14-03 a evolução da neuropsicologia

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De Toni, P. M.; Romanelli, E. J.; De Salvo, C. G. (2005) A evolução da neuropsicologia: da antiguidade aos tempos modernos. Psicologia Argumento, Curitiba, 23, (41), 47-55. 14/03/14 A Evolução da Neuropsicologia: Da Antiguidade aos Tempos Modernos

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Neuropsicologia

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  • De Toni, P. M.; Romanelli, E. J.; De Salvo, C. G. (2005) A

    evoluo da neuropsicologia: da antiguidade aos tempos

    modernos. Psicologia Argumento, Curitiba, 23, (41), 47-55.

    14/03/14

    A Evoluo da Neuropsicologia:

    Da Antiguidade aos Tempos Modernos

  • Incio da Neuropsicologia

    1913, 1949, 1957...

    Divulgao cientfica nos anos 60.

  • Luria

    Um ramo novo da cincia cujo objetivo especfico e peculiar

    a investigao do papel de sistemas cerebrais individuais em

    formas complexas de atividade mental.

    Luria (1981)

    Cognio: correspondente neurolgico + construo social.

  • Neuropsicologia Embora a histria da Neuropsicologia seja longa, a prtica da

    Neuropsicologia Clnica relativamente recente.

    At 1980 nos EUA: programas de Doutorado e estgios clnicos.

    Desde 1987, a International Neuropsychological Society (INS) e a

    diviso de Neuropsicologia da American Psychological Association

    (APA) desenvolvem linhas guias para a educao e treino nos nveis

    de Doutorado, Residncia e Ps-doutorado.

  • Neuropsicologia

    Em 1996: A Neuropsicologia Clnica reconhecida

    como especialidade do psiclogo pela APA.

    Define-se como Neuropsiclogo clnico o

    profissional que aplica os princpios de avaliao e

    interveno baseadas no estudo cientfico do

    comportamento humano e suas relaes com o

    funcionamento normal e anormal do Sistema Nervoso

    Central".

  • Neuropsicologia

    No Brasil:

    O credenciamento da especializao em Neuropsicologia foi

    oficializado atravs da Resoluo n 02/04, publicada em

    05/03/2004.

    Define o neuropsiclogo como o profissional que

    atua no diagnstico, no acompanhamento, no tratamento e na

    pesquisa da cognio, das emoes, da personalidade e do

    comportamento sob o enfoque da relao entre estes

    aspectos e o funcionamento cerebral.

  • Utiliza-se para isso de conhecimentos tericos angariados

    pelas neurocincias e pela prtica clnica, com

    metodologia estabelecida experimental ou clinicamente.

    Utiliza instrumentos especificamente padronizados para

    avaliao das funes neuropsicolgicas envolvendo

    principalmente habilidades de ateno, percepo,

    linguagem, raciocnio, abstrao, memria,

    aprendizagem, habilidades acadmicas, processamento da

    informao, visuoconstruo, afeto, funes motoras e

    executivas.

  • Neurocincias

    O que Neurocincia ?

    Estudo, investigao, avaliao ou pesquisa sobre o Sistema

    Nervoso (SN);

    Anatomia do SN;

    Fisiologia do SN

    Desenvolvimento do SN;

    Funcionamento do SN;

    Leso e reabilitao do SN;

    Declnio do SN.

  • Evoluo da Neurocincias Curiosidade pela investigao do crebro:

    1. Povos pr-histricos/paleoltico/10.000 TREPANAO

    Idade Mdia: busca pela pedra da loucura.

    Retirada de maus espritos.

  • Evoluo da Neurocincias

    Egito Antigo: Papiro de Edwin Smith (3.000 anos atrs)

    Conhecimento de neuroanatomia e funcionamento cerebral

    devido aos rituais de mumificao.

    Existncia da relao crebro comportamento.

    Exemplos: amnsia, perda de conscincia, hemiplegia e os

    correlatos cerebrais.

  • Evoluo da Neurocincias

    Grcia Antiga:

    Empdocles e Hipcrates (430-376 a. C.): CREBRO serviria

    ao funcionamento cognitivo.

    Aristteles (322 a. C.): CORAO como sede da razo;

    crebro com funo de refrigerao do corao.

