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18-08-2011

Revista de Imprensa

18-08-2011

1. (PT) - Público, 18/08/2011, Ministro da Saúde não especificou cortes anunciados por Passos Coelho no

Pontal

1

2. (PT) - Diário de Notícias, 18/08/2011, Cortes na saúde vão passar pelos serviços privados 3

3. (PT) - Jornal de Negócios, 18/08/2011, Actuais PPP na Saúde vão ser reavaliadas 4

4. (PT) - Visão, 18/08/2011, «Não tinha, nem tenho, qualquer ambição política» - Entrevista a Paulo Moita

de Macedo

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5. (PT) - Jornal de Notícias, 18/08/2011, Centros de saúde perdem radiologia 15

6. (PT) - Correio da Manhã, 18/08/2011, Chumbo para base de dados 16

7. (PT) - Diário de Notícias, 18/08/2011, Médicos forçados a passar atestados para cartas 17

8. (PT) - Jornal de Notícias, 18/08/2011, Há quase 300 indiferenciados portugueses a dar consultas 18

9. (PT) - Jornal de Notícias, 18/08/2011, Médico sem internato ganha mais do que recém-especialista 20

10. (PT) - Diário Económico, 18/08/2011, A Saúde é um sector muito sujeito à pressão política - Entrevista a

Isabel Vaz

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11. (PT) - Diário de Notícias, 18/08/2011, Infarmed desaconselha cigarros electrónicos 26

12. (PT) - Público, 18/08/2011, Descobertos 17 novos anticorpos contra o VIH que podem ajudar a

desenvolver uma vacina contra a sida

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País: Portugal

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Âmbito: Informação Geral

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superiores a 900 milhões de euros, em 2012 e 2103 (no ano passado, a despesa global com fármacos rondou os 2,7 mil milhões de euros). Ontem, Paulo Macedo destacou, a este nível, a aposta nos genéricos e a venda de

medicamentos em unidose (até agora sem adesão das farmácias).

Horas extraordináriasRelativamente a outras medidas de poupança, nas convenções entre o SNS e privados, a redução aconse-lhada pela troika é de 10 por cento já até ao fi nal deste ano e mais 10 por cento em 2012. Nos hospitais preco-nizam-se cortes de 200 milhões de euros nos custos operacionais este

Ministro da Saúde não especificou cortes anunciados por Passos Coelho no Pontal

Alexandra Campos

a O ministro da Saúde, Paulo Mace-do, adiantou ontem algumas ideias genéricas sobre os cortes que vai ser obrigado a concretizar em breve, mas mais uma vez sem especifi car as me-didas que está a preparar e sem anun-ciar datas.

Questionado pelos jornalistas a propósito dos cortes de “10 a 15 por cento” na área da saúde anunciados pelo primeiro-ministro no fi m-de-semana passado, na festa do Pontal, Paulo Macedo limitou-se a adiantar que as medidas serão defi nidas quan-do o Orçamento do Estado do pró-ximo ano for aprovado e postas em

prática por diversas vias, não afec-tando só os cidadãos. “Desde logo, através do medicamento, através da redução de pagamento a prestadores privados, da redução de horas extra-ordinárias nos próprios prestadores de saúde, e também aos próprios convencionados, quer se trate de imagem, de hemodiálise ou análises clínicas”, afi rmou, citado pela Lusa.

Durante uma visita ao Hospital Amadora-Sintra, o primeiro em Por-tugal a ser gerido por privados (mas que há dois anos voltou para a esfera pública), Paulo Macedo precisou tam-bém que as parcerias público-privadas (PPP) na saúde vão ser reavaliadas e não se avançará com novas, para já.

Uma medida que está prevista no memorando de entendimento assina-do entre o anterior Governo e a troika, que, aliás, apresenta recomendações bem concretas e com um calendário perfeitamente defi nido para o sector da saúde. Na área do medicamento, por exemplo, estão previstos cortes

Paulo Macedo adianta apenas que as medidas vão ser definidas quando o Orçamento do Estado de 2012 for aprovado

ano e no próximo. Também as horas extraordinárias (custos superiores a 300 milhões de euros em 2010) de-verão sofrer desbastes sucessivos de 10 por cento em 2012 e mais 10 por cento em 2013.

