industrial, temas mais tarde abordados e adotados pelas escolas Bauhaus e UfG Ulm.