    Crebro = razo

    Plato (347 a. C.): alma tripartida Corao = emoo

    Baixo ventre = desejo

  • Evoluo da Neurocincias

    Idade Mdia: sculo X

    Galeno: substitui a teoria de Plato

    Suas teorias dominaram e influenciaram a cincia mdica

    ocidental por mais de um milnio.

    Seus relatos de anatomia mdica eram baseados em macacos,

    visto que a dissecao humana no era permitida no seu

    tempo.

    Teoria Ventricular: acreditava que a sede da alma nos

    ventrculos cerebrais.

  • Evoluo das Neurocincias

    Sculo XVII Descartes

    Alma representada por uma mente unificada e racional;

    Sede: glndula pineal

    Glndula como local singular do crebro;

    Todos os outros rgos eram duplos;

    Habitada por espritos;

    Comunicao com todas as cavidades

    do crebro.

    Regulao dos chamados ciclos circadianos,que so os ciclos vitais

    (principalmente o sono) e no controle das atividades sexuais e de reproduo.

  • Evoluo da NeurocinciasSculo XIX: Franz Joseph Gall

    Cranioscopia / FRENOLOGIA

    - Protuberncias e depresses

    no crebro correspondem

    habilidades e dificuldades.

    Corrente LOCALIZACIONISTA: as funes mentais sodefinidamente localizveis nas circunvolues do crtexcerebral.

  • Evoluo da NeurocinciasContinuao Gall:

    Tentativa de descobrir tendncias comportamentais e distrbios commedies e palpaes do crnio.

    Falhou em supor a correspondncia direta entre crebro e crnio.

    Descrdito: dualismo cartesiano

    Mas...

    Importncia do crtex cerebral substncia branca e substnciacinzenta.

    Corpo caloso interligando os hemisfrios.

    Posio no-dualista.

    Tentativas de localizar no crebro reas especficas para oscomportamentos.

  • Evoluo das Neurocincias

    Sculo XIX: Flourens

    Oposio teoria localizacionista; principal opositor

    Frenologia;

    Incio do movimento que resultaria na teoria holstica;

    Afirmava que as funes mentais no dependeriam de partes

    particulares do crebro, mas que este funcionava como um

    todo.

    Experimentos com pssaros.

  • Evoluo das Neurocincias

    Marcos decisivo para o desenvolvimento da Neuropsicologia:

    estudo dos mecanismos cerebrais da linguagem.

    Mdicos: Dax ( 1825) e Bouilaud ( 1836).

    - Observao clinica de pacientes.

    - Freqente associao funes da linguagem e hemisfrio

    esquerdo do crebro.

    Descrdito at...

  • Evoluo da NeurocinciasPaul Broca (1861):

    Leso nas reas do 3 giro frontal do hemisfrio esquerdoacarretava um quadro de perda de linguagem falada(linguagem expressiva) afemia/afasia.

    Consolidou a idia de dominncia cerebral.

    Wernicke (1873):

    Descobre outra rea relacionada a linguagem.

    Pesquisas no-localizacionaistas.

    Pioneiro na concepo de que o crebro funcionavaconectando vrias partes do sistema.

  • A Histria corre paralela

    1848

    Vtima de acidente de trabalho;

    Uma barra perfura seu crnio

  • Phineas Gage

    Capataz da indstria de construo de ferrovias.

    25 anos de idade, crnio perfurado por uma barra de ferro.

    A barra danifica as regies pr-frontais dos dois hemisfrios cerebrais.

    Gage sobreviveu a perfurao.

  • Phineas Gage

    No apresentou sinal de afasia, ou qualquer outro problema que denote perda de 'faculdades mentais'.

    No conseguia adequar seu contedo cognitivo com as projees de aes futuras.

    Comportamento anti-social.

    As emoes e os sentimentos estavam comprometidos.

  • Evoluo das Neurocincias

    Ainda no sculo XIX: H. Jackson

    Hierarquia funcional: cada parte do crebro correspondia a

    determinado nvel de funcionamento.

    Cada uma das funes mentais superiores desempenhada

    por todo o crebro, sendo que cada rea contribuiria com

    uma determinada parcela para o ideal funcionamento

    cognitivo.