Segundo a Lusa, os cortes no sector passarão ainda pela reformulação dos horários das urgências. A assessora de imprensa do ministro não confi r-mou, porém, que o ministro tenha anunciado tal medida (os serviços de urgência funcionam 24 horas por dia). O que Paulo Macedo já admitiu foi a possibilidade de encerrar algu-mas urgências, após a defi nição da nova carta hospitalar. Ontem à tarde, o ministro reuniu-se com represen-tantes de alguns hospitais. A primeira medida que anunciou, aliás, foi a de que os hospitais e centros de saúde passem a disponibilizar mensalmen-te informação de gestão sobre o seu desempenho, por exemplo as taxas de reinternamento ou o rácio entre consultas e urgências. com Lusa

Segundo a Lusa, Paulo Macedo pretende reformular os horários das urgências. O ministério não confirma

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SaúdeMinistro anuncia cortes mas não concretiza medidas Pág. 6

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Rui Pedro [email protected]

Isabel Vaz é presidente da comis-são executiva da Espírito SantoSaúde. A engenheira é, aos 45anos, um nome incontornável nosector da Saúde emPortugal e as-sume as suas responsabilidades.“Nós que estamos à frente dasempresas, temos mais responsa-bilidades e obrigações para ajudaro país a sair da crise”, disse ementrevista ao programa “Conver-sas comVida”doEtv. IsabelVaz–a primeira escolha de Pedro Pas-sos Coelho para ministra da Saú-de, convite que declinou – reco-nhece que o sector da Saúde é al-tamente politizado, mas isso nãodeve impedir a evoluçãodo actualmodelo de financiamento, sobpenade“nãoseconseguirmantera saúdepara todos”.

Qual é, actualmente, omaior de-safio que sente todos os dias,quando acorda e sabe que tem degerir esta equipa?Nomomento que o país atravessasinto que,mais do que nunca, te-mos que serrar os dentes e dar onosso contributo. O meu pai en-sinou-me, demuito pequenina, aparábola bíblica dos talentos:Deus deu mais talentos a uns emenos talentos a outros, mas de-pois exige de acordo como talen-to que deu. Nós que estamos àfrente das empresas, temos maisresponsabilidades e obrigaçõespara ajudar o país a sair da criseem que estamos metidos do queos outros, não é? Temos de serproactivos na forma como pode-mos ajudar o país a sair deste en-torno financeiro e económico,obviamente, não só em Portugalcomo em toda a Europa e até,quiçá, no mundo. Ou seja, nãoestarmos à espera que o Estadonos resolva todos os nossos pro-blemas. Isso é o que me move.Tenho a certeza que semantiver-mosamesmaestratégiade traba-lho, de rigor, de disciplina, va-mosvencer.Como faz o ‘trade off’ entre in-vestir mais em tecnologia, que écara, rentabilizar os equipamen-tos, darmais formação, e utilizarmais horasdosmédicos?Essa é apiadado sector.É a pergunta domilhão de dóla-res.

Costumamos dizer que quem vempara este sector fica cá com o bi-chinho e nunca mais conseguegostar de mais nada. O sector daSaúde tem desafios pela frente napróxima década, absolutamenteciclópicos e magníficos também.As despesas com a Saúde crescemanualmente devido à evoluçãotecnológica,aoenvelhecimentoeàriqueza. Portanto, quanto maisrico é um país mais cresce pelaadição dos principais factores. Aevoluçãotecnológicaéresponsávelpor45%docrescimentodadespe-sa,menosdoqueoenvelhecimen-to. Temos de, sistematicamente,adaptar-nos àquilo que vai acon-tecer e gerir muito bem, do pontode vista da tecnologia, aquilo queefectivamente traz valor ou nãopara o doente. É uma gestão quetem de ser muito rigorosa e é tre-mendamentecomplexa.Sob pena de não haver cuidadosde saúdepara todos?Temos de actuar comgrande res-ponsabilidade pela sustentabili-dade futura domodelo social eu-ropeu que, no fundo, diz que to-das as pessoas têm acesso aoscuidados de saúde fundamentais,independentemente da sua ri-queza. E isso, mais uma vez, im-plica que, operadores públicos,privadose sociais, temosque ter aresponsabilidade social da efi-ciência. De não gastarmos e denão desperdiçarmos porque, odesperdício aqui significa quenão haverá dinheiro para trataralguém. Isto não é amesma coisaque não ter um iPod ou não terum iPad ou não ter mais um parde calças. E quem não tiver istoclaro é porque não tem uma es-tratégia de longoprazo.AEspírito Santo Saúde tem?Temos uma estratégia de longoprazo. Esse é para mim o maiordos desafios do sector. Gerirmuito bem este equilíbrio de nãocomprometer a sustentabilidadedos financiadores, de quem pagaa saúde comorçamentos cadavezmais restritos, mais pressiona-dos.Gerir bemesse equilíbrio sobpena de que poderá não haversaúde para todos daqui a unsanos. E não estou só a falar dePortugal, estou a falar a nívelmundial. E isso é uma coisa queme pesa, pensar que não vamosconseguir manter a saúde paratodos.

Que mexe consigo no dia-a-dia.Mexe, mexe. E mexe porque já vimiséria. E já vi o que era as pes-soasnão terem.Preocupa-a o facto de haver pes-soas que não têmumbom segurode saúde em Portugal ou que nãotêmdinheiro para pagar umhos-pital privado?Essa pergunta é política. Não, amim o que me preocupa é quePortugal ainda não tenha encon-trado, nesta alturado campeona-to, um modelo de cuidados desaúde coerente que, efectiva-mente promova a equidade e oacesso universal. Estamos a viverainda, num modelo que fez todoo sentido há 37 anos, quando foicriado, mas que hoje, por via daevolução, vai ter de ser outro.As-susta-meumbocadinhoe, lá estáo fundamentalismo, os dogmase, aspessoasnão teremcapacida-de de evoluir para modelos quepermitam que todas as pessoastenham acesso aomesmo tipo decuidados. E hoje isso não aconte-ce emPortugal.Comose inverte a situação?Não é fácil. É uma evolução quevários países daEuropa estão a fa-zer.Aindanãochegoucá.Aqui, talcomo em todos os países da Euro-pa, são sectores muito sujeitos àpressão política, mas não tenhodúvidas que vamos ter de evoluirparaummodelode financiamentomuitomais coerentedoque aque-leque temoshoje–emqueaspes-soas têm liberdade de escolha so-bre o seu médico e o sítio ondequerem ser tratados, de forma di-ferente que as pessoas que nãotêm. Isso vai ter de ser alteradoquerqueiramosquernão.Masen-quanto a discussão formuito fun-damentalista, muito politizada e,muito emocional não permite verosnovosventos emodelosquees-tão a acontecer por essa Europafora.Vamoschegarmais tarde.Éesse oproblema?O problema de Portugal é esse,nunca antecipamos nada, copia-mos dez anos ou 15 anos depoisaquilo que os outros já antecipa-ramvinte anos antes. Por issonãosomos líderes de coisa nenhuma.Na saúde, comoemmuitosoutrossectores, é uma pena, é o nossofado mas cabe--nos a nós, também, que somosactores do sector, tentar lutarcontra isso.■

“A Saúde é um sectormuito sujeitoà pressão política”Isabel Vaz defende a necessidade de evolução do modelo de financiamentoda Saúde em Portugal, para promover a equidade e o acesso universal.

“O desperdício naSaúde significa quenão haverá dinheiropara tratar alguém.

Não é amesma coisanão ter um iPod ounão ter um iPadou não termaisumpar de calças.

Pesa-me pensarque não vamosconseguirmantera saúde para todos.

Vamos ter de evoluirpara ummodelo definanciamentomuitomais coerente do queaquele que temos hoje.

ENTREVISTA ISABEL VAZ

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Tiragem: 19667

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Corte: 2 de 5ID: 37035629 18-08-2011

“Há hospitais quevão ter de fechar”A reorganização da actual redede hospitais é um imperativo, dizIsabel Vaz.

Quatro maternidades a dez mi-nutos de distância, três centrosde cirurgia cardíaca pediátricaem Lisboa. Estes são apenas al-guns dos exemplos dos excessosde concentração de unidadeshospitalares que existem nasgrandes zonas urbanas aponta-dos por Isabel Vaz. A engenheira,que não aceitou o convite do ac-tual Governo para ministra daSaúde, defende que é necessáriofecharhospitais emPortugal.