    Teoria do Sistema Funcional de Vygotsky e Luria.

  • Neuropsicologia

    Cincia que se desenvolveu a partir dos estudos com

    crebros-lesados.

    Grandes guerras: estudos dos soldados mutilados.

  • Neuropsicologia

    Sculo XIX (Jackson)

    Localizacionismo

    Psicanlise

    Psicofsica

    Origem na filosofia

    Falta de interesse em achados

    biolgicos

    Sculo XX (Grandes guerras)

  • Neuropsicologia Luria (1981)

    Amigo de Vygotsky, Pavlov e Freud.

    Mdico e psiclogo.

    TEORIA DO SISTEMA FUNCIONAL

    As funes cognitivas formam sistemas funcionais complexos quenecessitam da ao combinada de todo o crtex cerebral, emboraa sua base esteja situada em grupos de clulas dispersas queatuariam conjuntamente.

    Funes mentais superiores dependeriam do crebro como um todo,mas com partes distintas sendo responsveis pelos diferentesaspectos do conjunto.

  • Mtodo de Investigao

    Maior desenvolvimento das neurocincia a partir da anlise

    de pacientes crebro-lesados.

    Estuda-se a funo por meio da disfuno, o normal pelo

    patolgico.

    MTODO PATOLGICO-EXPERIMENTAL: eixo

    metodolgico principal da neuropsicologia.

  • Mtodo de Investigao

    Tcnicas derivadas deste mtodo: anlise sindrmica e dupla

    dissociao.

    Anlise Sindrmica: descrio do complexo completo de

    sintomas (...) que se manifestam em leses cerebrais locais .

    Um mesmo sintoma aparentemente pode aparecer como

    decorrncia de leses em diversas localidades do crebro, da

    mesma forma que diversos sintomas podem aparecer como

    conseqncia de uma leso cerebral especificamente

    localizada.

  • Anlise Sindrmica

    Toda funo cognitiva desenvolvida por um sistema

    funcional complexo, onde diversas reas cerebrais atuam de

    forma a promover tal funo.

    Leses em diversos pontos do sistema funcional podem

    acarretar a perda da funo por motivos diversos, no

    significando, desta forma, que a funo perdida esteja

    encerrada na rea acometida pela leso.

  • Anlise Sindrmica

    Tentativa de descrever a estrutura interna de processos

    psicolgicos superiores, agrupando numa mesma categoria

    processos aparentemente muito distintos.

    Exemplo:

    Aproxima as funes de orientao espacial, compreenso de

    estruturas lgico-gramaticais e operaes de clculo, todas

    elas impossibilitadas pelo comprometimento das reas

    tercirias do lobo tmporo-parieto-occipital esquerdo,

    responsvel pela orientao espacial, caracterstica

    fundamental de tais funes

  • Mtodo de Investigao

    Dupla dissociao de funes:

    (...) requer que o sintoma A aparea com leses de uma

    estrutura, porm no com leses em outra, e que o sintoma

    B aparea com leses da segunda estrutura, mas no com a

    primeira.

    Permite ao neuropsiclogo dizer se os mecanismos

    responsveis por dois processos cognitivos divergem

    enquanto localizao cerebral ou no.

  • Caso H. M.

    Brenda Milner;

    Aos 9 anos de idade, H. M. sofreraum traumatismo craniano em umacidente de bicicleta que o levou ater inmeras e incapacitantes crisesepilpticas, intratveis commedicao.

    Em 1953, aos 27 anos, foisubmetido a uma cirurgiaexperimental no crebro, que lheremoveu ambos os hipocampos eregies adjacentes, responsveispela gerao das crises.

  • Caso H. M.

    Aps extrao bilateral de partes do hipocampo, desenvolveu

    um quadro de amnsia antergrada, ficando o paciente

    impossibilitado de adquirir novas memrias.

    No entanto, o funcionamento mnmico para eventos

    passados permaneceu intacto.

    Pela anlise deste tipo de caso, verificou-se que os

    mecanismos cerebrais responsveis pelo processamento

    destas duas formas de armazenamento mnmico divergem

    quanto localizao.