É difícil contratar médicos emPortugal?Paramimnão.Porque paga melhor ou oferecemelhores condições?Porque lhes oferecemos um pro-jecto eumaestratégia clara.Porque ficou o mercado tão des-regulado entre oferta e procura,nos últimos anos? Sentimos cla-ramente que há falta demédicos.Há falta de médicos em algunssectores.Mas não sei se é verdadeque haja falta de médicos. Háuma enorme desorganização daoferta hospitalar, sobretudo pú-blica. E isso faz com que depoisnão hajammédicos para todas asnecessidades, porqueháduplica-ção e triplicação de estruturasque fazem com que depois, deforma artificial, haja falta demé-dicos, sobretudo nas grandes zo-nas urbanas, Porto, Lisboa eCoimbra. Portanto, não acho queissoverdade.Há falta demédicosde família...Pode haver ali e aqui falta demé-dicos de medicina geral e fami-liar,mas não é verdade o que estáa dizer. Falta organização à ofer-ta. Há hospitais que vão ter quefechar e que fazem todo o sentidoque fechem. Não faz sentido, emLisboa, existirem quatro mater-nidades a dez minutos umas dasoutras, em lado nenhum domundo, muito menos num paíspobre. Como não faz sentido ha-ver não sei quantos centros de ci-rurgia cardíaca pediátrica emLisboa, de momento que me es-teja a lembrar, há três quando sódeveria haver um. Obviamentequedepois nãohámédicos.O facto de haver três centros, emvez de um, não permite ganharescala?É umaquestão de qualidade. Por-que, a nível dos cuidados alta-mente diferenciados, deve-secentralizar para que os médicosque trabalham nesses centros te-nham mais casos para ver. Ouseja, em saúde, volume está di-rectamente ligado a qualidade. Éumimperativoa reorganizaçãodarede actual que temos. E quandose fizer essa reorganização vai verquenãovão faltarmédicos.

Masédifícil recrutarmédicos?Penso que não, sobretudo quan-do se tem um projecto claro. Ageração mais nova de médicos émuito crítica, já viu outros para-digmas lá fora: fizeram Erasmus,ou fizeram ‘fellowships’, portan-to já viramoutras coisas a funcio-nar e querem perceber qual é aestratégia do hospital para o seupróprio desenvolvimento. Hoje aestratégia de ‘governance clinic’de um hospital é fundamentalpara se perceber o que esse hos-pital vai serno futuro.QuenãoexistenoSNS?Esse éopassoque, paramim, fal-ta dar no sector público comoeles estão inseridos no ServiçoNacional de Saúde, onde aprocu-ra é garantida e é definida poruma entidade central. No fundoachamque jánão têmdepensar oque vai ser o seu hospital ou pro-por coisas diferentes. Falta aquiuma reviravolta, um choque decompetitividade. Se quiser, umchoque de criatividade para queos hospitais se reorganizem econsigam ser bons para os médi-cos. A vantagem no Hospital daLuz éque temos isso clarodesdeoinício. Oferecemos projectos clí-nicos aos médicos, desenvolvi-mento das áreas em que eles sequerem desenvolver. E, quandoisso faz todo o sentido, pode ter acerteza que é esse oprincipal fac-tor que leva um médico a mudardehospital.Masodinheiro tambémé impor-tante.Obviamente, como para todosnós. Os médicos também têm fi-lhos, mulher ou marido, pai emãe, casas para comprar,melhoreducaçãoparadar aos filhos. Paramim é extraordinariamenteofensivoque sediga queosmédi-cos vêm para a privada só porquequerem ganhar dinheiro, porquese trata de uma classe que é pro-tagonista de feitos extraordiná-rios no desenvolvimento destepaís e que dá cartas em qualquerpartedomundo.■R.P.B.

“Há uma enormedesorganizaçãoda oferta hospitalar,sobretudo pública.

Falta um choque decriatividade para queos hospitais sereorganizem econsigam ser bonspara os médicos.

PONTOS-CHAVE “O maior desafio na Saúdeé gerir o equilíbrio

de não comprometer asustentabilidade sob pena deque poderá não haver saúdepara todos daqui a uns anos.”

“Para mim é extraordinaria-mente ofensivo que se diga que

os médicos vêm para a privada sóporque querem ganhar dinheiro, por-que se trata de uma classe que é pro-tagonista de feitos extraordinários.”

“O doutor Ricardo Salgadoé uma pessoa

extraordinariamente cerebralque não dá ponto sem nó, comocostumo dizer. Pensa muitobem nas decisões.”

Isabel Vaz lamenta queem Portugal não haja

capacidade para anteciparnada e a Saúde não

é excepção. A gestorareconhece que cabe

aos actores do sectorlutar contra esse fado.

Joaõ Paulo dias

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Tiragem: 19667

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DESTAQUE

Rui Pedro [email protected]

Criar de raiz a Espírito Santo Saú-de foi umprivilégio que IsabelVaznão ignora.Nemtodos os gestorestêm “uma oportunidade única”semelhante. Em entrevista ao“Conversas com Vida” do Etv,Isabel Vaz caracteriza RicardoSalgado como “um homem comuma grande visão empresarial” eque “não dá ponto sem nó”. Agestora fala ainda da sua infân-cia, do papel que o pai teve paralhe dar a conhecer as duras rea-lidades da vida. Não se conside-ra poderosa, mas antes respon-sável já, actualmente, há 5.500famílias que dependem da em-presa que gere.

Que recordações é que guarda dasua infância?As melhores. Vivi numa famíliafeliz, o meu pai era médico, car-diologista, portanto, cresci nomeio demédicos, daí talvez ami-nha paixão por isto. Muito cedopercebi que não queria ser médi-ca, de facto, fui sempremuito en-genheira,decabeça…Não há alguma engenharia noabrir e fechar de um coração, porexemplo?Há. Hoje, a disciplina médicasem dúvida alguma que anda demão dada com a engenharia:Engenharia electrotécnica, en-genharia de sistemas, engenha-riamecânica.O que é que a fez não seguir essecaminho?Porque gostei sempre muito dehospitais, mas na lógica da inves-tigação operacional de processos.Tenho a maior admiração pelotrabalho domeu pai, e foi de factouma infância… Viver em Setúbal,nos anos oitenta, foi tambémumaexperiênciadevida importante.Do ponto de vista social foi umazonamuitoafectadapelacrise.Muito pobre. Havia fome em Se-túbal.Naalturaerao famosoBispovermelho, Dom Manuel, que fezum trabalho extraordinário. Tervivido isso pelamão domeu pai –que tinha muitos doentes muitopobres, fazia um serviço à socie-dadedoqual sómepossoorgulhar– foi muito importante paramim.Dantes vivíamos com muito me-noseéramos felizes.Mastinhamumavidaboa?Tínhamos uma vida boa, mas omeu pai nunca nos deixou quenão percebêssemos bem a socie-dade em que estávamos envol-vidos e onde ele próprio tinhauma intervenção importante.Isso moldou-me também naminha vida e na compaixão quetemos de ter pelos outros, na to-lerância… Nada é a preto e bran-co, na vida. Há coisasmuito pio-

res do que os pequenos revezesque, às vezes, temos.Sim...Nada se compara comnão terparadar de comer aos filhos, e isso euvimuitas vezes, a doença, amisé-ria... O meu pai obrigava-nos aperceber essa realidade. Foi umainfância rica, com uns pais ex-traordinariamente cultos quetambémnosderammuitavisãodevida, uma infância que guardocommuita felicidade.É de Setúbal, da terra de JoséMourinho… Há quem a chame oMourinho da Saúde em Portugal.Considera-se uma mulher pode-rosanosectordasaúde?Não, considero-me uma mulhermuito trabalhadora que teve oprivilégio da confiança de umgrande empresário, o doutor Ri-cardo Salgado, porque ele, antesde ser banqueiro, é um homemcom uma grande visão empresa-rial, que me deu o privilégio deacreditar num projecto que fize-mos de raiz e em que ele acredi-tou, investiu como Grupo. Souuma pessoa que lidera uma equi-pa de gente jovem, muito traba-lhadora, fantástica, muito moti-vada… Não sei se isso é ter poder,mas não vejo a liderança comoumexercíciodepoder.Vêcomo?

Como um exercício de serviço.Para mim liderar é servir os ou-tros. Quando chegamos a umaposição de liderança significa quejá não estamos preocupados como nosso desenvolvimento mascom o desenvolvimento dos ou-tros. Portanto encaro-me comoumamulher commuitas respon-sabilidades. Nomeadamente,agora, com5.500 famíliasquede-pendem desta empresa e das de-cisões de uma equipa de gestãoque encaramos com muita res-ponsabilidade.Qual foi o momento entre si e Ri-cardo Salgado em que pensaram“agoraémesmoparaavançar”?Pensámosmuito. O doutor Ricar-do Salgado é uma pessoa extraor-dinariamente cerebral que não dáponto sem nó, como costumo di-zer. Pensa muito bem nas deci-sões. Fizemos um estudo muitograndesobreosector,demorámosseis meses a estudar o que pode-ríamos ou não fazer, estabelece-mos a estratégia. Os números fa-ziam sentido, a estratégia tam-bém, portanto, foi muito rápido.Eramuito claro que a oportunida-de estava lá. Depois tive o privilé-giododoutorRicardodizer “mui-tobem,faztodoosentido,avance,monteasuaequipa”.Éumaoportunidadeúnicanavidadeumgestor.É extraordinária porque a maiorparte das pessoas não tema opor-tunidadede fazerumaempresaderaiz, comestadimensão.Alguma vez nestes dez anos pen-sou: “Onde é que me fui meter,podia ter ficado nomeu laborató-rio a investigar as células ani-mais…”?Não. Adoro o que faço, tenho omaior orgulhodaquilo que anossaequipa fez. Hoje temos uma em-presa que valoriza a iniciativa pri-vada em Portugal e, valoriza asaúde. Somos uma organizaçãoque criou valor para a sociedade.Todos os dias só penso como va-mos avançar, continuar a contri-buir. Nunca me arrependi. Nemnunca pensei em voltar para trás.Apesar de ser uma das gestorasimportantes do Grupo EspíritoSanto, obviamente bem remune-rada, dizem-me que é extraordi-nariamente moderada nos seusgastos. Espartana nos seus gastos.Bom, issoé tudorelativo.Mas sim,sou feliz com coisas simples. Soufeliz com aminha família, com osmeus filhos. Não preciso de coisasmuito caras para me fazer feliz.Também sou muito respeitadora,nãododinheiro emsi,masdaqui-lo que o dinheiro representa. Epara mim, representa trabalho,esforço. Portanto sou bastantemoderada nos meus gastos. Mas,enfim, não sou “fonas”, não soumãodevaca.■

ENTREVISTA ISABEL VAZ

“O doutor Ricardo Salgadonão dá ponto sem nó”Isabel Vaz orgulha-se do trabalho da sua equipa e da confiança que recebeu dopresidente do Grupo Espírito Santo. Diz-se modesta mas recusa que seja “fonas”.

“Preciso de pessoas que meestimulem, que me façam pensar,que tenham sentido crítico”, dizIsabel Vaz.

Isabel Vaz foi investigadora deTecnologia, de Ciências Animais,engenheira química e consultorada McKinsey, que lhe “abriu asportasaomundo”.

Como decidiu ir para EngenheiraQuímica?Foi bastante natural. Cresci emSetúbal, que era uma cidade emi-nentemente industrial naquela al-tura. Gostava muito de Física e deMatemática, portanto foi o per-cursoóbvio.Tem sido útil esta sua formaçãoemEngenhariaQuímica?Tem, porque o Técnico é uma es-cola de vida. É uma Universidadefantástica, muito universal doponto de vista de aquisição de co-nhecimento. O curso de Enge-

Soubastantemoderadanosmeus gastos.Masnão sou “fonas”, nãosoumãodevaca.

Paramim lideraré servir os outros.

“A McKinsey para mim representou oabrir-me as portas ao mundo. Era umamultinacional com 80 e tal escritóriosem todas as partes do mundo. Conhecimuita gente. No fundo saí da paróquia”,conta Isabel Vaz.

“A classe

“Tenho milharesde ideias paraimplementar”Qual é a diferença que querfazer no mundo nos próximosdez anos.Ui! Neste momento tenho pelafrente, com a minha equipa,lançar outro hospital de raiz…O Hospital de Loures.… Sim, uma Parceria PúblicoPrivada e, neste momento, o quenos move é fazer a diferença.Mostrar que também no sectorpúblico é possível fazer umhospital, com gente motivada,bem organizado de formaeficiente, poupando dinheiro aoEstado e prestando excelentescuidados de saúde à população.O que quer fazer nos próximosanos?Quero continuar a fazer coisasnovas neste sector. Tenhomilhares de ideias paraimplementar, milhares de coisasque queremos fazer e todas vãoter impacto no nosso país. Se nospróximos anos, no resto da minhacarreira profissional contribuirpara que o nosso país saia doburaco em que está, consideroque tive uma vida rica e que dei omeu humilde contributo.Como gostava que os seusfilhos, um dia, recordassem amãe Isabel Vaz?No outro dia fui ao cinema, aoCentro Comercial aqui ao lado,passei aqui de carro com os meusfilhos e o meu filho mais velhodisse para um amigo: “Olha, estehospital foi a minha mãe que fez”.E eu fiquei orgulhosa.

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nharia Química prepara-nos parater sentido crítico, para pensar deforma racional com uma grandecomponente de Matemática, Es-tatística, Investigação Operacio-nal. E um hospital é, essencial-mente, investigação operacional,pormuito estranho que isso possaparecer. Portanto,diriaqueaplicoasdisciplinasdeEngenhariaquasenomeudia-a-dia.Não é fácil misturar enfermeiros,gestores emédicos para obter umbomresultadonofinal?Não.Mas a graçado sector é exac-tamente essa. São classes profis-sionais distintas, num sector es-pecial. O sector da Saúde produzum bem que é a própria pessoa, oque é distinto de um bem indus-trial qualquer. É um sector apai-xonante, porque gerir umhospitalé, essencialmente, gerir uma or-ganização de processos muitocomplexos. E isso é peixinho naáguaparaumengenheiro.

Foi investigadora de Tecnologia eCiências de células animais.Oqueé isto,exactamente?Quando acabei o curso, fui convi-dada para fazer doutoramentonuma área de biotecnologia. Erauma ‘bridge’ científica europeiaem que, através de células, se fa-bricavamdeterminados produtos.No meu caso era Factor8 – anti-corpos monoclonares que se apli-cam na investigação de farmaco-logia do cancro. Essas células ani-mais produzem produtos farma-cêuticos, digamos assim. De umaforma muito simplista, a minhafunçãoerapôressascélulasdentrode um reactor e investigar as con-dições óptimas para maximizar aprodução por essas células desseproduto.Dizem que é muito activa. Comoconseguia estar dentro de um la-boratório tantashoras?Esse foi o ponto. Muito rapida-mente percebi que não era um ra-

tinhode laboratório…O seu reactor andava mais de-pressa do que o próprio reactorqueutilizava.Não. Preciso de pessoas, de orga-nizações vivas. Preciso de pessoasqueme estimulem, queme façampensar, que tenham sentido críti-

co.Dentrodeumlaboratório, ain-da que seja uma actividade doponto de vista intelectual, ex-traordinariamente interessante,faltava-meavivência.Nessa altu-ra tive um convite para ir para aMcKinsey. Foi irrecusável, porquefoi entrar nummundo completa-mentenovoparamim.Qual foi a chama que a levou aaceitaresseconvite?Tive o privilégio de ser entrevista-da, na altura, pelo doutor ManuelViolante. Foi um homem quemarcouumageraçãonaMcKinseye emPortugal.Na altura tinha saí-do o FMI, estavam a entrar os go-vernos do professor Cavaco Silva,estávamos a entrar na Europa,com toda a onda de privatizações,toda a economia estava amexer...Estar numa consultora de estraté-gia de alta direcção foi uma expe-riência única. Na altura não sabiabemaoque ia,paranósengenhei-ros… Os engenheiros são a classe

mais peneirenta e arreliante queexisteaocimodaterra.Aindamaisqueosmédicos?Muito mais. Nós engenheirosachamosqueNossoSenhordistri-buiu a inteligência só aos enge-nheiros. O resto das pessoas nãoestava lá.Somosmuito…Donosdoseunariz…E achamos que o nosso curso é omais difícil de todos. Somosmuitoelitistas.Faz uma inflexão da sua carreira ecomplementa a experiência daMcKinseycoma formação teóricadeumMBA.Comoéque foi voltaraosbancosdaescola?Na McKinsey faz parte do desen-volvimento da carreira fazer-seum MBA. E para mim, como en-genheira, fazia faltaporque,naal-tura, no Técnico, achávamos queGestãoerasomardoisedoisepor-tanto não havia grande aprendi-zagem. Aliás, éramos um bocadi-nhosobranceiros.■R.P.B.

João Paulo Dias

mais peneirenta que existe são os engenheiros”

O sector da Saúdeproduz um bemque é a própriapessoa, o que édistinto de um bemindustrial qualquer.

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Descobertos 17 novos anticorpos contra o VIH que podem ajudar a desenvolver uma vacina contra a sida

Nicolau Ferreira

a O mundo está cheio de estirpes do VIH, o vírus da sida, e essa é uma das grandes difi culdades no combate desta epidemia. Para a produção de uma vacina é necessário ter em con-ta esta diversidade e criar em cada pessoa imunidade contra as estirpes dos quatro cantos do globo. Por isso, a descoberta de 17 novos anticorpos monoclonais contra o VIH feita por uma equipa norte-americana, e publi-cada ontem na edição online da revista Nature, é um motivo de esperança.

Estes anticorpos são moléculas que se ligam ao vírus e o assinalam como um alvo, para as células do sistema imunitário o matarem. Existem actu-almente terapias de anticorpos mo-noclonais para várias doenças auto-imunes e alguns cancros.

Entre as pessoas infectadas com o VIH há uma percentagem de dez a 30 por cento cujo sistema imunitário desenvolve anticorpos especialmente

competentes em detectar o vírus. Nu-ma pequena percentagem desta popu-lação, a quantidade de vírus mantém-se muito baixa, e estas pessoas não chegam a desenvolver sida. A doença só é declarada quando um grupo espe-cífi co de células imunitárias se torna tão reduzido, por serem atacadas pelo

vírus VIH, que os doentes fi cam sus-ceptíveis a qualquer tipo de doença. Foi assim que morreram 25 milhões de pessoas desde 1981.

A equipa do Instituto de Tecnologia do Massachusetts que publicou agora a sua descoberta na Nature encontrou estes anticorpos depois de analisar 1800 indivíduos com resistência ao ví-rus. Muitos dos anticorpos revelaram-se extremamente potentes. Ou seja, em concentrações muito pequenas inibem a actividade do vírus.

“Estes anticorpos são dez vezes mais efi cientes do que outros já iso-lados”, disse por e-mail ao PÚBLICO Katie Doores, uma das investigadoras do estudo. “O que signifi ca que não é necessário provocar tanta produção de anticorpos através da vacinação.”

Isto é importante. “A quantidade de anticorpos que se produz varia com cada pessoa. Se em pequenas concen-trações o anticorpo funcionar, então mais probabilidades há de a vacina funcionar”, disse ao PÚBLICO Eugénio

Teófi lo, médico português que traba-lha com doentes infectados pelo VIH no Hospital dos Capuchos.

Além disso, muitos dos novos anti-corpos identifi cam várias estirpes do vírus, o que assegura que uma vacina hipotética proteja contra 62 a 89 por cento das estirpes, avança o artigo.

O passo seguinte, segundo Doores, é tentar produzir uma vacina, ou seja, criar artifi cialmente as moléculas do vírus que estes 17 anticorpos identifi -cam. Num indivíduo saudável, estas moléculas produziriam uma respos-ta imunitária — os anticorpos que se colam ao VIH.

Mas Eugénio Teófi lo alerta que os anticorpos agora descobertos não an-dam pelas regiões do corpo que têm o primeiro contacto com o vírus, como as mucosas, onde se poderia evitar o começo da infecção. No entanto, o médico defende que a vacina pode vir a ser terapêutica e fazer com que as pessoas infectadas controlem o vírus sem medicamentos.

Anticorpo VCR-1, já identificado

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